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O PEQUENO
TUPANÃ
Tupanã (Espírito)
Rita Foelker
                    gil
                    1
O Pequeno Tupanã
Rita Foelker/Tupanã (Esp.)
©2005 by Rita Foelker



Edição em E-Book
Novembro de 2005



capa e ilustrações internas
Rita Foelker


editoração eletrônica
Rita Foelker


ISBN 85-87548-17-4


Permitida a reprodução, desde que citada a autoria e fonte.


Este e-book é divulgado através da homepage do Projeto “Filosofia Espírita para Crianças”.
www.edicoesgil.com.br/educador/filosofia/filosofia_principal.html.

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                                                      2
Tupanã, menino da tribo, muito pequeno e esperto, vivia sempre
perto de outros curumins.
   Tupanã gostava da taba, cercava a fogueira, deitava na rede. Não
gostava de ficar sozinho na mata. Tinha medo do caetetu, tremia para
a capivara, tinha pesadelo com a onça-pintada.


                                  3
Um dia Tupanã ouviu barulho diferente. Tupanã quis ficar quieti-
nho, pois não sabia o que era, não sabia se havia perigo.
   Mas o barulho não parava, chamava Tupanã.
   Tupanã pensou que se andasse só um pouquinho pra longe da
taba, poderia voltar correndo, se precisasse.
   E a curiosidade venceu o medo, e o curumim entrou na mata!




                                 4
Então, Tupanã descobriu que havia outros barulhos... que deixa-
ram Tupanã muito assustado.
   Tupanã começou a correr, mas esqueceu caminho da taba.
   Tupanã não ouvia mais nada, só coração aflito batendo no peito de
Tupanã.




                                 5
Até que Tupanã parou porque ouviu água grande, cascata descen-
do das pedras com muito ruído. Percebeu, então, que era esse o som
que ele ouvia.
   Parado diante da grandeza, Tupanã fechou os olhos e pôs atenção.
E descobriu que o outro som era o gemido das árvores, dançando
com o vento. E que o outro era o canto do urutau.




                                 6
Tupanã, agora mais calmo, vê ao seu lado uma coisa que antes não
via: o Espírito do seu avô Apoena. Tupanã, agora, não leva susto. Sua
mãe já tinha falado que Apoena não morreu, mas vivia com antepas-
sados.



                                  7
— Apoena feliz de ver Tupanã! Não devia ir tão longe sozinho,
sem avisar. Mas deixa Apoena feliz ver Tupanã crescendo forte, en-
frentando medo, aprendendo as coisas da mata.
   Tupanã quis chorar, pensou na proteção da oca.
   Apoena leu pensamento de Tupanã e respondeu:




                                 8
— O céu é o teto da oca de Tupã. Todo índio e curumim pertence
à oca de Tupã. Mas nem todo índio e curumim pode ver antepassados
que falam das coisas maiores. Tupanã pode.




                                9
Tupanã esperou mais palavras de Apoena.
   — Agora, volta pra taba, Tupanã. E vai contar que viu Apoena
perto da água grande, sob a oca de Tupã. E prepara o coração de
Tupanã, porque um dia Tupanã vai ser pajé.




                                10
E esta é a história da curiosidade do pequeno Tupanã, curumim
que enfrentou seu medo e viveu para ser pajé!




                                11
A história do Pequeno Tupanã é um conto sobre a curiosidade, a
coragem e o crescimento.

   Foi psicografado em Fortaleza, no Ceará, durante nossa estada
para o I Congresso Nordestino de Pedagogia Espírita, no mês de
outubro de 2005.

   Espero que “O Pequeno Tupanã” chegue ao coração das crian-
ças e dos educadores com a mesma força e intensidade com que foi
escrito e narrado para os participantes da Sala de Estudos sobre Fi-
losofia Espírita para Crianças, no mesmo Congresso.

                                        Rita Foelker

                                                                 gil
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O Pequeno Tupanã enfrenta o medo

  • 2. O Pequeno Tupanã Rita Foelker/Tupanã (Esp.) ©2005 by Rita Foelker Edição em E-Book Novembro de 2005 capa e ilustrações internas Rita Foelker editoração eletrônica Rita Foelker ISBN 85-87548-17-4 Permitida a reprodução, desde que citada a autoria e fonte. Este e-book é divulgado através da homepage do Projeto “Filosofia Espírita para Crianças”. www.edicoesgil.com.br/educador/filosofia/filosofia_principal.html. Download gratuito. 2
  • 3. Tupanã, menino da tribo, muito pequeno e esperto, vivia sempre perto de outros curumins. Tupanã gostava da taba, cercava a fogueira, deitava na rede. Não gostava de ficar sozinho na mata. Tinha medo do caetetu, tremia para a capivara, tinha pesadelo com a onça-pintada. 3
  • 4. Um dia Tupanã ouviu barulho diferente. Tupanã quis ficar quieti- nho, pois não sabia o que era, não sabia se havia perigo. Mas o barulho não parava, chamava Tupanã. Tupanã pensou que se andasse só um pouquinho pra longe da taba, poderia voltar correndo, se precisasse. E a curiosidade venceu o medo, e o curumim entrou na mata! 4
  • 5. Então, Tupanã descobriu que havia outros barulhos... que deixa- ram Tupanã muito assustado. Tupanã começou a correr, mas esqueceu caminho da taba. Tupanã não ouvia mais nada, só coração aflito batendo no peito de Tupanã. 5
  • 6. Até que Tupanã parou porque ouviu água grande, cascata descen- do das pedras com muito ruído. Percebeu, então, que era esse o som que ele ouvia. Parado diante da grandeza, Tupanã fechou os olhos e pôs atenção. E descobriu que o outro som era o gemido das árvores, dançando com o vento. E que o outro era o canto do urutau. 6
  • 7. Tupanã, agora mais calmo, vê ao seu lado uma coisa que antes não via: o Espírito do seu avô Apoena. Tupanã, agora, não leva susto. Sua mãe já tinha falado que Apoena não morreu, mas vivia com antepas- sados. 7
  • 8. — Apoena feliz de ver Tupanã! Não devia ir tão longe sozinho, sem avisar. Mas deixa Apoena feliz ver Tupanã crescendo forte, en- frentando medo, aprendendo as coisas da mata. Tupanã quis chorar, pensou na proteção da oca. Apoena leu pensamento de Tupanã e respondeu: 8
  • 9. — O céu é o teto da oca de Tupã. Todo índio e curumim pertence à oca de Tupã. Mas nem todo índio e curumim pode ver antepassados que falam das coisas maiores. Tupanã pode. 9
  • 10. Tupanã esperou mais palavras de Apoena. — Agora, volta pra taba, Tupanã. E vai contar que viu Apoena perto da água grande, sob a oca de Tupã. E prepara o coração de Tupanã, porque um dia Tupanã vai ser pajé. 10
  • 11. E esta é a história da curiosidade do pequeno Tupanã, curumim que enfrentou seu medo e viveu para ser pajé! 11
  • 12. A história do Pequeno Tupanã é um conto sobre a curiosidade, a coragem e o crescimento. Foi psicografado em Fortaleza, no Ceará, durante nossa estada para o I Congresso Nordestino de Pedagogia Espírita, no mês de outubro de 2005. Espero que “O Pequeno Tupanã” chegue ao coração das crian- ças e dos educadores com a mesma força e intensidade com que foi escrito e narrado para os participantes da Sala de Estudos sobre Fi- losofia Espírita para Crianças, no mesmo Congresso. Rita Foelker gil 12