[1] O documento discute sistemas de escrita e métodos de alfabetização tradicionais. [2] É descrito os sistemas pictográficos/ideográficos e fonográficos de escrita, assim como métodos sintéticos e analíticos de alfabetização. [3] Também são apresentados os níveis de desenvolvimento da escrita: pré-silábico, silábico e alfabético.
1. Projeto ALFATEC:
Formação Continuada de Docentes Alfabetizadores Mediada pelas
Tecnologias da informação e da Informação
Curso UPCA:
Uso Pedagógico do Computador na Alfabetização
2. Texto elaborado por Angela Freire Página 2
Sistemas de Escrita
SISTEMAS DE ESCRITA PICTOGRÁFICOS / IDEOGRÁFICOS
ESCRITAS PICTOGRÁFICAS são escritas que significam as IDÉIAS por meio
de cenas figuradas ou simbólicas; ou seja, através do "EPICTOGRAMA":
desenho figurativo e estilizado (uma figura para cada objeto) que
funciona como um signo (símbolo) da escrita, não transcrevendo nem
tendo relação explícita com a língua oral, e por isso mesmo, considerado
um sistema incompleto.
ESCRITAS IDEOGRÁFICAS são aquelas nas quais os GRAFEMAS são os
IDEOGRAMAS representando conceitos ou idéias, mais que uma palavra
específica.
Escreve-se a partir dos SIGNIFICADOS, das IDÉIAS.
IDEIAS
SONS
Com apenas um sinal gráfico representa-se uma palavra inteira
que nos dá uma idéia completa
Estes tipos de escrita não são capazes de expressar todo o conteúdo
comunicativo de uma língua. Não há uma única maneira de lê-las,
porque não há correspondência de um para um entre símbolo e língua.
Em alguns casos de escritas ideográficas, apenas o autor do texto pode
dizer com alguma certeza, e pode-se dizer que elas são interpretadas,
mais do que lidas.
3. Texto elaborado por Angela Freire Página 3
SISTEMAS DE ESCRITA FONOGRÁFICA
São aqueles que representam a linguagem, partindo dos seus sons.
Representam os sons da fala, a série de sons que emitimos quando
falamos.
Escreve-se a partir dos SONS das palavras.
IDÉIAS
SONS
Tipos de ESCRITA FONOGRÁFICA:
1. ESCRITA SILÁBICA: escreve-se um símbolo para cada sílaba. Representa
silabicamente a pauta sonora.
BO @ CA # DE & MA % LO $
BOLO = @$ BOCA = @# CAMA = #% MACA = %#
Exemplo: escrita egípcia, escrita etíope.
2. ESCRITA CONSONANTAL: representa as palavras através da escrita de
sons consonantais.
B @ C # D & M % L $
BOLO = @$ BOCA = @# CAMA = #% MACA = %#
Exemplo: línguas semíticas.
4. Texto elaborado por Angela Freire Página 4
3. ESCRITA FONÉTICA / ALFABÉTICA: representa os sons da fala,
exatamente conforme elas foram presenciadas.
BALDE – baudi, baude, baldi, bardi, baudji....
Exemplo: o português.
4. ESCRITA ALFABÉTICA ORTOGRÁFICA: não representa os sons da fala,
anula a variação linguística, pois as palavras de uma língua são escritas de
uma única forma, independentemente de quantas pronúncias diferentes
possam estar ligadas a ela. A escolha de qual seja a forma ortográfica de
cada palavra é, em geral, ortográfica.
Exemplo: BALDE – balde
Pictograma Placa de Barro com escrita Escrita hieroglífica em pergaminho
Peixe cuneiforme dos sumérios (Egito Antigo)
5. Texto elaborado por Angela Freire Página 5
Concepções de Alfabetização:
Os Métodos
Os MÉTODOS TRADICIONAIS DE ALFABETIZAÇÃO são um conjunto de princípios teórico-
procedimentais que organizam o trabalho pedagógico em torno da alfabetização,
centrado na transmissão de conhecimentos, numa sequência predeterminada e fixa que
enfatiza a memorização e a repetição de fonemas, letras, sílabas, palavras e frases,
tomando a língua como um código a ser decifrado.
