O documento fornece dicas sobre o uso correto da língua portuguesa, abordando tópicos como:
1) O uso correto de prefixos como "super";
2) A importância da clareza e objetividade na redação de textos;
3) Erros comuns de português como o uso indevido de "meia", "menas" e "perca".
Analise de falha e risco associados aos dutos de gas 'a alta pressao
Dicas de portugues
1. DICAS DE PORTUGUÊS
Do site: http://notitia.truenet.com.br/desafio21/newstorm.notitia.apresentacao.ServletDeNoticia?codigoDaNoticia=1818&dataDoJornal=atual
Super: Junto ou Separado? O “Mau Colesterol” dos Textos
Embora seja freqüente, em anúncios publicitários, encontrarmos Um crítico literário francês advertia com simplicidade: “Se quer dizer
super separado do termo que qualifica, o correto é que, como prefixo, que chove, diga: ‘Chove’”. Antes de escrever, muitas pessoas ficam
seja colado à palavra seguinte (superoferta, por exemplo). Exceções como que diante de um guarda-roupa de inúmeras opções, tentadas
apenas às palavras iniciadas por h ou r: super-homem, super-rápido, a vestirem o que habitualmente não vestem... para “fazerem bonito”!
etc. Mas não é preciso “fazer bonito”, é preciso apenas clareza e eficácia,
sobretudo quando se trata de textos para a vida profissional.
Caça ao Gerundismo Portanto, evite a tentação do excesso verbal — ele é o "mau
Se você é daqueles que perde a paciência quando a atendente do colesterol" dos piores textos. Se tiver tempo de deixar seu texto “de
call center diz que "vai estar lhe transferindo" para outro setor, essa molho", não hesite: passe a “tesoura”, corte a “gordura”!
notícia é um pequeno alento. Desenvolvida pela área de Recursos
Humanos da Atento Brasil, empresa de contact center, a campanha Todo Elo É de Ligação
Caça ao Gerundismo já conseguiu reduzir em 80% o uso incorreto do Cuidado com o excesso de palavras. Não raro isso leva a redundân-
gerúndio no atendimento. A campanha começou no segundo semes- cias inadmissíveis, que revelam desconhecimento e contam pontos
tre do ano passado e vem sendo realizada junto aos 53 mil funcio- negativos para a imagem de qualquer um. É o caso de expressões
nários da empresa, que atende, entre outros clientes, a operadoras como "elo de ligação", "hábitat natural" e "monopólio exclusivo", só
de telefonia celular. A meta é aperfeiçoar o atendimento ao cliente, para citar algumas mais comuns. Em todas elas, o complemento é
extinguindo definitivamente os "vou estar lhe passando" e afins. dispensável, já que todo elo é de ligação, todo hábitat é natural e não
há monopólio que não seja exclusivo. Encaixam-se na mesma cate-
Objetividade na Escrita goria de "subir para cima", "descer para baixo", "ver com os olhos",
Muita gente peca por excesso de formalidade ou uso abusivo de etc.
chavões na redação empresarial. Para ser eficiente, um texto precisa
ser claro e objetivo. Veja algumas expressões utilizadas comumente Nunca Diga "Plus a Mais"
e sugestões de como substituí-las por opções menos rebuscadas. Não é difícil, no ambiente corporativo, ouvirmos alguém usar a
expressão "Isso é um plus a mais oferecido pela empresa". Trata-se
No lugar de: Escreva:
de um pleonasmo e de um uso totalmente inadequado desse
Acusamos o recebimento de Recebemos estrangeirismo, uma vez que plus já significa a mais, em francês.
Agradecendo a atenção dispensada Agradecemos Portanto, a frase correta seria “Isso é um plus oferecido pela
Acima citado Citado empresa”. “Plus a mais” não existe.
Antecipadamente gratos Gratos Para Escrever Claramente
Aproveitamos o ensejo para comunicar Comunicamos Escrever com clareza é muito importante para estabelecer uma co-
Através dessa missiva, informamos Informamos municação eficiente no ambiente profissional. Veja alguns "princípios
De acordo com o supracitado Conforme exposto da redação clara", segundo o livro O Poder da Simplicidade, de Jack
Trout e Steve Rivkin.
Essa missiva tem por finalidade Nosso objetivo é
Levamos ao conhecimento de Informamos 1. Dê preferência às sentenças curtas.
2. Prefira a palavra mais simples à mais complexa.
No que tange a Em relação a/Quanto a 3. Escolha a palavra mais familiar.
4. Evite palavras desnecessárias.
Vírgula e “etc.” 5. Coloque ação em seus verbos.
