SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  31
Fontes de pesquisas
Blog(s): simplesmente português
Planeta Educação (CONHECIMENTOS QUE TRANSFORMAM)
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
LÍNGUA PORTUGUESA – 6º ANO
1º BIMESTRE
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
 - Livro-texto;
 - Livro-paradidático
GRAMÁTICA
 Fonema e letra
 Dígrafo
 Classificação dos fonemas e encontros vocálicos
 Encontros vocálicos
 Classificação das sílabas
 Sílaba tônica
 Monossílabos tônicos e átonos
 Regras de acentuação (1)
 Palavras oxítonas
 Acentuação de hiatos
 Acentuação dos ditongos abertos
 Acentuação das palavras monossílabas
 Regras de acentuação (2)
 Palavras proparoxítonas
 Palavras paroxítonas
 Frases
 Substantivo (classificação formação)
 Substantivos:
o Comuns e próprios
o Coletivos
o Concretos e abstratos
o Simples e compostos
o Primitivos e derivados
 Artigo
 Gênero e número do artigo
PONTUAÇÃO
 - O ponto final;
 - O ponto de interrogação;
 - Dois pontos;
 - Travessão;
 - Vírgula;
 - Reticência.
2° BIMESTRE
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
 - Livro-texto;
 - Livro-paradidático
GRAMÁTICA
 Substantivo (gênero)
 Substantivos biformes
 Substantivos uniformes
 Substantivo (número)
 Plural dos substantivos simples
 Plural dos substantivos compostos
 Grau do substantivo: diminutivo-aumentativo
 Adjetivo
 Locução adjetiva
 Concordância do adjetivo
 Adjetivos simples e compostos
 Adjetivos pátrios
 Grau do adjetivo
 Grau comparativo
 Grau superlativo
 Numeral
ORTOGRAFIA:
 Palavras com as terminações ês, esa, ez, eza.
3º BIMESTRE
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS:
 - Livro-texto;
 - Livro-paradidático:
GRAMATICA
 Pronomes
 Pronomes pessoais
 Pronomes de tratamento
 Pronomes possessivos e pronomes demonstrativos
 Pronome indefinido
 Pronome interrogativo
 Pronome relativo
 Verbo
 Modos do verbo
 Tempos do indicativo
 Presente do indicativo
 Pretérito do indicativo
 Pretérito perfeito
 Pretérito imperfeito
 Pretérito mais-que-perfeito
 Futuro do indicativo
 Tempos do subjuntivo
 Modo imperativo
 Imperativo afirmativo
 Imperativo negativo
4º BIMESTRE
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS:
 - Livro-texto;
GRAMÁTICA
 Advérbio
 Advérbios de modo terminados em mente
 Locução adverbial
 Preposição: contração e combinação
 Crase
 Interjeição
 Oração: sujeito e predicado
 Sujeito simples e sujeito composto
 Posição do sujeito na oração
 Conjunção
A Indisciplina na sala de aula - 06/12/2006
Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado
Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo. No caminho para seus novos
afazeres os corredores da escola não parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na
sala de aula todos os alunos estão de pé, circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de
compromisso com o trabalho que está apenas começando.
Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para pessoas que,
como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino Médio. Matemática não lhes parece parte
integrante dos conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que percebem em seus
cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos
de 10 minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam
rapidamente da classe.
É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para interromper o trabalho
que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo
abertas no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem
consigo justificativas que lhes permitem permanecer na aula.
Nenhum dos dois tem os materiais apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos
obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos estudantes diz que não tem
qualquer interesse pelo que está sendo ensinado e, além disso, ameaça o professor.
Para desestabilizar ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula
tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma
como os primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar ainda mais a
situação, entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes
também se faz notar.
Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos professores), fica claro para o novo
professor de matemática que entre seus colegas de trabalho não há nenhuma perspectiva positiva
quanto ao futuro de seus novos alunos. Nem mesmo entre os pais a educação é vista como uma
possibilidade de crescimento, de amadurecimento e de melhores chances no futuro...
A seqüência de acontecimentos acima descrita poderia retratar fatos ocorridos em qualquer escola do
Brasil. Apresenta o que para muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras, do
cotidiano de seu trabalho.
Trata-se, entretanto de um recorte feito a partir do filme “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver),
do diretor Ramon Menendez, produzido pela Warner Bros em 1988 a partir da história real de Jaime
Escalante, um professor de matemática.
Quando nos referimos a Instituição Escolar, não podemos deixar de enfocar essa questão que suscita
muitas dúvidas a educadores, diretores, pais e até mesmo a alunos: a indisciplina.
- O que é uma classe indisciplinada?
- O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
No ambiente escolar em que trabalho, as principais queixas dos professores relativamente à
indisciplina são: falta de limite dos alunos, bagunça, tumulto, mau comportamento, desinteresse e
desrespeito às figuras de autoridade da escola e também ao patrimônio; alguns professores apontam
que os alunos não aprendem porque são indisciplinados em decorrência da não imposição de limites
por seus familiares; o fracasso escolar seria então o resultado de problemas que estão fora da escola
e que se manifestam dentro dela pela indisciplina; de acordo com esses professores, nada pode ser
feito enquanto a sociedade não se modificar. Condutas como essas são também observadas em
outras instituições particulares e em escolas públicas. Podemos afirmar que no mundo atual a
maioria das escolas enfrenta estas questões, que perduram há anos, sofrendo obviamente alterações
históricas de acordo com as contingências sócio-culturais.
Atualmente a indisciplina tornou-se um “obstáculo” ao trabalho pedagógico e os professores ficam
desgastados, tentam várias alternativas, e já não sabendo o que fazer, chegam mesmo em algumas
oportunidades a pedir ao aluno indisciplinado que se retire da sala já que ele atrapalha o rendimento
do restante do grupo. Nesses casos, os alunos são encaminhados ao Serviço de Orientação
Educacional. Muitas vezes há pressões por parte dos professores para que sejam aplicadas punições
severas a esses estudantes.
- Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
O que é uma Classe Indisciplinada?
Para iniciarmos uma reflexão sobre essas questões, vamos destacar o que significa a palavra
indisciplina a partir de algumas definições quanto ao termo.
Indisciplina – procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência, desordem, rebelião.
(Dicionário Aurélio).
De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a disciplina é conquistada todos os dias,
é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso
ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina,
nos lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental importância para
o seu funcionamento pleno e que, conseqüentemente, a indisciplina representa a ameaça pela
desobediência às regras estabelecidas. Por isso Dubet ressalta a necessidade dos professores
relembrarem as regras e estimularem o seu cumprimento no decorrer do ano letivo.
Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de indisciplina, como toda criação cultural,
não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e
expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade.”
Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma preocupação de muitas épocas como vemos
em textos de Platão e nas confissões de Santo Agostinho, de como a sua vida de professor era
amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”.
Diante dessa idéia de Júlio Groppa, não podemos deixar de lembrar da forma como as escolas até os
anos 1960, conseguiam fazer com que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta de
forma autoritária, com ameaças e castigos.
Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a subordinação. Além de
submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se posicionar utilizando-se de questionamentos
e reflexões. Os professores eram considerados modelos e, em virtude do conhecimento que
possuíam, agiam como donos do saber.
“A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o
depositante” (Freire, 1998) por isso passa a ser chamada de “educação bancária”. Segundo a
educadora Rosana Ap. Argento Ribeiro, “a educação bancária é classificada também como
domesticadora, porque leva o aluno a memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o
desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no processo educativo, tornando-o
submisso perante as ações opressoras de uma sociedade excludente. O papel da disciplina na
educação bancária é fundamental para o sucesso da aprendizagem do aluno. Nela, a obediência e o
silêncio dos alunos são aspectos importantes para garantir que os conteúdos sejam transmitidos pelos
professores”.
Atualmente, nos primeiros anos do século XXI, estamos vivendo num outro contexto. Influenciados
por mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais, professores e alunos, e mesmo a própria
instituição escolar, assumem um papel diferente na sociedade. Nessa nova realidade a educação
bancária já não deveria ser aplicada dentro das escolas.
Acredita-se hoje que os professores devem estar mais preocupados com seu aperfeiçoamento,
permitindo que seus alunos questionem, tirem suas dúvidas, se posicionem. Enquanto os alunos, por
sua vez, têm mais acesso à informação, se consideram livres para questionar, criar e participar. Outro
aspecto importante quanto à educação no 3° milênio refere-se ao fato de que a instituição escolar
deveria estar mais aberta para a participação dos pais e da comunidade em suas atividades e mesmo,
nas propostas curriculares.
François Dubet reforça a idéia de que “os professores mais eficientes são, em geral, aqueles que
acreditam que os alunos podem progredir, aqueles que têm confiança nos alunos. Os mais eficientes
são também os professores que vêem os alunos como eles são e não como eles deveriam ser”.
Quanto às afirmações anteriores percebo em minha realidade que alguns professores se mostram
preocupados quanto a sua formação e prática profissional enquanto uma quantidade expressiva ainda
demonstra grande resistência à reflexão e ao aperfeiçoamento do seu trabalho por se considerarem
experientes e prontos para o exercício do magistério.
No que se refere aos estudantes é possível verificar que há um grande incentivo da família quanto
aos estudos e ao mesmo tempo há um maior acesso a recursos que facilitam e promovem o processo
de ensino-aprendizagem, como livros, computadores, internet, revistas, jornais, filmes... Essa
circunstância realmente os torna mais críticos, questionadores e participativos. Porém, nem todos
conseguem utilizar essas ferramentas de forma consciente e produtiva.
Os pais, por sua vez, comparecem a escola para presenciar a apresentação de trabalhos realizados
por seus filhos apenas como observadores, sem posicionamentos mais efetivos e críticos. Há, porém
baixo índice de comparecimento nas reuniões solicitadas pela escola, especialmente entre os pais
cujos filhos freqüentam turmas da sexta série do ensino fundamental ao ensino médio.
O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina?
Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos não podemos deixar de
falar de respeito. Segundo Tardeli (2003), o tema respeito está centralizado na moralidade. Isso quer
dizer que cada pessoa tem, junto com sua vida intelectual, afetiva, religiosa ou fantasiosa, uma vida
moral. E o primeiro a atribuir um significado a moralização e inserir no conceito de ética foi o
filósofo Demócrito.
Sabemos que atualmente o papel do professor dentro da escola é muito mais abrangente, pois ele
precisa estar atento às capacidades cognitivas, físicas, afetivas, éticas e para preparação do educando
para o exercício de uma cidadania ativa e pensante.
Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o respeito em saber ouvir e entender
nossos alunos, mostrando a eles nossa preocupação com suas opiniões e com suas atitudes e o nosso
interesse em poder dar a assistência necessária ao aperfeiçoamento do seu processo de
aprendizagem.
É também compromisso do educador se preocupar com a disciplina e a responsabilidade de seus
alunos. Para Piaget (1996), “o respeito constitui o sentimento fundamental que possibilita a
aquisição das noções morais” .Conseguimos atingir a responsabilidade, desenvolvendo a
cooperação, a solidariedade, o comprometimento com o grupo, criando contratos e regras claras e
que precisarão ser cumpridas com justiça.
O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos, tendo maior compromisso com
seu projeto pedagógico e as questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira com seus
educandos. Sob uma visão Piagetiana, o professor que na sala de aula dialoga com seu aluno, busca
decisões conjuntas por meio da cooperação, para que haja um aprendizado através de contratos, que
honra com sua palavra e promove relações de reciprocidade, sendo respeitoso com seus alunos,
obtendo dessa forma um melhor aproveitamento escolar.
Segundo Tardeli (2003), “Só se estabelece um encontro significativo quando o mestre incorpora o
real sentido de sua função, que é orientar e ensinar o caminho para o conhecimento, amparado pela
relação de cooperação e respeito mútuos”.
Como agir nessa situação? De que forma ajudar?
Não podemos deixar de ter como foco em nosso trabalho o SER HUMANO. Precisamos valorizar as
pessoas. Uma frase de Walt Disney ilustra bem essa idéia: “Você pode sonhar, criar, desenhar e
construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário TER PESSOAS para transformar
seu sonho em realidade”. Estamos envolvidos com pessoas em nosso dia a dia: alunos, professores,
pais, coordenadores, orientadores e diretores e, por isso, precisamos aprender a trabalhar em equipe
para obter uma instituição forte, competente e coesa. A qualidade é obtida através do esforço de
todos os seus integrantes, onde cada profissional é importante e cada aluno também. A escola é uma
organização humana em que as pessoas somam esforços para um propósito educativo comum.
Ensinando a Turma Toda - As Diferenças na
Escola - 16/05/2007
Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade –
LEPED/Unicamp
A sala de aula é o termômetro pelo qual se mede o grau de febre das crises educacionais
e é nesse micro espaço que as mudanças do ensino verdadeiramente se efetivam ou
fracassam.
Embora a palavra de ordem seja melhorar o nosso ensino, em todos os seus níveis, o que
verificamos quase sempre é que ainda predominam formas de organização do trabalho
escolar que não se alinham na direção de uma escola de qualidade para todos os alunos.
Se quisermos, de fato, transformar nossas escolas, a questão central, a nosso ver, é: De
que qualidade estamos falando, quando nos referimos a essas transformações?
Outras interrogações derivam desta questão principal, tais como:
"Que práticas de ensino ajudam os professores a ensinar os alunos de uma mesma turma,
atingindo a todos, apesar de suas diferenças?" ou "Como criar contextos educacionais
capazes de ensinar todos os alunos?".
Mas sem cair nas malhas de modalidades especiais e programas vigentes, que nada têm
servido para que as escolas mudem para melhor.
Neste texto, vamos discutir essas questões, buscando soluções para abordar da melhor
maneira possível os problemas derivados da conjunção do direito de todos ao saber à
necessidade de se formar uma geração que dê conta das demandas de uma sociedade do
conhecimento, cujo perfil é delineado pelas diferenças.
A nossa intenção, diante desse quadro situacional, é recriar a escola para que seja a porta
de entrada das novas gerações para o mundo plural em que já estamos vivendo.
Nesse sentido, pensamos que, de antemão, as mudanças educacionais exigem que se
repense a prática pedagógica tendo como eixos a Ética, a Justiça e os Direitos Humanos.
Esse tripé sempre sustentou o ideário educacional, mas nunca teve tanto peso e
implicação como nos dias atuais.
Lutamos para vencer a exclusão, a competição, o egocentrismo e o individualismo em
busca de uma nova fase de humanização social.
Precisamos superar os males da contemporaneidade, pelo ultrapassamento de barreiras
físicas, psicológicas, espaciais, temporais, culturais e, acima de tudo, garantir o acesso
irrestrito de todos aos bens e às riquezas de toda sorte, entre as quais, o conhecimento.
Escolas de qualidade
Superar o sistema tradicional de ensinar é um propósito que temos de efetivar
urgentemente nas salas de aula.
As escolas são as incubadoras do novo e têm um papel inestimável e imprescindível na
formação dos cidadãos deste milênio que desponta.
Recriar o modelo educativo refere-se primeiramente ao que ensinamos aos nossos alunos
e ao como ensinamos para que eles cresçam e se desenvolvam, sendo seres éticos,
justos e revolucionários, pessoas que têm de reverter uma situação que não conseguimos
resolver inteiramente: mudar o mundo e torná-lo mais humano.
Recriar esse modelo tem a ver com o que entendemos como qualidade de ensino.
Vigora ainda a visão conservadora de que as escolas de qualidade são as que enchem as
cabeças dos alunos com datas, fórmulas, conceitos justapostos e fragmentados.
A qualidade desse ensino resulta do primado e da super valorização do conteúdo
acadêmico em todos os seus níveis.
Persiste a ideia de que as escolas consideradas de qualidade são as que centram a
aprendizagem no racional, no aspecto cognitivo do desenvolvimento e que avaliam os
alunos, quantificando respostas-padrão.
Seus métodos e práticas preconizam a exposição oral, a repetição, a memorização, os
treinamentos, o livresco, a negação do valor do erro.
São aquelas escolas que estão sempre preparando o aluno para o futuro: seja este a
próxima série a ser cursada, o nível de escolaridade posterior, o exame vestibular!
Pensamos que uma escola se distingue por um ensino de qualidade, capaz de formar
pessoas, nos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária, quando
consegue aproximar os alunos entre si, tratar as disciplinas como meios de conhecer
melhor o mundo e as pessoas que nos rodeiam e ter como parceiras as famílias e a
comunidade na elaboração e cumprimento do projeto escolar.
Definimos um ensino de qualidade a partir de condições de trabalho pedagógico que
implicam em formação de redes de saberes e de relações, que se enredam por caminhos
imprevisíveis para chegar ao conhecimento.
Entendemos que existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam por
solidariedade, colaboração, compartilhamento do processo educativo com todos os que
estão direta ou indiretamente nele envolvidos.
A aprendizagem nessas circunstâncias é acentrada, ora destacando o lógico, o intuitivo, o
sensorial, ora os aspectos social e afetivo dos alunos.
Em suas práticas e métodos pedagógicos predominam a experimentação, a criação, a
descoberta, a coautoria do conhecimento.
Vale o que os alunos são capazes de aprender hoje e o que podemos lhes oferecer de
melhor para que se desenvolvam em um ambiente rico e verdadeiramente estimulador de
suas potencialidades.
Em uma palavra, as escolas de qualidade são espaços educativos de construção de
personalidades humanas autônomas, críticas, nos quais as crianças aprendem a ser
pessoas.
Nesses ambientes educativos, ensinam-se os alunos a valorizar a diferença, pela
convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo ensino ministrado nas
salas de aula, pelo clima socioafetivo das relações estabelecidas em toda a comunidade
escolar - sem tensões competitivas, solidário, participativo.
Escolas assim concebidas não excluem nenhum aluno de suas classes, de seus
programas, de suas aulas, das atividades e do convívio escolar mais amplo.
São contextos educacionais em que todos os alunos têm possibilidade de aprender,
frequentando uma mesma e única turma.
Ensinar a turma toda, sem exclusões e exceções
Para ensinar a turma toda, parte-se da certeza de que as crianças sempre sabem alguma
coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe são próprios.
É fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa em relação à capacidade
dos alunos de progredir e não desista nunca de buscar meios que possam ajudá-los a
vencer os obstáculos escolares.
O sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades,
desenvolver predisposições naturais de cada aluno.
As dificuldades e limitações são reconhecidas, mas não conduzem/restringem o processo
de ensino, como comumente acontece.
Para ensinar a turma toda, independentemente das diferenças de cada um dos alunos,
temos de passar de um ensino transmissivo para uma pedagogia ativa, dialógica,
interativa, conexional, que se contrapõe a toda e qualquer visão unidirecional, de
transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber.
Esta proposta pedagógica referenda a educação não disciplinar (Gallo, 1999), cujo
ensino se caracteriza por:
- Rompimento das fronteiras entre as disciplinas curriculares.
- Formação de redes de conhecimento e de significações, em contraposição a currículos
conteudistas, a verdades prontas e acabadas, listadas em programas escolares seriados.
- Integração de saberes, decorrente da transversalidade curricular e que se contrapõe ao
consumo passivo de informações e de conhecimentos sem sentido.
- Policompreensões da realidade.
- Descoberta, inventividade e autonomia do sujeito, na conquista do conhecimento.
- Ambientes polissêmicos, favorecidos por temas de estudo que partem da realidade, da
identidade social e cultural dos alunos, contra toda a ênfase no primado do enunciado
desencarnado e no conhecimento pelo conhecimento.
Para se ensinar a turma toda, temos de propor atividades abertas, diversificadas, isto é,
atividades que possam ser abordadas por diferentes níveis de compreensão e de
desempenho dos alunos e em que não se destaquem os que sabem mais ou os que
sabem menos.
Em uma palavra, as atividades são exploradas, segundo as possibilidades e interesses
dos alunos que optaram livremente por desenvolvê-las.
Debates, pesquisas, registros escritos, falados, observação, vivências são alguns
processos pedagógicos indicados para a realização de atividades dessa natureza.
Os conteúdos das disciplinas, vão sendo chamados espontaneamente a esclarecer os
assuntos em estudo, mas como meios e não como fins do ensino escolar.
A avaliação do desenvolvimento dos alunos também muda, para ser coerente com as
outras inovações propostas.
Acompanha-se o percurso de cada estudante, do ponto de vista da evolução de suas
competências para resolver problemas de toda ordem, mobilizando e aplicando conteúdos
acadêmicos e outros meios que possam ser úteis para se chegar às soluções pretendidas;
apreciam-se os seus progressos na organização dos estudos; no tratamento das
informações e na participação na vida social da escola.
Escolas abertas às diferenças e capazes de ensinar a turma toda demandam, portanto,
uma resignificação e uma reorganização completa dos processos de ensino e de
aprendizagem.
A possibilidade de se ensinar todos os alunos, sem discriminações e sem métodos e
práticas de ensino especializados, deriva, portanto, de uma reestruturação do projeto
pedagógico-escolar como um todo e das reformulações que esse projeto exige da escola,
para que esta se ajuste a novos parâmetros de ação educativa.
Não se pode encaixar um projeto novo em uma velha matriz de concepção do ensino
escolar.
As escolas que reconhecem e valorizam as diferenças têm projetos inclusivos de
educação e o ensino que ministram difere radicalmente do proposto para atender às
especificidades dos educandos que não conseguem acompanhar seus colegas de turma,
por problemas que vão das deficiências a outras dificuldades de natureza relacional,
motivacional, cultural dos alunos.
Nesse sentido, elas contestam e não adotam o que é tradicionalmente utilizado para dar
conta das diferenças nas escolas: as adaptações de currículos, a facilitação das
atividades, além dos programas para reforçar as aprendizagens , ou mesmo para acelerá-
las, em casos de defasagem idade/séries escolares.
Para melhorar a qualidade do ensino e para se conseguir trabalhar com as diferenças nas
salas de aula é preciso que enfrentemos os desafios da inclusão escolar, sem fugir das
causas do fracasso e da exclusão e desconsideremos as soluções paliativas, sugeridas
para esse fim.
As medidas comumente indicadas para combater a exclusão não promovem mudanças e
visam mais neutralizar os desequilíbrios criados pela heterogeneidade das turmas do que
potencializá-los, até que se tornem insustentáveis, obrigando as escolas a buscar novos
caminhos educacionais, que, de fato, atendam à pluralidade do coletivo escolar.
Não teremos condições de ensinar a turma toda, reconhecendo e valorizando as
diferenças na escola, enquanto os professores do ensino escolar (especialmente os do
nível fundamental), persistirem em:
- Propor trabalhos coletivos, que nada mais são do que atividades individuais realizadas ao
mesmo tempo pela turma.
- Ensinar com ênfase nos conteúdos programáticos da série.
- Adotar o livro didático, como ferramenta exclusiva de orientação dos programas de
ensino.
- Servir-se da folha mimeografada ou xerocada para que todos os alunos as preencham ao
mesmo tempo, respondendo às mesmas perguntas, com as mesmas respostas.
- Propor projetos de trabalho totalmente desvinculados das experiências e do interesse
dos alunos, que só servem para demonstrar a pseudo adesão do professor às inovações.
- Organizar de modo fragmentado o emprego do tempo do dia letivo para apresentar o
conteúdo estanque desta ou daquela disciplina e outros expedientes de rotina das salas de
aula.
- Considerar a prova final, como decisiva na avaliação do rendimento escolar do aluno.
Essas práticas configuram o velho e conhecido ensino para alguns alunos - e para
alguns, em alguns momentos, algumas disciplinas, atividades e situações de sala de aula.
É assim que a exclusão se alastra e se perpetua, atingindo a todos os alunos, não apenas
os que apresentam uma dificuldade maior de aprender ou uma deficiência específica.
Porque em cada sala de aula sempre existem alunos que rejeitam propostas de trabalho
escolar descontextualizadas, sem sentido e atrativos intelectuais, sempre existem os que
protestam a seu modo, contra um ensino que não os desafia e não atende às suas
motivações e interesses pessoais.
O ensino para alguns é ideal para gerar indisciplina, competição, discriminação,
preconceitos e para categorizar os bons e os maus alunos, por critérios que são, no geral,
infundados.
E a atuação do professor?
Não podemos esquecer do que nos ensinou Paulo Freire em idos de 1978: "A educação
