O documento discute critérios para avaliação de obras de terra, incluindo a necessidade de conhecer as propriedades do solo e sua capacidade de carga. Também aborda riscos comuns em obras de terra como deslizamentos e desabamentos, e como o conhecimento prévio do solo pode evitar prejuízos.
2. Critérios para a avaliação
de obras de terra..
.
Antonio Fernando
Navarro
·Engenheiro Civil
·Engenheiro de Segurança do Trabalho
·Gerente de Riscos do Banco Nacional
·Professor da Funenseg
ljI niciamos com esta monografia
~ uma série de artigos destina-
dos aos técnicos do mercado segura-
dor, versando sobre assuntos ligados
à engenharia nem sempre disponíveis
àqueles que trabalham com taxação
de riscos, inspeções ou mesmo geren-
ciamento de riscos.
Um destes temas é o da avaliacão
de obras de terra. .
São comuns em nosso País os co-
Parte I
lapsos de obras de terra, acompanha-
dos de grandes prejuízos diretos e in-
diretos. Os prejuízos diretos são aque-
les que envolvem a reparação do sinis-
tro e os indiretos, os decorrentes de
atrasos e modificações nos projetos.
O mercado segurador brasileiroes-
tá sempre participando, direta ou indi-
retamente, desses prejuízos, seja de-
vido a cobertura da obra ou então das
propriedades circunvizinhas.
Eimportante o conhecimento pré-
vio do assunto por aqueles que parti-
cipam da assunção dos riscos, de for-
ma que a contratação do seguro não
seja a contratação de um risco iminen-
te, ou mesmo o financiamento para a
reposição de uma perda, a um custo
financeiro baixo (o mercado aplica 110-
je um juro de 12% ao ano, no financia-
mento de um pagamento de seguros,
no máximo).
Algumas das modalidades, ou ra-
mos de seguros onde se aplica de ime-
diato o conhecimento de obras de ter-
ra, são as seguintes:
. incêndio (por permitir a cobertu-
ra de desmoronamento ou desaba-
mento em conseqüência de um dos
eventos cobertos);
. riscos diversos (modalidade de
desmoronamento e outras);
. responsabilidade civilgeral;
· riscos de engenharia;
· garantia de obrigações contra-
tuais.
CADERNOS D~ SEGURO 7
3. Introdução
T alar s?bre obras d~ terra p~ra
~ um leigo, ou um nao especia-
lista, nem sempre é fácil, ainda mais se
considerarmos que o assunto não tem
a divulgação que merecia ter.
Solo, ou terra como é vulgarmen-
te conhecida, é um conjunto de partí-
culas sólidas, líquidas e gasosas que
ocupam um volume determinado na
crosta terrestre.
Existe outra definição mais simplis-
ta que diz: "Agrupamento natural de
partículas minerais, que podem ser se-
paradas por meios físicos, tais como
dissolução em água."
O solo possui uma série de denomi-
nações, que variam em função da for-
ma, origem, constítuíntes etc. Desta
forma, pode-se ter:
a) Solo aluvionar
Solo constituído pela deposição
gravimétrica das partículas carreadas
em suspensão em um meio fluido. En-
tende-se também como o solo forma-
do pela deposição lenta de partículas
minerais e orgânicas trazidas pelas
águas de chuva, rio ou mar.
b) Solo coluvionar
Solo formado pela deposição das
partículas transportadas de um local
8 FUNMG
Conhecer o solo e o projeto de assentamento pode evitar contratempos
para outro, através da ação da gravida-
de.
c) Solo eólico
Formado pela deposição das partí-
culas minerais e orgânicas transporta-
das pelos ventos.
d) Solo orgânico
Formado por produtos de alteração
de rochas misturadas com materiais
orgânicos decompostos.
e) Solo residual
Solo proveniente da ação de intem-
perísmos físicos ou químicos, agindo
sobre rochas, provocando a desagre-
gação das mesmas e a constituição do
solo no próprio local da desintegração.
f) Turfa
Solo com grandepercentagemde
partículasfibrosasde materialcarbo-
4. noso, ao lado de matéria orgânica no
estado coloidal, com coloração mar-
rom escuro e preto.
É um material mole, porém não
plástico e combustível, sendo utiliza-
do como combustível em aquecimen-
to de casas no inverno.
Necessidade
do conhecimento
das propriedades
do solo
.
rrjil odas as obras de engenharia ci-
~ vil exigem um conhecimento
prévio das características do solo, se-
japara verificar-seo efeito da transmis-
são de cargas pelas fundações, a es-
tabilidade de taludes naturais ou mes-
mo a utilização do solo como
estrutura.
