Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Memória e aprendizagem
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Introdução
O actual sistema educativo tem como objectivo primordial a formação dos seus alunos, o que
implica a compreensão e a aquisição de novos conhecimentos. Os vários níveis de ensino exigem a
aprendizagem de um número considerável de novas informações e a sua posterior recordação, seja
no decorrer das aulas, seja na realização de exames. Estas tarefas de aprendizagem e recordação
estão directamente relacionadas com a memória humana, com os processos de aquisição, retenção e
recuperação de conhecimento. A memória humana é uma componente fundamental nas tarefas de
compreensão verbal e escrita, no cálculo e raciocínio. Ela representa um papel fundamental no
sistema cognitivo e poderá ser considerada responsável por algumas diferenças importantes de
desempenho dos sujeitos nas tarefas escolares. A memória é uma palavra utilizada frequentemente
no nosso dia-a-dia. De facto, usámo-la tantas vezes mas raramente pensamos no seu significado.
O pensar é uma aprendizagem que o ser humano carrega para a vida toda. É uma realidade
absolutamente nova em relação a tudo que existe no mundo. Todo ser humano pensa. Mas nem
sempre o faz de maneira reflexa.
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Pensamento
O que é o pensamento?
Pensamento e pensar são, respectivamente, uma forma de processo mental ou faculdade do sistema
mental. Pensar permite aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele de uma forma
efectiva e de acordo com suas metas, planos e desejos. Palavras que se referem a conceitos e
processos similares incluem cognição, consciência, ideia, e imaginação. O pensamento é
considerado a expressão mais "palpável" do espírito humano, pois através de imagens e ideias
revela justamente a vontade deste.
O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem (vide Piaget). O pensamento é
construtivo do conhecimento. O principal veículo do processo de conscientização é o pensamento.
A actividade de pensar confere ao homem "asas" para mover-se no mundo e "raízes" para
aprofundar-se na realidade.
Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo, podemos
dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da realidade. O pensamento é a
capacidade de compreender, formar e organizar conceitos, representando-os na mente. Diz respeito
à habilidade em manipular conceitos mentalmente, estabelecendo relações entre eles ligando-os e
confrontando-os com elementos oriundos de outras funções mentais (percepção, memória,
linguagem, afecto, atenção, etc.) e criando outras representações (novos pensamentos).
Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o pensamento não é uma habilidade cognitiva
exclusiva da espécie humana. Pode-se dizer que os animais, como um todo (excepção feita aos que
não possuem sistema nervoso como as esponjas e, talvez, dos unitários), possuem algum tipo de
estruturação de pensamento (compreendido no sentido lato, ou seja, a capacidade de processar
informação através de um sistema nervoso organizado), mas obviamente sem ter o nível de
complexidade alcançado pelos seres humanos.
O pensamento está geralmente associado com a resolução de problemas, tomadas de decisões e
julgamentos. O pensamento trata-se de uma ocorrência que se dá na mente, como um sentimento,
uma emoção, uma percepção, uma volição, uma evocação, uma memorização, um raciocínio etc. E
mente nada mais é do que a entidade que consiste em um cérebro em funcionamento actual ou
potencial. A mente não é o cérebro, mas não existe sem ele. É um fenómeno do cérebro, isto é, um
acontecimento que se estabelece devido a seu funcionamento, que depende de sua constituição,
estrutura e dinâmica. O pensamento é como uma música. Ela não existe sem que um instrumento
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(ou a voz) a produza, mas ela não é apenas o som, mas tudo o que a maneira com que esse som é
gerado sequencialmente no tempo seja capaz de produzir, devido á variação da altura, da
intensidade, do timbre, do ritmo, da melodia, da harmonia e de todas as demais características.