autêntica, repitamos, não se faz de "A para B", ou de "A" sobre "B", mas de "A" com "B",
mediatizados pelo mundo".
O professor palestrante, tradicionalmente identificado com a lógica de distribuição do
ensino, é o que pratica a pedagogia do "A" para e sobre "B".
Essa unidirecionalidade supõe que os alunos ouçam diariamente um discurso, nem
sempre dos mais atraentes, em um palco distante, que separa o orador do público.
O professor que ensina a turma toda não tem o falar, o copiar e o ditar como recursos
didático pedagógicos básicos.
Ele partilha com seus alunos a construção/autoria dos conhecimentos produzidos em uma
aula; trata-se de um profissional que reúne humildade com empenho e competência para
ensinar.
O ensino expositivo foi banido da sua sala de aula, na qual todos interagem e constróem
ativamente conceitos, valores, atitudes.
Esse professor arranja e explora os espaços educacionais com seus alunos, buscando
perceber o que cada um deles consegue apreender do que está sendo estudado e como
procedem ao avançar nessa exploração.
Certamente um professor que engendra e participa da caminhada do saber com seus
alunos e mediatizado pelo mundo, consegue entender melhor as dificuldades e as
possibilidades de cada um e provocar a construção do conhecimento com maior
adequação.
Os diferentes sentidos que os alunos atribuem a um dado objeto de estudo e as suas
representações vão se expandindo e se relacionando e revelando, pouco a pouco, uma
construção original de ideias que integra as contribuições de cada um, sempre bem-
vindas, válidas e relevantes.
Pontos cruciais do ensinar a turma toda são o respeito à identidade sociocultural dos
alunos e a valorização da capacidade de entendimento que cada um deles tem do mundo
e de si mesmos.
Nesse sentido, ensinar a turma toda reafirma a necessidade de se promover situações de
aprendizagem que formem um tecido colorido de conhecimento, cujos fios expressam
diferentes possibilidades de interpretação e de entendimento de um grupo de pessoas que
atua cooperativamente.
Sem estabelecer uma referência, sem buscar o consenso, mas investindo nas diferenças e
na riqueza de um ambiente que confronta significados, desejos, experiências, o professor
deve garantir a liberdade e a diversidade das opiniões dos alunos.
Nesse sentido, ele é obrigado a abandonar crenças e comportamentos que negam ao
aluno a possibilidade de aprender a partir do que sabe e chegar até onde é capaz de
progredir.
Afinal, aprendemos quando resolvemos nossas dúvidas, superamos nossas incertezas e
satisfazemos nossa curiosidade.
As diferenças entre grupos étnicos, religiosos, de gênero etc. não devem se fundir em uma
única identidade , mas ensejar um modo de interação entre eles, que destaque as
peculiaridades de cada um.
O professor, da mesma forma, não procurará eliminar as diferenças em favor de uma
suposta igualdade do alunado, que é tão almejada pelos que apregoam a (falsa)
homogeneidade das salas de aula.
Antes, estará atento à singularidade das vozes que compõem a turma, promovendo o
diálogo entre elas, contrapondo-as, complementando-as.
Desigualdades e sucesso na escola
As desigualdades tendem a se agravar quanto mais especializamos o ensino para alguns
alunos.
Essa desigualdade, inicialmente escolar, expande-se para outros domínios e áreas,
marcando indelevelmente as pessoas atingidas.
O ensino para a turma toda vai obstinadamente contra esse mecanismo perverso da
escola que atinge as crianças desde cedo, especialmente as que têm uma deficiência.
Não se pode imaginar uma educação para todos, quando caímos na tentação de constituir
grupos de alunos por séries, por níveis de desempenho escolar e determinamos para cada
nível objetivos e tarefas adaptados e uma terminalidade específica.
E, mais ainda, quando encaminhamos os que não cabem em nenhuma dessas
determinações, para classes e escolas especiais, argumentando que o ensino para todos
não sofreria distorções de sentido em casos como esses!
Essa compreensão equivocada da escola inclusiva acaba instalando cada criança em
um locus escolar, arbitrariamente escolhido.
Aumenta ainda mais as diferenças, acentua as desigualdades, justificando o
distanciamento e o fracasso escolar, como problema do aluno, exclusivamente.
Tal organização escolar também pode impedir o funcionamento ativo dos alunos frente a
situações-problema, pois os grupos de alunos de nível mais elevado têm oportunidade de
ir mais longe e os de nível mais baixo de funcionar com menos eficiência.
É, sem dúvida, a heterogeneidade que dinamiza os grupos, que lhes dá vigor,
funcionalidade e garante o sucesso escolar.
Temos, pois, de desconfiar das pedagogias que se dizem de bons propósitos, mas que
desmembram as crianças em turmas especiais para favorecer a aprendizagem e o ensino.
Precisamos nos conscientizar de que as turmas escolares, queiramos ou não, são e serão
sempre desiguais.
Talvez seja este o nosso maior mote: fazer entender a todos que a escola é um lugar
privilegiado de encontro com o outro. Este outro que é, sempre e necessariamente,
diferente!
O Ensino a Distância e a questão da
acessibilidade - 17/08/2007
Lucy Gruenwald
"Cursos por correspondência": esta modalidade de ensino surgiu na Alemanha, em 1890,
por causa da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que,
por vários motivos, não podiam freqüentar as escolas regulares. Inúmeros países, desde
então, adotaram o ensino a distância como uma opção a mais para ministrar cursos de
nível médio, técnico, ou superior, de idiomas, de corte e costura, supletivos, entre tantos
outros.
Antes de aparecerem os recursos tecnológicos, a comunicação entre aluno e professor
dava-se unicamente por meio de material impresso distribuído pelos correios. As lições
eram enviadas ao aluno que, por sua vez, retornava as respostas das questões e os
trabalhos solicitados via correio também. Qualquer dúvida relacionada ao curso era
respondida por carta.
Com o desenvolvimento da tecnologia, outras mídias passaram a ser usadas como apoio à
educação: vieram as fitas de vídeo, os programas de televisão (telecursos), os
computadores e os CD-ROMs.
Atualmente, com a popularização da internet e com a sua capacidade de transmitir
rapidamente grandes arquivos de som e imagem, abre-se uma enorme possibilidade para
a área de treinamento e educação. Surgem os cursos on-line ou e-learning. O que
assistimos é essa possibilidade se abrindo por meio de multiformatos, coexistindo, desde
as lições impressas até as aulas virtuais.
Por conta da crescente complexidade em diversas áreas do conhecimento, a educação
passou a ser "continuada" e já não termina mais ao recebermos um diploma. É preciso
manter-nos informados e atualizados por toda nossa vida produtiva. A internet tem
facilitado esse processo e causado uma grande revolução na maioria das profissões, pois
o aprimoramento profissional passou a ser vital para muitas pessoas que precisam e
querem continuar no mercado de trabalho.
As organizações, por sua vez, estão passando também por grandes transformações:
empresas que se fundem, que se globalizam e que tanto funcionário quanto cliente está
disperso geograficamente; empresas que precisam disseminar suas metodologias de
trabalho entre seus funcionários e parceiros, que precisam se adaptar às mudanças
tecnológicas etc .
Esse perfil moderno fez que o treinamento tenha se tornado uma atividade importante
dentro das empresas - muitas delas criando suas próprias Universidades Corporativas com
cursos a distância, já que tempo e mobilidade também se tornaram um problema para a
maioria das pessoas.
O momento é bastante propício para a oferta de treinamento via internet. A maioria das
empresas já possui um parque tecnológico significativo e acesso adequado à rede;
escolas e universidade também estão, cada vez mais, proporcionando estes recursos para
seus alunos, professores e funcionários.
Com a popularização da internet e sua capacidade de transmitir arquivos de som e
imagem, abre-se uma enorme possibilidade para a área de treinamento e educação
Para muitos educadores, o ensino a distância ainda é controverso: umas vezes louvado e
outras, abominado. Uma das desvantagens apontadas é que essa modalidade de ensino
não é eficiente para alunos que não trabalham bem independentemente, que não têm
disciplina e persistência nos estudos, apesar de ser eficaz para o aluno autodidata ou
aquele que prefere manter o seu próprio ritmo de aprendizado (mais lento ou mais rápido).
De qualquer forma, o ensino a distância é uma modalidade de educação que está
crescendo em todo o mundo. Muitos alunos, ao saírem da escola ou da faculdade,
possivelmente encontrarão este ambiente de treinamento nas empresas e, por isso,
quanto mais preparados estiverem, melhor.
Vamos, então, tentar entender esta tecnologia
Antes de mais nada, definiremos o termo "distância". "Distância", no acesso à internet,
pode ser em qualquer lugar do mundo ou mesmo ao seu lado.
Não é preciso estar a quilômetros de distância da sua escola, empresa ou universidade
para se fazer um curso a distância. Com softwares voltados ao e-learning, o professor tem
a possibilidade de enriquecer seus cursos presenciais construindo páginas Web não só
com textos, mas também com animações, imagens, vídeos, som, material multimídia, bem
como links de referência para toda Web.
E-learning significa também poder estudar a qualquer hora e em qualquer lugar,
independentemente da presença física simultânea do aluno e do professor.
E com relação às pessoas com deficiência?
Cursos a distância têm uma vantagem competitiva imbatível para públicos grandes,
dispersos, porém, ele se torna fundamental e, às vezes, a única oportunidade, quando
pensamos em alunos com algum tipo de deficiência.
Com as tecnologias assistivas que surgem continuadamente no mercado, os
computadores estão cada vez mais ao alcance desta população que pode receber um
espaço de aprendizado nunca antes visto na história. Além do mais, alunos com
deficiência podem estudar de maneira muito mais independente, um problema
fundamental para o seu desenvolvimento e auto-estima.
Com o material dos cursos ou das aulas disponibilizadas na internet, alunos cegos,
utilizando leitores de tela, poderão ter acesso, por exemplo, às notas de aulas, sem a
necessidade da ajuda de uma outra pessoa.
Alunos com baixa visão, que têm dificuldade em ler o material impresso, poderão usar
softwares ampliadores para ler textos ou analisar melhor as imagens.
Alunos com deficiência podem estudar de maneira muito mais independente, um problema
fundamental para o seu desenvolvimento e auto-estima
Alunos surdos poderão acompanhar as aulas com mais facilidade sem precisar se valer da
linguagem labial - o professor, muitas vezes, fica de costas para os alunos, certo? - ou de
um intérprete de LIBRAS, que é custoso para a escola. Por meio de recursos de
interatividade - e-mail, chats, fórum, formulários -, que são possíveis de se estabelecer em
cursos via internet, alunos com deficiência auditiva poderão participar de discussões tão
bem quanto os seus colegas.
Os recursos de interatividade podem, ainda, servir de motivação de aprendizado para
qualquer aluno, não só aqueles com deficiência, pois permitem que o participante tenha
chance de expressar suas opiniões, até mesmo os mais tímidos!
Alunos com deficiência motora, que não conseguem, por exemplo, segurar um livro ou
virar páginas, poderão acessar o material digital por meio de mouses especiais adaptados
ou de tecnologias assistivas de reconhecimento de voz. Aulas de laboratório, que são uma
grande barreira para estes alunos, poderão ser vivenciadas por meio de animações e
interatividade em aulas disponibilizadas em páginas Web.
Uma dificuldade que nem sempre é levada em conta, talvez por não ser muito aparente,
mas que atinge muitos alunos, são os transtornos de aprendizagem ou de leitura. Alunos
dislexos, utilizando os mesmos leitores de tela, poderão compreender melhor os textos
disponibilizados pelo professor na internet.
Alunos com comprometimento intelectual, e obviamente qualquer outro, poderão voltar e
repetir as lições e exercícios tantas vezes quantas acharem necessário.
O problema, entretanto, é que só o uso de tecnologias assistivas por alunos com
deficiência não basta para tornar um curso on-line acessível. É preciso que os seus
conteúdos sejam criados e disponibilizados segundo os padrões de acessibilidade.
O primeiro passo para se fazer um e-learning - a ser utilizado tanto por pessoas com ou
sem deficiências - é escolher o "Sistema de Gerenciamento de Cursos a Distância" que
será utilizado pela instituição. Existem vários pacotes no mercado, porém, é importante
que, no momento da escolha, a instituição leve em conta o quesito "acessibilidade" do
software, caso contrário, os alunos com deficiência poderão ter dificuldade em participar
do curso e ficarão mais uma vez excluídos.
É preciso que os conteúdos das tecnologias assistivas sejam criados e disponibilizados
segundo os padrões de acessibilidade para tornar um curso on-line acessível a alunos
com deficiência
Existem, no mercado, softwares gratuitos e outros (bem) pagos para este trabalho, porém,
é importante que, na hora da compra, seja levada em consideração a acessibilidade da
ferramenta. O comprometimento do fabricante em relação à acessibilidade também é
fundamental, pois a acessibilidade digital ainda não está consolidada, e muitas mudanças
ainda estão ocorrendo na Web para que as tecnologias assistivas consigam transformar
conteúdos em formatos acessíveis e que pessoas com deficiência possam navegar por ela
e acessá-la tão bem quanto outra sem deficiência.
O segundo passo é preparar o conteúdo (páginas Web) de modo acessívelseguindo as
recomendações internacionais do W3C - World Wide Web Consortium. Este conjunto de
recomendações contém 65 pontos de conformidade, porém, para o e-learning, apenas
alguns são relevantes.
Por exemplo, uma recomendação muito importante é a que diz respeito à utilização de
multimídia. A o introduzir vídeos explicativos em suas aulas, o professor deverá incluir
legendas, close-captions ou áudio descrição. Deste modo, muitos alunos serão
beneficiados: estudantes com deficiência auditiva, com deficiência visual, aqueles que não
dominam completamente o idioma utilizado, aqueles com déficit de atenção ou com
problemas intelectuais - que poderão ultrapassar suas barreiras de acesso utilizando
simultaneamente o recurso visual e o auditivo.
O terceiro passo fica a cargo do aluno. Ele deve ter conhecimento e agilidade com a
tecnologia de apoio que lhe for mais conveniente.
Acreditamos que, com estes três pilares atendidos, a inclusão do aluno com deficiência no
ambiente escolar e profissional possa avançar consideravelmente e começar a se tornar
realidade.
Glossário
E-learning: cursos que utilizam recursos da Internet através de páginas Web
Tecnologia assistiva: "qualquer coisa que melhora o desempenho funcional de uma
pessoa com deficiência", o que faz um objeto tornar-se tecnologia assistiva é o fato de ele
melhorar o desempenho de uma pessoa com incapacidade ou dificuldade no desempenho
de uma tarefa específica (Rede SACI).
Legenda: textos disponibilizados juntamente com imagens de vídeos que descrevem
diálogos sonoros. Assume que usuário pode ouvir mas que não entende a linguagem.
Close-captions: permite que pessoas surdas ou com baixa audição acompanhem, por
meio de textos, não apenas os diálogos de uma apresentação de vídeo, mas também
todos outros sons como a música e outros efeitos. O texto identifica a pessoa que está
falando e a sua maneira de falar.
Áudio descrição: descrição verbal de detalhes visuais importantes destinado a pessoas
cegas ou com deficiências visuais graves de forma que possam acompanhar melhor o
desenrolar dos vídeos.
Leitor de tela: programa que utiliza tecnologia de síntese de voz para descrever o que está
sendo apresentado na tela do computador.
Disléxico: pessoa com distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita
e soletraçã
Dislexia- 10/11/2008
Marina da Silveira Rodrigues Almeida
Definições:
DIS – distúrbio
LEXIA - (do latim) leitura; (do grego) linguagem
DISLEXIA - dificuldades na leitura e escrita
A definição mais usada na atualidade é a do Comitê de Abril de 1994, da International
Dyslexia Association - IDA, que diz:
"Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio
específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela
dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no
processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples
não são esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução
convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não
possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no
processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias
formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem,
freqüentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade
de escrever e soletrar."
A dislexia não é uma doença, portanto não podemos falar em cura. Ela é congênita e
hereditária, e seus sintomas podem ser identificados logo na pré-escola.
Os sintomas, ainda, podem ser aliviados, contornados, com acompanhamento adequado,
direcionado às condições de cada caso. Não podemos considerar como
"comprometimento" sua origem constitucional (neurológica), mas sim como uma diferença,
que é mais notada em relação à dominância cerebral.
"A DISLEXIA é uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade de uma criança
para ler ou escrever está abaixo de seu nível de inteligência."
"A DISLEXIA é uma função, um problema, um transtorno, uma deficiência, um distúrbio.
Refere a uma dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem."
"A DISLEXIA é um transtorno, uma perturbação, uma dificuldade estável, isto é duradoura
ou parcial e, portanto, temporária, do processo de leitura que se manifesta na insuficiência
para assimilar os símbolos gráficos da linguagem.”
"A DISLEXIA não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere
de forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos. Acomete mais
o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3 para 1."
"A DISLEXIA é caracterizada por dificuldades na leitura, escrita (ortografia e semântica),
matemática (geometria, cálculo), atraso na aquisição da linguagem, comprometimento da
discriminação visual e auditiva e da memória seqüencial.”
Etiologia:
A rigor, não há nenhuma segurança em afirmar uma ou outra etiologia para a causa da
dislexia, mas há algumas situações que foram descartadas:
Em hipótese alguma o disléxico tem comprometimento intelectual. Segundo a Teoria
das Inteligências Múltiplas, o ser humano possui habilidades cognitivas: inteligência
interpessoal, inteligência intrapessoal, inteligência lógica-matemática, inteligência espacial,
inteligência corporal-cinestésica, inteligência verbal-linguística, inteligência musical,
naturalista, existencial e pictórica. O disléxico teria sua inteligência mais predisposta à
inteligência corporal-cinestésica, musical, espacial.
Quanto ao emocional, é preciso avaliar muito bem. Pode haver um comprometimento do
emocional como conseqüência das dificuldades da dislexia, mas nunca como causa única.
A criança dislexia não tem perda auditiva.
Há vários estudos:
A) Uma falha no sistema nervoso central em sua habilidade para organizar os grafemas,
isto é, as letras ou decodificar os fonemas, ou seja, as unidades sonoras distintivas no
âmbito da palavra.
B) O impedimento cerebral relacionado com a capacidade de visualização das palavras.
C) Diferenças entre os hemisférios e alteração (displasias e ectopias) do lado direito do
cérebro. Isso implica, entre outras coisas, uma dominância da lateralidade invertida ou
indefinida. Mas também justifica o desenvolvimento maior da intuição, da criatividade, da
aptidão para as artes, do raciocínio mais holístico, de serem mais subjetivos e todas as
outras qualidades características do hemisfério direito.
D) Inadequado processamento auditivo (consciência fonológica) da informação lingüística.
E) Implicações relação afetiva materno-filial, o que pode entravar a necessidade da
linguagem, e mais tarde a aprendizagem da leitura e escrita.
Sinais encontrados em Disléxicos:
Desde a pré-escola alguns sinais e sintomas podem oferecer pistas que a criança é
disléxica. Eles não são suficientes para se fechar um diagnóstico, mas vale prestar
atenção:
• Fraco desenvolvimento da atenção.
• Falta de capacidade para brincar com outras crianças.
• Atraso no desenvolvimento da fala e escrita.
• Atraso no desenvolvimento visual.
• Falta de coordenação motora.
• Dificuldade em aprender rimas/canções.
• Falta de interesse em livros impressos.
• Dificuldade em acompanhar histórias.
• Dificuldade com a memória imediata organização geral.
Dificuldades encontradas em crianças com Dislexia:
• Dificuldade para ler orações e palavras simples.
• A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade
evidente nos disléxicos.
• As crianças ou adultos disléxicos invertem as palavras de maneira total ou parcial,
por exemplo, “casa” é lida “saca”. Uma coisa é uma brincadeira ou um jogo de palavras,
observando a produtividade morfológica ou sintagmática dos léxicos de uma língua, outra
coisa é, sem intencionalidade, a criança ou adulto trocar a seqüência de grafemas.
• Invertem as letras ou números, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por/ b /3/ por /5/ ou /8/, /
6/ por /9/ especialmente quando na escrita minúscula ou em textos manuscritos escolares.
Assim, é patente a confusão de letras de simetria oposta.
• A ortografia é alterada, podendo estar ligada a chamada CONSCIÊNCIA
FONOLÓGICA (alterações no processamento auditivo).
• Copiam de forma errada as palavras, mesmo observando na lousa ou no livro
como são escritas. Em geral, as professoras ficam desesperadas: “como podem - pensam
e reclamam - ela está vendo a forma correta e escreve exatamente o contrário?". Ora, o
processamento da informação léxica, que é de ordem cerebral, está invertida ou
simplesmente deficiente.
• As crianças disléxicas conhecem o texto ou a escrita, mas usam outras palavras,
de maneira involuntária. Trocam as palavras quando lêem ou escrevem, por exemplo:
“gato” por “casa”.
• Têm as crianças disléxicas dificuldades em distinguir a esquerda e a direita.
• Alteração na seqüência das letras que formam as sílabas e as palavras.
• Confusão de palavras parecidas ou opostas em seu significado. Os homônimos,
isto é, palavras semelhantes (seção, cessão e seção) são uma dificuldade nas crianças
disléxicas.
• Os erros na separação das palavras.
• Os disléxicos sofrem com a falta de rapidez ao ler. A leitura é sem modulação e
sem ritmo. Os disléxicos, às vezes, com muito sacrifício, decodificam as palavras, mas não
conseguem ter compreensão.
• Os disléxicos têm falha na construção gramatical, especialmente na elaboração de
orações complexas (coordenadas e subordinadas) na hora da redação espontânea.
Tipos de Dislexia:
• DISLEXIA ACÚSTICA: manifesta-se na insuficiência para a diferenciação acústica
(sonora ou fonética) dos fonemas e na análise e síntese dos mesmos, ocorrendo
omissões, distorções, transposições ou substituições de fonemas. Confundem-se os
fonemas por sua semelhança Articulatória.
• DISLEXIA VISUAL: Ocorre quando há imprecisão de coordenação viso-especial
manifestando-se na confusão de letras com semelhança gráfica. Não temos dúvida que o
primeiro procedimento dos pais e educadores é levar a criança a um médico
oftalmologista.
• DISLEXIA MOTRIZ: evidencia-se na dificuldade para o movimento ocular. Há uma
nítida limitação do campo visual que provoca retrocessos e principalmente intervalos
mudos ao ler.
Lembre-se em observar:
• Alterações de grafia como "a-o", "e-d", "h-n" e "e-d", por exemplo.
• As crianças disléxicas apresentam uma caligrafia muito defeituosa, verificando-se
irregularidade do desenho das letras, denotando, assim, perda de concentração e de
fluidez de raciocínio.
• As crianças disléxicas, ainda segundo o professor, apresentam confusão com
letras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço como "b-d". "d-p", "b-q",
"d-b", "d-p", "d-q", "n-u" e "a-e". Ocorre também com os números 6;9;1;7;3;5, etc.
• Apresenta dificuldade em realizar cálculos por se atrapalhar com a grafia numérica
ou não compreende a situação problema a ser resolvida.
• Confusões com os sinais (+) adição e (x) multiplicação.
• A dificuldade pode ser ainda para letras que possuem um ponto de articulação
comum e cujos sons são acusticamente próximos: "d-t" e "c-q", por exemplo.
• Na lista de dificuldades dos disléxicos, para o diagnóstico precoce dos distúrbios
de letras, chamamos a atenção de educadores, e pais para as inversões de sílabas ou
palavras como "sol-los", "som-mos" bem como a adição ou omissão de sons como
"casa-casaco", repetição de sílabas, salto de linhas e soletração defeituosa de palavras.
Alfabetização do Disléxico:
O disléxico precisa olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão
quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala. Assim sendo, a
criança disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os
movimentos FALAR-OUVIR-LER-ESCREVER, são atividades da linguagem. FALAR E
OUVIR são atividades com fundamentos biológicos.
O método mais adequado tem sido o fonético e montagem de ”manuais” de alfabetização
apropriada à criança disléxica.
A criança aprende a usar a linguagem falada, mas isto depende do:
• Meio ambiente compreensivo, estimulador e paciente.
• Trato vocal.
• Organização do cérebro.
• Sensibilidade perceptual para falar os sons.
O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial
(aprender pelo uso de todos os sentidos), combinando sempre a visão, a audição e
o tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras.
Estratégias que ajudam:
Uso freqüente de material concreto:
• Relógio digital.
• Calculadora.
• Gravador.
• Confecção do próprio material para alfabetização, como desenhar, montar uma
cartilha.
• Uso de gravuras, fotografias (a imagem é essencial para sua aprendizagem).
• Material Cusineire / Material Dourado.
• Folhas quadriculadas para matemática.
• Máscara para leitura de texto.
• Letras com várias texturas.
• Evitar dizer que ela é lenta, preguiçosa ou compará-la aos outros alunos da classe.
• Ela não deve ser forçada a ler em voz alta em classe a menos que demonstre
desejo em fazê-lo.
• Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas orais do que nas
escritas.
• Sempre que possível, a criança deve ser encorajada a repetir o que foi lhe dito
para fazer, isto inclui mensagens. Sua própria voz é de muita ajuda para melhorar a
memória.
• Revisões devem ser freqüentes e importantes.
• Copiar do quadro é sempre um problema, tente evitar isso, ou dê-lhe mais tempo
para fazê-lo.
• Demonstre paciência, compreensão e amizade durante todo o tempo,
principalmente quando você estiver ensinando a alunos que possam ser considerados
disléxicos.
• Ensine-a quando for ler palavras longas, a separá-las com uma linha a lápis.
• Dê-lhes menos dever de casa e avalie a necessidade e aproveitamento desta
tarefa.
• Não risque de vermelho seus erros ou coloque lembretes tipo: estude! Precisa
