Este documento discute conceitos fundamentais da lógica, incluindo:
1) A linguagem serve para representar o pensamento e organizar o raciocínio usando conceitos, juízos e raciocínios;
2) A lógica estuda as regras do pensamento coerente através de instrumentos como proposições, silogismos e argumentos;
3) A argumentação visa persuadir outros usando razões para apoiar ou refutar uma tese.
O que é linguagem e tipologia textual - Profª Ma. Gláuci H Mora Dias
Matéria 1º Período
1. Filosofia 11º ano – Lógica
Linguagem
Faculdade de Simbolizar/Representar
o Ex: Bandeira de Portugal em vez do próprio país.
Faculdade de Representar o real, usando signos linguísticos:
o Conceitos;
o Imagem acústica;
A palavra caneta, esta em vez de
Ao dizer que a caneta é amarela, estamos a representa-la.
Organização do Pensamento
Palavras Conceito
Frases = Preposições Juízos
Discurso (argumento) Raciocínio
Linguagem Pensamento
Instrumentos lógicos
do pensamento.
2. Filosofia 11º ano – Lógica
Como pensa o pensamento?
O pensamento usa:
o Conceitos – ideia geral e abstracta sobre uma classe de seres (canetas);
o Juízos – estabelecem a relação entre, pelo menos, dois conceitos (caneta é
vermelha);
o Raciocínios– relação/encadeamento juízos.
Todas as canetas são vermelhas – premissa;
Este objecto é uma caneta – premissa;
Este objecto é vermelho – conclusão;
Linguagem
Há vários tipos:
o Gestual;
o Cromática;
o Verbal;
Serve para comunicar
Ser humano usa a linguagem articulada;
Os animais usam linguagem não articulada
Pensamento, Linguagem e Discurso
Quando pensamos estamos a realizar um conjunto de operações mentais, como classificar,
descrever ou relacionar coisas. Nestas operações mentais utilizamosconceitos.
Os conceitos são expressos na linguagem oral ou escrita, por palavras ou conjuntos de
palavras, os signos linguísticos.
Na origem destes signos, está a língua falada. A língua caracteriza-se por ser:
o Aprendida, resulta de um processo de enculturação, não é, por isso, inata.
o Articulada, enquanto linguagem verbal (as variações sonoras, traduzidas em
fonemas, dão origem à diversidade de palavras).
o Simbólica, as palavras substituem os objectos concretos a que se referem. As
relações entre os signos e as coisas resultam de convenções.
Foi a língua falada que tornou possível a formação de outros tipos de linguagem, tal como
a linguagem gestual, etc. O acto de escrever, constitui uma das formas secundárias da
linguagem oral.
3. Filosofia 11º ano – Lógica
A aquisição desta linguagem oral ou escrita, com a qual expressamos os nossos
pensamentos e emoções faz-se em simultâneo com o desenvolvimento do pensamento.
Aprendemos a pensar ao mesmo tempo que aprendemos a expressar-nos nas diferentes
linguagens.
A linguagem não pode ser entendia como um instrumento do pensamento, mas como a
MATÉRIA do próprio pensar. Não há pensamento fora da linguagem, nem linguagem sem
pensamento. Como demonstrou Jean Piaget, quando uma criança começa a falar adquire
ao mesmo tempo um meio de se exprimir e de comunicar cada vez mais eficaz, que lhe
possibilita ordenar e classificar o mundo de uma certa maneira, assim como o seus
sentimentos e as suas acções. A nossa língua acaba, desta forma, por modelar a maneira
de vermos, compreendermos e descrevermos todas as coisas. Todas as línguas expressam
uma dada cosmovisão (concepção do mundo).
Ao pensarmos sobre as coisas estamos a encadear um conjunto de raciocínios de uma
forma mais ou menos coerente. Pensar é de certa forma iniciar um percurso, com um
ponto de partida e de chegada, a conclusão. À expressão encadeada do pensamento, sob
a forma de palavras designamos por discurso.
A maneira como descrevemos o mundo tem vindo a adquirir uma complexidade
crescente, fruto do desenvolvimento das linguagens que vão sendo criadas para o fazer.
Logica
Disciplina filosófica (criação remonta a IV a. C).
Ciência do pensamento – logo, das razões.
Dedica-se ao estudo das regras, e princípios a que o pensamento deve obedecer para
ser coerente.