Apenas para exemplificar citamos
alguns tipos de obras em que o conhe-
cimento das propriedades do solo é
primordial:
a) Barragens
São estruturas destinadas a conter
e armazenar grandes volumes de
águas, aproveitadas para a irrigação,
geração de eletricidade, cultura de pei-
xes e camarões, aumento da umidade
natural da região, regularização do flu-
xo ou caudal de rios e canais.
Essas estruturas podem ter várias
formas e constituição, observados fa-
tores econômicos, geográficos, técni-
cos, sociais, militares etc.
Como as cargas transmitidas ao so-
lo são imensas, têm-se situacões de
grande responsabilidade e riscó. Onão
conhecimento do solo e do projeto de
assentamento poderá acarretar uma
série de contratempos, tais como: es-
vaziamento dágua através da percola-
ção pelas fendas e diáclases; ruptura
da crista, base ou ombreiras; localiza-
ção da barragem sobre falhas ou des-
continuidades geológicas responsá-
veis por acomodações bruscas do ter-
reno precedidas por leves tremores de
terra, sentidos a quilômetros de dis-
tância
As barragens de terra são as mais
problemáticas, em termos de análise.
Os problemas que podem ocorrer são:
· falta de estabilidade, provocada
por recalques excessivos com ruptu-
ra de obras de arte, a ruptura de talu-
des ou a ruptura por cisalhamento na
base;
·falta de estabilidade do solo de
fundação, provocada por recalques
excessivos com ruptura de obras de ar-
te ou a ruptura por escoamento do so-
lo de fundação;
· falta de estabilidade devida a per-
colação de água, gerada por erosão in-
terna ou solapamento (piping);
· transbordamento;
· erosão superficial;
b) Canais
São estruturas destinadas ao trans-
porte de água, seja para irrigação,des-
vio de curso dágua ou transporte de
embarcacões.
Os riséos latentes que poderão ad-
vircom o projeto mal elaborado são os
seguintes:
. escorregamento de taludes;
·recalques das bordas;
· percolação da água para proprie-
dades circunvizinhas, causando recal-
ques.
c) Túneis
Estruturas constituídas em rocha
ou solo. Pode-se ter túneis em rochas
consolidadas, onde a preocupação
maior deverá ser com o aparecimento
de cavas na abóboda, juntas e falhas.
Em algumas falhas a rocha é brecha-
grandes massas de rochas das faces
laterais do túnel.
d) Contenção de encostas
Atualmente esse é um trabalho de
engenharia mais conhecido, principal-
mente pelos acidentes ocorridos.
Várias são as formas de conter-se
encostas. As mais conhecidas são os
muros de arrimo.
Os muros de sustentação podem
ser:
· de gravidade;
·em blocos de cantaria ou em con-
creto ciclópico;
· em concreto armado de flexão,
ou em contraforte;
· em fogueira (crib wall);
· em cortina-prancha ou em esta-
cas-pranchas (sheet piles);
· em cortinas atirantadas.
Os desenhos a seguir ilustram al-
guns dos tipos comentados.
Os acidentes mais comuns envol-
vem a contencão de encostas ao lon-
go de rodovias, ferrovias ou grandes
construções.
.,..
Em túneis profundos podem ocorrer desprendimentos por pressão
da a ponto de formar um agregado sol-
to e poroso, cheio de água. Otúnel po-
de ser escavado em rochas alteradas
e solos expansivos e em rochas não
consolidadas.
.Emtúneis profundos podem ocor-
rer desprendimentos por pressão, de
lajes de rochas aparentemente sãs.
Outro fenômeno de alívio de pressão
é o de tremores de terra repentinos e
relativamente violentos, provocados
por perturbação dos extratos rocho-
sos profundos, de natureza local, evi-
denciados por súbita elevação do pi-
so do túnel, e em alguns casos do te-
to, e o repentino desprendimento de
.
'4 .· A .. .
Contenção por muro de gravidade
CADERNOS DE SEGURO 9
5. Contenção por muro de contraflexão
e) Cortes e aterros muito altos
Umoutroponto críticoparao estu-
do de solos são os. cortes e aterros
muito altos. A engenharia brasileira
definiu como altura critica para cortes
e aterros o patamar de 20 metros. As
estruturas abaixo de 20 metros, ape-
sar de não receberem esta classifica-
ção, são também perigosas para o se-
guro, porque também podem ocasio-
nar acidentes de grande envergadura.
