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Além do mar e do amor –
eternamente CAMÕES
VIDA
Nascimento: 1524.
Filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá Macedo.
Família: fidalgos decadentes.
Escolaridade: Universidade de Coimbra.
Exército: serviu como militar no Norte da África.
Exílio: África e Ásia (Macau – China) – 17 anos.
Retorno: 1570.
Os Lusíadas: publicado em 1572.
Dedicatória: D. Sebastião, rei de Portugal.
Pensão: 15000 réis por ano.
Falecimento: 1580.
Obras: poesias líricas, uma poesia épica, três peças para teatro e

algumas cartas.
Camões lírico
Maior poeta lírico português.
Obra dual: herança tradicional - redondilhas;

enquadradas no Renascimento.
Principais temas abordados:
Poesia Tradicional – redondilhas: herança das cantigas
trovadorescas (de amigo)- o mar, a fonte, a natureza:
Cantiga
“Cantiga alheia:

Na fonte está Lianor
Lavando a talha e chorando,
Às amigas perguntando:
- Vistes lá meu amor?”
Voltas

“Posto o meu pensamento nele,
Porque a tudo o amor obriga,
Cantava, mas a cantiga
Eram suspiros por ele.
Nisto estava Lianor
O seu desejo enganando,
Às amigas perguntando:
- Vistes lá o meu amor?”
O Amor
Tema mais rico da lírica camoniana.
É visto como ideia (neoplatonismo) e como

manifestação de carnalidade.
Enquanto ideia ou espiritualidade: conduz à
idealização da mulher - influência de Petrarca e
Dante Alighieri.
Mundo sensível: amor terreno, erótico, carnal: a
própria vida atribulada do poeta, sua experiência
concreta .
Síntese desses dois amores: contradição, manifestada
no uso abusivo de antíteses.
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Pera matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperanças falta, lá me esconde
Amor um mal que mata e não se vê;
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.
O desconcerto do mundo
Tema perturbador

quanto:
às injustiças – prêmio aos
maus e o castigo aos
bons;

“Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormento
E, para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.

Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mal. Mas fui castigado.
Assim que só para mim
Anda o mundo concertado.”
Ser e dever ser
“Quem pode ser no mundo tão quieto
Ou quem terá tão livre o pensamento
(ao)
Ver e notar do mundo o desconcerto?”
à ambição - guardar bens;
aos sofrimentos constantes - aniquilam as prováveis
conquistas.
Amor Carnal
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prêmio pretendia.


Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.


Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi negada a sua pastora,
Como se não a tivera merecida,

Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: - mais serviria, se não fora
Pêra tão longo amor tão curta a vida!


AmorXamor
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Pera matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperanças falta, lá me esconde
Amor um mal que mata e não se vê;
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Alegoria da caverna
Em a República, Platão
o mundo sensível e o mundo inteligível
Compara-os às sombras que se projetariam no fundo de uma caverna
escura se por diante da entrada dessa caverna passassem objetos
iluminados pelo sol. Do mesmo modo que entre as sombras projetadas
por esses objetos e os objetos mesmos há um abismo de diferença, e,
sem embargo, as sombras são em certo modo partícipes da realidade
dos objetos que passam, desse modo os seres que contemplamos na
nossa existência sensível, não são mais que sombras efêmeras,
transitórias, imperfeitas, passageiras, reproduções ínfimas, inferiores,
dessas ideias puras, perfeitas eternas, imperecíveis, indissolúveis,
imutáveis, sempre iguais a si mesmas, cujo conjunto forma o mundo
das ideias.
Os Lusíadas
Estrutura Estrofes: 1102

Cantos: 10
Estrofes: 8 versos (oitavas)
Total de versos do poema:
8816
Versos: decassílabos
Rimas: AB AB AB CC
Canto I: 106
Canto II: 113
Canto III: 143

