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RIO±20: Será que estaremos mais próximos do sucesso?

Engº Antonio Fernando Navarro1
RESUMO
Este paper baseia-se, em parte do documento que recebeu o título de:
Aquecimento Global: Armagedon ou um caso de Indulgência Ambiental?2, quando então se
tratavam de políticas voltadas para a redução do aquecimento global, tendo como uma das
estratégias a negociação de “créditos de carbono”, que passou a ser, de certa maneira, uma
moeda de troca. No artigo questionávamos a medida de troca pelos poluidores, já que os
países que eram considerados poluidores poderiam continuar suas atividades, por certo
período, já que “trocavam” parte dessa poluição por ações desenvolvidas em outros países, daí
a razão de complementarmos o título com a expressão de Indulgência Ambiental. A partir
dessa visão, passamos a buscar uma associação com o evento RIO+20, que se propõe a
definir, redefinir, impor, compor, ou qualquer outra palavra que seja melhor aplicada, regras
para que os países signatários as cumpram e a vida em nosso pequenino planeta denominado
Terra, terra uma sobrevida, com a conhecemos hoje. A RIO+20 é uma extensão de seguidas
rodadas de negociações que começaram em 1972, e até hoje não tiveram nem seus objetivos e
nem as metas atendidas. A questão, como transparece a todos é mais político-econômica do
que de preservação do meio ambiente. Tudo é possível desde que não prejudique a balança
comercial dos principais países envolvidos.
A RIO+20 vem, como proposta básica, consolidar ou buscar um consenso
de todas as medidas propostas nas rodadas entre os países, visando a uma solução para a crise
que se avizinha, da degradação das condições de vida em nosso Planeta, pelo fato de que os
níveis de crescimento e de industrialização dos países termina por acelerar o processo da
deterioração da qualidade de vida e da própria existência de nós, os Seres Humanos.
Nos últimos anos os principais países do mundo estiveram reunidos na
capital da Dinamarca discutindo uma série de ações para reduzir o “aquecimento de nosso
Planeta”. Conhecidas como COP-15 (Copenhague - 2009), COP-16 (Cancún - 2010) e COP-

1

Antonio Fernando Navarro é físico, engenheiro civil, engenheiro de segurança do trabalho, mestre em saúde e meio ambiente, doutorando
em engenharia civil, especialista em gerenciamento de riscos, engenheiro e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ – email: navarro@vm.uff.br; afnavarro@terra.com.br.
2
NAVARRO, A.F. Aquecimento Global: Armagedon ou um caso de Indulgência Ambiental?, Revista eletrônica Opinião.Seg, nº 5, agosto
de 2011, pp. 62-94, Editora Roncarati, São Paulo, 2011.
17 (Durban - 2011), as diferenças entre os resultados desses encontros internacionais,
envolvendo grande número de nações não são grandes. O protocolo de Kioto, único
instrumento vinculante, com força legal, esgota-se em 2012. Suas metas são modestas e não
atingem nem a 30% do que seria necessário para reduzir os impactos nas emissões globais.
Se por um lado têm-se as nações ditas mais ricas, o G7, posteriormente
transformado em G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o
Canadá, todas do antigo G7, mais a Rússia), por outro lado têm-se aquelas que buscam seus
lugares ao sol, ou as BRICs, (BRICS é um acrônimo que se refere aos países membros
fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China) e à África do Sul, que juntos formam um grupo
político de cooperação). Por fim tem-se um grande número de nações, a maioria explorada
durante centenas de anos por aquelas ditas ricas. Diga-se de passagem, que o propósito desses
grupos é mais para e exercício das pressões político-econômicas.
Essas explorações das riquezas minerais e vegetais foram muito profundas e
devastadoras, deixando como resultado uma pequena minoria rica e em contraponto uma
imensa massa de populações abaixo da linha de pobreza, que chega a “viver” com menos de
dois dólares por dia. As nações assim consideradas e o percentual de suas populações afetadas
são as seguintes: 1 Chade 80%; 2 Haiti 80%; 3 Libéria 80%; 4 Congo-Kinshasa 71%; 5 Serra
Leoa 70%;2 6 Moçambique 70%; 7 Nigéria 70%; 8 Suriname 70%; 9 Gaza Strip 70%; 10
Suazilândia 69%; 11 Zimbabué 68%; 12 Burúndi 68%; 13 Honduras 65%; 14 Zâmbia 64%;
15 Níger 63%; 16 Ruanda 60%; 17 Comores 60%; 18 Guatemala 56.2%; 19 Namíbia 55.8%;
20 Senegal 54%; 21 São Tomé e Príncipe 54%; 22 Tajiquistão 53%; 23 Malávi 53%; 24
Madagáscar 50%; 25 Quénia 50%; 26 África do Sul 50%; 27 Eritreia 50%. 3
Dessas 27 nações, quase todas no Continente Africano, percebem-se
algumas semelhanças como: quase todas são estruturadas em tribos, todas foram objeto de
cobiça dos conquistadores europeus que permaneceram ali explorando os recursos naturais
enquanto esses existiam em abundância. Com as saídas dos conquistadores pouco restou às
populações para suas sobrevivências, na medida em que não tiveram as chances de adquirir o
conhecimento necessário para tal. Muitas dessas nações são habitadas por povos nômades que
transitam em busca de melhores condições de sobrevivência.
Ainda há explorações dessa natureza, em várias partes do mundo, e
subempregos, que não possibilitam que os trabalhadores tenham uma adequada qualidade de
vida. Em muitos momentos, as migrações em um mesmo país ou entre países limítrofes

3

Fonte: http://www.indexmundi.com/g/r.aspx?v=69&l=pt

2 / 30
termina por produzir, para os migrantes sem capacitação, com uma vida marginal à
coletividade, aumentando o número daqueles que habitam as comunidades ou as habitações
subnormais, também ditas “favelas”. Nesse caso a comunidade como um todo é prejudicada
com o comprometimento da saúde social, transporte e em outros aspectos.
No mês de junho o Brasil sediará a RIO+20, que pretende ser um evento
baseado na Rio-92, alinhando as questões ambientais discutidas até hoje em vários encontros
internacionais. Para tal, é proposta uma pauta com dez temas para debates, com base na
relevância para a promoção do desenvolvimento sustentável. Os temas são os seguintes:
1) Desenvolvimento sustentável para combater a pobreza;
2) O desenvolvimento sustentável como uma resposta à crise económica e financeira;
3) Desemprego, trabalho decente e migrações;
4) A economia do desenvolvimento sustentável, incluindo padrões sustentáveis de produção
e consumo;
5) As florestas;
6) Alimento, nutrição e segurança;
7) Energia sustentável para todos;
8) Água;
9) Cidades sustentáveis e inovação;
10) Oceanos.
Neste artigo traçam-se prognósticos para o final do evento, tendo como
certeza que até onde o poder de destruição alcança pode ser um exercício de futurologia, mas
o vislumbre do futuro associado à degradação é quase que uma certeza.

Palavras-chave: Mudanças Climáticas; Aquecimento Global; Degradação Ambiental; Efeito
Estufa; Meio Ambiente; Sustentabilidade Ambiental; Desenvolvimento Sustentável.

3 / 30
INTRODUÇÃO:
A Terra é terceiro planeta do sistema solar, com uma estrela de 5ª grandeza.
Os quatro menores planetas (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) são conhecidos como planetas
telúricos ou sólidos, encontram-se mais próximos do Sol e são compostos principalmente de
metais e rochas. Estima-se que tenha uma idade de 4,6 bilhões de anos e que se destruirá, com
o colapso contro o Sol daqui a 4 bilhões de anos. O tempo de existência da vida humana no
Planeta é infenitesimal em relação à idade do planeta. O Planeta já passou por maus
momentos, quando um asteróide o atingiu, na Planície de Yacatan e destruiu boa parte da vida
sobre a Terra. Isso faz parte da história. A vida sobre o planeta Terra quase desapareceu há
250 milhões de anos, após uma gigantesca colisão entre o planeta e um asteroide. A afirmação
é de uma equipe de pesquisadores americanos na revista Science (fev/2001). Uma colisão de
dois asteroides entre Marte e Júpiter, há 160 milhões de anos, enviou enormes rochas na
direção da Terra, incluindo uma que levou à extinção dos dinossauros, disseram cientistas
nesta quarta-feira.
Isso explicaria um dos fatos mais impressionantes da história da vida na
Terra - a queda de um meteorito de 10 km de diâmetro na península do Yucatán (sudeste do
México), 65 milhões de anos atrás. Essa catástrofe acabou com os dinossauros, que haviam
dominado o mundo por cerca de 165 milhões de anos, e outras formas de vida. Esse vácuo,
segundo especialistas, propiciou o desenvolvimento dos mamíferos e, mais tarde, do ser
humano. O impacto deve ter provocado um cataclismo ambiental em todo o mundo, expelindo
enormes quantidades de rocha e poeira nos céus, provocando gigantescos tsunamis e
incêndios globais. Isso teria feito com que a Terra passasse anos na escuridão.
(http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1882821-EI302,00.html)
Apenas nessas duas notícias percebe-se que nosso Planeta não é imune a
sofrer danos provenientes do Universo. Também se pode compreender que internamente há
muita energia no Planeta, muitas vezes expelida através de vulcões e de movimentação das
placas tectônicas, também gerando danos. O Ser Humano, em sua pequenez em relação ao
Planeta também é capaz de causar danos ao Planeta. O dano será proporcional à quantidade de
pessoas que provocam a destruição. Não é um movimento único e isolado. Eu faço a minha
parte. Quantas vezes nós já não ouvimos esta frase? Talvez centenas de vezes não é? E o que
isso significa? Para o Planeta nada ou quase nada. Se nós temos problemas em consensar
muitas questões em nossos lares, prédios, clubes, cidades, e estados, o que dirá com outros
países, quando então o ponto discrepante é o dos interesses econômicos?
4 / 30
Produzir sem resíduos é uma tarefa impossível. O possível é maximizar a
reutilização dos resíduos de modo que esses sejam menos prejudiciais ao Meio Ambiente.
Para isso, há que se investir muita tecnologia e recursos financeiros. Quanto maior for a
tecnologia empregada maior será a possibilidade de redução da mão de obra. Assim, resolvese uma questão e cria-se outra, social, com o aumento do desemprego. Encontrar-se o
equilíbrio ou o meio termo não é tarefa nada fácil. Com as economias dos países fragilizadas e
a elevação das taxas de desemprego, quem irá se atrever a propor mudanças que onerarão
ainda mais os consumidores, com os custos das mudanças repassadas nos preços dos produtos
e a manutenção ou ampliação do desemprego? Não se está falando em mudar equipamentos,
mas sim tecnologias e processos. Para isso os técnicos devem investir longos períodos de
pesquisa e desenvolvimento. E aqui cabe uma questão: será que as nações aplicam os recursos
necessários para as áreas de pesquisa e desenvolvimento?
(...) Diante dessa grande divergência de pensamentos apresentam-se
algumas considerações sobre o tema, de modo que o próprio leitor possa tirar suas conclusões
à respeito. O que é importante é que o Planeta está atravessando uma fase crítica onde as
principais vítimas terminarão sendo os humanos que o habitam e todas as demais formas de
vida. Assim, devem ser estabelecidas ações que por menores que sejam busquem o equilíbrio
da natureza. Em primeiro lugar a lógica recomenda o trabalho conjunto e a criação de
mecanismos que não provoquem mais estragos do que os atuais e, ao mesmo tempo, que
possibilitem uma recuperação mais rápida da natureza. Qual o custo disso? Com certeza
haverá custos enormes, porém menores do que os gastos para salvar as instituições financeiras
no início do ano de 2009, que representou alguns trilhões de dólares para salvar empresas,
causando grandes transtornos na economia global. Contudo, qualquer que seja esse custo isso
representará a continuidade da vida como a conhecemos hoje, ou seja, os benefícios serão
sempre maiores do que os custos envolvidos. (...) (NAVARRO)
O mais difícil quando se lê o texto RIO+20 promovido pela United Nations
Conference

on

Sustainable

Development.

http://www.uncsd2012.org/rio20/index.php?page=view&nr=596&type=13&menu=23,

Disponível

no

site

é associar-se os temas apresentados

para que se chegue a um prognóstico favorável. Efetivamente, o Aquecimento Global é um
elo que permeia cada um dos temas. Contudo, talvez não seja o elo mais forte.
A grande quantidade de temas para discussão já revela que mesmo que
possam existir elos idênticos entre os mesmos, não haverá tempo suficiente para um debate
consensado, e, o que é pior, também não se tem qualquer expectativa de que todos os países
5 / 30
participantes e signatários sigam as mesmas regras e posturas sugeridas. As questões
relacionadas a “aquecimento global”, “sustentabilidade” e “preservação ambiental” são
motivo de muitas discussões em todas as reuniões dos países”. Muitas são as razões para que
se pense dessa forma. Cada um desses países vem com expectativas distintas e necessidades
distintas. Todos têm seus problemas, sejam políticos, sociais, econômicos, financeiros, enfim,
possuem seus problemas e esses devem ser resolvidos, em primeiro lugar, pelos próprios
países. O Fórum onde ocorrerá a RIO+20 não se presta a resolver os problemas nos “quintais
dos outros”, mas sim propor ações globais no interesse de todos.
(...) Quando uma palavra se toma tão popular que começa a pipocar em
todos os lugares, em todo tipo de contextos minimamente relacionados, ou até mesmo nos não
relacionados, isso quer dizer uma de duas coisas: ou ela se tomou um clichê sem sentido ou
tem uma consistência conceitual verdadeira. "Ecológico" (ou, pior ainda, "virar ecológico")
cabe inteiramente na primeira categoria, Mas "sustentável", que à primeira vista remete a um
sentido igualmente vago de virtude ambiental, pertence à segunda. É verdade que ouvimos a
palavra se referindo a qualquer assunto, de carros à agricultura e à economia. Isso ocorre,
porém, porque o conceito de sustentabilidade é, em essência, tão simples, que se aplica
legitimamente a todas essas áreas e a outras ainda. Mas, apesar da simplicidade,
sustentabilidade é um conceito que faz as pessoas quebrarem a cabeça. Para ajudar nesta
tarefa, consultamos vários especialistas no assunto para descobrir quais são os tipos de malentendidos mais frequentes. O resultado é este artigo sobre os dez maiores mitos sobre a
sustentabilidade. E, após essa introdução, fica claro qual mito deveria ser o primeiro (...).4
A Sustentabilidade passou, de repente, a ser o lugar comum e ser um dos
primeiros itens das pautas de discussões não só dos grandes conglomerados, como também
dos países, isso tudo iniciado com a publicação de relatórios do IPCC que davam como certo
que nós, os humanos, estávamos acelerando um processo de aquecimento global e que, no
ritmo em que as coisas estavam em 50 anos o nível dos mares iria crescer e inundar boa parte
das cidades costeiras, e aí segue. Em uma revista complementar ao Jornal O Globo de 22 de
dezembro de 2011, sob o título Planeta Terra, que trata das questões a serem discutidas na
COP-17 (Durban), em artigo de Claudio Motta, pp.12-13, expõe alguns tópicos sob o título
Sinais Vitais do Planeta:
• A temperatura global da Terra aumentou 0,83ºCelsius desde 1880;
• O nível dos oceanos subiu 3,27mm desde 1992;

4

Por Michael D. Lemonick (Revista Scientific American Brasil – Terra 3.0 – ed.1)

