2. Bagunça ou
inquietação?
Cely, da Ciro Pimenta, em Belém diz : achar o foco
de interesse do aluno é a chave para integrá-lo
De maneira geral, as escolas consideram rebeldia as
transgressões às regras de convivência ou a não adequação
a um modelo ideal — seja em relação ao ritmo de
aprendizagem (bom é quem aprende rápido) seja em relação
ao comportamento (só queremos os obedientes). O primeiro
passo é tomar consciência de que a inquietação é inerente à
idade e faz parte do processo de desenvolvimento e
de busca do conhecimento. O segundo, aceitar as
diferenças.
.
"A indisciplina é uma das maneiras que as crianças e os adolescentes têm de
comunicar que algo não vai bem". Por trás de uma guerra de papel podem estar
problemas psíquicos ou familiares. Ou um aviso de que o estudante não está
integrado ao processo de ensino e aprendizagem.
3. • Exige silêncio para ser
ouvido
• Pede tarefas
descontextualizadas
• Ameaça e pune
• Quer que a classe
aprenda do jeito que ele
quer ensinar
• Quer apenas passar
conteúdo
• Vê o aluno como mais
um...
• Conquista a participação
com atividades
pertinentes
• Mostra os objetivos dos
exercícios sugeridos
• Escuta e dialoga.
• Procura adequar os
métodos as necessidades
da turma
• Valoriza o conteúdo da
sua disciplina na
construção do
conhecimento
• Adapta os conteúdos aos
objetivos da educação e
a realidade do aluno
• Vê o aluno como ser
humano
Professor autoritário Professor com autoridade
4. • Anna, de São Luís afirma que: o
diálogo pode ser uma forma de
mostrar autoridade e discutir
valores e ética
5. Contrato pedagógico
• Finalmente, chegamos ao contrato
pedagógico. Como todos os acordos que
celebramos na vida (aluguel, casamento etc.),
este também é um pacto com aspirações e
obrigações. Trata-se de abrir um diálogo
entre professor e alunos para estabelecer o
que é bom para todos – e aqui, o exemplo de
uma escola talvez não sirva para outra.
• "É nossa função dizer à turma tudo o que
cabe a ela para facilitar o ensino".
• "Em contrapartida, devemos mostrar
empenho em fazer todos aprenderem.
• Só assim os jovens encontram sentido
6. Algumas idéias:
• “A escola precisa quebrar o círculo
vicioso e instalar o benigno, ressaltando
as qualidades do jovem e mostrando que
ele pode ter liderança positiva"
• "Encontrar o centro de interesse da
turma como um todo é uma excelente
estratégia para integrar os jovens no
processo de aprendizagem“
• "Quando há relacionamento de afeto e
um professor atencioso, qualquer caso
pode ser revertido em pouco tempo"
7. Como enfrentar os
alunos rebeldes?
• Esqueça a imagem do
aluno "ideal";
• Observe a criança e o
grupo com atenção;
• Converse com os que
atrapalham a aula,
ouvindo suas razões;
• Não rotule o aluno, em
hipótese alguma;
• Esclareça as
conseqüências para a
aprendizagem das
atitudes consideradas
• inadequadas;
• Procure criar situações,
com histórias ou
brincadeiras, que levem
a turma a refletir
sobre o comportamento
de um ou mais colegas,
sem expô-los;
• Não abra mão do
objeto de seu trabalho,
que é o conhecimento;
• Diferencie as aulas,
evitando rotinas;
• Lembre-se de que os
conteúdos podem ser
atitudinais, e não
apenas factuais e
conceituais.
8. Psicodinâmica na sala dePsicodinâmica na sala de
aulaaula
Como lidar com o aluno consideradoComo lidar com o aluno considerado
problema?problema?
9. O Processo de Ensino
• Educação é uma relação recíproca, interação,
comunicação e diálogo. Não há educação sem
conhecimento e conhecer algo significa estar no
mundo.
