1. VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO CRESCE 9,4% EM 2011
As estimativas de preços e produção para maio de 2011 reviram o crescimento
do Valor Bruto da Produção Agropecuária para 9,4%. O VBP do setor estimado para
2011 deve chegar a R$ 281,8 bilhões, superando os R$ 257,6 bilhões ganhos em 2010.
Fatores como o aumento da área plantada e da produção, estimulados pela alta
dos preços no segundo semestre de 2010, são os responsáveis por garantir a melhora do
desempenho agropecuário.
Esta alta pode ser verificada no índice de commodities do Banco Central (IC-
BR), que no que se refere ao setor agropecuário apresentou crescimento de 44,9% nos
últimos 12 meses. Este índice, calculado pelo Commodity Research Bureau (CRB), é
uma medida do movimento de preços de produtos básicos mais sensíveis a mudanças
nas condições econômicas, que para a agropecuária é composto por carne bovina, algo-
dão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e carne suína.
O maior crescimento é esperado na pecuária brasileira. Com expectativas de um
faturamento bruto que alcance R$ 107,7 bilhões em 2011, o setor deve crescer aproxi-
madamente 10% em relação a 2010, quando recebeu R$ 97,9 bilhões. Apesar de se estar
desenhando um quadro de deflação para alguns dos produtos que compões a cesta em
2011, a estimativa de aumento da produção na maioria das cadeias produtivas de carne e
os patamares altos de preços, principalmente, de boi gordo e suínos, tendem a garantir
que o setor obtenha uma maior remuneração em relação a 2010.
O recente embargo da Rússia a carne suína, bovina e de frango, provocou uma
queda momentânea nas cotações no mercado interno, mesmo com a demanda aquecida,
em virtude do excesso de produto.
Os produtores de carne bovina, que no ano passado tiveram um valor bruto de
R$ 43,2 bilhões, esperam um crescimento de 17,6% e devem receber cerca de R$ 50,7
bilhões em 2011, considerando uma expansão da produção para nove milhões de tone-
ladas, crescimento de 3,1% em relação a 2010, e preços 14% mais altos que os pratica-
dos no ano anterior.
A produção de carne suína, que deve ser elevada em 10,8%, passando de 3,2 pa-
ra 3,6 milhões de toneladas em 2011, avaliada a preços médios de mercado cerca de
3,4% maiores do que em 2010, podem garantir aos produtores uma remuneração de R$
9,6 bilhões, o que significa um crescimento de 14,5% em relação aos R$ 8,4 bilhões
ganhos em 2010.
Quanto ao setor produtor de carne de frango o cenário é de lenta recuperação. A
expansão de 2,36% da produção deve anular a variação negativa dos preços, garantindo
ao setor R$ 21,3 bilhões em 2011, o qual é 2,08% maior que o recebido em 2010. No
mês de maio as exportações aumentaram, segundo a SECEX, 4,7% em relação a mês
2. passado, porém este volume não foi suficiente para aliviar a pressão de baixa dos pre-
ços.
Já o valor bruto da produção agrícola brasileira pode chegar a R$ 174 bilhões,
garantindo aos produtores cerca de R$ 14,3 bilhões a mais do que em 2010, ou seja, um
crescimento de quase 9% em relação aos R$ 159,7 bilhões recebidos no ano anterior. De
acordo com o 9º Levantamento de Safras da Conab, estima-se uma produção com as
principais culturas de 161,5 milhões de toneladas, 8,2% superior à safra anterior. Além
disso, salienta que os problemas de excesso de chuva e de atraso de plantio, principal-
mente na soja e no milho, não comprometeram o desenvolvimento das culturas.
Dentre os produtos com maior representatividade na cesta agrícola, o que apre-
senta um maior crescimento esperado é o algodão. Devido à redução dos estoques mun-
diais desse produto e os preços nominais se elevarem. Assim, há a expectativa de um
aumento da área plantada, que por sua vez, deve acarretar na elevação da produção em
72,9%. O setor espera para 2011 um faturamento bruto de R$ 4,9 bilhões, que represen-
tam um crescimento de 63,5% em relação aos R$ 3,0 bilhões recebidos no ano anterior.
A produção de soja é estimada em 74,9 milhões de toneladas, cerca de 6,3 mi-
lhões de toneladas ou 9,2% a mais do que na safra anterior, devido às condições climá-
ticas favoráveis depois do plantio. A atual conjuntura de preços 7,5% acima dos de
2010, devem garantir que os produtores faturem R$ 50,2 bilhões, contabilizando um
crescimento de quase 17,4% em comparação com os R$ 42,7 bilhões angariados em
2010.
A produção total de milho deve ser prejudicada em virtude dos problemas cli-
máticos e do atraso do plantio ocorridos na segunda safra, estima-se que esta seja 1,3%
maior que a safra passada mesmo com uma redução de 1,1% na produção da safrinha.
Contudo, os preços médios elevaram-se 27,1% no mercado, permitindo que o setor re-
ceba um faturamento de R$ 21,07 bilhões que, quando comparados aos R$ 16,3 bilhões
de 2010, representam um aumento de 28,75%.