Até os anos 80, aparecem três métodos diferentes de alfabetização para orientar os
professores, são eles:
O primeiro, os chamados MÉTODOS SINTÉTICOS, partem da síntese, das partes
para o todo, do simples para o complexo, das unidades menores (fonemas, letras,
sílabas) para unidades maiores (palavras, frases, texto), baseando no processo de
composição.
O segundo, denominados MÉTODOS ANALÍTICOS, partem da análise, do todo para
as partes, do complexo para o simples, das unidades maiores (palavras, frases,
texto) para as unidades menores (fonemas, letras, sílabas) privilegiando o
processo de decomposição.
O terceiro, nominado de MÉTODO MISTO, que privilegiaria os processos de síntese
e análise.
6. Texto elaborado por Angela Freire Página 6
Pressupostos dos MÉTODOS SINTÉTICOS e ANALÍTICOS:
Base Teórica: empirismo-associacionista de aprendizagem, calcados no modelo de
“estímulo-resposta”.
Foco: como ensinar.
Modelo de Ensino: apoiam-se na fixação como processo cognitivo. Visão
adultocêntrica sobre o que é fácil / difícil na hora de sequenciar unidades.
Estudantes: considerados “tabulas rasas”, “folha em branco” ou “CD/DVD vazio”,
que ao entrar para escola, não conhecem nada e não têm experiência sobre a
língua, aprendem passivamente recebendo, memorizando, repetindo e associando
informações sobre fonemas, letras, silabas, palavras e frases dadas pelo professor
ou pelo livro didático (cartilhas).
Professor: aquele que tudo sabe e que detém o conhecimento sobre a língua.
Concepção de Aprendizagem: por memorização, fixação.
Concepção de Alfabetização: sistematização do “B + A = BA”, isto é, aquisição de
um código fundado meramente na relação entre fonemas e grafemas.
Concepção da Língua: um código a ser decifrado e codificado.
Prática Alfabetizadora: predomínio da memorização da grafia correta de
palavras, cópias e ditados descontextualizados, leitura descontextualizada,
desprovida de significado para os estudantes, uma vez que a linguagem é
geralmente trabalhada distanciada do seu uso real e de sua função principal, a
interação entre as pessoas (função comunicativa real).
7. Texto elaborado por Angela Freire Página 7
Ênfase: nos aspectos gráficos e psicomotores como requisitos para prontidão da
alfabetização, isto é, bom traçado, boa coordenação motora e boa discriminação
visual e auditiva.
Os MÉTODOS SINTÉTICOS subdividem-se em:
MÉTODO ALFABÉTICO OU DE SOLETRAÇÃO:
- Foi o primeiro método empregado universalmente na aprendizagem da
leitura, é utilizado desde o ano 68 a.C, em Roma e na Grécia antiga.
- Ponto de partida: as LETRAS.
MÉTODO FÔNICO:
- Introduzido por Valentin Ickelsammer no século XVI.
- Ponto de partida: os FONEMAS.
- Lógica: primeiro deve conhecer os fonemas e, em seguida, combiná-los
formando sílabas, palavras e frases.
- O Método da Abelhinha, Casinha Feliz e Consciência Fonológica.
MÉTODO SILÁBICO:
- Introduzido por Samuel de Heinicke no século XVIII.
- Ponto de partida: a sílaba.
- Lógica: as sílabas constituem as palavras, estas em frases, até chegar em
pequenos textos.
8. Texto elaborado por Angela Freire Página 8
Os MÉTODOS ANALÍTICOS subdividem-se em:
PALAVRAÇÃO
- Ponto de partida: é a palavra.
- Lógica: inicia-se com a palavra-chave e chega-se às sílabas, fonemas e
letras que a constituem.
Em seguida, apresenta-se ao alfabetizando uma lista de palavra na qual
ele terá que reconhecer a palavra-chave; depois, uma outra palavra-
chave, que será comparada à primeira.
IDEOVISUAL, IDEOGRÁFICO OU DE PALAVRAS-TIPO
- Criado por Decroly, em 1936.