• Ensinar exige respeito à autonomia do ser
educado, exige humildade, tolerância e luta em
defesa aos direitos dos educandos, exige
apreensão da realidade, exige convicção de que
a mudança é possível, exige curiosidade
10. O Professor
• É um ser que deve ter sempre em primeiro plano o
compromisso com a verdade e que deve expô-la em suas
ações, que deve ler o mundo sem descuidar de ler a palavra,
que precisa ouvir os seus alunos sem com isso jamais calar-
se, que deve lutar pela dignidade de condições para seu ato
(trabalho, salário). Não apenas repassar as verdades
prontas, mas dialogar sobre estas verdades. Deve ter a
liberdade de optar pela autoridade à licenciosidade dos
descompromissados e autoritarismo dos fracos que temem
sempre ser julgados. O professor opta pela liberdade e pela
beleza, luta e se anima pela esperança, vê o sol nos olhos de
uma criança em um dia chuvoso de fome e descaso. É o ser
que ama o inacabado acima de tudo, que tolera e ensina, que
se sabe também inacabado, admite isto e aprende.
11. O Aluno
• O aluno é um indivíduo repleto de
culturas e de saberes desenvolvidos
fora da escola, que vem a ela em
processo de formação, aberto,
inacabado, curioso, inteligente, é um
ser que merece todo o respeito e
toda a dignidade no ato de aprender.
12. Entendendo o Aluno
Problema
• É necessário avaliar o grau de comprometimento
da criança ou adolescente e associar o nível de
desempenho do aluno ao momento em que o
processo de desenvolvimento dessa criança se viu
prejudicado.
• A evolução emocional de uma criança passa por
três grandes fases: aquisição da homeostase, o
estabelecimento de um interesse emocional pela
mãe e o desenvolvimento da capacidade de se
comunicar.
13. Aquisição da Homeostase
• Ocorre entre 0 a 3meses
• Ajuste de limiares de estímulo e confiança
básica
• Vinculo com a Mãe
– Padrões reflexos: sugar, sorrir, prender-se ao
colo, seguir a mãe visualmente quando ela se
afasta e chorar. Ambos visão o contato com o
adulto ou o outro.
– Essa interação ocorre pelos mais diversos
sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.
14. Estabelecimento de um
Interesse Emocional pela Mãe.
• Ocorre entre 2 e 7 meses
• Começa a estabelecer os focos de
observação
– Olha mais fixamente, segue objetos, persegue
fontes sonoras e controla o movimento
materno. Já conhece rotinas e tem
expectativas. Estende os braços, tenta
alcançar o mundo externo. Torna-se mais
sintonizada para a interação social e
interpessoal.
15. Capacidade de se Comunicar,
descobrir meios e fins.
• Ocorre entre 8 a 18 meses
• Tomada de iniciativa e participação em ações
recíprocas.
– Autonomia motora: posição sentada, o gateio e o andar.
– Referenciamento e reasseguramento social (conduta)
– Experimentação da realidade.
– Aquisição afetiva: sentido de causalidade, capacidade
empática, de intersubjetividade e de reciprocidade.
16. Interagindo com o Aluno
problema
• O aluno problema tem uma grande
dificuldade de interagir
adaptativamente, não podendo
usufruir da ação do grupo para seu
desenvolvimento pessoal e social. Seu
desempenho na sala de aula se torna
extremamente perturbador.
17. Alguns Distúrbios Comuns
• Autoconsciência X Socialização
• Confiança e aceitação básica X
Aprendizagem
• Controle de impulsos e vulnerabilidade X
Eficiência cognitiva
• Egocentrismo X Envolvimento com a
Tarefa
18. Autoconsciência X Socialização
• Descrição: o aluno com esse distúrbio não tem uma
percepção integrada de si. Interpreta
inadequadamente os sinais sociais dos
companheiros, sendo incapazes de desenvolver
amizades e receber um retorno consciente do
resultado de suas ações. Por apresentarem
transtornos de afeto e de cognição, que ataca a
estruturação da memória, não têm consciência da
própria participação na criação das dificuldades
19. Autoconsciência X Socialização
• Conseqüência: as atuações deste aluno são
agressivas, substituindo sua inabilidade;
ataques de raiva e lutas corporais são a
comunicação mais comum. O uso de
mentiras, trapaças, furtos, brigas,
imposição de culpa aos outros torna o
relacionamento mais penoso. Tudo isso
resulta em baixa auto-estima. O aluno
sente-se e são vistos como crianças más.