Preocupa-se com a validade (≠ verdade → adequação do que pensamos/dizemos com
a realidade).
Validade = cumprimento das regras e princípios lógicos, tem a ver com a forma
Ex:
Todos os Cães miam;
Bobby é um cão;
Bobby mia;
4. Filosofia 11º ano – Lógica
Importância / relevância da logica
Pensar de forma clara, concisa e correcta;
Resolver problemas;
Contribui para a precisão, coerência e de demostratividade do raciocínio;
Ajuda a detectar erros lógicos na linguagem falada e escrita;
Eleva a cultura do pensamento;
Ajuda a encontrar vias mais breves e correctas para refutar e evitar erros.
Instrumentos lógicos do pensamento
1. O que são conceitos?
2. Como se formam os conceitos?
Os conceitos formam-se a partir da observação de um nº de casos
considerados suficiente que analisamos, retirando características essenciais
(ex. tinta de uma caneta) e desprezamos as acidentais (ex. cor da tinta de uma
caneta);
Sintetizamos a informação, abstraímos da situação concreta e generalizamos
todas as situações.
Conceito
Pode organizar-se, atendendo a:
o Compreensão – booby;
o Extensão – animal;
Proposição
Relaciona conceitos;
o Ex.: Todas as árvoressãoplantas Predicado
Quantificador Copula (verbo
copulativo)
Sujeito
o Tem que ser frase declarativa;
o Tem que ter valor de verdade;
o Afirma ou nega algo em relação a um sujeito.
5. Filosofia 11º ano – Lógica
Proposição – FORMA PADRÃO
Todos os homens são mortais
Quantificador Sujeito Predicado
s=termo menor p= termo maior
Ex: Alguns … São
Nenhum … é
Inferências Imediatas
É possível construir uma nova proposição a partir de um inicial
Podem ser:
1. Por oposição;
2. Por conversão;
Classificação das proposições
1. Quantidade 2. Qualidade
Universal; Afirmativa;
Particular; Negativa;
Universal afirmativa
A Ex: todos os homens são mortais
Universal negativa
E Ex: Nenhum homem é mortal
Particular afirmativa
I Ex: Alguns homens são mortais
Particular negativa
O Ex: Alguns homens não são mortais
Proposição Sujeito Predicado
A Distribuído Não distribuído
E Distribuído Distribuído
I Não distribuído Não distribuído
O Não distribuído Distribuído
6. Filosofia 11º ano – Lógica
Inferências por oposição
Quadrado Lógico
Inferências imediatas por conversão
3 Tipos possíveis:
Simples – só possíveis nas proposições do tipo E e do tipo I
Ex: alguns jovens são praticantes de desporto.
Por limitação– só possíveis nas proposições de tipo A
Ex : todoslisboetas são portugueses – tipo A
AlgunsPortugueses são lisboetas – tipo I
Por negação– só possível nas proposições do tipo O
Ex: Alguns jovens não são desportistas
Alguns desportistas não são jovens
7. Filosofia 11º ano – Lógica
Argumento – dedutivo ou indutivo
Se as premissas forem verdadeiras, as conclusao é
necessariamentverdadeira.
universal:
→ todos os homens são mortais - V(1ªpremissa)
vai do geral para
Dedutivo → joão é homem - V(2ªpremissa)
o particular
particular:
Argumento
→ joão é mortar - V (conclusão)
Apesar das premissas verdadeiras, a conclusão é apenas
provavel.
vai do particular
Indutivo A conclusão vail alem das premissa.
para o geral
→ Fortes= maior grau de probablilidade;
→ Fracos = menor grau de probabilidade;
Silogismo Categórico e Silogismo Condicional
O silogismo categórico é uma inferência dedutiva. Não se pretende descobrir nada de
novo, mas apenas demonstrar a validade de algo que já se conhece.
Só pode ter 3 termos
Ex.
M P
o Todos os gatos são mamíferos M= Termo médio (estabelece
S M relação entre S e P);
Os siameses são gatos . S= Termo menor;
S P
P= Termo maior;
Logo, os siameses são mamíferos .
Modo A, A, A
8. Filosofia 11º ano – Lógica
Regras do Silogismo Categórico Regular
Regras dos Termos
Regras Exemplos Inválidos
1 Ter três termos (sem equívocos): Todo o touro tem chifres
maior, médio e menor. Touro é uma constelação
Logo, uma constelação tem chifres
T. Maior:chifres; T. Médio: Touro
(animal); T.Menor: Constelação; 4º.