6 / 30
• A camada mínima de gelo sobre o Oceano Ártico diminuiu 11,5% por década;
• A concentração de CO2 na atmosfera é de 391 ppm, quando o ideal seria < 350 ppm
(partes por milhão);
• O buraco de Ozônio tem 27 milhões de quilômetros quadrados.
Essas informações ditas sob a forma de drops, sem estarem inseridas em um
contexto técnico passam a mensagem ou idéia de que estamos em perigo iminente. Por
exemplo, cientificamente falando, qual o impacto de mais 41 ppm na atmosfera? O nível do
mar está subindo, as temperaturas também, o buraco de Ozônio está enorme, e por aí segue.
Estudos Acadêmicos indicam que estamos em uma fase de transição, até bastante fria, onde
teremos um aquecimento como um todo. Isso faz parte do Ciclo de Vida do Planeta Terra.
A NASA identificou períodos de frio intenso na Europa entre 1550 e 1850 e
regista três intervalos particularmente frios: por volta de 1650, por volta de 1770 e em 1850.
Uma das causas mais prováveis foi atribuída a atividades vulcânicas.
O aquecimento global pode ser pontual e explicado, muitas vezes, por
atividades naturais, como vulcanismo, mesmo que reconheçamos que a ação humana quase
sempre é mais destrutiva do que construtiva. Até por serem dados soltos e
descontextualizados, as nações que realmente são as responsáveis pela poluição ainda
continuarão a poluir, já que o foco básico não é abordado. As consequências podem ser
percebidas sempre mais facilmente do que as causas. Os Estados Unidos ainda continuarão a
utilizar o carvão em sua matriz energética porque estão com suas reservas de petróleo
praticamente esgotadas. A China utiliza o carvão mineral em larga escala, da mesma forma
que a Alemanha. A Alemanha supriu durante décadas os países limítrofes com o carvão, para
fins de aquecimento e geração de eletricidade. No nosso Brasil, as matas de Minas Gerais
foram sendo extintas para virar carvão vegetal empregado pelas empresas que produzem o
ferro gusa. Isso ocorreu durante décadas e ainda hoje é assim. A falta de políticas de aplicação
de penas irrecorríveis facilita a continuidade do crime ambiental. De que adianta punir-se o
poluidor com milhões se esse irá durante décadas recorrer e, talvez, ao final, pagar com a
reposição de poucas mudas de árvores?
Há pouco tempo atrás se descobriu enorme reserva de petróleo sob o Ártico,
da ordem de 90 bilhões de barris. Imediatamente foram construídas duas refinarias de
Petróleo no Canadá. Nesse mesmo País, são extraídos por dia mais de um milhão de barris de
petróleo, enviados aos Estados Unidos por dutos, extraídos do Xisto. A extração por si só
aumenta o desmatamento. As refinarias geram calor. A exploração do petróleo trás consigo o
7 / 30
gás carbônico, um dos que causa o efeito estufa. Assim, falar-se em redução da calota polar
ou do deslocamento de blocos de gelo (icebergs) e culpar-se a humanidade como um todo,
excluindo-se aqueles que exploram e se beneficiam dos resultados dessa exploração passa a
ser incoerente. Mas, na mesa de negociações alguns desses países estarão presentes. Já há
acordos entre os Estados Unidos e a Rússia para parcerias estratégicas. O Reino Unido
protege seu quinhão com embarcações militares. É a guerra pela sobrevivência. Nessa guerra,
a regra geral é a de obterem-se mais e mais vantagens. Assim, com esse pensamento coletivo
será que as nações estarão preocupadas umas com as outras e todas com o Planeta?
(...) Muitos dos efeitos do aquecimento global têm sido bem documentados.
É a medida exata que é difícil de prever. Prever as consequências do aquecimento global é
uma das tarefas realmente difíceis para os pesquisadores do mundo. Primeiro, porque os
processos naturais que causam precipitação de chuvas, tempestades, aumento do nível do mar
e outros efeitos esperados do aquecimento global dependem de diferentes fatores. Em
segundo lugar, porque é difícil prever o volume das emissões de gases de efeito estufa nas
próximas décadas, já que essa é determinada em grande medida, por decisões políticas e os
avanços tecnológicos. Quanto maior é a tecnologia menor pode ser o nível de
empregabilidade. Contudo, a população desempregada continua sobrevivendo e consumindo.
(...)
(...) Ocorre que os cenários obtidos podem não ser representativos em vista
dos resultados esperados. Avaliar um período de temperaturas normais tendo como parâmetro
um período de temperaturas muito baixas pode dar a idéia de que está havendo aquecimento.
Da mesma forma que quando se avalia o contrário pode passar a impressão de que estaremos
entrando em uma nova era do gelo. Periodicamente ocorrem fenômenos naturais sem qualquer
interferência humana que tendem a causar alterações climáticas, como atividades solares mais
intensas, terremotos, vulcanismos e outros. Esses fenômenos, por si só podem ter o elevado
poder de alterar o clima, momentaneamente, como o El Niño e La Niña. Quando juntamente a
esses fenômenos têm-se degradações ambientais provocadas pelo Ser Humano, as
consequências podem ser piores. Nesse momento surgem perguntas, algumas sem respostas
como:
• Já há certeza de que o aquecimento global é fruto somente das ações humanas? Se isso
for verdade, ataquemos a questão de frente, indo às causas do problema. Como
solucioná-lo se temos ao redor de uma mesa quase duzentas nações com interesses os
mais variados possíveis, desde um conjunto de ilhas como Tuvalu, conjunto de ilhas
coralíneas, com uma população fixa de mais de dez mil habitantes, que depende do
8 / 30
nível do mar não subir para continuar existindo, até países como a China, EUA,
Alemanha e outros, onde o carvão é abundante e é empregado na matriz energética,
sendo um dos maiores responsáveis pela emissão de gás carbônico?
• O que fazer para mudar a cultura de povos que sempre foram extrativistas e exauriram
os recursos minerais de seus próprios países e agora o estão fazendo em países menos
desenvolvidos?
• Como tratar a questão dos valores morais e sociais dos povos? Será esse um tema que
necessite da intervenção de todas as nações?
• Como reverter, no tempo que ainda seja possível, os danos já causados, alguns,
irreversivelmente? Será que um dia teremos condições de reparar todos os estragos
que já provocamos, inclusive, nas áreas de jazidas de minério de ferro, bauxita, ouro,
etc..
• Como criar empregos e oferecer melhor qualidade de vida, ou permitir que a
população tenha qualidade de vida, se em nosso mundo globalizado os tentáculos das
grandes empresas multinacionais atingem as nações subdesenvolvidas, para a obtenção
de mão de obra barata e a exploração de seus recursos naturais a baixo custo?
• Como impedir que todos os países tenham desenvolvimento humano e tecnológico
iguais? Nesta última questão, não se trata apenas da dança das cadeiras, onde os mais
rápidos ou espertos conseguem seus acentos, mas sim, possibilitar que todos tenham
os mesmos direitos. (...)
Mudanças praticadas por um governo ou partido político normalmente são
descontinuadas quando outro partido assume o poder. Essas descontinuidades terminam por
inviabilizar ações globais. Essas são questões importantes, que não vão a uma mesa de
debates, pois não são interessantes para as nações mais ricas. Os políticos devem entender que
quando são eleitos o são para representar o interesse daqueles que os elegeram. Não custa
nada repetir que assistimos a uma série de palestras da Simbiocity, com professores da
Noruega, onde foi-nos dito que os planejamentos lá, mais na área de urbanismo, eram feitos
com antecedência de 50 anos, para a “grande” Copenhagen, e de 30 anos para as cidades
limítrofes. Na hora dos debates questionamos a viabilidade do tempo de 50 anos e a resposta
foi simples: em nosso País os governantes governam para o povo e são seus representantes.
Quando não atendem ao que o povo quer são substituídos. Será que esse pensamento é
comum na América do Sul e na África, só como exemplo?

9 / 30
Quando a África foi repartida em nações, da mesma forma que a Índia,
Iugoslávia, Indochina e várias outras, ou povos foram “repartidos”, como os Curdos, ou os
Bascos, da mesma maneira que povos foram divididos, como em Angola e em outras nações.
Não se falava em justiça, e sim em interesses comerciais envolvidos. Quase sempre, as
divisões foram promovidas pelos povos dominadores (estrangeiros) deixando aos dominados
os problemas futuros. Angola é um exemplo típico, com a divisão das tribos Hutus e Tutsi,
inimigas ancestrais grupando-as em partes do país. O resultado disso tudo foram décadas de
uma guerra fraticida, causando milhões de mortos e milhares de mutilados por minas
terrestres. O norte do País é rico em petróleo e minério de ferro e o sul rico em diamantes.
Inúmeros são outros exemplos, onde o que menos importava eram as Etnias e sim os
interesses econômicos. Assim, vários e vários foram os bolsões populacionais criados. Na
divisão da Índia, surgiu o Paquistão, do lado oriental e Bangladesh, do lado ocidental, além de
Mianmar. De uma hora para outra ocorreu uma miscelânea religiosa com mulçumanos e
budistas. A Indochina ou Peninsula Indochinesa, do sudeste asiático, entre o leste da Índia e o
sul da China, foi dividida em Vietnã, Laos, Camboja, e, às vezes, Tailândia e Myanmar,
antiga Birmânia. O que ocorreu em regiões continentais se deu da mesma forma que nas ilhas,
como Bornéu, Timor, e outras. Os interesses econômicos, em primeiro lugar, foram sempre os
principais motivos dessas mudanças. Entre esses, figura o petróleo. Infelizmente já se
descobriu que há petróleo na Antártida, da mesma maneira que se tornou pública a grande
reserva do precioso óleo nas ilhas Malvinas ou Falkland islands.
Desde os tempos imemoriais as nações agem movidas por interesses
econômicos e ainda o continuam fazendo. Agora, vem alguém e diz: façam algo, pois vamos
todos morrer! Será que os interesses deixaram de existir e todos passaram a ser bonzinhos?
Talvez não! Se tivéssemos em pauta um só tema comum, ainda assim os contrastes
aflorariam. Quando se apresenta uma pauta com dez temas, a maioria com problemas de
consenso, já se pode concluir que a tendência de consenso será pequena.
Nossos Índios foram considerados “atrasados” em função de sua maneira de
viver hoje, depois de ocuparem esta Terra Brasilis por mais de 5.000 anos, ainda a exploram
para sua sobrevivência da mesma maneira como o faziam antes, isso, até onde o Homem
Branco deixou. Será que eles realmente são “atrasados”, ou são mais espertos do que os
civilizados que não sabem viver com os recursos que a Natureza disponibiliza?
O mundo está e sempre foi segregado quanto às forças dominantes. Depois
da segunda grande guerra mundial a divisão passou a ser a dos comunistas, representado pela
URSS e por outro lado as nações ditas capitalistas, capitaneadas pelos EUA. Essa divisão de
10 / 30
forças durou até a fratura da URSS, que de um único bloco, comunista, passou a várias nações
sendo a maior a República Russa. Neste vácuo de ausência da polaridade, foram surgindo
outras forças representadas por nações ou por grupo de nações. A China é hoje, embora um
país fora do Grupo G-7, a nação com o segundo PIB do mundo, de aproximadamente 8
trilhões de dólares, e uma população de mais de um bilhão e trezentos milhões de habitantes.
Somando-se a população da China com o da Índia tem-se em torno de 25% da população
mundial. Os Estados Unidos, com uma população de pouco mais de trezentos milhões de
habitantes possui um poder de compra de quase 25% de tudo o quanto é vendido no mundo e
um PIB que quase 15 trilhões de dólares. Esses desequilíbrios reduzem de certa forma, o
poder de negociação dos países exportadores. Em artigo da Folha.com, aparece a seguinte
informação: Os Estados Unidos vão perder seu posto de líderes da economia mundial bem
antes do que se esperava, caso estejam certos os mais recentes relatórios dos grandes bancos
globais, informa reportagem de Patrícia Campos Mello para a Folha. No relatório original
sobre os Brics, de 2003, o Goldman Sachs projetava que a China iria ultrapassar os EUA até
2041. Em 2009, o Goldman reviu suas projeções e passou a acreditar que o PIB chinês será
maior que o americano já em 2027. O Citigroup, em seu relatório "3 G - Geradores Globais de
Crescimento", divulgado no fim de fevereiro, é ainda mais ambicioso: a projeção é que a
China supere os EUA antes de 2020. E mais: até 2050, a Índia terá ultrapassado a China e se
tornará a maior economia mundial, com os EUA em terceiro5.
Esses grandes crescimentos, em um curto intervalo de tempo são realizados
buscando-se o aproveitamento de todos os recursos imediatos mais próximos. Tanto a China
quanto a Índia precisam produzir a qualquer custo, para alimentar suas enormes populações,
que somadas representam mais de 25% da população do Planeta. Para tanto, são utilizados
todos os meios e formas de produção, sem que se leve em consideração pesquisas e
desenvolvimento relacionadas à sustentabilidade. Não são projetos para o futuro, são ações
para o presente. Como a China possui grandes reservas de carvão mineral, essa deve continuar
sendo sua principal matriz energética e principal fonte de poluição. Certamente que a Índia e a
China não estarão preocupadas se algumas ilhas de coral irão ser submergidas prejudicar a
vida de algumas dezenas de milhares de pessoas, enquanto que juntas, já devem estar
próximas de dois bilhões e meio de pessoas. Trata-se de uma matemática bem simples.
Isso significa que ações, mesmo que bem intencionadas, e que pretendam
salvar o Planeta Terra, serão sempre difíceis de serem aceitas e implementadas em função das
peculiaridades de cada uma delas, e das necessidades de seus habitantes. Os mesmos países

5

Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/887206-china-deve-superar-pib-dos-eua-ate-2020.shtml, acesso em 04/05/2012

11 / 30
que se recusaram desde 1972 a aderir a ações globais, continuarão sendo os mesmos que não
apresentarão metas significativas de redução de seus níveis de poluição. Tudo isso porque
suas matrizes energéticas são baseadas no carvão, um dos combustíveis fósseis que mais polui
o meio ambiente, como a Rússia e os Estados Unidos.
Acresce-se a isso o fato de que há uma grave crise financeira mundial. A
inércia e os custos das mudanças necessárias associadas à crise mundial financeira que desde
2009 não dá mostras de mudanças imediatas, reforçam ainda mais a tese de que a RIO+20
talvez seja mais um desses encontros políticos, onde, após o encerramento, tudo “volta como
dantes no quartel dos Abrantes”.
(...) Quando se associam os temas ao Aquecimento Global está se referindo
a fenômenos naturais e aqueles provocados pelo Homem, da mesma maneira que se envolve a
política firmada entre os países pobres e ou muito dependentes a aqueles muito ricos. Nos
encontros passados, chegaram a criar uma nova moeda “crédito de carbono”, onde os países
que não se adequavam aos novos parâmetros ou não atingiam as metas globais estabelecidas
poderia, trocar a poluição por créditos de carbono. Em uma linguagem simplificada, o
poluidor “compensava” a natureza implementando ações, até mesmo em outros países, que
compensavam a poluição de seus processos. Isso, em nosso artigo citado foi denominado de
Indulgência Ambiental.
Martinho Lutero, um dos grandes pensadores Cristãos, que viveu no século
XVI, expôs a questão da Indulgência Papal, onde em troca de construções de igrejas,
contribuições para o esforço guerreiro, ou orações, perdoavam-se os “pecados”. Ora, por que
se deve plantar mudas em um país, pagas por outro país poluidor, se aquele poluidor
continuará a poluir? Não será esse um tipo de indulgência, onde quem polui continuará a
poluir, mas, será “perdoado”, pois está plantando mudas em outro país bem distante (os
chamados Crédito de Carbono).
O Armagedom ou Har-Magedon é identificado na Bíblia como a batalha
final de Deus contra uma sociedade humana iníqua que se desvirtuou dos princípios Divinos.
Podem ser atribuídas à ira Divina quaisquer que sejam os fenômenos
naturais, oriundos de nosso Planeta, ou provenientes do universo, como por exemplo, um
fenômeno tectônico com elevado poder de destruição, muito maior do que o Tsunami que
atingiu a Ásia em 26 de dezembro de 2004 (Com uma magnitude de entre 9,1 e 9,3, foi o
terceiro maior terremoto já registrado em um sismógrafo. Esse sismo teve a maior duração de
falha já observada, entre 8,3 e 10 minutos. Isso fez com que o planeta inteiro vibrasse em um
centímetro e deu origem a outros terremotos em pontos muito distantes do epicentro, como no
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Alasca, nos Estados Unidos. Seu hipocentro foi entre Simeulue e a Indonésia continental). A a
queda de um meteoro, como o que ocorreu a 65 milhões de anos atrás, dizimou mais de 90%
da vida na Terra.
Na outra extremidade tem-se a má gestão provocada pelo Ser Humano, que
lentamente ou não provoca uma série de destruições na superfície do Planeta. As duas teorias
sobre o aquecimento global tratam sobre questões antropomórficas ou naturais. (...)
(NAVARRO)
Temas da RIO+20

1) Desenvolvimento sustentável para combater a pobreza;

O Desenvolvimento sustentável para o combate à pobreza não possui um
caráter global, e sim pontual. A globalidade fez com que ocorresse o empobrecimento de
regiões em detrimento do enriquecimento de empresas. As empresas instalavam-se em regiões
onde notadamente havia abundância de mão de obra barata, recursos minerais sem fim e
políticas locais que incentivavam a atração de empresas estrangeiras. Em troca, havia a
promessa de troca de tecnologias e de capacitação local. Essas bandeiras já se encontram
ultrapassadas.
Olhando para o próprio umbigo, vejamos o Brasil, país continental. Porque
será que a cultura do norte ou do nordeste é diferente da cultura do sudeste e do sul? Será por
causa dos colonizadores? Sim, porque os colonizados são os mesmos. Lembro-me que em
1972 um professor meu, agrônomo, foi para o Estado do Piauí trabalhar na perfuração de
poços profundos para a obtenção de água. Dois anos depois nos encontramos e eu perguntei o
que ele achou por lá, já que aquele estado era considerado um dos mais “secos” do Brasil. De
acordo com as informações dele, ocorreram perfurações onde as vazões variavam de 400m3
por hora a 1.200m2 por hora, com profundidades variando entre 600 a 1.200 metros. O que foi
feito de toda essa água? Por que as populações não foram beneficiadas? Por que essa
informação não foi disseminada? Será que era interessante dar o “salvo conduto” àquela
população, ou era melhor que continuassem no cabresto dos políticos? São palavras duras, e a
época também o era, mas isso nunca saíu de minha cabeça. Durante um período em que estive
no Rio Grande do Norte, percorrendo o Estado de carro, a trabalho, notei que na estrada,
muito boa, que ligava a capital, Natal, à cidade de Mossoró, tanto de um lado da estrada
quanto do outro o que via era uma areia cinza. De vez em quando o cenário passava a ser de
oásis verdejante. Ví plantações de todo o tipo (no início da década de 90). Chegando em
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Mossoró fiquei hospedado em um hotel de águas termais. Perguntei então o que eram aqueles
oásis. A resposta foi: Essas terras foram adquiridas pela MAISA, que comprou da Petrobras
os poços que não jorravam petróleo e sim água. A MAISA era um dos grandes produtores de
frutas (Mossoró Agro-Industrial S/A). Se a história de compra e venda era verdadeira eu não
me preocupei. Mas ví que a água produzia milagres na região. A partir daí veio a questão: Por
que o Nordeste é tão seco e árido e tão pobre? Essa não era só a minha visão, mas a de muitos
brasileiros. Será que não se poderia mudar a política de assistencialista e imediatista por outra
de maior tecnologia, como a da exploração de aquíferos, exploração da água salobra, com a
dessalinização, como é feito em Israel, um dos grandes produtores de cítricos? Ou a visão
ainda deveria permanecer assistencialista? Nas proximidades de Juazeiro(BA), vizinho de
Petrolina (PE), conectadas por uma ponte, na década de 60 foi iniciado o Projeto bebedouro,
com o aproveitamento da água do Rio São Francisco, para a irrigação da lavoura. Não
demorou muito e já se produziam uvas, laranjas, melões e diversas outras, e inclusive
começou-se a exportar. Esse tipo de ação é que o chamamos de combate inteligente à pobreza.
Não se combate a pobreza de modo assistencialista, mas sim gerando meios para que a
população possa se aproveitar e sobreviver. A época de trocar “uma alpercata” por um voto já
passou há décadas.
O combate à pobreza se faz com ações sérias e rigorosas. Uma delas é com a
cultura ou conhecimento. Os antigos Tigres Asiáticos, formado por Hong Kong, Singapura,
Taiwan e Coréia do Sul, empreenderam longo processo de capacitação de seu povo até
tornarem-se exportadores de produtos. Esse processo levou mais de 30 anos e ainda continua.
Não se combate pobreza com doações ou ajudas financeiras temporárias. Há
que se considerar que o que efetivamente contribui é a capacitação das pessoas. Entretanto,
não basta só a capacitação se não há empreendimentos que as empreguem. No terremoto do
Haiti, sómente como exemplo, muitas das doações de comunidades sequer chegaram ao seu
destino final e isso ocorre fartamente na África e em outras nações. Hoje muitos países
encontram-se em guerra fraticida para tirar do poder governantes que estão a décadas no
poder e nada fizeram pela população miserável. O exemplo está difundido em todos os
continentes. Também deve ser avaliado de que forma se acaba com a pobreza.