Assim o pensamento é uma sequência de evocações de percepções, de associações, de sentimentos,
e de tudo o que o funcionamento do cérebro pode produzir. Note-se que o pensamento pode mesmo
ser inconsciente (consciência já pode ser o tema de outro tópico). Certamente para pensar a mente
requer que o cérebro funcione e, portanto, consuma energia. Mas o pensamento não é energia, nem
tampouco reacções químicas. Não é matéria e nem espírito (que, aliás, não existe). Pensamento
pertence à categoria de realidades que denominam-se “ocorrências”. Isto é: pensamento é um
processo que se dá na mente, um acontecimento, um evento. Para que tal evento ocorra é requerido
o fornecimento de energia como, de resto, em todo processo orgânico. Mas esta energia é a
fornecida pela metabolização do alimento que se ingere. Ela não prove de fonte externa ao
organismo. Energia não é uma entidade e sim um atributo. Não existe energia em si mesma, mas
apenas como propriedade de alguma coisa. Como uma cor, por exemplo. Tal ocorrência consiste em
transmissões de sinais entre neurónios. Não há nenhuma evidência experimentalmente testificada de
que o pensamento possa, naturalmente, emanar da mente que o experimenta, propagar-se pelo
espaço e ser captado por outra mente, lembrando que a mente é um fenómeno do cérebro. A
interpretação dos fatos havidos com os macacos lavadores de batatas como transmissão de
pensamento é gratuita.
Uma questão, contudo, é inteiramente pertinente: de onde vêm o pensamento? Isto é, o que
desencadeia a ocorrência de um pensamento na mente? Várias coisas. Em sua origem, todo
processamento mental provém das sensações que os órgãos dos sentidos levam ao cérebro. São os
estímulos visuais, sonoros, térmicos, tácteis, olfactivos, gustativos bem como dos sentidos que
percebem o equilíbrio, o posicionamento do corpo e o funcionamento dos órgãos internos que
provocam as primeiras cadeias de transmissões de sinais neurais que se transformam em
percepções, assim que interpretados. Em segundo lugar, o próprio cérebro, em seu funcionamento,
evoca, por associação ou mesmo aleatoriamente, a percepção de imagens já registadas na memória.
E as processa, produzindo novos resultados que passam a ser registados. Esse fluxo de
processamento neural é que é o pensamento. Ele pode se dar de modo consciente ou inconsciente,
voluntário ou involuntário. Quando consciente, o “eu” (self) toma ciência da ocorrência. Nos
sonhos e alucinações há uma emulação inconsciente da consciência, que, inclusive, pode acarretar
respostas motoras (sudorese, micção e mesmo, locomoção, além do movimento dos olhos,
característico do estágio REM do sono). Dependendo de seu modo de ser, o pensamento pode ser
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um raciocínio, uma emoção, um sentimento, uma decisão. Em todos estes casos, o processamento
mental desencadeia alterações somáticas, como excitação, taquicardia, sudorese, rubor, palidez,
secura na boca, vaso constrição ou dilatação. Todas essas alterações são percebidas pela varredura
dos sentidos e registadas na memória com parte da ocorrência, de modo que o processamento
mental não é apenas cerebral, mas envolve todo o organismo.
Memória
A memória é a capacidade de registar, armazenar e evocar as informações recebidas e processadas
pelo organismo. Ela é provavelmente uma das funções mentais mais estudadas pela psicologia
cognitiva, juntamente com a linguagem e a inteligência. Talvez isso se deva ao fato de que é
relativamente simples solicitar a memorização e recordação de informações através das
experiências. Contudo, existe um número expressivo de modelos de memória, categorizando-as de
várias formas.
A memória é a capacidade de adquirir (aquisição), armazenar (consolidação) e recuperar (evocar)
informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica), seja externamente, em
dispositivos artificiais (memória artificial). A memória focaliza coisas específicas, requer grande
quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta pedaços de
memória e conhecimentos a fim de gerar novas ideias, ajudando a tomar decisões diárias.
Resumidamente, a memória pode ser dividida em três processos:
Codificação: processo de entrada e registo inicial da informação. A codificação diz respeito à
capacidade que o aparato cognitivo possui de captar a informação e mantê-la activa por tempo
suficiente para que ocorra o processo de armazenamento, segunda etapa da memória.
Armazenamento: capacidade de manter a informação pelo tempo necessário para que,
posteriormente, ela possa ser recuperada e utilizada
Evocação ou reprodução: capacidade de recuperar a informação registada e armazenada, para
posterior utilização por outros processos cognitivos (pensamento, linguagem, afecto, etc.).