Os pontos para os quais o engenheiro
de riscos deve preocupar-se mais são
os seguintes:
·altitude dos estratos e das estru-
turas das rochas;
· fraturamento para conhecer o
comportamento estrutural do maciço;
· grau de alteração das rochas;
· posição do lençol freático;
·condições climáticas da região;
· ocorrências de sinistros anterio-
res em obras semelhantes, nas proxi-
midades.
Contenção por gabiões
Capacidade
de carga
dos solos
rp1ara que se possa erigir estrutu-~ ras sobre um solo é necessário
conhecer a capacidade de suporte do
mesmo, bem como outras
características.
Quando uma carga proveniente de
uma fundacão é transmitida ao solo há
uma naturál deformação, conhecida
como recalque.
Assemelhando-se à lei de Hooke,
existe uma carga tal que rompe o equi-
líbriodo sistema, provocando a ruptu-
rado solo. Quando isso ocorre a estru-
tura desaba.
Bermas com gramíneas
Acapacidade de suporte ou de sus-
tentacão do solo é determinada atra-
vés dé ensaios físico-químicos em la-
boratórios e ensaios físicos realizados
"in situ". Dentre os váriosensaios exe-
cutados têm-se:
· ensaio de percolação;
. ensaio de cisalhamento;
· ensaio de compactação;
· prova de carga;
. ensaio de penetração estática;
·ensaio de compressão triaxial;
. ensaio de consolidação;
·ensaio de corte;
. ensaio de peneiramento.
Os processos para investigação do
solo são custosos e de aplicação len-
ta. Em áreas muito grandes, onde a
pesquisa poderia ser longa, além de
reduzir-se os pontos de prospecção,
lança-se mão de dados comparativos
obtidos na mesma região, bem como
de resultados de acompanhamento de
obras similares próximas. Porém, es-
Cortina atirantada Estaca-prancha Contenção por crib wall
6. sa situação não é muito adequada,
porque o solo não é uma estrutura per-
feitamente homogênea e isótropa.
A capacidade do solo é medida
através do resultado da relação entre
o peso que a obra pronta iráexercer so-
bre a superfície de contato com o ter-
reno. Acarga máxima suportada pelo
terreno é o limite além do qual a rela-
ção entre os recalques observados e o
aumento da carga cresce abrupta-
mente.
G. Baud em seu livro LeBatiment
traçou um paralelismo entre a nature-
za do terreno natural e sua capacida-
de de suporte. Alguns dos itens por ele
observados foram:
Natureza do terreno Solicitação
admissivel (kg/cm21
Limo ou turfa
Terra vegetal. aterros
Areia muito fina
Areia seca e cascalho
Rochas moles, pouco fendidas
Rochas duras, em capas
regulares
0,00
0,50
0,00 a 2,00
3,00 a 5,00
7.00 a 10,00
10.00 a 20,00
Emse tratando de fundacões sobre
areia muito fina deve-se próvidenciar
contenção lateral, para evitar fuga de
material.
Nocaso de areiaseca e cascalho re-
duzir os valoresencontrados a 1/3, ca-
so exista risco de infiltração de água.
Para rochas mole reduziros valores
encontrados à metade para as rochas
fendidas.
.., "
.3
R2
C1 C2 C3 C8rp
12 FI [E(;
o conhecimento
do solo
I
O I exame sistemático de uma re-gião para a obtenção de dados
geológicos tem ampla é!plicação na
área da engenharia civil.Efundamen-
tal para a definição do tipo de funda-
ção a ser empregado, a capacidade de
suporte do solo, custos para a movi-
mentacão de terra etc.
Antes de passarmos para o aspec-
to do conhecimento do sold necessá-
rio se faz entendermos um pouco de
alguns dos termos técnicos mais di-
fundidos. A Associacão Brasileirade
Geologia de Engenharia (ABGE)pos-
sui uma série de glossários, facilmen-
te acessíveis a todos. Do glossário de
mecânica dos solos verificamos al-
guns dos conceitos apresentados a se-
guir:
·Adensamento
Diz-se da redução gradual do volu-
me de uma massa de solo, provocada
pelo seu próprio peso, acrescido de
cargas nele atuantes. Essa redução é
provocada pela expulsão de água e ar
dos volumes de vazios.
·Adesão
Resistência ao cisalhamento entre
um solo e outro material qualquer, não
subm.etido a cargas externas.
·Agua adsorvida
Água existente na superfície dos
grãos de solo, mantidéipelos esforços
de atracão molecular.
