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                                  INTRODUÇÃO

      Este trabalho de pesquisa pretende atender as exigências do curso de
Pedagogia Docência e Gestão de processos Educativos. Tendo como atividade, um
estudo sobre representações sociais dos jovens com baixa escolarização da cidade
de Campo Formoso Bahia, especificamente no povoado de Lagoa do Pastorador I.


      O presente trabalho vem tratar de forma prática e construtiva um dos
assuntos de grande relevância no cenário educacional brasileiro; As representações
sociais de escola dos jovens com baixa escolaridade. Já que esse é um problema
presente no nosso quotidiano. O nosso objetivo foi identificar as representações
sociais que esses jovens têm de escola. Esse trabalho consiste em levarmos uma
reflexão acerca dos problemas que levam os jovens a evadirem da escola, como
também perceber como os mesmos representam esse espaço.


      A escolha pelo tema surgiu quando tivemos a oportunidade de estudar no
espaço acadêmico a história da Educação Brasileira. Aprofundando os estudos
sobre tal, percebemos que a mesma possui ranços, entre eles está a baixa
escolaridade. Para melhor compreensão do mesmo foi indispensável um estudo,
que nos ajudasse a perceber como o espaço escolar é representado pelos jovens,
sujeitos escolhidos para a realização da presente pesquisa, (As representações
sociais de escola dos jovens com baixa escolaridade do município de Campo
Formoso).


      No capítulo I, procuramos detalhar um estudo sobre o problema da baixa
escolarização no Brasil desde o período colonial até os nossos dias atuais, com
enfoque no estado da Bahia, especificamente na cidade de Campo Formoso já que
esse foi o lócus da pesquisa. No capítulo II, procuramos trazer um estudo
aprofundado das seguintes palavras chaves: representação social, jovens com baixa
escolarização e escola, no intuito de contribuirmos, para uma melhor compreensão
do tema trabalhado. No capítulo III, abordamos a importância da pesquisa
qualitativa, dos instrumentos de dados, dos sujeitos e do lócus para a obtenção dos
resultados que foram alcançados. No capítulo IV, trazemos os resultados da
entrevista realizada; o perfil sócio-econômico, como também as análises das
11



representações sociais de escola dos jovens. Na conclusão, procuramos trazer os
possíveis resultados e impasses presente no trabalho, onde na oportunidade
solicitamos sugestões que possam contribuir para uma possível solução do
problema.
12



                                     Capítulo I

                 Os jovens com baixa escolarização e a escola

1.1 Os jovens e a baixa escolarização.

      A escola é uma instituição remota, surgida desde as sociedades tribais,
mesmo que de forma rudimentar, por estar localizada muitas vezes na própria
família, variando seu número, conteúdo de ensino, duração, organização de
currículo, seleção de destinatários e de professores. Segundo Cunha (1991) ”nessa
época não se tinha um modelo de educação registrado de acordo com as Diretrizes
Nacionais, sendo que algumas eram restritas apenas no âmbito Familiar.” (p.113).


      Nesse sentido, a educação tinha como papel a instrução dos indivíduos, seja
ela religiosa ou familiar. Religiosa, no sentido de evangelização dos índios tendo
como responsáveis por esse ensino os jesuítas com objetivos de catequização
tornando-os dóceis, através da inculcação dos dogmas e doutrinas do catolicismo.
Já no ensino voltado a instrução familiar acontecia no próprio lar com um ensino
voltado às necessidades quotidianas, sendo ministrado pelos próprios pais às
crianças; trabalhos domésticos e algumas técnicas de agricultura e pecuária.


      Mas, foi especificamente na sociedade capitalista que surgiu uma “nova”
função para a escola: a de reclassificação de pessoas oriundas das diferentes
classes sociais. Como ela não podia beneficiar a todos, os privilegiados eram
aqueles indivíduos oriundos de classes dominante e média; atrelado a isso estava à
deficiência do número de vagas oferecido. Cunha (1991, p. 113) nos faz refletir
melhor quando afirma que:


                      No início das sociedades capitalistas até o seu amadurecimento no
                     século XIX, os sistemas escolares excluíam praticamente todos os
                     trabalhadores rurais, sendo que as escolas eram freqüentadas pelas
                     classes dominantes e pelas camadas médias e somente as poucas
                     escolas mantidas por entidades confessionais a título de caridade,
                     aceitavam filhos de trabalhadores, preferencialmente os órfãos e os
                     abandonados.


      Percebe-se que no Brasil perpassou uma educação excludente, à medida
que, o seu modelo educacional ora servia como ascensão para aqueles que de certa
13



forma já possuíam, contribuindo assim para uma educação burguesa, para poucos,
ora servia apenas como consolo, “amparo” para aqueles que viviam a mercê de
caridade.


      Com o advento da sociedade capitalista, junto a ela expandiu-se o trabalho
fabril, surgindo, assim, a grande necessidade de indivíduos capacitados para tal,
obrigando a abertura de vagas para a capacitação apenas para o trabalho, surgindo
não uma escola universal, mas dual, onde as classes sociais dispunham de uma
educação de baixa qualidade voltada apenas para o trabalho, enquanto as classes
dominantes continuaram com uma educação de boa qualidade, diferenciando-se
também pelo modelo de educação que recebiam.


      Pode-se notar que a baixa escolarização e a não escolarização é um
problema que tem suas raízes nos primeiros passos da educação brasileira; esse
fator é percebido mediante necessidade de se criar escolas para pobres e escolas
para ricos com a ilusão de que estão assegurando uma educação igualitária para
todos, Tawney (1990, apud Cunha 1991) nos diz que:


                       As (...) instituições educacionais de uma sociedade arcaica estão
                       entre aquelas mais nitidamente prepostas a assegurar a todos os
                       indivíduos oportunidades iguais para serem desiguais. (p.115)

      A escola ainda não conseguiu atender as expectativas da sua clientela,
muitas vezes tornando-se traumática, fazendo com que o indivíduo que nela estréia
antipatize-a, ou aquele que nela está inserido não consiga se realizar plenamente,
abandonando-a. Para fundamentar essa discussão, Cunha (1991, p. 120) traz o
seguinte comentário:


            Quando as crianças oriundas das classes dominantes e das camadas médias
            vão À escola, tem no ensino, um prolongamento da primeira socialização,
            difusa doméstica. Entretanto, para os filhos dos trabalhadores a experiência
            escolar é algo traumatizante. A disciplina, o significado das palavras, o
            vocabulário, as maneiras consideradas decentes, a estrutura das frases, a
            maneira de se expressar o pensamento, são percebidos como uma
            arbitrariedade imposta, contrariando toda a sua primeira socialização.

      Infelizmente o nosso país ainda detém uma educação excludente e burguesa.
Sendo percebida pelas crianças no seu primeiro ano de ingresso na escola. Na
14



medida em que essas escolas preparam-se para atender uma clientela com
facilidade de aprendizagem as ditas “normais”. Dessa forma, acabam interditando a
permanência de crianças oriundas das classes populares, muitas vezes filhos de
pais não escolarizados ou com baixa escolarização que chegam a esse espaço e
são surpreendidos com um ensino “equivocado” e sem sentido fazendo com que os
mesmos    abandonem.    Na    maioria     das   vezes   carregando   sentimento   de
incapacidade.

      Assim, podemos observar que o problema da baixa escolarização em nosso
país é fruto de inúmeros fatores. Cabendo ressaltar também, o baixo padrão social,
onde os alunos são obrigados a abandonar os bancos escolares e se dedicarem ao
trabalho muito cedo, assim como o fato de termos escolas burguesas “únicas”,
esperado para crianças burguesas. Uma vez que, quando as crianças de pais
trabalhadores nela chegam, ocorre a não identificação por parte dos educandos
levando-os a evasão. A escola acaba perdendo de vista o seu objetivo, não
oferecendo subsídios para que sua clientela permaneça, no se interior,
abandonando-a antes de completar o nível máximo de escolarização: o nível
superior. Cunha, (1991, p.122) comenta:


                     A escola organizada para uma elite recebia crianças educadas,
                     perfeitamente equipadas para imediatamente aprenderem a ler,
                     escrever e contar, ou melhor, para vencerem o programa
                     preconizado. Os alunos provindos das classes sociais menos
                     afortunados não recebem, em casa ou na classe social a que
                     pertencem o preparo requerido pelos programas escolares
                     preconizados para as escolas da elite que perduram no sistema
                     escolar nacional. Daí as reprovações em massa à escola primária
                     do “salve-se quem puder”, a escola organizada para atender aos
                     portadores de um cabedal de experiências que lhes permitem
                     usufruir dos benefícios escolares que oferece.

      A situação da baixa escolarização no Brasil é motivo de estudos e pesquisas,
uma vez que essa situação é grave, pois, levando em consideração as diferenças
regionais, ou de gênero, raça ou faixa etária ainda há um grande número da
população que convive com os problemas do analfabetismo.


      Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o
Brasil tem hoje 1.013 municípios com taxa do analfabetismo de jovens e adultos,
acima de 35%, sendo que a região Nordeste concentra 90% desses municípios. No
15



estado da Bahia a taxa é de 16,1% de analfabetos com faixa etária entre 25 a 49
anos, enquanto que em relação ao abandono escolar é de 16,15 no Ensino
Fundamental e 20,9% no Ensino Médio.


       Diante do abandono e do analfabetismo desarcebado pelo qual o estado da
Bahia, especificamente o município de Campo Formoso, vem enfrentando, pois, de
acordo com as estatísticas do IBGE, o número de analfabetos no citado município é
de 17,6% entre os adolescentes entre 10 a 15 anos e de 32,2% entre os jovens de
15 anos ou mais.


       Frente às exigências feitas pela sociedade capitalista em relação ao nível de
escolarização, para o desempenho de cargos no mercado de trabalho,
acompanhado a exigência de uma plena escolarização do mundo globalizado, onde,
neste cenário, as informações surgem a cada instante, e precisamos acompanhá-las
e compreendê-las, torna-se indispensável à escolarização, pois é a partir disto que
os indivíduos podem ter consciência crítica, podendo assim tornar-se autônomos
nas tomadas de decisões, tanto individuais como coletivas.


       Podemos perceber que mesmo diante de tantas exigências e procura de
indivíduos escolarizados na sociedade em que vivemos, nota-se que ainda é muito
grande o número de jovens fora da escola. Motivo esse que não é justificável por
uma possível ausência de vagas oferecidas, pois, na realidade, as escolas a cada
ano estão preocupadas com a pequena quantidade de alunos que freqüentam esse
espaço, assim como, com a quantidade de alunos que evadem, antes de terminar o
ano letivo.


       Assim, percebe-se que ainda é gritante o número de jovens analfabetos no
município de Campo Formoso, como também o número de jovens que abandonam a
escola antes de terminarem seus estudos, que corresponde a 23,3%. Frente a essa
situação constrangedora pela qual o município de Campo Formoso vem enfrentando
é imprescindível questionar: “Quais as representações sociais que os jovens com
baixa escolaridade do município de Campo formoso têm sobre a escola”?
16



      Diante do tema proposto para realização do trabalho monográfico, torna-se
necessário a inserção do estudo de representações sociais. À medida que; “essas
trazem nos seus conteúdos e nos seus processos, uma marca social específica”.
Anadón e Machado (2003, p. 23).


      Por entender que as representações sociais nascem das interações de
indivíduos de uma determinada sociedade, entendida aqui, como um processo
socialmente construído, é indispensável o seu estudo, uma vez que, o problema
apresentado, requer uma visão social que nossos jovens têm atualmente de escola.


      Acredito que entender como os nossos jovens vêem a escola em nossos dias
atuais irá contribuir significativamente para que os educadores possam refletir
melhor sobre as diferenças que existem no espaço escolar, como também a
compreender o real sentido que nossos jovens dão à escola. Convidando a
instituição a refletir sobre o modelo que se faz presente no seu interior, e com o
abandono precoce por parte dos mesmos nesse espaço. Cientificamente
pretendemos contribuir para possíveis ações para que as políticas públicas possam
interferir para a permanência dos jovens na escola, uma vez que um estudo dessa
natureza identificará alguns significados que estes sujeitos dão à escola. Pretendo
com o presente estudo, compreender o processo da baixa escolarização dos jovens
do município de Campo Formoso.


Assim, o objetivo geral da minha pesquisa será:


- Identificar as representações sociais que os jovens do município de Campo
Formoso com baixa escolarização têm da escola.
17



                                      Capítulo II

     Um breve passeio pela história para aprofundar os conceitos chaves

      Diante do tema, “As representações sociais de escola dos jovens com baixa
escolaridade do município de Campo Formoso”, é de fundamental importância uma
discussão histórica das seguintes palavras chaves: representações sociais, jovens
com baixa escolarização e escola. Uma vez que, esse estudo ajudará a
compreender a situação atual da baixa escolarização, já que esse é um problema
social que tem suas origens desde o surgimento da história da Educação brasileira.


2.1. Representações Sociais


      O processo histórico é contínuo e não linear, porém não podemos conceber
os acontecimentos como algo isolado. Pois, os mesmos possuem relações com os
fenômenos    históricos    pelos   quais   passamos,   cabendo   ressaltar,   que   os
acontecimentos presentes possuem relações com os fatos passados e que as
rupturas históricas não acontecem da noite para o dia, mas sim num lento e gradual
processo. Por isso, apresentamos a evolução das representações sociais, através
de um processo histórico gradual, procurando demarcar os pontos de maior e menor
convergência existentes.


      É percebido que sob uma ótica reducionista, existia uma dicotomia entre a
Sociologia e a Psicologia, uma vez que, cabia a Sociologia, o estudo da sociedade,
e a Psicologia o estudo do indivíduo, a qual se pode nomear como Psicologia
Individual. (ALEXANDRE, 2004)


      Foi Durkheim (1947) quem utilizou pela primeira vez, o termo “representações
coletivas”, empregando na elaboração de uma teoria da Religião, da magia, e do
pensamento mítico. À medida que o mesmo argumentava que esses fenômenos
denominados coletivos não podiam ser explicados em termos individuais, uma vez
que esses fenômenos são produtos de uma comunidade, um povo, sob um processo
social. Anadón e Machado (2003, p.10) afirmam que Durkheim apresenta o termo
“Representações coletivas” como:
18



                       Diversos tipos de produções mentais sociais como a Ciência, a
                     Religião, a ideologia, os mitos e outras produções, estas que de um
                     lado se distanciam do que se entende por senso-comum.

      A idéia de representações sociais, até então entendida por Durkheim, é de
algo alheio à discussão e aos aspectos cognitivos, como também da sua produção
originada pela produção dos grupos sociais. Apoiado no ponto de vista de Durkheim,
Moscovici, desenvolve o estudo de representações sociais, “mostrando que é
possível a construção de um conhecimento válido pelo senso-comum e que se pode
aprender o conhecimento numa dimensão psicossociológica”. Moscovici (1961, apud
ANADÓN e MACHADO, 2003, p.10).


      Porém, diante desses estudos é percebida, a diferença entre o individual e o
social, entendido como (cultura ou sociedade). Nesse sentido, é percebido que
estudiosos, começam a perceber que os fenômenos de uma dada sociedade podem
ser explicados por fatores individuais e coletivos, levando a crê que o indivíduo não
é um ser estático e nem isolado do meio social, uma vez que, seus valores e idéias
são construídos socialmente.