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2) O desenvolvimento sustentável como uma resposta à crise econômica e
financeira;

Neste tema associam-se questões político-econômicas com as de
desenvolvimento sustentável. Conceitualmente falando, um desenvolvimento passa a ser
sustentável quando há a mínima ou nenhuma agressão ao meio ambiente. Somente nesse
desenvolvimento percebe-se que nenhum empreendimento é sustentável. O empreendimento
passa a ser parcialmente sustentável quando gera condições de repor o que foi retirado da
natureza. Uma casa de sapê, com tijolos de argila e telhado de galhos secos pode ser
enquadrado como sustentável, porque todos os componentes da construção foram retirados da
natureza e não extraídos. Esses materiais, quando decompostos com o tempo terminam por
serem absorvidos pela natureza. Assim, não há pegadas humanas como vestígio. Uma fábrica,
que recicle a água do processo, extraia o calor dos equipamentos e da produção para gerar
energia elétrica, que passa a ser utilizada nela, não é um empreendimento sustentável. Para
implantar o empreendimento alterou-se o local, empregaram-se materiais que não são os
naturais, encontrados no ambiente, criaram-se rotas de transporte, enfim, alterou-se um
ambiente. A geração da energia e o reaproveitamento da água são ações importantes? Claro
que sim, mas não é isso que faz com que o empreendimento seja sustentável, a menos que
estejamos mudando os conceitos e definições.
De acordo com Rebeiro (2004)6, (...) a auto-sustentabilidade não é uma
questão que está ancorada na dimensão financeira, ao contrário, ela é pluri-dimensional. Da
palavra «sustento», mais que a idéia de «pão para comer», colhemos a referência à conteúdo,
à suporte, à segurança; tal sustento pode ser material, moral, espiritual, afetivo, etc. Enfim, a
auto-sustentabilidade do terceiro setor não é um fenômeno avulso, isolado; não acontece
sozinho! Não existe a auto-sustentabilidade por si mesma. A auto-sustentabilidade não é algo
voluntarista (que depende puramente da vontade!) ou tecnicista (que só depende de meios
usados), mas está condicionada a todo um grande contexto de conquistas tais como a
elaboração de um sério projeto institucional, a nobreza da causa defendida pela instituição, a
sua significatividade social, a sua sintonia com as políticas públicas e governamentais, a sua
capacidade de busca (inquietude profética), a sua visão estratégica, os recursos humanos, a
comunicação com a sociedade, a sua transparência administrativa, etc. (...)

6

REBEIRO, A.S. (Diretor da Escola Salesiana do Trabalho), A auto-sustentabilidade do terceiro setor, 16 pp.

Belém, 16/08/2001.

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Em uma obra em que atuamos no início da década de 2000, os restos do
concreto da betoneira, provenientes da limpeza da bica viraram espaçadores na montagem das
ferragens da estrutura. Os restos de concreto eram transformados em sub-base das ruas, as
madeiras, quando não podiam ser reaproveitadas eram doadas a panificadoras, que
queimavam-nas para a produção do pão. Todos os resíduos gerados eram segregados para
reaproveitamento ou doação. Todas essas ações visavam unicamente diminuir os impactos ao
meio ambiente. Esse talvez seja o conceito maior – reduzir os impactos ao meio ambiente.
O outro tema associado diz respeito à crise econômica e financeira. Essa
crise começou devido a uma bolha de valorização dos imóveis nos Estados Unidos, com os
compradores revendendo seus imóveis e ampliando os níveis de endividamento, tendo como
garantia o imóvel. Com o estouro da bolha a garantia não assegurava a amortização do
financiamento. Essa foi uma parte da crise. Outra parte foi provocada pelo excesso de
benefícios concedidos em algumas nações. Todos estes temas foram pontuais. Porém, com a
globalização e a interconexão das bolsas de valores, o habitante de Mumbai, na Índia,
terminou sendo prejudicado, da mesma maneira que o habitante de Bonfim, no estado de Boa
Vista. Assim, como essas ações poderão ser solucionadas? A França encontra-se em período
eleitoral, da mesma forma que os Estados Unidos e outros Países. Em muitos outros há
conflitos pelo poder, ou seja, o cenário não é nada conveniente para se falar em solução de
crise econômica e financeira. Essa pode ser minimizada com a criação de empregos, que
terminam sendo gerados pela implantação de empresas ou o crescimento das existentes.
Muitos Sindicatos brigam por reduzir a carga horária semanal sob a alegação de que assim
haverá a possibilidade de se contratar mais gente. Isso nem sempre é possível, quando as
empresas não tem um segundo turno. Para que as empresas cresçam é necessário que pessoas
passem a comprar. Para que essas tenham os recursos devem-se reduzir as cargas tributárias.
Para reduzir as cargas tributárias os administradores públicos devem “enxugar” despesas e
serem mais eficientes. A questão é extensa e complexa e somente ele já poderia ser um ponto
de discussão isolado. Todavia, é um problema que afeta uma nação ou algumas nações, no
caso de estabilização da balança comercial, e nunca o conjunto de nações que existem na
Pequenina Terra.

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3) Desemprego, trabalho decente e migrações7;

Aqui associam-se desemprego, trabalho decente e migrações, temas
distintos e pontuais. O desemprego está associado ao segundo tema. Para combater o
desemprego os países precisam investir em capacitação, pesquisa e desenvolvimento.
Também devem investir na facilitação para que novas empresas surjam. A redução das
excessivas cargas tributárias facilitaria em muito essas ações. As micro empresas são uma
solução fácil e rápida, da mesma maneira que os investimentos em atividades que empregam
mão de obra em abundância, como na construção civil. Outro aspecto é o da identificação da
vocação local. Por vocação local pode ser entendido o que as populações podem se dedicar
mais. Algumas dessas vocações surjem naturalmente e outras são criadas. Vemos o caso de
Gramado (RS), com sua vocação turística e de eventos. Novo Hamburgo (RS) para calçados,
Bento Gonçalves (RS) uva e vinho, Pelotas (RS) pêssegos e compotas em geral, Volta
Redonda (RJ) aço, Nova Friburgo (RJ) têxteis, Petrópolis (RJ) turismo histórico e roupas,
Ouro Preto (MG) turisco histórico, só para ficarmos nesses pouco exemplos e não
desconsiderando centenas de outras cidades. A partir do momento em que essa vocação é
descoberta, ou surge, os governos podem aprimorar seus mecanismos de intervenção e
implementar medidas de melhoria dos padrões, com a capacitação, a certificação, as
orientações técnicas, através da EMBRAPA, por exemplo.
O trabalho passa a ser decente quando as nações passam a ter leis rigorosas.
Como aplicá-las em muitos dos paises asiáticos ou africanos? Como combater no Brasil, que
aceita os migrantes bolivianos na capital econômica do País (São Paulo) para a produção de
peças de vestuário em condições sub-humanas? Isso é sempre motivo de reportagens
televisivas, sem a obrigatoriadade de citação de fontes. Basta assistir a televisão. Nos Estados
do Norte do Brasil há problemas sérios, inclusive os relativos à mutilação de pés em crianças
e jovens na produção da juta, durante o pisoteado da planta nas grandes máquinas de
desfibramento.
São inúmeros os casos de migrações populacionais motivadas pelas guerras,
pelos fenômenos naturais, como terremotos e tsunamis, implantação de empreendimentos
industriais de grande porte, além de uma série de outras razões. O migrante, ou seja, aquele
que migra de um local para outro, podendo ser de um bairro a outro, de uma cidade a outra, de

7

Traduzido de “Lotta Comunista”, nº 492, jul/ago 2011

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um estado a outro ou de um país a outro, termina causando uma série de transtornos, sócioeconômico-culturais nos locais para onde vão.
No delta do Mekong (parte da antiga Indochina) onde se encontram hoje os
países de Myanmar (50 milhões de habitantes), Tailândia (68 milhões de habitantes),
Camboja (15 milhões de habitantes), Laos (71 milhões de habitantes) e Vietnã (89 milhões de
habitantes), as contínuas migrações internas terminam por criar sérios problemas sociais, além
de onerar os países que as recebem. Essas migrações devem-se, em parte, a políticas
econômicas locais ou novos empreendimentos. Também podem ser associadas a questões
políticas e climáticas.
Com a implantação de novas tecnologias e a globalização, que muitas vezes
busca estabelecer empresas onde o custo da mão de obra ou de insumos seja mais baixo, como
se percebe na Europa nos dias de hoje, os administradores locais devem ter todo um
planejamento estratégico que antecede a concessão das autorizações para a implantação, vez
que a vinda de novas empresas ao invés de ser um excelente negócio a médio e longo prazo
passa a ser uma dor de cabeça, deixando atrás de si grandes problemas, principalmente os de
cunho social.
Ressaltam-se os problemas envolvendo a saúde pública, o aumento da
criminalidade e da prostituição, o aumento dos custos gerais produzidos pela crescente
demanda, e que quando essa cessa a redução dos custos não ocorre com a mesma velocidade e
proporcionalidade.
As empresas estão em contínua busca de mão de obra cada vez mais
especializada. Os clientes cobram reduções de custos cada vez maiores e os administradores
locais, prefeitos, governadores ou presidentes, buscam auferir divisas dessas atividades.
Ocorre muitas vezes que no local específico para a implantação do empreendimento não há a
mão de obra necessária e com a capacitação que se requer. As empresas, por outro lado, não
podem dispender tempo de capacitação de pessoal e nem de preparo dos ambientes, em
função dos orçamentos e cronogramas fixados que determinam uma data para o início da
produção.
Retardar-se a produção é o mesmo que retirar-se os resultados econômicofinanceiros. Na linguagem econômica tem-se o custo das oportunidades. Em razão disso,
percebe-se que na maioria das vezes passa a ser atribuído aos moradores locais o exercício das
funções menos nobres, sendo as demais repassadas a trabalhadores migrantes, principalmente
as funções gerenciais e operacionais, ou seja, aquelas com maior remuneração. Além disso, os
empreendimentos terminam trazendo sérios problemas sociais, com o encarecimento dos
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custos locais, carência de moradias, alterações nas características urbanas das cidades ao
redor, enfim, passam a existir várias questões que, na maioria das vezes fogem ao controle
dos legisladores locais.
Periodicamente ocorrem movimentos dito migratórios onde a migração se
dá dentro de uma mesma cidade, estado ou país. Esses movimentos terminam por não
representar aumentos populacionais aos países. Más há também aqueles onde as migrações
são entre países, como correu com a Nova Zelândia, Austrália, Canadá, entre outros, países
com baixo índice populacional e que precisavam de mão de obra para poder crescer. Tanto em
um quanto em outro caso as movimentações de pessoas não se dão em um mesmo tempo,
ocorrem lentamente, a menos que estejamos tratando de regiões com conflitos bélicos, como
atualmente na Síria, com populações fugindo para a Turquia.
O que preocupa os dirigentes locais é o que se denomina de infraestrutura.
Quando um local não possui a estrutura necessária capaz de absorver essas levas de mão de
obra passa a ter um desequilíbrio, pois, além de ter a obrigação de cuidar das populações
existentes passa a ter a responsabilidade de atender a novas demandas populacionais.
Outra questão que deve ser levada em consideração é a que diz respeito à
riqueza do País. Há migrantes que se estabelecem nos países ricos com o único objetivo de
conseguir qualquer emprego para poder enviar dinheiro para suas famílias que residem em
países mais pobres. Essa transferência de divisas é boa para os países mais endividados.
Foi o desenvolvimento capitalista que colocou em circulação e remexeu
populações que – com exceção das ligações e dos comércios limitados que caracterizaram de
qualquer forma a economia pré-capitalista – viviam essencialmente separadas e independentes
umas das outras. Ian Goldin, em seu recente trabalho sobre migrações mundiais, remonta a
essa época o início das grandes explorações (Colombo, Cortéz, Vasco da Gama) e fala de uma
era das explorações que liga entre elas as comunidades humanas em todo o mundo. Daqui
vieram o mercantilismo, o capitalismo e as migrações modernas.
Hania Zlotnik8 resumiu e comentou as teorias sobre as migrações
internacionais começando por Adam Smith, que era contra as limitações dos deslocamentos
de homens em vigor na Inglaterra do século XVIII. Esquematicamente: Zlotnik faz uma
distinção entre teorias “macro” (que são baseadas em fatores econômicos de push, ou seja,
que empurram a população e a força de trabalho de um país para outro, e de pull, que as
8
KRITZ, Mary M. e Hania ZLOTNIK (1992), “Global interactions: migration systems, processes, and policies”, in M.M. Kritz et al. (Ed.),
International Migration Systems. A Global Approach, Oxford, Clarendon Press, pp 1-16
KRITZ, Mary M., Lin L. LIM e Hania ZLOTNIK (Ed.) (1992), International Migration Systems. A Global Approach, Oxford, Clarendon
Press

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atraem de um país para outro) e teorias “micro”, que procuram explicar os fenômenos partir
das escolhas econômicas individuais do migrante e de sua família. O propósito dessas teorias,
que surgiram em grande número ao longo dos últimos trinta anos, seria o de prever
quantidades e fluxos das migrações para poder administrá-los mais facilmente. Podemos
resumir como principais fatores atratores ou repulsores:
• Qualidade de Vida;
• Segurança Familiar;
• Oportunidades de Trabalho;
• Facilidades de Moradia;
• Lazer;
• Saneamento básico, escolas, etc..
4) A economia do desenvolvimento sustentável, incluindo padrões sustentáveis de
produção e consumo;

O tema, também complexo, trata de padrões sustentáveis de produção e
consumo, como foco principal do problema, trazendo à reboque as questões da economia do
desenvolvimento sustentável. Mais uma vez criam-se temas generalistas e que terminam
sendo conflituosos. O Ser Humano precisa aprender a produzir e a consumir com critérios. Só
como exemplo, um simples escovar de dentes em casa pode representar um gasto que pode
chegar a 15 litros de água, se a pessoa não fechar a torneira. Um banho matinal de 15 minutos
pode representar 90 litros de água. O consumo é maior se observarmos o que comemos e o
que vestimos. A água é empregada em muitas etapas de praticamente todas as atividades
produtivas, seja na lavagem dos produtos, resfriamentos de processos, entre outras. Na cidade
de Joinville em Santa Catarina uma empresa de ônibus recicla quase que 80% de toda a água
utilizada na limpeza de sua frota de ônibus. Na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, um posto
de gasolina reutiliza a água empregada para a remoção do sabão na lavagem dos veículos para
a primeira limpeza dos próximos veículos. Em uma segunda ação, no horário de pique de
consumo de energia o posto utiliza um gerador a diesel em substituição a energia elétrica da
concessionária pública. Em outra ação, no projeto de um prédio de escritórios no centro da
cidade do Rio de Janeiro foi prevista uma “fabrica” de gelo para ser utilizado no sistema de ar
condicionado geral. À noite fabricava-se gelo. De manhã, com o gelo se transformando em
água gelada era inserido no circuito do sistema de ar condicionado. Podem ser ações isoladas?
Claro, mas são importantes. A auto geração de energia elétrica nas refinarias de petróleo, a
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construção de geradores eólicos e outras ações terminam, no conjunto geral, sendo
importantes. Hoje em muitas cidades europeias já se incentiva o telhado verde, com os
moradores plantando suas hortas, ou recolhendo a água das chuvas para reaproveitamento em
diversos fins.

5) As florestas;

No ano de 1854 (há autores que citam o ano de 1845), o presidente dos
Estados Unidos Franklin Pierce fez uma proposta de comprar grande parte das terras de uma
tribo indígena, oferecendo em contrapartida a concessão de uma outra "reserva". Essas terras
pertenciam às tribos Suquamish e Duwamish, comandadas pelo Chefe Seatlle (Ts'ial-la-kum),
(1786 / 1866), que reapondeu ao grande Chefe Branco da seguinte forma:
(...) Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe
Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra.
Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há
uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra.
O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que
fizer ao tecido, fará a si mesmo.
Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos
sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da
floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por
fios que falam.
∗

Onde está o arvoredo? Desapareceu.

∗

Onde está a águia? Desapareceu

É o final da vida e o início da sobrevivência.(...)9
Devemos iniciar essa série de reflexões conhecendo um pouco do que pensa
Molion (2009)10 quando diz: (...) Reflexões sobre o propalado aquecimento global deixam
9

Texto dado como escrito no ano de 1854 pelo Chefe Indígena "Chefe Sealth" (Ts'ial-la-kum), mais conhecido
como Chefe Seattle (1786 / 1866), líder das tribos Suquamish e Duwamish, ao presidente dos Estados Unidos
Franklin Pierce que havia feito uma proposta de comprar grande parte de suas terras, no que hoje é o estado
americano de Washington, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva". Esse texto tem
sido considerado, um dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio
ambiente.
10
Outra visão sobre o aquecimento global, por Luiz Carlos Baldicero Molion, Doutor em Meteorologia pela
Universidade de Wisconsin (estados Unidos) e Pós Doutor em Hidrologia de Florestas pelo Instituto de
Hidrologia de Wallingford (Inglaterra), em artigo publicado pela Scientific American Brasil Terra 3.0

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evidente que o clima do planeta é complexo e, sem exagero, resultante de tudo o que ocorre
no Universo. O fato de o aquecimento entre 1977 e 1998 ter sido provocado principalmente
pela variabilidade natural do clima não é um aval para a humanidade continuar a depredar
o meio ambiente. Ao contrário, considerando-se que o aumento populacional é inevitável, o
bom senso sugere a adoção de políticas públicas e práticas de conservação ambiental bem
elaboradas, destituídas de dogmatismos, e mudanças nos hábitos de consumo para que as
gerações futuras possam dispor de recursos naturais. A maior ameaça ao ambiente é a
miséria humana e uma distribuição de renda mais eqüitativa é imperativa. Essas ações não
dependem de mudanças climáticas e devem ser tomadas, independentemente de aquecimento
ou resfriamento global. (...)
(...) Um quadro complexo, além daquele que envolve as relações entre os
países é o que trata das questões econômicas, aflorando em cada uma das discussões, muitas
vezes não totalmente explícitas. Essas mesmas questões econômicas já se transformaram em
entraves em reuniões anteriores tratando das mesmas questões: mudanças climáticas, já que os
custos envolvidos podem ser realmente elevados. A principal questão que se apresenta, mas
não é levada à mesa das discussões, é o que fazer para se mudar o status quo. Sim, porque
mais do que a simples questão financeira, estão em jogo interesses comerciais e técnicos,
questões relativas à empregabilidade, e, por que não, o fato dessas ações serem em longo
prazo, onde os governantes que a implantam, ou plantam, não são os mesmos que colhem os
resultados. Muitas das nações envolvidas, vítimas de todo esse processo, pois permitiram ou
foram vítimas das explorações predatórias comandadas pelas nações ditas desenvolvidas,
procuram, nessas discussões, obter algum tipo de ganho.
Bornéu, a terceira maior ilha do mundo, com uma riqueza imensa de
espécies vegetais e animais, com uma extensão territorial um pouco maior que o tamanho de
Minas Gerais somado ao de Pernambuco, praticamente não tem mais florestas primárias. Em
menos de 100 anos só sobrou 10% das florestas. A madeira explorada era enviada para a
Europa, e em seu lugar foi plantado o Dendê para a extração do óleo, produção praticamente
toda exportada. Não será essa uma questão de má gestão ambiental?
No Brasil, um projeto denominado “Fordlandia”11 com o apoio do governo
do Estado do Pará, destinou uma grande extensão de terras para uma multinacional, a fim de
que essa pudesse se abastecer de látex, empregado na produção de pneumáticos. Depois de

11

Fordlândia foi o nome dado a uma gleba de terra adquirida pelo empresário norte-americano Henry Ford,
através de sua empresa Companhia Ford Industrial do Brasil, por concessão do Estado do Pará, por iniciativa do
governador Dionísio Bentes e aprovada pela Assembléia Legislativa, em 30 de setembro de 1927. A área de
14.568 km2 fica próxima a cidade de Santarém, no estado do Pará, às margens do Rio Tapajós.