Canto IV: 104
Canto V: 100
Canto VI: 99
Canto VII: 87
Canto VIII: 99
Canto IX: 95
CantoX: 156
Título
Camões foi buscar a palavra lusíada numa epístola

escrita por André de Resende, em 1531. A palavra
significa os lusitanos. Os lusíadas são os próprios
Lusos, em sua alma como em sua ação.
Herói
O herói de Os Lusíadas não é Vasco da Gama, mas

sim todo o povo português (do qual Vasco da Gama é
digno representante). O próprio poeta afirma que vai
cantar “ as armas e os barões assinalados” que
navegaram “ por mares nunca dantes navegados” , ou
seja, todo o povo lusitano navegador que enfrenta a
morte pelos mares desconhecidos.
Tema
O poeta deixa expresso o tema nas duas primeiras

estrofes: a glória do povo navegador português, que “
entre gente remota edificaram/Novo Reino que tanto
sublimaram” isto é, os navegadores que conquistaram
as Índias e edificaram o Império Português no
Oriente, bem como as memórias dos reis portugueses
que tentaram ampliar o Império: “ E também as
memórias gloriosas/Daqueles reis que foram
dilatando A Fé, o Império...” Portanto, Camões
cantará as conquistas de Portugal, as glórias dos
navegadores, os reis do passado, a história de
Portugal.
Estrutura
Os 10 cantos que formam o

poema aparecem divididos
em cinco partes, comuns aos
poemas épicos clássicos:

Proposição
É a apresentação do poema,

com destaque para o tema e o
herói. São as estrofes 1, 2 e 3
do Canto I:
 Estrofe 1
 “ As armas e os Barões assinalados
 Que, da Ocidental praia Lusitania,
 Por mares nunca dantes navegados,
 Passaram ainda além da Taprobana,
 Em perigos e guerras esforçados,
 Mais do que prometia a força

humana,
 E entre gente remota edificaram
 Novo Reino, que tanto
sublimaram;”

 Vocabulário:
 Armas: no sentido de feitos

militares.
 Barões: o mesmo que varões,
homens.
 Assinalados: famosos, célebres; há
também uma conotação religiosa,
no sentido de ter o sinal divino.
Camões sempre associou os feitos
marítimos à expansão da fé cristã.
 Taprobana: ilha localizada no
oceano Índico, a sudeste da Índia,
atual Sri Lanka.
 Gente remota: referência aos
povos asiáticos.
 Novo Reino: Império Português na
Ásia.
 Estrofe 2
 E também as memórias

gloriosas
 Daqueles Reis que foram
dilatando
 A Fé, o Império, e as terras
viciosas
 De África e de Ásia andaram
devastado
 E aqueles que por obras
valerosas
 Se vão da lei da Morte
libertando:
 Cantando espalharei por toda
parte,
 Se a tanto me ajudar o engenho
e arte.”

 Vocabulário
 E também...: atentar para um verbo






subentendido – cantar -, que aparece no
sétimo verso dessa mesma estrofe e no
quinto verso da estrofe seguinte. Na
Proposição, o poeta apresenta o assunto
que será cantado.
Daqueles Reis: os reis da história de
Portugal, que serão celebrados nos Cantos
III e IV.
Terras viciosas: as terras da África e da
Ásia, não-cristianizadas e, portanto, tidas
como “ viciosas” .
E aqueles...: também aqui está
subentendido o verbo cantar.
Engenho e arte: para os poetas clássicos, o
ideal de poesia era a comunhão entre o
pensamento (engenho) e arte.
 Estrofe 3
 Cessem do sábio Grego e do

Troiano
 As navegações grandes que
fizeram;”
 Cale-se de Alexandre e de
Trajano
 A fama das vitórias que tiveram;.
 Que eu canto o peito ilustre
Lusitano,
 A quem Netuno e Marte
obedeceram.
 Cesse tudo o que a Musa antiga
canta,
 Que outro valor mais alto se
alevanta.”

 Vocabulário:
 Sábio Grego: referência a Ulisses,








personagem do poema Odisséia, de
Homero.
Troiano: referência a Enéias, personagem
do poema Eneida, de Virgílio.
Alexandro: Alexandre, o Grande,
imperador da Macedônia entre 336 e 323
a.C., conquistador de terras orientais.
Trajano: imperador romano responsável
por grandes conquistas em terras orientais.
Nos quatro versos iniciais da estrofe 3, o
poeta cita personagens épicos e grandes
conquistadores para, em seguida, cantar
um herói superior aos que o antecederam.
Peito ilustre Lusitano: aqui aparece o
herói coletivo do poema- o povo lusitano.
Netuno: deus dos mares e dos oceanos.
Marte: deus da guerra.
- Invocação: o poeta pede inspiração às Tágides,