      Assim, o estudo de representações sociais, ganha dimensão, á medida que o
mesmo acontece a partir do compartilhamento de idéias, valores e culturas
vivenciadas por determinados grupos sociais que servirão de base, e “trilha”, para a
vida quotidiana de uma dada sociedade. Jodelet (1989 apud ANADÓN e
MACHADO, 2003 p. 13) afirmando a partir dos seus estudos sobre representações
sociais que:


                     Este pensamento não se constrói no vazio, ele se enraíza nas
                     formas e nas normas da cultura e se constrói ao longo das trocas
                     quotidianas. Por isso se afirma que Representação Social é
                     socialmente construída.

      Logo, vale ressaltar a dinâmica significativa que a idéia de representação
social proposta por Moscovici e Jodelet traz ao estudo da Psicologia. Uma vez que,
o desenvolvimento do indivíduo focalizava-se no esquema Estímulo-Resposta.
      Então, é notável que o estudo de Representação Social, vem valorizar o
social e o cultural, reforçando a importância do meio, como processo indispensável à
formação do indivíduo, à medida que, o sujeito é produto do meio e vice-versa.
19




      Cabe ressaltar que as representações sociais são compartilhadas em uma
dada sociedade, onde os indivíduos constroem seus valores, conhecimentos, a partir
de interações sociais baseadas tanto no conhecimento científico, como no senso
comum, produzindo assim suas “verdades”, uma vez que isso se dá através das
experiências vividas, confrontadas e experenciadas. Almeida (2003, p. 49) afirma
que: “A função de representações sociais é orientar a conduta e a comunicação
entre indivíduos e familiarizá-los com o novo”.


      É notável a relação das representações sociais tanto no campo sociológico,
quanto psicológico, podendo ser refletido no desenvolvimento das tecnologias
presentes em nosso meio. Anadón e Machado (2003, p. 16) afirmam que é
fundamental ressaltarmos as transformações que são visíveis na sociedade, uma
vez que:


                       Essas relações produtivas e ricas de um lado a Representação
                      Social que pertence ao domínio da Psicologia social e do outro a
                      Sociologia do conhecimento, marcada pelo interacionismo simbólico,
                      pela etinometodologia, pela fenomenologia e pelo construtivismo
                      social, o que nos leva a ver a realidade social como uma construção
                      apoiada na interação e na comunicação entre as pessoas.

      As representações sociais tornam-se produto e processo de uma determinada
sociedade. Enquanto produtos deste conceito estão os valores, culturas, opiniões e
conhecimentos. Sendo que o processo está na transformação do real, já que a
transformação parte do conjunto organizado do produto, uma vez que esses fatores
acontecem socialmente, partindo de opiniões diversas, chegando ao consenso
coletivo. (ALEXANDRE, 2004)


2 . 2 Jovens com baixa escolarização


      A história da educação brasileira perpassou por vários fatores, fatores esses,
que possibilita-nos compreender as causas e conseqüências do grande número de
jovens analfabetos e com baixa escolarização presente na nossa sociedade.
20



        Consideramos ao longo do nosso trabalho os jovens com faixa etária entre 20
e 40 anos, pois acreditamos que a definição de juventude é o resultado das
experiências sociais de um determinado tempo histórico. As idades não possuem
um caráter universal. Infância, juventude e vida adulta, são resultados da história e
varia segundo as formações humanas. (CARRANO, 2003)


        A Organização das Nações Unidas (ONU) define jovem o indivíduo que se
encontra em faixa etária entre 15 a 24 anos. Portanto, concebemos o termo
juventude, a uma etapa da vida muito mais ampla considerada aqui não apenas a
uma condição biológica que pode ser simplificada e reduzida a períodos, já que
entendemos o termo juventude a contrastes, buscas e desejos de mudanças
marcadas por sucesso e vontades de transformação.


        Sabemos que desde o período colonial as escolas já possuíam caráter
discriminatório, centralizador, interceptor, autoritário, e elitista. Características essas
que se propagam até os nossos dias atuais. É percebido também, que desde esse
período a educação já era privilégio dos filhos dos colonos, porém, com a transição
histórica do período colonial para o período industrial a educação continua sendo
vista não como uma necessidade social do indivíduo, mas sim como ascensão
social, vista pela burguesia como a salvação da economia brasileira. (FREIRE,
1989)


        Diante disso, vale ressaltar que esse modelo de educação, forjou o
analfabetismo, uma vez que, a necessidade pela educação escolarizada não estava
centrada na necessidade das classes populares, mais sim da burguesia que, a
depender do modelo social que o Brasil enfrentava, aumentava a preocupação na
construção de escolas e ampliação do ensino para o “atendimento” as camadas
populares. Vale ressaltar que esse tipo de educação respondia apenas a objetivos
políticos e econômicos. Enquanto isso, a burguesia fazia discursos “camuflados” e
contraditórios, anunciando a propagação de que o Brasil detinha uma educação
universal. Freire, (1989, p. 221) afirma que:


                       Alfabetizar as camadas subalternas, sobretudo o operariado
                       segundo suas doutrinas, podendo, assim, ter mão-de-obra
21



                     qualificada e a possibilidade de desestabilizar através de eleições
                     diretas e secretas o poder absoluto da oligarquia cafeeira.

      Conhecendo um pouco a história da educação brasileira, torna-se nítido o
descaso em relação a um ensino de qualidade destinado às camadas populares. O
que se percebe em relação ao ensino brasileiro, é a elitização e dualidade do
mesmo, contribuindo para o fracasso e abandono dos jovens nesse espaço. Dual no
sentido de termos escolas destinadas às camadas populares e escolas destinadas a
burguesia; elitizado, à medida que, as escolas dispunham de um currículo único,
onde não se levava em conta a realidade cultural e social das camadas populares.
Freire (1989, p.223) nos afirma que:


                     A despreocupação pela educação, nos seus aspectos quantitativos,
                     é a conseqüência deste construir histórico que traz em seu bojo,
                     além do desprezo pelas camadas populares, a interdição de muitos
                     ao conhecimento e, portanto, os perpetua na “incompetência”, na
                     “ignorância”, nas “trevas”, no “século”, na “praga negra”, no “cancro”,
                     no “obscurantismo”, e na “vergonha” da “chaga” do analfabeto.

      Diante   da   despreocupação       educacional     enfrentada,     é    fundamental
ressaltarmos a forma autoritária e rígida que nosso sistema educacional viveu dando
sustentação a uma sociedade fechada e reprodutora. Fechada, no sentido da
conservação do status e privilégios, desenvolvendo um modelo educacional
reprodutor, onde os indivíduos recebem o seu modelo de ensino a depender da sua
classe social. Sendo que, pobres freqüentam escolas para pobres e os ricos escolas
para ricos, contribuindo de certa forma para a extensão do analfabetismo, à medida
que essas escolas destinadas às classes populares, ofereciam um currículo
elitizado, o ensino tornava-se insignificante para tal realidade, contribuindo para o
abandono escolar. Ribeiro (1998, p. 59) nos diz que:


                     A exclusão escolar não se faz paulatinamente de um nível de ensino
                     para outro e sim marcadamente, no inicio da escolarização, pois a
                     grande maioria não tem condições e, em boa parte, nem interesse,
                     diante do regime de vida que está submetido em ingressar e
                     permanecer na escola.

      È percebido que as medidas para o combate ao analfabetismo e a baixa
escolarização brasileira no nosso país, ainda é um problema que não se encontrou a
solução, pois, conforme acentuamos, o Brasil tem hoje segundo dados do IBGE
22



(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) 1.013 municípios com taxa de
analfabetismo de jovens e adultos, acima de 35%, uma vez que a região Nordeste
concentra 90% desses municípios.


      Diante do grande número de jovens analfabetos que fazem parte da
sociedade brasileira podemos perceber que grande parte deles vive na região
Nordeste, considerada como uma das regiões brasileiras que sofre com problemas
socioeconômicos. Diante disso resta perguntarmos: Que modelo de educação faz
parte do nosso cenário educacional? E Por que será que as maiorias dos excluídos
do processo educativo, são oriundas de classes populares? “Vale ressaltar que não
será qualquer escola que atenderá aos interesses das classes populares”.
(ARROYO, 2001, p.15)


      Infelizmente o problema da baixa escolarização hoje é tratado como um
problema individual daquele que evade da escola antes de completar a sua
escolarização básica, (2º grau completo). Arroyo (2001, p. 25) nos diz que:


                      No momento em que se passa a priorizar o fracasso escolar, e,
                      sobretudo o fracasso dos alunos provenientes das classes
                      subalternas, o Estado e sua escola são inocentados. Passa-se a
                      culpar o próprio povo de sua ignorância. O povo vítima, vira réu:
                      evadido, defasado, fracassado. As denúncias deixam de lado a falta
                      de condições materiais de trabalho para instruir o povo e passam a
                      centrar a atenção na evasão e fracasso do aluno, nos
                      condicionantes extra-escolares do fracasso como se tudo estivesse
                      garantido na escola como lugar de trabalho e transmissão do saber.

   Entretanto é necessário compreender que a baixa escolarização não é problema
exclusivo do aluno, mais sim de toda uma política educacional que não está
preocupada em resolver os problemas das classes populares, contribuindo para uma
educação de qualidade e significativa para o pleno desenvolvimento dessa clientela.


2.3 Escola


   Considerando a história da educação brasileira, desde o período colonial, onde a
escola destaca-se como principal articuladora entre os interesses metropolitanos e
atividades coloniais da época; além da inculcação religiosa que a mesma
23



estabelecia, pode-se perceber que nesse período era quase que inexistente uma
política educacional estatal, uma vez que o sistema educacional era oferecido por
jesuítas, que ministravam escolas “religiosas” com objetivo de formar indivíduos
dóceis (índios e escravos); enquanto os colonos detinham de um modelo
educacional que pudesse capacitá-los pra o desempenho de funções na vida
colonial. (FREITAG, 1980)


   É percebido que os jesuítas cumpriam com um modelo de educação que
favorecia a coroa portuguesa da época, com modelo de escolas reprodutoras da
sociedade escravocrata. Freitag (1980, p.47) nos diz que:


                     As escolas jesuítas, especialmente os colégios e seminários em
                     funcionamento em toda colônia, preenchiam perfeitamente essas
                     funções, ajudando e assegurando dessa maneira a própria
                     reprodução da sociedade escravocrata.

      Contudo, após a superação do Brasil colônia, nota-se a forte presença do
Estado no sistema educacional, com a expansão do ensino, como também com a
criação de escolas que pudessem beneficiar a população. Aliado a tal situação, está
à preocupação com o econômico, pois, nessa época já surgiam às primeiras
indústrias, e assim sendo, o mercado interno precisava de indivíduos capacitados
para o desempenho de atividades que só era possível se o Estado ou donos de
empresas disponibilizassem escolas voltadas para tal.


      Diante de tais demandas surgem as primeiras escolas primárias, como
também “implanta-se a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário, sendo que
o ensino religioso passa a ser facultativo”. (FREITAG 1980, p. 51) Foram
introduzidas também escolas técnicas a classe trabalhadora. Nota-se que a escola
surge para atender as necessidades da sociedade burguesa, à medida que, as
classes populares são obrigadas a obedecer ao padrão educacional até então
impostos por uma minoria esmagadora de seus direitos.


      Com o advento da sociedade capitalista, a necessidade de indivíduos
informados e especializados surge, e diante de tal necessidade, a Educação formal
se torna cada vez mais indispensável e obrigatória, pois, mesmo que de forma
“silenciosa” a escola é um grande instrumento burguês, à medida que a mesma
24



instrumentaliza os indivíduos para o desempenho de atividades consideradas
“importantes” pela sociedade. Romeu (1998, p.31) comenta que:


                      Torna indispensável à contribuição de uma atividade educacional
                      mais sistematizada que se desenvolvam através da seleção de
                      conteúdos culturais que deverão ser transmitidos as gerações mais
                      novas e que se responsabilize pelo desenvolvimento de
                      comportamentos e habilidades valorizadas pela sociedade.


      Sabemos que a escola é um instrumento do Estado, sendo que ele direciona
que objetivos a mesma deve alcançar. De forma minuciosa determina a escolaridade
necessária para sobreviver na sociedade, a depender do tempo e espaço vivido.
Assim sendo a escola torna-se uma instituição propagadora dos ideais estatais.
Ribeiro, (1998, p. 45) comenta:


                      As características dos tempos modernos, a influência do estado
                      sobre a escola contribui para agravar sua complexidade e
                      responsabilidade, fazendo dela um instrumento de perpetuação de
                      idéias e valores dos grupos de poder que representam para toda
                      população.

      Ainda falando da participação dos interesses capitalistas na escola, Almeida
(2003, p.39) contribui, afirmando que: ”Os interesses econômicos definem e
controlam o que é bom, o que serve e o que não serve para ser trabalhado no
espaço escolar”. Diante disso, percebe-se que a escola deixa de ser um espaço
onde se trabalha a diversidade, tornando-se uma instituição reprodutora da classe
burguesa.


      Nota-se que a escola surge junto as classes sociais, como forma de instrução
dos indivíduos seja ela religiosa, política ou militar. Crescendo junto ao capitalismo
pela necessidade de instruir e preparar o indivíduo, para viver “bem” de acordo com
a sociedade capitalista. Vale ressaltar que a escola mesmo que ocultamente é uma
instituição burguesa, que de certa forma contribui para a ascensão dos indivíduos
que fazem parte da alta sociedade. Freitag (1980, p.34) nos diz que:


                      A escola vem a ser, portanto, um mecanismo de reforço dessa
                      própria relação capitalista. É, pois, a escola que transmite as formas
                      de justificação da divisão do trabalho vigente, levando os indivíduos
                      a aceitarem, com docilidade, sua condição de explorados, ou a
25



                     adquirirem o instrumental necessário para a exploração da classe
                     dominada.


      A escola é uma instituição de grande poder social, portanto é necessário que
a mesma desenvolva o seu papel de forma democrática e autônoma. Democrática
no sentido de perceber as diversidades que nela existe contribuindo com uma
educação flexível, voltada ao interesse social dos indivíduos que dela fazem parte;
Autônoma no sentido de criar intercâmbios com a sociedade, buscando um ensino
significativo, desenvolvendo técnicas para o seu crescimento. Gadotti (2001, p.48)
diz que:


                      Pensar em uma escola autônoma e lutar por ela é dar um sentido
                     novo a função social da escola e do educador que não se considera
                     um mero cão de guarda de um sistema iníquo e imutável, mas se
                     sente responsável também por um futuro possível.


      Contudo, a escola é elementar para o desenvolvimento social dos indivíduos.
Assim sendo, é indispensável que se pense em uma escola que realmente possa
contribuir para o crescimento de indivíduos pertencentes a diversas realidades, uma
vez que: “a escola é um projeto de classe e não de uma burguesia esclarecida, de
um dirigente benevolente ou de um educador comprometido” (ARROYO 2001, p.19).
Portanto, o papel da escola não é de exploração, reprodução e tão pouco de
exclusão como equivocadamente ainda percebe-se no cenário da educação
brasileira. É preciso conceber a escola como papel fundamental na inserção e
transformação do homem no meio social.
26



                                    Capítulo III

              Caminhos metodológicos para a busca de resultados

   A sociedade atual elege como necessidade indispensável aos indivíduos o
estudo formal (escola), no entanto, ainda é gritante o número de jovens fora dela.
Perante tal situação, o presente trabalho irá ajudar a entender como os jovens com
baixa escolarização representam esse espaço em nossos dias atuais.