Os gramáticos mais tradicionalistas insistem para que, antes de 6. Escreva como você fala.
“etc.”, não se empregue vírgula, mas o uso contemporâneo 7. Escreva para se expressar, não para impressionar.
consagrou a vírgula antes dessa expressão latina. Se a vírgula vier
depois, o ponto deve permanecer. E, se “etc.” vier no final do período, Escrever é Deletar!
não precisa se usar mais um ponto: basta o ponto do próprio “etc.”. O escritor Marques Rebelo afirmou que “escrever é cortar”. Hoje, com
“Etc.” significa “e outras coisas”, “e outros da mesma espécie”. o Word, poderia dizer: escrever é deletar. Em busca da concisão,
Curiosamente, também pode ser empregado para se referir a considere:
pessoas, mas, por elegância, é desaconselhável. Supõe-se que 1. “Inutilia truncat”: cortar o inútil.
ninguém gostaria de ficar oculto numa lista assim: “José, Pedro, etc.” 2. Cuidado com advérbios e adjetivos: serão mesmo necessários?
3. “Encher lingüiça” é tomar tempo do leitor.
Repetir É Normal, Mas Não Faz Bem 4. Depois de certo tempo, reler o texto. E... deletar!
Quem redige sabe muito bem que a repetição de palavras e termos 5. Evitar redundâncias.
cognatos é uma erva daninha para o estilo. Uma frase, um período 6. Usar períodos mais curtos.
ou parágrafo que, por exemplo, mencionem, muito proximamente, 7. Lamber a “cria” com o ego menos satisfeito.
“visitas” e “visitantes” ou que falem de uma fábrica que “produz”
“produtos” merecem ser reescritos. A repetição é natural e quase Alto e Bom Som
sempre imperceptível para o próprio redator, mas — fique claro — Há, na língua, expressões que têm uma espécie de sobrevida. Ao
não faz bem à estética e ao bom gosto. Por isso, uma boa revisão seu redor, muitas palavras já morreram e foram sepultadas, mas elas
não pode deixar de arrancar essa “erva daninha” textual. insistem em estar na memória coletiva e em circulação. São velhas e
elegantes damas, ainda capazes de seduzir as gerações mais
jovens. Esse é o caso de “alto e bom som”. É útil, é simpática e tem o
2. seu charme. Mas a expressão “alto e bom som” deve ser usada sem nível de", além de ser uma expressão vazia que nada acrescenta à
a preposição “em” por mais estranho que pareça. Exemplos: “Falei frase, também é gramaticalmente incorreta. Quem a utiliza passa
alto e bom som”; “Ele disse alto e bom som que a amava”. uma imagem de pedantismo e desinformação. A boa notícia é que
essa expressão é facilmente evitável. Em vez de dizer "Atuamos a
Preciso "de", não! nível de Brasil", prefira "Atuamos em todo o Brasil". No lugar de "Este
"Preciso de falar uma coisa urgente com o meu gerente". Incrível, problema deve ser resolvido a nível de governo", use "Este problema
mas muita gente ainda comete esse erro imperdoável de português. deve ser resolvido pelo governo". Neste, como em muitos casos,
Só usamos a preposição "de" após o verbo precisar quando o menos é mais.
complemento verbal é um substantivo ou pronome. Por exemplo:
"Preciso de dinheiro"; "Preciso de você". Quando o complemento é Quando "Ver" vira "Vir"
um verbo no infinitivo, a preposição não é utilizada. "Preciso falar Pode parecer estranho, mas é o correto. O verbo "ver" transforma-se
uma coisa urgente com o meu gerente"; "Preciso fazer algo"; "Preciso em "vir" quando usado no futuro do subjuntivo. Exemplo: "Se eu vir
pensar em uma solução para esse problema". com meus próprios olhos, poderei acreditar". As demais pessoas
desse tempo também substituem o "e" pelo "i": vires, vir, virmos,
Cuidado com o “De Encontro” virdes, virem. Os verbos "prever", "rever" e "antever" seguem o
Muita gente usa a expressão “de encontro” no sentido errado. Na mesmo caminho.