ninfas do rio Tejo, para que lhe deem um “ engenho
ardente” e “ um sol alto e sublimado, um estilo
grandíloco. A invocação inicial é feita nas estrofes 4 e
5 do Canto I.
- Dedicatória; o poema é dedicado a D. Sebastião, rei

de Portugal à época da publicação do poema. A
dedicatória se estende da estrofe 6 à 18 do Canto I.
- Narração: é a longa parte narrativa na qual o poeta
desenvolve os episódios da viagem de Vasco da Gama
e a história de Portugal. Estende-se da estrofe 19 do
Canto I até a estrofe 144 do Canto X, totalizando 1072
estrofes.
Canto I- A narração se inicia com a frota portuguesa em pleno oceano Índico –
portanto, já no meio da viagem:

“Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando.”
Vocabulário
O concílio dos deuses: ao iniciar a narração, Camões

mostra o Concílio dos deuses no monte Olímpo,
situado na região centro-norte da Grécia, onde,
segundo a mitologia, seria a morada dos deuses.
Júpiter é o deus que domina o Olímpo.
Vênus é a deusa do amor; é a grande defensora dos
lusitanos no Olímpo e protetora de Vasco da Gama
durante toda a viagem.
Baco é o deus do vinho; estava contra a viagem de
Vasco da Gama, pois não queria perder seus domínios
em terras asiáticas.
Netuno, deus dos mares, também estava contra os

portugueses por se sentir invadido em seus domínios.
Marte, deus da guerra, defende os portugueses por
duas razões: nutria um profundo amor por Vênus e
admirava os portugueses, nobres guerreiros.
Surgem os primeiros obstáculos. O destino dos
navegadores é decidido no Concílio dos deuses no
Olímpo. Baco e Netuno estão contra os portugueses,
Vênus e Marte estão a favor: Júpiter decide pela
continuidade da viagem, atendendo aos pedidos de
Vênus. A viagem prossegue até Mombaça.
Estrofe 106
“No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!”
“Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?”
Canto II
Narra a viagem de Mombaça a Melinde. Mais uma vez, Baco

tenta destruir a frota portuguesa, que é salva pela interferência
de Vênus. Ao chegar a Melinde, Vasco da Gama é recebido pelo
rei, o qual lhe pede que conte a História de Portugal:
“ – Mas antes, valeroso Capitão,
Nos conta (lhe dizia), diligente,
Da terra tua o clima e região
Do mundo onde morais, distintamente;
E assi de vossa antiga geração,
E o princípio do Reino tão potente,
Cós sucessos das guerras do começo,
Que, sem sabê-als, sei que são do preço.”
Canto III – estrofe 119
 Vasco da Gama inicia a narração da história de Portugal; neste Canto,

é contada a história da primeira dinastia portuguesa (desde a formação
do Estado independente até a Revolução de Avis). Ao narrar o
governo de D. Pedro, Camões escreve o mais belo episódio lírico do
poema: o caso de Inês de Castro.
 “ Tu, só tu, puro amor, com força crua,
 Que os corações humanos tanto obriga,
 Deste causa à molesta morte sua,
 Como se fora pérfida inimiga.
 Se dizem, fero Amor, que a sede tua
 Nem com lágrimas, tristes se mitiga,
 É porque queres, áspero tirano,
 Tuas aras banhar em sangue humano.”
Estrofe 120
“Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito;
Nos saudosos campos de Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuito,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.”
Canto IV – Estrofe 95
 Vasco narra ao rei de Melinde, a história da

segunda dinastia, período que vai desde a
Revolução de Avis até a saída da frota de
Gama, já no governo de D. Manuel. No
final do Canto, quando a frota vai iniciar a
viagem, surge na praia do Restelo um velho
que faz sérias críticas às navegações,
mostrando que o povo, alheio aos lucros, é
quem navega e morre; o rei e a burguesia
lucram.










“ Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama
Ó fraudulento gosto, que se atiça
C´uma aura popular, que honra se chama!
Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!”