estudar mais! Precisa melhorar!
• Procure não dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha e a faz
infeliz.
• Não a force a modificar sua escrita, ela sempre acha sua letra horrível e não gosta
de vê-la no papel. A modulação da caligrafia é um processo longo.
• Procure não reforçar sentimentos que minimizam sua auto-estima.
• Dê-lhes um tempo maior para realizar as avaliações escritas. Uma tarefa em que a
criança não-disléxica leva 20 minutos para realizar, a disléxica pode levar duas horas.
• Usar sempre uma linguagem clara e simples nas avaliações orais e principalmente
nas escritas.
• Uma língua estrangeira é muito difícil para eles, faça suas avaliações sempre em
termos de trabalhos e pesquisas.
Orientação aos pais:
• A coisa mais importante a fazer: AJUDAR A MELHORAR A AUTO-ESTIMA.
Ofereça segurança, carinho, compreensão e elogie seus pequenos acertos.
• Procurar ajuda profissional para realizar um diagnóstico correto: fonoaudiólogo,
psicólogo, neurologista ou psicopedagogo.
• Explique que suas dificuldades têm um nome: DISLEXIA e que você vai ajudá-lo a
superá-las, mas que ele é o principal agente desta mudança.
• Encoraje-o e encontre coisas em que se saia bem, estimulando-o nessas coisas.
• Elogie por seus esforços, lembre-se como ele tem de esforçar-se muito para ter
algum sucesso na leitura e na escrita.
• Ajude-o nos seus trabalhos escolares, ou, em algumas lições em especial, com
paciência (mas não escreva para ele, ou resolva suas tarefas de matemática).
• Ajude-o a ser organizado.
• Encoraje-o a ter hobbies e atividades fora da escola, como esportes, música,
fotografia, desenhos, etc.
• Observe se ele está recebendo ajuda na escola, porque isso faz muita diferença na
habilidade dele de enfrentar suas dificuldades, de prosperar e de crescer normalmente.
• Não permita que os problemas escolares impliquem em mau comportamento ou
falta de limites. Uma coisa nada tem a ver com a outra!
• Aprender é construir caminhos - 16/03/2009
Gil Pena
• A aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo humano não são coisas simples. A
psicologia e a pedagogia, há muito tempo, ocupam-se em investigar como se dão
estes processos. De modo a tornar essa compreensão mais facilmente assimilável,
é esperado que surjam ideias ou modelos que contornem as dificuldades que
enfrentamos nesse processo de compreensão. Podemos compreender a relação
entre organismo e ambiente, expressando a ideia de que o desenvolvimento
cognitivo da criança coincide com seu desenvolvimento cultural. A partir desse
modelo, podemos claramente perceber que em determinado estádio de
desenvolvimento do cérebro e de acumulação da experiência, a criança adquire a
linguagem; em outro estádio, domina o sistema numérico; mais à frente, em
condições favoráveis, a álgebra. Nesse modelo, percebe-se uma total
concordância das linhas de desenvolvimento – o desenvolvimento biológico natural
da criança gradativamente transforma-se na linha do desenvolvimento cultural.
• Esse modelo considera que estrutura biológica produz o caminho, a estrada que
leva ao desenvolvimento cultural. Estradas, como aquisições culturais humanas,
existem para transformar nossas viagens em processos simples, lineares, sem
interrupções ou desvios. Uma estrada, uma vez pronta, acabada, não nos oferece
obstáculos, possibilitando-nos progredir nessa jornada sem sobressaltos.
• Estradas são construídas para transformar nossas viagens em um processo
simples. A educação da criança seguindo o caminho produzido pelo
desenvolvimento cognitivo, pode ser feita sem sobressaltos. Nesse modelo, por
suas simplificações, não percebemos que a estrada, o caminho, representa uma
aquisição cultural humana. Trafegando atentamente por uma estrada, é possível
perceber, no seu processo de construção, uma história de superação dos
obstáculos: contornamos uma serra que seria intransponível, estendemos uma
ponte sobre um rio ou abismo, terraplenamos, cortamos um morro, aterramos uma
baixada. Concluída, a estrada sugere uma convergência, uma transição
espontânea, entre a natureza e a própria estrada. A partir da forma como ela se
adapta à paisagem, criamos o entendimento de que ela só poderia ser assim, e
não de outra forma; a natureza determina o caminho traçado pela estrada.
• Do mesmo modo, todo o aparato da cultura está tão adaptado à organização
psicofisiológica do homem, que nos parece natural a congruência que existe entre
o biológico e o cultural: o plano do desenvolvimento cultural humano já está dado
pela organização biológica do cérebro. Nesse modelo, a aprendizagem ou a
aquisição cultural humana resultam de um trabalho cooperativo com o que a
natureza nos disponibiliza. Esse modelo educativo está incutido em uma
perspectiva que pressupõe um homem que possui visão, audição, fala, mãos e
funções cerebrais intactas. A técnica e os instrumentos, signos e símbolos
empregados nesse processo educativo estão destinados a esse tipo "normal" de
pessoa.
• Esse modelo é uma simplificação do processo de aprendizado e desenvolvimento
humano. Há muitas situações complexas, existentes na natureza, que esse modelo
não consegue explicar satisfatoriamente. Ocasionalmente, a educação apresenta-
se com novos obstáculos ou desafios, que essa noção do desenvolvimento
cognitivo e aprendizagem não consegue contornar ou vencer.
• À medida em que surjam novos e diferentes obstáculos, como a pessoa cega,
surda ou com alteração de qualquer função cerebral, é possível perceber que o
desenvolvimento cognitivo e cultural não são convergentes. Deixados à própria
sorte, ao seu desenvolvimento natural, uma criança surda não aprende a
linguagem, o cego não saberá ler, a criança com déficit cognitivo não se apropriará
das ferramentas da cultura. Essas situações nos impõem pensar de outra maneira:
o desenvolvimento cultural e o cognitivo caminham desencontrados. Aprender
significa vencer os obstáculos, contornar as dificuldades, estender pontes
cognitivas.
• A aquisição cultural humana modifica a natureza, superando obstáculos e limites.
O caminho não está dado pela natureza; a estrada, como construção humana,
consiste em um plano de intervenção que nos possibilita contornar os problemas,
fazer voltas que nos levem à solução do problema apresentado. Os caminhos
cognitivos que usamos na solução de problemas estão baseados em voltas,
rodeios ou atalhos culturais. Ao manipular grandes quantidades, usamos números
em ordens de unidade, dezena, centena, milhar etc. A soma desses números não
se faz diretamente, mas ordem a ordem, mediante um algoritmo, o que contorna a
dificuldade que temos em lidar com essas quantidades brutas. O desenvolvimento
cultural, ao criar rodeios, diverge da linha de desenvolvimento cognitivo.
• A educação da criança deve proporcionar a possibilidade de aquisição das
ferramentas culturais, superando-se as dificuldades, criando rodeios para as
limitações que apresenta. A falta de visão não impossibilita a aprendizagem da
leitura, se oferecemos um sistema alternativo de símbolos e signos, reconhecíveis
pelo tato, como o sistema Braille. A pessoa surda pode "ouvir" pelos olhos, na
medida em que decifra as palavras pelo movimento dos lábios de seu interlocutor,
apropriando-se da linguagem humana, que constitui o principal instrumento do
pensamento. O déficit cognitivo pode ser compensado, se encontramos caminhos
culturais alternativos que possibilitem a aquisição das ferramentas culturais pelo
indivíduo.
• O desenvolvimento cognitivo é um processo de transformação da organização
biológica do indivíduo, a partir da aquisição das ferramentas culturais. Não há um
caminho dado, por onde deve passar a estrada. Há, sim, obstáculos e, criando
desvios, rodeios ou atalhos culturais, construímos o caminho.
• Entendida a educação como um processo de luta, de ruptura entre o biológico e o
cultural, vemos que é a cultura que abre o caminho para a nossa estrada. Se
omitirmos a cultura do processo educativo, somos vencidos pelo biológico, e o
desenvolvimento cognitivo não se estabelece. É preciso entender a cultura como o
conjunto de ferramentas, de símbolos e signos que o indivíduo usa nesse processo
de construção. A cada indivíduo devemos oferecer símbolos e signos adequados
conforme a sua própria estrutura e organização biológica.
• Levando o modelo de volta ao mundo, podemos compreender que a educação do
tipo "normal" de pessoa segue esses mesmos princípios. A mudança radical que
representa a passagem do balbucio à linguagem não se pode interpretar como um
desenvolvimento biológico, gradativo e linear. A força motriz dada pela cultura é
que irrompe o caminho, que abre espaço para que essa transformação ocorra.
• Esses dois modelos distintos dão explicações diferentes para a relação entre o
desenvolvimento cognitivo e o processo de aprendizagem. A concepção de
Vigotski é a de que o aprendizado puxa o desenvolvimento, abrindo o caminho
para que esse ocorra: a construção do caminho representa uma luta entre o
biológico e o cultural.
• A opção por um ou outro modelo é uma decisão humana. A opção do educador,
em relação ao seu modelo de pensamento, reflete o seu compromisso histórico
com os educandos. A tendência de escolher por um modelo mais simples denota a
nossa incapacidade de lidar com as complexidades do mundo, a nossa preferência
pela padronização, a facilidade em eliminar determinadas variáveis para que tal
modelo funcione. A simplicidade de nossos modelos explicativos tem, a todo
momento, de ser confrontada com a complexidade do mundo. Como seres
humanos, estamos inseridos em contextos sociais e políticos particularmente
complexos. Na visão de Paulo Freire, não se pode pensar o processo educativo
sem a conscientização do educando de sua inserção nestes contextos. Aqui, mais
uma vez, surge a noção de ruptura, quando buscamos que nossa realização
humana ultrapasse os limites impostos pelas limitações do ambiente, seja a própria
natureza, seja o contexto social, econômico ou o político. Mais uma vez, temos de
resistir a modelos com tendência à simplificação, que eliminam a complexidade do
contexto social e político em que estamos inseridos.
• Queremos um mundo simples, passível de nossa compreensão, mas o mundo que
se apresenta aos nossos olhos é complexo. Na busca pela simplicidade,
idealizamos modelos de pensamento, categorizamos e classificamos,
padronizamos, eliminamos variáveis, para tornar mais simples a nossa
compreensão do mundo. Na medida em que incorporamos esses modelos de
pensamento ao nosso modo de viver, é difícil percebê-los como uma construção
humana, e nos imaginamos em um universo dado. Como uma estrada que vai de
uma cidade a outra torna simples a jornada e nem precisamos nos dar conta dos
obstáculos contornados ou vencidos por ela. Às vezes nos maravilhamos com uma
ponte, como fantástica obra de engenharia, mas essa e outras engenhosidades
humanas obscurecem o obstáculo que existia, e estando pronta, a vemos como
integrada à paisagem, e nos parece natural que ela esteja ali. Do mesmo modo,
estando incorporada ao nosso modo de viver, nos parece natural a maneira que
lidamos e operamos com quantidades numéricas, ou com a linguagem. Rodeios e
pontes cognitivas são estratégias culturais do pensamento humano para lidar com
os problemas, contornando e vencendo as dificuldades e os obstáculos de estar
vivendo em um mundo complexo.
• Um mundo complexo não nos oferece apenas um caminho, um traçado possível
para sua compreensão. Há encruzilhadas, onde temos a oportunidade de escolher
que caminho tomar. Em determinado caminho, deixa-se para traz a diversidade,
porque essa estrada não serve a todos. Há a possibilidade de outros caminhos,
tentando não eliminar a complexidade do mundo, na diversidade biológica, cultural
e social do indivíduo, sem nos abster de nosso compromisso político.
• Criar rodeios, adaptar ou simplificar são artifícios, estratégias culturais, que nos
possibilitam aprender e compreender. É ingênuo acreditar que o mundo seja assim
simples, como a compreensão que fazemos dele.
• O pensador crítico exercita-se no confronto das suas ideias com o mundo, na
tarefa difícil de deslindá-lo. Abdicamos de nosso papel de sujeito cultural ao
admitirmos o mundo simples, explicado e compreensível, dado por nossa própria
concepção cultural. A omissão de nosso papel de sujeito cultural é uma
simplificação de conseqüências interessantes. Não apenas criamos a concepção
de que o mundo é como nos é dado, e nosso modo de viver vai a reboque da
lógica do mundo; somos objetos, não agentes nesse viver, como também matamos
a vocação ontológica humana de nos construir como sujeitos e atuar
transformando e retransformando o mundo.
• O que é educação da sexualidade e por
que ela é importante? -05/10/2009
Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré
Xavier
• Extraído de documento da UNESCO intitulado “International Guidelines On
Sexuality Education” - linhas mestras internacionais sobre educação da
sexualidade (www.unesco.org). Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por
Maria Amélia Vampré Xavier, da Rede de Informações Área Deficiências e Projeto
Futuridade, Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São
Paulo, Fenapaes, Brasília (Diretoria para Assuntos Internacionais), Rebrates, SP,
Carpe Diem, SP, Sorri Brasil, SP, Inclusion InterAmericana e Inclusion International
em, 16 de setembro, 2009.
• Educar sexualmente os jovens é uma tarefa importantíssima, principalmente nesta
época atribulada no mundo, em que tantos princípios morais e outros valores
ruíram; há cerca de cinquenta anos tivemos a revolução feminina que mudou o
comportamento, o valor, a importância da mulher em toda parte e, claro, no que
mais nos interessa, em nosso país, trazendo profundas modificações em nossas
famílias e, como resultado, nas novas gerações que estão nascendo com outros
valores.
• A pandemia da AIDS, a grande proliferação do vírus HIV, inclusive nas pessoas
mais velhas, tudo isso mostra que devemos explicar as armadilhas da sexualidade
aos nossos jovens, às crianças, enfim, à população em geral. São tempos
perigosos que estamos vivendo, defender nossas crianças e jovens é uma
obrigação da qual não podemos fugir.
• A UNESCO preparou um documento importantíssimo, do qual estamos extraindo
alguns trechos para reflexão; todavia, todo ele é de grande valor, vamos, amigos,
ler e aprender sobre a sexualidade mesmo que sejamos velhos porque se trata de
uma parte essencial de nossa vida e do enfrentamento de nossos conflitos
existenciais.
• Vamos ao trecho em apreço:
• “O que é educação da sexualidade e por que é importante?
• Este documento se baseia nas seguintes suposições:
• - A sexualidade é um aspecto fundamental da vida humana; tem dimensões
físicas, psicológicas, espirituais, sociais, econômicas, políticas e culturais.
- A sexualidade não pode ser compreendida sem referência ao gênero.
- Diversidade é uma característica fundamental da sexualidade.
- As regras que governam a conduta sexual divergem amplamente em torno de e
dentro de culturas. Certos comportamentos são vistos como aceitáveis e
desejáveis, enquanto outros são considerados inaceitáveis. Isto não significa que
estes comportamentos não aconteçam, ou que devem ser excluídos de discussão
dentro do contexto da educação da sexualidade.
• Poucas pessoas jovens recebem preparação adequada para sua vida sexual. Isto
as deixam potencialmente vulneráveis à coerção, ao abuso e à exploração, à
gravidez não planejada e a infecções sexualmente transmissíveis (IST), incluindo
HIV. Muitas pessoas jovens chegam à idade adulta, enfrentando mensagens
conflitivas e confusas acerca da sexualidade e do gênero. Isto, frequentemente, é
exacerbado por vergonha, silêncio e desaprovação de discussões abertas sobre
questões sexuais por adultos, incluindo pais e professores, bem na época em que
isso é mais necessário.
• Falando em termos globais, pessoas jovens estão se tornando sexualmente
maduras e ativadas em idade mais precoce. Elas também estão casando-se mais
tarde, estendendo o período de tempo entre a iniciação sexual e o casamento
• É, portanto, essencial a necessidade e o direito de que todas as pessoas jovens
recebam educação sexual. Algumas pessoas jovens são mais vulneráveis do que
outras, especialmente as que têm deficiências e as que vivem com HIV.
• Educação sexual efetiva pode dar, às pessoas jovens, informações apropriadas à
idade, culturalmente relevantes e cientificamente precisas. Isso inclui
oportunidades estruturadas para as pessoas jovens explorarem suas atitudes e
valores, e praticar as habilidades de que irão precisar para poderem tomar
decisões informadas acerca de sua vida sexual.
• A educação efetiva da sexualidade é uma parte crítica da prevenção de HIV e é,
também, crítica para atingir os alvos de Acesso Universal, visando prevenção,
tratamento, cuidado e apoio. Embora não haja programas que possam eliminar o
risco de HIV e outras ITS (Infecções Transmitidas Sexualmente), gravidez não
planejada e atividade sexual coercitiva e abusiva, programas devidamente
desenhados e implementados podem reduzir alguns destes riscos.
• Estudos mostram que programas efetivos podem:
• - Reduzir informações erradas.
- Aumentar o conhecimento.
- Esclarecer e solidificar valores e atitudes positivas.
- Aumentar habilidades.
- Melhorar as percepções acerca de normas em grupo de colegas.
- Aumentar a comunicação com os pais ou outros adultos confiáveis.
• Os estudos mostram que programas compartilhando certas características-chave
podem ajudar a:
• - Retardar a iniciação de relações sexuais.
- Reduzir a frequência de atividade sexual desprotegida.
- Reduzir o número de parceiros sexuais
- Aumentar o uso de proteção contra gravidez e ITS durante a relação sexual.
• Ambientes escolares fornecem oportunidades importantes de alcançar um número
grande de jovens com educação sexual antes que se tornem sexualmente ativos,
bem como oferecer uma estrutura apropriada (i.e. o currículo formal), para fazer
isso dentro dele
• Como construir uma sociedade para todos
sob a lógica da “separação”? - 11/05/2010
*Por Liliane Garcez e Marília Costa Dias
• Atualmente, existem no país 2,4 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência
e com idade para frequentar a educação básica, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Contudo, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(INEP) revela aponta que, no ano passado, havia apenas 654.606 matrículas,
somando as referentes aos alunos de escolas especiais e comuns.
Isso significa que apenas 23,6%, ou seja, menos de um quarto da população
citada está estudando. Dessas, apenas 46,8%, menos da metade, estão em salas
comuns do ensino regular.
Esse lamentável contexto, entretanto, está em processo de reversão, a partir de
2008, a por meio da ampliação de nossa base legal: os Decretos 186/08 e 6949/09
que ratificam a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, o 6571/08 e
a Resolução nº 04/2009 que instituem e regulamentam diretrizes operacionais ao
atendimento educacional especializado de alunos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Trazem como pressuposto o direito de qualquer criança de 04 a 17 anos estudar
na classe comum da escola regular com garantia da Constituição Federal nos
artigos 205, 206 e 208 e pelo artigo 24 da Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil com status de emenda
constitucional.
A educação especial passa a ser definida como serviço especializado e campo de
estudo, assegurando, desta forma, seu papel fundamental na garantia da oferta de
apoio complementar e/ou suplementar à formação de alunos com deficiência.
Às redes regulares de ensino caberá a missão de se qualificarem para se tornarem
de fato inclusivas, oferecendo no contraturno, meios e modos de que possibilitem o
acesso ao currículo nacional estabelecido para todos os estudantes.
Está posto que o receio do novo não pode ser utilizado como justificativa para
retrocessos ou paralisações.
Toda criança é capaz de aprender e cada uma tem sua peculiaridade,
característica que precisam ser valorizadas, quer individualmente quer no contexto
coletivo.
Essa perspectiva de trabalho nas diferenças reflete o grau de amadurecimento de
toda e qualquer sociedade no que se refere ao pleno exercício da cidadania.
Assim, nos sistemas educacionais que têm como perspectiva a inclusão, os
talentos de cada um são reconhecidos, estimulados e potencializados.
Cada pessoa, educador e estudante, é membro importante e responsável e atua
como apoio aos demais, o que ajuda a fomentar o respeito mútuo e um sentimento
de pertencimento e de valor entre todos.
Ao se optar por uma educação na perspectiva da inclusão, o que está em jogo não
é apenas a presença de crianças com deficiência nas classes comuns do ensino
regular, e sim a capacidade da comunidade escolar em reinventar os processos
educativos e de avaliação, tornando a educação melhor para todos.
Professoras do curso de Pós-Graduação em Educação Inclusiva do Instituto
Superior de Educação Vera Cruz.
• Artigo 5 - Igualdade e Não
Discriminação - 13/09/2010
Ana Paula Crosara de Resende
• O direito à igualdade perante a lei e em virtude dela é tido como regra de equilíbrio
entre as pessoas que têm e as que não têm uma deficiência, uma vez que
determina a todos que todas as pessoas formam a população de um país.
• No direito, sempre se diz que a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades, cuidando para que
não hajam desequiparações fortuitas ou injustificadas (MELLO, 1998). Para a
pessoa com deficiência significa que não pode haver nenhuma restrição ou
impedimento apenas em razão da deficiência.
• É uma garantia que não serão adotados critérios, teóricos ou práticos, que afastem
ou impeçam o exercício de outros direitos protegidos e garantidos pela lei, sendo a
regra de isonomia a viga estrutural da sociedade. Sua existência também implica
respeito às diferenças individuais e a obrigatoriedade de serem oferecidos serviços
que atendam as necessidades de todos, independente da condição dos cidadãos.
• O princípio aqui comentado se dirige aos poderes constituídos dos Estados e
também às pessoas que integram a população. Ou seja, ninguém está isento de
tratar as pessoas como gente ou de "esquecer" alguns grupos sociais, nem mesmo
os Administradores Públicos, os Legisladores ou os Julgadores.
• Importante destacar ainda que ao fazer novas leis, elas têm que estar em
consonância com a isonomia e com os princípios da Convenção. Por exemplo,
quando se exige que qualquer estabelecimento de uso público seja acessível,
criou-se uma obrigação para quem é o responsável pelo lugar, que não poderá
recusá-la e, ao mesmo tempo, se uma pessoa com deficiência não conseguir
utilizar os serviços ou as instalações daquele prédio ela terá como exigir as
adequações e até indenizações se for o caso, por determinação do direito à
igualdade.
• Um dos propósitos principais da Convenção é o de promover, proteger e assegurar
o usufruto de direitos humanos e liberdades fundamentais para as pessoas com
deficiência. A dignidade da pessoa também é um valor que se destaca neste
tratado e para que isso se efetive a igualdade foi eleita como uma regra de
aplicação transversal em todos os artigos da Convenção, dado seu caráter de pilar
de sustentação dos demais direitos (PALÁCIOS e BARIFFI, 2007).
• Esse princípio serve também como uma regra de flexibilidade para que a
deficiência da pessoa, qualquer que seja a causa ou a severidade das limitações
impostas, não seja sinônimo de deficiência de vida e impõe que os demais direitos
assegurados por lei, devem ser usufruídos por todos.
• Sabe-se que a efetiva igualdade é utópica e muito dificilmente será conquistada,
mesmo quando todo o ambiente em que vivem as pessoas com deficiência estiver
adequado. Porém, como a (re)construção desse ambiente é feita diariamente, no
mínimo, se garante que não hajam discriminações com base na deficiência, para
que as pessoas possam lutar de forma eqüitativa e que não lhes sejam negadas
oportunidades de acesso, não apenas físico, a tudo que a comunidade
disponibiliza aos outros cidadãos (RESENDE, 2004).
• Outro ponto que foi destacado diz respeito aos ajustes de acessibilidade, aqui
entendidos como uma das condições de promoção da efetiva igualdade e de
eliminação de discriminações. Por isso, devem ser adotadas medidas eficazes e
apropriadas pelos Estados, para que o direito assegurado não fique apenas no
papel.
• A acessibilidade deve ser entendida como um fator de qualidade de vida e, assim,
a garantia de instrumentos administrativos, legais e de prática cotidiana, como
reflexo, na Convenção, de algumas boas práticas mundiais.
• No Brasil, o direito à igualdade já está previsto no artigo 5º da Constituição da
República Federativa, de 1988, em diversos outros tratados, acordos, convenções
internacionais e também nas leis brasileiras que têm que refletir a determinação
constitucional, pelo sistema jurídico aqui adotado.
• Para esclarecer: a igualdade vale tanto para a proteção legal, quanto para
beneficiar-se da lei. Um detalhe importante: a igualdade não é só de direitos, mas
também de deveres existentes para o povo.
• Prevê a Convenção que ninguém poderá ser discriminado com base na
deficiência, como já firmado na Convenção Interamericana para Eliminação de
Todas as Formas de Discriminação da OEA - Organização dos Estados
Americanos - aqui no Brasil chamada de Convenção da Guatemala (Decreto nº
3.956/2001) e pretende emancipar cidadãos para construir seus lugares e
influenciá-los da forma como melhor lhes aprouver. Fica, por esta Convenção,
terminantemente proibida qualquer discriminação com base na deficiência e se
garante proteção legal para coibir as que porventura ocorrerem, já que estamos
falando de pessoas.
• A igualdade perante a lei serve para que as diferenças advindas da deficiência não
sejam fatores de exclusão ou de marginalização social, já que garante a
participação destas pessoas como parte da população. É fato que a deficiência é
uma característica existente em qualquer sociedade que aparece sem distinção de
classe social ou etária, mas um dos fatores que mais desiguala e agrava as
deficiências na população é a pobreza, que hoje é causa e efeito da deficiência.
• Mais uma consideração que destaca-se do artigo 5 é que também foi assegurado
que as medidas específicas que sejam importantes e úteis para acelerar ou
alcançar a efetiva igualdade, como por exemplo, a exigência de legenda oculta em
programas de televisão, não serão consideradas como discriminação, exatamente
para que a tecnologia e até mesmo o capital, possam servir ao povo e não ao
contrário.
• Fávero (2004) ensina que a principal forma para não discriminar é sempre que as
pessoas com deficiência escolham o que é mais adequado para elas e que
existam opções. E, por isso, o lema do movimento internacional das pessoas com
deficiência utilizado muitas vezes no processo de construção desta Convenção
deve prevalecer: NADA SOBRE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, SEM AS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, para que a igualdade e a inclusão sejam efetivas.
Fontes de pesquisa sobre disciplina na sala de aula