- Lógica: parte de uma motivação (desenho, história, verso, etc.) e
apresenta a palavra ligada ao desenho. Este processo evoluiu para a
palavração e palavras progressivas.
SENTENCIAÇÃO
- Liderado por Randovilliers, em 1768.
- Ponto de partida: é a frase.
- Lógica: parte da frase ou sentença para chegar as palavras, fonemas e
sílabas.
CONTO OU HISTORIETA
- Criado pela Educadora Margarida Mc Closkey no século XX.
- É uma decorrência natural do método da sentenciação.
- Ponto de partida: é a história.
- Lógica: as sentenças são as partes de um todo maior, mais interessante
e significativo.
9. Texto elaborado por Angela Freire Página 9
Concepção de Alfabetização:
Psicogênese da Lingua Escrita
Níveis de Escrita
Linha de Evolução da Escrita
1. Distinção entre o modo de representação icônico e não icônico.
2. Construção da forma de diferenciação: controle progressivo das
variações sobre os eixos qualitativo e quantitativo.
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3. Fonetização da escrita: inicia no silábico e culmina no alfabético.
Pré-silábico Silábico Silábico-alfabético Alfabético
_____|____|____|____|____|_____|_____________|______________
P1 P2 | S1 S2 | |
Período sem Período de Fonetização da Escrita
Fonetização
Pré-silábica, sem variações quantitativas ou qualitativas dentro da
palavra e entre as palavras. O aluno diferencia desenhos (que não podem
ser lidos) de “escritos” (que podem ser lidos), mesmo que sejam
11. Texto elaborado por Angela Freire Página 11
compostos por grafismos, símbolos ou letras. A leitura que realiza do
escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro
escrito.
Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação
de caracteres dentro da palavra, mas não entre as palavras. A leitura do
12. Texto elaborado por Angela Freire Página 12
escrito é sempre global, com o dedo deslizando por todo o registro
escrito.
Pré-silábica com exigência mínima de letras ou símbolos, com variação
de caracteres dentro da palavra e entre as palavras (variação qualitativa
intrafigural e interfigural). Neste nível, o aluno considera que coisas
diferentes devem ser escritas de forma diferente. A leitura do escrito
continua global, com o dedo deslizando por todo o registro escrito.
Nível Pré-Silábico
CARACTERÍSTICAS
• Não estabelece vínculo entre a fala e a escrita.
• Representa coisas e usa desenhos, garatujas para escrever;
• Supõe que a escrita representa o nome dos objetos e não os objetos; coisas grandes
(nomes grandes), coisa pequenas (nomes pequenos);
• Usa letras do próprio nome ou letras e números na mesma palavra;
• Só ela sabe o que quis escrever.
13. Texto elaborado por Angela Freire Página 13
DESAFIO:
Qual é o significado dos sinais escritos?
ATIVIDADES:
• Criação de um ambiente rico de materiais e de atos de leitura e escrita.
Revistas, jornais, cartazes, livros, jogos, rótulos, embalagens, textos do professor, dos
alunos, músicas, parlendas, poesias (tudo com significado e sentido – do contexto do
aluno).
• O aluno toma contato com todas as letras, com todo tipo de texto e com qualquer
palavra, desde que seja significativa para ele.
O nome é o que tem muito significado, destaque a letra inicial, com fichas, crachás e
alfabeto móvel.
• Iniciar o trabalho com o nome da criança.
Jogos – bingo de letras/memória de letras/dominó/baralho de nomes/ pescaria de
nomes ou letras/formar nomes ou a letra inicial com alfabeto móvel Manipulação intensa
com o alfabeto móvel.
• Trabalhar a memorização global de algumas palavras, incluindo os nomes dos alunos.
Caixa com palavras e nomes.
• Promover atividades que visem fazer a vinculação do objeto ou figura com a palavra
escrita.
Fichas com os desenhos e fichas com os nomes das figuras/ memória.
• Propor aos alunos análises não silábicas de palavras: letras iniciais e finais, número de
letras, ordem das letras na palavra.
Classificação de palavras ou nomes que se parecem, as que começam com a mesma
letra, as que possuem o mesmo número de letras, letra final, palavras grandes e
pequenas.