verdade, gostaria de dizer “ao encontro”. “A sua opinião vem de
encontro à minha”. Isso quer dizer: “A sua opinião é contra a minha”. A rigor, ninguém é "comunicado"
O correto seria: “A sua opinião vem ao encontro da minha”. Portanto, "Ele já foi comunicado da decisão do gerente?" Esse é um erro literal
cuidado: quem “vai de encontro” vai bater em algum lugar... de português muito comum no ambiente de trabalho. Na verdade,
uma decisão é comunicada, mas ninguém "é comunicado" de alguma
Nunca Use "O Mesmo" coisa. Assim, o correto é dizer: Ele já foi informado (ou avisado) da
Se há um vício de linguagem absolutamente abominável é aquele de decisão. Também não é considerado correto dizer: A diretoria
usar a terrível expressão “o mesmo” ou “a mesma” para designar de "comunicou" os empregados da decisão. Opções corretas: A diretoria
que/quem se está falando. Exemplo famoso, ligeiramente modificado, comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi comunicada
escrito na parede de um bar: “O rei da feijoada, o mesmo do pé-de- aos empregados.
porco”. Nesse exemplo tenebroso, bastava colocar no lugar de “o
mesmo” a simples conjunção “e”: “O rei da feijoada e do pé-de- Nunca diga "menas" nem "perca"
porco”. Na cidade do Recife, uma lei municipal exige que em todos os Alguns erros de português provocam estragos devastadores na
lugares onde haja uma porta de elevador seja afixada, bem visível, a imagem do profissional. Entre os mais graves estão o uso equivo-
seguinte inscrição: “Aviso aos usuários: antes de entrar no elevador, cado de duas palavrinhas que ainda confundem muita gente. Nunca,
verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”. Nada contra mas nunca mesmo, diga "menas" ou use "perca" como substantivo.
a lei. Tudo contra a expressão, que bem poderia ser substituída, com Menas - Apague essa palavra de seu dicionário. "Menas" não existe.
enorme vantagem, por exemplo, apenas pelo pronome “ele”, em prol O correto é "menos", mesmo que a palavra seguinte venha no
da saúde mental dos usuários que, na maioria das vezes, têm como feminino: menos escolas, menos pobreza, menos denúncias de
única opção de leitura, no ambiente, o aviso com a poluidora corrupção.
expressão.
Perca - Nunca utilize "perca" como substantivo, no sentido contrário
Nunca Diga "Meia Aberta" de "ganho". O certo é "perda": perda de material, perda de poder
aquisitivo, perda de memória. "Perca" é verbo (sentido contrário de
"A porta estava meia aberta" é uma expressão tão comum quanto encontrar): não se perca de mim, não perca credibilidade falando
errada. Não se usa, no moderno português, a palavra meia como errado.
feminino de meio, no sentido de "um pouco", com função de advérbio.
Nessa condição, a palavra é invariável, não flexiona o gênero. Certo: Empregando a crase corretamente
"Ela estava meio cansada". Errado: "Ela ficou meia deprimida".
Muita gente ainda erra na hora de empregar a crase por esquecer
Evitando lugares-comuns uma regrinha básica. A crase é a união do artigo "a" com a prepo-
sição "a" — portanto, nunca deve ser utilizada antes de palavras
Na hora de falar ou escrever, tenha cuidado com os chavões e masculinas. Não se deve crasear, por exemplo, expressões como: O
pleonasmos. São expressões comuns, que muitas vezes escapolem restaurante faz entrega a domicílio; A moça estava a salvo; Deixou os
sem você perceber, por força do (mau) hábito, mas que podem marujos a bordo; Fez todo o percurso a pé; Falamos muito a respeito
arranhar sua imagem de bom orador e/ou redator. Veja alguns disso; A maior parte das venda é feita a prazo, entre outros.
exemplos: Certeza absoluta. Basta ter certeza. O absoluta é redun-
dante. “Tenho certeza de que o plano de paz irá funcionar no Oriente "Possa ser" é um horror
Médio.” Terminantemente proibido. O terminantemente também
sobra. Algo ou é proibido ou é permitido. Não existe meio proibido, Este é um erro grave, mas bastante comum. Preste atenção e nunca,
nem terminantemente proibido. Outra alternativa. Se é alternativa, já mas nunca mesmo, diga "possa ser", no sentido de "é possível".
é outra. Então, diga apenas “Ele não tem alternativa”. Evite também "Possa ser que ele vá à reunião", ou "possa ser que a entrega do
expressões batidas, como fechar com chave de ouro, perda produto atrase". Está errado. O certo é "pode ser": "pode ser que ele
irreparável, prejuízo incalculável, sonora vaia, vitória esmagadora, vá" ou "pode ser que a entrega do produto atrase".
chegar a um denominador comum, inserido no contexto,
propriamente dito, conjugar esforços, entre outros lugares-comuns. Anexo, simplesmente
É freqüente o uso da expressão "em anexo", condenada pelos
Não diga "a nível de" gramáticos por não encontrar respaldo na tradição da língua. O
Apesar de combatida em outras edições da Desafio 21, a expressão correto é usar simplesmente anexo, que é adjetivo e, portanto,
"a nível de" parece ganhar cada vez mais força entre profissionais concorda com o substantivo a que se refere. Exemplos: Anexa,
dos mais variados estilos e áreas de atuação. O problema é que "a segue a carta de apresentação; Seguem, anexos, os documentos.