Contenu connexe

Tendances (17)

Indisciplina escolar
Indisciplina escolarIndisciplina escolar
Indisciplina escolar
 
Indisciplina no contexto escolar
Indisciplina no contexto escolarIndisciplina no contexto escolar
Indisciplina no contexto escolar
 
Questionário sobre indisciplina
Questionário sobre indisciplinaQuestionário sobre indisciplina
Questionário sobre indisciplina
 
Indisciplina em contexto escolar
Indisciplina em contexto escolarIndisciplina em contexto escolar
Indisciplina em contexto escolar
 
Indisciplina
IndisciplinaIndisciplina
Indisciplina
 
Indisciplina escolar
Indisciplina escolarIndisciplina escolar
Indisciplina escolar
 
Como se resolve a indisciplina
Como se resolve a indisciplinaComo se resolve a indisciplina
Como se resolve a indisciplina
 
Portfólio
  Portfólio  Portfólio
Portfólio
 
O Insucesso Escolar
O Insucesso EscolarO Insucesso Escolar
O Insucesso Escolar
 
Portfólio de aprendizagem
Portfólio de aprendizagemPortfólio de aprendizagem
Portfólio de aprendizagem
 
INDISCIPLINA
INDISCIPLINAINDISCIPLINA
INDISCIPLINA
 
Como se resolve a indisciplina
Como se resolve a indisciplinaComo se resolve a indisciplina
Como se resolve a indisciplina
 
Indisciplina escolar
Indisciplina escolarIndisciplina escolar
Indisciplina escolar
 
A intervenção do Psicopedagogo nas dificuldades de aprendizagens
A intervenção do Psicopedagogo nas dificuldades de aprendizagensA intervenção do Psicopedagogo nas dificuldades de aprendizagens
A intervenção do Psicopedagogo nas dificuldades de aprendizagens
 
Apresentação sobre insucesso escolar
Apresentação sobre insucesso escolarApresentação sobre insucesso escolar
Apresentação sobre insucesso escolar
 
Monografia Silvana Pedagogia 2012
Monografia Silvana Pedagogia 2012Monografia Silvana Pedagogia 2012
Monografia Silvana Pedagogia 2012
 
Indisciplina
IndisciplinaIndisciplina
Indisciplina
 

Similaire à Fontes de pesquisa sobre disciplina na sala de aula

Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematica
Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematicaDificuldade de-leitura-e-escrita-matematica
Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematicaAdonias Aquino
 
3.9 os professores problematica_luciano_campos
3.9 os professores  problematica_luciano_campos3.9 os professores  problematica_luciano_campos
3.9 os professores problematica_luciano_camposJosé Fernando Souza
 
A indisciplina no contexto escolar
A indisciplina no contexto escolarA indisciplina no contexto escolar
A indisciplina no contexto escolarTamiris Cerqueira
 
Slides tcc ediani-
Slides tcc ediani-Slides tcc ediani-
Slides tcc ediani-Ediani85
 
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaOs desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaprimeiraopcao
 
Indisciplina-escolar.pptx
Indisciplina-escolar.pptxIndisciplina-escolar.pptx
Indisciplina-escolar.pptxJoana Faria
 
01 como lidar com a indisciplina na escola
01 como lidar com a indisciplina na escola01 como lidar com a indisciplina na escola
01 como lidar com a indisciplina na escolajoelmarodrigues
 
ViolêNciaescolar
ViolêNciaescolarViolêNciaescolar
ViolêNciaescolarguest5d403f
 
Violênciaescolar
ViolênciaescolarViolênciaescolar
Violênciaescolarguest5d403f
 
ViolêNciaescolar
ViolêNciaescolarViolêNciaescolar
ViolêNciaescolarguest5d403f
 
Sucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolarSucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolarTânia Martins
 
Sucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolarSucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolarTânia Martins
 
A problemática da falta de limites dos alunos artigo2 2
A problemática da falta de limites dos alunos artigo2 2A problemática da falta de limites dos alunos artigo2 2
A problemática da falta de limites dos alunos artigo2 2Alberto Silva
 
Como despertar-o-interesse-dos-alunos-pelas-aulas-em-apenas-3-passos
Como despertar-o-interesse-dos-alunos-pelas-aulas-em-apenas-3-passosComo despertar-o-interesse-dos-alunos-pelas-aulas-em-apenas-3-passos
Como despertar-o-interesse-dos-alunos-pelas-aulas-em-apenas-3-passosPlataforma Cultural
 

Similaire à Fontes de pesquisa sobre disciplina na sala de aula (20)

