1. Gêneros textuais: definiçãoGêneros textuais: definição
e funcionalidadee funcionalidade
Prof. Luiz AntônioProf. Luiz Antônio
MarcuschiMarcuschi
Gêneros textuais comoGêneros textuais como
práticas sociodiscursivaspráticas sociodiscursivas
2. 1. Gêneros textuais1. Gêneros textuais
Tipo de enunciado relativamente estável, doTipo de enunciado relativamente estável, do
ponto de vista temático, composicional eponto de vista temático, composicional e
estilístico (Bakhtin,1992).estilístico (Bakhtin,1992).
Os gêneros são processos particulares deOs gêneros são processos particulares de
produção e consumo social de textos eprodução e consumo social de textos e
representam a sedimentação derepresentam a sedimentação de
desenvolvimentos de práticas sociodiscursivasdesenvolvimentos de práticas sociodiscursivas
refletidas na língua (Marcuschi, 2000).refletidas na língua (Marcuschi, 2000).
3. Gêneros textuais comoGêneros textuais como
práticas sócio-históricaspráticas sócio-históricas
Entidades sociodiscursivas e formas de açãoEntidades sociodiscursivas e formas de ação
social incontornáveis em qualquer situaçãosocial incontornáveis em qualquer situação
comunicativa;comunicativa;
fenômenos históricos, vinculados à vida culturalfenômenos históricos, vinculados à vida cultural
e social;e social;
fruto de trabalho coletivo;fruto de trabalho coletivo;
ordenam e estabilizam as atividadesordenam e estabilizam as atividades
comunicativas do dia a dia;comunicativas do dia a dia;
são maleáveis, dinâmicos e plásticos.são maleáveis, dinâmicos e plásticos.
4. Os gêneros são entidades dinâmicas poderosas que:Os gêneros são entidades dinâmicas poderosas que:
condicionam nossas escolhas;condicionam nossas escolhas;
limitam nossa ação na escrita;limitam nossa ação na escrita;
impõem restrições e padronizações;impõem restrições e padronizações;
convidam também a escolhas, estilos, criatividade econvidam também a escolhas, estilos, criatividade e
variações.variações.
Assim como a língua varia, também os gêneros:Assim como a língua varia, também os gêneros:
variam;variam;
adaptam-se;adaptam-se;
renovam-se;renovam-se;
multiplicam-se.multiplicam-se.
5. Os gênerosOs gêneros nãonão são modelos estanquessão modelos estanques
nemnem estruturas rígidas.estruturas rígidas.
Os gênerosOs gêneros nãonão são superestruturassão superestruturas
canônicas, mas tambémcanônicas, mas também nãonão sãosão
amorfos.amorfos.
Os gênerosOs gêneros nãonão são estáticossão estáticos nemnem
puros.puros.
6. 2. Novos gêneros e velhas2. Novos gêneros e velhas
basesbases
Grandes suportes tecnológicos daGrandes suportes tecnológicos da
comunicação propiciam novos ecomunicação propiciam novos e
característicos gêneros.característicos gêneros.
Novos gêneros são ancorados em gêneros jáNovos gêneros são ancorados em gêneros já
existentes.existentes.
O que determina o gênero?O que determina o gênero?
a)a) As formas;As formas;
b)b) as funções;as funções;
c)c) o suporte.o suporte.
7. 3. TIPOS E GÊNEROS3. TIPOS E GÊNEROS
Para ilustrar as principais diferenças entre tipos e gêneros textuais,Para ilustrar as principais diferenças entre tipos e gêneros textuais,
Marcuschi (2002: 23) traz o seguinte quadro sinóptico:Marcuschi (2002: 23) traz o seguinte quadro sinóptico:
8. Definição de tipo e gêneroDefinição de tipo e gênero
textualtextual
Domínio discursivoDomínio discursivo esfera ou instância deesfera ou instância de
produção discursiva ou de atividade humana.produção discursiva ou de atividade humana.
TextoTexto entidade concreta realizadaentidade concreta realizada
materialmente e corporificada em algum gêneromaterialmente e corporificada em algum gênero
textual.textual.
DiscursoDiscurso aquilo que um texto produz ao seaquilo que um texto produz ao se
manifestar em alguma instância discursiva. Omanifestar em alguma instância discursiva. O
discurso se realiza nos textos.discurso se realiza nos textos.