Abaixo estão algumas das possibilidades de classificação da memória:
Memória de curto prazo e memória de longo prazo
Memória episódica
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Memória sensorial
A perda ou dificuldade de armazenar e/ou recuperar a informação é chamada de amnésia. É uma
situação clínica relativamente comum em casos de lesão cerebral, seja por patologias ou por
traumas de diversas espécies.
Memória sensorial
A Memória sensorial é um sistema mantém uma precisa e completa fotografia do mundo como é
recebido pelo sistema sensorial através dos órgãos de sentidos. Assemelha-se, conforme relata as
imagens persistentes que em geral desaparecem em menos de 1 segundo, por volta de 0,1 a 0,5
segundos. Ainda que a sensação seja efémera, ela pode ser suficientemente forte para reter a
atenção e atravessar as fronteiras da memória de curto prazo. Uma experiência com um lápis sendo
movido em movimentos ondulatórios para trás e para frente defronte aos nossos olhos. Graças a este
processo da memória, é possível ver um rastro seguindo o lápis, conforme ele é movimentado. O
rastro não aconteceria caso o lápis estivesse sendo movimentado lentamente. Isso ocorre porque
leva cerca de 10 ciclos para cada 5 segundos para manter a continuidade da imagem que passou.
Tais características do armazenamento da memória sensorial estão intimamente ligadas às
características do tempo de resposta do sistema visual e, consequentemente, do tempo de feedback
dos sistemas interactivos.
Memória de Curto Prazo ou Memória Operacional
A memória de curto prazo retém, de maneira diferente, o material armazenado provindo do sistema
sensorial. Neste momento a informação armazenada não é uma imagem completa do evento, como
acontece no nível da memória sensorial. Na verdade, a memória de curto prazo parece reter a
imediata interpretação dos eventos.
Existe uma diferença entre se lembrar da imagem, dos eventos e lembrar a interpretação destes
eventos. Apenas cerca de cinco ou seis itens que foram apresentados podem ser retidos. Pelo
esforço consciente, pela repetição do material para si próprio é possível armazenar esse material na
memória de curta duração por um tempo indefinido. A habilidade de manter coisas activas na
memória de curta duração através do treino dos itens é uma das características mais importantes da
memória de curto prazo. Informações no armazenamento da informação sensorial não podem ser
treinadas, pois o armazenamento dura apenas alguns décimos de um segundo e não existe forma de
prorrogá-lo.
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Na memória de curta duração uma pequena quantidade de material pode ser retida indefinidamente,
através de um acto de treinamento. Existe uma clara e eloquente diferença entre a memória para
eventos que acabaram de ocorrer e a memória para eventos ocorridos há algum tempo - um é
directo e imediato, o outro é tortuoso e lento. Eventos que acabaram de acontecer ainda estão
presentes na mente, eles nunca a deixaram de forma consciente. Tempo e esforço são necessários
para introduzir novo material na memória de longo prazo. Eventos passados são absorvidos com
esforço. Memória de curto prazo é imediata e directa e a de longo prazo é trabalhada e forçada.
Memória de Longo Prazo ou Memória Permanente
A memória de Longo prazo é a mais importante dos sistemas de memória, e também a mais
complexa. A capacidade de armazenamento dos sistemas de informação sensorial e de memória de
curto prazo é bastante limitada, uma por uns poucos décimos de segundo e a outra por poucos itens,
mas parece não haver limite prático para a capacidade da memória de longo prazo.
Tudo que é retido por mais que poucos minutos deveria ficar no sistema de memória de longo
prazo. Todas as experiências aprendidas, incluindo as regras de linguagem, deveriam ser parte da
memória de longo prazo. De fato, muitos dos experimentos psicológicos podem ser considerados
relativos aos problemas de manter, acessar e interpretar propriamente o material na memória de
longo prazo.
As dificuldades reais associadas à memória de longo prazo surgem, principalmente, de uma origem:
o acesso. A quantidade de informações contidas na memória é tão grande que encontrá-las, de fato,
deveria ser o principal problema. Ainda que as coisas possam ser encontradas rapidamente, até
mesmo em um ato comum de leitura, o significado dos símbolos impressos na página deve ser
interpretado através de um acesso directo e imediato para a memória de longo prazo. Os problemas
associados com a capacidade de pegar um item correcto dentre milhões ou bilhões que estão
estacados mostram a totalidade da estrutura de todos os estágios das etapas da memória.