20. Confiança/Aceitação/Dependência
X Aprendizagem
• Descrição: o aluno com esse distúrbio
apresenta incapacidade de confiar no outro
e aceitar a dependência em relação a ele. A
polaridade dos desejos de dependência e
auto suficiência, logicamente incompatíveis,
é frequentemente encontrada na psique
desse aluno, em níveis inconscientes.
21. Confiança/Aceitação/Dependência
X Aprendizagem
• Conseqüência: o aluno tende a
provocar no professor uma sensação
de perplexidade, impotência, fracasso
e irritação. A aceitação desse aluno
estará relacionado às reações
paradoxais, causando grandes amores
ou grandes rechaços.
22. Impulsos/Afetividade X Eficiência
Cognitiva
• Descrição: o aluno com esse distúrbio apresenta
dificuldades para controlar os afetos e a
impulsividade, deixando-os livres para invadir o
seu mundo mental. O processo de desenvolvimento
da inteligência é obstaculizado pelas dificuldades
em discriminar o seu eu do não-eu, o mundo
interno da realidade, portanto, não consegue
elaborar uma estrutura lógicas, uma construção do
real.
• Conseqüência: o aluno não agüenta cargas
impulsivas e não tolera as frustrações.
23. Egocentrismo X Envolvimento com
a Tarefa
• Descrição: o aluno com esse distúrbio apresenta
um descontrole instintivo, bem como uma
desorganização afetiva, impedindo um equilíbrio
produtivo entre as emoções próprias do
desenvolvimento da tarefa e as despertadas pela
mesma em si.
• Conseqüência: o trabalho provoca nesse aluno um
recrudescimento dos próprios conflitos, ao invés
de uma postura objetiva de interesse, curiosidade
e desafio prazeroso.
24. Enfrentando as dificuldades
• Oferecimento de uma estrutura
• Absorver a agressão
• Conter os comportamentos
regressivos e canaliza-lo
construtivamente
• Apoio à coesão do grupo
• Manejo da culpa e responsabilidade
25. Estrutura
• Oferecimento de uma estrutura
– capacidade de estabelecer e evitar caos na sala
de aula.
• Deixar muito clara as regras de convivência
– Oferecer uma organização rotineira coerente
em sala de aula.
– Resgata a capacidade de previsão e antecipação
da criança
26. Estrutura
• Manter a consistência das ações
estabelecidas
– Desobediência: aplicar o combinado
anteriormente.
– Desenvolve a capacidade de depender, confiar
e avaliar a conseqüência de suas ações e das
ações dos outros
• Arranjar o material necessário de maneira
organizada, simples e prática.
– Organização do ambiente
27. Estrutura
• Ter paciência e relembrar as combinações
feitas no sentido de manter a estrutura.
– Capacidade de tolerância
• Ter sempre em mente que cada aumento de
ansiedade deste aluno contagiará o grupo.
– Controle sobre o caos dos impulsos
28. Agressão
• Tentar substituir a ação motora
direta e agressiva pela comunicação
com palavras
– Lidar com linguagem e sinais verbais
29. Regressão
• Entender o comportamento
inadequado como uma forma de
chamar a atenção sobre si e receber
cuidados especiais
– Evitar a satisfação dos desejos
primitivos
30. Grupo
• Manter sempre no aluno a certeza de
pertencer ao grupo apesar de suas
alterações de comportamento
– Encoraja a socialização
– Auto-conhecimento
– Identificação
– Reciprocidade
– Negociação de conflitos
– Delimita limites
31. Culpa
• Através do respeito as regras e
combinações do grupo e seu constante
reasseguramento, leva o aluno a assumir
responsabilidades por suas ações e seu
comportamento.
– Feio X Bonito
– Mau X Bom
– Certo X Errado
32. Referência Bibliográfica
Ferreira, M. H. M., Araújo, M. S.
(1996). Psicodinâmica na Sala de Aula.
Em P. B. Sukiennik (org.), O aluno
Problema: Transtornos emocionais de
crianças e adolescentes (27-44).
Porto Alegre: Mercado aberto.