Termo: Touro (constelação).
2 Os termos maior e menor não Tudo o que magoa é mau.
podem ter, na conclusão, maior Alguns homens magoam.
extensão do que nas premissas. Logo, todos os homens são maus
T. Maior: maus; T.Menor: todos os
homens.
3 O termo médio tem que ser tomado A tâmara é um fruto
pelo menos uma vez em toda a sua A laranja é um fruto
extensão (universalmente). Logo, a tâmara é uma laranja.
T. Médio: fruto.
4 O termo médio não deve entrar na Tâmara é grande
conclusão Tâmara é faladora
Portanto, a Tâmara é uma grande
faladora.
T. Médio: Tâmara
Regras das Proposições
Regras Exemplos Inválidos
5 De duas premissas afirmativas não se Insultar é um acto indigno
pode tirar conclusões negativas. Os actos indignos são condenáveis
Logo, insultar não é condenável.
6 De duas premissas negativas nada se Nenhum homem é imortal
pode concluir Os pássaros não são homens
Portanto, os pássaros são imortais.
7 De duas premissas particulares nada Algum aluno é preguiçoso
se pode concluir. Algum aluno é estudioso
Portanto, alguns alunos estudiosos
são preguiçosos.
8 A conclusão segue a parte mais fraca Todos os leões são mamíferos
Alguns animais são leões
Portanto, todos os animais são
mamíferos.
9. Filosofia 11º ano – Lógica
Figura
Determina-se pela função do termo médio na premissa maior e na premissa menor.
Como o termo pode exercer a função de sujeito e predicado, há possibilidade de existir
4 figuras.
1ª Figura 2ª Figura 3ª Figura 4ª Figura
Premissa
Maior MeP PeM MeP PeM
Premissa
Menor SeM SeM MeS MeS
Conclusão SeP SeP SeP SeP
Silogismo Condicional
Modus ponens:
Seestiver com atenção, então, aprendo lógica.
p q
Eu estou com atenção
Se p, então q.
p
Logo, aprendo lógica
q
Modus tollens:
Se aquecer o ferro, então ele dilata
Antecedente Consequente
(ferro) Ele não dilatou
Logo, não aquecemos o ferro.
10. Filosofia 11º ano – Lógica
O Domínio do discurso argumentativo
A comunicação humana visa persuadir, conquistar a adesão dos outros.
Argumentação – actividade social, intelectual e discursiva que, utilizando um conjunto de
razões bem fundamentadas (argumentos), procurando justificar ou refutar uma opinião ou
obter a aprovação e adesão de um auditório, com o intuito de alteras o seu comportamento.
OU
«Conjunto de técnicas discursivas que permitem provocar ou reforçar a adesão dos espíritos às
teses que são apresentadas ao seu assentimento»
Comunicação argumentativa –processo de troca de mensagens cuja finalidade é a adesão
dos outros às nossas teses, perspectivas ou opiniões.
Tese= ideia/opinião do autor sobre um assunto.
1) Defender a tese
→Argumentos a favor da tese.
2) Refutar
→Argumentos contra a tese.
Tese: Os alunos devem estudar todos os dias.
Argumentos:Porque dessa forma, conseguem tirar boas notas.
Contra argumentos:Há quem estude todos os dias e não tira boas notas.
11. Filosofia 11º ano – Lógica
A argumentação é a produção de afirmações destinadas a sustentar ou a apoiar uma
conclusão, ao mesmo tempo que a Demonstração é um argumento dedutivamente válido que
parte de premissas verdadeiras que conduzem necessariamente à conclusão.
Argumentar é expor de forma encadeada um conjunto de argumentos (razões) que
justificam uma conclusão. Por outras palavras, um argumento é um conjunto de
premissas (razões, provas, ideias) apresentadas para sustentar uma tese ou um ponto
de vista.
Conforme os tipo de argumentos (razões) que nos servimos para justificar uma dada
conclusão, podemos estar perante uma demonstração ou uma argumentação.