Com relação à produção de café, esta será 9,5% menor que a ano passado em
função da bianualidade, ou seja, alternância de anos de alta produção com baixa. Apesar
disso, o setor apresenta um faturamento de R$18,2 bilhões, aumento de 25,7% quando
comparado com o do ano de 2010. Isto se deve principalmente a alta de 38,8% dos pre-
ços internos, em relação ao ano passado, o qual ocorreu em função da escassez de pro-
duto tanto no Brasil como no mundo.
O valor bruto da cana esperado para 2011 está cotado em R$ 27 bilhões, o que
representa uma queda de 10,6% em relação a 2010, quando o setor teve um faturamento
de R$ 30,3 bilhões. A queda é explicada pela contração de 7% da produção, devido à
renovação dos canaviais, da intempérie e da produtividade das lavouras nas principais
regiões produtoras, além da deflação de 3,9% dos preços médios reais apesar da pouca
oferta do produto no mercado estar pressionando os preços internacionais para cima.
3. Valor Bruto da Produção Agropecuária Brasileira - 2010 e 2011
Preços Médios Reais, deflacionados pelo IGP-DI
300,00 281,84
257,64
2010 2011
250,00
200,00 174,08
159,74
150,00
97,90 107,76
86,93 83,76 87,15
75,98
100,00
50,00
0,00
Safra de Grãos Outros Agricultura Pecuária Agropecuária
Produtos
Agrícolas
4. Valor Bruto da Produção Agropecuária Brasileira - 2010 e 2011
Preços Médios Reais (a)
Produção (base março 2010, pelo IGP- VBP
Produtos DI)
Unidade 2010 2011 Unidade 2010 2011 2010 2011 ∆%
Agrícolas 159.739,8 174.079,0 8,98%
Algodão em caroço (1) mil t kg 3.029,3 4.953,5 63,52%
3.037 5.250 1,00 0,94
Amendoim (1) mil t kg 269,5 286,1 6,16%
226 224 1,19 1,28
Arroz (1) mil t kg 7.243,3 7.213,3 -0,41%
11.661 13.812 0,62 0,52
milhões de
Banana (2) cachos de 10 dúzia 6.540,3 6.297,8 -3,71%
dúzias 726 727 0,90 0,87
Batata inglesa (2) mil t kg 3.745,1 2.731,0 -27,08%
3.595 3.928 1,04 0,70
Cacau (em amêndoas) (2) mil t 15 kg 1.306,1 1.234,0 -5,52%
231 243 84,63 76,14
mil sacas de
Café Beneficiado (1) 60kg 60 kg 14.448,6 18.162,3 25,70%
48.090 43.543 300,45 417,11
Cana-de-açúcar (2) mil t t 30.277,8 27.054,4 -10,65%
722.496 671.818 41,91 40,27
Cebola (2) mil t kg 1.947,1 684,4 -64,85%
1.539 1.431 1,27 0,48
Feijão (1) mil t kg 5.685,6 5.954,9 4,74%
3.323 3.796 1,71 1,57
Fumo (2) mil t kg 4.343,9 4.355,6 0,27%
781 928 5,56 4,70
milhões de
Laranja (6) caixas cx 6.347,0 6.989,8 10,13%
468,5 457,8 13,55 15,27
Mamona (1) mil t kg 89,2 113,5 27,30%
101 137 0,89 0,83
Mandioca (2) mil t t 5.481,4 5.989,4 9,27%
24.303 26.131 225,55 229,20
Milho (1) mil t kg 16.371,0 21.077,1 28,75%
56.018 56.733 0,29 0,37
Sisal (2) mil t kg 189,7 198,6 4,65%
236 267 0,80 0,74
Soja (1) mil t kg 42.771,2 50.221,9 17,42%
68.688 74.990 0,62 0,67
Tomate (2) mil t kg 4.755,9 4.147,8 -12,79%
3.711 3.667 1,28 1,13
Trigo (1) mil t kg 2.081,5 2.282,5 9,66%
5.026 5.882 0,41 0,39
Uva (2) mil t kg 2.816,3 4.131,1 46,69%
1.296 1.413 2,17 2,92
Pecuários 97.899,6 107.762,8 10,07%
Carne bovina, eq.c (3) mil t 15 kg 43.170,5 50.751,5 17,56%
8.730 9.000 74,18 84,59
Frango (4) mil t 20.903,2 21.338,7 2,08%
11.127 11.420 1,88 1,87
milhões de
Leite (3) litros
litro 21.915,6 22.581,7 3,04%
30.567 31.484 0,72 0,72
mil cx de 30
Ovos (4) dúzias dúzia 3.549,3 3.513,0 -1,02%
61.617 61.617 1,73 1,71
Suínos (5) mil t 15 kg 8.361,1 9.577,9 14,55%
3.250 3.600 38,59 39,91
Total 257.639,42 281.841,75 9,39%
Elaboração: SUT/CNA
Fontes/observações:
(1) CONAB; (2) IBGE;(3) CNA; (4) UBA; (5) ABIPECS e ABCS; (6) IEA-ESALQ/CEPEA-IBGE.
(a) FGV: preços reais pelos IGP-DI, média de janeiro a dezembro para 2010, a preços de jan/2010; café (média USP/ESALQ).
laranja: (Produção: IEA(SP) e IBGE(demais estados) Preços: ESALQ/CEPEA-mercado, FGV e IEA).