2. Introdução
Percepção visual, no sentido da Na estética, entende-se por percepção visual
um conhecimento teórico, descritivo,
psicologia e das ciências cognitivas é
relacionado à forma e suas expressões
uma de várias formas de percepção sensoriais. Um tipo de talento, uma
associadas aos sentidos. É o produto característica desenvolvida como uma
final da visão consistindo na habilidade de um escultor ou pintor que
diferencia os pontos relevantes e não
habilidade de detectar a luz e
relevantes de sua obra. Para que depois de
interpretar (ver) as consequências do pronta - em uma análise mais detalhada -
estímulo luminoso, do ponto de possa explicar os atributos ali contidos.
vista estético e lógico.
O maior problema no estudo da percepção
visual é que o que as pessoas veem não é uma
simples tradução do estímulo da retina (ou
seja, a imagem na retina). Assim, pessoas
interessadas na percepção têm tentado há
muito tempo explicar o que o processamento
visual faz para criar o que realmente vemos.
3. Introdução
As percepções são formadas por Hermann von Helmholtz é
crenças, religião e filosofia; aquilo em frequentemente citado como o
que acreditamos exerce um enorme fundador do estudo científico da
controle sobre aquilo que vemos. percepção visual. Helmholtz
sustentava que a visão é uma
forma de inferência
Os fatores de ordem política e inconsciente: visão é uma
econômica, atuam em conjunto para questão de derivar uma
influenciar a percepção e dar forma à interpretação provável a partir de
expressão. Juntos, a política, a dados incompletos.
economia, o meio ambiente e os O estudo de ilusões de óptica
padrões sociais criam uma psique (casos em que o processo de
coletiva. Essas mesmas forças, que se inferência falha) lançou muita luz
desenvolvem em linguagens individuais sobre que tipo de informações
no plano verbal, combinam-se no modo são presumidas pelo sistema
visual para criar um estilo comum de visual.
expressão.
4. Estereograma (Stereogram)
Um estereograma é uma técnica de ilusão de óptica, onde a partir de duas imagens
bidimensionais complementares, é possível visualizar uma imagem tridimensional.
Basicamente deve-se ver cada uma das duas imagens bidimensionais com um dos
olhos, gerando-se a ilusão da tridimensionalidade. Este efeito é possível graças ao
efeito Estereoscópico onde para a imagem captada por cada olho, o cérebro "funde"
as imagens dando efeitos tridimensionais à visão.
Para conseguir enxergar um estereograma, o principal é conhecer o resultado
esperado. A idéia é desfocar a vista da imagem, de maneira que ambas as
perspectivas sejam captadas. Alguns recomendam olhar o infinito, ou seja, fitar a
vista num objeto distante e, sem desfocar, voltar a olhar a imagem. Outros preferem
fitar a visão em um dedo sobre a imagem e lentamente retirá-lo, ou observar o
reflexo da imagem num vidro, ou olhar a imagem bem de perto e, mantendo o foco,
ir afastando a cabeça, de forma que o foco saia do papel até encontrar o ponto ideal.
Depende de cada pessoa e sua condição visual. Alguns estereogramas já trazem um
auxílio, como dois pontos, onde você foca a sua visão de forma que os 2 pontos se
transformem em 3, então a imagem pretendida aparecerá.
10. GESTALT
Gestalt, palavra alemã sem tradução
exata em português, refere-se a um
processo de dar forma, de configurar
"o que é colocado diante dos olhos,
exposto ao olhar": a palavra gestalt
tem o significado "(...)de uma
entidade concreta, individual e
característica, que existe como algo
destacado e que tem uma forma ou
configuração como um de seus
atributos."
A Gestalt ou psicologia da forma,
trabalha com dois conceitos:
supersoma e transponibilidade.
