O documento discute os problemas ambientais causados pelo aquecimento global, como a desertificação, escassez de recursos e migração em massa. Também menciona que as seguradoras devem fazer sua parte para promover a sustentabilidade, por exemplo, reduzindo prêmios para clientes com menor impacto ambiental.
Cadernos de Seguros: O verdadeiro sentido do amanhã
1. Rio de Janeiro, 12 de Maio de 2012 +> busca avançada
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O verdadeiro sentido do “amanhã”
Antonio Fernando Navarro
O “amanhã” tem sido, ultimamente, motivo de muitas discussões, sejam
elas técnicas, religiosas ou econômicas. Quase sempre, o foco principal das
discussões não é o do futuro do planeta, relativamente jovem e com uma
longa sobrevida pela frente. Também não se entra no mérito da
sobrevivência da espécie humana. Mas então, por que há tantos
questionamentos?
Os questionamentos têm surgido, de uns 30 anos para cá, em função de
problemas pelos quais passa o terceiro planeta do Sistema Solar, que
possui uma população atual que beira 6 bilhões e trezentos milhões de
pessoas. Somente a Ásia tem mais de 25% desse contingente. Portanto, a
distribuição dos nossos concidadãos é bastante desigual.
O Banco Mundial e a FAO estimam que, no início dos anos 80, entre 700
milhões e um bilhão de pessoas viviam em absoluta pobreza ao redor do
mundo. No continente africano, cerca de um em cada quatro seres
humanos é subnutrido. Na Ásia e no Pacífico, 28% da população passa
fome. No Oriente Próximo (que compreende a região da Ásia próxima ao
mar Mediterrâneo, a oeste do rio Eufrates, incluindo: Síria, Líbano,
Palestina e Iraque), uma em cada dez pessoas são subnutridas. A fome
crônica afeta mais de 1,3 bilhão de pessoas, segundo a Organização
Mundial da Saúde. Na América Latina, uma em cada oito pessoas vai para
a cama com fome todas as noites. No Brasil, mais de 30 milhões de
pessoas são classificadas como indigentes pelas estatísticas oficiais. Em
1980, cerca de 44% da população viviam em estado de pobreza absoluta.
Em 1992, cerca de 20 milhões de pessoas morreram de desnutrição ou
fome. A cada dia morrem 38.000 crianças, vítimas desses problemas.
As condições climáticas são desfavoráveis ao cultivo de alimentos para a
população em muitas regiões do nosso pequeno mundo. Os combustíveis
fósseis estão com seus dias contados, o efeito estufa nos prejudica, o
buraco de ozônio continua aí, provocando transtornos e, com todo esse
cenário pessimista, ou muitas vezes alarmista, o homem segue sem rumo,
navegando nesse mar de intranqüilidade e incertezas, sem saber o que
será do próprio planeta e da raça humana no futuro. Isso sem falar no
aquecimento global, com o desprendimento de icebergs maiores do que
muitos países, errantes pelos mares, e o encolhimento da camada de gelo
em muitos glaciares. A falta de conhecimento por parte da sociedade tem
provocado uma ressonância muito maior desse eco de reclamações.
O fator terra também é preocupante. Se a terra não é adequada para a
criação de animais, para culturas ou implantação de assentamentos
urbanos, as pessoas se deslocam de lá. Um dos fenômenos que
preocupam a todos é o da desertificação.
A desertificação dos campos e florestas deslocou a maior massa migratória
na história do mundo. Na virada do século, mais da metade da população
viverá em áreas urbanas. A quantidade de terra tornada improdutiva pela
desertificação anualmente no mundo é de aproximadamente 21 milhões de
hectares. O percentual da terra no planeta que sofre com esse processo é
de cerca de 29%.
Devido ao aquecimento global, espera-se que a quantidade de fenômenos
meteorológicos extremos, como secas e chuvas intensas, continue
aumentando, com um efeito grave em solos já danificados, afirma o
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em mensagem divulgada. A
tendência "piorará a desertificação e aumentará a prevalência da pobreza,
a migração forçada e a vulnerabilidade perante os conflitos nas regiões
afetadas", diz. Todas as agências da ONU e os governos de vários países
admitem o retrocesso do desmatamento das terras cultiváveis e das
florestas, assim como a carência de água – problemas que já geraram
mais pobreza –, o avanço dos desertos e um número cada vez maior de
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