• Propor análise da forma e posição das letras e dos numerais.
• Introduzir aspectos sonoros das iniciais das palavras significativas.
Leitura de poesias, quadrinhas, parlendas, músicas.
• Propiciar aos alunos vivenciar situações que os levem a compreensão das diversas
funções da escrita.
O sentido dos gêneros discursivos...
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• Propor atividades que possibilitem aos alunos fazer a distinção entre letras e números,
texto e desenho.
• Promover vinculação do discurso oral com o texto escrito.
Notícias, propagandas, cartas, histórias e bilhetes.
• Fazer distinção entre imagem e texto.
Placas de sinalização, histórias, cartazes.
• Atividades de manifestação oral e escrita.
Brincadeiras de rimas, adivinhações, telefone sem fio, jornal falado.
• Estimular a escrita espontânea segundo as suas hipóteses da escrita.
Autoditado...
15. Texto elaborado por Angela Freire Página 15
Silábica sem valor sonoro convencional. Cada letra ou símbolo
corresponde a uma sílaba falada, mas o que se escreve ainda não tem
correspondência com o som convencional daquela sílaba. A leitura é
silabada.
Silábica com valor sonoro convencional. Cada letra corresponde a uma
sílaba falada e o que se escreve tem correspondência com o som
convencional daquela sílaba, em geral representada pela vogal, mas não
exclusivamente. A leitura é silabada.
Nível Silábico
SILÁBICO SEM VALOR SONORO
CARACTERÍSTICAS
• Começa a ter consciência de que existe alguma relação entre a pronúncia e a escrita.
16. Texto elaborado por Angela Freire Página 16
• Só demonstra estabilidade ao escrever seu nome ou palavras que teve oportunidade e
interesse de gravar.
• Conserva as hipóteses da quantidade mínima e da variedade de caracteres.
• O aluno tenta corresponder um fonema para cada grafema (o som da fala a cada letra
escrita), mas a utilização dos símbolos gráficos é aleatória e nem sempre a
representação dos fonemas corresponde à escrita convencional.
DESAFIO:
Como resolver a hipótese de que a escrita se vincula com a pronúncia das partes da
palavra?
IMPORTANTE...
• Quando se tornam silábicas, as crianças colocam por terra algumas memorizações
globais e passam a associar uma letra para cada sílaba, negando seu prévio
conhecimento global da palavra: começam a vincular a escrita com a pronúncia.
• Percebem que não é possível ler as palavras que escreveu e que também não é
possível ler as escritas convencionais porque possuem excesso de letras.
• É a impossibilidade de ler o que está escrito que força a criança a entrar no nível
posterior.
SILÁBICO COM VALOR SONORO
CARACTERÍSTICAS
• Já supõe que a escrita representa a fala;
• Tenta fonetizar a escrita e dar valor sonoro às letras;
• Pode ter adquirido, ou não, a compreensão do valor sonoro convencional das letras;
• Já supõe que a menor unidade da língua seja a sílaba;
• Supõe que para cada sílaba oral corresponde uma letra ou um sinal;
• Em frases, pode escrever uma letra para cada palavra;
• Compreende que a escrita representa o som da fala;
• Combina só vogais ou só consoantes. Por exemplo, AO para gato ou ML para mola e
mula;
• Passa a fazer uma leitura termo a termo (não global).
17. Texto elaborado por Angela Freire Página 17
DESAFIO:
• Como compatibilizar, na escrita ou na leitura das palavras monossílabas e dissílabas, a
idéia de quantidade mínima e de variedade de caracteres, se ela supõe que as palavras
podem ser escritas com uma ou com duas letras?
• Ao ler as palavras que escreveu, o que fazer com as letras que sobraram no meio das
palavras ou no final?
• Se coisas diferentes devem ser escritas de maneira diferente, como organizar as letras
na palavra?