9. Definição de tipo e gêneroDefinição de tipo e gênero
textualtextual
Tipo textualTipo textual predomínio de sequênciaspredomínio de sequências
linguísticas típicas como norteadoras; entidadeslinguísticas típicas como norteadoras; entidades
formais.formais.
Gênero textualGênero textual predomínio de critérios depredomínio de critérios de
ação prática, circulação sócio-histórica,ação prática, circulação sócio-histórica,
funcionalidade, conteúdo temático, estilo efuncionalidade, conteúdo temático, estilo e
composicionalidade; entidades comunicativas.composicionalidade; entidades comunicativas.
10. 4. Algumas observações4. Algumas observações
sobre os tipos textuaissobre os tipos textuais
Um mesmo gênero textual pode realizarUm mesmo gênero textual pode realizar
diferentes tipos textuais (sequênciasdiferentes tipos textuais (sequências
tipológicas).tipológicas).
Um texto é em geral tipologicamente variadoUm texto é em geral tipologicamente variado
(heterogêneo).(heterogêneo).
As sequências tipológicas servem de armaçãoAs sequências tipológicas servem de armação
de base, uma malha infratextual.de base, uma malha infratextual.
11. Tipos textuais segundoTipos textuais segundo
Werlich (1973)Werlich (1973)
BasesBases
temáticastemáticas
ExemplosExemplos Traços linguísticosTraços linguísticos
DescritivaDescritiva "Sobre a"Sobre a
mesa haviamesa havia
milhares demilhares de
vidros.”vidros.”
estrutura simples comestrutura simples com
um verbo estático noum verbo estático no
presente oupresente ou
imperfeito, umimperfeito, um
complemento e umacomplemento e uma
indicaçãoindicação
circunstancial de lugarcircunstancial de lugar
12. Tipos textuais segundoTipos textuais segundo
Werlich (1973)Werlich (1973)
BasesBases
temáticastemáticas
ExemplosExemplos Traços linguísticosTraços linguísticos
NarrativaNarrativa "Os"Os
passageirospassageiros
aterrissaramaterrissaram
em Nova Yorkem Nova York
no meio dano meio da
noite."noite."
Verbo de mudança noVerbo de mudança no
passado, umpassado, um
circunstancial de lugarcircunstancial de lugar
e um de tempo: ação.e um de tempo: ação.
13. Tipos textuais segundoTipos textuais segundo
Werlich (1973)Werlich (1973)
BasesBases
temáticastemáticas
ExemplosExemplos Traços linguísticosTraços linguísticos
ExpositivaExpositiva
(identificação(identificação
/ligação de/ligação de
fenômenos)fenômenos)
(a) "Uma parte(a) "Uma parte
do cérebro é odo cérebro é o
cortex.”cortex.”
Exposição sintéticaExposição sintética
(composição): sujeito,(composição): sujeito,
predicado (no presente) epredicado (no presente) e
um complemento com umum complemento com um
grupo nominalgrupo nominal
identificação deidentificação de
fenômenos.fenômenos.
14. Tipos textuais segundoTipos textuais segundo
Werlich (1973Werlich (1973))
BasesBases
temáticastemáticas
ExemplosExemplos Traços linguísticosTraços linguísticos
ExpositivaExpositiva (b) "O cérebro(b) "O cérebro
tem 10 milhõestem 10 milhões
de neurônios".de neurônios".
Exposição analíticaExposição analítica
(decomposição):(decomposição):
estrutura com umestrutura com um
sujeito, um verbo dasujeito, um verbo da
família do verbo ter (oufamília do verbo ter (ou
verbos como: "contém",verbos como: "contém",
"consiste","consiste",
"compreende") e um"compreende") e um
complemento quecomplemento que
estabelece com o sujeitoestabelece com o sujeito
uma relação parte-todouma relação parte-todo
ligação deligação de
fenômenos.fenômenos.
15. Tipos textuais segundoTipos textuais segundo
Werlich (1973)Werlich (1973)
BasesBases
temáticastemáticas
ExemplosExemplos Traços linguísticosTraços linguísticos
ArgumentativaArgumentativa
(marca a(marca a
posiçãoposição
discursiva dodiscursiva do
falante)falante)
"A obsessão"A obsessão
com acom a
durabilidadedurabilidade
nas Artesnas Artes
não énão é
permanente.”permanente.”
Forma verbal com oForma verbal com o
verbo ser no presenteverbo ser no presente
e um complementoe um complemento
(adjetivo): atribuição(adjetivo): atribuição
de qualidade.de qualidade.