O insucesso escolar
O insucesso escolarO insucesso escolar
O insucesso escolar
 
Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematica
Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematicaDificuldade de-leitura-e-escrita-matematica
Dificuldade de-leitura-e-escrita-matematica
 
Artigo ana angélica
Artigo   ana angélicaArtigo   ana angélica
Artigo ana angélica
 
3.9 os professores problematica_luciano_campos
3.9 os professores  problematica_luciano_campos3.9 os professores  problematica_luciano_campos
3.9 os professores problematica_luciano_campos
 
A indisciplina no contexto escolar
A indisciplina no contexto escolarA indisciplina no contexto escolar
A indisciplina no contexto escolar
 
Slides tcc ediani-
Slides tcc ediani-Slides tcc ediani-
Slides tcc ediani-
 
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaOs desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
 
Indisciplina-escolar.pptx
Indisciplina-escolar.pptxIndisciplina-escolar.pptx
Indisciplina-escolar.pptx
 
Weisz
WeiszWeisz
Weisz
 
01 como lidar com a indisciplina na escola
01 como lidar com a indisciplina na escola01 como lidar com a indisciplina na escola
01 como lidar com a indisciplina na escola
 
Paula indisciplina na_escola_de_onde_vem_para_onde_vai
Paula indisciplina na_escola_de_onde_vem_para_onde_vaiPaula indisciplina na_escola_de_onde_vem_para_onde_vai
Paula indisciplina na_escola_de_onde_vem_para_onde_vai
 
ViolêNciaescolar
ViolêNciaescolarViolêNciaescolar
ViolêNciaescolar
 
Violênciaescolar
ViolênciaescolarViolênciaescolar
Violênciaescolar
 
ViolêNciaescolar
ViolêNciaescolarViolêNciaescolar
ViolêNciaescolar
 
Sucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolarSucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolar
 
Sucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolarSucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolar
 
Sucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolarSucesso e insucesso escolar
Sucesso e insucesso escolar
 
Apresentação DA
Apresentação DAApresentação DA
Apresentação DA
 
A problemática da falta de limites dos alunos artigo2 2
A problemática da falta de limites dos alunos artigo2 2A problemática da falta de limites dos alunos artigo2 2
A problemática da falta de limites dos alunos artigo2 2
 
Como despertar-o-interesse-dos-alunos-pelas-aulas-em-apenas-3-passos
Como despertar-o-interesse-dos-alunos-pelas-aulas-em-apenas-3-passosComo despertar-o-interesse-dos-alunos-pelas-aulas-em-apenas-3-passos
Como despertar-o-interesse-dos-alunos-pelas-aulas-em-apenas-3-passos
 

Dernier

William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfIedaGoethe
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOMarcosViniciusLemesL
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduraAdryan Luiz
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalJacqueline Cerqueira
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Centro Jacques Delors
 
Atividade com a letra da música Meu Abrigo
Atividade com a letra da música Meu AbrigoAtividade com a letra da música Meu Abrigo
Atividade com a letra da música Meu AbrigoMary Alvarenga
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasCassio Meira Jr.
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasCassio Meira Jr.
 
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfcartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfIedaGoethe
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresaulasgege
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPanandatss1
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A  galinha ruiva sequencia didatica 3 anoA  galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A galinha ruiva sequencia didatica 3 anoandrealeitetorres
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxfabiolalopesmartins1
 

Dernier (20)

William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
 
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO3_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
trabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditaduratrabalho wanda rocha ditadura
trabalho wanda rocha ditadura
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem OrganizacionalGerenciando a Aprendizagem Organizacional
Gerenciando a Aprendizagem Organizacional
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
Apresentação | Eleições Europeias 2024-2029
 
Atividade com a letra da música Meu Abrigo
Atividade com a letra da música Meu AbrigoAtividade com a letra da música Meu Abrigo
Atividade com a letra da música Meu Abrigo
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades MotorasPrograma de Intervenção com Habilidades Motoras
Programa de Intervenção com Habilidades Motoras
 
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e EspecíficasHabilidades Motoras Básicas e Específicas
Habilidades Motoras Básicas e Específicas
 
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfcartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autoresSociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
Sociologia Contemporânea - Uma Abordagem dos principais autores
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SP
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A  galinha ruiva sequencia didatica 3 anoA  galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
A galinha ruiva sequencia didatica 3 ano
 
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptxA experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
A experiência amorosa e a reflexão sobre o Amor.pptx
 