ATIVIDADES
• Ao identificar os alunos silábicos com valor e sem valor sonoro, agrupe-os em dupla;
• Análise sonora sobre as iniciais dos nomes próprios e palavras significativas;
• Desmembramento oral dos nomes e das palavras em sílabas;
• Pronuncia pausada das palavras para que os alunos identifiquem a quantidade de
sílabas e a análise da questão sonora;
• Classificação das palavras com o mesmo número de sílabas e que iniciam com a mesma
letra;
• Completar palavras, com alfabeto móvel ou com a escrita das letras;
• Gravuras e letras iniciais;
• Gravuras e palavras;
• Dicionário ilustrado;
• Trabalho com rimas, músicas, sons iniciais e sons finais das palavras;
• Ditados;
• Trabalho com letras – Ordenação do alfabeto Jogo de esconder as letras e montar os
grupos para descobrir.
• Alfabeto móvel todos os dias;
• Lista de palavras significativas;
• Número de palavras na frase, número de letras nas palavras.
18. Texto elaborado por Angela Freire Página 18
Silábico-alfabética. Este nível marca a transição do aluno da hipótese
silábica para a hipótese alfabética. Ora ela escreve atribuindo a cada
sílaba uma letra, ora representando as unidades sonoras menores, os
fonemas.
NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO
CARACTERÍSTICAS
• Inicia a superação da hipótese silábica;
• Reconhece o som das letras;
• Estabelece uma vinculação mais coerente entre leitura e escrita;
• A criança se concentra na sílaba para escrever;
• Surge a adequação do escrito ao sonoro;
• As unidades linguísticas (palavras, letras, sílabas) são tratadas como categorias
estáveis (antes não tinham nenhuma relação entre si)
19. Texto elaborado por Angela Freire Página 19
• Presença da oralidade (escreve do jeito que fala, com isso surgem os problemas
relativos à ortografia);
• Leitura sem imagem e com imagem;
• Compreende que cada um dos caracteres da escrita (letras) corresponde a valores
sonoros menores que a sílaba.
DESAFIO:
• Como separar palavras ao escrever, quando elas não são separadas na fala?
• Como tornar a escrita socializável, possível de ser lida por outras pessoas?
ATIVIDADES
• É de muita importância trabalhar simultaneamente as letras, sílabas, palavras e
textos;
• Constituição de palavras com sílabas e alfabeto móvel;
• Adivinhações de palavras por meio de pistas dadas pelo professor;
• Carta enigma;
• Distinção de uma só sílaba na palavra;
• Produção de textos por intermédio de situações promovidas no cotidiano escolar;
• Reescrita dos textos;
• Leituras globais e parciais de palavras e textos;
• Reconhecimento de sílabas, palavras e frases nos textos;
• Separar frases em palavras;
• Montar frases com fichas de palavras;
• Produzir histórias em quadrinhos.
20. Texto elaborado por Angela Freire Página 20
Alfabética. Neste estágio, o aluno já compreendeu o sistema de escrita,
entendendo que cada um dos caracteres da palavra corresponde a um
valor sonoro menor do que a sílaba. Agora, falta-lhe dominar as
convenções ortográficas.
Nível Alfabético
CARACTERÍSTICAS:
• Compreende que a escrita tem uma função social: a comunicação;
• Compreende o modo de construção do código da escrita.
• Compreende que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores menores
que a sílaba;
• Conhece o valor sonoro de todas as letras ou de quase todas;
• Pode ainda não separar todas as palavras nas frases;
• Omite letras quando mistura as hipóteses alfabética e silábica;
• Não tem problemas de escrita no que se refere a conceito;
• Não é ortográfica nem léxica.
DESAFIO:
• Como aprender as convenções da língua?
ATIVIDADES
21. Texto elaborado por Angela Freire Página 21
• Produção de textos coletivos e individuais;
• Reescrita de contos, histórias e situações vivenciadas;
• Registro diário dos acontecimentos, seja num diário ou num caderno de bordo
(estimular ao máximo a criança a escrever todos os dias, mas com motivos para isso);
• Caderno de produções de textos ou montar um livro, propiciar dia de autógrafos, capa,
ilustração etc.
• Leitura e narração de histórias pelo professor e registro por parte do aluno do
momento mais significativo;
• Ler diferentes tipos de textos e propiciar aos alunos momentos de produzir diferentes
tipos de textos com funcionalidade;
• Instigar a autoria dos alunos e sua autonomia na leitura e na escrita.