3.1 .1 Conhecimento científico


   “A preocupação com o conhecimento não é nova. Praticamente todos os povos
da antiguidade desenvolveram diversas formas de saber” (CARVALHO 1989, p. 15).
A partir da afirmação, é fundamental ressaltarmos que o conhecimento científico
nasce no senso comum. Entendido aqui como “o conjunto de informações não-
sistematizado que aprendemos por processos formais, informais e às vezes,
inconscientes, e que inclui um conjunto de valorações” (CARVALHO 1989, p.16).
Podemos dessa forma, conceber o senso comum como à base onde se constrói o
conhecimento científico.


3.1.2   Ciências sociais e pesquisa qualitativa


        “O principal interesse da ciência social é o comportamento significativo dos
indivíduos engajados na ação social, ou seja, o comportamento ao qual os
indivíduos agregam significado considerando o comportamento de outros indivíduos”
Weber (1864-1920 apud GOLDENBERG, 2000, p. 19). Nessa perspectiva, a
pesquisa eleita no campo das ciências sociais é de cunho qualitativo, por lidar com
emoções, valores e subjetividade. A descoberta é o grande desafio na pesquisa
qualitativa, assim, a compreensão da realidade, segundo Castro (2006) “vem do
interior, e não da observação dos aspectos externos. A simplicidade falsifica e a
complexidade enriquece” (p.22).


        Buscando identificar as representações sociais que os jovens com baixa
escolarização do município de Campo Formoso têm de escola e procurando
entender essa realidade dentro de uma perspectiva científica, adotaremos a
27



pesquisa qualitativa, uma vez que “os dados da pesquisa qualitativa objetivam uma
compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto da
maior relevância do aspecto subjetivo da ação social” (CARVALHO 2000, p. 49).


3.1.3   Coleta de dados


        Considerando como pesquisa o conjunto de atividades que têm como
finalidade a descoberta de novos conhecimentos para a interpretação dos fatos
sociais estudados, Demo (1999) nos afirma que o ato de pesquisar; "é o diálogo
inteligente com a realidade, tomando-o como processo e atitude, e como integrante
do cotidiano”. (p.36-37).


        Como instrumento para coleta de dados, foi realizado a pesquisa de campo
entendida aqui como “aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta”
(MARCONE 2007, p.117). Nessa perspectiva, a técnica utilizada para a
documentação direta, foi o questionário fechado, pois, o mesmo desempenha papel
decisivo na obtenção de informações sócio-econômica dos sujeitos entrevistados; e
a entrevista semi-estruturada tendo como objetivo colher informações relevantes
para o tema estudado. A mesma conta com um roteiro pré-estabelecido, com
objetivos de averiguar os fatos sócio-culturais e opiniões sobre a temática proposta,
contribuindo para a comparação das respostas dadas.


        Entendendo a técnica apresentada como o encontro entre duas pessoas, com
o propósito de colher informações, seja ela verbalmente ou através dos sentimentos
do entrevistado, acredita-se que a mesma será de grande relevância para o
desenvolvimento da pesquisa, à medida que “a entrevista estruturada tem como
objetivo principal a obtenção de informações do entrevistado, sobre determinado
assunto ou problema” (ANDRADE e LAKATOS 1996, p. 84).


3.2.4 Lócus


        O lócus pesquisado é o município de Campo formoso, situado ao norte da
Bahia, localizado a 400 km da capital (Salvador), cujo acesso é feito pela BR-324.
28



Apesar da sua proximidade com a caatinga, a cidade possui um clima ameno, sua
área geográfica é de 6.806 km², com 61.905 habitantes, sendo que 20.972 desses
residem na zona urbana.


        O local onde foi realizado a presente pesquisa é um povoado, situado a 15 km
da sede de Campo Formoso denominado Lagoa do Pastorador I, com cerca de 100
(cem) habitantes, que sobrevivem da agricultura familiar e do comércio de frutas,
realizados nas cidades de Campo Formoso e Senhor do Bonfim.


        A escolha pelo lócus se deu a partir do grande número de jovens com baixa
escolarização residente nesse povoado, uma vez que os mesmos dispõem de
escolas, porém pouco freqüentadas.


3.1.4   Sujeitos


        Os sujeitos ouvidos para a elaboração da presente pesquisa são jovens com
faixa etária entre 20 a 40 anos, no total de 12 (doze), por acreditar que essa
quantidade será relevante para identificarmos as representações sociais que os
mesmos têm de escola. Acredita-se que o aumento de sujeitos acarretará na
repetição de respostas não contribuindo para o andamento da pesquisa. Cabe
ressaltar que, "O número e a representatividade dos entrevistados devem ser tais
que possam apoiar e validar os resultados da pesquisa de campo” (RUIZ 1991, p.
51).


        A escolha por jovens nessa faixa etária está relacionada ao grande índice da
baixa escolarização e evasão dos mesmos no espaço escolar. (IBGE) Instituto
brasileiro de geografia e Estatísticas)
29



                                     Capítulo IV

       A escola atual representada pelos jovens com baixa escolarização

4.1.1 Desenvolvimento da pesquisa

               A escola é tudo, pois, ali é a esperança de depois arranjarmos um emprego.
                                                                               (J. 09)

      “As falas e ações dos entrevistados dizem muito quando procuramos
compreender o que elas querem expressar” (ALMEIDA 2003, p. 73). Elas trazem
representações significativas da escola atual, ilustrada por jovens que conviveram
nesse espaço somando experiências, valores e representações construídas
socialmente.


      É preocupante o número de jovens com baixa escolarização. Pois, segundo
dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Campo Formoso
possui cerca de 32,2% de jovens fora da escola. Visto como um problema a ser
solucionado, emerge a necessidade de se conhecer as representações sociais que
esses jovens elaboram sobre a escola atual, a fim de que essas identificações
possam contribuir para possíveis metodologias que envolvam os jovens no espaço
escolar.


      Este trabalho foi desenvolvido tendo como base a pesquisa qualitativa, onde
se pode adentrar na subjetividade dos indivíduos envolvidos, através do contato
direto, o que possibilitou-nos identificar e conhecer um pouco sobre as
representações que os mesmos têm de escola.


      Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram escolhidos no intuito de
possibilitar uma maior aproximação com as representações sociais que os jovens
têm sobre a escola atual. Optamos pela entrevista semi-estruturada, e o questionário
fechado, onde pudéssemos conhecer o perfil sócio-econômico dos sujeitos
pesquisados. A opção pela seleção se deu, por percebermos que o maior número de
jovens com baixa escolarização se dá a partir dos 20 anos de idade.
      Todo caminho percorrido foi construído por encontros produtivos, que nos
possibilitou olharmos como os jovens vêem a escola atual a partir das suas
representações.
30




4.1.1 Síntese do perfil dos jovens


   A) Idade


              Os jovens que responderam à entrevista encontram-se na faixa etária
   entre 20 a 40 anos. Foram entrevistados 12 (doze), jovens, sendo que 05 (cinco),
   ou 42% encontram-se na faixa etária entre 20 a 30 anos, enquanto que 07 (sete),
   ou 58% entre 31 a 40 anos.




                                                    42%         Jovens de 20 a 30
                                                                anos
                                                                Jovens de 31 a 40
                           58%                                  anos




                 Gráfico 4.1.1: caracterização da idade dos jovens entrevistados
              Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens da pesquisa.


   B) Escolaridade


      Dos doze jovens que participaram da entrevista 09 (nove), ou 75% deles,
concluíram o Ensino fundamental I (1ª a 4ª ª séries), enquanto 03 (três), ou 25%
concluíram o Ensino Fundamental II (5ª a 8ª séries). Diante dos fatos apresentados,
notamos que a maioria dos sujeitos abandonou a escola ainda no início de seus
estudos. Com isso, entendemos que a exclusão escolar iniciou-se para esses jovens
em seus primeiros anos da vida escolar.
31




                                                                    Jovens que
                                                                    concluíram o
                               25%
                                                                    Ensino
                                                                    Fundamental I
                                                                    Jovens que
                                                                    concluíram o
                                                    75%
                                                                    Ensino
                                                                    Fundamental II




                                   Gráfico 4.1.1: nível de escolarização
          Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens da pesquisa.


C) Sexo


      Entre os jovens entrevistados, 07 (sete), ou 58% desses são do sexo
masculino e 05 (cinco), ou 42% do sexo feminino, todos residentes na zona rural. É
notável entre os sujeitos entrevistados, uma maior predominância do sexo masculino
fora da escola, acentuando a presença machista, onde o papel do homem é manter
equilibrada a situação financeira da sua família. Muitas vezes essa necessidade
financeira deixa-os excluído do espaço escolar.




                60%

                50%

                40%

                30%                                                             Série1

                20%

                10%

                 0%
                         Jovens do sexo   Jovens do sexo feminino
                           masculino



                             Gráfico 4.1.1: caracterização de gênero
          Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens entrevistados
32



D) Trabalho


      Com base nas informações colhidas, 05 (cinco), ou 42% deles não trabalham,
sendo que 07 (sete), ou 58% afirmam trabalharem. Dos que trabalham 03 (três), ou
43% realizam trabalhos informais e 04 (quatro), 57% trabalhos formais. Entre os
sujeitos que trabalham formalmente, estão aqueles que concluíram o Ensino
Fundamental II. Uma vez que, os demais realizam trabalhos informais ou nenhum
outro tipo de trabalho remunerado, isso, reforça a idéia que eles têm em relação à
importância da escola para o mercado de trabalho.


E) Renda familiar


      A renda desses jovens está em média de 90,00 a 415,00 reais. Sendo que 11
(onze), ou 92% recebem menos de um salário mínimo e 01 (um), ou 8% um salário
mínimo. A renda desses sujeitos é fruto de trabalhos formal e informal. É notável que
os mesmos atribuem suas baixas rendas, a não permanência no espaço escolar,
mostrando-se conformados com a situação vivida por acreditarem que apenas
aqueles que concluíram seus estudos são dignos de uma boa condição financeira.




                                  8%

                                                            Jovens com renda
                                                            mensal inferior a
                                                            um salário mínimo
                                                            Jovens com renda
                                                            igual a um salário
                                                            mínimo

                                       92%




                                   Gráfico 4.1.1: remuneração
           Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens entrevistados


F) Lazer
33



      Quando foi perguntado o quê os sujeitos faziam no momento de lazer, as
respostas foram surpreendentes, pois, 06 (seis), ou 50% dos entrevistados
afirmaram não ter esse momento, esclarecendo que o mesmo é utilizado para
desenvolverem algumas atividades domésticas; bordar, fazer faxina e cuidar dos
animais. Enquanto 06 (seis), ou 50% afirmam usufruírem desse momento para
pescar, ler a bíblia, ir à igreja e praticar esportes. É percebido, que para aqueles que




                                                           Jovens que
                                                           usufruem o seu
                                                           momento de lazer




                      50%                       50%        Jovens que
                                                           utilizam esse
                                                           momento para
                                                           realização de
                                                           atividades
                                                           domésticas




                                Gráfico 4.1.1: momento de lazer
         Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens entrevistados.


4.1.2 Discursos dos jovens sobre a escola


      Visando identificar as representações sociais de escola dos jovens
entrevistados, utilizamos também como instrumentos de coleta de dados a entrevista
semi-estruturada, por entender esse instrumento de suma importância para a
realização do presente trabalho, pois a mesma nos possibilitou o contato direto com
os sujeitos, onde pudemos analisar não somente as respostas orais, mas também
as ações, sentimentos e atitudes que vieram à tona.


      Considerando como objeto de estudo, as representações sociais dos jovens
com baixa escolarização de 20 a 40 anos, convém lembrar que a representação
social é “gerada e produzida ao longo de intercâmbios sociais, constituindo-se como
elemento pertencente à vida coletiva” (ANADÓN e MACHADO 2003, p. 14).
34



        Apresentaremos em seguida os resultados através de categorias, no intuito
de enfatizar as representações sociais de escola identificadas.




4.1.2.1 Escola representada como passaporte para o sucesso econômico


        Ao falar de escola, para os jovens é unânime a representação social de lugar
importante para a construção de um futuro seguro. Percebemos que os sujeitos não
conseguem perceber a importância desse espaço na construção de uma
consciência política, responsável pelo desenvolvimento cultural, intelectual e social
dos indivíduos que vivem cercados pelas rápidas informações que precisam ser
acompanhadas e compreendidas.


Eis a fala de alguns jovens:


                           É o lugar onde nos formamos para conseguirmos um bom emprego
                           (J1 06).
                           A escola é o lugar onde as pessoas adquirem conhecimentos para
                           praticar lá fora (J¹ 09).


        A escola é representada como o espaço responsável por um futuro
economicamente bem sucedido para aqueles que nela estréia e permanece
alcançando uma escolarização plena. Pudemos notar em suas falas, a forte
presença de um discurso elitista, ficando subentendido que os sujeitos também
representam esse espaço como fator indispensável ao desenvolvimento e
fortalecimento do capitalismo.


        Nesse sentido pudemos lembrar as palavras de Gentili (2001, p.248), quando
afirma que “A propriedade da educação se adquire (se compra e se vende) no
mercado dos bens educacionais, “serve”, enquanto propriedade “possuída”, para
competir no mercado dos postos de trabalho”.


1
 A fim de preservar a identidade dos sujeitos da nossa pesquisa, utilizaremos a letra J seguida de numeral
ordinal para a identificação das falas dos jovens.
35



      Somando-se a isto, percebemos que os sujeitos sentiram muitas dificuldades
quando lhes foi solicitado que representassem a escola em três palavras. 75% se
mostraram resistente, afirmando apenas que não sabia. Apenas 25% conseguiram
responder.


                     Salvação, esperança e dedicação. (J¹09)
                     Educação, melhoramento de vida e Ensino Fundamental. (J¹10)
                     É tudo, educação, e melhoramento de vida. (J¹12)


      Percebemos que esse espaço é considerado como a “salvação” da
sociedade. Como um lugar onde deveríamos estar para a garantia de uma boa
sobrevivência e um país economicamente bem. Ribeiro (1998, p. 45) contribui para
entendermos as representações dos jovens entrevistados afirmando que “as
características dos tempos modernos, a influência do estado sobre a escola, faz dela
um instrumento de perpetuação de idéias e valores dos grupos de poder que
representam toda população”.


      No entanto, percebemos que a escola ainda é um instrumento ideológico dos
poderosos, e paradoxalmente, entende o seu papel como elemento de ascensão
dos indivíduos na sociedade.


      Eis as falas de alguns jovens:


                     Para preparar a gente para concursos, só assim nos tornamos
                     alguém na vida. (J¹ 03)
                     A escola serve para formar a pessoa e preparar para arranjarmos
                     um emprego (J¹ 09)
                     Serve para livrar os jovens das drogas. É uma forma de arranjarmos
                     um emprego melhor para a valorização da nossa renda. (J¹ 10)


      Ao serem questionados sobre o papel da escola na sociedade atual,
percebemos a forte influência de uma educação mercadológica nas falas dos
sujeitos. 84% partem do pressuposto de que a mesma é responsável pelo futuro
brilhante daqueles que a freqüentam. Para aqueles que dela evadiram, muitos
36



passaram a aceitar passivamente suas condições de vida. Por isso cabe-nos
recordar Freitag (1980) quando afirma que “a escola transmite as formas de
justificação e da divisão do trabalho vigente, levando os indivíduos a aceitarem com
docilidade sua condição de explorados da classe dominada”. (p. 34)


      Percebemos que a escola era o sonho de cada um desses jovens, que hoje
frustrados com a situação vivida, atribuem esse “insucesso” ao abandono desse
espaço, considerado como a salvação da humanidade. A escola é representada por
59% dos entrevistados como o lugar responsável pelo sucesso dos indivíduos que
dela fazem parte. È notório que esses jovens possuem um discurso amplamente
divulgado pela mídia neoliberal acerca do papel da escola. Isso só reforça o que
Ribeiro (1998, p. 45) afirma que “a escola é um instrumento de perpetuação de
idéias e valores dos grupos de poder que representam toda população”.