 Vocabulário:
 Fama: com maiúscula, isto é, a

personificação da Glória; reparar que o
poeta relaciona a Fama à vaidade.
 Aura popular: em outras palavras, em
nome da honra e do povo cometem-se
determinadas fraudes.
 Peito vão que muito te ama: uma
referência ao povo português, sujeito a
perigos e mortes, em nome do lucro, de
triunfos, de fama etc.
Estrofe 97
 “A que novos desastres

determinas
 De levar estes Reinos e esta
gente?
 Que perigos, que mortes lhe
destinas,
 Debaixo dalgum nome
preminiente?
 Que promessas de reinos e de
minas
 De ouro, que lhe farás tão
facilmente?
 Que famas lhe prometerás? Que
histórias?”

 Vocabulário:
 Reinos e esta gente: observar

que Camões não prevê um
desastre apenas para o povo
(gente), mas também para os
Reinos (império português);
logo, nem o povo nem a pátria
lucram com as navegações.
Lucram o rei e a burguesia.
 Premininte: o mesmo que
proeminente; que sobressai.
Estrofe 81
 “ E foi assim que, de doença crua e

feia,
 A mais que eu nunca vi,
desampararam
 Muitos a via, e em terra estranha e
alheia
 Os ossos para sempre sepultaram.
 Quem haverá que, sem o ver, o creia
 Que tão disformemente ali lhe
incharam
 As gengivas na boca, que crescia
 A carne e juntamente apodrecia?”

 Nesta estrofe há a remissão ao

Escorbuto, nome de uma doença
provocada pela falta de carência da
vitamina C. Surgem placas
esbranquiçadas pelo corpo, as
gengivas incham e sangram, há
hemorragias internas e externas.
Em pouco tempo, as gengivas
apodrecem e os doentes falecem.
 O escorbuto atacava os navegadores
portugueses principalmente na
região próxima ao trópico de
Capricórnio, nas costas africanas,
daí o escorbuto também ser
conhecido como ‘ mal de Luanda’ –
capital de Angola.
Canto X
Descrição da Ilha dos Amores e dos favores das ninfas.
Há uma descrição do universo e a exaltação dos feitos

portugueses. Regresso a Lisboa.
“ Destarte, enfim, conformes já as fermosas
Ninfas cós seus amados navegantes,
Os ornam de capelas deleitosas
De louro e de ouro e flores abundantes.
As mãos alvas lhe davam como esposas;
Com palavras formais e estipulantes
Se prometem eterna companhia,
Em vida e morte, de honra e alegria.”
Epílogo
 Epílogo: é o final do poema, abrangendo as estrofes 145 a 156, do

Canto X. O Epílogo inicia-se com uma das mais belas e angustiadas
estrofes de todo o poema, na qual o poeta mostra-se triste, abatido,
desiludido com a Pátria, que não merece mais ser cantada:
 Estrofe 146
 “ No’ mais, Musa, no’ mais, que a lira tenho
 Destemperada e a voz enrouquecida,
 E não do canto, mas de ver que venho
 Cantar a gente surda e endurecida,
 Não no dá a Pátria, não, que está metida
 No gosto da cobiça e na rudeza
 Duma austera, apagada e vil tristeza.’

Vocabulário:
No’ mais, Musa: aqui se inicia o Epílogo, com o poeta

invocando a Musa, desiludido, e mostrando-se cansado, não de
cantar, mas de ver que a Pátria não mais merecia ser cantada.
Destemperada: aqui, no sentido de desafinada.
Oito anos depois da publicação do poema, as preocupações de
Camões tornaram-se realidade: Portugal perde a autonomia,
passando para o domínio espanhol. Camões, mesmo exaltando
Portugal, nunca perdeu a consciência da realidade vivida por seu
país; desde o governo insano de D. Sebastião, podia-se prever
um futuro tenebroso para Portugal.