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grandes somas de recursos investidos o projeto naufragou, pois não havia o necessário
conhecimento do comportamento da floresta amazônica, à época. Também não será essa uma
questão de má gestão ambiental?
Também no Brasil vários outros projetos tiveram finalidades semelhantes,
com resultados não muito satisfatórios. Um desses gerou uma guerra fraticida, conhecida com
a Guerra do Contestado12, no Estado de Santa Catarina, um conflito armado entre a população
cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de
1912 a agosto de 1916, numa região rica em erva-mate e madeira disputada pelos estados
brasileiros do Paraná e de Santa Catarina. A região fronteiriça entre os estados do Paraná e
Santa Catarina recebeu o nome de Contestado devido ao fato de que os agricultores
contestaram a doação que o governo brasileiro fez aos madeireiros e à Southern Brazil
Lumber & Colonization Company. O principal ponto da discórdia foi o fato do governo haver
desconhecido os direitos da população ali existente, e doado a terra, antes ocupada por essa,
para uma empresa estrangeira em troca da construção de uma estrada de ferro. A paga se daria
com a comercialização da madeira extraída, as araucárias, que hoje praticamente não mais
existem na região.
Na China, grandes florestas foram substituídas por plantações de bambu.
Será que isso não nos lembra nosso passado no Brasil, ou o dos demais países da América do
Sul também explorados, e porque não os países africanos? Pois bem, nessas horas de
acusações mútuas sobre quem polui mais ou menos e sobre quem tem a obrigação de agir e
quem não tem sobre quem tem o direito de receber e quem tem que pagar a conta, os acordos
são difíceis.
Não há uma uniformidade de pensamento sobre como resolver as questões
do aquecimento global, as ações mitigadoras necessárias, os prováveis impactos econômicosociais, os custos necessários e os esforços que deverão ser empreendidos pelas nações, e
muito menos se o Homem é realmente réu neste processo, ou seja: será o Homem responsável
pelas alterações que estão sendo observadas no clima do Planeta? Os cientistas ainda discutem

12

Após a conclusão das obras do trecho catarinense da estrada de ferro São Paulo-Rio Grande, a companhia
Brazil Railway Company, que recebeu do governo 15km de cada lado da ferrovia, iniciou a desapropriação de
6.696km² de terras (equivalentes a 276.694 alqueires) ocupadas já há muito tempo por posseiros que viviam na
região entre o Paraná e Santa Catarina. O governo brasileiro, ao firmar o contrato com a Brazil Railway
Company, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras. "A área total assim
obtida deveria ser escolhida e demarcada, sem levar em conta sesmarias nem posses, dentro de uma zona de
trinta quilômetros, ou seja, quinze para cada lado". Isso, e até mesmo a própria outorga da concessão feita à
Brazil Railway Company, contrariava a chamada Lei de Terras de 1850. Não obstante, o governo do Paraná
reconheceu os direitos da ferrovia; atuou na questão, como advogado da Brazil Railway, Affonso Camargo,
então vice-presidente do Estado.

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a troca de créditos de carbono pela implantação de florestas jovens, porque essas consomem
mais oxigênio do que transformam o gás carbônico.
O homem, desde os seus primórdios é um destruidor nato. Seja através das
árvores abatidas para a construção de suas moradias, ou para queimar nas fogueiras, na caça
para alimentação, proteção ou vestuário, na construção de seus barcos, e em quase tudo o que
faz para sobreviver. Nas guerras as grandes máquinas capazes de por abaixo as muralhas eram
de madeira retirada das proximidades. No império romano, os soldados ao se retirarem de um
local derrubavam tudo aquilo que pudesse ser transformado em pontes, catapultas, aríetes,
flechas e tudo o mais pelos seus inimigos, era a política da terra arrasada, tão bem praticada
em todas as guerras. Muitos dos países europeus já não tinham nem 50% de suas florestas
primárias há 500 anos. Uma caravela para cruzar o oceano poderia significar a derrubada de
quase 200 árvores, entre as empregadas na própria embarcação, as utilizadas no apoio e na
rolagem dos barcos para os rios, as empregadas no mobiliário e outros fins. (...) (Navarro,
2011)

6) Alimento, nutrição e segurança;

Há debates envolvendo a fome, principalmente no continente africano,
questionamentos também acerca da ocorrência dos fenômenos naturais que causam milhares
de vítimas. São os vulcões ativos, terremotos e maremotos, furacões e tornados. Todas essas
ocorrências naturais têm provocado um repensar sobre o amanhã. Além desses, a miséria
extrema pela qual passam quase um bilhão de pessoas, que vivem com menos de 2 US dólar
por dia, também é razão de muitos questionamentos. Enquanto esse largo contingente passa
fome há desperdícios de alimentos em muitas partes do Globo, sejam esses pelo excesso de
manipulação ou das condições das colheitas, perdas localizadas durante o transporte ou
armazenagem, e outras. Em alguns momentos o percentual dessas perdas pode chegar a mais
de 2% de tudo o quanto é colhido.
As condições climáticas são desfavoráveis ao cultivo de alimentos para toda
essa população, em muitas das regiões do nosso pequeno mundo. Os combustíveis fósseis
estão com os seus dias contados, o efeito estufa prejudica-nos, o buraco de ozônio continua aí
provocando transtornos, e, com todo esse cenário pessimista, ou muitas vezes alarmista, o
Homem segue sem rumo navegando nesse mar de intranqüilidade e incertezas, sem saber o
que será do próprio planeta e da raça humana no futuro. Isso sem falar no aquecimento global,
com o desprendimento de icebergs maiores do que muitos países, errantes pelos mares, e o
24 / 30
encolhimento da camada de gelo em muitos glaciares. A falta de conhecimento por parte da
população tem provocado uma ressonância muito maior desse eco de reclamações.
A desertificação dos campos e florestas deslocou a maior massa migratória
na história do mundo. Na virada do século, mais de metade da população viverá em áreas
urbanas. A quantidade de terra tornada improdutiva pela desertificação anualmente no mundo
é de aproximadamente 21 milhões de hectares. O percentual da terra no mundo que sofre
desertificação é de cerca de 29%. As monoculturas amplamente praticadas pelos principais
países termina por centralizar grandes áreas agriculturáveis nas mãos de um pequeno número
de agricultores. Reverter-se esse quadro hoje é impossível. Assim, resta para aqueles que não
tem onde plantar, buscar subempregos para poder alimentar suas famílias. A existência dos
“boia frias”, trabalhadores avulsos que na época da safra cortavam cana, foram substituídos
por máquinas com elevada produtividade. Mais uma vez ressalta-se que a modernidade, a
redução dos custos para participar do mercado exportador requer novas tecnologias que
reduzem os efetivos de mão de obra.

7) Energia sustentável para todos;

O tema energia sustentável para todos, é uma falácia, começando pelo título.
Em primeiro lugar, a sustentabilidade não é total e sim parcial. Em segundo lugar, as
concepções não menos recentes de doar células captoras de luz solar para as residências, em
alguns lugares da Europa, já se manifestaram inócuas. Nos devemos ter uma matriz energética
bem dimensionada e conveniente aos recursos dos países. Por exemplo, no Brasil ainda há
elevado potencial de produção de energia hidrelétrica. O mesmo não ocorre em muitos outros
países que precisam de energia alternativa. Dentre todas, a “mais limpa” é a energia nuclear.
Contudo, os episódios recentes do Japão, mostraram a todos que os projetos precisam ser
revistos, e não que essa fonte de energia seja eliminada. A energia eólica tem se mostrado
bastante interessante para os países, principalmente pelo baixo custo. Porém, mais uma vez,
para se montar geradores eólicos devem-se ter correntes de ventos que fluam na região
produzindo a energia necessária para o propósito. Ainda não se tem como afirmar qual é a
melhor forma de geração de energia elétrica. Provavelmente, coletores de luz solar em regiões
desérticas seja uma solução. Em outros países as termoelétricas a carvão ainda são
abundantes, porque nesses países há muito carvão mineral. As termoelétricas a gás são outra
forma de geração interessante. Mas, fica dependente da existência de jazidas com reservas que
possibilitem o emprego do gás por décadas. As soluções que servem para um país muito
25 / 30
provavelmente não serve para todos os demais. O que se percebe é o interesse de instituições
para o desenvolvimento de geração alternativa, como a promovida pelo movimento das
marés. Este é um tema bastante complexo e técnico que não deverá ser consensado a médio
prazo. Há muitas empresas, dentre essas a Petrobras, que produzem e chegam a exportar,
internamente, os excedentes da energia elétrica. Essa produção decorre do melhor
aproveitamento dos processos produtivos. Como não há nenhum processo onde haja o
aproveitamento de 100% da energia despendida, os desperdícios podem ser transformados em
outras formas de energia. O que era o bagaço da cana moída, para extração da garapa e a
produção de álcool e açúcar, hoje é empregada em caldeiras e produz energia elétrica para as
próprias empresas. Nesse aspecto o governo brasileiro tem incentivado a co-geração de
energia elétrica e temos hoje, uma rede que abrange quase todo o país, de sorte que, quando
uma hidrelétrica produz menos energia porque choveu menos na região, essa passa a ser
abastecida pela energia gerada em outras regiões. Este é um bom exemplo a ser seguido.

8) Água;

Muito se propala que a água potável do mundo irá acabar. Será? Nos
padrões atuais os níveis de desperdícios no consumo de água são elevados. As fontes desses
recursos estão sendo deterioradas, com as nascentes eliminadas, as matas ciliares substituídas
por plantios agrícolas, a larga extração da água para a irrigação das lavoras, e, o que é pior, o
lançamento de resíduos perigosos utilizados nos herbicidas nos rios e a penetração dos
mesmos nos aquíferos. Há muitos aquíferos dispersos pelo mundo. O Aquífero Guarani tem
extensão total aproximada de 1,2 milhões de km², sendo 840 mil km² no Brasil, 225,500 mil
km² na Argentina, 71,700 mil km² no Paraguai e 58,500 km² no Uruguai. A porção brasileira
integra o território de oito Estados: MS (213.200 km²), RS (157.600 km²), SP (155.800 km²),
PR (131.300 km²), GO (55.000 km²), MG (51.300 km²), SC (49.200 km²) e MT (26.400 km²).
As reservas permanentes de água são da ordem de 45.000 km³ (ou 45 trilhões de metros
cúbicos), considerando uma espessura média aquífera de 250m e porosidade efetiva de 15%, e
correspondem à somatória do volume de água de saturação do Aquífero mais o volume de
água sob pressão. No interior de São Paulo há alguns afloramentos do aquífero. Nesses já se
percebe poluição das águas. Além disso, a intensa exploração da água para vários fins pode
reduzir o tempo de sobrevivência do mesmo, apesar de seu enorme volume. O Guarani tem
um volume de água armazenada equivalente a uma vez e meia do volume de água do Lago do
Baikal, na Rússia, que com 636 km de comprimento e 80 km de largura, é o maior lago de
agua doce da Ásia, o maior em volume de agua do mundo, o mais antigo (25 milhões de anos)
26 / 30
e o mais profundo da terra, com 1680 metros de profundidade. Outro lago, o Mar de Aral, que
representava um potencial de água para as populações ribeirinhas, teve entre 1989 e 2008 uma
perda de 90% de seu tamanho e volume de água, isso porque as nascentes dos dois principais
rios afluentes ficam nas altas montanhas do sistema do Himalaia e distanciam cerca de 2.000
km da foz. Ao longo desse percurso os rios cortam quatro países (a saber: Afeganistão,
Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão), tornando-se preciosa fonte de recursos naturais,
com grande variedade biológica, em meio ao clima desértico. A indústria pesqueira era a
principal atividade econômica da região. No século XX os dois rios passaram a receber lixo,
esgoto e poluentes com o desenvolvimento das comunidades próximas, e foram alvo de
sucessivas drenagens pelo governo soviético das repúblicas da Ásia Central. A partir de 1920
o fluxo dos rios diminuiu consideravelmente, até que se chegou quase que ao
desaparecimento do lago.
Quando se trata de água para a provisão humana, deve-se avaliar a
preservação dos rios e suas nascentes, os lagos, aquíferos e outras formas de contenção da
água como as represas e açudes. Se não houver o controle do uso desses recursos dificilmente,
ou a um elevado custo eles poderão ser aproveitados no futuro, vide as represas de
Guarapiranga e Billings em São Paulo, entre tantas outras, com grande poluição.
Considerando que as demandas totais de água no mundo são da ordem de
6.000 km3/ano, divididas em 10% para uso doméstico, 20% para uso industrial e 70% para a
agricultura, se houver uma redução de apenas 10% da água para a agricultura, através de
novas tecnologias, já se poderia dobrar a oferta para a população mundial. (FAO, 2.000). No
Estado do Pará, nas proximidades da cidade de Santarém foi descoberto um aquífero que,
segundo os pesquisadores das universidades federais do Pará e do Ceará, que vêm
desenvolvendo estudos há alguns anos, pode conter uma reserva de água da ordem de 86.000
km3, superando em quase duas vezes o Aquífero Guarani. O nome desse aquífero é Alter do
Chão. O Brasil tem mapeamentos de outros aquíferos importantes, no Piauí, Maranhão e
Acre/Amazonas. Essas reservas ainda não foram totalmente mapeadas e avaliadas. Com isso,
se demonstra que cuidar dos recursos hídricos não é somente tratar de rios, riachos, nascentes,
açudes, barragens, entre outros, mas também entender que há enormes recursos “estocados”, a
alguns intocáveis em muitas regiões do Brasil. Ocorre que não se pode fazer com esses
recursos.
Nos Estados Unidos, segundo um estudo da BBC Mundo (2003), verificouse que o maior aquífero desse país, o Ogallala, está empobrecendo a uma taxa de 12 bilhões
de m3 ao ano. A redução total chega a uns 325 bilhões de m3, um volume que iguala o fluxo
27 / 30
anual dos 18 rios do estado do Colorado. O Ogallala se estende do Texas a Dakota do Sul e
suas águas alimentam um quinto das terras irrigadas dos Estados Unidos. Muitos fazendeiros
nas pradarias altas estão abandonando a agricultura irrigada ao se conscientizarem das
consequências de um bombeamento excessivo e de que a água não é um recurso inesgotável13.

9) Cidades sustentáveis e inovação;

De acordo com Santos & Machado (2004), (...) Indubitavelmente a
sociedade atual caracteriza-se pelo avanço técnico-científico e informacional que lhe confere
peculiaridades nunca antes imaginadas. É predominantemente urbana, da comunicação
instantânea, das distâncias reduzidas, da robótica, da cibernética. Em contrapartida, é a
sociedade do ter em detrimento do ser, da rapidez frenética, da competição acirrada, e, porque
não dizer, marcada por profundas crises. Essas crises refletem objetivamente a esgotabilidade
de um processo produtivo que, ao expandir-se globalmente, escancara sua face perversa,
através de várias formas de degradação sócio-ambiental. Assim, há duas questões-chave que
se apresentam (...) produzir de forma sustentada, não esquecendo que há o dever ético de
garantir o abastecimento para as futuras gerações, e (...) e desenvolver mecanismos eficientes
para acabar com a miséria absoluta de cerca de 20% da população mundial. (...)
O despertar da humanidade já se iniciou, pois é inegável que nas últimas
décadas demos alguns passos em direção a uma nova postura diante do Planeta e seus
recursos. Com certeza as questões ambientais ganharam espaço no Primeiro Encontro
Mundial sobre o Meio Ambiente em Estocolmo, Suécia, em 1972, eclodindo na Conferência
das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio-92 ou
Cúpula da Terra. Esses encontros constituíram um marco definitivo na longa batalha para
aumentar a tomada de consciência internacional quanto à verdadeira natureza e escala da crise
ambiental, embora muitos estudiosos afirmassem que deram origem a acordos fracos e
inexpressivos, incapazes de mudar a conduta das nações. Esse despertar talvez tenha sido o
mais importante resultado da Rio-92, como nos diz Oliveira e Machado (op. cit.): “da mesma
forma que as primeiras fotos da Terra flutuando no espaço sobre o horizonte da Lua
provocaram profunda mudança na maneira de perceber nosso planeta, a Rio - 92 provocou
profunda mudança na maneira pela qual as nações do mundo passaram a encarar suas relações
e responsabilidades mútuas”.
13

Texto extraído do site:
http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/geografia/geografia_geral/hidrografia/brasil_aquifero_4, contido
na página UFRGS / site www.oaquiferoguarani.com.br

28 / 30
10) Oceanos.
(...) Enquanto o aquecimento global derrete a calota polar, cinco países
competem no mapeamento de novas fronteiras energéticas. As apostas são altas: um quarto
das últimas reservas de petróleo e gás natural pode estar sob o leito oceânico dessa vastidão
inexplorada.

(Oceano

Ártico

-

Revista

National

Geographic

Brasil

-

1

http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-110/oceano-artico-450494.shtml) (...)
Uma das grandes preocupações que as nações têm que ter é com a
preservação da qualidade dos oceanos. O aquecimento global como um todo pode elevar os
níveis dos oceanos, afetando grande parte das cidades que ficam nos litorais. Por outro lado,
há a exploração desenfreada dos recursos oferecidos pelos oceanos. Na Ásia, ainda continuam
as pescas com o emprego de cargas explosivas, destruindo os atóis de coral. A Grande
barreira de Corais, com seus mais de oito mil quilômetros de extensão é uma das grandes
absorvedoras do carbono que se deposita nos oceanos. As pescas predatórias com longas
redes sendo arrastadas por embarcações dizimam as espécies de peixes. Os pescadores partem
então para dizimar espécies em outras regiões. A exploração do petróleo produz desastres
ambientais, com os vazamentos acidentais. Enfim, devem existir regras que disciplinem o uso
e o aproveitamento dos oceanos em prol da humanidade. Nos países asiáticos, espécies já
foram dizimadas em nome do tabu. Tubarões são abatidos para sopas de barbatanas. As
perdas são irremediáveis. As tartarugas por pouco não já se transformaram em espécies
extintas. As baleias Jubarte quase foram extintas, tudo em nome da obtenção de alimentos
para populações cada vez mais famintas.
(...) São quatro espécies de baleias que correm risco de extinção, de um total
de 13 existentes no planeta: a baleia azul (Balaenoptera musculus), a cinza (Eschrichtius
robustus), a franca do norte (Eubalaena glacialis) e a bowhead, ou cabeça-redonda (Balaena
mysticetus). Isso, porém, não significa que as nove espécies restantes estejam em situação
confortável - muito pelo contrário. Apesar de a pesca estar proibida desde 1985, todas elas
continuam correndo sério risco de literalmente sumirem do mapa, segundo o Greenpeace,
principal organização mundial de defesa do meio ambiente. O animal foi tão perseguido pelo
homem ao longo dos últimos nove séculos que precisaria de muito mais tempo e proteção
para recuperar o número normal da sua população. Só no século XX, foram mortas mais de 2
milhões de espécimes. O risco de extermínio se agrava ainda mais devido ao fato de o ciclo de

29 / 30
reprodução ser extremamente lento: em média, uma fêmea tem apenas um filhote a cada três
anos14. (...)