3. Deve-se evitar também usar anexo como particípio de anexar. Logo: Está errado. Intervir é conjugado da mesma forma que o verbo vir.
As cartas foram anexadas [e não anexas] ao documento principal. Assim, o certo é: "O governo interveio"; "Os militares intervieram".
Sempre "há" no passado Sujeito indeterminado
O uso do há e a ainda provoca muita confusão. Mas a regra é sim- Nunca diga: "Precisam-se" de empregados. Verbos transitivos
ples. Há indica passado e pode ser substituído por faz: Já a exprime indiretos, que exigem preposição, não podem variar nesses casos,
tempo futuro ou distância (não pode ser substituído por faz): Chegou porque o sujeito é indeterminado. O pronome "se" torna indefinido o
há duas horas/ Ela viajou há menos de uma semana. O avião che- agente da ação verbal. O correto é: precisa-se de empregados; trata-
gará daqui a pouco /Ficou a pouco mais de dez metros do seu ídolo. se dos melhores restaurantes; conta-se com os amigos. O contrário
acontece quando o verbo é transitivo direto, como em alugam-se
Sem vogal no meio casas e ouviram-se gritos. Nesses casos, os sujeitos das frases são
Esta é uma dica para a pronúncia. Em uma palavra, nunca se deve os substantivos casas e gritos, logo os verbos têm que concordar
pronunciar a consoante que antecede outra como se houvesse uma com eles. Em caso de dúvida, é só colocar o sujeito na frente: casas
vogal entre elas. O certo é opção e não "o-pi-ção", ad-vogado e não são alugadas, gritos foram ouvidos.
"a-de-vogado", estag-nar e não "esta-gui-nar", adep-to e não "adé-pi-
to", sub-solo e não "su-bi-solo", ab-soluto e não "a-bi-soluto", Ed-gar e Apóstrofo
não "E-di-gar", ec-zema e não "e-qui-zema", etc. Esse nome estranho é usado, em português, para designar aquele
sinal, semelhante a uma vírgula, que indica a eliminação de uma
Acerca de - a cerca de - há cerca de letra: d’água, d’alma, etc. Por isso, nunca se deve usá-lo em plural de
As expressões existem em nossa língua e estão absolutamente siglas e abreviaturas. Para pluralizar basta acrescentar um "s".
corretas. A confusão surge no momento de usá-las, por serem casos Exemplos corretos: CDs, Ufirs, TVs. E incorretos: CD’s, TV’s, etc.
distintos. ·
Muito obrigada
Acerca de é uma locução prepositiva e significa a respeito de,
sobre... Exemplo: O ex-patrão deu boas referências acerca de Pedro. Todo cuidado é pouco com alguns erros de Português muito comuns
que, de tão cometidos, ficam quase que incorporados à linguagem
A cerca de é, na verdade, locução mais sintética: cerca de. "Cerca coloquial e podem comprometer uma imagem profissional, na hora de
de dez pessoas ficaram soterradas à noite, quando a barreira falar ou escrever.
deslizou." O a é preposição e uma contingência regencial: Pedi a "Obrigado", ela disse. Certo? Errado! Obrigado é variável e concorda
cerca de vinte jornalistas que ficassem atentos às últimas notícias. com a pessoa que fala. A mulher diz "Obrigada" e o homem,
Tem valor de aproximadamente, perto de, mais ou menos e só deve "Obrigado". Se você fala em nome de um grupo, é correto dizer:
ser utilizado com números redondos - 10, 20, 50, 100... "Muito obrigados por tudo".
Há cerca de nada mais é do que a locução prepositiva antecedente, Ao agradecer dessa forma é como se a pessoa estivesse dizendo:
acompanhada do verbo haver na acepção de tempo decorrido. As "Diante desta sua atitude (nobre, simpática, atenciosa, etc.), eu me
aulas recomeçaram há cerca de duas semanas. sinto muito obrigado/obrigada a retribuir". Daí a concordância de
gênero
"Cerca de"... quantos?