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Camões eternamente - O poeta dos Lusíadas

  • 1. Além do mar e do amor – eternamente CAMÕES
  • 2. VIDA Nascimento: 1524. Filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá Macedo. Família: fidalgos decadentes. Escolaridade: Universidade de Coimbra. Exército: serviu como militar no Norte da África. Exílio: África e Ásia (Macau – China) – 17 anos. Retorno: 1570. Os Lusíadas: publicado em 1572. Dedicatória: D. Sebastião, rei de Portugal. Pensão: 15000 réis por ano. Falecimento: 1580. Obras: poesias líricas, uma poesia épica, três peças para teatro e algumas cartas.
  • 3. Camões lírico Maior poeta lírico português. Obra dual: herança tradicional - redondilhas; enquadradas no Renascimento. Principais temas abordados: Poesia Tradicional – redondilhas: herança das cantigas trovadorescas (de amigo)- o mar, a fonte, a natureza:
  • 4. Cantiga “Cantiga alheia: Na fonte está Lianor Lavando a talha e chorando, Às amigas perguntando: - Vistes lá meu amor?”
  • 5. Voltas “Posto o meu pensamento nele, Porque a tudo o amor obriga, Cantava, mas a cantiga Eram suspiros por ele. Nisto estava Lianor O seu desejo enganando, Às amigas perguntando: - Vistes lá o meu amor?”
  • 6. O Amor Tema mais rico da lírica camoniana. É visto como ideia (neoplatonismo) e como manifestação de carnalidade. Enquanto ideia ou espiritualidade: conduz à idealização da mulher - influência de Petrarca e Dante Alighieri. Mundo sensível: amor terreno, erótico, carnal: a própria vida atribulada do poeta, sua experiência concreta . Síntese desses dois amores: contradição, manifestada no uso abusivo de antíteses.
  • 7. Busque Amor novas artes, novo engenho, Pera matar-me, e novas esquivanças; Que não pode tirar-me as esperanças, Que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, Andando em bravo mar, perdido o lenho.
  • 8. Mas, conquanto não pode haver desgosto Onde esperanças falta, lá me esconde Amor um mal que mata e não se vê; Que dias há que na alma me tem posto Um não sei quê, que nasce não sei onde, Vem não sei como, e dói não sei por quê.
  • 9. O desconcerto do mundo Tema perturbador quanto: às injustiças – prêmio aos maus e o castigo aos bons; “Os bons vi sempre passar No mundo graves tormento E, para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mal. Mas fui castigado. Assim que só para mim Anda o mundo concertado.”
  • 10. Ser e dever ser “Quem pode ser no mundo tão quieto Ou quem terá tão livre o pensamento (ao) Ver e notar do mundo o desconcerto?”
  • 11. à ambição - guardar bens; aos sofrimentos constantes - aniquilam as prováveis conquistas.
  • 12. Amor Carnal Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia.  Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia.  Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assi negada a sua pastora, Como se não a tivera merecida,  Começa de servir outros sete anos, Dizendo: - mais serviria, se não fora Pêra tão longo amor tão curta a vida! 
  • 13. AmorXamor Busque Amor novas artes, novo engenho, Pera matar-me, e novas esquivanças; Que não pode tirar-me as esperanças, Que mal me tirará o que eu não tenho. Olhai de que esperanças me mantenho! Vede que perigosas seguranças! Que não temo contrastes nem mudanças, Andando em bravo mar, perdido o lenho. Mas, conquanto não pode haver desgosto Onde esperanças falta, lá me esconde Amor um mal que mata e não se vê; Que dias há que na alma me tem posto Um não sei quê, que nasce não sei onde, Vem não sei como, e dói não sei por quê.
  • 14. Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
  • 15. Alegoria da caverna Em a República, Platão o mundo sensível e o mundo inteligível Compara-os às sombras que se projetariam no fundo de uma caverna escura se por diante da entrada dessa caverna passassem objetos iluminados pelo sol. Do mesmo modo que entre as sombras projetadas por esses objetos e os objetos mesmos há um abismo de diferença, e, sem embargo, as sombras são em certo modo partícipes da realidade dos objetos que passam, desse modo os seres que contemplamos na nossa existência sensível, não são mais que sombras efêmeras, transitórias, imperfeitas, passageiras, reproduções ínfimas, inferiores, dessas ideias puras, perfeitas eternas, imperecíveis, indissolúveis, imutáveis, sempre iguais a si mesmas, cujo conjunto forma o mundo das ideias.
