2. Muitas pessoas usam a palavra romântico para designar certas atitudes,
como oferecer flores para a namorada, apreciar um bonito pôr-do-sol,
namorar em noite de lua cheia, etc. Entretanto, essa palavra, quando se
refere a traços do romantismo, movimento artístico do século XIX, tem
um sentido diferente: significa exaltado, heróico, idealizador,
sonhador,
sentimental, etc. Apesar dessas diferenças, o homem romântico do
século XIX e o dos tempos atuais têm algo em comum:sentem-se
diferentes da maioria dos outros seres humanos; colocam as idéias e os
sentimentos acima dos interesses materiais e cotidiano; valorizam a
emoção, numa sociedade voltada ao materialismo e á razão.
3. A linguagem do Romantismo
Apesar de ser do ponto de vista ideológico, uma arte
revolucionária, o Arcadismo era do ponto de vista estético,
uma arte conservadora, pois se limitava fundamentalmente a
eliminar os exageros do Barroco e a retomar os modelos do
Classicismo do século XVI. Criar uma linguagem
verdadeiramente identificada com os padrões mais simples de
vida do novo público consumidor, a burguesia, foi tarefa que
coube ao Romantismo.
4. Românticos são poucos
Romântico são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso
Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo
São tipos populares que vivem pelos os bares
E mesmo certos vão pedi perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão
(Romântico é uma espécie em extinção)
Compositor: Vander Lee
5. Contexto do Romantismo
“O período do romantismo é fruto de dois grandes
acontecimentos na historia da humanidade, ou seja, a
Revolução Francesa e suas derivações, e a Revolução
Industrial. As duas revoluções provocaram e gerarão novos
processos desencadeando forças que resultaram na formação
da sociedade moderna, moldando em grande parte os seus
ideais (sociais). ” (Nachman Falbel)
6. Romantismo: entre duas revoluções
O Romantismo nasceu na Alemanha e na Inglaterra,
chegou á França e a seguir espalhou-se por toda Europa.
7. Romantismo: oposição ao mundo
ilustrado, critica ao mundo
burguês.
O romantismo, enquanto visão de mundo, foi uma reação
aos
valores éticos e intelectuais ilustrados e clássicos, assim como
aos fatos históricos mais marcantes da virada do século XVIII
para o XIX: a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e a
política napoleônica.
8. Homem primata
O individualismo capitalista não se reflete apenas
na arte romântica. Nos dias de hoje, esse
fenômeno é denunciado, como se vê nestes
versos do grupo Titãs:
9. Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz
O que o macaco fazia
[...]
Homem primata
Capitalismo selvagem
Eu aprendi
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer e não vai pro céu
É bom aprender: a vida é cruel.
(Sérgio Britto, Marcelo Fromer, Nando Reis e Ciro Pessoa)
10. O fim idealismo na pós-
Revolução
O poeta romântico é um estranho entre os homens; é
melancólico, extremamente sensível, ama a solidão e as efusões
do sentimento, sobretudo as de um vago desespero no seio da
Natureza.
11. Liberdade, paixão e emoção
O romantismo foi mais que um programa de ação de um grupo
de poetas, romancistas, filósofos ou músicos.Tratou-se de um
vasto movimento onde se abrigaram o conservadorismo e o
desejo libertário, a inovação formal e a repetição de fórmulas
consagradas, o namoro com o poder e a revolta radical[...].
Liberdade, paixão e emoção constituem um tripé sobre o qual
se assenta boa parte do romantismo.
(Adilson Citelli.O Romantismo.São Paulo:Ática, 1986. p.9)
12. O Romantismo no Brasil
Na verdade, o Romantismo teve aqui [no Brasil] uma
significação diversa da que teve na Europa. Enquanto visão de
mundo, ele viverá um processo de ajuste e adaptação.
Para nós, o fato político mais importante foi a Indepêndencia,
que mobilizou os homens livres e fez todos se sentirem
empenhados na organização da nova nação.