11. Supersoma
De acordo com a teoria gestáltica, não se pode
ter conhecimento do "todo" por meio de suas
partes, pois o todo é maior que a soma de suas
partes: "(...) "A+B" não é simplesmente "(A+B)",
mas sim um terceiro elemento "C", que possui
características próprias".
12. Transponibilidade
Segundo o critério da transponibilidade,
independentemente dos elementos que
compõem determinado objeto, a forma é que
sobressai: as letras r, o, s, a não constituem
apenas uma palavra em nossas mentes: "(...)
evocam a imagem da flor, seu cheiro e
simbolismo - propriedades não exatamente
relacionadas às letras."
13. Gestalt ou psicologia da forma
A Gestalt ou psicologia da forma é
uma linha de pesquisa* que estuda a
percepção visual.
Não existe uma origem definida,
pois foi trabalhada simultaneamente
na Áustria e na Alemanha em
estudos iniciados por volta de 1870.
Entre 1930 e 1940 as pesquisas da
psicologia da forma levantaram
muitas das hipóteses que são
estudadas pelos cientistas da visão e
cognição atualmente.
*Linha de pesquisa representa temas aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em tradição investigativa, de onde
se originam projetos cujos resultados guardam afinidades entre si. Fonte: CNPq.
14. Leis da Gestalt
Através de pesquisas sobre o fenômeno As leis da Gestalt dão embasamento
da percepção, os psicólogos da Gestalt científico para o sistema de leitura
precisaram definir certas constantes visual, permitindo e favorecendo toda e
para as forças internas, quanto à qualquer articulação analítica e
interpretativa da forma do objeto.
maneira como se ordenam ou se
estruturam as formas psicologicamente
percebidas, as quais são chamadas de Unidade
padrões, fatores, princípios básicos ou Segregação
leis de organização da forma perceptual. Unificação
Fechamento
Essas leis explicam porque vemos as Continuidade
coisas de uma determinada maneira e
Proximidade
não de outra.
Semelhança
Pregnância da Forma
15. Leis da Gestalt
As leis mais simples, que regem o Por exemplo, uma mancha preta se
processo da percepção da forma visual, destaca mais sobre um fundo branco, do
são a segregação e a unificação. que sobre um fundo cinza claro, e,
unificação age em virtude da menos ainda, num cinza escuro.
igualdade de estimulação.
segregação age em virtude de
desigualdade de estimulação.
Para a formação de unidades é
necessário uma descontinuidade de
estimulação (ou contraste). Se
estivermos envolvidos numa Para nossa percepção existe apenas
estimulação homogênea (sem contraste) relações, sem nenhuma qualidade
nenhuma forma será percebida. absoluta de cor, brilho ou forma.
16. Leis da Gestalt
Se as leis de segregação e unificação Existe uma tendência psicológica de
explicam a formação de unidades unir intervalos e estabelecer
como pontos, linhas, manchas, não ligações. Essa lei é chamada
explicam, contudo, porque uma fechamento.
superfície contornada se separa do
resto do campo como unidade
visual. Por exemplo, na imagem abaixo
vemos um triângulo, em função da
lei de fechamento.
17. Leis da Gestalt
O fechamento estabelece unidades
diferentes. Por exemplo, na imagem
abaixo vemos quatro pares de
linhas, e na segunda quatro
intervalos vazados ou 3 colunas.
Na imagem acima vemos uma
circunferência, um quadrado e uma
cruz central, em função da lei de
fechamento.
18. Leis da Gestalt
Outro fator de organização é a boa Na primeira imagem, a linha b
continuação. Toda unidade linear parece anexa a a e c.
tende, psicologicamente, a se
prolongar na mesma direção e com
o mesmo movimento.
Suponhamos que tivéssemos apenas
a parte designada por a, então as Na segunda imagem, a composição
partes b e c são adicionadas a a é menos definida, pois tanto b como
como sua continuação. Observe nos c podem ser a continuação de a.
exemplos ao lado como a nossa
organização tende a se orientar no
sentido da boa continuação.