Citando Milton Santos (1994), conclui: “Pelo simples fato de viver, somos
todos os dias, convocados pelas novíssimas inovações, a nos tornarmos, de novo, ignorantes,
mas também, a aprender tudo de novo”.

14

Yuri Vasconcelos, Quais são as baleias mais ameaçadas de extinção?, disponível em http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-saoas-baleias-mais-ameacadas-de-extincao

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Rio + 20 será que estaremos mais próximos de um sucesso

  • 1. RIO±20: Será que estaremos mais próximos do sucesso? Engº Antonio Fernando Navarro1 RESUMO Este paper baseia-se, em parte do documento que recebeu o título de: Aquecimento Global: Armagedon ou um caso de Indulgência Ambiental?2, quando então se tratavam de políticas voltadas para a redução do aquecimento global, tendo como uma das estratégias a negociação de “créditos de carbono”, que passou a ser, de certa maneira, uma moeda de troca. No artigo questionávamos a medida de troca pelos poluidores, já que os países que eram considerados poluidores poderiam continuar suas atividades, por certo período, já que “trocavam” parte dessa poluição por ações desenvolvidas em outros países, daí a razão de complementarmos o título com a expressão de Indulgência Ambiental. A partir dessa visão, passamos a buscar uma associação com o evento RIO+20, que se propõe a definir, redefinir, impor, compor, ou qualquer outra palavra que seja melhor aplicada, regras para que os países signatários as cumpram e a vida em nosso pequenino planeta denominado Terra, terra uma sobrevida, com a conhecemos hoje. A RIO+20 é uma extensão de seguidas rodadas de negociações que começaram em 1972, e até hoje não tiveram nem seus objetivos e nem as metas atendidas. A questão, como transparece a todos é mais político-econômica do que de preservação do meio ambiente. Tudo é possível desde que não prejudique a balança comercial dos principais países envolvidos. A RIO+20 vem, como proposta básica, consolidar ou buscar um consenso de todas as medidas propostas nas rodadas entre os países, visando a uma solução para a crise que se avizinha, da degradação das condições de vida em nosso Planeta, pelo fato de que os níveis de crescimento e de industrialização dos países termina por acelerar o processo da deterioração da qualidade de vida e da própria existência de nós, os Seres Humanos. Nos últimos anos os principais países do mundo estiveram reunidos na capital da Dinamarca discutindo uma série de ações para reduzir o “aquecimento de nosso Planeta”. Conhecidas como COP-15 (Copenhague - 2009), COP-16 (Cancún - 2010) e COP- 1 Antonio Fernando Navarro é físico, engenheiro civil, engenheiro de segurança do trabalho, mestre em saúde e meio ambiente, doutorando em engenharia civil, especialista em gerenciamento de riscos, engenheiro e professor da Universidade Federal Fluminense – UFF/RJ – email: navarro@vm.uff.br; afnavarro@terra.com.br. 2 NAVARRO, A.F. Aquecimento Global: Armagedon ou um caso de Indulgência Ambiental?, Revista eletrônica Opinião.Seg, nº 5, agosto de 2011, pp. 62-94, Editora Roncarati, São Paulo, 2011.
  • 2. 17 (Durban - 2011), as diferenças entre os resultados desses encontros internacionais, envolvendo grande número de nações não são grandes. O protocolo de Kioto, único instrumento vinculante, com força legal, esgota-se em 2012. Suas metas são modestas e não atingem nem a 30% do que seria necessário para reduzir os impactos nas emissões globais. Se por um lado têm-se as nações ditas mais ricas, o G7, posteriormente transformado em G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá, todas do antigo G7, mais a Rússia), por outro lado têm-se aquelas que buscam seus lugares ao sol, ou as BRICs, (BRICS é um acrônimo que se refere aos países membros fundadores (Brasil, Rússia, Índia e China) e à África do Sul, que juntos formam um grupo político de cooperação). Por fim tem-se um grande número de nações, a maioria explorada durante centenas de anos por aquelas ditas ricas. Diga-se de passagem, que o propósito desses grupos é mais para e exercício das pressões político-econômicas. Essas explorações das riquezas minerais e vegetais foram muito profundas e devastadoras, deixando como resultado uma pequena minoria rica e em contraponto uma imensa massa de populações abaixo da linha de pobreza, que chega a “viver” com menos de dois dólares por dia. As nações assim consideradas e o percentual de suas populações afetadas são as seguintes: 1 Chade 80%; 2 Haiti 80%; 3 Libéria 80%; 4 Congo-Kinshasa 71%; 5 Serra Leoa 70%;2 6 Moçambique 70%; 7 Nigéria 70%; 8 Suriname 70%; 9 Gaza Strip 70%; 10 Suazilândia 69%; 11 Zimbabué 68%; 12 Burúndi 68%; 13 Honduras 65%; 14 Zâmbia 64%; 15 Níger 63%; 16 Ruanda 60%; 17 Comores 60%; 18 Guatemala 56.2%; 19 Namíbia 55.8%; 20 Senegal 54%; 21 São Tomé e Príncipe 54%; 22 Tajiquistão 53%; 23 Malávi 53%; 24 Madagáscar 50%; 25 Quénia 50%; 26 África do Sul 50%; 27 Eritreia 50%. 3 Dessas 27 nações, quase todas no Continente Africano, percebem-se algumas semelhanças como: quase todas são estruturadas em tribos, todas foram objeto de cobiça dos conquistadores europeus que permaneceram ali explorando os recursos naturais enquanto esses existiam em abundância. Com as saídas dos conquistadores pouco restou às populações para suas sobrevivências, na medida em que não tiveram as chances de adquirir o conhecimento necessário para tal. Muitas dessas nações são habitadas por povos nômades que transitam em busca de melhores condições de sobrevivência. Ainda há explorações dessa natureza, em várias partes do mundo, e subempregos, que não possibilitam que os trabalhadores tenham uma adequada qualidade de vida. Em muitos momentos, as migrações em um mesmo país ou entre países limítrofes 3 Fonte: http://www.indexmundi.com/g/r.aspx?v=69&l=pt 2 / 30
  • 3. termina por produzir, para os migrantes sem capacitação, com uma vida marginal à coletividade, aumentando o número daqueles que habitam as comunidades ou as habitações subnormais, também ditas “favelas”. Nesse caso a comunidade como um todo é prejudicada com o comprometimento da saúde social, transporte e em outros aspectos. No mês de junho o Brasil sediará a RIO+20, que pretende ser um evento baseado na Rio-92, alinhando as questões ambientais discutidas até hoje em vários encontros internacionais. Para tal, é proposta uma pauta com dez temas para debates, com base na relevância para a promoção do desenvolvimento sustentável. Os temas são os seguintes: 1) Desenvolvimento sustentável para combater a pobreza; 2) O desenvolvimento sustentável como uma resposta à crise económica e financeira; 3) Desemprego, trabalho decente e migrações; 4) A economia do desenvolvimento sustentável, incluindo padrões sustentáveis de produção e consumo; 5) As florestas; 6) Alimento, nutrição e segurança; 7) Energia sustentável para todos; 8) Água; 9) Cidades sustentáveis e inovação; 10) Oceanos. Neste artigo traçam-se prognósticos para o final do evento, tendo como certeza que até onde o poder de destruição alcança pode ser um exercício de futurologia, mas o vislumbre do futuro associado à degradação é quase que uma certeza. Palavras-chave: Mudanças Climáticas; Aquecimento Global; Degradação Ambiental; Efeito Estufa; Meio Ambiente; Sustentabilidade Ambiental; Desenvolvimento Sustentável. 3 / 30
  • 4. INTRODUÇÃO: A Terra é terceiro planeta do sistema solar, com uma estrela de 5ª grandeza. Os quatro menores planetas (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) são conhecidos como planetas telúricos ou sólidos, encontram-se mais próximos do Sol e são compostos principalmente de metais e rochas. Estima-se que tenha uma idade de 4,6 bilhões de anos e que se destruirá, com o colapso contro o Sol daqui a 4 bilhões de anos. O tempo de existência da vida humana no Planeta é infenitesimal em relação à idade do planeta. O Planeta já passou por maus momentos, quando um asteróide o atingiu, na Planície de Yacatan e destruiu boa parte da vida sobre a Terra. Isso faz parte da história. A vida sobre o planeta Terra quase desapareceu há 250 milhões de anos, após uma gigantesca colisão entre o planeta e um asteroide. A afirmação é de uma equipe de pesquisadores americanos na revista Science (fev/2001). Uma colisão de dois asteroides entre Marte e Júpiter, há 160 milhões de anos, enviou enormes rochas na direção da Terra, incluindo uma que levou à extinção dos dinossauros, disseram cientistas nesta quarta-feira. Isso explicaria um dos fatos mais impressionantes da história da vida na Terra - a queda de um meteorito de 10 km de diâmetro na península do Yucatán (sudeste do México), 65 milhões de anos atrás. Essa catástrofe acabou com os dinossauros, que haviam dominado o mundo por cerca de 165 milhões de anos, e outras formas de vida. Esse vácuo, segundo especialistas, propiciou o desenvolvimento dos mamíferos e, mais tarde, do ser humano. O impacto deve ter provocado um cataclismo ambiental em todo o mundo, expelindo enormes quantidades de rocha e poeira nos céus, provocando gigantescos tsunamis e incêndios globais. Isso teria feito com que a Terra passasse anos na escuridão. (http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1882821-EI302,00.html) Apenas nessas duas notícias percebe-se que nosso Planeta não é imune a sofrer danos provenientes do Universo. Também se pode compreender que internamente há muita energia no Planeta, muitas vezes expelida através de vulcões e de movimentação das placas tectônicas, também gerando danos. O Ser Humano, em sua pequenez em relação ao Planeta também é capaz de causar danos ao Planeta. O dano será proporcional à quantidade de pessoas que provocam a destruição. Não é um movimento único e isolado. Eu faço a minha parte. Quantas vezes nós já não ouvimos esta frase? Talvez centenas de vezes não é? E o que isso significa? Para o Planeta nada ou quase nada. Se nós temos problemas em consensar muitas questões em nossos lares, prédios, clubes, cidades, e estados, o que dirá com outros países, quando então o ponto discrepante é o dos interesses econômicos? 4 / 30
  • 5. Produzir sem resíduos é uma tarefa impossível. O possível é maximizar a reutilização dos resíduos de modo que esses sejam menos prejudiciais ao Meio Ambiente. Para isso, há que se investir muita tecnologia e recursos financeiros. Quanto maior for a tecnologia empregada maior será a possibilidade de redução da mão de obra. Assim, resolvese uma questão e cria-se outra, social, com o aumento do desemprego. Encontrar-se o equilíbrio ou o meio termo não é tarefa nada fácil. Com as economias dos países fragilizadas e a elevação das taxas de desemprego, quem irá se atrever a propor mudanças que onerarão ainda mais os consumidores, com os custos das mudanças repassadas nos preços dos produtos e a manutenção ou ampliação do desemprego? Não se está falando em mudar equipamentos, mas sim tecnologias e processos. Para isso os técnicos devem investir longos períodos de pesquisa e desenvolvimento. E aqui cabe uma questão: será que as nações aplicam os recursos necessários para as áreas de pesquisa e desenvolvimento? (...) Diante dessa grande divergência de pensamentos apresentam-se algumas considerações sobre o tema, de modo que o próprio leitor possa tirar suas conclusões à respeito. O que é importante é que o Planeta está atravessando uma fase crítica onde as principais vítimas terminarão sendo os humanos que o habitam e todas as demais formas de vida. Assim, devem ser estabelecidas ações que por menores que sejam busquem o equilíbrio da natureza. Em primeiro lugar a lógica recomenda o trabalho conjunto e a criação de mecanismos que não provoquem mais estragos do que os atuais e, ao mesmo tempo, que possibilitem uma recuperação mais rápida da natureza. Qual o custo disso? Com certeza haverá custos enormes, porém menores do que os gastos para salvar as instituições financeiras no início do ano de 2009, que representou alguns trilhões de dólares para salvar empresas, causando grandes transtornos na economia global. Contudo, qualquer que seja esse custo isso representará a continuidade da vida como a conhecemos hoje, ou seja, os benefícios serão sempre maiores do que os custos envolvidos. (...) (NAVARRO) O mais difícil quando se lê o texto RIO+20 promovido pela United Nations Conference on Sustainable Development. http://www.uncsd2012.org/rio20/index.php?page=view&nr=596&type=13&menu=23, Disponível no site é associar-se os temas apresentados para que se chegue a um prognóstico favorável. Efetivamente, o Aquecimento Global é um elo que permeia cada um dos temas. Contudo, talvez não seja o elo mais forte. A grande quantidade de temas para discussão já revela que mesmo que possam existir elos idênticos entre os mesmos, não haverá tempo suficiente para um debate consensado, e, o que é pior, também não se tem qualquer expectativa de que todos os países 5 / 30
  • 6. participantes e signatários sigam as mesmas regras e posturas sugeridas. As questões relacionadas a “aquecimento global”, “sustentabilidade” e “preservação ambiental” são motivo de muitas discussões em todas as reuniões dos países”. Muitas são as razões para que se pense dessa forma. Cada um desses países vem com expectativas distintas e necessidades distintas. Todos têm seus problemas, sejam políticos, sociais, econômicos, financeiros, enfim, possuem seus problemas e esses devem ser resolvidos, em primeiro lugar, pelos próprios países. O Fórum onde ocorrerá a RIO+20 não se presta a resolver os problemas nos “quintais dos outros”, mas sim propor ações globais no interesse de todos. (...) Quando uma palavra se toma tão popular que começa a pipocar em todos os lugares, em todo tipo de contextos minimamente relacionados, ou até mesmo nos não relacionados, isso quer dizer uma de duas coisas: ou ela se tomou um clichê sem sentido ou tem uma consistência conceitual verdadeira. "Ecológico" (ou, pior ainda, "virar ecológico") cabe inteiramente na primeira categoria, Mas "sustentável", que à primeira vista remete a um sentido igualmente vago de virtude ambiental, pertence à segunda. É verdade que ouvimos a palavra se referindo a qualquer assunto, de carros à agricultura e à economia. Isso ocorre, porém, porque o conceito de sustentabilidade é, em essência, tão simples, que se aplica legitimamente a todas essas áreas e a outras ainda. Mas, apesar da simplicidade, sustentabilidade é um conceito que faz as pessoas quebrarem a cabeça. Para ajudar nesta tarefa, consultamos vários especialistas no assunto para descobrir quais são os tipos de malentendidos mais frequentes. O resultado é este artigo sobre os dez maiores mitos sobre a sustentabilidade. E, após essa introdução, fica claro qual mito deveria ser o primeiro (...).4 A Sustentabilidade passou, de repente, a ser o lugar comum e ser um dos primeiros itens das pautas de discussões não só dos grandes conglomerados, como também dos países, isso tudo iniciado com a publicação de relatórios do IPCC que davam como certo que nós, os humanos, estávamos acelerando um processo de aquecimento global e que, no ritmo em que as coisas estavam em 50 anos o nível dos mares iria crescer e inundar boa parte das cidades costeiras, e aí segue. Em uma revista complementar ao Jornal O Globo de 22 de dezembro de 2011, sob o título Planeta Terra, que trata das questões a serem discutidas na COP-17 (Durban), em artigo de Claudio Motta, pp.12-13, expõe alguns tópicos sob o título Sinais Vitais do Planeta: • A temperatura global da Terra aumentou 0,83ºCelsius desde 1880; • O nível dos oceanos subiu 3,27mm desde 1992; 4 Por Michael D. Lemonick (Revista Scientific American Brasil – Terra 3.0 – ed.1) 6 / 30
  • 7. • A camada mínima de gelo sobre o Oceano Ártico diminuiu 11,5% por década; • A concentração de CO2 na atmosfera é de 391 ppm, quando o ideal seria < 350 ppm (partes por milhão); • O buraco de Ozônio tem 27 milhões de quilômetros quadrados. Essas informações ditas sob a forma de drops, sem estarem inseridas em um contexto técnico passam a mensagem ou idéia de que estamos em perigo iminente. Por exemplo, cientificamente falando, qual o impacto de mais 41 ppm na atmosfera? O nível do mar está subindo, as temperaturas também, o buraco de Ozônio está enorme, e por aí segue. Estudos Acadêmicos indicam que estamos em uma fase de transição, até bastante fria, onde teremos um aquecimento como um todo. Isso faz parte do Ciclo de Vida do Planeta Terra. A NASA identificou períodos de frio intenso na Europa entre 1550 e 1850 e regista três intervalos particularmente frios: por volta de 1650, por volta de 1770 e em 1850. Uma das causas mais prováveis foi atribuída a atividades vulcânicas. O aquecimento global pode ser pontual e explicado, muitas vezes, por atividades naturais, como vulcanismo, mesmo que reconheçamos que a ação humana quase sempre é mais destrutiva do que construtiva. Até por serem dados soltos e descontextualizados, as nações que realmente são as responsáveis pela poluição ainda continuarão a poluir, já que o foco básico não é abordado. As consequências podem ser percebidas sempre mais facilmente do que as causas. Os Estados Unidos ainda continuarão a utilizar o carvão em sua matriz energética porque estão com suas reservas de petróleo praticamente esgotadas. A China utiliza o carvão mineral em larga escala, da mesma forma que a Alemanha. A Alemanha supriu durante décadas os países limítrofes com o carvão, para fins de aquecimento e geração de eletricidade. No nosso Brasil, as matas de Minas Gerais foram sendo extintas para virar carvão vegetal empregado pelas empresas que produzem o ferro gusa. Isso ocorreu durante décadas e ainda hoje é assim. A falta de políticas de aplicação de penas irrecorríveis facilita a continuidade do crime ambiental. De que adianta punir-se o poluidor com milhões se esse irá durante décadas recorrer e, talvez, ao final, pagar com a reposição de poucas mudas de árvores? Há pouco tempo atrás se descobriu enorme reserva de petróleo sob o Ártico, da ordem de 90 bilhões de barris. Imediatamente foram construídas duas refinarias de Petróleo no Canadá. Nesse mesmo País, são extraídos por dia mais de um milhão de barris de petróleo, enviados aos Estados Unidos por dutos, extraídos do Xisto. A extração por si só aumenta o desmatamento. As refinarias geram calor. A exploração do petróleo trás consigo o 7 / 30