·Análise granulométrica
Processo físicode determinacão da
distribuição granulométrica dó solo
através da separação de frações de
grãos de mesma dimensão.
~ Ângulo de atrito interno
Angulo correspondente à inclina-
ção da tangente à curva de Mohr, a
qual estabelece a relação entre resis-
tência ao cisalhamento e tensão nor-
mal.
·Ângulo de talude natural
Ângulo entre o talude externo de
um monte de solo granular e a linha
horizontal, obtido deixando-se o solo
cair, aos poucos, em estado seco e
granular, de uma dada altura.
·Capacidade de carga de um so-
lo
Carga limite aplicada em uma área
limitada que provoca a ruptura do so-
lo.
·Carga de trabalho
Carga aplicada com segurança so-
bre a superfície de um solo de funda-
ção, provocando recalques compatí-
veis com a superestrutura e dentro dos
limites previamente estabelecidos.
·Coesão de um solo
Parcela da resistência ao cisalha-
mento de um solo, independente da
pressão normal atuante, induzida pe-
laatração química entre partículas e a
cimenta cão das mesmas.
·Consistência
Facilidade relativa com que um so-
loargiloso pode ser deformado, a qual
depende do teor de umidade, granu-
lometria, forma e superfície específi-
ca dos grãos, composição química e
mineralógica.
·Erosão interna
Movimento das partícJlas de um
solo carreadas por percolação de
água, sob condições de gradiente hi-
dráulico crítico, com progressiva aber-
tura de canais no interior da massa de
solo, em sentido contrário ao do fluxo
hidráulico.
·Gradiente hidráulico crítico
Queda do potencial hidráulico por
distância de percolação, em que a
pressão efetiva no interior da massa
granular é reduzida a zero, por um mo-
vimento de percolação ascensional de
ágl'''l
7. J
t
'ao.
A contenção de encostas é um dos trabalhos de engenharia mais conhecidos, principalmente pf!los acidentes ocorridos
. Permeabilidade de um solo
Propriedade indicativa do solo de
maior ou menor facilidade ao desloca-
mento de água, através de seus va-
zios.
Parao conhecimento do solo é bom
saber-se que na execução de estrutu-
ras de engenharia dificilmente se che-
ga a profundidades superiores a 100
metros, razão pela qual todo o interes-
se deve estar voltado para uma cama-
da de solo relativamente delgada.
Também é bom saber-se que um
solo não é uma estrutura homogênea,
para a qual deve-se esperar o mesmo
desempenho ou resultado. Poressa ra-
zão não se deve confiar em análises
feitas em alguns pontos concentrados
e a uma dada profundidade.
Quando se estuda um solo deve-se
ter em mente a sua variabilidade de
condições, pois ao contrário pode-se
ter uma avalanche de sinistros repeti-
tivos.
Há uma tendência de os sinistros
envolvendo obras de fundacões afeta-
rem os taludes à borda dás escava-
ções. Mas será que sempre ocorre as-
sim?
A instabilidade das encostas em re-
giões como a que temos no Brasiles-
tá subordinada a uma série de fatores,
quais sejam:
14 rUNfNiG
.J
.características pluviométricas lo-
cais;
· topografia natural;
. vegetação natural e a existente;
. antrópicos;
·tipo de solo;
. características das estruturas a
serem erigidas.
Alguns dos movimentos de terra co-
nhecidos são:
a) Escorregamento (creep)
Trata-se da movimenta cão lenta e
gradual da camada de solo'superficial
ao longo de uma encosta, deslocan-
do-se a poucos centímetros por ano.
Nas encostas da Serra do Mar,ao lon-
go da Rodovia dos Imigrantes, o des-
locamento medido foi de 1 cm/30
anos.
Os fatores responsáveis pelo
"creep" são: o aumento da quantida-
de de água no solo, com expansão do
volume de massa do regolito seguida
de dessecamento após a fase úmida;
ação do congelamento e do degelo;
dilatacão e contracão alternadas, com
formácão de fendilhamentos no solo
(suncracks); desmatamentos incon-
trolados.
b) Solifluxão
Trata-sedo transporte em massa do
regolito, com deslocamentos que não
ultrapassam a alguns metros por ano.
Os fenômenos de solifluxão não
apresentam efeitos topográficos notá-
veis, por se desmoronarem lateral-
mente em grandes extensões e não
sobre depressões longitudinais ou ca-
nais, como ocorre com a corrida de la-
ma.
c) Corrida de lama (mud flow)
É o deslocamento encosta abaixo
de uma língua de massa detrítica en-
charcada de água, movimentando-se
rapidamente em leitos ou calhas defi-
nidas.