14. O Romantismo surge no Brasil poucos anos depois de nossa
independência política(1822). Por isso, as primeiras obras
literárias e os primeiros artistas românticos se mostram
empenhados em definir um perfil da cultura brasileira, no qual
o nacionalismo torna-se o traço essencial.
17. Canção do exílio
Coimbra, julho de 1843.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeia como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
[...]
19. Algumas décadas depois da introdução do
Romantismo no Brasil, a poesia ganha novos
rumos com o aparecimento dos ultra-românticos.
Esses poetas desvinculados do compromisso com
a nacionalidade assumido pela primeira geração,
desinteressam-se da vida político-social e voltam-
se para si mesmos, numa atitude profundamente
pessimista. Como forma de protesto contra o
mundo burguês, vivem entediados e à espera da
morte.
20. Influências
• Lord Byron
“Adeus! Assim de ti
afastado,
Cada laço estreito a
perder,
O coração só é murcho e
seco,
Mais que isto mal posso
morrer.”
21. Autores
Álvares de Azevedo: a antítese
personificada
Principais obras: "Noite na Taverna"
(1855), a peça de teatro "Macário"
(1855) e o livro de poesias "Lira dos
Vinte Anos" (1853).
22. Da qualidade dos escritos
Esse monte de prosa e verso[de Álvares de Azevedo] é tão
irregular porque não foi devidamente polido, ou porque o
Autor queria que fosse assim mesmo, para seguir a inspiração
desamarrada, em obediência a uma estética atraída pelo
espontâneo e o fragmentário?É dizer, mas as duas coisas
devem estar combinadas.
(Antonio Candido. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1989.p.11.)
23. Se Eu Morresse Amanhã!
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressente em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! Que céu azul! Que dove n'alva
Acorda a natureza mais louca!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
24. Soneto
Pálida, à luz da lâmpada sombria, Era a mais bela! O seio palpitando...
Sobre o leito de flores reclinada, Negros olhos as pálpebras abrindo...
Como a lua por noite embalsamada, Formas nuas no leito resvalando...
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era virgem do mar! na escuma fria Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Pela maré das águas embalada ! Por ti - as noites eu velei chorando,
Era um anjo entre nuvens d’ alvorada Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
25. Cuidado, leitor, ao voltar esta página!
Aqui dissipa-se o mundo visionário e platônico. Vamos entrar num
mundo novo, terra fantástica, verdadeira ilha Baratária de D.Quixote,
onde Sancho é rei; [...]
Quase que depois de Ariel esbarramos em Caliban.
A razão é simples. É que a unidade deste livro e capítulo funda-se numa
binômia. Duas almas que moram nas cavernas de um cérebro pouco mais
ou menos de poeta escreveram este livro, verdadeira medalha de duas
faces.
Nos meus lábios onde suspira a monodia amorosa, vem a sátira que
morde.
26. Poema do Frade
Meu herói é um moço preguiçoso
Que viveu e bebia porventura
Como vós, meu leitor... se era famoso
Ao certo não o sei. Em mesma impura
Esgotaram com lábio fervoroso
Como vós e como eu a taça escura.
Era pálido sim... mas não d’estudo:
No mais... era um devasso e disso tudo!
[...]
27. Não quisera mirar a face bela
Nesse espelho de lodo ensangüentado!
A embriaguez preferia: em meio dela
Não viram cuspir-lhe o seu passado!
Como em nevoento mar perdida vela
Nos vapores do vinho assombreado
Preferia das noites na demência
Boiar (como um cadáver!) na existência!
[...]
28. Autores
Fagundes Varela:
uma poesia em transição
Principais obras:
"Cantos Meridionais" (1869),
"Cantos do Ermo e da Cidade" (1869),
"Anchieta ou Evangelho na Selva" (1875),
"Cantos Religiosos" (1878)
e "Diário do Lázaro" (1880).
29. O exilado
O exilado está só por toda a parte!
Passei tristonho dos salões no meio,
Atravessei as turbulentas praças
Curvado ao peso de uma sina escura;
As turbas contemplaram-me sorrindo,
Mas ninguém divisou a dor sem termos
Que as fibras de meu peito espedaçava.