A maior parte das coisas no mundo tem uma estrutura sensível, o que simplifica bastante as tarefas
da memória. Quando as coisas fazem sentido, correspondendo ao conhecimento já adquirido, então
o novo material pode ser entendido, interpretado e integrado ao material adquirido previamente.
Agora se podem usar regras e limitações para ajudar a entender o que as coisas significam dentro de
onde ela está inserida. A estrutura de significado pode organizar as aparentes questões de caos e
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arbitrariedade. Parte da força de um bom modelo mental reside nessa habilidade de dar significado
às coisas.
A comparação de memoria de curto prazo e de longo prazo
Memória a curto prazo Memória a longo prazo
Não se conhece um limite preciso à sua capacidade
O limite da capacidade de armazenamento de de armazenamento da informação
informação foi calculado à volta de sete unidades de
informação.
A duração da informação retida é de cerca de A duração da informação é praticamente
30 segundos no máximo. ilimitada.
A duração da informação é praticamente ilimitada.
A informação encontra-se em estado latente.
Mantém a informação de uma maneira consciente e Para a recuperar é preciso uma exigência do
activa organismo, de modo que seja activada e transferida
para a memória a curto prazo
Costuma codificar as propriedades acústicas e Codifica, sobretudo, as propriedades semânticas dos
visuais dos estímulos que chegam através dos sentidos por meio da elaboração de códigos muito
sentidos complexos
A informação permanece presente durante todo o A recuperação da informação exige técnicas e
tempo mecanismos treinados consciente ou
inconscientemente
Memória episódica
Memória episódica é a memória de eventos autobiográficos que podem ser lembrados
conscientemente. Usando essa capacidade, uma pessoa pode, por exemplo, lembrar de uma viagem
recente, e reviver mentalmente eventos que aconteceram nela, ver os lugares por onde passou,
escutar os sons, sentir os aromas e lembrar das pessoas que conheceu. Psicólogos distinguem dois
tipos de memória declarativa, a memória episódica e a memória semântica. São instâncias da
memória episódica as lembranças de acontecimentos específicos. São instâncias da memória
semântica as lembranças de aspectos gerais.
Constituinte da Memória de Longo Prazo, a memória episódica é usada para armazenar
experiências pessoais, sem detalhamentos. Segundo Tulving (1972), esse tipo de memória é
responsável pelo armazenamento de informações de contextos espaciais e temporais específicos.
Em outras palavras, ela tem como função o armazenamento de informações sobre histórias pessoais
localizando-as no espaço e no tempo específicos.
A criança passa a fazer uso da memória episódica por volta dos 3 ou 4 anos de idade, quando
começa a encadear os eventos em forma de histórias, descrevendo os episódios vivenciados por ela.
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O uso da memória episódica se deve à formação de esquemas e scripts (roteiros) baseados nas
experiências frequentes de deslocamento espacial. O deslocamento do indivíduo (ou de objectos
percebidos), que acontece reiteradas vezes, leva à formação do esquema um deslocamento físico
envolve: um ponto de origem, pontos específicos identificados ao longo do percurso (com ou sem
obstáculos) e um ponto de chegada
Ao aprender a controlar suas metas e a retornar ao ponto de origem, sem a ajuda de um adulto
(reversibilidade), a criança passa a fazer uso de scripts, ou seja, de sequências de etapas que
definem um percurso já conhecido do falante. Nesse período, ela é capaz de reencontrar o ponto de
origem, simular mentalmente as etapas para se chegar a um determinado lugar, incluindo, os
percursos que envolvam obstáculos.
Factores relacionados com a perda de memória
Amnésia
Amnésia é a perda parcial ou total da capacidade de reter e evocar informações. Qualquer processo
que prejudique a formação de uma memória a curto prazo ou a sua fixação em memória a longo
prazo pode resultar em amnésia.