4.1.2.2 Escola como um espaço mais moderno e atual


      Ao serem questionados sobre a escola de hoje 70% dos jovens,
representaram esse espaço como o lugar de transmissão de conhecimentos que nos
leva a uma boa situação financeira. Ficando muito claro em suas falas, que a escola
de hoje tem mais inovações, sendo que essas inovações contribuem muito para um
ensino de qualidade.


                       Acho muito importante, porque hoje tem muitas coisas que no tempo
                       que    estudava    não        tinha   computadores   professores   com
                       comportamentos diferentes. (J¹ 01).
                       A escola mudou bastante, pois, tem muitas coisas que não é do
                       mesmo jeito de quando eu estudava. Agora está tudo organizado e
                       isso é muito legal. (J¹ 06)
                       A escola hoje visa um futuro melhor para a gente arranjar um bom
                       serviço. (J¹ 11)
                       A escola de hoje é boa parque... Os alunos perguntam na hora da
                       explicação e antes não falava. (J¹ 05)


      Ao falarem de escola atual, os jovens apontam a escola do passado (tempo
em que eles estudavam) como espaço deficiente, em relação aos recursos didáticos,
37



para-didáticos, formação e metodologia dos professores. Esses sujeitos vêem a
chegada desses recursos na escola e a profissionalização desses profissionais,
elementos decisivos para uma boa formação e inserção deles no mercado de
trabalho.


      Representando a escola atual, os jovens apontam como elemento decisivo na
educação, “o comportamento dos professores”. Nomenclatura utilizada para
recordarem o autoritarismo e a metodologia vivida por eles no seu tempo de escola.
Pudemos notar em suas falas que esses fatores (autoritarismo e metodologia)
vividos tornavam-se algo inibidor e excludente. Freire (1979, p.32) nos diz que “a
educação deve ser desibinidora e não restritiva e que é necessário darmos
oportunidade para que os educandos sejam eles mesmos”.


       Ao falar dos seus tempos de escola, os sujeitos situaram o autoritarismo e a
metodologia dos trabalhos da escola como constrangedoras e desagradáveis. Nas
palavras de Freire (1979 p.38) quando fala da educação bancária, afirma que “o
professor nesse modelo de educação é um ser superior e o aluno ignorante, que
deve receber passivamente os conteúdos, tornando-se um depósito do educador”.
Cabe-nos afirmar, que esse modelo de educação ao qual Freire se refere, não é
diferente da educação relembrada pelos entrevistados. Notamos claramente essa
semelhança quando um dos jovens falou da falta de diálogo nos momentos de
construção do conhecimento e do comportamento dos professores. Isto nos leva a
entender que esse modelo de educação não atendia as expectativas dos
educandos, que entende o processo educacional como uma construção entre
educando e educador.


            Considerando as representações sociais de escola atual dos jovens
entrevistados, percebe-se, que mesmo de forma lenta, a cada ano acontecem
avanços     nessa   área.   Levando-nos   acreditar,   que   isso   se   dá   mediante
conscientização dos envolvidos no processo educacional, na luta pela sua
autonomia. Pois, para a concretização dessa autonomia é fundamental um
desenvolvimento pleno das suas finalidades. Assim, na busca de um ensino
significativo Gadotti (2001, p. 48) nos afirma que “pensar em uma escola autônoma
38



e lutar por ela é dar um sentido novo a sua função social e do educador que não se
considera um mero cão de guarda de um sistema iníquo e imutável”.


 4.1.2.3 Escola: lugar privilegiado as classes sociais mais favorecidas


      Quando questionamos aos jovens o motivo de terem abandonado a escola,
surgiu uma nova representação social ligada à condição financeira. Ficando claro
em suas falas, que esse espaço privilegia as classes mais favorecidas.


                      Abandonei porque minha mãe morreu e tive que trabalhar para
                      ajudar meu pai a criar meus irmãos pequenos. (J¹ 01)
                      Motivo de trabalho. Eu trabalhava e chegava muito tarde e não
                      sobrava tempo para estudar. (J¹ 10)
                      Porque eu tive que arranjar serviço para me manter. (J¹ 11)
                      Tive que escolher trabalhar ou estudar, como necessitava tive que
                      trabalhar. (J¹ 12)


      Notamos nas falas dos entrevistados, a escola como o lugar daqueles que
possui status social. 90% afirmaram que abandonaram esse espaço pela
necessidade socioeconômica. Percebemos que os sujeitos evadidos da escola
viviam situações difíceis, tendo que fazer escolha entre o mercado de trabalho e a
escola. Por ser o trabalho uma necessidade urgente e inadiável. A escola passa a
ser dispensável na vida desses indivíduos. Nesse sentido a educação torna-se para
eles segundo plano.


      Considerando as principais causas que levaram os jovens representarem a
escola como espaço privilegiado as classes sociais mais favorecidas, acreditamos
que esse é um processo característico de uma sociedade fechada, onde a elite,
mesmo que de forma indireta, prescreve e impõe os limites das classes populares,
determinando sua escolarização, tornando os sujeitos objetos do processo
educativo. Freire (1979 p. 34) traz críticas ao modelo de sociedade fechada
afirmando que “a participação das massas na história é indireta. Não deixando
marcas como sujeitos, mas como objetos”.
39



      Levando em consideração que sociedade e educação são interligadas e que
por sua vez, um é reflexo do outro, acreditamos que esse modelo de sociedade,
contribui para a conservação de status, levando um filho de trabalhador permanecer
filho de trabalhador, não dando chances para que o mesmo possa conhecer outras
situações. Para esse modelo de educação denominamos educação reprodutora.


      Pudemos notar que a escola ainda não está preparada para atender toda sua
clientela, sendo pensada apenas para uma minoria, tornando-se um instrumento
discriminatório. Esse espaço, considerado como direito de todos, acaba se tornando
lugar privilegiado àqueles que dispõem de uma boa condição financeira, podendo
assim, disponibilizar de tempo para se realizarem plenamente nesse espaço. Nesse
sentido podemos citar Freire, quando nos diz que a escola desde o período colonial
já possuía caráter discriminatório, interceptor e elitista. (FREIRE, 1989)


4.1.2.4 Escola: lugar traumático e autoritário


                      Não gostava quando a professora me chamava no quadro, tinha
                      vergonha e medo de errar. Ela não gostava. (J¹ 03)
                      Não gostava do sono e da falta de coragem, pois, trabalhava
                      durante o dia e a noite ficava com sono. Ninguém agüentava. (J¹ 07)
                      Não gostava dos puxões de orelha que levava. (J¹ 12)
                      Gostava de ler textos, pois eu era muito boa nisso. (J¹ 09)
                      Gostava de interpretar e ler textos para aprender a pronunciar as
                      palavras corretamente (J¹ 10)
                      Gostava do recreio, pois me divertia muito. (j¹ 11)




      Fazendo um contraponto entre o que os jovens gostavam e não gostavam na
escola, é interessante destacar que esse espaço ainda é pensado para pessoas
com facilidades de aprendizagem. É percebido nas falas de 100% dos jovens
entrevistados, uma escola traumática, pensada para uma elite e os indivíduos das
camadas populares que nela estréiam, carregam em si o medo de não conseguirem
se realizarem plenamente, até mesmo nas atividades escolares rotineiras.
40



                      Crianças vindas de família pobres são, em geral, as que têm menos
                      êxito se avaliadas através dos procedimentos convencionais de
                      medida e as mais difíceis de serem ensinadas através dos métodos
                      tradicionais. (GENTILLLI 2001, p.11)


      È notório nas falas dos entrevistados, quando se perguntou sobre as coisas
ruins da escola, a forte presença do autoritarismo em sala de aula e o cansaço por
parte dos alunos que precisam relacionar trabalho e escola. Acompanhado ao
autoritarismo estão os castigos por parte dos professores, quando esses alunos não
conseguem realizarem as atividades propostas. Fator que contribui para a não
identificação desses, no espaço escolar, antipatizando-o e representando como
lugar traumático e autoritário. O medo, presente no momento da realização das
atividades propostas, é fruto da imagem distorcida que eles têm em relação ao
professor, considerado como dentetor do conhecimento. Gentilli (2001 p. 199) afirma
que “os pais e os estudantes não estão suficientemente organizados para ter força
na luta para controlar a autoridade pública”.


      Diante das informações coletadas, podemos conceber que a escola na
maioria das vezes torna-se um pesadelo na vida dos filhos de trabalhadores que
nela chegam. Com base no que foi apresentado, cabe-nos citar Cunha (1991, p.120)
quando afirma que “para os filhos dos trabalhadores a experiência escolar é algo
traumatizante. A disciplina, o significado das palavras, o vocabulário, as maneiras
consideradas decentes é algo traumatizante”.


      Quando perguntamos o que os jovens mais gostavam na escola foi
surpreendente, pois, 100% apontaram como situação marcante, atividades que se
identificavam, e se davam bem; algumas metodologias e o momento de lazer. Isso
só vem mostrar o quanto à escola ainda não está preparada para o diferente, o
novo. Vimos que o espaço escolar não acolhe. Sendo que esse por sua vez não
está adaptado para o desenvolvimento de potencialidades, levando-nos a acreditar
que as escolas são pensadas e organizadas para um só tipo de indivíduos o que
denominamos como escola única. Nenhum dos sujeitos aponta como bom e
inesquecível uma atitude da escola em compreendê-lo, apontando-lhe o caminho de
algo a ser percorrido, (as dificuldades de aprendizagem). Por isso, concebemos
41



ainda a escola como um espaço excludente, uma vez que poderia ser compreendida
como “projeto de classe e não de uma burguesia esclarecida, de um dirigente
benevolente ou de um educador comprometido” (ARROYO, 2001, p. 19).
42



                             CONSIDERAÇÕES FINAIS


Dentro do contexto da pesquisa apresentada, com intuito de responder ao objetivo
proposto a partir da questão: “Qual a representação social que os jovens com baixa
escolarização têm de escola?”. Foi possível, através da entrevista semi-estruturada,
estabelecer o contato com os jovens, chegando resultados apresentados.


O discurso dos jovens entrevistados ressaltou unanimidade, ao representarem
socialmente a escola como um espaço responsável pela futura ascensão do
indivíduo. Mesmo eles não freqüentando mais esse espaço, abandonando-o antes
de concluírem o Ensino Médio, vale ressaltar que os mesmos atribuem à escola,
papel decisivo na vida dos indivíduos, ficando subentendido que a mesma, segundo
as suas representações, serve não como uma realização pessoal, mais sim como
um meio de promoção financeira, sendo privilégio das classes sociais mais
favorecidas e lugar traumático, autoritário.


Tivemos como limitações no decorrer da pesquisa, a dificuldade na coleta dos
dados, já que alguns sujeitos se recusaram a responder as perguntas afirmando
serem “inferiores” e que o seu nível de escolaridade não era suficiente para dar
tantas informações. Mas este fator não nos impediu de desenvolvermos nosso
trabalho de forma responsável e obter resultados.


Gostaríamos aqui, de chamar a atenção dos profissionais da área da educação dos
jovens, a todos aqueles envolvidos nesse processo, para que possam estar atentos,
tanto no que diz respeito ao número de jovens que se encontra fora da escola, como
para o que se propaga nesse espaço, sobre o papel e a importância da mesma.
Pois, acredita-se que esse é um espaço de socialização, onde podemos refletir
sobre os fatos sociais e culturais que nos cercam. Para isso é fundamental o
desenvolvimento de metodologias significativas que possam contribuir para uma
possível resolução do problema.
43



                                   Referências

ALEXANDRE, Marcos. 2003, Científico do Brasil, Rio de Janeiro, Vl. 10 P, 129-138
2004.

ALMEIDA, Suzzana Lima. A escola aborrecente: Um estudo de representações
sociais que os adolescentes têm sobre a escola atual. Canadá, 2003.
Dissertação (mestrado em Educação e pesquisa) - Departamento de Educação,
Université du Quebec à Chicotimi do Canadá.

ANADÓN, M; MACHADO, P.M. Reflexos teóricos metodológicos sobre as
representações sociais: Salvador: Uneb, 2003.

ANDRADE, Maria Margarida de: Introdução À metodologia do trabalho
Científico: elaboração de trabalhos na graduação: 8ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.

ARROYO, Miguel G. Da escola Carente à Escola Possível: 5ª ed. São Paulo:
Loyola, 2001.


CARRANO, Paulo Cezar Rodrigues. Juventude e cidades educadoras. Petrópolis,
vozes 180 p. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em 20 de set. de 2008.


CASTRO, Cláudio de Moura. A prática da pesquisa: 2ª ed. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2006.


CUNHA, Luiz Antonio. Educação e Desenvolvimento Social no Brasil: 12ª ed. Rio
de Janeiro: F. Alves, 1991.


DEMO, Pedro. Princípios Ciêntífico e Educativo: 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1999.


ENGUITA, Mariano Fernandez. A Face Oculta da Escola: Educação e Trabalho
no Capitalismo: ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.


FREIRE, Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil: ed. São Paulo: Cortez, 1989.


FREITAG, Bárbara. Escola Estado e Sociedade: 4ª ed. São Paulo: Morais,1980.
44



GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética da Educação: 10ª ed. São Paulo: Cortez,
1997.


GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã: 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.


GADOTTI, Moacir. Escola Vivida e Escola Projetada: ed. Campinas São Paulo:
Papirus, 1992.


GENTILI, Pablo. Pedagogia da Exclusão: Crítica ao Neoliberalismo em
Educação: 10ª ed. Rio de Janeiro; Vozes, 2001.


GOLDEMBERG, Miriam. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa
em Ciências Sociais: 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2000


GOFFMAN, Eving. A Representação do Eu na Vida Cotidiana: 9ª ed. Petrópolis:
Vozes, 1985.


INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS. Manual de referências
bibliográficas. Disponível em: http://www.inep.gov.br/saeb/defalt.html. Acesso em 20
de Jun. 2008.


INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS. Manual de referências
bibliográficas.   Disponível   em:   www.sec.ba.gov.br/estatisticas/indicadores.html.
Acesso em 20 de Jun. 2008.


LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Maria de Andrade. Técnicas de pesquisa:
Planejamento e execução de pesquisa, amostragens e técnicas de pesquisas,
elaboração, análise e interpretação de dados: 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 1996.


RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação Brasileira: 15ª ed. Campinas
São Paulo: Coleção memória da educação, 1998.


ROMEU, Sônia Aparecida. Objetivos Organizacionais e Objetivos Educacionais:
ed. São Paulo: EPU, 1987.
45




RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos: 3ª
ed. São Paulo: Atlas, 1991.


SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: 31ª ed. São Paulo: Autores associados,
1997.


THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisação. 5ª Ed. São Paulo: Cortez,
1992.
46




Anexos
47



                   UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
                DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                       SENHOR DO BONFIM – BAHIA



Este questionário é um instrumento relativo à pesquisa que realizo nos
quadros de TCC, enquanto concluinte do curso de Pedagogia com habilitação
em docência e Gestão de processos Educativos.


Agradeço pela valiosa colaboração, manteremos o devido sigilo, e uma
postura ética enquanto pesquisadora.


Lidiana Almeida Bonfim




             QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO SEMI-ABERTO:




   1) Qual a sua idade?


( ) 20 a 30 anos       ( ) 31 a 40 anos


   2) Seu nível de escolarização;


( ) Ensino Fundamental ( 1ª a 4ª série)   ( ) Ensino Fundamental II ( 5ª a 8ª série)


   3) Atualmente você trabalha?


( ) Sim      ( ) Não


   4) (Se trabalha) seu trabalho é:


( ) formal      ( ) Informal
48




   5) Sua renda é de:


( ) menos de um salário mínimo ( ) um salário mínimo   ( ) mais de um salário
mínimo


   6) O que você costuma fazer no momento de lazer?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
49



                   UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
                DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                       SENHOR DO BONFIM – BAHIA



                           ROTEIRO DA ENTREVISTA




1º Para você o que é escola?
2º Diga o que é escola em três palavras.
3º O que você acha da escola hoje? Por quê?
4º O que você achava da escola quando estudava? Por quê?
5º Em sua opinião para que serve a escola?
6º Porque você abandonou a escola?
7º O que você menos gostava na escola quando estudava? Por quê?
8º O que você mais gostava na escola quando estudava? Por quê?
50
51