O exilado está só por toda a parte!
[...]
30. Cântico do calvário
À memória de meu Filho morto a 11 de dezembro de 1863
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, a inspiração, a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto, - caíste!- Crença, já não vives!
[...]
31. Mas não! Tu dormes no infinito seio
Do Criador dos seres! Tu me falas
Na voz dos ventos, no chorar das aves,
Talvez das ondas no respiro flébil!
Tu me contemplas lá do céu, quem sabe?
No vulto solitário de uma estrela.
E são teus raios que meu estro aquecem!
Pois bem! Mostra-me as voltas do caminho!
Brilha e fulgura no azulado manto,
Mas não te arrojes, lágrima da noite,
Nas ondas nebulosas do ocidente!
Brilha e fulgura! Quando a morte fria
Sobre mim sacudir o pó das asas,
Escada de Jacó serão teus raios
Por onde asinha subirá minh'alma.
32. Autores
Casimiro de Abreu:
a poesia bem-comportada
Principais obras:
Camões e o Jaú, teatro (1856);
Carolina, romance (1856);
Camila, romance inacabado (1856);
A virgem loura,
Páginas do coração, prosa
poética (1857);
As primaveras (1859).
33. Meus Oito Anos
Oh ! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais !
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais !
34. Como são belos os dias
Do despontar da existência !
Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor !
35. Canção de exílio
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!
O país estrangeiro mais belezas
Do que a pátria, não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos
Tão doces duma mãe!
36. Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu do meu Brasil!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já!
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Quero ver esse céu da minha terra
Tão lindo e tão azul!
E a nuvem cor de rosa que passava
Correndo lá do sul!
37. Quero dormir à sombra dos coqueiros,
As folhas por dossel;
E ver se apanho a borboleta branca,
Que voa no vergel!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
39. Mas eu não tive os dias de ventura
Dos sonhos que sonhei:
Mas eu não tive o plácido sossego
Que tanto procurei.(...)
Tive as paixões que a solidão formava
Crescendo-me no peito
Tive, em lugar de rosas que esperava,
Espinhos no meu leito.
41. As décadas de 60 e 70 do século XIX representam um
período de transição na poesia brasileira. Ao mesmo tempo
que muitos dos procedimentos da primeira e da segunda
gerações se mantém, surgem novidades de forma e de
conteúdo, dando origem á terceira geração da poesia
romântica, que se volta mais para os problemas sociais e
apresenta uma nova forma de tratar o tema amoroso.
44. Poesia social
A poesia social tem uma visão idealizada e ufanista da pátria,
relatando o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos: a
escravidão dos negros e a opressão e a ignorância do povo
brasileiro.
46. Poesia amorosa
Embora a lirica amorosa de Castro Alves ainda contenha um ou
outro vestigio do amor platonico e da idealização da mulher, de
modo geral, ela representa um avanço decisivo na tradição
poética brasileira, por ter abadonado tanto o amor convercional
e abstrato dos o amor cheio de medo e culpa dos romanticos.
47. Caracteristicas da poesia
amorosa:
Mulher sensual/erotizada
Paixão tórrida
Repúdio da morte (a morte é citada em sua
poesia, porém ela é repudiada)
Melancolia/tédio
49. Manhattanville)
Ninguém ande à encruzilhada
Por noites de São João –
Vejam a mal-assombrada,
Meninas! “Oh, a visão!…”
-Cora, qual é tua sorte?
“Na Quinta Avenida, à corte,
Casarei.”
-Sempre never cada Fanny?
“Morrerei.”
-E tu, Augusta, rubores?
Vão ver, que sorte de amores…
“Eu sonhei.”
Pior do que encruzilhadas
50. Pior do que encruzilhadas
De visões; portas e escadas
Destes céus de Manhattan
Com que aí stão-se aninhando
Alvoradas? Matinando
Toda a noite até manhã?
“Fogo! fogo! é rato! é gato!”
-Matinada de Babel!
Meninas, mudem de quarto,
Há mais quem durma no hotel!
[...]