IMPORTANTE
• Dificilmente todos os alunos de uma classe estarão num mesmo nível conceitual,
portanto é de extrema importância que o professor de posse do diagnóstico dos níveis de
escrita dos alunos, possa planejar as atividades sempre de acordo com sua capacidade e
com o propósito de desafiá-los.
• Uma mesma atividade pode ser trabalhada oferecendo diferentes níveis de
dificuldade, atendendo as necessidades especificas de cada aluno para avançar no
conhecimento.
ALGUMAS DIFICULDADES QUE O ALUNO ENCONTRA
QUANDO CHEGA NO NÍVEL ALFABÉTICO
• Transcrição fonética: tumati – kavalu = tomate – cavalo
• Segmentação indevida: utumati = o tomate, com seguiu = conseguiu.
• Juntura vocabular – uka valu = o cavalo, agente = a gente.
• Troca do ao pelo am, i por u (e vice versa): paum = pão.
• Ausência de nasalização: troca de m por n ou til (vice e versa): comseguiu – cõsegiu
• Supressão ou acréscimo de letras.
• Troca de letras / origem das palavras (etimologia): zino = sino, geito = jeito.
22. Texto elaborado por Angela Freire Página 22
• Escrita não segmentada: UKAVALUPIZO"UTUMATI = o cavalo pisou no tomate.
• Não registra silabas de estruturas complexas: os dígrafos, o padrão CCV.
• Frases descontextualizadas e textos sem seqüência lógica.
• Escrita espelhada: d por b, p por q.
• Hipercorreção: coloo – colou, medeco – médico.
NÍVEIS DE ESCRITA - AGRUPAMENTOS PRODUTIVOS
APRENDER JUNTOS: AGRUPAMENTOS PRODUTIVOS
• Pré-silábico COM silábico sem valor sonoro
• Silábico sem valor sonoro COM silábico com valor sonoro
• Silábico com valor sonoro COM silábico alfabético
• Silábico alfabético COM alfabético
SITUAÇÕES DIDÁTICAS ENVOLVENDO OS NÍVEIS DE
ESCRITA
TRABALHO COM LETRAS
• Letras do alfabeto: Jogos de alfabeto de materiais e tamanhos diferentes. Letras
móveis para o/a aluno/a montar espontaneamente palavras. Bingo e memória de
letras. Atividades de escrita com letras.
• Nomeação e identificação: Criar tiras com o alfabeto e figuras para serem materiais
de consulta.
• Analise das formas posições das letras: Atividades de escrita para o/a aluno/a
analisar, por exemplo, quantas pontas têm o H, quantas retas e utiliza no traçado do
A, M, E, , quantas curvas temas letras C, P, etc.
• Valor sonoro – relação letra/som: jogos de memória com figura e letra inicial. Bingo
de figuras. Alfabeto vivo.
23. Texto elaborado por Angela Freire Página 23
TRABALHO COM PALAVRAS
• Nome próprio: Crachá com nome e foto ou desenho (autorretrato feito pelo/a
alfabetizando/a).
• Montar o nome com letras móveis. Bingo de nomes, de fotos e/ou autorretrato.
Dominó de nomes (letra inicial / nome). Painel de chamada com cartões de nomes.
• Análise da linguística da palavra: Letra inicial e final, número de letras, letras
repetidas, vogal, consoante. Atividades de escrita com palavras.
• Memorização de palavras significativas: Atividades de escrita. Listas de palavras.
• Conservação da escrita de palavras: Atividades de escrita: complete, forca, enigma,
“stop”, cruzadinha. Listas de palavras.
TRABALHO COM FRASES E TEXTOS
• Sentido e direção da escrita: Produção coletiva de listas, receitas, bilhetes, recados,
etc. (sendo o professor o escriba). Ler para o aluno (apontando sempre onde está
lendo).
• Vinculação do discurso oral com texto escrito: Leitura de história e reescrita
espontânea individual ou produção coletiva. Escrita de história vivida pelos alunos.
• Junção de letras na formação das silabas: Listas de palavras. Atividades de escrita:
complete, forca, enigma, “stop”, cruzadinha.