  • 8. gás carbônico, um dos que causa o efeito estufa. Assim, falar-se em redução da calota polar ou do deslocamento de blocos de gelo (icebergs) e culpar-se a humanidade como um todo, excluindo-se aqueles que exploram e se beneficiam dos resultados dessa exploração passa a ser incoerente. Mas, na mesa de negociações alguns desses países estarão presentes. Já há acordos entre os Estados Unidos e a Rússia para parcerias estratégicas. O Reino Unido protege seu quinhão com embarcações militares. É a guerra pela sobrevivência. Nessa guerra, a regra geral é a de obterem-se mais e mais vantagens. Assim, com esse pensamento coletivo será que as nações estarão preocupadas umas com as outras e todas com o Planeta? (...) Muitos dos efeitos do aquecimento global têm sido bem documentados. É a medida exata que é difícil de prever. Prever as consequências do aquecimento global é uma das tarefas realmente difíceis para os pesquisadores do mundo. Primeiro, porque os processos naturais que causam precipitação de chuvas, tempestades, aumento do nível do mar e outros efeitos esperados do aquecimento global dependem de diferentes fatores. Em segundo lugar, porque é difícil prever o volume das emissões de gases de efeito estufa nas próximas décadas, já que essa é determinada em grande medida, por decisões políticas e os avanços tecnológicos. Quanto maior é a tecnologia menor pode ser o nível de empregabilidade. Contudo, a população desempregada continua sobrevivendo e consumindo. (...) (...) Ocorre que os cenários obtidos podem não ser representativos em vista dos resultados esperados. Avaliar um período de temperaturas normais tendo como parâmetro um período de temperaturas muito baixas pode dar a idéia de que está havendo aquecimento. Da mesma forma que quando se avalia o contrário pode passar a impressão de que estaremos entrando em uma nova era do gelo. Periodicamente ocorrem fenômenos naturais sem qualquer interferência humana que tendem a causar alterações climáticas, como atividades solares mais intensas, terremotos, vulcanismos e outros. Esses fenômenos, por si só podem ter o elevado poder de alterar o clima, momentaneamente, como o El Niño e La Niña. Quando juntamente a esses fenômenos têm-se degradações ambientais provocadas pelo Ser Humano, as consequências podem ser piores. Nesse momento surgem perguntas, algumas sem respostas como: • Já há certeza de que o aquecimento global é fruto somente das ações humanas? Se isso for verdade, ataquemos a questão de frente, indo às causas do problema. Como solucioná-lo se temos ao redor de uma mesa quase duzentas nações com interesses os mais variados possíveis, desde um conjunto de ilhas como Tuvalu, conjunto de ilhas coralíneas, com uma população fixa de mais de dez mil habitantes, que depende do 8 / 30
  • 9. nível do mar não subir para continuar existindo, até países como a China, EUA, Alemanha e outros, onde o carvão é abundante e é empregado na matriz energética, sendo um dos maiores responsáveis pela emissão de gás carbônico? • O que fazer para mudar a cultura de povos que sempre foram extrativistas e exauriram os recursos minerais de seus próprios países e agora o estão fazendo em países menos desenvolvidos? • Como tratar a questão dos valores morais e sociais dos povos? Será esse um tema que necessite da intervenção de todas as nações? • Como reverter, no tempo que ainda seja possível, os danos já causados, alguns, irreversivelmente? Será que um dia teremos condições de reparar todos os estragos que já provocamos, inclusive, nas áreas de jazidas de minério de ferro, bauxita, ouro, etc.. • Como criar empregos e oferecer melhor qualidade de vida, ou permitir que a população tenha qualidade de vida, se em nosso mundo globalizado os tentáculos das grandes empresas multinacionais atingem as nações subdesenvolvidas, para a obtenção de mão de obra barata e a exploração de seus recursos naturais a baixo custo? • Como impedir que todos os países tenham desenvolvimento humano e tecnológico iguais? Nesta última questão, não se trata apenas da dança das cadeiras, onde os mais rápidos ou espertos conseguem seus acentos, mas sim, possibilitar que todos tenham os mesmos direitos. (...) Mudanças praticadas por um governo ou partido político normalmente são descontinuadas quando outro partido assume o poder. Essas descontinuidades terminam por inviabilizar ações globais. Essas são questões importantes, que não vão a uma mesa de debates, pois não são interessantes para as nações mais ricas. Os políticos devem entender que quando são eleitos o são para representar o interesse daqueles que os elegeram. Não custa nada repetir que assistimos a uma série de palestras da Simbiocity, com professores da Noruega, onde foi-nos dito que os planejamentos lá, mais na área de urbanismo, eram feitos com antecedência de 50 anos, para a “grande” Copenhagen, e de 30 anos para as cidades limítrofes. Na hora dos debates questionamos a viabilidade do tempo de 50 anos e a resposta foi simples: em nosso País os governantes governam para o povo e são seus representantes. Quando não atendem ao que o povo quer são substituídos. Será que esse pensamento é comum na América do Sul e na África, só como exemplo? 9 / 30
  • 10. Quando a África foi repartida em nações, da mesma forma que a Índia, Iugoslávia, Indochina e várias outras, ou povos foram “repartidos”, como os Curdos, ou os Bascos, da mesma maneira que povos foram divididos, como em Angola e em outras nações. Não se falava em justiça, e sim em interesses comerciais envolvidos. Quase sempre, as divisões foram promovidas pelos povos dominadores (estrangeiros) deixando aos dominados os problemas futuros. Angola é um exemplo típico, com a divisão das tribos Hutus e Tutsi, inimigas ancestrais grupando-as em partes do país. O resultado disso tudo foram décadas de uma guerra fraticida, causando milhões de mortos e milhares de mutilados por minas terrestres. O norte do País é rico em petróleo e minério de ferro e o sul rico em diamantes. Inúmeros são outros exemplos, onde o que menos importava eram as Etnias e sim os interesses econômicos. Assim, vários e vários foram os bolsões populacionais criados. Na divisão da Índia, surgiu o Paquistão, do lado oriental e Bangladesh, do lado ocidental, além de Mianmar. De uma hora para outra ocorreu uma miscelânea religiosa com mulçumanos e budistas. A Indochina ou Peninsula Indochinesa, do sudeste asiático, entre o leste da Índia e o sul da China, foi dividida em Vietnã, Laos, Camboja, e, às vezes, Tailândia e Myanmar, antiga Birmânia. O que ocorreu em regiões continentais se deu da mesma forma que nas ilhas, como Bornéu, Timor, e outras. Os interesses econômicos, em primeiro lugar, foram sempre os principais motivos dessas mudanças. Entre esses, figura o petróleo. Infelizmente já se descobriu que há petróleo na Antártida, da mesma maneira que se tornou pública a grande reserva do precioso óleo nas ilhas Malvinas ou Falkland islands. Desde os tempos imemoriais as nações agem movidas por interesses econômicos e ainda o continuam fazendo. Agora, vem alguém e diz: façam algo, pois vamos todos morrer! Será que os interesses deixaram de existir e todos passaram a ser bonzinhos? Talvez não! Se tivéssemos em pauta um só tema comum, ainda assim os contrastes aflorariam. Quando se apresenta uma pauta com dez temas, a maioria com problemas de consenso, já se pode concluir que a tendência de consenso será pequena. Nossos Índios foram considerados “atrasados” em função de sua maneira de viver hoje, depois de ocuparem esta Terra Brasilis por mais de 5.000 anos, ainda a exploram para sua sobrevivência da mesma maneira como o faziam antes, isso, até onde o Homem Branco deixou. Será que eles realmente são “atrasados”, ou são mais espertos do que os civilizados que não sabem viver com os recursos que a Natureza disponibiliza? O mundo está e sempre foi segregado quanto às forças dominantes. Depois da segunda grande guerra mundial a divisão passou a ser a dos comunistas, representado pela URSS e por outro lado as nações ditas capitalistas, capitaneadas pelos EUA. Essa divisão de 10 / 30
  • 11. forças durou até a fratura da URSS, que de um único bloco, comunista, passou a várias nações sendo a maior a República Russa. Neste vácuo de ausência da polaridade, foram surgindo outras forças representadas por nações ou por grupo de nações. A China é hoje, embora um país fora do Grupo G-7, a nação com o segundo PIB do mundo, de aproximadamente 8 trilhões de dólares, e uma população de mais de um bilhão e trezentos milhões de habitantes. Somando-se a população da China com o da Índia tem-se em torno de 25% da população mundial. Os Estados Unidos, com uma população de pouco mais de trezentos milhões de habitantes possui um poder de compra de quase 25% de tudo o quanto é vendido no mundo e um PIB que quase 15 trilhões de dólares. Esses desequilíbrios reduzem de certa forma, o poder de negociação dos países exportadores. Em artigo da Folha.com, aparece a seguinte informação: Os Estados Unidos vão perder seu posto de líderes da economia mundial bem antes do que se esperava, caso estejam certos os mais recentes relatórios dos grandes bancos globais, informa reportagem de Patrícia Campos Mello para a Folha. No relatório original sobre os Brics, de 2003, o Goldman Sachs projetava que a China iria ultrapassar os EUA até 2041. Em 2009, o Goldman reviu suas projeções e passou a acreditar que o PIB chinês será maior que o americano já em 2027. O Citigroup, em seu relatório "3 G - Geradores Globais de Crescimento", divulgado no fim de fevereiro, é ainda mais ambicioso: a projeção é que a China supere os EUA antes de 2020. E mais: até 2050, a Índia terá ultrapassado a China e se tornará a maior economia mundial, com os EUA em terceiro5. Esses grandes crescimentos, em um curto intervalo de tempo são realizados buscando-se o aproveitamento de todos os recursos imediatos mais próximos. Tanto a China quanto a Índia precisam produzir a qualquer custo, para alimentar suas enormes populações, que somadas representam mais de 25% da população do Planeta. Para tanto, são utilizados todos os meios e formas de produção, sem que se leve em consideração pesquisas e desenvolvimento relacionadas à sustentabilidade. Não são projetos para o futuro, são ações para o presente. Como a China possui grandes reservas de carvão mineral, essa deve continuar sendo sua principal matriz energética e principal fonte de poluição. Certamente que a Índia e a China não estarão preocupadas se algumas ilhas de coral irão ser submergidas prejudicar a vida de algumas dezenas de milhares de pessoas, enquanto que juntas, já devem estar próximas de dois bilhões e meio de pessoas. Trata-se de uma matemática bem simples. Isso significa que ações, mesmo que bem intencionadas, e que pretendam salvar o Planeta Terra, serão sempre difíceis de serem aceitas e implementadas em função das peculiaridades de cada uma delas, e das necessidades de seus habitantes. Os mesmos países 5 Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/887206-china-deve-superar-pib-dos-eua-ate-2020.shtml, acesso em 04/05/2012 11 / 30
  • 12. que se recusaram desde 1972 a aderir a ações globais, continuarão sendo os mesmos que não apresentarão metas significativas de redução de seus níveis de poluição. Tudo isso porque suas matrizes energéticas são baseadas no carvão, um dos combustíveis fósseis que mais polui o meio ambiente, como a Rússia e os Estados Unidos. Acresce-se a isso o fato de que há uma grave crise financeira mundial. A inércia e os custos das mudanças necessárias associadas à crise mundial financeira que desde 2009 não dá mostras de mudanças imediatas, reforçam ainda mais a tese de que a RIO+20 talvez seja mais um desses encontros políticos, onde, após o encerramento, tudo “volta como dantes no quartel dos Abrantes”. (...) Quando se associam os temas ao Aquecimento Global está se referindo a fenômenos naturais e aqueles provocados pelo Homem, da mesma maneira que se envolve a política firmada entre os países pobres e ou muito dependentes a aqueles muito ricos. Nos encontros passados, chegaram a criar uma nova moeda “crédito de carbono”, onde os países que não se adequavam aos novos parâmetros ou não atingiam as metas globais estabelecidas poderia, trocar a poluição por créditos de carbono. Em uma linguagem simplificada, o poluidor “compensava” a natureza implementando ações, até mesmo em outros países, que compensavam a poluição de seus processos. Isso, em nosso artigo citado foi denominado de Indulgência Ambiental. Martinho Lutero, um dos grandes pensadores Cristãos, que viveu no século XVI, expôs a questão da Indulgência Papal, onde em troca de construções de igrejas, contribuições para o esforço guerreiro, ou orações, perdoavam-se os “pecados”. Ora, por que se deve plantar mudas em um país, pagas por outro país poluidor, se aquele poluidor continuará a poluir? Não será esse um tipo de indulgência, onde quem polui continuará a poluir, mas, será “perdoado”, pois está plantando mudas em outro país bem distante (os chamados Crédito de Carbono). O Armagedom ou Har-Magedon é identificado na Bíblia como a batalha final de Deus contra uma sociedade humana iníqua que se desvirtuou dos princípios Divinos. Podem ser atribuídas à ira Divina quaisquer que sejam os fenômenos naturais, oriundos de nosso Planeta, ou provenientes do universo, como por exemplo, um fenômeno tectônico com elevado poder de destruição, muito maior do que o Tsunami que atingiu a Ásia em 26 de dezembro de 2004 (Com uma magnitude de entre 9,1 e 9,3, foi o terceiro maior terremoto já registrado em um sismógrafo. Esse sismo teve a maior duração de falha já observada, entre 8,3 e 10 minutos. Isso fez com que o planeta inteiro vibrasse em um centímetro e deu origem a outros terremotos em pontos muito distantes do epicentro, como no 12 / 30
  • 13. Alasca, nos Estados Unidos. Seu hipocentro foi entre Simeulue e a Indonésia continental). A a queda de um meteoro, como o que ocorreu a 65 milhões de anos atrás, dizimou mais de 90% da vida na Terra. Na outra extremidade tem-se a má gestão provocada pelo Ser Humano, que lentamente ou não provoca uma série de destruições na superfície do Planeta. As duas teorias sobre o aquecimento global tratam sobre questões antropomórficas ou naturais. (...) (NAVARRO) Temas da RIO+20 1) Desenvolvimento sustentável para combater a pobreza; O Desenvolvimento sustentável para o combate à pobreza não possui um caráter global, e sim pontual. A globalidade fez com que ocorresse o empobrecimento de regiões em detrimento do enriquecimento de empresas. As empresas instalavam-se em regiões onde notadamente havia abundância de mão de obra barata, recursos minerais sem fim e políticas locais que incentivavam a atração de empresas estrangeiras. Em troca, havia a promessa de troca de tecnologias e de capacitação local. Essas bandeiras já se encontram ultrapassadas. Olhando para o próprio umbigo, vejamos o Brasil, país continental. Porque será que a cultura do norte ou do nordeste é diferente da cultura do sudeste e do sul? Será por causa dos colonizadores? Sim, porque os colonizados são os mesmos. Lembro-me que em 1972 um professor meu, agrônomo, foi para o Estado do Piauí trabalhar na perfuração de poços profundos para a obtenção de água. Dois anos depois nos encontramos e eu perguntei o que ele achou por lá, já que aquele estado era considerado um dos mais “secos” do Brasil. De acordo com as informações dele, ocorreram perfurações onde as vazões variavam de 400m3 por hora a 1.200m2 por hora, com profundidades variando entre 600 a 1.200 metros. O que foi feito de toda essa água? Por que as populações não foram beneficiadas? Por que essa informação não foi disseminada? Será que era interessante dar o “salvo conduto” àquela população, ou era melhor que continuassem no cabresto dos políticos? São palavras duras, e a época também o era, mas isso nunca saíu de minha cabeça. Durante um período em que estive no Rio Grande do Norte, percorrendo o Estado de carro, a trabalho, notei que na estrada, muito boa, que ligava a capital, Natal, à cidade de Mossoró, tanto de um lado da estrada quanto do outro o que via era uma areia cinza. De vez em quando o cenário passava a ser de oásis verdejante. Ví plantações de todo o tipo (no início da década de 90). Chegando em 13 / 30
  • 14. Mossoró fiquei hospedado em um hotel de águas termais. Perguntei então o que eram aqueles oásis. A resposta foi: Essas terras foram adquiridas pela MAISA, que comprou da Petrobras os poços que não jorravam petróleo e sim água. A MAISA era um dos grandes produtores de frutas (Mossoró Agro-Industrial S/A). Se a história de compra e venda era verdadeira eu não me preocupei. Mas ví que a água produzia milagres na região. A partir daí veio a questão: Por que o Nordeste é tão seco e árido e tão pobre? Essa não era só a minha visão, mas a de muitos brasileiros. Será que não se poderia mudar a política de assistencialista e imediatista por outra de maior tecnologia, como a da exploração de aquíferos, exploração da água salobra, com a dessalinização, como é feito em Israel, um dos grandes produtores de cítricos? Ou a visão ainda deveria permanecer assistencialista? Nas proximidades de Juazeiro(BA), vizinho de Petrolina (PE), conectadas por uma ponte, na década de 60 foi iniciado o Projeto bebedouro, com o aproveitamento da água do Rio São Francisco, para a irrigação da lavoura. Não demorou muito e já se produziam uvas, laranjas, melões e diversas outras, e inclusive começou-se a exportar. Esse tipo de ação é que o chamamos de combate inteligente à pobreza. Não se combate a pobreza de modo assistencialista, mas sim gerando meios para que a população possa se aproveitar e sobreviver. A época de trocar “uma alpercata” por um voto já passou há décadas. O combate à pobreza se faz com ações sérias e rigorosas. Uma delas é com a cultura ou conhecimento. Os antigos Tigres Asiáticos, formado por Hong Kong, Singapura, Taiwan e Coréia do Sul, empreenderam longo processo de capacitação de seu povo até tornarem-se exportadores de produtos. Esse processo levou mais de 30 anos e ainda continua. Não se combate pobreza com doações ou ajudas financeiras temporárias. Há que se considerar que o que efetivamente contribui é a capacitação das pessoas. Entretanto, não basta só a capacitação se não há empreendimentos que as empreguem. No terremoto do Haiti, sómente como exemplo, muitas das doações de comunidades sequer chegaram ao seu destino final e isso ocorre fartamente na África e em outras nações. Hoje muitos países encontram-se em guerra fraticida para tirar do poder governantes que estão a décadas no poder e nada fizeram pela população miserável. O exemplo está difundido em todos os continentes. Também deve ser avaliado de que forma se acaba com a pobreza. 14 / 30
  • 15. 2) O desenvolvimento sustentável como uma resposta à crise econômica e financeira; Neste tema associam-se questões político-econômicas com as de desenvolvimento sustentável. Conceitualmente falando, um desenvolvimento passa a ser sustentável quando há a mínima ou nenhuma agressão ao meio ambiente. Somente nesse desenvolvimento percebe-se que nenhum empreendimento é sustentável. O empreendimento passa a ser parcialmente sustentável quando gera condições de repor o que foi retirado da natureza. Uma casa de sapê, com tijolos de argila e telhado de galhos secos pode ser enquadrado como sustentável, porque todos os componentes da construção foram retirados da natureza e não extraídos. Esses materiais, quando decompostos com o tempo terminam por serem absorvidos pela natureza. Assim, não há pegadas humanas como vestígio. Uma fábrica, que recicle a água do processo, extraia o calor dos equipamentos e da produção para gerar energia elétrica, que passa a ser utilizada nela, não é um empreendimento sustentável. Para implantar o empreendimento alterou-se o local, empregaram-se materiais que não são os naturais, encontrados no ambiente, criaram-se rotas de transporte, enfim, alterou-se um ambiente. A geração da energia e o reaproveitamento da água são ações importantes? Claro que sim, mas não é isso que faz com que o empreendimento seja sustentável, a menos que estejamos mudando os conceitos e definições. De acordo com Rebeiro (2004)6, (...) a auto-sustentabilidade não é uma questão que está ancorada na dimensão financeira, ao contrário, ela é pluri-dimensional. Da palavra «sustento», mais que a idéia de «pão para comer», colhemos a referência à conteúdo, à suporte, à segurança; tal sustento pode ser material, moral, espiritual, afetivo, etc. Enfim, a auto-sustentabilidade do terceiro setor não é um fenômeno avulso, isolado; não acontece sozinho! Não existe a auto-sustentabilidade por si mesma. A auto-sustentabilidade não é algo voluntarista (que depende puramente da vontade!) ou tecnicista (que só depende de meios usados), mas está condicionada a todo um grande contexto de conquistas tais como a elaboração de um sério projeto institucional, a nobreza da causa defendida pela instituição, a sua significatividade social, a sua sintonia com as políticas públicas e governamentais, a sua capacidade de busca (inquietude profética), a sua visão estratégica, os recursos humanos, a comunicação com a sociedade, a sua transparência administrativa, etc. (...) 6 REBEIRO, A.S. (Diretor da Escola Salesiana do Trabalho), A auto-sustentabilidade do terceiro setor, 16 pp. Belém, 16/08/2001. 15 / 30