Fontes de pesquisa sobre disciplina na sala de aula

  • 1. Fontes de pesquisas Blog(s): simplesmente português Planeta Educação (CONHECIMENTOS QUE TRANSFORMAM) CONTEÚDO PROGRAMÁTICO LÍNGUA PORTUGUESA – 6º ANO 1º BIMESTRE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS  - Livro-texto;  - Livro-paradidático GRAMÁTICA  Fonema e letra  Dígrafo  Classificação dos fonemas e encontros vocálicos  Encontros vocálicos  Classificação das sílabas  Sílaba tônica  Monossílabos tônicos e átonos  Regras de acentuação (1)  Palavras oxítonas  Acentuação de hiatos  Acentuação dos ditongos abertos  Acentuação das palavras monossílabas  Regras de acentuação (2)  Palavras proparoxítonas  Palavras paroxítonas  Frases  Substantivo (classificação formação)  Substantivos: o Comuns e próprios o Coletivos o Concretos e abstratos o Simples e compostos o Primitivos e derivados  Artigo
  • 2.  Gênero e número do artigo PONTUAÇÃO  - O ponto final;  - O ponto de interrogação;  - Dois pontos;  - Travessão;  - Vírgula;  - Reticência. 2° BIMESTRE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS  - Livro-texto;  - Livro-paradidático GRAMÁTICA  Substantivo (gênero)  Substantivos biformes  Substantivos uniformes  Substantivo (número)  Plural dos substantivos simples  Plural dos substantivos compostos  Grau do substantivo: diminutivo-aumentativo  Adjetivo  Locução adjetiva  Concordância do adjetivo  Adjetivos simples e compostos  Adjetivos pátrios  Grau do adjetivo  Grau comparativo  Grau superlativo  Numeral ORTOGRAFIA:  Palavras com as terminações ês, esa, ez, eza. 3º BIMESTRE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS:  - Livro-texto;  - Livro-paradidático: GRAMATICA
  • 3.  Pronomes  Pronomes pessoais  Pronomes de tratamento  Pronomes possessivos e pronomes demonstrativos  Pronome indefinido  Pronome interrogativo  Pronome relativo  Verbo  Modos do verbo  Tempos do indicativo  Presente do indicativo  Pretérito do indicativo  Pretérito perfeito  Pretérito imperfeito  Pretérito mais-que-perfeito  Futuro do indicativo  Tempos do subjuntivo  Modo imperativo  Imperativo afirmativo  Imperativo negativo 4º BIMESTRE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS:  - Livro-texto; GRAMÁTICA  Advérbio  Advérbios de modo terminados em mente  Locução adverbial  Preposição: contração e combinação  Crase  Interjeição  Oração: sujeito e predicado  Sujeito simples e sujeito composto  Posição do sujeito na oração  Conjunção
  • 4. A Indisciplina na sala de aula - 06/12/2006 Sheila Cristina de Almeida e Silva Machado Primeiro dia de aula. Professor novo. Turma pouco afeita ao estudo. No caminho para seus novos afazeres os corredores da escola não parecem nada animadores para o recém-chegado professor. Na sala de aula todos os alunos estão de pé, circulando despreocupadamente, sem qualquer tipo de compromisso com o trabalho que está apenas começando. Querem falar de outros assuntos, mais próprios e interessantes em sua opinião para pessoas que, como eles, estão em idade para freqüentar o Ensino Médio. Matemática não lhes parece parte integrante dos conhecimentos que necessitam para sobreviver na selva que percebem em seus cotidianos. Jaime, seu novo professor, mal consegue se apresentar, pois é interrompido com menos de 10 minutos em sala de aula pelo acionamento do sinal que faz com que todos os alunos saiam rapidamente da classe. É apenas mais uma entre várias “brincadeiras” promovidas pelos alunos para interromper o trabalho que está sendo desenvolvido. Numa outra aula, quando as primeiras páginas do livro estavam sendo abertas no capítulo sobre frações e porcentagens, surgem dois novos alunos, atrasados, que trazem consigo justificativas que lhes permitem permanecer na aula. Nenhum dos dois tem os materiais apropriados e ainda desrespeitam o professor com gestos obscenos. Ao ser interpelado pelo professor no final da aula um dos estudantes diz que não tem qualquer interesse pelo que está sendo ensinado e, além disso, ameaça o professor. Para desestabilizar ainda mais as aulas de matemática, os jovens amotinados passam a assistir a aula tendo a seu lado outras pessoas que, como eles, não estão dispostos a estudar e que, da mesma forma como os primeiros, querem ameaçar e boicotar os esforços de Jaime. Para piorar ainda mais a situação, entre os outros membros do corpo docente a descrença na capacidade dos estudantes também se faz notar. Nas reuniões pedagógicas ou mesmo nos intervalos (na sala dos professores), fica claro para o novo professor de matemática que entre seus colegas de trabalho não há nenhuma perspectiva positiva quanto ao futuro de seus novos alunos. Nem mesmo entre os pais a educação é vista como uma possibilidade de crescimento, de amadurecimento e de melhores chances no futuro... A seqüência de acontecimentos acima descrita poderia retratar fatos ocorridos em qualquer escola do Brasil. Apresenta o que para muitos que trabalham com educação seriam situações corriqueiras, do cotidiano de seu trabalho. Trata-se, entretanto de um recorte feito a partir do filme “O Preço do Desafio” (Stand and Deliver), do diretor Ramon Menendez, produzido pela Warner Bros em 1988 a partir da história real de Jaime Escalante, um professor de matemática. Quando nos referimos a Instituição Escolar, não podemos deixar de enfocar essa questão que suscita muitas dúvidas a educadores, diretores, pais e até mesmo a alunos: a indisciplina. - O que é uma classe indisciplinada? - O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina? No ambiente escolar em que trabalho, as principais queixas dos professores relativamente à indisciplina são: falta de limite dos alunos, bagunça, tumulto, mau comportamento, desinteresse e desrespeito às figuras de autoridade da escola e também ao patrimônio; alguns professores apontam que os alunos não aprendem porque são indisciplinados em decorrência da não imposição de limites por seus familiares; o fracasso escolar seria então o resultado de problemas que estão fora da escola
  • 5. e que se manifestam dentro dela pela indisciplina; de acordo com esses professores, nada pode ser feito enquanto a sociedade não se modificar. Condutas como essas são também observadas em outras instituições particulares e em escolas públicas. Podemos afirmar que no mundo atual a maioria das escolas enfrenta estas questões, que perduram há anos, sofrendo obviamente alterações históricas de acordo com as contingências sócio-culturais. Atualmente a indisciplina tornou-se um “obstáculo” ao trabalho pedagógico e os professores ficam desgastados, tentam várias alternativas, e já não sabendo o que fazer, chegam mesmo em algumas oportunidades a pedir ao aluno indisciplinado que se retire da sala já que ele atrapalha o rendimento do restante do grupo. Nesses casos, os alunos são encaminhados ao Serviço de Orientação Educacional. Muitas vezes há pressões por parte dos professores para que sejam aplicadas punições severas a esses estudantes. - Como agir nessa situação? De que forma ajudar? O que é uma Classe Indisciplinada? Para iniciarmos uma reflexão sobre essas questões, vamos destacar o que significa a palavra indisciplina a partir de algumas definições quanto ao termo. Indisciplina – procedimento, ato ou dito contrário à disciplina; desobediência, desordem, rebelião. (Dicionário Aurélio). De acordo com o sociólogo francês François Dubet (1997), “a disciplina é conquistada todos os dias, é preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez é preciso reinteressá-los, cada vez é preciso ameaçar, cada vez é preciso recompensar”. Isso nos coloca diante de um antônimo de indisciplina, nos lembrando que o respeito às regras dentro de uma instituição é de fundamental importância para o seu funcionamento pleno e que, conseqüentemente, a indisciplina representa a ameaça pela desobediência às regras estabelecidas. Por isso Dubet ressalta a necessidade dos professores relembrarem as regras e estimularem o seu cumprimento no decorrer do ano letivo. Segundo o professor Júlio Groppa Aquino: ”O conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade.” Groppa ressalta que a manutenção da disciplina era uma preocupação de muitas épocas como vemos em textos de Platão e nas confissões de Santo Agostinho, de como a sua vida de professor era amargurada pela indisciplina dos jovens que perturbavam “a ordem instituída para seu próprio bem”. Diante dessa idéia de Júlio Groppa, não podemos deixar de lembrar da forma como as escolas até os anos 1960, conseguiam fazer com que seus alunos se comportassem. A disciplina era imposta de forma autoritária, com ameaças e castigos. Os educandos temiam as punições e esse medo levava a obediência e a subordinação. Além de submetidos a uma rigorosa fiscalização, não podiam se posicionar utilizando-se de questionamentos e reflexões. Os professores eram considerados modelos e, em virtude do conhecimento que possuíam, agiam como donos do saber. “A educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (Freire, 1998) por isso passa a ser chamada de “educação bancária”. Segundo a educadora Rosana Ap. Argento Ribeiro, “a educação bancária é classificada também como domesticadora, porque leva o aluno a memorização dos conteúdos transmitidos, impedindo o desenvolvimento da criatividade e sua participação ativa no processo educativo, tornando-o submisso perante as ações opressoras de uma sociedade excludente. O papel da disciplina na educação bancária é fundamental para o sucesso da aprendizagem do aluno. Nela, a obediência e o
  • 6. silêncio dos alunos são aspectos importantes para garantir que os conteúdos sejam transmitidos pelos professores”. Atualmente, nos primeiros anos do século XXI, estamos vivendo num outro contexto. Influenciados por mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais, professores e alunos, e mesmo a própria instituição escolar, assumem um papel diferente na sociedade. Nessa nova realidade a educação bancária já não deveria ser aplicada dentro das escolas. Acredita-se hoje que os professores devem estar mais preocupados com seu aperfeiçoamento, permitindo que seus alunos questionem, tirem suas dúvidas, se posicionem. Enquanto os alunos, por sua vez, têm mais acesso à informação, se consideram livres para questionar, criar e participar. Outro aspecto importante quanto à educação no 3° milênio refere-se ao fato de que a instituição escolar deveria estar mais aberta para a participação dos pais e da comunidade em suas atividades e mesmo, nas propostas curriculares. François Dubet reforça a idéia de que “os professores mais eficientes são, em geral, aqueles que acreditam que os alunos podem progredir, aqueles que têm confiança nos alunos. Os mais eficientes são também os professores que vêem os alunos como eles são e não como eles deveriam ser”. Quanto às afirmações anteriores percebo em minha realidade que alguns professores se mostram preocupados quanto a sua formação e prática profissional enquanto uma quantidade expressiva ainda demonstra grande resistência à reflexão e ao aperfeiçoamento do seu trabalho por se considerarem experientes e prontos para o exercício do magistério. No que se refere aos estudantes é possível verificar que há um grande incentivo da família quanto aos estudos e ao mesmo tempo há um maior acesso a recursos que facilitam e promovem o processo de ensino-aprendizagem, como livros, computadores, internet, revistas, jornais, filmes... Essa circunstância realmente os torna mais críticos, questionadores e participativos. Porém, nem todos conseguem utilizar essas ferramentas de forma consciente e produtiva. Os pais, por sua vez, comparecem a escola para presenciar a apresentação de trabalhos realizados por seus filhos apenas como observadores, sem posicionamentos mais efetivos e críticos. Há, porém baixo índice de comparecimento nas reuniões solicitadas pela escola, especialmente entre os pais cujos filhos freqüentam turmas da sexta série do ensino fundamental ao ensino médio. O que o professor pode fazer para ter controle perante situações de indisciplina? Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos não podemos deixar de falar de respeito. Segundo Tardeli (2003), o tema respeito está centralizado na moralidade. Isso quer dizer que cada pessoa tem, junto com sua vida intelectual, afetiva, religiosa ou fantasiosa, uma vida moral. E o primeiro a atribuir um significado a moralização e inserir no conceito de ética foi o filósofo Demócrito. Sabemos que atualmente o papel do professor dentro da escola é muito mais abrangente, pois ele precisa estar atento às capacidades cognitivas, físicas, afetivas, éticas e para preparação do educando para o exercício de uma cidadania ativa e pensante. Será que sabemos ouvir nossos alunos? O diálogo envolve o respeito em saber ouvir e entender nossos alunos, mostrando a eles nossa preocupação com suas opiniões e com suas atitudes e o nosso interesse em poder dar a assistência necessária ao aperfeiçoamento do seu processo de aprendizagem. É também compromisso do educador se preocupar com a disciplina e a responsabilidade de seus alunos. Para Piaget (1996), “o respeito constitui o sentimento fundamental que possibilita a aquisição das noções morais” .Conseguimos atingir a responsabilidade, desenvolvendo a
  • 7. cooperação, a solidariedade, o comprometimento com o grupo, criando contratos e regras claras e que precisarão ser cumpridas com justiça. O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos, tendo maior compromisso com seu projeto pedagógico e as questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira com seus educandos. Sob uma visão Piagetiana, o professor que na sala de aula dialoga com seu aluno, busca decisões conjuntas por meio da cooperação, para que haja um aprendizado através de contratos, que honra com sua palavra e promove relações de reciprocidade, sendo respeitoso com seus alunos, obtendo dessa forma um melhor aproveitamento escolar. Segundo Tardeli (2003), “Só se estabelece um encontro significativo quando o mestre incorpora o real sentido de sua função, que é orientar e ensinar o caminho para o conhecimento, amparado pela relação de cooperação e respeito mútuos”. Como agir nessa situação? De que forma ajudar? Não podemos deixar de ter como foco em nosso trabalho o SER HUMANO. Precisamos valorizar as pessoas. Uma frase de Walt Disney ilustra bem essa idéia: “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário TER PESSOAS para transformar seu sonho em realidade”. Estamos envolvidos com pessoas em nosso dia a dia: alunos, professores, pais, coordenadores, orientadores e diretores e, por isso, precisamos aprender a trabalhar em equipe para obter uma instituição forte, competente e coesa. A qualidade é obtida através do esforço de todos os seus integrantes, onde cada profissional é importante e cada aluno também. A escola é uma organização humana em que as pessoas somam esforços para um propósito educativo comum. Ensinando a Turma Toda - As Diferenças na Escola - 16/05/2007 Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade – LEPED/Unicamp A sala de aula é o termômetro pelo qual se mede o grau de febre das crises educacionais e é nesse micro espaço que as mudanças do ensino verdadeiramente se efetivam ou fracassam. Embora a palavra de ordem seja melhorar o nosso ensino, em todos os seus níveis, o que verificamos quase sempre é que ainda predominam formas de organização do trabalho escolar que não se alinham na direção de uma escola de qualidade para todos os alunos. Se quisermos, de fato, transformar nossas escolas, a questão central, a nosso ver, é: De que qualidade estamos falando, quando nos referimos a essas transformações? Outras interrogações derivam desta questão principal, tais como: "Que práticas de ensino ajudam os professores a ensinar os alunos de uma mesma turma, atingindo a todos, apesar de suas diferenças?" ou "Como criar contextos educacionais capazes de ensinar todos os alunos?". Mas sem cair nas malhas de modalidades especiais e programas vigentes, que nada têm servido para que as escolas mudem para melhor. Neste texto, vamos discutir essas questões, buscando soluções para abordar da melhor maneira possível os problemas derivados da conjunção do direito de todos ao saber à
  • 8. necessidade de se formar uma geração que dê conta das demandas de uma sociedade do conhecimento, cujo perfil é delineado pelas diferenças. A nossa intenção, diante desse quadro situacional, é recriar a escola para que seja a porta de entrada das novas gerações para o mundo plural em que já estamos vivendo. Nesse sentido, pensamos que, de antemão, as mudanças educacionais exigem que se repense a prática pedagógica tendo como eixos a Ética, a Justiça e os Direitos Humanos. Esse tripé sempre sustentou o ideário educacional, mas nunca teve tanto peso e implicação como nos dias atuais. Lutamos para vencer a exclusão, a competição, o egocentrismo e o individualismo em busca de uma nova fase de humanização social. Precisamos superar os males da contemporaneidade, pelo ultrapassamento de barreiras físicas, psicológicas, espaciais, temporais, culturais e, acima de tudo, garantir o acesso irrestrito de todos aos bens e às riquezas de toda sorte, entre as quais, o conhecimento. Escolas de qualidade Superar o sistema tradicional de ensinar é um propósito que temos de efetivar urgentemente nas salas de aula. As escolas são as incubadoras do novo e têm um papel inestimável e imprescindível na formação dos cidadãos deste milênio que desponta. Recriar o modelo educativo refere-se primeiramente ao que ensinamos aos nossos alunos e ao como ensinamos para que eles cresçam e se desenvolvam, sendo seres éticos, justos e revolucionários, pessoas que têm de reverter uma situação que não conseguimos resolver inteiramente: mudar o mundo e torná-lo mais humano. Recriar esse modelo tem a ver com o que entendemos como qualidade de ensino. Vigora ainda a visão conservadora de que as escolas de qualidade são as que enchem as cabeças dos alunos com datas, fórmulas, conceitos justapostos e fragmentados. A qualidade desse ensino resulta do primado e da super valorização do conteúdo acadêmico em todos os seus níveis. Persiste a ideia de que as escolas consideradas de qualidade são as que centram a aprendizagem no racional, no aspecto cognitivo do desenvolvimento e que avaliam os alunos, quantificando respostas-padrão. Seus métodos e práticas preconizam a exposição oral, a repetição, a memorização, os treinamentos, o livresco, a negação do valor do erro. São aquelas escolas que estão sempre preparando o aluno para o futuro: seja este a próxima série a ser cursada, o nível de escolaridade posterior, o exame vestibular! Pensamos que uma escola se distingue por um ensino de qualidade, capaz de formar pessoas, nos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária, quando consegue aproximar os alunos entre si, tratar as disciplinas como meios de conhecer melhor o mundo e as pessoas que nos rodeiam e ter como parceiras as famílias e a comunidade na elaboração e cumprimento do projeto escolar.
  • 9. Definimos um ensino de qualidade a partir de condições de trabalho pedagógico que implicam em formação de redes de saberes e de relações, que se enredam por caminhos imprevisíveis para chegar ao conhecimento. Entendemos que existe ensino de qualidade quando as ações educativas se pautam por solidariedade, colaboração, compartilhamento do processo educativo com todos os que estão direta ou indiretamente nele envolvidos. A aprendizagem nessas circunstâncias é acentrada, ora destacando o lógico, o intuitivo, o sensorial, ora os aspectos social e afetivo dos alunos. Em suas práticas e métodos pedagógicos predominam a experimentação, a criação, a descoberta, a coautoria do conhecimento. Vale o que os alunos são capazes de aprender hoje e o que podemos lhes oferecer de melhor para que se desenvolvam em um ambiente rico e verdadeiramente estimulador de suas potencialidades. Em uma palavra, as escolas de qualidade são espaços educativos de construção de personalidades humanas autônomas, críticas, nos quais as crianças aprendem a ser pessoas. Nesses ambientes educativos, ensinam-se os alunos a valorizar a diferença, pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo ensino ministrado nas salas de aula, pelo clima socioafetivo das relações estabelecidas em toda a comunidade escolar - sem tensões competitivas, solidário, participativo. Escolas assim concebidas não excluem nenhum aluno de suas classes, de seus programas, de suas aulas, das atividades e do convívio escolar mais amplo. São contextos educacionais em que todos os alunos têm possibilidade de aprender, frequentando uma mesma e única turma. Ensinar a turma toda, sem exclusões e exceções Para ensinar a turma toda, parte-se da certeza de que as crianças sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe são próprios. É fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa em relação à capacidade dos alunos de progredir e não desista nunca de buscar meios que possam ajudá-los a vencer os obstáculos escolares. O sucesso da aprendizagem está em explorar talentos, atualizar possibilidades, desenvolver predisposições naturais de cada aluno. As dificuldades e limitações são reconhecidas, mas não conduzem/restringem o processo de ensino, como comumente acontece. Para ensinar a turma toda, independentemente das diferenças de cada um dos alunos, temos de passar de um ensino transmissivo para uma pedagogia ativa, dialógica, interativa, conexional, que se contrapõe a toda e qualquer visão unidirecional, de transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber. Esta proposta pedagógica referenda a educação não disciplinar (Gallo, 1999), cujo ensino se caracteriza por:
  • 10. - Rompimento das fronteiras entre as disciplinas curriculares. - Formação de redes de conhecimento e de significações, em contraposição a currículos conteudistas, a verdades prontas e acabadas, listadas em programas escolares seriados. - Integração de saberes, decorrente da transversalidade curricular e que se contrapõe ao consumo passivo de informações e de conhecimentos sem sentido. - Policompreensões da realidade. - Descoberta, inventividade e autonomia do sujeito, na conquista do conhecimento. - Ambientes polissêmicos, favorecidos por temas de estudo que partem da realidade, da identidade social e cultural dos alunos, contra toda a ênfase no primado do enunciado desencarnado e no conhecimento pelo conhecimento. Para se ensinar a turma toda, temos de propor atividades abertas, diversificadas, isto é, atividades que possam ser abordadas por diferentes níveis de compreensão e de desempenho dos alunos e em que não se destaquem os que sabem mais ou os que sabem menos. Em uma palavra, as atividades são exploradas, segundo as possibilidades e interesses dos alunos que optaram livremente por desenvolvê-las. Debates, pesquisas, registros escritos, falados, observação, vivências são alguns processos pedagógicos indicados para a realização de atividades dessa natureza. Os conteúdos das disciplinas, vão sendo chamados espontaneamente a esclarecer os assuntos em estudo, mas como meios e não como fins do ensino escolar. A avaliação do desenvolvimento dos alunos também muda, para ser coerente com as outras inovações propostas. Acompanha-se o percurso de cada estudante, do ponto de vista da evolução de suas competências para resolver problemas de toda ordem, mobilizando e aplicando conteúdos acadêmicos e outros meios que possam ser úteis para se chegar às soluções pretendidas; apreciam-se os seus progressos na organização dos estudos; no tratamento das informações e na participação na vida social da escola. Escolas abertas às diferenças e capazes de ensinar a turma toda demandam, portanto, uma resignificação e uma reorganização completa dos processos de ensino e de aprendizagem. A possibilidade de se ensinar todos os alunos, sem discriminações e sem métodos e práticas de ensino especializados, deriva, portanto, de uma reestruturação do projeto pedagógico-escolar como um todo e das reformulações que esse projeto exige da escola, para que esta se ajuste a novos parâmetros de ação educativa. Não se pode encaixar um projeto novo em uma velha matriz de concepção do ensino escolar. As escolas que reconhecem e valorizam as diferenças têm projetos inclusivos de educação e o ensino que ministram difere radicalmente do proposto para atender às especificidades dos educandos que não conseguem acompanhar seus colegas de turma,
  • 11. por problemas que vão das deficiências a outras dificuldades de natureza relacional, motivacional, cultural dos alunos. Nesse sentido, elas contestam e não adotam o que é tradicionalmente utilizado para dar conta das diferenças nas escolas: as adaptações de currículos, a facilitação das atividades, além dos programas para reforçar as aprendizagens , ou mesmo para acelerá- las, em casos de defasagem idade/séries escolares. Para melhorar a qualidade do ensino e para se conseguir trabalhar com as diferenças nas salas de aula é preciso que enfrentemos os desafios da inclusão escolar, sem fugir das causas do fracasso e da exclusão e desconsideremos as soluções paliativas, sugeridas para esse fim. As medidas comumente indicadas para combater a exclusão não promovem mudanças e visam mais neutralizar os desequilíbrios criados pela heterogeneidade das turmas do que potencializá-los, até que se tornem insustentáveis, obrigando as escolas a buscar novos caminhos educacionais, que, de fato, atendam à pluralidade do coletivo escolar. Não teremos condições de ensinar a turma toda, reconhecendo e valorizando as diferenças na escola, enquanto os professores do ensino escolar (especialmente os do nível fundamental), persistirem em: - Propor trabalhos coletivos, que nada mais são do que atividades individuais realizadas ao mesmo tempo pela turma. - Ensinar com ênfase nos conteúdos programáticos da série. - Adotar o livro didático, como ferramenta exclusiva de orientação dos programas de ensino. - Servir-se da folha mimeografada ou xerocada para que todos os alunos as preencham ao mesmo tempo, respondendo às mesmas perguntas, com as mesmas respostas. - Propor projetos de trabalho totalmente desvinculados das experiências e do interesse dos alunos, que só servem para demonstrar a pseudo adesão do professor às inovações. - Organizar de modo fragmentado o emprego do tempo do dia letivo para apresentar o conteúdo estanque desta ou daquela disciplina e outros expedientes de rotina das salas de aula. - Considerar a prova final, como decisiva na avaliação do rendimento escolar do aluno. Essas práticas configuram o velho e conhecido ensino para alguns alunos - e para alguns, em alguns momentos, algumas disciplinas, atividades e situações de sala de aula. É assim que a exclusão se alastra e se perpetua, atingindo a todos os alunos, não apenas os que apresentam uma dificuldade maior de aprender ou uma deficiência específica. Porque em cada sala de aula sempre existem alunos que rejeitam propostas de trabalho escolar descontextualizadas, sem sentido e atrativos intelectuais, sempre existem os que protestam a seu modo, contra um ensino que não os desafia e não atende às suas motivações e interesses pessoais.