Os fatores ocasionadores do fenô-
meno são: matéria não consolidada na
superfície em grande quantidade;
abastecimento abundante e intermi-
tente de água; vegetação rala.
Ofenômeno ocorre periodicamen-
te no Rio de Janeiro e Am Niterói, al-
cançando extensões que chegam a
100 metros.
d) Desmoronamentos
Fenômeno de bastante freqüência
em regiões de clima quente e úmido,
constituindo-se de desprendimentos
de massa terrosa relativamente en-
charcada em rápidos movimentos
descendentes. Osfatores que o provo-
cam são: rala cobertura vegetal; en-
costas com caneluras profundas; des-
calcamentos laterais.
é) Deslizamentos
1
8. Movimentos rápidos de massa de-
trítica superficial, ao longo de encos-
tas. A principal causa dos deslizamen-
tos é a ocorrência de uma capa de re-
golito encharcada sobre uma camada
seca, formando uma descontinuidade
resvaladica. Não se deve descartar,
porém, as escavações feitas ao sopé
das vertentes, as quais retiram o su~
porte lateral das mesmas.
f) Slump
Caracterizam-se por deslocamen-
tos violentos de grandes volumes de
terra ao longo de rampas curvas, pro-
vocados por: chuvas intensas e pro-
longadas; superfícies de descontinui-
dade e planos de xistosidade; encos-
tas com declive superior a30°; descal-
çamentos naturais e antrópicos; pres-
são hidrostática exercida sobre as
componentes de resistência da ver-
tente.
De forma a simplificar nossa análi-
se elaboramos a seguinte seqüência:
1) obter todas as informacões dis-
poníveis acerca do projeto; .
2) procurar obter dados de projetos
semelhantes;
3) Verificar se todo o projeto está
sobre um mesmo tipo de solo;
4) cientificar-se da existência de
pontos importantes (fraturas, fendas,
diáclases, descontinuidades geológi-
cas, rios, lagos, canais, morros);
5) obter mapas de condições cli-
máticas ambientais que possam in-
fluenciar no desenvolvimento do pro-
jeto;
6) programar inspeções periódicas
coincidentes com épocas de maior
destaque para o desenvolvimento do
projeto;
7) analisar os prazos de cumpri-
mento de etapas relevantes;
I
,
.
A situação ideal é aquela na qual o engenheiro de riscos da seguradora é um especialista no risco a ser inspecionado
Inspeção
para fins
de seguros
I A I situação ideal é aquela na qualo engenheiro de riscos da se-
guradora é uma especialista no risco
a ser inspecionado. Seria convenien-
te que em uma montagem industrial
ou na instalação de um equipamento
de porte fosse um engenheiro mecâ-
nico. Na inspeção de uma grande
construção fosse um civil, no seguro
de uma barragem comparecesse um
16 HINMG
.1
especialista em solos, e assim por
diante. Porém, nem sempre issoé pos-
sível, não só pelo fato de não ser eco-
nomicamente viável as seguradoras
disporem de quadros de pessoal gran-
des, algumas vezes ociosos, e tam-
bém porque o mercado segurador ain-
da não oferece um atrativo financeiro
aos engenheiros, tratados como ins-
petores de risco de maior qualificação.
O que se vê são engenheiros re-
cém-formados que de uma hora para
outra são guindados a engenheiros de
riscos. Ora, engenheiro de riscos pres-
supõe-se que seja o profissional o
qual, pela suaexperiência anterior, de-
tecta situações de riscos. Porém, es-
te não é bem o nosso assunto no
momento.
No nosso presente caso, o que fa-
zer no desenvolvimento de um traba-
lho de inspeção de risco?
8) acompanhar a sinistralidade de
cada etapa;
9) ter acesso aos projetos executi-
vos.
Paraconcluir, sugerimos aelabora-
ção de cadastros de grandes projetos
e dos problemas ocorridos, sejam si-
nistros ou não.
Em nosso próximo artigo, também
envolvendo o tema da engenharia ci-
vil, abordaremos "O objetivo de co-
nhecimento dos sistemas construti-
vos utilizados na construcão civil". Em
seu desenvolvimento abordaremos:
. locação da obra;
· fundações;
. elevação da estrutura;
. servicos de acabamento;
. coméntários sobre o grau de si-
nistralidade de cada evento.
Continua no pr6ximo número.
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