  • 16. Em uma obra em que atuamos no início da década de 2000, os restos do concreto da betoneira, provenientes da limpeza da bica viraram espaçadores na montagem das ferragens da estrutura. Os restos de concreto eram transformados em sub-base das ruas, as madeiras, quando não podiam ser reaproveitadas eram doadas a panificadoras, que queimavam-nas para a produção do pão. Todos os resíduos gerados eram segregados para reaproveitamento ou doação. Todas essas ações visavam unicamente diminuir os impactos ao meio ambiente. Esse talvez seja o conceito maior – reduzir os impactos ao meio ambiente. O outro tema associado diz respeito à crise econômica e financeira. Essa crise começou devido a uma bolha de valorização dos imóveis nos Estados Unidos, com os compradores revendendo seus imóveis e ampliando os níveis de endividamento, tendo como garantia o imóvel. Com o estouro da bolha a garantia não assegurava a amortização do financiamento. Essa foi uma parte da crise. Outra parte foi provocada pelo excesso de benefícios concedidos em algumas nações. Todos estes temas foram pontuais. Porém, com a globalização e a interconexão das bolsas de valores, o habitante de Mumbai, na Índia, terminou sendo prejudicado, da mesma maneira que o habitante de Bonfim, no estado de Boa Vista. Assim, como essas ações poderão ser solucionadas? A França encontra-se em período eleitoral, da mesma forma que os Estados Unidos e outros Países. Em muitos outros há conflitos pelo poder, ou seja, o cenário não é nada conveniente para se falar em solução de crise econômica e financeira. Essa pode ser minimizada com a criação de empregos, que terminam sendo gerados pela implantação de empresas ou o crescimento das existentes. Muitos Sindicatos brigam por reduzir a carga horária semanal sob a alegação de que assim haverá a possibilidade de se contratar mais gente. Isso nem sempre é possível, quando as empresas não tem um segundo turno. Para que as empresas cresçam é necessário que pessoas passem a comprar. Para que essas tenham os recursos devem-se reduzir as cargas tributárias. Para reduzir as cargas tributárias os administradores públicos devem “enxugar” despesas e serem mais eficientes. A questão é extensa e complexa e somente ele já poderia ser um ponto de discussão isolado. Todavia, é um problema que afeta uma nação ou algumas nações, no caso de estabilização da balança comercial, e nunca o conjunto de nações que existem na Pequenina Terra. 16 / 30
  • 17. 3) Desemprego, trabalho decente e migrações7; Aqui associam-se desemprego, trabalho decente e migrações, temas distintos e pontuais. O desemprego está associado ao segundo tema. Para combater o desemprego os países precisam investir em capacitação, pesquisa e desenvolvimento. Também devem investir na facilitação para que novas empresas surjam. A redução das excessivas cargas tributárias facilitaria em muito essas ações. As micro empresas são uma solução fácil e rápida, da mesma maneira que os investimentos em atividades que empregam mão de obra em abundância, como na construção civil. Outro aspecto é o da identificação da vocação local. Por vocação local pode ser entendido o que as populações podem se dedicar mais. Algumas dessas vocações surjem naturalmente e outras são criadas. Vemos o caso de Gramado (RS), com sua vocação turística e de eventos. Novo Hamburgo (RS) para calçados, Bento Gonçalves (RS) uva e vinho, Pelotas (RS) pêssegos e compotas em geral, Volta Redonda (RJ) aço, Nova Friburgo (RJ) têxteis, Petrópolis (RJ) turismo histórico e roupas, Ouro Preto (MG) turisco histórico, só para ficarmos nesses pouco exemplos e não desconsiderando centenas de outras cidades. A partir do momento em que essa vocação é descoberta, ou surge, os governos podem aprimorar seus mecanismos de intervenção e implementar medidas de melhoria dos padrões, com a capacitação, a certificação, as orientações técnicas, através da EMBRAPA, por exemplo. O trabalho passa a ser decente quando as nações passam a ter leis rigorosas. Como aplicá-las em muitos dos paises asiáticos ou africanos? Como combater no Brasil, que aceita os migrantes bolivianos na capital econômica do País (São Paulo) para a produção de peças de vestuário em condições sub-humanas? Isso é sempre motivo de reportagens televisivas, sem a obrigatoriadade de citação de fontes. Basta assistir a televisão. Nos Estados do Norte do Brasil há problemas sérios, inclusive os relativos à mutilação de pés em crianças e jovens na produção da juta, durante o pisoteado da planta nas grandes máquinas de desfibramento. São inúmeros os casos de migrações populacionais motivadas pelas guerras, pelos fenômenos naturais, como terremotos e tsunamis, implantação de empreendimentos industriais de grande porte, além de uma série de outras razões. O migrante, ou seja, aquele que migra de um local para outro, podendo ser de um bairro a outro, de uma cidade a outra, de 7 Traduzido de “Lotta Comunista”, nº 492, jul/ago 2011 17 / 30
  • 18. um estado a outro ou de um país a outro, termina causando uma série de transtornos, sócioeconômico-culturais nos locais para onde vão. No delta do Mekong (parte da antiga Indochina) onde se encontram hoje os países de Myanmar (50 milhões de habitantes), Tailândia (68 milhões de habitantes), Camboja (15 milhões de habitantes), Laos (71 milhões de habitantes) e Vietnã (89 milhões de habitantes), as contínuas migrações internas terminam por criar sérios problemas sociais, além de onerar os países que as recebem. Essas migrações devem-se, em parte, a políticas econômicas locais ou novos empreendimentos. Também podem ser associadas a questões políticas e climáticas. Com a implantação de novas tecnologias e a globalização, que muitas vezes busca estabelecer empresas onde o custo da mão de obra ou de insumos seja mais baixo, como se percebe na Europa nos dias de hoje, os administradores locais devem ter todo um planejamento estratégico que antecede a concessão das autorizações para a implantação, vez que a vinda de novas empresas ao invés de ser um excelente negócio a médio e longo prazo passa a ser uma dor de cabeça, deixando atrás de si grandes problemas, principalmente os de cunho social. Ressaltam-se os problemas envolvendo a saúde pública, o aumento da criminalidade e da prostituição, o aumento dos custos gerais produzidos pela crescente demanda, e que quando essa cessa a redução dos custos não ocorre com a mesma velocidade e proporcionalidade. As empresas estão em contínua busca de mão de obra cada vez mais especializada. Os clientes cobram reduções de custos cada vez maiores e os administradores locais, prefeitos, governadores ou presidentes, buscam auferir divisas dessas atividades. Ocorre muitas vezes que no local específico para a implantação do empreendimento não há a mão de obra necessária e com a capacitação que se requer. As empresas, por outro lado, não podem dispender tempo de capacitação de pessoal e nem de preparo dos ambientes, em função dos orçamentos e cronogramas fixados que determinam uma data para o início da produção. Retardar-se a produção é o mesmo que retirar-se os resultados econômicofinanceiros. Na linguagem econômica tem-se o custo das oportunidades. Em razão disso, percebe-se que na maioria das vezes passa a ser atribuído aos moradores locais o exercício das funções menos nobres, sendo as demais repassadas a trabalhadores migrantes, principalmente as funções gerenciais e operacionais, ou seja, aquelas com maior remuneração. Além disso, os empreendimentos terminam trazendo sérios problemas sociais, com o encarecimento dos 18 / 30
  • 19. custos locais, carência de moradias, alterações nas características urbanas das cidades ao redor, enfim, passam a existir várias questões que, na maioria das vezes fogem ao controle dos legisladores locais. Periodicamente ocorrem movimentos dito migratórios onde a migração se dá dentro de uma mesma cidade, estado ou país. Esses movimentos terminam por não representar aumentos populacionais aos países. Más há também aqueles onde as migrações são entre países, como correu com a Nova Zelândia, Austrália, Canadá, entre outros, países com baixo índice populacional e que precisavam de mão de obra para poder crescer. Tanto em um quanto em outro caso as movimentações de pessoas não se dão em um mesmo tempo, ocorrem lentamente, a menos que estejamos tratando de regiões com conflitos bélicos, como atualmente na Síria, com populações fugindo para a Turquia. O que preocupa os dirigentes locais é o que se denomina de infraestrutura. Quando um local não possui a estrutura necessária capaz de absorver essas levas de mão de obra passa a ter um desequilíbrio, pois, além de ter a obrigação de cuidar das populações existentes passa a ter a responsabilidade de atender a novas demandas populacionais. Outra questão que deve ser levada em consideração é a que diz respeito à riqueza do País. Há migrantes que se estabelecem nos países ricos com o único objetivo de conseguir qualquer emprego para poder enviar dinheiro para suas famílias que residem em países mais pobres. Essa transferência de divisas é boa para os países mais endividados. Foi o desenvolvimento capitalista que colocou em circulação e remexeu populações que – com exceção das ligações e dos comércios limitados que caracterizaram de qualquer forma a economia pré-capitalista – viviam essencialmente separadas e independentes umas das outras. Ian Goldin, em seu recente trabalho sobre migrações mundiais, remonta a essa época o início das grandes explorações (Colombo, Cortéz, Vasco da Gama) e fala de uma era das explorações que liga entre elas as comunidades humanas em todo o mundo. Daqui vieram o mercantilismo, o capitalismo e as migrações modernas. Hania Zlotnik8 resumiu e comentou as teorias sobre as migrações internacionais começando por Adam Smith, que era contra as limitações dos deslocamentos de homens em vigor na Inglaterra do século XVIII. Esquematicamente: Zlotnik faz uma distinção entre teorias “macro” (que são baseadas em fatores econômicos de push, ou seja, que empurram a população e a força de trabalho de um país para outro, e de pull, que as 8 KRITZ, Mary M. e Hania ZLOTNIK (1992), “Global interactions: migration systems, processes, and policies”, in M.M. Kritz et al. (Ed.), International Migration Systems. A Global Approach, Oxford, Clarendon Press, pp 1-16 KRITZ, Mary M., Lin L. LIM e Hania ZLOTNIK (Ed.) (1992), International Migration Systems. A Global Approach, Oxford, Clarendon Press 19 / 30
  • 20. atraem de um país para outro) e teorias “micro”, que procuram explicar os fenômenos partir das escolhas econômicas individuais do migrante e de sua família. O propósito dessas teorias, que surgiram em grande número ao longo dos últimos trinta anos, seria o de prever quantidades e fluxos das migrações para poder administrá-los mais facilmente. Podemos resumir como principais fatores atratores ou repulsores: • Qualidade de Vida; • Segurança Familiar; • Oportunidades de Trabalho; • Facilidades de Moradia; • Lazer; • Saneamento básico, escolas, etc.. 4) A economia do desenvolvimento sustentável, incluindo padrões sustentáveis de produção e consumo; O tema, também complexo, trata de padrões sustentáveis de produção e consumo, como foco principal do problema, trazendo à reboque as questões da economia do desenvolvimento sustentável. Mais uma vez criam-se temas generalistas e que terminam sendo conflituosos. O Ser Humano precisa aprender a produzir e a consumir com critérios. Só como exemplo, um simples escovar de dentes em casa pode representar um gasto que pode chegar a 15 litros de água, se a pessoa não fechar a torneira. Um banho matinal de 15 minutos pode representar 90 litros de água. O consumo é maior se observarmos o que comemos e o que vestimos. A água é empregada em muitas etapas de praticamente todas as atividades produtivas, seja na lavagem dos produtos, resfriamentos de processos, entre outras. Na cidade de Joinville em Santa Catarina uma empresa de ônibus recicla quase que 80% de toda a água utilizada na limpeza de sua frota de ônibus. Na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, um posto de gasolina reutiliza a água empregada para a remoção do sabão na lavagem dos veículos para a primeira limpeza dos próximos veículos. Em uma segunda ação, no horário de pique de consumo de energia o posto utiliza um gerador a diesel em substituição a energia elétrica da concessionária pública. Em outra ação, no projeto de um prédio de escritórios no centro da cidade do Rio de Janeiro foi prevista uma “fabrica” de gelo para ser utilizado no sistema de ar condicionado geral. À noite fabricava-se gelo. De manhã, com o gelo se transformando em água gelada era inserido no circuito do sistema de ar condicionado. Podem ser ações isoladas? Claro, mas são importantes. A auto geração de energia elétrica nas refinarias de petróleo, a 20 / 30
  • 21. construção de geradores eólicos e outras ações terminam, no conjunto geral, sendo importantes. Hoje em muitas cidades europeias já se incentiva o telhado verde, com os moradores plantando suas hortas, ou recolhendo a água das chuvas para reaproveitamento em diversos fins. 5) As florestas; No ano de 1854 (há autores que citam o ano de 1845), o presidente dos Estados Unidos Franklin Pierce fez uma proposta de comprar grande parte das terras de uma tribo indígena, oferecendo em contrapartida a concessão de uma outra "reserva". Essas terras pertenciam às tribos Suquamish e Duwamish, comandadas pelo Chefe Seatlle (Ts'ial-la-kum), (1786 / 1866), que reapondeu ao grande Chefe Branco da seguinte forma: (...) Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam. ∗ Onde está o arvoredo? Desapareceu. ∗ Onde está a águia? Desapareceu É o final da vida e o início da sobrevivência.(...)9 Devemos iniciar essa série de reflexões conhecendo um pouco do que pensa Molion (2009)10 quando diz: (...) Reflexões sobre o propalado aquecimento global deixam 9 Texto dado como escrito no ano de 1854 pelo Chefe Indígena "Chefe Sealth" (Ts'ial-la-kum), mais conhecido como Chefe Seattle (1786 / 1866), líder das tribos Suquamish e Duwamish, ao presidente dos Estados Unidos Franklin Pierce que havia feito uma proposta de comprar grande parte de suas terras, no que hoje é o estado americano de Washington, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva". Esse texto tem sido considerado, um dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente. 10 Outra visão sobre o aquecimento global, por Luiz Carlos Baldicero Molion, Doutor em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin (estados Unidos) e Pós Doutor em Hidrologia de Florestas pelo Instituto de Hidrologia de Wallingford (Inglaterra), em artigo publicado pela Scientific American Brasil Terra 3.0 21 / 30
  • 22. evidente que o clima do planeta é complexo e, sem exagero, resultante de tudo o que ocorre no Universo. O fato de o aquecimento entre 1977 e 1998 ter sido provocado principalmente pela variabilidade natural do clima não é um aval para a humanidade continuar a depredar o meio ambiente. Ao contrário, considerando-se que o aumento populacional é inevitável, o bom senso sugere a adoção de políticas públicas e práticas de conservação ambiental bem elaboradas, destituídas de dogmatismos, e mudanças nos hábitos de consumo para que as gerações futuras possam dispor de recursos naturais. A maior ameaça ao ambiente é a miséria humana e uma distribuição de renda mais eqüitativa é imperativa. Essas ações não dependem de mudanças climáticas e devem ser tomadas, independentemente de aquecimento ou resfriamento global. (...) (...) Um quadro complexo, além daquele que envolve as relações entre os países é o que trata das questões econômicas, aflorando em cada uma das discussões, muitas vezes não totalmente explícitas. Essas mesmas questões econômicas já se transformaram em entraves em reuniões anteriores tratando das mesmas questões: mudanças climáticas, já que os custos envolvidos podem ser realmente elevados. A principal questão que se apresenta, mas não é levada à mesa das discussões, é o que fazer para se mudar o status quo. Sim, porque mais do que a simples questão financeira, estão em jogo interesses comerciais e técnicos, questões relativas à empregabilidade, e, por que não, o fato dessas ações serem em longo prazo, onde os governantes que a implantam, ou plantam, não são os mesmos que colhem os resultados. Muitas das nações envolvidas, vítimas de todo esse processo, pois permitiram ou foram vítimas das explorações predatórias comandadas pelas nações ditas desenvolvidas, procuram, nessas discussões, obter algum tipo de ganho. Bornéu, a terceira maior ilha do mundo, com uma riqueza imensa de espécies vegetais e animais, com uma extensão territorial um pouco maior que o tamanho de Minas Gerais somado ao de Pernambuco, praticamente não tem mais florestas primárias. Em menos de 100 anos só sobrou 10% das florestas. A madeira explorada era enviada para a Europa, e em seu lugar foi plantado o Dendê para a extração do óleo, produção praticamente toda exportada. Não será essa uma questão de má gestão ambiental? No Brasil, um projeto denominado “Fordlandia”11 com o apoio do governo do Estado do Pará, destinou uma grande extensão de terras para uma multinacional, a fim de que essa pudesse se abastecer de látex, empregado na produção de pneumáticos. Depois de 11 Fordlândia foi o nome dado a uma gleba de terra adquirida pelo empresário norte-americano Henry Ford, através de sua empresa Companhia Ford Industrial do Brasil, por concessão do Estado do Pará, por iniciativa do governador Dionísio Bentes e aprovada pela Assembléia Legislativa, em 30 de setembro de 1927. A área de 14.568 km2 fica próxima a cidade de Santarém, no estado do Pará, às margens do Rio Tapajós. 22 / 30