  • 16. Os Lusíadas Estrutura Estrofes: 1102 Cantos: 10 Estrofes: 8 versos (oitavas) Total de versos do poema: 8816 Versos: decassílabos Rimas: AB AB AB CC Canto I: 106 Canto II: 113 Canto III: 143 Canto IV: 104 Canto V: 100 Canto VI: 99 Canto VII: 87 Canto VIII: 99 Canto IX: 95 CantoX: 156
  • 17. Título Camões foi buscar a palavra lusíada numa epístola escrita por André de Resende, em 1531. A palavra significa os lusitanos. Os lusíadas são os próprios Lusos, em sua alma como em sua ação.
  • 18. Herói O herói de Os Lusíadas não é Vasco da Gama, mas sim todo o povo português (do qual Vasco da Gama é digno representante). O próprio poeta afirma que vai cantar “ as armas e os barões assinalados” que navegaram “ por mares nunca dantes navegados” , ou seja, todo o povo lusitano navegador que enfrenta a morte pelos mares desconhecidos.
  • 19. Tema O poeta deixa expresso o tema nas duas primeiras estrofes: a glória do povo navegador português, que “ entre gente remota edificaram/Novo Reino que tanto sublimaram” isto é, os navegadores que conquistaram as Índias e edificaram o Império Português no Oriente, bem como as memórias dos reis portugueses que tentaram ampliar o Império: “ E também as memórias gloriosas/Daqueles reis que foram dilatando A Fé, o Império...” Portanto, Camões cantará as conquistas de Portugal, as glórias dos navegadores, os reis do passado, a história de Portugal.
  • 20. Estrutura Os 10 cantos que formam o poema aparecem divididos em cinco partes, comuns aos poemas épicos clássicos: Proposição É a apresentação do poema, com destaque para o tema e o herói. São as estrofes 1, 2 e 3 do Canto I:
  • 21.  Estrofe 1  “ As armas e os Barões assinalados  Que, da Ocidental praia Lusitania,  Por mares nunca dantes navegados,  Passaram ainda além da Taprobana,  Em perigos e guerras esforçados,  Mais do que prometia a força humana,  E entre gente remota edificaram  Novo Reino, que tanto sublimaram;”  Vocabulário:  Armas: no sentido de feitos militares.  Barões: o mesmo que varões, homens.  Assinalados: famosos, célebres; há também uma conotação religiosa, no sentido de ter o sinal divino. Camões sempre associou os feitos marítimos à expansão da fé cristã.  Taprobana: ilha localizada no oceano Índico, a sudeste da Índia, atual Sri Lanka.  Gente remota: referência aos povos asiáticos.  Novo Reino: Império Português na Ásia.
  • 22.  Estrofe 2  E também as memórias gloriosas  Daqueles Reis que foram dilatando  A Fé, o Império, e as terras viciosas  De África e de Ásia andaram devastado  E aqueles que por obras valerosas  Se vão da lei da Morte libertando:  Cantando espalharei por toda parte,  Se a tanto me ajudar o engenho e arte.”  Vocabulário  E também...: atentar para um verbo     subentendido – cantar -, que aparece no sétimo verso dessa mesma estrofe e no quinto verso da estrofe seguinte. Na Proposição, o poeta apresenta o assunto que será cantado. Daqueles Reis: os reis da história de Portugal, que serão celebrados nos Cantos III e IV. Terras viciosas: as terras da África e da Ásia, não-cristianizadas e, portanto, tidas como “ viciosas” . E aqueles...: também aqui está subentendido o verbo cantar. Engenho e arte: para os poetas clássicos, o ideal de poesia era a comunhão entre o pensamento (engenho) e arte.