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  • 1. 10 INTRODUÇÃO Este trabalho de pesquisa pretende atender as exigências do curso de Pedagogia Docência e Gestão de processos Educativos. Tendo como atividade, um estudo sobre representações sociais dos jovens com baixa escolarização da cidade de Campo Formoso Bahia, especificamente no povoado de Lagoa do Pastorador I. O presente trabalho vem tratar de forma prática e construtiva um dos assuntos de grande relevância no cenário educacional brasileiro; As representações sociais de escola dos jovens com baixa escolaridade. Já que esse é um problema presente no nosso quotidiano. O nosso objetivo foi identificar as representações sociais que esses jovens têm de escola. Esse trabalho consiste em levarmos uma reflexão acerca dos problemas que levam os jovens a evadirem da escola, como também perceber como os mesmos representam esse espaço. A escolha pelo tema surgiu quando tivemos a oportunidade de estudar no espaço acadêmico a história da Educação Brasileira. Aprofundando os estudos sobre tal, percebemos que a mesma possui ranços, entre eles está a baixa escolaridade. Para melhor compreensão do mesmo foi indispensável um estudo, que nos ajudasse a perceber como o espaço escolar é representado pelos jovens, sujeitos escolhidos para a realização da presente pesquisa, (As representações sociais de escola dos jovens com baixa escolaridade do município de Campo Formoso). No capítulo I, procuramos detalhar um estudo sobre o problema da baixa escolarização no Brasil desde o período colonial até os nossos dias atuais, com enfoque no estado da Bahia, especificamente na cidade de Campo Formoso já que esse foi o lócus da pesquisa. No capítulo II, procuramos trazer um estudo aprofundado das seguintes palavras chaves: representação social, jovens com baixa escolarização e escola, no intuito de contribuirmos, para uma melhor compreensão do tema trabalhado. No capítulo III, abordamos a importância da pesquisa qualitativa, dos instrumentos de dados, dos sujeitos e do lócus para a obtenção dos resultados que foram alcançados. No capítulo IV, trazemos os resultados da entrevista realizada; o perfil sócio-econômico, como também as análises das
  • 2. 11 representações sociais de escola dos jovens. Na conclusão, procuramos trazer os possíveis resultados e impasses presente no trabalho, onde na oportunidade solicitamos sugestões que possam contribuir para uma possível solução do problema.
  • 3. 12 Capítulo I Os jovens com baixa escolarização e a escola 1.1 Os jovens e a baixa escolarização. A escola é uma instituição remota, surgida desde as sociedades tribais, mesmo que de forma rudimentar, por estar localizada muitas vezes na própria família, variando seu número, conteúdo de ensino, duração, organização de currículo, seleção de destinatários e de professores. Segundo Cunha (1991) ”nessa época não se tinha um modelo de educação registrado de acordo com as Diretrizes Nacionais, sendo que algumas eram restritas apenas no âmbito Familiar.” (p.113). Nesse sentido, a educação tinha como papel a instrução dos indivíduos, seja ela religiosa ou familiar. Religiosa, no sentido de evangelização dos índios tendo como responsáveis por esse ensino os jesuítas com objetivos de catequização tornando-os dóceis, através da inculcação dos dogmas e doutrinas do catolicismo. Já no ensino voltado a instrução familiar acontecia no próprio lar com um ensino voltado às necessidades quotidianas, sendo ministrado pelos próprios pais às crianças; trabalhos domésticos e algumas técnicas de agricultura e pecuária. Mas, foi especificamente na sociedade capitalista que surgiu uma “nova” função para a escola: a de reclassificação de pessoas oriundas das diferentes classes sociais. Como ela não podia beneficiar a todos, os privilegiados eram aqueles indivíduos oriundos de classes dominante e média; atrelado a isso estava à deficiência do número de vagas oferecido. Cunha (1991, p. 113) nos faz refletir melhor quando afirma que: No início das sociedades capitalistas até o seu amadurecimento no século XIX, os sistemas escolares excluíam praticamente todos os trabalhadores rurais, sendo que as escolas eram freqüentadas pelas classes dominantes e pelas camadas médias e somente as poucas escolas mantidas por entidades confessionais a título de caridade, aceitavam filhos de trabalhadores, preferencialmente os órfãos e os abandonados. Percebe-se que no Brasil perpassou uma educação excludente, à medida que, o seu modelo educacional ora servia como ascensão para aqueles que de certa
  • 4. 13 forma já possuíam, contribuindo assim para uma educação burguesa, para poucos, ora servia apenas como consolo, “amparo” para aqueles que viviam a mercê de caridade. Com o advento da sociedade capitalista, junto a ela expandiu-se o trabalho fabril, surgindo, assim, a grande necessidade de indivíduos capacitados para tal, obrigando a abertura de vagas para a capacitação apenas para o trabalho, surgindo não uma escola universal, mas dual, onde as classes sociais dispunham de uma educação de baixa qualidade voltada apenas para o trabalho, enquanto as classes dominantes continuaram com uma educação de boa qualidade, diferenciando-se também pelo modelo de educação que recebiam. Pode-se notar que a baixa escolarização e a não escolarização é um problema que tem suas raízes nos primeiros passos da educação brasileira; esse fator é percebido mediante necessidade de se criar escolas para pobres e escolas para ricos com a ilusão de que estão assegurando uma educação igualitária para todos, Tawney (1990, apud Cunha 1991) nos diz que: As (...) instituições educacionais de uma sociedade arcaica estão entre aquelas mais nitidamente prepostas a assegurar a todos os indivíduos oportunidades iguais para serem desiguais. (p.115) A escola ainda não conseguiu atender as expectativas da sua clientela, muitas vezes tornando-se traumática, fazendo com que o indivíduo que nela estréia antipatize-a, ou aquele que nela está inserido não consiga se realizar plenamente, abandonando-a. Para fundamentar essa discussão, Cunha (1991, p. 120) traz o seguinte comentário: Quando as crianças oriundas das classes dominantes e das camadas médias vão À escola, tem no ensino, um prolongamento da primeira socialização, difusa doméstica. Entretanto, para os filhos dos trabalhadores a experiência escolar é algo traumatizante. A disciplina, o significado das palavras, o vocabulário, as maneiras consideradas decentes, a estrutura das frases, a maneira de se expressar o pensamento, são percebidos como uma arbitrariedade imposta, contrariando toda a sua primeira socialização. Infelizmente o nosso país ainda detém uma educação excludente e burguesa. Sendo percebida pelas crianças no seu primeiro ano de ingresso na escola. Na
  • 5. 14 medida em que essas escolas preparam-se para atender uma clientela com facilidade de aprendizagem as ditas “normais”. Dessa forma, acabam interditando a permanência de crianças oriundas das classes populares, muitas vezes filhos de pais não escolarizados ou com baixa escolarização que chegam a esse espaço e são surpreendidos com um ensino “equivocado” e sem sentido fazendo com que os mesmos abandonem. Na maioria das vezes carregando sentimento de incapacidade. Assim, podemos observar que o problema da baixa escolarização em nosso país é fruto de inúmeros fatores. Cabendo ressaltar também, o baixo padrão social, onde os alunos são obrigados a abandonar os bancos escolares e se dedicarem ao trabalho muito cedo, assim como o fato de termos escolas burguesas “únicas”, esperado para crianças burguesas. Uma vez que, quando as crianças de pais trabalhadores nela chegam, ocorre a não identificação por parte dos educandos levando-os a evasão. A escola acaba perdendo de vista o seu objetivo, não oferecendo subsídios para que sua clientela permaneça, no se interior, abandonando-a antes de completar o nível máximo de escolarização: o nível superior. Cunha, (1991, p.122) comenta: A escola organizada para uma elite recebia crianças educadas, perfeitamente equipadas para imediatamente aprenderem a ler, escrever e contar, ou melhor, para vencerem o programa preconizado. Os alunos provindos das classes sociais menos afortunados não recebem, em casa ou na classe social a que pertencem o preparo requerido pelos programas escolares preconizados para as escolas da elite que perduram no sistema escolar nacional. Daí as reprovações em massa à escola primária do “salve-se quem puder”, a escola organizada para atender aos portadores de um cabedal de experiências que lhes permitem usufruir dos benefícios escolares que oferece. A situação da baixa escolarização no Brasil é motivo de estudos e pesquisas, uma vez que essa situação é grave, pois, levando em consideração as diferenças regionais, ou de gênero, raça ou faixa etária ainda há um grande número da população que convive com os problemas do analfabetismo. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o Brasil tem hoje 1.013 municípios com taxa do analfabetismo de jovens e adultos, acima de 35%, sendo que a região Nordeste concentra 90% desses municípios. No
  • 6. 15 estado da Bahia a taxa é de 16,1% de analfabetos com faixa etária entre 25 a 49 anos, enquanto que em relação ao abandono escolar é de 16,15 no Ensino Fundamental e 20,9% no Ensino Médio. Diante do abandono e do analfabetismo desarcebado pelo qual o estado da Bahia, especificamente o município de Campo Formoso, vem enfrentando, pois, de acordo com as estatísticas do IBGE, o número de analfabetos no citado município é de 17,6% entre os adolescentes entre 10 a 15 anos e de 32,2% entre os jovens de 15 anos ou mais. Frente às exigências feitas pela sociedade capitalista em relação ao nível de escolarização, para o desempenho de cargos no mercado de trabalho, acompanhado a exigência de uma plena escolarização do mundo globalizado, onde, neste cenário, as informações surgem a cada instante, e precisamos acompanhá-las e compreendê-las, torna-se indispensável à escolarização, pois é a partir disto que os indivíduos podem ter consciência crítica, podendo assim tornar-se autônomos nas tomadas de decisões, tanto individuais como coletivas. Podemos perceber que mesmo diante de tantas exigências e procura de indivíduos escolarizados na sociedade em que vivemos, nota-se que ainda é muito grande o número de jovens fora da escola. Motivo esse que não é justificável por uma possível ausência de vagas oferecidas, pois, na realidade, as escolas a cada ano estão preocupadas com a pequena quantidade de alunos que freqüentam esse espaço, assim como, com a quantidade de alunos que evadem, antes de terminar o ano letivo. Assim, percebe-se que ainda é gritante o número de jovens analfabetos no município de Campo Formoso, como também o número de jovens que abandonam a escola antes de terminarem seus estudos, que corresponde a 23,3%. Frente a essa situação constrangedora pela qual o município de Campo Formoso vem enfrentando é imprescindível questionar: “Quais as representações sociais que os jovens com baixa escolaridade do município de Campo formoso têm sobre a escola”?
  • 7. 16 Diante do tema proposto para realização do trabalho monográfico, torna-se necessário a inserção do estudo de representações sociais. À medida que; “essas trazem nos seus conteúdos e nos seus processos, uma marca social específica”. Anadón e Machado (2003, p. 23). Por entender que as representações sociais nascem das interações de indivíduos de uma determinada sociedade, entendida aqui, como um processo socialmente construído, é indispensável o seu estudo, uma vez que, o problema apresentado, requer uma visão social que nossos jovens têm atualmente de escola. Acredito que entender como os nossos jovens vêem a escola em nossos dias atuais irá contribuir significativamente para que os educadores possam refletir melhor sobre as diferenças que existem no espaço escolar, como também a compreender o real sentido que nossos jovens dão à escola. Convidando a instituição a refletir sobre o modelo que se faz presente no seu interior, e com o abandono precoce por parte dos mesmos nesse espaço. Cientificamente pretendemos contribuir para possíveis ações para que as políticas públicas possam interferir para a permanência dos jovens na escola, uma vez que um estudo dessa natureza identificará alguns significados que estes sujeitos dão à escola. Pretendo com o presente estudo, compreender o processo da baixa escolarização dos jovens do município de Campo Formoso. Assim, o objetivo geral da minha pesquisa será: - Identificar as representações sociais que os jovens do município de Campo Formoso com baixa escolarização têm da escola.
  • 8. 17 Capítulo II Um breve passeio pela história para aprofundar os conceitos chaves Diante do tema, “As representações sociais de escola dos jovens com baixa escolaridade do município de Campo Formoso”, é de fundamental importância uma discussão histórica das seguintes palavras chaves: representações sociais, jovens com baixa escolarização e escola. Uma vez que, esse estudo ajudará a compreender a situação atual da baixa escolarização, já que esse é um problema social que tem suas origens desde o surgimento da história da Educação brasileira. 2.1. Representações Sociais O processo histórico é contínuo e não linear, porém não podemos conceber os acontecimentos como algo isolado. Pois, os mesmos possuem relações com os fenômenos históricos pelos quais passamos, cabendo ressaltar, que os acontecimentos presentes possuem relações com os fatos passados e que as rupturas históricas não acontecem da noite para o dia, mas sim num lento e gradual processo. Por isso, apresentamos a evolução das representações sociais, através de um processo histórico gradual, procurando demarcar os pontos de maior e menor convergência existentes. É percebido que sob uma ótica reducionista, existia uma dicotomia entre a Sociologia e a Psicologia, uma vez que, cabia a Sociologia, o estudo da sociedade, e a Psicologia o estudo do indivíduo, a qual se pode nomear como Psicologia Individual. (ALEXANDRE, 2004) Foi Durkheim (1947) quem utilizou pela primeira vez, o termo “representações coletivas”, empregando na elaboração de uma teoria da Religião, da magia, e do pensamento mítico. À medida que o mesmo argumentava que esses fenômenos denominados coletivos não podiam ser explicados em termos individuais, uma vez que esses fenômenos são produtos de uma comunidade, um povo, sob um processo social. Anadón e Machado (2003, p.10) afirmam que Durkheim apresenta o termo “Representações coletivas” como:
  • 9. 18 Diversos tipos de produções mentais sociais como a Ciência, a Religião, a ideologia, os mitos e outras produções, estas que de um lado se distanciam do que se entende por senso-comum. A idéia de representações sociais, até então entendida por Durkheim, é de algo alheio à discussão e aos aspectos cognitivos, como também da sua produção originada pela produção dos grupos sociais. Apoiado no ponto de vista de Durkheim, Moscovici, desenvolve o estudo de representações sociais, “mostrando que é possível a construção de um conhecimento válido pelo senso-comum e que se pode aprender o conhecimento numa dimensão psicossociológica”. Moscovici (1961, apud ANADÓN e MACHADO, 2003, p.10). Porém, diante desses estudos é percebida, a diferença entre o individual e o social, entendido como (cultura ou sociedade). Nesse sentido, é percebido que estudiosos, começam a perceber que os fenômenos de uma dada sociedade podem ser explicados por fatores individuais e coletivos, levando a crê que o indivíduo não é um ser estático e nem isolado do meio social, uma vez que, seus valores e idéias são construídos socialmente. Assim, o estudo de representações sociais, ganha dimensão, á medida que o mesmo acontece a partir do compartilhamento de idéias, valores e culturas vivenciadas por determinados grupos sociais que servirão de base, e “trilha”, para a vida quotidiana de uma dada sociedade. Jodelet (1989 apud ANADÓN e MACHADO, 2003 p. 13) afirmando a partir dos seus estudos sobre representações sociais que: Este pensamento não se constrói no vazio, ele se enraíza nas formas e nas normas da cultura e se constrói ao longo das trocas quotidianas. Por isso se afirma que Representação Social é socialmente construída. Logo, vale ressaltar a dinâmica significativa que a idéia de representação social proposta por Moscovici e Jodelet traz ao estudo da Psicologia. Uma vez que, o desenvolvimento do indivíduo focalizava-se no esquema Estímulo-Resposta. Então, é notável que o estudo de Representação Social, vem valorizar o social e o cultural, reforçando a importância do meio, como processo indispensável à formação do indivíduo, à medida que, o sujeito é produto do meio e vice-versa.
  • 10. 19 Cabe ressaltar que as representações sociais são compartilhadas em uma dada sociedade, onde os indivíduos constroem seus valores, conhecimentos, a partir de interações sociais baseadas tanto no conhecimento científico, como no senso comum, produzindo assim suas “verdades”, uma vez que isso se dá através das experiências vividas, confrontadas e experenciadas. Almeida (2003, p. 49) afirma que: “A função de representações sociais é orientar a conduta e a comunicação entre indivíduos e familiarizá-los com o novo”. É notável a relação das representações sociais tanto no campo sociológico, quanto psicológico, podendo ser refletido no desenvolvimento das tecnologias presentes em nosso meio. Anadón e Machado (2003, p. 16) afirmam que é fundamental ressaltarmos as transformações que são visíveis na sociedade, uma vez que: Essas relações produtivas e ricas de um lado a Representação Social que pertence ao domínio da Psicologia social e do outro a Sociologia do conhecimento, marcada pelo interacionismo simbólico, pela etinometodologia, pela fenomenologia e pelo construtivismo social, o que nos leva a ver a realidade social como uma construção apoiada na interação e na comunicação entre as pessoas. As representações sociais tornam-se produto e processo de uma determinada sociedade. Enquanto produtos deste conceito estão os valores, culturas, opiniões e conhecimentos. Sendo que o processo está na transformação do real, já que a transformação parte do conjunto organizado do produto, uma vez que esses fatores acontecem socialmente, partindo de opiniões diversas, chegando ao consenso coletivo. (ALEXANDRE, 2004) 2 . 2 Jovens com baixa escolarização A história da educação brasileira perpassou por vários fatores, fatores esses, que possibilita-nos compreender as causas e conseqüências do grande número de jovens analfabetos e com baixa escolarização presente na nossa sociedade.
  • 11. 20 Consideramos ao longo do nosso trabalho os jovens com faixa etária entre 20 e 40 anos, pois acreditamos que a definição de juventude é o resultado das experiências sociais de um determinado tempo histórico. As idades não possuem um caráter universal. Infância, juventude e vida adulta, são resultados da história e varia segundo as formações humanas. (CARRANO, 2003) A Organização das Nações Unidas (ONU) define jovem o indivíduo que se encontra em faixa etária entre 15 a 24 anos. Portanto, concebemos o termo juventude, a uma etapa da vida muito mais ampla considerada aqui não apenas a uma condição biológica que pode ser simplificada e reduzida a períodos, já que entendemos o termo juventude a contrastes, buscas e desejos de mudanças marcadas por sucesso e vontades de transformação. Sabemos que desde o período colonial as escolas já possuíam caráter discriminatório, centralizador, interceptor, autoritário, e elitista. Características essas que se propagam até os nossos dias atuais. É percebido também, que desde esse período a educação já era privilégio dos filhos dos colonos, porém, com a transição histórica do período colonial para o período industrial a educação continua sendo vista não como uma necessidade social do indivíduo, mas sim como ascensão social, vista pela burguesia como a salvação da economia brasileira. (FREIRE, 1989) Diante disso, vale ressaltar que esse modelo de educação, forjou o analfabetismo, uma vez que, a necessidade pela educação escolarizada não estava centrada na necessidade das classes populares, mais sim da burguesia que, a depender do modelo social que o Brasil enfrentava, aumentava a preocupação na construção de escolas e ampliação do ensino para o “atendimento” as camadas populares. Vale ressaltar que esse tipo de educação respondia apenas a objetivos políticos e econômicos. Enquanto isso, a burguesia fazia discursos “camuflados” e contraditórios, anunciando a propagação de que o Brasil detinha uma educação universal. Freire, (1989, p. 221) afirma que: Alfabetizar as camadas subalternas, sobretudo o operariado segundo suas doutrinas, podendo, assim, ter mão-de-obra
