SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  14
Télécharger pour lire hors ligne
CRÔNICA
CRÔNICA
 "A crônica é filha do jornal e da era da máquina,
onde tudo acaba tão depressa. Ela não foi feita
originalmente para o livro, mas para essa
publicação efêmera que se compra num dia e no
seguinte é usada para embrulhar um par de
sapatos ou forrar o chão de cozinha." (Antônio
Candido)
CRÔNICA
 O gênero crônica mudou de significado ao longo do
tempo. A princípio, e em termos mundiais, a crônica
designava um relato cronológico dos fatos.
 A partir do século 19, com o avanço da imprensa e
do jornal, a crônica passa a ostentar personalidade
literária.
CRÔNICA
 A crônica teria sido inaugurada pelo francês Jean
Lous Geoffroym, em 1800, no folhetim Jornal Des
Débats.
FOLHETIM
 Termo originário do francês
feuilleton, o folhetim não se
referia inicialmente à publicação
de romances.
 Quando surgiu pela 1ª vez no
Jornal des Débats, era um tipo
de suplemento dedicado à crítica
literária.
 O folhetim, a partir de 1830,
com a eclosão de um
jornalismo popular, pautado na
venda de exemplares e seguindo
a nova lógica capitalista, mudou
seu conceito, passando a ser
utilizado para a publicação de
narrativas literárias de
sucesso.
 - Representava um ótimo
negócio para jornais, escritores e
anunciantes.
CRÔNICA
 No Brasil, a crônica surge na forma de folhetim,
em 1852, no Jornal do Commercio (RJ).
 Francisco Otaviano assinava o “folhetim semanal”
 Foi seguido por:
- José de Alencar
- Manuel Antonio de Almeida
- Machado de Assis
- Raul Pompéia
CRÔNICA
 Segundo historiadores, a literatura não era uma
boa fonte de renda, sendo a atividade na imprensa
uma alternativa econômica
 O Folhetim não tinha o formato da crônica como a
conhecemos hoje, mas era um espaço destinado a
vários tipos de texto (variedades)
 A crônica adquire características próprias com
Machado de Assis.
CRÔNICA
 Apesar de consagrada já nos fins do século 19,
voltou a ser praticada com fôlego a partir da
década de 1930, com uma nova safra de cronistas:
- Mário de Andrade
- Manuel Bandeira
- Carlos Drummond de Andrade
- Rubem Braga
 Todos, oriundos e influenciados pela Semana de
Arte Moderna de 1922
CRÔNICA
 A crônica moderna gira permanentemente em torno
da atualidade
Características
 texto descompromissado
 é o momento de pausa da dura realidade
 livre tradução da realidade
 ironia e humor
 fidelidade ao cotidiano
 crítica social (crítica dissimulada)
CRÔNICA
 Com relativa frequência, a crônica se aproxima do
conto, devido a um tratamento mais apurado aos
temas, principalmente no que tange a linguagem
(literária).
 Muitas vezes é difícil estabelecer as diferenças
entre o conto e a crônica.
 A melhor forma de diferenciar uma crônica de um
conto é observar o nível de detalhamento literário,
o que caracteriza o conto
TIPOS DE CRÔNICAS (CLASSIFICAÇÕES)
Segundo Luiz Beltrão:
 Crônica geral – assuntos variados
 Crônica local – sobre assuntos pertinentes à
opinião pública
 Crônica especializada – foca numa especialidade
 Crônica analítica – análise de um fato
 Crônica sentimental – enfoque no aspecto
emocional
 Crônica humorística – critica fazendo uso do humor
e da ironia
TIPOS DE CRÔNICAS (CLASSIFICAÇÕES)
Segundo Massaud Moisés
 Crônica-poema – quando os cronistas fazem uso
da lírica (recurso amplamente utilizado por Carlos
Drummond de Andrade)
 Crônica-conto – o acontecimento é narrado como
se fosse um conto
TIPOS DE CRÔNICAS (CLASSIFICAÇÕES)
Segundo Antônio Cândido
 Crônica-diálogo – quando o cronista estabelece um
diálogo com seu interlocutor imaginário. Ex.
Conversinha mineira (Fernando Sabino)
 Crônica narrativa – tem certa estrutura de ficção,
marchando rumo ao conto
 Crônica exposição poética – divagação livre sobre
um fato ou personagem
 Crônica biografia lírica – narra poeticamente a vida
de alguém
BIBLIOGRAFIA
 MELO, José Marques. Jornalismo Opinativo.
Campos do Jordão. Ed. Mantiqueira, 2003