"Cerca de 22 pessoas participaram do velório". A frase, errada, foi "Há" ou "a"?
recentemente veiculada em um jornal de grande circulação nacional. O uso do verbo "Há" e da preposição "a" costuma causar uma certa
O equívoco também é cometido por muita gente. Na verdade, "cerca confusão e muitos estragos. Há uma regra para evitar problemas. O
de" é uma expressão que indica arredondamento e, por isso, não verbo haver deve ser usado em expressões que indicam tempo já
deve ser usada junto a números exatos. O correto seria: "Cerca de 20 passado, como por exemplo: "Isto aconteceu há vinte anos." Nesse
pessoas participaram do velório". sentido, é equivalente ao verbo fazer: "Isto aconteceu faz vinte anos."
Já a preposição "a" deve ser usada nos casos em que há referência a
"Ao meu ver" um tempo futuro e a substituição pelo verbo fazer é impossível: "A
"Ao meu ver, essa frase está errada." E está mesmo, embora muita eleição para presidente será daqui a dois anos".
gente insista em usar a construção equivocada. Não existe artigo
nessa expressão. O correto é: a meu ver, a seu ver, a nosso ver.
Este ou esse? Nunca diga
Na maioria dos casos, devemos usar esse, o pronome que se Muito cuidado com alguns erros bastante comuns. Morda a língua a
emprega para o que já foi citado ou para aquilo que está perto do tempo e nunca diga:
outro, do interlocutor: Esse seu carro é bonito; Falei desses 1. "Fazem" dez anos. Fazer, no sentido de tempo, é impessoal e não
ensinamentos para a platéia. varia. O certo é Faz dez anos.
Já este indica termos que vão ser citados. Exemplo: Os objetivos 2. "Houveram" muitos casos. Haver, no sentido de "existir", também é
foram estes: treinar, capacitar e informar. Usa-se também para referir invariável: Houve muitos casos é o certo.
o "lugar" do qual se fala: Nesta cidade onde moro; Este texto é curto. 3. Para "mim" fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. O
Logo após a palavra citada, pode-se usar este. Exemplo: O outro certo é : Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.
jogador era Pelé. Este, como sempre, insuperável. O contexto
regulará esse tipo de uso. Maiúsculas
Que o Brasil é grande, todo mundo sabe, mas nem por isso se deve
Interviu errado ceder à epidemia das letras maiúsculas. Às vezes, tem-se a
O verbo intervir costuma confundir muita gente. É comum vermos impressão de que os brasileiros querem imitar o que ocorre no
construções como: "O governo interviu"; "Os militares interviram". alemão, língua em que todos os substantivos devem ser grafados
com inicial maiúscula. Apenas em arte e propaganda, pode-se ter
4. uma flexibilidade com o uso estilístico das maiúsculas. Casos em que
o uso é obrigatório: (1) nomes de artes, ciências, disciplinas e altos
conceitos; (2) nomes sagrados, religiosos, mitológicos e
astronômicos; (3) títulos de obras e criações; (4) nomes de ruas; (5)
nomes de atos, leis, decretos; (6) expressões de tratamento e
designativos de títulos; (7) eras e fatos históricos; e, naturalmente, (8)
nomes próprios de pessoas, instituições e empresas. Fora disso, não
se deve ter pudor de usar as minúsculas.
Quem prefere mais?
É errado dizer: "Prefiro mais isso do que aquilo". Sempre prefere-se
uma coisa a outra, portanto tanto o mais como o do que estão
sobrando. O certo é: Prefiro isso àquilo.
Cuidado com as siglas
Siglas estão por toda parte e sua grafia merece cuidado. Caso
tenham apenas três letras, todas devem ficar em maiúscula: OAB;
IAB, ITA, CBF, etc. Em maiúsculas também devem ficar aquelas que
pronunciamos letra por letra, como INSS e ACSP. Caso as siglas
formem uma palavra, grafam-se em caixa alta e baixa: Sudene,
Fiepe, Fiesp, Empetur. Caso necessitem fazer plural, basta
acrescentar um "s": PMs, OABs, IABs, Creas.
Lesbianismo ortográfico
Millôr Fernandes afirmou, certa vez, que a crase é um "caso de
lesbianismo ortográfico". Isso, de certa forma, é verdade, pois o "a"
preposição se funde ao "a" artigo feminino. Por isso, uma das regras
para bem usar a crase diz que esta só deve ser empregada diante de
palavra feminina (e que admita antes o artigo "a"!). Daí a regra prática
de se substituir a palavra posterior ao "a" por um nome masculino
para observar se o "a" preposição junta-se ao "o" artigo. Por exemplo,
usa-se crase em "fui à praia" porque seria possível dizer "fui ao
campo".