  • 12. O ensino para alguns é ideal para gerar indisciplina, competição, discriminação, preconceitos e para categorizar os bons e os maus alunos, por critérios que são, no geral, infundados. E a atuação do professor? Não podemos esquecer do que nos ensinou Paulo Freire em idos de 1978: "A educação autêntica, repitamos, não se faz de "A para B", ou de "A" sobre "B", mas de "A" com "B", mediatizados pelo mundo". O professor palestrante, tradicionalmente identificado com a lógica de distribuição do ensino, é o que pratica a pedagogia do "A" para e sobre "B". Essa unidirecionalidade supõe que os alunos ouçam diariamente um discurso, nem sempre dos mais atraentes, em um palco distante, que separa o orador do público. O professor que ensina a turma toda não tem o falar, o copiar e o ditar como recursos didático pedagógicos básicos. Ele partilha com seus alunos a construção/autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula; trata-se de um profissional que reúne humildade com empenho e competência para ensinar. O ensino expositivo foi banido da sua sala de aula, na qual todos interagem e constróem ativamente conceitos, valores, atitudes. Esse professor arranja e explora os espaços educacionais com seus alunos, buscando perceber o que cada um deles consegue apreender do que está sendo estudado e como procedem ao avançar nessa exploração. Certamente um professor que engendra e participa da caminhada do saber com seus alunos e mediatizado pelo mundo, consegue entender melhor as dificuldades e as possibilidades de cada um e provocar a construção do conhecimento com maior adequação. Os diferentes sentidos que os alunos atribuem a um dado objeto de estudo e as suas representações vão se expandindo e se relacionando e revelando, pouco a pouco, uma construção original de ideias que integra as contribuições de cada um, sempre bem- vindas, válidas e relevantes. Pontos cruciais do ensinar a turma toda são o respeito à identidade sociocultural dos alunos e a valorização da capacidade de entendimento que cada um deles tem do mundo e de si mesmos. Nesse sentido, ensinar a turma toda reafirma a necessidade de se promover situações de aprendizagem que formem um tecido colorido de conhecimento, cujos fios expressam diferentes possibilidades de interpretação e de entendimento de um grupo de pessoas que atua cooperativamente. Sem estabelecer uma referência, sem buscar o consenso, mas investindo nas diferenças e na riqueza de um ambiente que confronta significados, desejos, experiências, o professor deve garantir a liberdade e a diversidade das opiniões dos alunos.
  • 13. Nesse sentido, ele é obrigado a abandonar crenças e comportamentos que negam ao aluno a possibilidade de aprender a partir do que sabe e chegar até onde é capaz de progredir. Afinal, aprendemos quando resolvemos nossas dúvidas, superamos nossas incertezas e satisfazemos nossa curiosidade. As diferenças entre grupos étnicos, religiosos, de gênero etc. não devem se fundir em uma única identidade , mas ensejar um modo de interação entre eles, que destaque as peculiaridades de cada um. O professor, da mesma forma, não procurará eliminar as diferenças em favor de uma suposta igualdade do alunado, que é tão almejada pelos que apregoam a (falsa) homogeneidade das salas de aula. Antes, estará atento à singularidade das vozes que compõem a turma, promovendo o diálogo entre elas, contrapondo-as, complementando-as. Desigualdades e sucesso na escola As desigualdades tendem a se agravar quanto mais especializamos o ensino para alguns alunos. Essa desigualdade, inicialmente escolar, expande-se para outros domínios e áreas, marcando indelevelmente as pessoas atingidas. O ensino para a turma toda vai obstinadamente contra esse mecanismo perverso da escola que atinge as crianças desde cedo, especialmente as que têm uma deficiência. Não se pode imaginar uma educação para todos, quando caímos na tentação de constituir grupos de alunos por séries, por níveis de desempenho escolar e determinamos para cada nível objetivos e tarefas adaptados e uma terminalidade específica. E, mais ainda, quando encaminhamos os que não cabem em nenhuma dessas determinações, para classes e escolas especiais, argumentando que o ensino para todos não sofreria distorções de sentido em casos como esses! Essa compreensão equivocada da escola inclusiva acaba instalando cada criança em um locus escolar, arbitrariamente escolhido. Aumenta ainda mais as diferenças, acentua as desigualdades, justificando o distanciamento e o fracasso escolar, como problema do aluno, exclusivamente. Tal organização escolar também pode impedir o funcionamento ativo dos alunos frente a situações-problema, pois os grupos de alunos de nível mais elevado têm oportunidade de ir mais longe e os de nível mais baixo de funcionar com menos eficiência. É, sem dúvida, a heterogeneidade que dinamiza os grupos, que lhes dá vigor, funcionalidade e garante o sucesso escolar. Temos, pois, de desconfiar das pedagogias que se dizem de bons propósitos, mas que desmembram as crianças em turmas especiais para favorecer a aprendizagem e o ensino. Precisamos nos conscientizar de que as turmas escolares, queiramos ou não, são e serão sempre desiguais.
  • 14. Talvez seja este o nosso maior mote: fazer entender a todos que a escola é um lugar privilegiado de encontro com o outro. Este outro que é, sempre e necessariamente, diferente! O Ensino a Distância e a questão da acessibilidade - 17/08/2007 Lucy Gruenwald "Cursos por correspondência": esta modalidade de ensino surgiu na Alemanha, em 1890, por causa da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários motivos, não podiam freqüentar as escolas regulares. Inúmeros países, desde então, adotaram o ensino a distância como uma opção a mais para ministrar cursos de nível médio, técnico, ou superior, de idiomas, de corte e costura, supletivos, entre tantos outros. Antes de aparecerem os recursos tecnológicos, a comunicação entre aluno e professor dava-se unicamente por meio de material impresso distribuído pelos correios. As lições eram enviadas ao aluno que, por sua vez, retornava as respostas das questões e os trabalhos solicitados via correio também. Qualquer dúvida relacionada ao curso era respondida por carta. Com o desenvolvimento da tecnologia, outras mídias passaram a ser usadas como apoio à educação: vieram as fitas de vídeo, os programas de televisão (telecursos), os computadores e os CD-ROMs. Atualmente, com a popularização da internet e com a sua capacidade de transmitir rapidamente grandes arquivos de som e imagem, abre-se uma enorme possibilidade para a área de treinamento e educação. Surgem os cursos on-line ou e-learning. O que assistimos é essa possibilidade se abrindo por meio de multiformatos, coexistindo, desde as lições impressas até as aulas virtuais. Por conta da crescente complexidade em diversas áreas do conhecimento, a educação passou a ser "continuada" e já não termina mais ao recebermos um diploma. É preciso manter-nos informados e atualizados por toda nossa vida produtiva. A internet tem facilitado esse processo e causado uma grande revolução na maioria das profissões, pois o aprimoramento profissional passou a ser vital para muitas pessoas que precisam e querem continuar no mercado de trabalho. As organizações, por sua vez, estão passando também por grandes transformações: empresas que se fundem, que se globalizam e que tanto funcionário quanto cliente está disperso geograficamente; empresas que precisam disseminar suas metodologias de trabalho entre seus funcionários e parceiros, que precisam se adaptar às mudanças tecnológicas etc . Esse perfil moderno fez que o treinamento tenha se tornado uma atividade importante dentro das empresas - muitas delas criando suas próprias Universidades Corporativas com cursos a distância, já que tempo e mobilidade também se tornaram um problema para a maioria das pessoas. O momento é bastante propício para a oferta de treinamento via internet. A maioria das empresas já possui um parque tecnológico significativo e acesso adequado à rede; escolas e universidade também estão, cada vez mais, proporcionando estes recursos para seus alunos, professores e funcionários.
  • 15. Com a popularização da internet e sua capacidade de transmitir arquivos de som e imagem, abre-se uma enorme possibilidade para a área de treinamento e educação Para muitos educadores, o ensino a distância ainda é controverso: umas vezes louvado e outras, abominado. Uma das desvantagens apontadas é que essa modalidade de ensino não é eficiente para alunos que não trabalham bem independentemente, que não têm disciplina e persistência nos estudos, apesar de ser eficaz para o aluno autodidata ou aquele que prefere manter o seu próprio ritmo de aprendizado (mais lento ou mais rápido). De qualquer forma, o ensino a distância é uma modalidade de educação que está crescendo em todo o mundo. Muitos alunos, ao saírem da escola ou da faculdade, possivelmente encontrarão este ambiente de treinamento nas empresas e, por isso, quanto mais preparados estiverem, melhor. Vamos, então, tentar entender esta tecnologia Antes de mais nada, definiremos o termo "distância". "Distância", no acesso à internet, pode ser em qualquer lugar do mundo ou mesmo ao seu lado. Não é preciso estar a quilômetros de distância da sua escola, empresa ou universidade para se fazer um curso a distância. Com softwares voltados ao e-learning, o professor tem a possibilidade de enriquecer seus cursos presenciais construindo páginas Web não só com textos, mas também com animações, imagens, vídeos, som, material multimídia, bem como links de referência para toda Web. E-learning significa também poder estudar a qualquer hora e em qualquer lugar, independentemente da presença física simultânea do aluno e do professor. E com relação às pessoas com deficiência? Cursos a distância têm uma vantagem competitiva imbatível para públicos grandes, dispersos, porém, ele se torna fundamental e, às vezes, a única oportunidade, quando pensamos em alunos com algum tipo de deficiência. Com as tecnologias assistivas que surgem continuadamente no mercado, os computadores estão cada vez mais ao alcance desta população que pode receber um espaço de aprendizado nunca antes visto na história. Além do mais, alunos com deficiência podem estudar de maneira muito mais independente, um problema fundamental para o seu desenvolvimento e auto-estima. Com o material dos cursos ou das aulas disponibilizadas na internet, alunos cegos, utilizando leitores de tela, poderão ter acesso, por exemplo, às notas de aulas, sem a necessidade da ajuda de uma outra pessoa. Alunos com baixa visão, que têm dificuldade em ler o material impresso, poderão usar softwares ampliadores para ler textos ou analisar melhor as imagens. Alunos com deficiência podem estudar de maneira muito mais independente, um problema fundamental para o seu desenvolvimento e auto-estima Alunos surdos poderão acompanhar as aulas com mais facilidade sem precisar se valer da linguagem labial - o professor, muitas vezes, fica de costas para os alunos, certo? - ou de um intérprete de LIBRAS, que é custoso para a escola. Por meio de recursos de interatividade - e-mail, chats, fórum, formulários -, que são possíveis de se estabelecer em cursos via internet, alunos com deficiência auditiva poderão participar de discussões tão bem quanto os seus colegas.
  • 16. Os recursos de interatividade podem, ainda, servir de motivação de aprendizado para qualquer aluno, não só aqueles com deficiência, pois permitem que o participante tenha chance de expressar suas opiniões, até mesmo os mais tímidos! Alunos com deficiência motora, que não conseguem, por exemplo, segurar um livro ou virar páginas, poderão acessar o material digital por meio de mouses especiais adaptados ou de tecnologias assistivas de reconhecimento de voz. Aulas de laboratório, que são uma grande barreira para estes alunos, poderão ser vivenciadas por meio de animações e interatividade em aulas disponibilizadas em páginas Web. Uma dificuldade que nem sempre é levada em conta, talvez por não ser muito aparente, mas que atinge muitos alunos, são os transtornos de aprendizagem ou de leitura. Alunos dislexos, utilizando os mesmos leitores de tela, poderão compreender melhor os textos disponibilizados pelo professor na internet. Alunos com comprometimento intelectual, e obviamente qualquer outro, poderão voltar e repetir as lições e exercícios tantas vezes quantas acharem necessário. O problema, entretanto, é que só o uso de tecnologias assistivas por alunos com deficiência não basta para tornar um curso on-line acessível. É preciso que os seus conteúdos sejam criados e disponibilizados segundo os padrões de acessibilidade. O primeiro passo para se fazer um e-learning - a ser utilizado tanto por pessoas com ou sem deficiências - é escolher o "Sistema de Gerenciamento de Cursos a Distância" que será utilizado pela instituição. Existem vários pacotes no mercado, porém, é importante que, no momento da escolha, a instituição leve em conta o quesito "acessibilidade" do software, caso contrário, os alunos com deficiência poderão ter dificuldade em participar do curso e ficarão mais uma vez excluídos. É preciso que os conteúdos das tecnologias assistivas sejam criados e disponibilizados segundo os padrões de acessibilidade para tornar um curso on-line acessível a alunos com deficiência Existem, no mercado, softwares gratuitos e outros (bem) pagos para este trabalho, porém, é importante que, na hora da compra, seja levada em consideração a acessibilidade da ferramenta. O comprometimento do fabricante em relação à acessibilidade também é fundamental, pois a acessibilidade digital ainda não está consolidada, e muitas mudanças ainda estão ocorrendo na Web para que as tecnologias assistivas consigam transformar conteúdos em formatos acessíveis e que pessoas com deficiência possam navegar por ela e acessá-la tão bem quanto outra sem deficiência. O segundo passo é preparar o conteúdo (páginas Web) de modo acessívelseguindo as recomendações internacionais do W3C - World Wide Web Consortium. Este conjunto de recomendações contém 65 pontos de conformidade, porém, para o e-learning, apenas alguns são relevantes. Por exemplo, uma recomendação muito importante é a que diz respeito à utilização de multimídia. A o introduzir vídeos explicativos em suas aulas, o professor deverá incluir legendas, close-captions ou áudio descrição. Deste modo, muitos alunos serão beneficiados: estudantes com deficiência auditiva, com deficiência visual, aqueles que não dominam completamente o idioma utilizado, aqueles com déficit de atenção ou com problemas intelectuais - que poderão ultrapassar suas barreiras de acesso utilizando simultaneamente o recurso visual e o auditivo. O terceiro passo fica a cargo do aluno. Ele deve ter conhecimento e agilidade com a tecnologia de apoio que lhe for mais conveniente.
  • 17. Acreditamos que, com estes três pilares atendidos, a inclusão do aluno com deficiência no ambiente escolar e profissional possa avançar consideravelmente e começar a se tornar realidade. Glossário E-learning: cursos que utilizam recursos da Internet através de páginas Web Tecnologia assistiva: "qualquer coisa que melhora o desempenho funcional de uma pessoa com deficiência", o que faz um objeto tornar-se tecnologia assistiva é o fato de ele melhorar o desempenho de uma pessoa com incapacidade ou dificuldade no desempenho de uma tarefa específica (Rede SACI). Legenda: textos disponibilizados juntamente com imagens de vídeos que descrevem diálogos sonoros. Assume que usuário pode ouvir mas que não entende a linguagem. Close-captions: permite que pessoas surdas ou com baixa audição acompanhem, por meio de textos, não apenas os diálogos de uma apresentação de vídeo, mas também todos outros sons como a música e outros efeitos. O texto identifica a pessoa que está falando e a sua maneira de falar. Áudio descrição: descrição verbal de detalhes visuais importantes destinado a pessoas cegas ou com deficiências visuais graves de forma que possam acompanhar melhor o desenrolar dos vídeos. Leitor de tela: programa que utiliza tecnologia de síntese de voz para descrever o que está sendo apresentado na tela do computador. Disléxico: pessoa com distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletraçã Dislexia- 10/11/2008 Marina da Silveira Rodrigues Almeida Definições: DIS – distúrbio LEXIA - (do latim) leitura; (do grego) linguagem DISLEXIA - dificuldades na leitura e escrita A definição mais usada na atualidade é a do Comitê de Abril de 1994, da International Dyslexia Association - IDA, que diz: "Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem. É um distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela dificuldade de decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo fonológico. Estas dificuldades de decodificar palavras simples não são esperadas em relação a idade. Apesar de submetida a instrução convencional, adequada inteligência, oportunidade sócio-cultural e não possuir distúrbios cognitivos e sensoriais fundamentais, a criança falha no processo de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada em várias formas de dificuldade com as diferentes formas de linguagem, freqüentemente incluídas problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar."
  • 18. A dislexia não é uma doença, portanto não podemos falar em cura. Ela é congênita e hereditária, e seus sintomas podem ser identificados logo na pré-escola. Os sintomas, ainda, podem ser aliviados, contornados, com acompanhamento adequado, direcionado às condições de cada caso. Não podemos considerar como "comprometimento" sua origem constitucional (neurológica), mas sim como uma diferença, que é mais notada em relação à dominância cerebral. "A DISLEXIA é uma dificuldade de aprendizagem na qual a capacidade de uma criança para ler ou escrever está abaixo de seu nível de inteligência." "A DISLEXIA é uma função, um problema, um transtorno, uma deficiência, um distúrbio. Refere a uma dificuldade de aprendizagem relacionada à linguagem." "A DISLEXIA é um transtorno, uma perturbação, uma dificuldade estável, isto é duradoura ou parcial e, portanto, temporária, do processo de leitura que se manifesta na insuficiência para assimilar os símbolos gráficos da linguagem.” "A DISLEXIA não é uma doença, é um distúrbio de aprendizagem congênito que interfere de forma significativa na integração dos símbolos lingüísticos e perceptivos. Acomete mais o sexo masculino que o feminino, numa proporção de 3 para 1." "A DISLEXIA é caracterizada por dificuldades na leitura, escrita (ortografia e semântica), matemática (geometria, cálculo), atraso na aquisição da linguagem, comprometimento da discriminação visual e auditiva e da memória seqüencial.” Etiologia: A rigor, não há nenhuma segurança em afirmar uma ou outra etiologia para a causa da dislexia, mas há algumas situações que foram descartadas: Em hipótese alguma o disléxico tem comprometimento intelectual. Segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas, o ser humano possui habilidades cognitivas: inteligência interpessoal, inteligência intrapessoal, inteligência lógica-matemática, inteligência espacial, inteligência corporal-cinestésica, inteligência verbal-linguística, inteligência musical, naturalista, existencial e pictórica. O disléxico teria sua inteligência mais predisposta à inteligência corporal-cinestésica, musical, espacial. Quanto ao emocional, é preciso avaliar muito bem. Pode haver um comprometimento do emocional como conseqüência das dificuldades da dislexia, mas nunca como causa única. A criança dislexia não tem perda auditiva. Há vários estudos: A) Uma falha no sistema nervoso central em sua habilidade para organizar os grafemas, isto é, as letras ou decodificar os fonemas, ou seja, as unidades sonoras distintivas no âmbito da palavra. B) O impedimento cerebral relacionado com a capacidade de visualização das palavras. C) Diferenças entre os hemisférios e alteração (displasias e ectopias) do lado direito do cérebro. Isso implica, entre outras coisas, uma dominância da lateralidade invertida ou indefinida. Mas também justifica o desenvolvimento maior da intuição, da criatividade, da aptidão para as artes, do raciocínio mais holístico, de serem mais subjetivos e todas as outras qualidades características do hemisfério direito.
  • 19. D) Inadequado processamento auditivo (consciência fonológica) da informação lingüística. E) Implicações relação afetiva materno-filial, o que pode entravar a necessidade da linguagem, e mais tarde a aprendizagem da leitura e escrita. Sinais encontrados em Disléxicos: Desde a pré-escola alguns sinais e sintomas podem oferecer pistas que a criança é disléxica. Eles não são suficientes para se fechar um diagnóstico, mas vale prestar atenção: • Fraco desenvolvimento da atenção. • Falta de capacidade para brincar com outras crianças. • Atraso no desenvolvimento da fala e escrita. • Atraso no desenvolvimento visual. • Falta de coordenação motora. • Dificuldade em aprender rimas/canções. • Falta de interesse em livros impressos. • Dificuldade em acompanhar histórias. • Dificuldade com a memória imediata organização geral. Dificuldades encontradas em crianças com Dislexia: • Dificuldade para ler orações e palavras simples. • A pronúncia ou a soletração de palavras monossilábicas é uma dificuldade evidente nos disléxicos. • As crianças ou adultos disléxicos invertem as palavras de maneira total ou parcial, por exemplo, “casa” é lida “saca”. Uma coisa é uma brincadeira ou um jogo de palavras, observando a produtividade morfológica ou sintagmática dos léxicos de uma língua, outra coisa é, sem intencionalidade, a criança ou adulto trocar a seqüência de grafemas. • Invertem as letras ou números, por exemplo: /p/ por /b/, /d/ por/ b /3/ por /5/ ou /8/, / 6/ por /9/ especialmente quando na escrita minúscula ou em textos manuscritos escolares. Assim, é patente a confusão de letras de simetria oposta. • A ortografia é alterada, podendo estar ligada a chamada CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA (alterações no processamento auditivo). • Copiam de forma errada as palavras, mesmo observando na lousa ou no livro como são escritas. Em geral, as professoras ficam desesperadas: “como podem - pensam e reclamam - ela está vendo a forma correta e escreve exatamente o contrário?". Ora, o processamento da informação léxica, que é de ordem cerebral, está invertida ou simplesmente deficiente. • As crianças disléxicas conhecem o texto ou a escrita, mas usam outras palavras, de maneira involuntária. Trocam as palavras quando lêem ou escrevem, por exemplo: “gato” por “casa”. • Têm as crianças disléxicas dificuldades em distinguir a esquerda e a direita. • Alteração na seqüência das letras que formam as sílabas e as palavras.
  • 20. • Confusão de palavras parecidas ou opostas em seu significado. Os homônimos, isto é, palavras semelhantes (seção, cessão e seção) são uma dificuldade nas crianças disléxicas. • Os erros na separação das palavras. • Os disléxicos sofrem com a falta de rapidez ao ler. A leitura é sem modulação e sem ritmo. Os disléxicos, às vezes, com muito sacrifício, decodificam as palavras, mas não conseguem ter compreensão. • Os disléxicos têm falha na construção gramatical, especialmente na elaboração de orações complexas (coordenadas e subordinadas) na hora da redação espontânea. Tipos de Dislexia: • DISLEXIA ACÚSTICA: manifesta-se na insuficiência para a diferenciação acústica (sonora ou fonética) dos fonemas e na análise e síntese dos mesmos, ocorrendo omissões, distorções, transposições ou substituições de fonemas. Confundem-se os fonemas por sua semelhança Articulatória. • DISLEXIA VISUAL: Ocorre quando há imprecisão de coordenação viso-especial manifestando-se na confusão de letras com semelhança gráfica. Não temos dúvida que o primeiro procedimento dos pais e educadores é levar a criança a um médico oftalmologista. • DISLEXIA MOTRIZ: evidencia-se na dificuldade para o movimento ocular. Há uma nítida limitação do campo visual que provoca retrocessos e principalmente intervalos mudos ao ler. Lembre-se em observar: • Alterações de grafia como "a-o", "e-d", "h-n" e "e-d", por exemplo. • As crianças disléxicas apresentam uma caligrafia muito defeituosa, verificando-se irregularidade do desenho das letras, denotando, assim, perda de concentração e de fluidez de raciocínio. • As crianças disléxicas, ainda segundo o professor, apresentam confusão com letras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço como "b-d". "d-p", "b-q", "d-b", "d-p", "d-q", "n-u" e "a-e". Ocorre também com os números 6;9;1;7;3;5, etc. • Apresenta dificuldade em realizar cálculos por se atrapalhar com a grafia numérica ou não compreende a situação problema a ser resolvida. • Confusões com os sinais (+) adição e (x) multiplicação. • A dificuldade pode ser ainda para letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: "d-t" e "c-q", por exemplo. • Na lista de dificuldades dos disléxicos, para o diagnóstico precoce dos distúrbios de letras, chamamos a atenção de educadores, e pais para as inversões de sílabas ou palavras como "sol-los", "som-mos" bem como a adição ou omissão de sons como "casa-casaco", repetição de sílabas, salto de linhas e soletração defeituosa de palavras. Alfabetização do Disléxico:
  • 21. O disléxico precisa olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala. Assim sendo, a criança disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos FALAR-OUVIR-LER-ESCREVER, são atividades da linguagem. FALAR E OUVIR são atividades com fundamentos biológicos. O método mais adequado tem sido o fonético e montagem de ”manuais” de alfabetização apropriada à criança disléxica. A criança aprende a usar a linguagem falada, mas isto depende do: • Meio ambiente compreensivo, estimulador e paciente. • Trato vocal. • Organização do cérebro. • Sensibilidade perceptual para falar os sons. O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial (aprender pelo uso de todos os sentidos), combinando sempre a visão, a audição e o tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras. Estratégias que ajudam: Uso freqüente de material concreto: • Relógio digital. • Calculadora. • Gravador. • Confecção do próprio material para alfabetização, como desenhar, montar uma cartilha. • Uso de gravuras, fotografias (a imagem é essencial para sua aprendizagem). • Material Cusineire / Material Dourado. • Folhas quadriculadas para matemática. • Máscara para leitura de texto. • Letras com várias texturas. • Evitar dizer que ela é lenta, preguiçosa ou compará-la aos outros alunos da classe. • Ela não deve ser forçada a ler em voz alta em classe a menos que demonstre desejo em fazê-lo. • Suas habilidades devem ser julgadas mais em suas respostas orais do que nas escritas. • Sempre que possível, a criança deve ser encorajada a repetir o que foi lhe dito para fazer, isto inclui mensagens. Sua própria voz é de muita ajuda para melhorar a memória.