Contenu connexe

Tendances

Aula sinais de pontuação
Aula sinais de pontuaçãoAula sinais de pontuação
Aula sinais de pontuação
Péricles Penuel
 
Artigo de opinião slides
Artigo de opinião slidesArtigo de opinião slides
Artigo de opinião slides
Isis Barros
 
Coerência e coesão textual
Coerência e coesão textualCoerência e coesão textual
Coerência e coesão textual
ISJ
 

Tendances (20)

Aula sinais de pontuação
Aula sinais de pontuaçãoAula sinais de pontuação
Aula sinais de pontuação
 
Enem competências para a redação
Enem   competências para a redaçãoEnem   competências para a redação
Enem competências para a redação
 
Semântica
SemânticaSemântica
Semântica
 
Slide implicito e explicito
Slide implicito e explicitoSlide implicito e explicito
Slide implicito e explicito
 
Figuras de linguagem slide
Figuras de linguagem   slideFiguras de linguagem   slide
Figuras de linguagem slide
 
Slides do debate
Slides do debateSlides do debate
Slides do debate
 
Romance
RomanceRomance
Romance
 
Redação enem
Redação enemRedação enem
Redação enem
 
Tipologia textual
Tipologia textualTipologia textual
Tipologia textual
 
O pré modernismo
O pré modernismoO pré modernismo
O pré modernismo
 
Passos para uma boa redação
Passos para uma boa redaçãoPassos para uma boa redação
Passos para uma boa redação
 
Variedades linguísticas
Variedades linguísticasVariedades linguísticas
Variedades linguísticas
 
A redação aula 1
A redação   aula 1A redação   aula 1
A redação aula 1
 
Reportagem ( Gênero textual - conceitos)
Reportagem ( Gênero textual - conceitos)Reportagem ( Gênero textual - conceitos)
Reportagem ( Gênero textual - conceitos)
 
Artigo de opinião slides
Artigo de opinião slidesArtigo de opinião slides
Artigo de opinião slides
 
Coerência e coesão textual
Coerência e coesão textualCoerência e coesão textual
Coerência e coesão textual
 
Passos para a redação do enem
Passos para a redação do enemPassos para a redação do enem
Passos para a redação do enem
 
Poesia de 30
Poesia de 30Poesia de 30
Poesia de 30
 
Gêneros textuais
Gêneros textuaisGêneros textuais
Gêneros textuais
 
Gêneros literários
Gêneros literáriosGêneros literários
Gêneros literários
 

Similaire à Crônica

Machado um contista desconhecido
Machado um contista desconhecidoMachado um contista desconhecido
Machado um contista desconhecido
Priscila Silva
 
Machado de assis
Machado de assisMachado de assis
Machado de assis
Jorgelgl
 
Oficina Crônica - Mercês Gomes
Oficina Crônica - Mercês GomesOficina Crônica - Mercês Gomes
Oficina Crônica - Mercês Gomes
MariadasMerces
 

Similaire à Crônica (20)

CRÔNICA.pptx
CRÔNICA.pptxCRÔNICA.pptx
CRÔNICA.pptx
 
Crônicas - Disciplina de Literatura Brasileira
Crônicas - Disciplina de Literatura BrasileiraCrônicas - Disciplina de Literatura Brasileira
Crônicas - Disciplina de Literatura Brasileira
 
Cronicas de rubens
Cronicas de rubensCronicas de rubens
Cronicas de rubens
 
Machado um contista desconhecido
Machado um contista desconhecidoMachado um contista desconhecido
Machado um contista desconhecido
 
001 a contemporaneidade
001   a contemporaneidade001   a contemporaneidade
001 a contemporaneidade
 
Conceitos básicos de Literatura
Conceitos básicos de LiteraturaConceitos básicos de Literatura
Conceitos básicos de Literatura
 
Crônicas segunda versão Disciplina de Literatura Brasileira
Crônicas segunda versão Disciplina de Literatura BrasileiraCrônicas segunda versão Disciplina de Literatura Brasileira
Crônicas segunda versão Disciplina de Literatura Brasileira
 
Seminario de portugues poesia marginal
Seminario de portugues poesia marginalSeminario de portugues poesia marginal
Seminario de portugues poesia marginal
 
A geração de 90 literatura na virada
A geração de 90    literatura na viradaA geração de 90    literatura na virada
A geração de 90 literatura na virada
 