As amnésias podem ser classificadas em amnésia orgânica causada por distúrbios no funcionamento
das células nervosas, através de alterações químicas, traumatismos ou transformações degenerativas
que interferem nos processos associativos acarretando uma diminuição na capacidade de registar e
reter informações, ou amnésia psicogênica resultante de factores psicológicos que inibem a
recordação de certos fatos ou experiências vividas. Em linhas gerais, a amnésia psicogênica actua
para reprimir da consciência experiências que causam sofrimento, deixando a memória para
informações neutras intacta. Neste caso, pode-se afirmar que a pessoa decide inconscientemente
esquecer o que a fazer sofrer ou reviver um sofrimento. Em casos severos, quando as lembranças
são intolerável, o indivíduo pode vivenciar a perda da memória tanto de fatos passados quanto da
sua própria identidade. As amnésias podem ainda ser divididas em termos cronológicos, em
amnésia retrógrada e amnésia anterógrada. A amnésia retrógrada é a incapacidade de recordar os
acontecimentos ocorridos antes do surgimento do problema, enquanto a amnésia anterógrada é à
incapacidade de armazenar novas informações a longo prazo.
A depressão é a causa mais comum, porém a menos grave. Denomina-se depressão uma doença
psiquiátrica, que inclui perda do ânimo e tristeza profunda superior ao mal causado pelas
circunstâncias da vida.
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Doença de Alzheimer
Uma porção significativa da população acima dos 50 anos sofre de alguma forma de demência. A
mais comum é a doença de Alzheimer, na qual predomina a perda gradativa da memória, pois
ocorrem lesões inicialmente nas áreas cerebrais responsáveis pela memória declarativa, seguidas de
outras partes do cérebro.
Outros factores
A doença de Parkinson, nos estágios mais severos, o alcoolismo grave, uso abusivo da cocaína ou
de outras drogas, lesões vasculares do cérebro (derrames), o traumatismo craniano repetido e outras
doenças mais raras também causam quadros de perda de memória.
O esquecimento
A memória humana reveste-se de uma carácter adaptativo, pois ela tem a capacidade de adquirir,
reter e recuperar informação. Assim, coloca-se a questão: toda a informação que entra permanece
retida na memória? A memória dispõe de recursos biológicos e cognitivos que para garantirem o
seu carácter adaptativo lhe impõem determinadas restrições. Não retemos tudo o que
experimentamos, dado que qualquer exigência gera uma “impressão”, ou seja, “a maior parte destas
impressões não se convertem em pistas de memória, são simplesmente elementos instáveis que
desaparecem” (Vargas, 1994). Deste modo, o esquecimento assume-se como uma condição da
memória. Ele não é, salvo algumas excepções, sinónimo de um qualquer tipo de doença da
memória, mas sim condição necessária para a saúde da mesma.
Resumindo, não podemos falar de memória sem falar em esquecimento. O esquecimento não pode
ser encarado como uma lacuna da memória, já que ele é condição da própria memória: é porque
esquecemos que continuamos a reter. O esquecimento tem uma função selectiva, dado que afasta
informações que não são úteis ou necessárias, e ocorre nos diferentes níveis de memória. O
esquecimento é então a incapacidade de reter, recordar ou reconhecer uma informação.
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Conclusão
A maior parte de nós saberá, certamente, a memória que tem o nosso computador ou até a
capacidade de armazenamento de um disco compacto; e pelo contrário, nada sabemos acerca de
como funciona a nossa memória e de como ela é formada. A memória consiste em armazenar
informação mas essa informação não fica armazenada na sua totalidade devido à capacidade
limitada da mesma. Ao longo da vida vamos guardando experiências e vivências, mas há factos que
não armazenamos simplesmente porque não nos interessam ou então porque tivemos dificuldades
no processo de codificação. Sem memória, isto é, sem um sistema de retenção e recordação não
seria possível ver, ouvir, falar e muito menos pensar.
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Bibliografia
1. CARRAHER, Terezinha Nunes. Aprender pensando. Contribuições da Psicologia Cognitiva
para a Educação. 7ª edição. Vozes. Petrópolis: 1992.
2. LIEURY, Alain. Memória e sucesso escolar. Editorial Presença. Lisboa: 1997