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Três castanhas
de
um cartucho
Era uma vez um cartucho. Mas o cartucho
tinha um buraquito no fundo e três castanhas
muito marotas alargaram o buraco e saltaram
para o chão.
Na rua ia a passar um menino que viu as
castanhas tão luzidias, tão bonitas como a
madeira depois de encerada e de se lhe puxar o
lustro, que logo as apanhou.
- Que vou fazer destas três castanhas? – disse
ele. Uma vou comê-la… gosto de castanhas. Mas
crua não, que faz mal à barriga. Levo-a para casa
e a minha mãe assa-a no forno. E com a
segunda? ...o que vou fazer com a segunda
castanhas? Faço um boneco!
Pegou num prego caído no chão, e com ele
fez dois buraquinhos na castanha. Assim…
depois fez um risco… assim ▐ e outro risco
assim ▬▬. Pronto, ficou uma cara com olhos,
nariz e boca; mas o boneco estava careca…
Para lhe arranjar o cabelo, o menino tornou
a fazer furos no alto da cabeça. Agora parecia
um saleiro ou um pimenteiro.
Como havia um jardim ali perto, apanhou
palhinhas secas e espetou-as nos furos.
O boneco já tinha cabelo. Tinha os cabelos
em pé, mas também não fazia mal. Quando está
vento, as pessoas ficam despenteadas.
O corpo do boneco e os braços, foram dois
pequenos galhos secos. Um vestido de folhas…e o
boneco ficou lindo!
Ainda havia uma castanha. A terceira.
O menino resolveu seméa-la. Enterrou-a no
chão e tapou-a com terra.
Vieram dias de chuva e dias de sol. E
nasceu uma plantinha. Era um castanheiro
pequenino.
Mas um castanheiro, leva muitos anos a
crescer até dar castanhas.
O menino crescia. O castanheiro crescia.
O menino já era rapaz, depois um homem.
Casou. Teve filhos. Os filhos cresceram.
Tiveram filhos também. E um dia o
menino que já não era o menino, mas um
senhor, foi passear com os netos àquele
jardim e viu o castanheiro alto e forte, cheio
de ouriços de onde caiam as castanhas.
E por aí fora, enquanto houver castanhas e
houver meninos.
Maria Isabel Mendonça Soares
(Adaptação)

Fim
3 castanhas de um cartucho

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  • 2. Era uma vez um cartucho. Mas o cartucho tinha um buraquito no fundo e três castanhas muito marotas alargaram o buraco e saltaram para o chão.
  • 3. Na rua ia a passar um menino que viu as castanhas tão luzidias, tão bonitas como a madeira depois de encerada e de se lhe puxar o lustro, que logo as apanhou.
  • 4. - Que vou fazer destas três castanhas? – disse ele. Uma vou comê-la… gosto de castanhas. Mas crua não, que faz mal à barriga. Levo-a para casa e a minha mãe assa-a no forno. E com a segunda? ...o que vou fazer com a segunda castanhas? Faço um boneco!
  • 5. Pegou num prego caído no chão, e com ele fez dois buraquinhos na castanha. Assim… depois fez um risco… assim ▐ e outro risco assim ▬▬. Pronto, ficou uma cara com olhos, nariz e boca; mas o boneco estava careca…
  • 6. Para lhe arranjar o cabelo, o menino tornou a fazer furos no alto da cabeça. Agora parecia um saleiro ou um pimenteiro. Como havia um jardim ali perto, apanhou palhinhas secas e espetou-as nos furos.
  • 7. O boneco já tinha cabelo. Tinha os cabelos em pé, mas também não fazia mal. Quando está vento, as pessoas ficam despenteadas.
  • 8. O corpo do boneco e os braços, foram dois pequenos galhos secos. Um vestido de folhas…e o boneco ficou lindo!
  • 9. Ainda havia uma castanha. A terceira. O menino resolveu seméa-la. Enterrou-a no chão e tapou-a com terra.
  • 10. Vieram dias de chuva e dias de sol. E nasceu uma plantinha. Era um castanheiro pequenino. Mas um castanheiro, leva muitos anos a crescer até dar castanhas.
  • 11. O menino crescia. O castanheiro crescia. O menino já era rapaz, depois um homem. Casou. Teve filhos. Os filhos cresceram. Tiveram filhos também. E um dia o menino que já não era o menino, mas um senhor, foi passear com os netos àquele jardim e viu o castanheiro alto e forte, cheio de ouriços de onde caiam as castanhas.
  • 12. E por aí fora, enquanto houver castanhas e houver meninos. Maria Isabel Mendonça Soares (Adaptação) Fim