  • 12. 21 qualificada e a possibilidade de desestabilizar através de eleições diretas e secretas o poder absoluto da oligarquia cafeeira. Conhecendo um pouco a história da educação brasileira, torna-se nítido o descaso em relação a um ensino de qualidade destinado às camadas populares. O que se percebe em relação ao ensino brasileiro, é a elitização e dualidade do mesmo, contribuindo para o fracasso e abandono dos jovens nesse espaço. Dual no sentido de termos escolas destinadas às camadas populares e escolas destinadas a burguesia; elitizado, à medida que, as escolas dispunham de um currículo único, onde não se levava em conta a realidade cultural e social das camadas populares. Freire (1989, p.223) nos afirma que: A despreocupação pela educação, nos seus aspectos quantitativos, é a conseqüência deste construir histórico que traz em seu bojo, além do desprezo pelas camadas populares, a interdição de muitos ao conhecimento e, portanto, os perpetua na “incompetência”, na “ignorância”, nas “trevas”, no “século”, na “praga negra”, no “cancro”, no “obscurantismo”, e na “vergonha” da “chaga” do analfabeto. Diante da despreocupação educacional enfrentada, é fundamental ressaltarmos a forma autoritária e rígida que nosso sistema educacional viveu dando sustentação a uma sociedade fechada e reprodutora. Fechada, no sentido da conservação do status e privilégios, desenvolvendo um modelo educacional reprodutor, onde os indivíduos recebem o seu modelo de ensino a depender da sua classe social. Sendo que, pobres freqüentam escolas para pobres e os ricos escolas para ricos, contribuindo de certa forma para a extensão do analfabetismo, à medida que essas escolas destinadas às classes populares, ofereciam um currículo elitizado, o ensino tornava-se insignificante para tal realidade, contribuindo para o abandono escolar. Ribeiro (1998, p. 59) nos diz que: A exclusão escolar não se faz paulatinamente de um nível de ensino para outro e sim marcadamente, no inicio da escolarização, pois a grande maioria não tem condições e, em boa parte, nem interesse, diante do regime de vida que está submetido em ingressar e permanecer na escola. È percebido que as medidas para o combate ao analfabetismo e a baixa escolarização brasileira no nosso país, ainda é um problema que não se encontrou a solução, pois, conforme acentuamos, o Brasil tem hoje segundo dados do IBGE
  • 13. 22 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) 1.013 municípios com taxa de analfabetismo de jovens e adultos, acima de 35%, uma vez que a região Nordeste concentra 90% desses municípios. Diante do grande número de jovens analfabetos que fazem parte da sociedade brasileira podemos perceber que grande parte deles vive na região Nordeste, considerada como uma das regiões brasileiras que sofre com problemas socioeconômicos. Diante disso resta perguntarmos: Que modelo de educação faz parte do nosso cenário educacional? E Por que será que as maiorias dos excluídos do processo educativo, são oriundas de classes populares? “Vale ressaltar que não será qualquer escola que atenderá aos interesses das classes populares”. (ARROYO, 2001, p.15) Infelizmente o problema da baixa escolarização hoje é tratado como um problema individual daquele que evade da escola antes de completar a sua escolarização básica, (2º grau completo). Arroyo (2001, p. 25) nos diz que: No momento em que se passa a priorizar o fracasso escolar, e, sobretudo o fracasso dos alunos provenientes das classes subalternas, o Estado e sua escola são inocentados. Passa-se a culpar o próprio povo de sua ignorância. O povo vítima, vira réu: evadido, defasado, fracassado. As denúncias deixam de lado a falta de condições materiais de trabalho para instruir o povo e passam a centrar a atenção na evasão e fracasso do aluno, nos condicionantes extra-escolares do fracasso como se tudo estivesse garantido na escola como lugar de trabalho e transmissão do saber. Entretanto é necessário compreender que a baixa escolarização não é problema exclusivo do aluno, mais sim de toda uma política educacional que não está preocupada em resolver os problemas das classes populares, contribuindo para uma educação de qualidade e significativa para o pleno desenvolvimento dessa clientela. 2.3 Escola Considerando a história da educação brasileira, desde o período colonial, onde a escola destaca-se como principal articuladora entre os interesses metropolitanos e atividades coloniais da época; além da inculcação religiosa que a mesma
  • 14. 23 estabelecia, pode-se perceber que nesse período era quase que inexistente uma política educacional estatal, uma vez que o sistema educacional era oferecido por jesuítas, que ministravam escolas “religiosas” com objetivo de formar indivíduos dóceis (índios e escravos); enquanto os colonos detinham de um modelo educacional que pudesse capacitá-los pra o desempenho de funções na vida colonial. (FREITAG, 1980) É percebido que os jesuítas cumpriam com um modelo de educação que favorecia a coroa portuguesa da época, com modelo de escolas reprodutoras da sociedade escravocrata. Freitag (1980, p.47) nos diz que: As escolas jesuítas, especialmente os colégios e seminários em funcionamento em toda colônia, preenchiam perfeitamente essas funções, ajudando e assegurando dessa maneira a própria reprodução da sociedade escravocrata. Contudo, após a superação do Brasil colônia, nota-se a forte presença do Estado no sistema educacional, com a expansão do ensino, como também com a criação de escolas que pudessem beneficiar a população. Aliado a tal situação, está à preocupação com o econômico, pois, nessa época já surgiam às primeiras indústrias, e assim sendo, o mercado interno precisava de indivíduos capacitados para o desempenho de atividades que só era possível se o Estado ou donos de empresas disponibilizassem escolas voltadas para tal. Diante de tais demandas surgem as primeiras escolas primárias, como também “implanta-se a gratuidade e obrigatoriedade do ensino primário, sendo que o ensino religioso passa a ser facultativo”. (FREITAG 1980, p. 51) Foram introduzidas também escolas técnicas a classe trabalhadora. Nota-se que a escola surge para atender as necessidades da sociedade burguesa, à medida que, as classes populares são obrigadas a obedecer ao padrão educacional até então impostos por uma minoria esmagadora de seus direitos. Com o advento da sociedade capitalista, a necessidade de indivíduos informados e especializados surge, e diante de tal necessidade, a Educação formal se torna cada vez mais indispensável e obrigatória, pois, mesmo que de forma “silenciosa” a escola é um grande instrumento burguês, à medida que a mesma
  • 15. 24 instrumentaliza os indivíduos para o desempenho de atividades consideradas “importantes” pela sociedade. Romeu (1998, p.31) comenta que: Torna indispensável à contribuição de uma atividade educacional mais sistematizada que se desenvolvam através da seleção de conteúdos culturais que deverão ser transmitidos as gerações mais novas e que se responsabilize pelo desenvolvimento de comportamentos e habilidades valorizadas pela sociedade. Sabemos que a escola é um instrumento do Estado, sendo que ele direciona que objetivos a mesma deve alcançar. De forma minuciosa determina a escolaridade necessária para sobreviver na sociedade, a depender do tempo e espaço vivido. Assim sendo a escola torna-se uma instituição propagadora dos ideais estatais. Ribeiro, (1998, p. 45) comenta: As características dos tempos modernos, a influência do estado sobre a escola contribui para agravar sua complexidade e responsabilidade, fazendo dela um instrumento de perpetuação de idéias e valores dos grupos de poder que representam para toda população. Ainda falando da participação dos interesses capitalistas na escola, Almeida (2003, p.39) contribui, afirmando que: ”Os interesses econômicos definem e controlam o que é bom, o que serve e o que não serve para ser trabalhado no espaço escolar”. Diante disso, percebe-se que a escola deixa de ser um espaço onde se trabalha a diversidade, tornando-se uma instituição reprodutora da classe burguesa. Nota-se que a escola surge junto as classes sociais, como forma de instrução dos indivíduos seja ela religiosa, política ou militar. Crescendo junto ao capitalismo pela necessidade de instruir e preparar o indivíduo, para viver “bem” de acordo com a sociedade capitalista. Vale ressaltar que a escola mesmo que ocultamente é uma instituição burguesa, que de certa forma contribui para a ascensão dos indivíduos que fazem parte da alta sociedade. Freitag (1980, p.34) nos diz que: A escola vem a ser, portanto, um mecanismo de reforço dessa própria relação capitalista. É, pois, a escola que transmite as formas de justificação da divisão do trabalho vigente, levando os indivíduos a aceitarem, com docilidade, sua condição de explorados, ou a
  • 16. 25 adquirirem o instrumental necessário para a exploração da classe dominada. A escola é uma instituição de grande poder social, portanto é necessário que a mesma desenvolva o seu papel de forma democrática e autônoma. Democrática no sentido de perceber as diversidades que nela existe contribuindo com uma educação flexível, voltada ao interesse social dos indivíduos que dela fazem parte; Autônoma no sentido de criar intercâmbios com a sociedade, buscando um ensino significativo, desenvolvendo técnicas para o seu crescimento. Gadotti (2001, p.48) diz que: Pensar em uma escola autônoma e lutar por ela é dar um sentido novo a função social da escola e do educador que não se considera um mero cão de guarda de um sistema iníquo e imutável, mas se sente responsável também por um futuro possível. Contudo, a escola é elementar para o desenvolvimento social dos indivíduos. Assim sendo, é indispensável que se pense em uma escola que realmente possa contribuir para o crescimento de indivíduos pertencentes a diversas realidades, uma vez que: “a escola é um projeto de classe e não de uma burguesia esclarecida, de um dirigente benevolente ou de um educador comprometido” (ARROYO 2001, p.19). Portanto, o papel da escola não é de exploração, reprodução e tão pouco de exclusão como equivocadamente ainda percebe-se no cenário da educação brasileira. É preciso conceber a escola como papel fundamental na inserção e transformação do homem no meio social.
  • 17. 26 Capítulo III Caminhos metodológicos para a busca de resultados A sociedade atual elege como necessidade indispensável aos indivíduos o estudo formal (escola), no entanto, ainda é gritante o número de jovens fora dela. Perante tal situação, o presente trabalho irá ajudar a entender como os jovens com baixa escolarização representam esse espaço em nossos dias atuais. 3.1 .1 Conhecimento científico “A preocupação com o conhecimento não é nova. Praticamente todos os povos da antiguidade desenvolveram diversas formas de saber” (CARVALHO 1989, p. 15). A partir da afirmação, é fundamental ressaltarmos que o conhecimento científico nasce no senso comum. Entendido aqui como “o conjunto de informações não- sistematizado que aprendemos por processos formais, informais e às vezes, inconscientes, e que inclui um conjunto de valorações” (CARVALHO 1989, p.16). Podemos dessa forma, conceber o senso comum como à base onde se constrói o conhecimento científico. 3.1.2 Ciências sociais e pesquisa qualitativa “O principal interesse da ciência social é o comportamento significativo dos indivíduos engajados na ação social, ou seja, o comportamento ao qual os indivíduos agregam significado considerando o comportamento de outros indivíduos” Weber (1864-1920 apud GOLDENBERG, 2000, p. 19). Nessa perspectiva, a pesquisa eleita no campo das ciências sociais é de cunho qualitativo, por lidar com emoções, valores e subjetividade. A descoberta é o grande desafio na pesquisa qualitativa, assim, a compreensão da realidade, segundo Castro (2006) “vem do interior, e não da observação dos aspectos externos. A simplicidade falsifica e a complexidade enriquece” (p.22). Buscando identificar as representações sociais que os jovens com baixa escolarização do município de Campo Formoso têm de escola e procurando entender essa realidade dentro de uma perspectiva científica, adotaremos a
  • 18. 27 pesquisa qualitativa, uma vez que “os dados da pesquisa qualitativa objetivam uma compreensão profunda de certos fenômenos sociais apoiados no pressuposto da maior relevância do aspecto subjetivo da ação social” (CARVALHO 2000, p. 49). 3.1.3 Coleta de dados Considerando como pesquisa o conjunto de atividades que têm como finalidade a descoberta de novos conhecimentos para a interpretação dos fatos sociais estudados, Demo (1999) nos afirma que o ato de pesquisar; "é o diálogo inteligente com a realidade, tomando-o como processo e atitude, e como integrante do cotidiano”. (p.36-37). Como instrumento para coleta de dados, foi realizado a pesquisa de campo entendida aqui como “aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta” (MARCONE 2007, p.117). Nessa perspectiva, a técnica utilizada para a documentação direta, foi o questionário fechado, pois, o mesmo desempenha papel decisivo na obtenção de informações sócio-econômica dos sujeitos entrevistados; e a entrevista semi-estruturada tendo como objetivo colher informações relevantes para o tema estudado. A mesma conta com um roteiro pré-estabelecido, com objetivos de averiguar os fatos sócio-culturais e opiniões sobre a temática proposta, contribuindo para a comparação das respostas dadas. Entendendo a técnica apresentada como o encontro entre duas pessoas, com o propósito de colher informações, seja ela verbalmente ou através dos sentimentos do entrevistado, acredita-se que a mesma será de grande relevância para o desenvolvimento da pesquisa, à medida que “a entrevista estruturada tem como objetivo principal a obtenção de informações do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema” (ANDRADE e LAKATOS 1996, p. 84). 3.2.4 Lócus O lócus pesquisado é o município de Campo formoso, situado ao norte da Bahia, localizado a 400 km da capital (Salvador), cujo acesso é feito pela BR-324.
  • 19. 28 Apesar da sua proximidade com a caatinga, a cidade possui um clima ameno, sua área geográfica é de 6.806 km², com 61.905 habitantes, sendo que 20.972 desses residem na zona urbana. O local onde foi realizado a presente pesquisa é um povoado, situado a 15 km da sede de Campo Formoso denominado Lagoa do Pastorador I, com cerca de 100 (cem) habitantes, que sobrevivem da agricultura familiar e do comércio de frutas, realizados nas cidades de Campo Formoso e Senhor do Bonfim. A escolha pelo lócus se deu a partir do grande número de jovens com baixa escolarização residente nesse povoado, uma vez que os mesmos dispõem de escolas, porém pouco freqüentadas. 3.1.4 Sujeitos Os sujeitos ouvidos para a elaboração da presente pesquisa são jovens com faixa etária entre 20 a 40 anos, no total de 12 (doze), por acreditar que essa quantidade será relevante para identificarmos as representações sociais que os mesmos têm de escola. Acredita-se que o aumento de sujeitos acarretará na repetição de respostas não contribuindo para o andamento da pesquisa. Cabe ressaltar que, "O número e a representatividade dos entrevistados devem ser tais que possam apoiar e validar os resultados da pesquisa de campo” (RUIZ 1991, p. 51). A escolha por jovens nessa faixa etária está relacionada ao grande índice da baixa escolarização e evasão dos mesmos no espaço escolar. (IBGE) Instituto brasileiro de geografia e Estatísticas)
  • 20. 29 Capítulo IV A escola atual representada pelos jovens com baixa escolarização 4.1.1 Desenvolvimento da pesquisa A escola é tudo, pois, ali é a esperança de depois arranjarmos um emprego. (J. 09) “As falas e ações dos entrevistados dizem muito quando procuramos compreender o que elas querem expressar” (ALMEIDA 2003, p. 73). Elas trazem representações significativas da escola atual, ilustrada por jovens que conviveram nesse espaço somando experiências, valores e representações construídas socialmente. É preocupante o número de jovens com baixa escolarização. Pois, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Campo Formoso possui cerca de 32,2% de jovens fora da escola. Visto como um problema a ser solucionado, emerge a necessidade de se conhecer as representações sociais que esses jovens elaboram sobre a escola atual, a fim de que essas identificações possam contribuir para possíveis metodologias que envolvam os jovens no espaço escolar. Este trabalho foi desenvolvido tendo como base a pesquisa qualitativa, onde se pode adentrar na subjetividade dos indivíduos envolvidos, através do contato direto, o que possibilitou-nos identificar e conhecer um pouco sobre as representações que os mesmos têm de escola. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram escolhidos no intuito de possibilitar uma maior aproximação com as representações sociais que os jovens têm sobre a escola atual. Optamos pela entrevista semi-estruturada, e o questionário fechado, onde pudéssemos conhecer o perfil sócio-econômico dos sujeitos pesquisados. A opção pela seleção se deu, por percebermos que o maior número de jovens com baixa escolarização se dá a partir dos 20 anos de idade. Todo caminho percorrido foi construído por encontros produtivos, que nos possibilitou olharmos como os jovens vêem a escola atual a partir das suas representações.
  • 21. 30 4.1.1 Síntese do perfil dos jovens A) Idade Os jovens que responderam à entrevista encontram-se na faixa etária entre 20 a 40 anos. Foram entrevistados 12 (doze), jovens, sendo que 05 (cinco), ou 42% encontram-se na faixa etária entre 20 a 30 anos, enquanto que 07 (sete), ou 58% entre 31 a 40 anos. 42% Jovens de 20 a 30 anos Jovens de 31 a 40 58% anos Gráfico 4.1.1: caracterização da idade dos jovens entrevistados Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens da pesquisa. B) Escolaridade Dos doze jovens que participaram da entrevista 09 (nove), ou 75% deles, concluíram o Ensino fundamental I (1ª a 4ª ª séries), enquanto 03 (três), ou 25% concluíram o Ensino Fundamental II (5ª a 8ª séries). Diante dos fatos apresentados, notamos que a maioria dos sujeitos abandonou a escola ainda no início de seus estudos. Com isso, entendemos que a exclusão escolar iniciou-se para esses jovens em seus primeiros anos da vida escolar.
  • 22. 31 Jovens que concluíram o 25% Ensino Fundamental I Jovens que concluíram o 75% Ensino Fundamental II Gráfico 4.1.1: nível de escolarização Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens da pesquisa. C) Sexo Entre os jovens entrevistados, 07 (sete), ou 58% desses são do sexo masculino e 05 (cinco), ou 42% do sexo feminino, todos residentes na zona rural. É notável entre os sujeitos entrevistados, uma maior predominância do sexo masculino fora da escola, acentuando a presença machista, onde o papel do homem é manter equilibrada a situação financeira da sua família. Muitas vezes essa necessidade financeira deixa-os excluído do espaço escolar. 60% 50% 40% 30% Série1 20% 10% 0% Jovens do sexo Jovens do sexo feminino masculino Gráfico 4.1.1: caracterização de gênero Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens entrevistados
  • 23. 32 D) Trabalho Com base nas informações colhidas, 05 (cinco), ou 42% deles não trabalham, sendo que 07 (sete), ou 58% afirmam trabalharem. Dos que trabalham 03 (três), ou 43% realizam trabalhos informais e 04 (quatro), 57% trabalhos formais. Entre os sujeitos que trabalham formalmente, estão aqueles que concluíram o Ensino Fundamental II. Uma vez que, os demais realizam trabalhos informais ou nenhum outro tipo de trabalho remunerado, isso, reforça a idéia que eles têm em relação à importância da escola para o mercado de trabalho. E) Renda familiar A renda desses jovens está em média de 90,00 a 415,00 reais. Sendo que 11 (onze), ou 92% recebem menos de um salário mínimo e 01 (um), ou 8% um salário mínimo. A renda desses sujeitos é fruto de trabalhos formal e informal. É notável que os mesmos atribuem suas baixas rendas, a não permanência no espaço escolar, mostrando-se conformados com a situação vivida por acreditarem que apenas aqueles que concluíram seus estudos são dignos de uma boa condição financeira. 8% Jovens com renda mensal inferior a um salário mínimo Jovens com renda igual a um salário mínimo 92% Gráfico 4.1.1: remuneração Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens entrevistados F) Lazer
  • 24. 33 Quando foi perguntado o quê os sujeitos faziam no momento de lazer, as respostas foram surpreendentes, pois, 06 (seis), ou 50% dos entrevistados afirmaram não ter esse momento, esclarecendo que o mesmo é utilizado para desenvolverem algumas atividades domésticas; bordar, fazer faxina e cuidar dos animais. Enquanto 06 (seis), ou 50% afirmam usufruírem desse momento para pescar, ler a bíblia, ir à igreja e praticar esportes. É percebido, que para aqueles que Jovens que usufruem o seu momento de lazer 50% 50% Jovens que utilizam esse momento para realização de atividades domésticas Gráfico 4.1.1: momento de lazer Fonte: questionário fechado sócio-econômico aplicado aos jovens entrevistados. 4.1.2 Discursos dos jovens sobre a escola Visando identificar as representações sociais de escola dos jovens entrevistados, utilizamos também como instrumentos de coleta de dados a entrevista semi-estruturada, por entender esse instrumento de suma importância para a realização do presente trabalho, pois a mesma nos possibilitou o contato direto com os sujeitos, onde pudemos analisar não somente as respostas orais, mas também as ações, sentimentos e atitudes que vieram à tona. Considerando como objeto de estudo, as representações sociais dos jovens com baixa escolarização de 20 a 40 anos, convém lembrar que a representação social é “gerada e produzida ao longo de intercâmbios sociais, constituindo-se como elemento pertencente à vida coletiva” (ANADÓN e MACHADO 2003, p. 14).