19. Leis da Gestalt
Na imagem abaixo vemos um
retângulo com uma linha que o
atravessa, e não dois quadriláteros
irregulares.
Na imagem abaixo vemos dois Na imagem acima há uma
hexágonos juntos. impressão esteticamente
desagradável, porque a continuação
natural da curva foi interrompida.
20. Leis da Gestalt
Na imagem abaixo vemos um retângulo
com uma linha que o atravessa, e não
dois quadriláteros irregulares.
Na imagem acima há uma impressão
esteticamente desagradável, porque a
continuação natural da curva foi
interrompida.
Na imagem abaixo vemos dois
hexágonos juntos.
Na imagem acima, a figura a é bidimensional,
por causa da continuação e regularidade das
diagonais. A figura b é ambígua, ou seja, pode
parecer bi ou tridimensional. E a figura c é
claramente tridimensional, pois há quebra e
irregularidade das linhas, sendo difícil uma
organização em continuidade.
21. Leis da Gestalt
Outros dois fatores elementares de
organização são a proximidade e a
semelhança.
proximidade: elementos óticos,
próximos uns aos outros, tendem a ser
vistos juntos, isto é, a constituírem
unidades. Quanto mais curta a
distância entre dois pontos, mais
unificação se dá.
semelhança: a igualdade de forma e
cor desperta a tendência dinâmica de
constituir unidades, isto é, de
estabelecer agrupamento das partes
semelhantes.
22. Leis da Gestalt
A semelhança é fator mais forte de
organização do que a proximidade. A
simples proximidade não basta para
explicar o agrupamento de elementos. É
necessário que estes tenham qualidades
em comum.
Semelhança e proximidade são dois
fatores que agem em comum, muitas
vezes se reforçam ou se enfraquecem
mutuamente.
Na imagem ao lado mostra que há uma
ordem no agrupamento das partes
dentro do todo.
23. Leis da Gestalt
A pregnância da forma ou força estrutural
é um princípio geral, que abrange todos os
outros. As forças de organização da forma
tendem a se dirigir tanto quanto o
permitem as condições dadas no sentido
da clareza, da unidade, do
equilíbrio...enfim, da boa Gestalt.
Ao lado um exemplo curioso de
Wertheimer que mostra a influência da
pregnância da forma mesmo na percepção
das cores. O anel nesta imagem é visto,
mais ou menos, homogeneamente cinza.
Entretanto se colocarmos uma linha
dividindo o anel, formando dois
semicírculos, veremos que no fundo
vermelho o cinza tomará uma cor
esverdeada, e no verde uma cor
avermelhada.
24. Leis da Gestalt
Vemos as coisas como as vemos por
causa da organização (forças
internas) que se desenvolve a partir
do estímulo próximo (forças
externas).
Ou seja, cada imagem percebida é o
resultado da interação dessas duas
forças. As forças externas sendo os
agentes luminosos bombardeando a
retina, e as forças internas
constituindo a tendência de
organizar e estruturar, da melhor
forma possível, esses estímulos
exteriores.
25. Unidade
Unidade pode ser um único
elemento, que se encerra em si
mesmo, ou como parte de um todo.
Numa conceituação mais ampla,
pode ser entendida como o conjunto
de elementos, configurando o
“todo”, ou seja, o próprio objeto.
As unidades formais, que
configuram o todo, são percebidas,
geralmente, através de relações
entre os elementos (ou subunidades)
que as constituem.
26. Segregação
Segregação significa a capacidade
perceptiva de separar, identificar,
evidenciar ou destacar unidades formais
em um todo compositivo ou em partes
deste todo.
Naturalmente podemos segregar uma ou
mais unidades, dependendo da
desigualdade dos estímulos produzidos
pelo campo visual (em função das forças de
um ou mais tipos de contrastes).
Para efeito de leitura visual, pode-se
também estabelecer níveis de segregação.