  • 23.  Estrofe 3  Cessem do sábio Grego e do Troiano  As navegações grandes que fizeram;”  Cale-se de Alexandre e de Trajano  A fama das vitórias que tiveram;.  Que eu canto o peito ilustre Lusitano,  A quem Netuno e Marte obedeceram.  Cesse tudo o que a Musa antiga canta,  Que outro valor mais alto se alevanta.”  Vocabulário:  Sábio Grego: referência a Ulisses,       personagem do poema Odisséia, de Homero. Troiano: referência a Enéias, personagem do poema Eneida, de Virgílio. Alexandro: Alexandre, o Grande, imperador da Macedônia entre 336 e 323 a.C., conquistador de terras orientais. Trajano: imperador romano responsável por grandes conquistas em terras orientais. Nos quatro versos iniciais da estrofe 3, o poeta cita personagens épicos e grandes conquistadores para, em seguida, cantar um herói superior aos que o antecederam. Peito ilustre Lusitano: aqui aparece o herói coletivo do poema- o povo lusitano. Netuno: deus dos mares e dos oceanos. Marte: deus da guerra.
  • 24. - Invocação: o poeta pede inspiração às Tágides, ninfas do rio Tejo, para que lhe deem um “ engenho ardente” e “ um sol alto e sublimado, um estilo grandíloco. A invocação inicial é feita nas estrofes 4 e 5 do Canto I.
  • 25. - Dedicatória; o poema é dedicado a D. Sebastião, rei de Portugal à época da publicação do poema. A dedicatória se estende da estrofe 6 à 18 do Canto I. - Narração: é a longa parte narrativa na qual o poeta desenvolve os episódios da viagem de Vasco da Gama e a história de Portugal. Estende-se da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X, totalizando 1072 estrofes.
  • 26. Canto I- A narração se inicia com a frota portuguesa em pleno oceano Índico – portanto, já no meio da viagem: “Já no largo Oceano navegavam, As inquietas ondas apartando; Os ventos brandamente respiravam, Das naus as velas côncavas inchando.”
  • 27. Vocabulário O concílio dos deuses: ao iniciar a narração, Camões mostra o Concílio dos deuses no monte Olímpo, situado na região centro-norte da Grécia, onde, segundo a mitologia, seria a morada dos deuses. Júpiter é o deus que domina o Olímpo. Vênus é a deusa do amor; é a grande defensora dos lusitanos no Olímpo e protetora de Vasco da Gama durante toda a viagem. Baco é o deus do vinho; estava contra a viagem de Vasco da Gama, pois não queria perder seus domínios em terras asiáticas.
  • 28. Netuno, deus dos mares, também estava contra os portugueses por se sentir invadido em seus domínios. Marte, deus da guerra, defende os portugueses por duas razões: nutria um profundo amor por Vênus e admirava os portugueses, nobres guerreiros. Surgem os primeiros obstáculos. O destino dos navegadores é decidido no Concílio dos deuses no Olímpo. Baco e Netuno estão contra os portugueses, Vênus e Marte estão a favor: Júpiter decide pela continuidade da viagem, atendendo aos pedidos de Vênus. A viagem prossegue até Mombaça.
  • 29. Estrofe 106 “No mar tanta tormenta e tanto dano, Tantas vezes a morte apercebida! Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida!” “Onde pode acolher-se um fraco humano, Onde terá segura a curta vida, Que não se arme e se indigne o Céu sereno Contra um bicho da terra tão pequeno?”
  • 30. Canto II Narra a viagem de Mombaça a Melinde. Mais uma vez, Baco tenta destruir a frota portuguesa, que é salva pela interferência de Vênus. Ao chegar a Melinde, Vasco da Gama é recebido pelo rei, o qual lhe pede que conte a História de Portugal: “ – Mas antes, valeroso Capitão, Nos conta (lhe dizia), diligente, Da terra tua o clima e região Do mundo onde morais, distintamente; E assi de vossa antiga geração, E o princípio do Reino tão potente, Cós sucessos das guerras do começo, Que, sem sabê-als, sei que são do preço.”
  • 31. Canto III – estrofe 119  Vasco da Gama inicia a narração da história de Portugal; neste Canto, é contada a história da primeira dinastia portuguesa (desde a formação do Estado independente até a Revolução de Avis). Ao narrar o governo de D. Pedro, Camões escreve o mais belo episódio lírico do poema: o caso de Inês de Castro.  “ Tu, só tu, puro amor, com força crua,  Que os corações humanos tanto obriga,  Deste causa à molesta morte sua,  Como se fora pérfida inimiga.  Se dizem, fero Amor, que a sede tua  Nem com lágrimas, tristes se mitiga,  É porque queres, áspero tirano,  Tuas aras banhar em sangue humano.”
  • 32. Estrofe 120 “Naquele engano da alma, ledo e cego, Que a fortuna não deixa durar muito; Nos saudosos campos de Mondego, De teus fermosos olhos nunca enxuito, Aos montes ensinando e às ervinhas O nome que no peito escrito tinhas.”