  • 25. 34 Apresentaremos em seguida os resultados através de categorias, no intuito de enfatizar as representações sociais de escola identificadas. 4.1.2.1 Escola representada como passaporte para o sucesso econômico Ao falar de escola, para os jovens é unânime a representação social de lugar importante para a construção de um futuro seguro. Percebemos que os sujeitos não conseguem perceber a importância desse espaço na construção de uma consciência política, responsável pelo desenvolvimento cultural, intelectual e social dos indivíduos que vivem cercados pelas rápidas informações que precisam ser acompanhadas e compreendidas. Eis a fala de alguns jovens: É o lugar onde nos formamos para conseguirmos um bom emprego (J1 06). A escola é o lugar onde as pessoas adquirem conhecimentos para praticar lá fora (J¹ 09). A escola é representada como o espaço responsável por um futuro economicamente bem sucedido para aqueles que nela estréia e permanece alcançando uma escolarização plena. Pudemos notar em suas falas, a forte presença de um discurso elitista, ficando subentendido que os sujeitos também representam esse espaço como fator indispensável ao desenvolvimento e fortalecimento do capitalismo. Nesse sentido pudemos lembrar as palavras de Gentili (2001, p.248), quando afirma que “A propriedade da educação se adquire (se compra e se vende) no mercado dos bens educacionais, “serve”, enquanto propriedade “possuída”, para competir no mercado dos postos de trabalho”. 1 A fim de preservar a identidade dos sujeitos da nossa pesquisa, utilizaremos a letra J seguida de numeral ordinal para a identificação das falas dos jovens.
  • 26. 35 Somando-se a isto, percebemos que os sujeitos sentiram muitas dificuldades quando lhes foi solicitado que representassem a escola em três palavras. 75% se mostraram resistente, afirmando apenas que não sabia. Apenas 25% conseguiram responder. Salvação, esperança e dedicação. (J¹09) Educação, melhoramento de vida e Ensino Fundamental. (J¹10) É tudo, educação, e melhoramento de vida. (J¹12) Percebemos que esse espaço é considerado como a “salvação” da sociedade. Como um lugar onde deveríamos estar para a garantia de uma boa sobrevivência e um país economicamente bem. Ribeiro (1998, p. 45) contribui para entendermos as representações dos jovens entrevistados afirmando que “as características dos tempos modernos, a influência do estado sobre a escola, faz dela um instrumento de perpetuação de idéias e valores dos grupos de poder que representam toda população”. No entanto, percebemos que a escola ainda é um instrumento ideológico dos poderosos, e paradoxalmente, entende o seu papel como elemento de ascensão dos indivíduos na sociedade. Eis as falas de alguns jovens: Para preparar a gente para concursos, só assim nos tornamos alguém na vida. (J¹ 03) A escola serve para formar a pessoa e preparar para arranjarmos um emprego (J¹ 09) Serve para livrar os jovens das drogas. É uma forma de arranjarmos um emprego melhor para a valorização da nossa renda. (J¹ 10) Ao serem questionados sobre o papel da escola na sociedade atual, percebemos a forte influência de uma educação mercadológica nas falas dos sujeitos. 84% partem do pressuposto de que a mesma é responsável pelo futuro brilhante daqueles que a freqüentam. Para aqueles que dela evadiram, muitos
  • 27. 36 passaram a aceitar passivamente suas condições de vida. Por isso cabe-nos recordar Freitag (1980) quando afirma que “a escola transmite as formas de justificação e da divisão do trabalho vigente, levando os indivíduos a aceitarem com docilidade sua condição de explorados da classe dominada”. (p. 34) Percebemos que a escola era o sonho de cada um desses jovens, que hoje frustrados com a situação vivida, atribuem esse “insucesso” ao abandono desse espaço, considerado como a salvação da humanidade. A escola é representada por 59% dos entrevistados como o lugar responsável pelo sucesso dos indivíduos que dela fazem parte. È notório que esses jovens possuem um discurso amplamente divulgado pela mídia neoliberal acerca do papel da escola. Isso só reforça o que Ribeiro (1998, p. 45) afirma que “a escola é um instrumento de perpetuação de idéias e valores dos grupos de poder que representam toda população”. 4.1.2.2 Escola como um espaço mais moderno e atual Ao serem questionados sobre a escola de hoje 70% dos jovens, representaram esse espaço como o lugar de transmissão de conhecimentos que nos leva a uma boa situação financeira. Ficando muito claro em suas falas, que a escola de hoje tem mais inovações, sendo que essas inovações contribuem muito para um ensino de qualidade. Acho muito importante, porque hoje tem muitas coisas que no tempo que estudava não tinha computadores professores com comportamentos diferentes. (J¹ 01). A escola mudou bastante, pois, tem muitas coisas que não é do mesmo jeito de quando eu estudava. Agora está tudo organizado e isso é muito legal. (J¹ 06) A escola hoje visa um futuro melhor para a gente arranjar um bom serviço. (J¹ 11) A escola de hoje é boa parque... Os alunos perguntam na hora da explicação e antes não falava. (J¹ 05) Ao falarem de escola atual, os jovens apontam a escola do passado (tempo em que eles estudavam) como espaço deficiente, em relação aos recursos didáticos,
  • 28. 37 para-didáticos, formação e metodologia dos professores. Esses sujeitos vêem a chegada desses recursos na escola e a profissionalização desses profissionais, elementos decisivos para uma boa formação e inserção deles no mercado de trabalho. Representando a escola atual, os jovens apontam como elemento decisivo na educação, “o comportamento dos professores”. Nomenclatura utilizada para recordarem o autoritarismo e a metodologia vivida por eles no seu tempo de escola. Pudemos notar em suas falas que esses fatores (autoritarismo e metodologia) vividos tornavam-se algo inibidor e excludente. Freire (1979, p.32) nos diz que “a educação deve ser desibinidora e não restritiva e que é necessário darmos oportunidade para que os educandos sejam eles mesmos”. Ao falar dos seus tempos de escola, os sujeitos situaram o autoritarismo e a metodologia dos trabalhos da escola como constrangedoras e desagradáveis. Nas palavras de Freire (1979 p.38) quando fala da educação bancária, afirma que “o professor nesse modelo de educação é um ser superior e o aluno ignorante, que deve receber passivamente os conteúdos, tornando-se um depósito do educador”. Cabe-nos afirmar, que esse modelo de educação ao qual Freire se refere, não é diferente da educação relembrada pelos entrevistados. Notamos claramente essa semelhança quando um dos jovens falou da falta de diálogo nos momentos de construção do conhecimento e do comportamento dos professores. Isto nos leva a entender que esse modelo de educação não atendia as expectativas dos educandos, que entende o processo educacional como uma construção entre educando e educador. Considerando as representações sociais de escola atual dos jovens entrevistados, percebe-se, que mesmo de forma lenta, a cada ano acontecem avanços nessa área. Levando-nos acreditar, que isso se dá mediante conscientização dos envolvidos no processo educacional, na luta pela sua autonomia. Pois, para a concretização dessa autonomia é fundamental um desenvolvimento pleno das suas finalidades. Assim, na busca de um ensino significativo Gadotti (2001, p. 48) nos afirma que “pensar em uma escola autônoma
  • 29. 38 e lutar por ela é dar um sentido novo a sua função social e do educador que não se considera um mero cão de guarda de um sistema iníquo e imutável”. 4.1.2.3 Escola: lugar privilegiado as classes sociais mais favorecidas Quando questionamos aos jovens o motivo de terem abandonado a escola, surgiu uma nova representação social ligada à condição financeira. Ficando claro em suas falas, que esse espaço privilegia as classes mais favorecidas. Abandonei porque minha mãe morreu e tive que trabalhar para ajudar meu pai a criar meus irmãos pequenos. (J¹ 01) Motivo de trabalho. Eu trabalhava e chegava muito tarde e não sobrava tempo para estudar. (J¹ 10) Porque eu tive que arranjar serviço para me manter. (J¹ 11) Tive que escolher trabalhar ou estudar, como necessitava tive que trabalhar. (J¹ 12) Notamos nas falas dos entrevistados, a escola como o lugar daqueles que possui status social. 90% afirmaram que abandonaram esse espaço pela necessidade socioeconômica. Percebemos que os sujeitos evadidos da escola viviam situações difíceis, tendo que fazer escolha entre o mercado de trabalho e a escola. Por ser o trabalho uma necessidade urgente e inadiável. A escola passa a ser dispensável na vida desses indivíduos. Nesse sentido a educação torna-se para eles segundo plano. Considerando as principais causas que levaram os jovens representarem a escola como espaço privilegiado as classes sociais mais favorecidas, acreditamos que esse é um processo característico de uma sociedade fechada, onde a elite, mesmo que de forma indireta, prescreve e impõe os limites das classes populares, determinando sua escolarização, tornando os sujeitos objetos do processo educativo. Freire (1979 p. 34) traz críticas ao modelo de sociedade fechada afirmando que “a participação das massas na história é indireta. Não deixando marcas como sujeitos, mas como objetos”.
  • 30. 39 Levando em consideração que sociedade e educação são interligadas e que por sua vez, um é reflexo do outro, acreditamos que esse modelo de sociedade, contribui para a conservação de status, levando um filho de trabalhador permanecer filho de trabalhador, não dando chances para que o mesmo possa conhecer outras situações. Para esse modelo de educação denominamos educação reprodutora. Pudemos notar que a escola ainda não está preparada para atender toda sua clientela, sendo pensada apenas para uma minoria, tornando-se um instrumento discriminatório. Esse espaço, considerado como direito de todos, acaba se tornando lugar privilegiado àqueles que dispõem de uma boa condição financeira, podendo assim, disponibilizar de tempo para se realizarem plenamente nesse espaço. Nesse sentido podemos citar Freire, quando nos diz que a escola desde o período colonial já possuía caráter discriminatório, interceptor e elitista. (FREIRE, 1989) 4.1.2.4 Escola: lugar traumático e autoritário Não gostava quando a professora me chamava no quadro, tinha vergonha e medo de errar. Ela não gostava. (J¹ 03) Não gostava do sono e da falta de coragem, pois, trabalhava durante o dia e a noite ficava com sono. Ninguém agüentava. (J¹ 07) Não gostava dos puxões de orelha que levava. (J¹ 12) Gostava de ler textos, pois eu era muito boa nisso. (J¹ 09) Gostava de interpretar e ler textos para aprender a pronunciar as palavras corretamente (J¹ 10) Gostava do recreio, pois me divertia muito. (j¹ 11) Fazendo um contraponto entre o que os jovens gostavam e não gostavam na escola, é interessante destacar que esse espaço ainda é pensado para pessoas com facilidades de aprendizagem. É percebido nas falas de 100% dos jovens entrevistados, uma escola traumática, pensada para uma elite e os indivíduos das camadas populares que nela estréiam, carregam em si o medo de não conseguirem se realizarem plenamente, até mesmo nas atividades escolares rotineiras.
  • 31. 40 Crianças vindas de família pobres são, em geral, as que têm menos êxito se avaliadas através dos procedimentos convencionais de medida e as mais difíceis de serem ensinadas através dos métodos tradicionais. (GENTILLLI 2001, p.11) È notório nas falas dos entrevistados, quando se perguntou sobre as coisas ruins da escola, a forte presença do autoritarismo em sala de aula e o cansaço por parte dos alunos que precisam relacionar trabalho e escola. Acompanhado ao autoritarismo estão os castigos por parte dos professores, quando esses alunos não conseguem realizarem as atividades propostas. Fator que contribui para a não identificação desses, no espaço escolar, antipatizando-o e representando como lugar traumático e autoritário. O medo, presente no momento da realização das atividades propostas, é fruto da imagem distorcida que eles têm em relação ao professor, considerado como dentetor do conhecimento. Gentilli (2001 p. 199) afirma que “os pais e os estudantes não estão suficientemente organizados para ter força na luta para controlar a autoridade pública”. Diante das informações coletadas, podemos conceber que a escola na maioria das vezes torna-se um pesadelo na vida dos filhos de trabalhadores que nela chegam. Com base no que foi apresentado, cabe-nos citar Cunha (1991, p.120) quando afirma que “para os filhos dos trabalhadores a experiência escolar é algo traumatizante. A disciplina, o significado das palavras, o vocabulário, as maneiras consideradas decentes é algo traumatizante”. Quando perguntamos o que os jovens mais gostavam na escola foi surpreendente, pois, 100% apontaram como situação marcante, atividades que se identificavam, e se davam bem; algumas metodologias e o momento de lazer. Isso só vem mostrar o quanto à escola ainda não está preparada para o diferente, o novo. Vimos que o espaço escolar não acolhe. Sendo que esse por sua vez não está adaptado para o desenvolvimento de potencialidades, levando-nos a acreditar que as escolas são pensadas e organizadas para um só tipo de indivíduos o que denominamos como escola única. Nenhum dos sujeitos aponta como bom e inesquecível uma atitude da escola em compreendê-lo, apontando-lhe o caminho de algo a ser percorrido, (as dificuldades de aprendizagem). Por isso, concebemos
  • 32. 41 ainda a escola como um espaço excludente, uma vez que poderia ser compreendida como “projeto de classe e não de uma burguesia esclarecida, de um dirigente benevolente ou de um educador comprometido” (ARROYO, 2001, p. 19).
  • 33. 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentro do contexto da pesquisa apresentada, com intuito de responder ao objetivo proposto a partir da questão: “Qual a representação social que os jovens com baixa escolarização têm de escola?”. Foi possível, através da entrevista semi-estruturada, estabelecer o contato com os jovens, chegando resultados apresentados. O discurso dos jovens entrevistados ressaltou unanimidade, ao representarem socialmente a escola como um espaço responsável pela futura ascensão do indivíduo. Mesmo eles não freqüentando mais esse espaço, abandonando-o antes de concluírem o Ensino Médio, vale ressaltar que os mesmos atribuem à escola, papel decisivo na vida dos indivíduos, ficando subentendido que a mesma, segundo as suas representações, serve não como uma realização pessoal, mais sim como um meio de promoção financeira, sendo privilégio das classes sociais mais favorecidas e lugar traumático, autoritário. Tivemos como limitações no decorrer da pesquisa, a dificuldade na coleta dos dados, já que alguns sujeitos se recusaram a responder as perguntas afirmando serem “inferiores” e que o seu nível de escolaridade não era suficiente para dar tantas informações. Mas este fator não nos impediu de desenvolvermos nosso trabalho de forma responsável e obter resultados. Gostaríamos aqui, de chamar a atenção dos profissionais da área da educação dos jovens, a todos aqueles envolvidos nesse processo, para que possam estar atentos, tanto no que diz respeito ao número de jovens que se encontra fora da escola, como para o que se propaga nesse espaço, sobre o papel e a importância da mesma. Pois, acredita-se que esse é um espaço de socialização, onde podemos refletir sobre os fatos sociais e culturais que nos cercam. Para isso é fundamental o desenvolvimento de metodologias significativas que possam contribuir para uma possível resolução do problema.
  • 34. 43 Referências ALEXANDRE, Marcos. 2003, Científico do Brasil, Rio de Janeiro, Vl. 10 P, 129-138 2004. ALMEIDA, Suzzana Lima. A escola aborrecente: Um estudo de representações sociais que os adolescentes têm sobre a escola atual. Canadá, 2003. Dissertação (mestrado em Educação e pesquisa) - Departamento de Educação, Université du Quebec à Chicotimi do Canadá. ANADÓN, M; MACHADO, P.M. Reflexos teóricos metodológicos sobre as representações sociais: Salvador: Uneb, 2003. ANDRADE, Maria Margarida de: Introdução À metodologia do trabalho Científico: elaboração de trabalhos na graduação: 8ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007. ARROYO, Miguel G. Da escola Carente à Escola Possível: 5ª ed. São Paulo: Loyola, 2001. CARRANO, Paulo Cezar Rodrigues. Juventude e cidades educadoras. Petrópolis, vozes 180 p. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em 20 de set. de 2008. CASTRO, Cláudio de Moura. A prática da pesquisa: 2ª ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. CUNHA, Luiz Antonio. Educação e Desenvolvimento Social no Brasil: 12ª ed. Rio de Janeiro: F. Alves, 1991. DEMO, Pedro. Princípios Ciêntífico e Educativo: 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1999. ENGUITA, Mariano Fernandez. A Face Oculta da Escola: Educação e Trabalho no Capitalismo: ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. FREIRE, Ana Maria Araújo. Analfabetismo no Brasil: ed. São Paulo: Cortez, 1989. FREITAG, Bárbara. Escola Estado e Sociedade: 4ª ed. São Paulo: Morais,1980.
  • 35. 44 GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética da Educação: 10ª ed. São Paulo: Cortez, 1997. GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã: 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. GADOTTI, Moacir. Escola Vivida e Escola Projetada: ed. Campinas São Paulo: Papirus, 1992. GENTILI, Pablo. Pedagogia da Exclusão: Crítica ao Neoliberalismo em Educação: 10ª ed. Rio de Janeiro; Vozes, 2001. GOLDEMBERG, Miriam. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais: 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2000 GOFFMAN, Eving. A Representação do Eu na Vida Cotidiana: 9ª ed. Petrópolis: Vozes, 1985. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS. Manual de referências bibliográficas. Disponível em: http://www.inep.gov.br/saeb/defalt.html. Acesso em 20 de Jun. 2008. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS. Manual de referências bibliográficas. Disponível em: www.sec.ba.gov.br/estatisticas/indicadores.html. Acesso em 20 de Jun. 2008. LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Maria de Andrade. Técnicas de pesquisa: Planejamento e execução de pesquisa, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados: 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 1996. RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação Brasileira: 15ª ed. Campinas São Paulo: Coleção memória da educação, 1998. ROMEU, Sônia Aparecida. Objetivos Organizacionais e Objetivos Educacionais: ed. São Paulo: EPU, 1987.
  • 36. 45 RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos: 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1991. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: 31ª ed. São Paulo: Autores associados, 1997. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisação. 5ª Ed. São Paulo: Cortez, 1992.
  • 38. 47 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM – BAHIA Este questionário é um instrumento relativo à pesquisa que realizo nos quadros de TCC, enquanto concluinte do curso de Pedagogia com habilitação em docência e Gestão de processos Educativos. Agradeço pela valiosa colaboração, manteremos o devido sigilo, e uma postura ética enquanto pesquisadora. Lidiana Almeida Bonfim QUESTIONÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO SEMI-ABERTO: 1) Qual a sua idade? ( ) 20 a 30 anos ( ) 31 a 40 anos 2) Seu nível de escolarização; ( ) Ensino Fundamental ( 1ª a 4ª série) ( ) Ensino Fundamental II ( 5ª a 8ª série) 3) Atualmente você trabalha? ( ) Sim ( ) Não 4) (Se trabalha) seu trabalho é: ( ) formal ( ) Informal
  • 39. 48 5) Sua renda é de: ( ) menos de um salário mínimo ( ) um salário mínimo ( ) mais de um salário mínimo 6) O que você costuma fazer no momento de lazer? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________
  • 40. 49 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII SENHOR DO BONFIM – BAHIA ROTEIRO DA ENTREVISTA 1º Para você o que é escola? 2º Diga o que é escola em três palavras. 3º O que você acha da escola hoje? Por quê? 4º O que você achava da escola quando estudava? Por quê? 5º Em sua opinião para que serve a escola? 6º Porque você abandonou a escola? 7º O que você menos gostava na escola quando estudava? Por quê? 8º O que você mais gostava na escola quando estudava? Por quê?
  • 41. 50
  • 42. 51