16. Tipos textuais segundoTipos textuais segundo
Werlich (1973)Werlich (1973)
BasesBases
temáticastemáticas
ExemplosExemplos Traços linguísticosTraços linguísticos
InjuntivaInjuntiva
(incitam à ação)(incitam à ação)
"pare!“,"pare!“,
““sejaseja
razoável”razoável”
Verbo no imperativo:Verbo no imperativo:
incitadores à ação.incitadores à ação.
Podem mudar a formaPodem mudar a forma
imperativo substituídoimperativo substituído
por um "deve". Ex.por um "deve". Ex.
"Todos os brasileiros na"Todos os brasileiros na
idade de 18 anos doidade de 18 anos do
sexo masculino devemsexo masculino devem
comparecer ao exércitocomparecer ao exército
para alistarem-se. "para alistarem-se. "
17. 5. Observações sobre os5. Observações sobre os
gêneros textuaisgêneros textuais
Estruturas inter-gêneros – naturezaEstruturas inter-gêneros – natureza
híbrida (funçãohíbrida (função forma).forma).
Um gênero realiza determinada funçãoUm gênero realiza determinada função
comunicativa, adotando o formato decomunicativa, adotando o formato de
outro gênero.outro gênero.
18. IntergenericidadeIntergenericidade
ColecionadorColecionador
ColecionadorColecionador
de cheiros trocade cheiros troca
um cheiro de cidadeum cheiro de cidade
por um cheiro de neblinapor um cheiro de neblina
um cheiro de gasolinaum cheiro de gasolina
por um cheiro de chuva finapor um cheiro de chuva fina
um cheiro de cimentoum cheiro de cimento
por um cheiro de orvalho no vento.por um cheiro de orvalho no vento.
(“Classificados(“Classificados PoéticosPoéticos“, Roseana Murray)“, Roseana Murray)
19.
20.
21. DOMÍNIOS DISCURSIVOS –DOMÍNIOS DISCURSIVOS – São os ambientes em que osSão os ambientes em que os
gêneros são produzidos e em que circulam.gêneros são produzidos e em que circulam.
SUPORTE –SUPORTE – É um locus físico ou virtual com formato específico queÉ um locus físico ou virtual com formato específico que
serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado comoserve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como
texto. Numa definição sumária, pode-se dizer que suporte de umtexto. Numa definição sumária, pode-se dizer que suporte de um
gênero é uma superfície física em formato específico que suporta, fixagênero é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa
e mostra um texto.e mostra um texto. (MARCUSCHI, 2003).(MARCUSCHI, 2003).
22. SUPORTESSUPORTES
ConvencionaisConvencionais IncidentaisIncidentais
FaixasFaixas
LuminososLuminosos
FolderFolder
EncarteEncarte
OutdoorOutdoor
Quadro de avisosQuadro de avisos
TelefoneTelefone
TelevisãoTelevisão
RádioRádio
JornalJornal
RevistaRevista
Livro didáticoLivro didático
MurosMuros
ParedesParedes
Corpo humanoCorpo humano
RoupasRoupas
Para-choques de caminhãoPara-choques de caminhão
EmbalagemEmbalagem
Paradas de ônibusParadas de ônibus
Estações de metrôEstações de metrô
CalçadasCalçadas
23. Gêneros textuais e ensinoGêneros textuais e ensino
A apropriação dos gêneros é um mecanismoA apropriação dos gêneros é um mecanismo
fundamental de socialização, de inserção prática nasfundamental de socialização, de inserção prática nas
atividades comunicativas humanas (Bronckart, 1999).atividades comunicativas humanas (Bronckart, 1999).
Visto que todos os textos se manifestam sempre num ouVisto que todos os textos se manifestam sempre num ou
noutro gênero textual, um maior conhecimento donoutro gênero textual, um maior conhecimento do
funcionamento dos gêneros textuais é importante tantofuncionamento dos gêneros textuais é importante tanto
para a produção como para a compreensão.para a produção como para a compreensão.
Gêneros orais X gêneros escritos.Gêneros orais X gêneros escritos.
Análise de gêneros textuais: identificação de suasAnálise de gêneros textuais: identificação de suas
características como conteúdo, composição, estilo, nívelcaracterísticas como conteúdo, composição, estilo, nível
linguístico e propósitos.linguístico e propósitos.