Análise Libertinagem (Manuel Bandeira)
Análise Libertinagem (Manuel Bandeira)Análise Libertinagem (Manuel Bandeira)
Análise Libertinagem (Manuel Bandeira)
 
Machado de assis
Machado de assisMachado de assis
Machado de assis
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Segunda fase-modernismo
Segunda fase-modernismoSegunda fase-modernismo
Segunda fase-modernismo
 
Classicismo
ClassicismoClassicismo
Classicismo
 
Oficina Crônica - Mercês Gomes
Oficina Crônica - Mercês GomesOficina Crônica - Mercês Gomes
Oficina Crônica - Mercês Gomes
 
Oficina cronica olp
Oficina  cronica   olpOficina  cronica   olp
Oficina cronica olp
 
Modernismo
ModernismoModernismo
Modernismo
 
A cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptxA cartomante - conto de misterio.pptx
A cartomante - conto de misterio.pptx
 
Destaques Enciclopédicos 17 08-2014 a 23-08-2014
Destaques Enciclopédicos 17 08-2014 a 23-08-2014Destaques Enciclopédicos 17 08-2014 a 23-08-2014
Destaques Enciclopédicos 17 08-2014 a 23-08-2014
 
Historia da Literatura
Historia da LiteraturaHistoria da Literatura
Historia da Literatura
 

Plus de aulasdejornalismo (20)

Modelo de pauta para jornal laboratório
Modelo de pauta para jornal laboratórioModelo de pauta para jornal laboratório
Modelo de pauta para jornal laboratório
 
Modelo de Espelho
Modelo de EspelhoModelo de Espelho
Modelo de Espelho
 
ANÁLISE DE IMAGEM - EXERCÍCIO
ANÁLISE DE IMAGEM - EXERCÍCIOANÁLISE DE IMAGEM - EXERCÍCIO
ANÁLISE DE IMAGEM - EXERCÍCIO
 
Análise de imagem
Análise de imagemAnálise de imagem
Análise de imagem
 
Oficina de jornalismo literário 2014
Oficina de jornalismo literário   2014Oficina de jornalismo literário   2014
Oficina de jornalismo literário 2014
 
Aula 5 ENTREVISTA
Aula 5   ENTREVISTAAula 5   ENTREVISTA
Aula 5 ENTREVISTA
 
Aula 4 FONTES
Aula 4  FONTESAula 4  FONTES
Aula 4 FONTES
 
Aula 3 PAUTA
Aula 3   PAUTAAula 3   PAUTA
Aula 3 PAUTA
 
Aula 2 SER REPÓRTER
Aula 2   SER REPÓRTERAula 2   SER REPÓRTER
Aula 2 SER REPÓRTER
 
Aula 1 GÊNEROS
Aula 1  GÊNEROSAula 1  GÊNEROS
Aula 1 GÊNEROS
 
Aula 4 classificação 2
Aula 4   classificação 2Aula 4   classificação 2
Aula 4 classificação 2
 
Infografia aula 1
Infografia   aula 1Infografia   aula 1
Infografia aula 1
 
Aula 1 Introducao, Tipologia - Agencias
Aula 1   Introducao, Tipologia  - AgenciasAula 1   Introducao, Tipologia  - Agencias
Aula 1 Introducao, Tipologia - Agencias
 
Aula 3 - Infografia
Aula 3 - InfografiaAula 3 - Infografia
Aula 3 - Infografia
 
Aula 2 - Infografia
Aula 2 - InfografiaAula 2 - Infografia
Aula 2 - Infografia
 
PLANO DE ENSINO - EDITORAÇÃO ELETRONICA
PLANO DE ENSINO - EDITORAÇÃO ELETRONICAPLANO DE ENSINO - EDITORAÇÃO ELETRONICA
PLANO DE ENSINO - EDITORAÇÃO ELETRONICA
 
PLANO DE ENSINO - AGÊNCIA DE NOTÍCIAS
PLANO DE ENSINO - AGÊNCIA DE NOTÍCIASPLANO DE ENSINO - AGÊNCIA DE NOTÍCIAS
PLANO DE ENSINO - AGÊNCIA DE NOTÍCIAS
 
Aula 1 Surgimento das Agências de Notícias
Aula 1   Surgimento das Agências de NotíciasAula 1   Surgimento das Agências de Notícias
Aula 1 Surgimento das Agências de Notícias
 
Eduardo campos texto
Eduardo campos   textoEduardo campos   texto
Eduardo campos texto
 