  • 23. grandes somas de recursos investidos o projeto naufragou, pois não havia o necessário conhecimento do comportamento da floresta amazônica, à época. Também não será essa uma questão de má gestão ambiental? Também no Brasil vários outros projetos tiveram finalidades semelhantes, com resultados não muito satisfatórios. Um desses gerou uma guerra fraticida, conhecida com a Guerra do Contestado12, no Estado de Santa Catarina, um conflito armado entre a população cabocla e os representantes do poder estadual e federal brasileiro travado entre outubro de 1912 a agosto de 1916, numa região rica em erva-mate e madeira disputada pelos estados brasileiros do Paraná e de Santa Catarina. A região fronteiriça entre os estados do Paraná e Santa Catarina recebeu o nome de Contestado devido ao fato de que os agricultores contestaram a doação que o governo brasileiro fez aos madeireiros e à Southern Brazil Lumber & Colonization Company. O principal ponto da discórdia foi o fato do governo haver desconhecido os direitos da população ali existente, e doado a terra, antes ocupada por essa, para uma empresa estrangeira em troca da construção de uma estrada de ferro. A paga se daria com a comercialização da madeira extraída, as araucárias, que hoje praticamente não mais existem na região. Na China, grandes florestas foram substituídas por plantações de bambu. Será que isso não nos lembra nosso passado no Brasil, ou o dos demais países da América do Sul também explorados, e porque não os países africanos? Pois bem, nessas horas de acusações mútuas sobre quem polui mais ou menos e sobre quem tem a obrigação de agir e quem não tem sobre quem tem o direito de receber e quem tem que pagar a conta, os acordos são difíceis. Não há uma uniformidade de pensamento sobre como resolver as questões do aquecimento global, as ações mitigadoras necessárias, os prováveis impactos econômicosociais, os custos necessários e os esforços que deverão ser empreendidos pelas nações, e muito menos se o Homem é realmente réu neste processo, ou seja: será o Homem responsável pelas alterações que estão sendo observadas no clima do Planeta? Os cientistas ainda discutem 12 Após a conclusão das obras do trecho catarinense da estrada de ferro São Paulo-Rio Grande, a companhia Brazil Railway Company, que recebeu do governo 15km de cada lado da ferrovia, iniciou a desapropriação de 6.696km² de terras (equivalentes a 276.694 alqueires) ocupadas já há muito tempo por posseiros que viviam na região entre o Paraná e Santa Catarina. O governo brasileiro, ao firmar o contrato com a Brazil Railway Company, declarou a área como devoluta, ou seja, como se ninguém ocupasse aquelas terras. "A área total assim obtida deveria ser escolhida e demarcada, sem levar em conta sesmarias nem posses, dentro de uma zona de trinta quilômetros, ou seja, quinze para cada lado". Isso, e até mesmo a própria outorga da concessão feita à Brazil Railway Company, contrariava a chamada Lei de Terras de 1850. Não obstante, o governo do Paraná reconheceu os direitos da ferrovia; atuou na questão, como advogado da Brazil Railway, Affonso Camargo, então vice-presidente do Estado. 23 / 30
  • 24. a troca de créditos de carbono pela implantação de florestas jovens, porque essas consomem mais oxigênio do que transformam o gás carbônico. O homem, desde os seus primórdios é um destruidor nato. Seja através das árvores abatidas para a construção de suas moradias, ou para queimar nas fogueiras, na caça para alimentação, proteção ou vestuário, na construção de seus barcos, e em quase tudo o que faz para sobreviver. Nas guerras as grandes máquinas capazes de por abaixo as muralhas eram de madeira retirada das proximidades. No império romano, os soldados ao se retirarem de um local derrubavam tudo aquilo que pudesse ser transformado em pontes, catapultas, aríetes, flechas e tudo o mais pelos seus inimigos, era a política da terra arrasada, tão bem praticada em todas as guerras. Muitos dos países europeus já não tinham nem 50% de suas florestas primárias há 500 anos. Uma caravela para cruzar o oceano poderia significar a derrubada de quase 200 árvores, entre as empregadas na própria embarcação, as utilizadas no apoio e na rolagem dos barcos para os rios, as empregadas no mobiliário e outros fins. (...) (Navarro, 2011) 6) Alimento, nutrição e segurança; Há debates envolvendo a fome, principalmente no continente africano, questionamentos também acerca da ocorrência dos fenômenos naturais que causam milhares de vítimas. São os vulcões ativos, terremotos e maremotos, furacões e tornados. Todas essas ocorrências naturais têm provocado um repensar sobre o amanhã. Além desses, a miséria extrema pela qual passam quase um bilhão de pessoas, que vivem com menos de 2 US dólar por dia, também é razão de muitos questionamentos. Enquanto esse largo contingente passa fome há desperdícios de alimentos em muitas partes do Globo, sejam esses pelo excesso de manipulação ou das condições das colheitas, perdas localizadas durante o transporte ou armazenagem, e outras. Em alguns momentos o percentual dessas perdas pode chegar a mais de 2% de tudo o quanto é colhido. As condições climáticas são desfavoráveis ao cultivo de alimentos para toda essa população, em muitas das regiões do nosso pequeno mundo. Os combustíveis fósseis estão com os seus dias contados, o efeito estufa prejudica-nos, o buraco de ozônio continua aí provocando transtornos, e, com todo esse cenário pessimista, ou muitas vezes alarmista, o Homem segue sem rumo navegando nesse mar de intranqüilidade e incertezas, sem saber o que será do próprio planeta e da raça humana no futuro. Isso sem falar no aquecimento global, com o desprendimento de icebergs maiores do que muitos países, errantes pelos mares, e o 24 / 30
  • 25. encolhimento da camada de gelo em muitos glaciares. A falta de conhecimento por parte da população tem provocado uma ressonância muito maior desse eco de reclamações. A desertificação dos campos e florestas deslocou a maior massa migratória na história do mundo. Na virada do século, mais de metade da população viverá em áreas urbanas. A quantidade de terra tornada improdutiva pela desertificação anualmente no mundo é de aproximadamente 21 milhões de hectares. O percentual da terra no mundo que sofre desertificação é de cerca de 29%. As monoculturas amplamente praticadas pelos principais países termina por centralizar grandes áreas agriculturáveis nas mãos de um pequeno número de agricultores. Reverter-se esse quadro hoje é impossível. Assim, resta para aqueles que não tem onde plantar, buscar subempregos para poder alimentar suas famílias. A existência dos “boia frias”, trabalhadores avulsos que na época da safra cortavam cana, foram substituídos por máquinas com elevada produtividade. Mais uma vez ressalta-se que a modernidade, a redução dos custos para participar do mercado exportador requer novas tecnologias que reduzem os efetivos de mão de obra. 7) Energia sustentável para todos; O tema energia sustentável para todos, é uma falácia, começando pelo título. Em primeiro lugar, a sustentabilidade não é total e sim parcial. Em segundo lugar, as concepções não menos recentes de doar células captoras de luz solar para as residências, em alguns lugares da Europa, já se manifestaram inócuas. Nos devemos ter uma matriz energética bem dimensionada e conveniente aos recursos dos países. Por exemplo, no Brasil ainda há elevado potencial de produção de energia hidrelétrica. O mesmo não ocorre em muitos outros países que precisam de energia alternativa. Dentre todas, a “mais limpa” é a energia nuclear. Contudo, os episódios recentes do Japão, mostraram a todos que os projetos precisam ser revistos, e não que essa fonte de energia seja eliminada. A energia eólica tem se mostrado bastante interessante para os países, principalmente pelo baixo custo. Porém, mais uma vez, para se montar geradores eólicos devem-se ter correntes de ventos que fluam na região produzindo a energia necessária para o propósito. Ainda não se tem como afirmar qual é a melhor forma de geração de energia elétrica. Provavelmente, coletores de luz solar em regiões desérticas seja uma solução. Em outros países as termoelétricas a carvão ainda são abundantes, porque nesses países há muito carvão mineral. As termoelétricas a gás são outra forma de geração interessante. Mas, fica dependente da existência de jazidas com reservas que possibilitem o emprego do gás por décadas. As soluções que servem para um país muito 25 / 30
  • 26. provavelmente não serve para todos os demais. O que se percebe é o interesse de instituições para o desenvolvimento de geração alternativa, como a promovida pelo movimento das marés. Este é um tema bastante complexo e técnico que não deverá ser consensado a médio prazo. Há muitas empresas, dentre essas a Petrobras, que produzem e chegam a exportar, internamente, os excedentes da energia elétrica. Essa produção decorre do melhor aproveitamento dos processos produtivos. Como não há nenhum processo onde haja o aproveitamento de 100% da energia despendida, os desperdícios podem ser transformados em outras formas de energia. O que era o bagaço da cana moída, para extração da garapa e a produção de álcool e açúcar, hoje é empregada em caldeiras e produz energia elétrica para as próprias empresas. Nesse aspecto o governo brasileiro tem incentivado a co-geração de energia elétrica e temos hoje, uma rede que abrange quase todo o país, de sorte que, quando uma hidrelétrica produz menos energia porque choveu menos na região, essa passa a ser abastecida pela energia gerada em outras regiões. Este é um bom exemplo a ser seguido. 8) Água; Muito se propala que a água potável do mundo irá acabar. Será? Nos padrões atuais os níveis de desperdícios no consumo de água são elevados. As fontes desses recursos estão sendo deterioradas, com as nascentes eliminadas, as matas ciliares substituídas por plantios agrícolas, a larga extração da água para a irrigação das lavoras, e, o que é pior, o lançamento de resíduos perigosos utilizados nos herbicidas nos rios e a penetração dos mesmos nos aquíferos. Há muitos aquíferos dispersos pelo mundo. O Aquífero Guarani tem extensão total aproximada de 1,2 milhões de km², sendo 840 mil km² no Brasil, 225,500 mil km² na Argentina, 71,700 mil km² no Paraguai e 58,500 km² no Uruguai. A porção brasileira integra o território de oito Estados: MS (213.200 km²), RS (157.600 km²), SP (155.800 km²), PR (131.300 km²), GO (55.000 km²), MG (51.300 km²), SC (49.200 km²) e MT (26.400 km²). As reservas permanentes de água são da ordem de 45.000 km³ (ou 45 trilhões de metros cúbicos), considerando uma espessura média aquífera de 250m e porosidade efetiva de 15%, e correspondem à somatória do volume de água de saturação do Aquífero mais o volume de água sob pressão. No interior de São Paulo há alguns afloramentos do aquífero. Nesses já se percebe poluição das águas. Além disso, a intensa exploração da água para vários fins pode reduzir o tempo de sobrevivência do mesmo, apesar de seu enorme volume. O Guarani tem um volume de água armazenada equivalente a uma vez e meia do volume de água do Lago do Baikal, na Rússia, que com 636 km de comprimento e 80 km de largura, é o maior lago de agua doce da Ásia, o maior em volume de agua do mundo, o mais antigo (25 milhões de anos) 26 / 30
  • 27. e o mais profundo da terra, com 1680 metros de profundidade. Outro lago, o Mar de Aral, que representava um potencial de água para as populações ribeirinhas, teve entre 1989 e 2008 uma perda de 90% de seu tamanho e volume de água, isso porque as nascentes dos dois principais rios afluentes ficam nas altas montanhas do sistema do Himalaia e distanciam cerca de 2.000 km da foz. Ao longo desse percurso os rios cortam quatro países (a saber: Afeganistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão), tornando-se preciosa fonte de recursos naturais, com grande variedade biológica, em meio ao clima desértico. A indústria pesqueira era a principal atividade econômica da região. No século XX os dois rios passaram a receber lixo, esgoto e poluentes com o desenvolvimento das comunidades próximas, e foram alvo de sucessivas drenagens pelo governo soviético das repúblicas da Ásia Central. A partir de 1920 o fluxo dos rios diminuiu consideravelmente, até que se chegou quase que ao desaparecimento do lago. Quando se trata de água para a provisão humana, deve-se avaliar a preservação dos rios e suas nascentes, os lagos, aquíferos e outras formas de contenção da água como as represas e açudes. Se não houver o controle do uso desses recursos dificilmente, ou a um elevado custo eles poderão ser aproveitados no futuro, vide as represas de Guarapiranga e Billings em São Paulo, entre tantas outras, com grande poluição. Considerando que as demandas totais de água no mundo são da ordem de 6.000 km3/ano, divididas em 10% para uso doméstico, 20% para uso industrial e 70% para a agricultura, se houver uma redução de apenas 10% da água para a agricultura, através de novas tecnologias, já se poderia dobrar a oferta para a população mundial. (FAO, 2.000). No Estado do Pará, nas proximidades da cidade de Santarém foi descoberto um aquífero que, segundo os pesquisadores das universidades federais do Pará e do Ceará, que vêm desenvolvendo estudos há alguns anos, pode conter uma reserva de água da ordem de 86.000 km3, superando em quase duas vezes o Aquífero Guarani. O nome desse aquífero é Alter do Chão. O Brasil tem mapeamentos de outros aquíferos importantes, no Piauí, Maranhão e Acre/Amazonas. Essas reservas ainda não foram totalmente mapeadas e avaliadas. Com isso, se demonstra que cuidar dos recursos hídricos não é somente tratar de rios, riachos, nascentes, açudes, barragens, entre outros, mas também entender que há enormes recursos “estocados”, a alguns intocáveis em muitas regiões do Brasil. Ocorre que não se pode fazer com esses recursos. Nos Estados Unidos, segundo um estudo da BBC Mundo (2003), verificouse que o maior aquífero desse país, o Ogallala, está empobrecendo a uma taxa de 12 bilhões de m3 ao ano. A redução total chega a uns 325 bilhões de m3, um volume que iguala o fluxo 27 / 30
  • 28. anual dos 18 rios do estado do Colorado. O Ogallala se estende do Texas a Dakota do Sul e suas águas alimentam um quinto das terras irrigadas dos Estados Unidos. Muitos fazendeiros nas pradarias altas estão abandonando a agricultura irrigada ao se conscientizarem das consequências de um bombeamento excessivo e de que a água não é um recurso inesgotável13. 9) Cidades sustentáveis e inovação; De acordo com Santos & Machado (2004), (...) Indubitavelmente a sociedade atual caracteriza-se pelo avanço técnico-científico e informacional que lhe confere peculiaridades nunca antes imaginadas. É predominantemente urbana, da comunicação instantânea, das distâncias reduzidas, da robótica, da cibernética. Em contrapartida, é a sociedade do ter em detrimento do ser, da rapidez frenética, da competição acirrada, e, porque não dizer, marcada por profundas crises. Essas crises refletem objetivamente a esgotabilidade de um processo produtivo que, ao expandir-se globalmente, escancara sua face perversa, através de várias formas de degradação sócio-ambiental. Assim, há duas questões-chave que se apresentam (...) produzir de forma sustentada, não esquecendo que há o dever ético de garantir o abastecimento para as futuras gerações, e (...) e desenvolver mecanismos eficientes para acabar com a miséria absoluta de cerca de 20% da população mundial. (...) O despertar da humanidade já se iniciou, pois é inegável que nas últimas décadas demos alguns passos em direção a uma nova postura diante do Planeta e seus recursos. Com certeza as questões ambientais ganharam espaço no Primeiro Encontro Mundial sobre o Meio Ambiente em Estocolmo, Suécia, em 1972, eclodindo na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio-92 ou Cúpula da Terra. Esses encontros constituíram um marco definitivo na longa batalha para aumentar a tomada de consciência internacional quanto à verdadeira natureza e escala da crise ambiental, embora muitos estudiosos afirmassem que deram origem a acordos fracos e inexpressivos, incapazes de mudar a conduta das nações. Esse despertar talvez tenha sido o mais importante resultado da Rio-92, como nos diz Oliveira e Machado (op. cit.): “da mesma forma que as primeiras fotos da Terra flutuando no espaço sobre o horizonte da Lua provocaram profunda mudança na maneira de perceber nosso planeta, a Rio - 92 provocou profunda mudança na maneira pela qual as nações do mundo passaram a encarar suas relações e responsabilidades mútuas”. 13 Texto extraído do site: http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/geografia/geografia_geral/hidrografia/brasil_aquifero_4, contido na página UFRGS / site www.oaquiferoguarani.com.br 28 / 30
  • 29. 10) Oceanos. (...) Enquanto o aquecimento global derrete a calota polar, cinco países competem no mapeamento de novas fronteiras energéticas. As apostas são altas: um quarto das últimas reservas de petróleo e gás natural pode estar sob o leito oceânico dessa vastidão inexplorada. (Oceano Ártico - Revista National Geographic Brasil - 1 http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/edicao-110/oceano-artico-450494.shtml) (...) Uma das grandes preocupações que as nações têm que ter é com a preservação da qualidade dos oceanos. O aquecimento global como um todo pode elevar os níveis dos oceanos, afetando grande parte das cidades que ficam nos litorais. Por outro lado, há a exploração desenfreada dos recursos oferecidos pelos oceanos. Na Ásia, ainda continuam as pescas com o emprego de cargas explosivas, destruindo os atóis de coral. A Grande barreira de Corais, com seus mais de oito mil quilômetros de extensão é uma das grandes absorvedoras do carbono que se deposita nos oceanos. As pescas predatórias com longas redes sendo arrastadas por embarcações dizimam as espécies de peixes. Os pescadores partem então para dizimar espécies em outras regiões. A exploração do petróleo produz desastres ambientais, com os vazamentos acidentais. Enfim, devem existir regras que disciplinem o uso e o aproveitamento dos oceanos em prol da humanidade. Nos países asiáticos, espécies já foram dizimadas em nome do tabu. Tubarões são abatidos para sopas de barbatanas. As perdas são irremediáveis. As tartarugas por pouco não já se transformaram em espécies extintas. As baleias Jubarte quase foram extintas, tudo em nome da obtenção de alimentos para populações cada vez mais famintas. (...) São quatro espécies de baleias que correm risco de extinção, de um total de 13 existentes no planeta: a baleia azul (Balaenoptera musculus), a cinza (Eschrichtius robustus), a franca do norte (Eubalaena glacialis) e a bowhead, ou cabeça-redonda (Balaena mysticetus). Isso, porém, não significa que as nove espécies restantes estejam em situação confortável - muito pelo contrário. Apesar de a pesca estar proibida desde 1985, todas elas continuam correndo sério risco de literalmente sumirem do mapa, segundo o Greenpeace, principal organização mundial de defesa do meio ambiente. O animal foi tão perseguido pelo homem ao longo dos últimos nove séculos que precisaria de muito mais tempo e proteção para recuperar o número normal da sua população. Só no século XX, foram mortas mais de 2 milhões de espécimes. O risco de extermínio se agrava ainda mais devido ao fato de o ciclo de 29 / 30
  • 30. reprodução ser extremamente lento: em média, uma fêmea tem apenas um filhote a cada três anos14. (...) Citando Milton Santos (1994), conclui: “Pelo simples fato de viver, somos todos os dias, convocados pelas novíssimas inovações, a nos tornarmos, de novo, ignorantes, mas também, a aprender tudo de novo”. 14 Yuri Vasconcelos, Quais são as baleias mais ameaçadas de extinção?, disponível em http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-saoas-baleias-mais-ameacadas-de-extincao 30 / 30