  • 33. Canto IV – Estrofe 95  Vasco narra ao rei de Melinde, a história da segunda dinastia, período que vai desde a Revolução de Avis até a saída da frota de Gama, já no governo de D. Manuel. No final do Canto, quando a frota vai iniciar a viagem, surge na praia do Restelo um velho que faz sérias críticas às navegações, mostrando que o povo, alheio aos lucros, é quem navega e morre; o rei e a burguesia lucram.         “ Ó glória de mandar, ó vã cobiça Desta vaidade a quem chamamos Fama Ó fraudulento gosto, que se atiça C´uma aura popular, que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas, Que crueldades neles experimentas!”  Vocabulário:  Fama: com maiúscula, isto é, a personificação da Glória; reparar que o poeta relaciona a Fama à vaidade.  Aura popular: em outras palavras, em nome da honra e do povo cometem-se determinadas fraudes.  Peito vão que muito te ama: uma referência ao povo português, sujeito a perigos e mortes, em nome do lucro, de triunfos, de fama etc.
  • 34. Estrofe 97  “A que novos desastres determinas  De levar estes Reinos e esta gente?  Que perigos, que mortes lhe destinas,  Debaixo dalgum nome preminiente?  Que promessas de reinos e de minas  De ouro, que lhe farás tão facilmente?  Que famas lhe prometerás? Que histórias?”  Vocabulário:  Reinos e esta gente: observar que Camões não prevê um desastre apenas para o povo (gente), mas também para os Reinos (império português); logo, nem o povo nem a pátria lucram com as navegações. Lucram o rei e a burguesia.  Premininte: o mesmo que proeminente; que sobressai.
  • 35. Estrofe 81  “ E foi assim que, de doença crua e feia,  A mais que eu nunca vi, desampararam  Muitos a via, e em terra estranha e alheia  Os ossos para sempre sepultaram.  Quem haverá que, sem o ver, o creia  Que tão disformemente ali lhe incharam  As gengivas na boca, que crescia  A carne e juntamente apodrecia?”  Nesta estrofe há a remissão ao Escorbuto, nome de uma doença provocada pela falta de carência da vitamina C. Surgem placas esbranquiçadas pelo corpo, as gengivas incham e sangram, há hemorragias internas e externas. Em pouco tempo, as gengivas apodrecem e os doentes falecem.  O escorbuto atacava os navegadores portugueses principalmente na região próxima ao trópico de Capricórnio, nas costas africanas, daí o escorbuto também ser conhecido como ‘ mal de Luanda’ – capital de Angola.
  • 36. Canto X Descrição da Ilha dos Amores e dos favores das ninfas. Há uma descrição do universo e a exaltação dos feitos portugueses. Regresso a Lisboa. “ Destarte, enfim, conformes já as fermosas Ninfas cós seus amados navegantes, Os ornam de capelas deleitosas De louro e de ouro e flores abundantes. As mãos alvas lhe davam como esposas; Com palavras formais e estipulantes Se prometem eterna companhia, Em vida e morte, de honra e alegria.”
  • 37. Epílogo  Epílogo: é o final do poema, abrangendo as estrofes 145 a 156, do Canto X. O Epílogo inicia-se com uma das mais belas e angustiadas estrofes de todo o poema, na qual o poeta mostra-se triste, abatido, desiludido com a Pátria, que não merece mais ser cantada:  Estrofe 146  “ No’ mais, Musa, no’ mais, que a lira tenho  Destemperada e a voz enrouquecida,  E não do canto, mas de ver que venho  Cantar a gente surda e endurecida,  Não no dá a Pátria, não, que está metida  No gosto da cobiça e na rudeza  Duma austera, apagada e vil tristeza.’ 
  • 38. Vocabulário: No’ mais, Musa: aqui se inicia o Epílogo, com o poeta invocando a Musa, desiludido, e mostrando-se cansado, não de cantar, mas de ver que a Pátria não mais merecia ser cantada. Destemperada: aqui, no sentido de desafinada. Oito anos depois da publicação do poema, as preocupações de Camões tornaram-se realidade: Portugal perde a autonomia, passando para o domínio espanhol. Camões, mesmo exaltando Portugal, nunca perdeu a consciência da realidade vivida por seu país; desde o governo insano de D. Sebastião, podia-se prever um futuro tenebroso para Portugal.