Paradigma culturológico
Paradigma culturológicoParadigma culturológico
Paradigma culturológico
 

Crônica

  • 2. CRÔNICA  "A crônica é filha do jornal e da era da máquina, onde tudo acaba tão depressa. Ela não foi feita originalmente para o livro, mas para essa publicação efêmera que se compra num dia e no seguinte é usada para embrulhar um par de sapatos ou forrar o chão de cozinha." (Antônio Candido)
  • 3. CRÔNICA  O gênero crônica mudou de significado ao longo do tempo. A princípio, e em termos mundiais, a crônica designava um relato cronológico dos fatos.  A partir do século 19, com o avanço da imprensa e do jornal, a crônica passa a ostentar personalidade literária.
  • 4. CRÔNICA  A crônica teria sido inaugurada pelo francês Jean Lous Geoffroym, em 1800, no folhetim Jornal Des Débats.
  • 5. FOLHETIM  Termo originário do francês feuilleton, o folhetim não se referia inicialmente à publicação de romances.  Quando surgiu pela 1ª vez no Jornal des Débats, era um tipo de suplemento dedicado à crítica literária.  O folhetim, a partir de 1830, com a eclosão de um jornalismo popular, pautado na venda de exemplares e seguindo a nova lógica capitalista, mudou seu conceito, passando a ser utilizado para a publicação de narrativas literárias de sucesso.  - Representava um ótimo negócio para jornais, escritores e anunciantes.
  • 6. CRÔNICA  No Brasil, a crônica surge na forma de folhetim, em 1852, no Jornal do Commercio (RJ).  Francisco Otaviano assinava o “folhetim semanal”  Foi seguido por: - José de Alencar - Manuel Antonio de Almeida - Machado de Assis - Raul Pompéia
  • 7. CRÔNICA  Segundo historiadores, a literatura não era uma boa fonte de renda, sendo a atividade na imprensa uma alternativa econômica  O Folhetim não tinha o formato da crônica como a conhecemos hoje, mas era um espaço destinado a vários tipos de texto (variedades)  A crônica adquire características próprias com Machado de Assis.
  • 8. CRÔNICA  Apesar de consagrada já nos fins do século 19, voltou a ser praticada com fôlego a partir da década de 1930, com uma nova safra de cronistas: - Mário de Andrade - Manuel Bandeira - Carlos Drummond de Andrade - Rubem Braga  Todos, oriundos e influenciados pela Semana de Arte Moderna de 1922
  • 9. CRÔNICA  A crônica moderna gira permanentemente em torno da atualidade Características  texto descompromissado  é o momento de pausa da dura realidade  livre tradução da realidade  ironia e humor  fidelidade ao cotidiano  crítica social (crítica dissimulada)
  • 10. CRÔNICA  Com relativa frequência, a crônica se aproxima do conto, devido a um tratamento mais apurado aos temas, principalmente no que tange a linguagem (literária).  Muitas vezes é difícil estabelecer as diferenças entre o conto e a crônica.  A melhor forma de diferenciar uma crônica de um conto é observar o nível de detalhamento literário, o que caracteriza o conto
  • 11. TIPOS DE CRÔNICAS (CLASSIFICAÇÕES) Segundo Luiz Beltrão:  Crônica geral – assuntos variados  Crônica local – sobre assuntos pertinentes à opinião pública  Crônica especializada – foca numa especialidade  Crônica analítica – análise de um fato  Crônica sentimental – enfoque no aspecto emocional  Crônica humorística – critica fazendo uso do humor e da ironia
  • 12. TIPOS DE CRÔNICAS (CLASSIFICAÇÕES) Segundo Massaud Moisés  Crônica-poema – quando os cronistas fazem uso da lírica (recurso amplamente utilizado por Carlos Drummond de Andrade)  Crônica-conto – o acontecimento é narrado como se fosse um conto
  • 13. TIPOS DE CRÔNICAS (CLASSIFICAÇÕES) Segundo Antônio Cândido  Crônica-diálogo – quando o cronista estabelece um diálogo com seu interlocutor imaginário. Ex. Conversinha mineira (Fernando Sabino)  Crônica narrativa – tem certa estrutura de ficção, marchando rumo ao conto  Crônica exposição poética – divagação livre sobre um fato ou personagem  Crônica biografia lírica – narra poeticamente a vida de alguém
  • 14. BIBLIOGRAFIA  MELO, José Marques. Jornalismo Opinativo. Campos do Jordão. Ed. Mantiqueira, 2003