Este documento discute as possíveis ligações culturais entre as narrativas de zumbis e a cultura contemporânea, como a representação de corpos sem alma e a ética da sobrevivência. Também aborda como The Walking Dead retrata zumbis e como o colapso das estruturas de comunicação e transporte é uma fonte de ansiedade na cultura atual. Finalmente, analisa porque as narrativas de zumbis se tornaram populares no século 21 e como imagens de desolação urbana ressoam com o público por causa
Uma introdução aos aspectos culturais da sociedade contemporânea em The Walking Dead
1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul
Campus Rolante
Projeto de Pesquisa – Biopolítica, mídia e sala de aula: uma relação possível
Uma introdução aos aspectos culturais
da sociedade contemporânea em The
Walking Dead
Prof. Rodrigo Belinaso Guimarães
Setembro de 2015
2. Algumas possíveis ligações culturais entre as narrativas de
zumbis e a cultura contemporânea
Personagens: Representações de corpos sem alma;
Tempo: Os acontecimentos do fim, do apocalipse;
Espaço: Lugares em que qualquer um pode ser morto sem que se
cometa assassinato;
Ética: Valor único da sobrevivência, o dever de continuar vivo.
3. “In this seemingly frivolous debate over the definition of na imaginary
creature, enthusists are implicitly arguing, to a certain extent, what
elements of humanity are most frightening to distort or eliminate”
Os Zumbis em The Walking Dead são: Infectados, mortos, forças da
natureza, famintos por carne fresca, irracionais, incapazes de usar
ferramentas, homogêneos, sem identidade, tendem a se agruparem,
lentos, seguem sons e odores, permanecem em decomposição.
Zumbis são corpos sem alma, opostos aos fantasmas que seriam almas sem
corpo ou da experiência contemporânea na web.
4. TEMPO MESSIÂNICO: é aquele em que o
fim é anunciado, onde se diz que haverá
um fim da sociedade, da civilização ou do
mundo.
Anúncio do
fim por um
messias.
Apocalipse:
início da
extinção da
humanidade.
O tempo messiânico faz parte da cultura
ocidental e se apoia numa série de fatos
e discursos sobre o fim do mundo:
Guerra nuclear;
Aquecimento global;
Infestações;
Meteoros;
Terrorismo;
Volta de Jesus;
O que fazer no tempo que resta?
5. A cultura ocidental apresenta o
paradoxo entre liberdade como
a abertura de possibilidades e o
dever como o fechamento das
possibilidades. A liberdade é a
escolha entre o poder e o não
poder fazer alguma coisa. O
dever é a falta da escolha, pois
se tem a necessidade de fazer
algo. O universo de The Walking
Dead apresenta o fechamento
da liberdade num mundo em que
prevalece o dever. A
sobrevivência e a luta pela vida
levam à necessidade de fazer
coisas nem sempre desejáveis.
The Walking Dead procura
apresentar o modo como os
personagens elaboram a
consciência de seus atos.
A culpa do sobrevivente.
A banalidade do mal.
6.
7. “Since zombies don’t think or plan or scheme, they are mere animals to be avoid;
other survivors, however, are more calculating and dangerous.” (Bishop, p.24).
No universo de The Walking Dead não existem mais parâmetros legais e éticos
abrangentes, assim, qualquer pessoa se torna uma ameaça, pois não há como
prever suas intenções.
“Poder-se-ia afirmar hoje que o Estado considera todo cidadão um terrorista
virtual. Isso não pode senão piorar e tornar impossível aquela participação na
política que deveria definir a democracia. Uma cidade cujas praças e cujas
estradas são controladas por videocâmaras não é mais um lugar público: é uma
prisão. (Giorgio Agamben).”
8. No universo de The Walking
Dead, qualquer personagem está
excluído da ordem dos direitos
e, assim, pode ser morto a
qualquer tempo sem que
ninguém cometa assassinato ou
possa ser culpado pelos seu
atos. Desta forma, se não há
direitos, o que apenas pode
haver é submissão à alguém ou a
um grupo mais poderoso.
“Some groups begin to
reinstate their own self-
serving sense of law and order,
and those with power, weapons,
and number simply take
whatever they want. However,
in the new zombie economy,
everything is already free –
except other humans, of
course. For lawlesse renegades,
the only real sport left is
savery, torture, rape, and
murder (...).” (Bishop, p.24).
9. Um dos principais temores e
fonte de ansiedades na
cultura contemporânea
está no colapso das
estruturas de comunicação
e de transporte. Com base
nas possibilidades de
transporte rápido e de
comunicação instantânea
disponíveis, a perda do sinal
dos celulares, o não
funcionamento da web, a
queda na transmissão via
satélite e a impossibilidade
no uso dos aeroportos
prenderiam qualquer pessoa
ao lugar em que se
encontra e aos seus
próprios conhecimentos
para tentar sobreviver.
10. Porque as narrativas de zumbis se tornaram tão
populares no século XXI?
O que torna as narrativas de Zumbis tão atraentes e
possíveis para os jovens espectadores?
“The abandoned city, overturned buses, and churches full of corpses
were scenes all founded on existing moments of civil unrest and
social collapse. Such images of metropolitan desolation and
desertion certainly resonate more strongly with contemporary
audiences because, according to Brooks, ‘People have apocalypse on
the brain right now... It’s from terrorism, the war, [and] natural
disasters like Katrina’”. (Bishop, p.27).
To Be continued...