Este soneto descreve o "Maior Amor", um amor louco, delirante e desassombrado que não busca a alegria ou satisfação da pessoa amada, mas sim a inquietação e sofrimento gerados pela "eterna aventura". Esse amor prefere ferir a amada a ver o sentimento morrer, e vive de acordo com suas próprias regras, abarcando "tudo" e "a si mesmo", sendo muito maior do que apenas um relacionamento.
Análise - Soneto do maior amor, Vinicius de Moraes
1. SONETO DO MAIOR AMOR
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo
Oxford, 1938
2. SONETO DO MAIOR AMOR
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo
Através destas antíteses, deste paradoxo de
sentimentos, nota-se que, diferente ao que
comumente se lê, vê, ouve sobre o amor
3. SONETO DO MAIOR AMOR
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo
Não procura a alegria da coisa amada, deseja, sim, a
“eterna aventura” que gera a inquietação, o
sofrimento dela; tanto que “vibra” ao feri-la; e prefere
“ferir a fenecer”
4. SONETO DO MAIOR AMOR
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer – e vive a esmo
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo
trata-se do “Maior Amor”. Este que vive “fiel à sua lei de cada instante/
desassombrado, doido, delirante”, sem regras cristalizadas de amor,
prossegue em aventura não se importando com o que pode acontecer.
Afinal, sua paixão abarca “tudo” e “si mesmo”, por isto, grande demais
para ficar preso a apenas uma pessoa.
5. O “Maior Amor” do poeta, portanto, não é aquele que se
satisfaz ao fim da conquista da amada. Há toque paixão,
de conquista, de constante aventura por parte desse
amor. Ao ritmo do soneto, Vinicius demonstra que há um
além da concepção do amor, que talvez, este seja até
maior que ao que vê a paz na amada. Maior porque
nunca “fenece”, sempre está vibrando, altivo,
obedecendo apenas a sua lei, aquela nascente dos
instantes.