Por exemplo, identificando-se apenas as
unidades principais de um todo mais
complexo, desde que seja suficiente para o
objetivo desejado para interpretação da
forma do objeto.
26
27. Unificação
A unificação da forma consiste na
igualdade ou semelhança dos estímulos
produzidos pelo campo visual, pelo objeto.
Pode ser verificada quando os fatores de
harmonia, equilíbrio, ordenação visual e,
sobretudo, a coerência da linguagem ou
estilo formal das partes ou do todo estão
presentes no objeto ou composição.
A unificação também se manifgesta em
graus de qualidade, ou seja, varia em
função de uma melhor ou pior organização
formal.
As leis de proximidade e semelhança
concorrem fortemente para a unificação da
organização formal, quando presentes em
partes ou no objeto como um todo.
28. Fechamento
O fator de fechamento é importante
para a formação de unidades. As
forças de organização da forma
dirigem-se espontaneamente para
uma ordem espacial que tende para
a formação de unidades em todos
fechados.
Obtém-se a sensação de
fechamento visual da forma pela
continuidade numa ordem estrutural
definida, ou seja, por meio de
agrupamentos de elementos de
maneira a constituir uma figura total
mais fechada ou mais completa.
29. Continuidade
A boa continuidade, ou boa
continuação, é a impressão visual de
como as partes se sucedem através
da organização perceptiva da forma
de modo coerente, sem quebras ou
interrupções na sua trajetória ou na
sua fluidez visual.
Tendência dos elementos de
acompanharem uns aos outros, de
maneira tal que permitam a boa
continuidade de elementos básicos
da comunicação visual, no sentido
de alcançar a melhor forma possível,
mais estável estruturalmente.
30. Proximidade
Elementos próximos uns dos outros
tendem a ser vistos juntos e, por
conseguinte, a constituírem um todo
ou unidades dentro do todo.
Em condições iguais, os estímulos
mais próximos entre si terão maior
tendência a serem agrupados e
constituírem unidades.
Proximidade e semelhança são dois
fatores que muitas vezes agem em
comum e se reforçam mutuamente,
tanto para constituírem unidades
como para unificar a forma.
31. Semelhança
A igualdade de forma e de cor desperta
também a tendência de se constituir
unidades, isto é, de estabelecer
agrupamentos de partes semelhantes.
Em condições iguais, os estímulos mais
semelhantes entre si terão maior
tendência a serem agrupados, a
constituírem partes ou unidades. Estímulos
originados por semelhança e em maior
proximidade terão também maior
tendência a serem agrupados.
Semelhança e proximidade são dois
fatores que, além de concorrerem para
formação de unidades, promovem a
unificação do todo, no sentido da
harmonia, ordem e equilíbrio visual.
32. Pregnância
A pregnância é a lei básica da As forças de organização da forma
percepção visual. tendem a se dirigir tanto quanto o
permitam as condições dadas, no
sentido da harmonia e do equilíbrio
Qualquer estímulo tende a ser visto de visual.
tal modo que a estrutura resultante é
tão simples quanto o permitam as
condições dadas. Sua utilização pode ser aplicada
estrategicamente como recurso de
narrativa para controlar a leitura.
O cérebro tende a perceber mais
rápido e fácil as formas organizadas. A
pregnância de uma forma pode ser
medida de acordo com sua:
Legibilidade
Compreensão
Máximo de clareza
possível
34. Uso da Gestalt na Comunicação Visual
Aplicar os conceitos da Gestalt em A interpretação de uma informação
uma composição visual contribui é baseada no repertório cultura,
para: formação educacional,
comportamento social e
experiências vividas pelo receptor.
Interpretação mais
rápida
Por causa disso, é comum que cada
Facilitar o indivíduo tenha uma determinada
reconhecimento a leitura dependendo de sua bagagem
distância de vida.
Memorização
Representação de
significados