Na argumentaçãoa conclusão é mais ou menos plausível. As provas apresentadas são
susceptíveis de múltiplas interpretações, frequentemente marcadas pela
subjectividade de quem argumenta e do contexto em que o faz. Na
argumentaçãoprocura-se acima de tudo, convencer alguém que uma dada tese é
preferível a outra. É por isso que só se argumenta nas situações em que existem várias
respostas possíveis. Toda a argumentação implica deste modo o envolvimento ou
comprometimento de alguém em determinadas teses.
Na demonstração a conclusão é universal, decorrendo de forma necessária das
premissas, e impõe-se desde logo à consciência como verdadeira. As provas são sem
margem de erro e não estão contaminadas por factores subjectivos ou de contexto. A
demonstração assume um carácter impessoal. É por isso que podemos dizer que a
mesma foi correcta ou incorrectamente feita, dado só se admitir uma única conclusão.
12. Filosofia 11º ano – Lógica
Auditório e Orador
Auditório:
Conjunto de indivíduos que o orador pretende influência com sua argumentação.
Não existe argumentação sem auditório (mesmo quando argumentamos em relação
mesmos).
Pode ser:
1) Individual: Constituído por uma pessoa com que se estabelece diálogo (ex. pai/filho;
marido/mulher; policia/multado).
2) Particular: Grupo restrito de pessoas (ex. esta turma; pessoas que vão a um comício,
conferencia ou homilia religiosa).
3) Universal: Quando o que se afirma pretende ser válido para toda a humanidade (ex.
teses filosóficas e/ou outras que se procuram solucionar os grandes problemas que a
humanidade enfrenta).
Orador
13. Filosofia 11º ano – Lógica
Discurso Publicitário e Discurso Politico
Características do discurso publicitário
Apela à sensibilidade; sedutor (busca a simpatia do auditório);
Mobiliza o desejo;
Dirigido a um auditório específico;
Manipula símbolos para alterar a avaliação que os receptores fazem da
realidade;
Induz à opção por determinado produto;
Explora o poder da palavra e da imagem;
Propõe jogo de associações semânticas (actua a um nível implícito e
inconsciente).
Discurso politico
Associado ao conceito de propaganda política
o Dirige-se a vários auditórios particulares;
o Sedutor;
o Manipulador e demagógico;
Utiliza estratégias para persuadir o auditório (a cada um) de que
pensa como ele
Maleável
Utiliza vocabulário ambíguo para que cada um o interprete da
forma que mais lhe convém
o Reforça opiniões prévias;
o Forma e é formado pela opinião pública
Tendência da população para partilhar as mesmas
ideias acerca de um problema = voz do povo, vontade
colectiva.
14. Filosofia 11º ano – Lógica
Papel do auditório
Determinante – é condicionador do processo argumentativo
Argumentação nunca se faz num campo vazio mas numa espécie de
sintonia/contexto entre orador/auditório (é ele que se quer
cativar/influenciar)
Aspectos em que se faz sentir a sua influência:
1) Na linguagem – têm que partilhar a mesma – natural
Nunca é objectiva
É entendível por todos
2) As proposições a apresentar têm que ser discutíveis (a aceitação
passa pela capacidade crítica do auditório)
3) Técnicas do discurso – pois a argumentação é um processo
dialógico (diálogo do tipo pergunta-resposta não é o ideal se o
auditório for numeroso)
ACORDO
Perelman considera-o como o objectivo a atingir; é importante sobretudo nos casos
em que os meios de prova são insuficientes . Ex: casos em que se debate o valor de
uma decisão, de uma atitude, de um comportamento (justo/injusto;
razoável/honroso, etc)
“ O que o advogado tenta obter com o seu relato é a adesão do juiz, e só pode obtê-la mostrando-lhe
que tal adesão está justificada porque é aprovada pelas instâncias superiores e pela opinião pública.
Para conseguir os seus fins, o advogado não partirá de algumas verdades (os axiomas) até chegar a
outras verdades a demonstrar (os teoremas), mas sim de alguns acordos prévios até obter a adesão”.
Perelman, A Lógica jurídica e a nova retórica
Acordo prévias = proposições não questionadas, aceites pelo auditório antes de se dar início à
argumentação e que constituem a base do discurso.
São de diferente natureza, podendo consistir em factos do conhecimento público,
valores comummente aceites, próprias de auditórios específicos.
Pelas técnicas argumentativas procura-se a transferência do acordo desta base de
entendimento para a tese apresentada pelo orador.