  • 22. • Revisões devem ser freqüentes e importantes. • Copiar do quadro é sempre um problema, tente evitar isso, ou dê-lhe mais tempo para fazê-lo. • Demonstre paciência, compreensão e amizade durante todo o tempo, principalmente quando você estiver ensinando a alunos que possam ser considerados disléxicos. • Ensine-a quando for ler palavras longas, a separá-las com uma linha a lápis. • Dê-lhes menos dever de casa e avalie a necessidade e aproveitamento desta tarefa. • Não risque de vermelho seus erros ou coloque lembretes tipo: estude! Precisa estudar mais! Precisa melhorar! • Procure não dar suas notas em voz alta para toda classe, isso a humilha e a faz infeliz. • Não a force a modificar sua escrita, ela sempre acha sua letra horrível e não gosta de vê-la no papel. A modulação da caligrafia é um processo longo. • Procure não reforçar sentimentos que minimizam sua auto-estima. • Dê-lhes um tempo maior para realizar as avaliações escritas. Uma tarefa em que a criança não-disléxica leva 20 minutos para realizar, a disléxica pode levar duas horas. • Usar sempre uma linguagem clara e simples nas avaliações orais e principalmente nas escritas. • Uma língua estrangeira é muito difícil para eles, faça suas avaliações sempre em termos de trabalhos e pesquisas. Orientação aos pais: • A coisa mais importante a fazer: AJUDAR A MELHORAR A AUTO-ESTIMA. Ofereça segurança, carinho, compreensão e elogie seus pequenos acertos. • Procurar ajuda profissional para realizar um diagnóstico correto: fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista ou psicopedagogo. • Explique que suas dificuldades têm um nome: DISLEXIA e que você vai ajudá-lo a superá-las, mas que ele é o principal agente desta mudança. • Encoraje-o e encontre coisas em que se saia bem, estimulando-o nessas coisas. • Elogie por seus esforços, lembre-se como ele tem de esforçar-se muito para ter algum sucesso na leitura e na escrita. • Ajude-o nos seus trabalhos escolares, ou, em algumas lições em especial, com paciência (mas não escreva para ele, ou resolva suas tarefas de matemática). • Ajude-o a ser organizado.
  • 23. • Encoraje-o a ter hobbies e atividades fora da escola, como esportes, música, fotografia, desenhos, etc. • Observe se ele está recebendo ajuda na escola, porque isso faz muita diferença na habilidade dele de enfrentar suas dificuldades, de prosperar e de crescer normalmente. • Não permita que os problemas escolares impliquem em mau comportamento ou falta de limites. Uma coisa nada tem a ver com a outra! • Aprender é construir caminhos - 16/03/2009 Gil Pena • A aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo humano não são coisas simples. A psicologia e a pedagogia, há muito tempo, ocupam-se em investigar como se dão estes processos. De modo a tornar essa compreensão mais facilmente assimilável, é esperado que surjam ideias ou modelos que contornem as dificuldades que enfrentamos nesse processo de compreensão. Podemos compreender a relação entre organismo e ambiente, expressando a ideia de que o desenvolvimento cognitivo da criança coincide com seu desenvolvimento cultural. A partir desse modelo, podemos claramente perceber que em determinado estádio de desenvolvimento do cérebro e de acumulação da experiência, a criança adquire a linguagem; em outro estádio, domina o sistema numérico; mais à frente, em condições favoráveis, a álgebra. Nesse modelo, percebe-se uma total concordância das linhas de desenvolvimento – o desenvolvimento biológico natural da criança gradativamente transforma-se na linha do desenvolvimento cultural. • Esse modelo considera que estrutura biológica produz o caminho, a estrada que leva ao desenvolvimento cultural. Estradas, como aquisições culturais humanas, existem para transformar nossas viagens em processos simples, lineares, sem interrupções ou desvios. Uma estrada, uma vez pronta, acabada, não nos oferece obstáculos, possibilitando-nos progredir nessa jornada sem sobressaltos. • Estradas são construídas para transformar nossas viagens em um processo simples. A educação da criança seguindo o caminho produzido pelo desenvolvimento cognitivo, pode ser feita sem sobressaltos. Nesse modelo, por suas simplificações, não percebemos que a estrada, o caminho, representa uma aquisição cultural humana. Trafegando atentamente por uma estrada, é possível perceber, no seu processo de construção, uma história de superação dos obstáculos: contornamos uma serra que seria intransponível, estendemos uma ponte sobre um rio ou abismo, terraplenamos, cortamos um morro, aterramos uma baixada. Concluída, a estrada sugere uma convergência, uma transição espontânea, entre a natureza e a própria estrada. A partir da forma como ela se adapta à paisagem, criamos o entendimento de que ela só poderia ser assim, e não de outra forma; a natureza determina o caminho traçado pela estrada. • Do mesmo modo, todo o aparato da cultura está tão adaptado à organização psicofisiológica do homem, que nos parece natural a congruência que existe entre o biológico e o cultural: o plano do desenvolvimento cultural humano já está dado pela organização biológica do cérebro. Nesse modelo, a aprendizagem ou a aquisição cultural humana resultam de um trabalho cooperativo com o que a natureza nos disponibiliza. Esse modelo educativo está incutido em uma perspectiva que pressupõe um homem que possui visão, audição, fala, mãos e funções cerebrais intactas. A técnica e os instrumentos, signos e símbolos empregados nesse processo educativo estão destinados a esse tipo "normal" de pessoa.
  • 24. • Esse modelo é uma simplificação do processo de aprendizado e desenvolvimento humano. Há muitas situações complexas, existentes na natureza, que esse modelo não consegue explicar satisfatoriamente. Ocasionalmente, a educação apresenta- se com novos obstáculos ou desafios, que essa noção do desenvolvimento cognitivo e aprendizagem não consegue contornar ou vencer. • À medida em que surjam novos e diferentes obstáculos, como a pessoa cega, surda ou com alteração de qualquer função cerebral, é possível perceber que o desenvolvimento cognitivo e cultural não são convergentes. Deixados à própria sorte, ao seu desenvolvimento natural, uma criança surda não aprende a linguagem, o cego não saberá ler, a criança com déficit cognitivo não se apropriará das ferramentas da cultura. Essas situações nos impõem pensar de outra maneira: o desenvolvimento cultural e o cognitivo caminham desencontrados. Aprender significa vencer os obstáculos, contornar as dificuldades, estender pontes cognitivas. • A aquisição cultural humana modifica a natureza, superando obstáculos e limites. O caminho não está dado pela natureza; a estrada, como construção humana, consiste em um plano de intervenção que nos possibilita contornar os problemas, fazer voltas que nos levem à solução do problema apresentado. Os caminhos cognitivos que usamos na solução de problemas estão baseados em voltas, rodeios ou atalhos culturais. Ao manipular grandes quantidades, usamos números em ordens de unidade, dezena, centena, milhar etc. A soma desses números não se faz diretamente, mas ordem a ordem, mediante um algoritmo, o que contorna a dificuldade que temos em lidar com essas quantidades brutas. O desenvolvimento cultural, ao criar rodeios, diverge da linha de desenvolvimento cognitivo. • A educação da criança deve proporcionar a possibilidade de aquisição das ferramentas culturais, superando-se as dificuldades, criando rodeios para as limitações que apresenta. A falta de visão não impossibilita a aprendizagem da leitura, se oferecemos um sistema alternativo de símbolos e signos, reconhecíveis pelo tato, como o sistema Braille. A pessoa surda pode "ouvir" pelos olhos, na medida em que decifra as palavras pelo movimento dos lábios de seu interlocutor, apropriando-se da linguagem humana, que constitui o principal instrumento do pensamento. O déficit cognitivo pode ser compensado, se encontramos caminhos culturais alternativos que possibilitem a aquisição das ferramentas culturais pelo indivíduo. • O desenvolvimento cognitivo é um processo de transformação da organização biológica do indivíduo, a partir da aquisição das ferramentas culturais. Não há um caminho dado, por onde deve passar a estrada. Há, sim, obstáculos e, criando desvios, rodeios ou atalhos culturais, construímos o caminho. • Entendida a educação como um processo de luta, de ruptura entre o biológico e o cultural, vemos que é a cultura que abre o caminho para a nossa estrada. Se omitirmos a cultura do processo educativo, somos vencidos pelo biológico, e o desenvolvimento cognitivo não se estabelece. É preciso entender a cultura como o conjunto de ferramentas, de símbolos e signos que o indivíduo usa nesse processo de construção. A cada indivíduo devemos oferecer símbolos e signos adequados conforme a sua própria estrutura e organização biológica. • Levando o modelo de volta ao mundo, podemos compreender que a educação do tipo "normal" de pessoa segue esses mesmos princípios. A mudança radical que representa a passagem do balbucio à linguagem não se pode interpretar como um desenvolvimento biológico, gradativo e linear. A força motriz dada pela cultura é que irrompe o caminho, que abre espaço para que essa transformação ocorra.
  • 25. • Esses dois modelos distintos dão explicações diferentes para a relação entre o desenvolvimento cognitivo e o processo de aprendizagem. A concepção de Vigotski é a de que o aprendizado puxa o desenvolvimento, abrindo o caminho para que esse ocorra: a construção do caminho representa uma luta entre o biológico e o cultural. • A opção por um ou outro modelo é uma decisão humana. A opção do educador, em relação ao seu modelo de pensamento, reflete o seu compromisso histórico com os educandos. A tendência de escolher por um modelo mais simples denota a nossa incapacidade de lidar com as complexidades do mundo, a nossa preferência pela padronização, a facilidade em eliminar determinadas variáveis para que tal modelo funcione. A simplicidade de nossos modelos explicativos tem, a todo momento, de ser confrontada com a complexidade do mundo. Como seres humanos, estamos inseridos em contextos sociais e políticos particularmente complexos. Na visão de Paulo Freire, não se pode pensar o processo educativo sem a conscientização do educando de sua inserção nestes contextos. Aqui, mais uma vez, surge a noção de ruptura, quando buscamos que nossa realização humana ultrapasse os limites impostos pelas limitações do ambiente, seja a própria natureza, seja o contexto social, econômico ou o político. Mais uma vez, temos de resistir a modelos com tendência à simplificação, que eliminam a complexidade do contexto social e político em que estamos inseridos. • Queremos um mundo simples, passível de nossa compreensão, mas o mundo que se apresenta aos nossos olhos é complexo. Na busca pela simplicidade, idealizamos modelos de pensamento, categorizamos e classificamos, padronizamos, eliminamos variáveis, para tornar mais simples a nossa compreensão do mundo. Na medida em que incorporamos esses modelos de pensamento ao nosso modo de viver, é difícil percebê-los como uma construção humana, e nos imaginamos em um universo dado. Como uma estrada que vai de uma cidade a outra torna simples a jornada e nem precisamos nos dar conta dos obstáculos contornados ou vencidos por ela. Às vezes nos maravilhamos com uma ponte, como fantástica obra de engenharia, mas essa e outras engenhosidades humanas obscurecem o obstáculo que existia, e estando pronta, a vemos como integrada à paisagem, e nos parece natural que ela esteja ali. Do mesmo modo, estando incorporada ao nosso modo de viver, nos parece natural a maneira que lidamos e operamos com quantidades numéricas, ou com a linguagem. Rodeios e pontes cognitivas são estratégias culturais do pensamento humano para lidar com os problemas, contornando e vencendo as dificuldades e os obstáculos de estar vivendo em um mundo complexo. • Um mundo complexo não nos oferece apenas um caminho, um traçado possível para sua compreensão. Há encruzilhadas, onde temos a oportunidade de escolher que caminho tomar. Em determinado caminho, deixa-se para traz a diversidade, porque essa estrada não serve a todos. Há a possibilidade de outros caminhos, tentando não eliminar a complexidade do mundo, na diversidade biológica, cultural e social do indivíduo, sem nos abster de nosso compromisso político. • Criar rodeios, adaptar ou simplificar são artifícios, estratégias culturais, que nos possibilitam aprender e compreender. É ingênuo acreditar que o mundo seja assim simples, como a compreensão que fazemos dele. • O pensador crítico exercita-se no confronto das suas ideias com o mundo, na tarefa difícil de deslindá-lo. Abdicamos de nosso papel de sujeito cultural ao admitirmos o mundo simples, explicado e compreensível, dado por nossa própria concepção cultural. A omissão de nosso papel de sujeito cultural é uma simplificação de conseqüências interessantes. Não apenas criamos a concepção
  • 26. de que o mundo é como nos é dado, e nosso modo de viver vai a reboque da lógica do mundo; somos objetos, não agentes nesse viver, como também matamos a vocação ontológica humana de nos construir como sujeitos e atuar transformando e retransformando o mundo. • O que é educação da sexualidade e por que ela é importante? -05/10/2009 Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier • Extraído de documento da UNESCO intitulado “International Guidelines On Sexuality Education” - linhas mestras internacionais sobre educação da sexualidade (www.unesco.org). Traduzido do inglês e digitado em São Paulo por Maria Amélia Vampré Xavier, da Rede de Informações Área Deficiências e Projeto Futuridade, Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, Fenapaes, Brasília (Diretoria para Assuntos Internacionais), Rebrates, SP, Carpe Diem, SP, Sorri Brasil, SP, Inclusion InterAmericana e Inclusion International em, 16 de setembro, 2009. • Educar sexualmente os jovens é uma tarefa importantíssima, principalmente nesta época atribulada no mundo, em que tantos princípios morais e outros valores ruíram; há cerca de cinquenta anos tivemos a revolução feminina que mudou o comportamento, o valor, a importância da mulher em toda parte e, claro, no que mais nos interessa, em nosso país, trazendo profundas modificações em nossas famílias e, como resultado, nas novas gerações que estão nascendo com outros valores. • A pandemia da AIDS, a grande proliferação do vírus HIV, inclusive nas pessoas mais velhas, tudo isso mostra que devemos explicar as armadilhas da sexualidade aos nossos jovens, às crianças, enfim, à população em geral. São tempos perigosos que estamos vivendo, defender nossas crianças e jovens é uma obrigação da qual não podemos fugir. • A UNESCO preparou um documento importantíssimo, do qual estamos extraindo alguns trechos para reflexão; todavia, todo ele é de grande valor, vamos, amigos, ler e aprender sobre a sexualidade mesmo que sejamos velhos porque se trata de uma parte essencial de nossa vida e do enfrentamento de nossos conflitos existenciais. • Vamos ao trecho em apreço: • “O que é educação da sexualidade e por que é importante? • Este documento se baseia nas seguintes suposições: • - A sexualidade é um aspecto fundamental da vida humana; tem dimensões físicas, psicológicas, espirituais, sociais, econômicas, políticas e culturais. - A sexualidade não pode ser compreendida sem referência ao gênero. - Diversidade é uma característica fundamental da sexualidade. - As regras que governam a conduta sexual divergem amplamente em torno de e dentro de culturas. Certos comportamentos são vistos como aceitáveis e desejáveis, enquanto outros são considerados inaceitáveis. Isto não significa que estes comportamentos não aconteçam, ou que devem ser excluídos de discussão dentro do contexto da educação da sexualidade.
  • 27. • Poucas pessoas jovens recebem preparação adequada para sua vida sexual. Isto as deixam potencialmente vulneráveis à coerção, ao abuso e à exploração, à gravidez não planejada e a infecções sexualmente transmissíveis (IST), incluindo HIV. Muitas pessoas jovens chegam à idade adulta, enfrentando mensagens conflitivas e confusas acerca da sexualidade e do gênero. Isto, frequentemente, é exacerbado por vergonha, silêncio e desaprovação de discussões abertas sobre questões sexuais por adultos, incluindo pais e professores, bem na época em que isso é mais necessário. • Falando em termos globais, pessoas jovens estão se tornando sexualmente maduras e ativadas em idade mais precoce. Elas também estão casando-se mais tarde, estendendo o período de tempo entre a iniciação sexual e o casamento • É, portanto, essencial a necessidade e o direito de que todas as pessoas jovens recebam educação sexual. Algumas pessoas jovens são mais vulneráveis do que outras, especialmente as que têm deficiências e as que vivem com HIV. • Educação sexual efetiva pode dar, às pessoas jovens, informações apropriadas à idade, culturalmente relevantes e cientificamente precisas. Isso inclui oportunidades estruturadas para as pessoas jovens explorarem suas atitudes e valores, e praticar as habilidades de que irão precisar para poderem tomar decisões informadas acerca de sua vida sexual. • A educação efetiva da sexualidade é uma parte crítica da prevenção de HIV e é, também, crítica para atingir os alvos de Acesso Universal, visando prevenção, tratamento, cuidado e apoio. Embora não haja programas que possam eliminar o risco de HIV e outras ITS (Infecções Transmitidas Sexualmente), gravidez não planejada e atividade sexual coercitiva e abusiva, programas devidamente desenhados e implementados podem reduzir alguns destes riscos. • Estudos mostram que programas efetivos podem: • - Reduzir informações erradas. - Aumentar o conhecimento. - Esclarecer e solidificar valores e atitudes positivas. - Aumentar habilidades. - Melhorar as percepções acerca de normas em grupo de colegas. - Aumentar a comunicação com os pais ou outros adultos confiáveis. • Os estudos mostram que programas compartilhando certas características-chave podem ajudar a: • - Retardar a iniciação de relações sexuais. - Reduzir a frequência de atividade sexual desprotegida. - Reduzir o número de parceiros sexuais - Aumentar o uso de proteção contra gravidez e ITS durante a relação sexual. • Ambientes escolares fornecem oportunidades importantes de alcançar um número grande de jovens com educação sexual antes que se tornem sexualmente ativos, bem como oferecer uma estrutura apropriada (i.e. o currículo formal), para fazer isso dentro dele
  • 28. • Como construir uma sociedade para todos sob a lógica da “separação”? - 11/05/2010 *Por Liliane Garcez e Marília Costa Dias • Atualmente, existem no país 2,4 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e com idade para frequentar a educação básica, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contudo, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) revela aponta que, no ano passado, havia apenas 654.606 matrículas, somando as referentes aos alunos de escolas especiais e comuns. Isso significa que apenas 23,6%, ou seja, menos de um quarto da população citada está estudando. Dessas, apenas 46,8%, menos da metade, estão em salas comuns do ensino regular. Esse lamentável contexto, entretanto, está em processo de reversão, a partir de 2008, a por meio da ampliação de nossa base legal: os Decretos 186/08 e 6949/09 que ratificam a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, o 6571/08 e a Resolução nº 04/2009 que instituem e regulamentam diretrizes operacionais ao atendimento educacional especializado de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Trazem como pressuposto o direito de qualquer criança de 04 a 17 anos estudar na classe comum da escola regular com garantia da Constituição Federal nos artigos 205, 206 e 208 e pelo artigo 24 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil com status de emenda constitucional. A educação especial passa a ser definida como serviço especializado e campo de estudo, assegurando, desta forma, seu papel fundamental na garantia da oferta de apoio complementar e/ou suplementar à formação de alunos com deficiência. Às redes regulares de ensino caberá a missão de se qualificarem para se tornarem de fato inclusivas, oferecendo no contraturno, meios e modos de que possibilitem o acesso ao currículo nacional estabelecido para todos os estudantes. Está posto que o receio do novo não pode ser utilizado como justificativa para retrocessos ou paralisações. Toda criança é capaz de aprender e cada uma tem sua peculiaridade, característica que precisam ser valorizadas, quer individualmente quer no contexto coletivo. Essa perspectiva de trabalho nas diferenças reflete o grau de amadurecimento de toda e qualquer sociedade no que se refere ao pleno exercício da cidadania. Assim, nos sistemas educacionais que têm como perspectiva a inclusão, os talentos de cada um são reconhecidos, estimulados e potencializados. Cada pessoa, educador e estudante, é membro importante e responsável e atua como apoio aos demais, o que ajuda a fomentar o respeito mútuo e um sentimento de pertencimento e de valor entre todos. Ao se optar por uma educação na perspectiva da inclusão, o que está em jogo não é apenas a presença de crianças com deficiência nas classes comuns do ensino
  • 29. regular, e sim a capacidade da comunidade escolar em reinventar os processos educativos e de avaliação, tornando a educação melhor para todos. Professoras do curso de Pós-Graduação em Educação Inclusiva do Instituto Superior de Educação Vera Cruz. • Artigo 5 - Igualdade e Não Discriminação - 13/09/2010 Ana Paula Crosara de Resende • O direito à igualdade perante a lei e em virtude dela é tido como regra de equilíbrio entre as pessoas que têm e as que não têm uma deficiência, uma vez que determina a todos que todas as pessoas formam a população de um país. • No direito, sempre se diz que a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades, cuidando para que não hajam desequiparações fortuitas ou injustificadas (MELLO, 1998). Para a pessoa com deficiência significa que não pode haver nenhuma restrição ou impedimento apenas em razão da deficiência. • É uma garantia que não serão adotados critérios, teóricos ou práticos, que afastem ou impeçam o exercício de outros direitos protegidos e garantidos pela lei, sendo a regra de isonomia a viga estrutural da sociedade. Sua existência também implica respeito às diferenças individuais e a obrigatoriedade de serem oferecidos serviços que atendam as necessidades de todos, independente da condição dos cidadãos. • O princípio aqui comentado se dirige aos poderes constituídos dos Estados e também às pessoas que integram a população. Ou seja, ninguém está isento de tratar as pessoas como gente ou de "esquecer" alguns grupos sociais, nem mesmo os Administradores Públicos, os Legisladores ou os Julgadores. • Importante destacar ainda que ao fazer novas leis, elas têm que estar em consonância com a isonomia e com os princípios da Convenção. Por exemplo, quando se exige que qualquer estabelecimento de uso público seja acessível, criou-se uma obrigação para quem é o responsável pelo lugar, que não poderá recusá-la e, ao mesmo tempo, se uma pessoa com deficiência não conseguir utilizar os serviços ou as instalações daquele prédio ela terá como exigir as adequações e até indenizações se for o caso, por determinação do direito à igualdade. • Um dos propósitos principais da Convenção é o de promover, proteger e assegurar o usufruto de direitos humanos e liberdades fundamentais para as pessoas com deficiência. A dignidade da pessoa também é um valor que se destaca neste tratado e para que isso se efetive a igualdade foi eleita como uma regra de aplicação transversal em todos os artigos da Convenção, dado seu caráter de pilar de sustentação dos demais direitos (PALÁCIOS e BARIFFI, 2007). • Esse princípio serve também como uma regra de flexibilidade para que a deficiência da pessoa, qualquer que seja a causa ou a severidade das limitações impostas, não seja sinônimo de deficiência de vida e impõe que os demais direitos assegurados por lei, devem ser usufruídos por todos. • Sabe-se que a efetiva igualdade é utópica e muito dificilmente será conquistada, mesmo quando todo o ambiente em que vivem as pessoas com deficiência estiver adequado. Porém, como a (re)construção desse ambiente é feita diariamente, no
  • 30. mínimo, se garante que não hajam discriminações com base na deficiência, para que as pessoas possam lutar de forma eqüitativa e que não lhes sejam negadas oportunidades de acesso, não apenas físico, a tudo que a comunidade disponibiliza aos outros cidadãos (RESENDE, 2004). • Outro ponto que foi destacado diz respeito aos ajustes de acessibilidade, aqui entendidos como uma das condições de promoção da efetiva igualdade e de eliminação de discriminações. Por isso, devem ser adotadas medidas eficazes e apropriadas pelos Estados, para que o direito assegurado não fique apenas no papel. • A acessibilidade deve ser entendida como um fator de qualidade de vida e, assim, a garantia de instrumentos administrativos, legais e de prática cotidiana, como reflexo, na Convenção, de algumas boas práticas mundiais. • No Brasil, o direito à igualdade já está previsto no artigo 5º da Constituição da República Federativa, de 1988, em diversos outros tratados, acordos, convenções internacionais e também nas leis brasileiras que têm que refletir a determinação constitucional, pelo sistema jurídico aqui adotado. • Para esclarecer: a igualdade vale tanto para a proteção legal, quanto para beneficiar-se da lei. Um detalhe importante: a igualdade não é só de direitos, mas também de deveres existentes para o povo. • Prevê a Convenção que ninguém poderá ser discriminado com base na deficiência, como já firmado na Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação da OEA - Organização dos Estados Americanos - aqui no Brasil chamada de Convenção da Guatemala (Decreto nº 3.956/2001) e pretende emancipar cidadãos para construir seus lugares e influenciá-los da forma como melhor lhes aprouver. Fica, por esta Convenção, terminantemente proibida qualquer discriminação com base na deficiência e se garante proteção legal para coibir as que porventura ocorrerem, já que estamos falando de pessoas. • A igualdade perante a lei serve para que as diferenças advindas da deficiência não sejam fatores de exclusão ou de marginalização social, já que garante a participação destas pessoas como parte da população. É fato que a deficiência é uma característica existente em qualquer sociedade que aparece sem distinção de classe social ou etária, mas um dos fatores que mais desiguala e agrava as deficiências na população é a pobreza, que hoje é causa e efeito da deficiência. • Mais uma consideração que destaca-se do artigo 5 é que também foi assegurado que as medidas específicas que sejam importantes e úteis para acelerar ou alcançar a efetiva igualdade, como por exemplo, a exigência de legenda oculta em programas de televisão, não serão consideradas como discriminação, exatamente para que a tecnologia e até mesmo o capital, possam servir ao povo e não ao contrário. • Fávero (2004) ensina que a principal forma para não discriminar é sempre que as pessoas com deficiência escolham o que é mais adequado para elas e que existam opções. E, por isso, o lema do movimento internacional das pessoas com deficiência utilizado muitas vezes no processo de construção desta Convenção deve prevalecer: NADA SOBRE AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, SEM AS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, para que a igualdade e a inclusão sejam efetivas.