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          UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
            DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
          CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA
     PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS
                      EDUCATIVOS




            AVALIAÇÃO ESCOLAR:
      EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS
  PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO
CENECISTA PROFESSORA ISABEL DE QUEIROZ TÊM
   DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I.




CÉLIA CONCEIÇÃO DE ARAÚJO CEDRAZ DOS SANTOS




             SENHOR DO BONFIM - BA
                     2010
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CELIA CONCEIÇÃO DE ARAUJO CEDRAZ DOS SANTOS




            AVALIAÇÃO ESCOLAR:
     EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS
  PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO
CENECISTA PROFESSORA ISABEL DE QUEIROZ TÊM
   DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I.




                  Trabalho     Monográfico    apresentado   à
                  Universidade     do    Estado    da   Bahia,
                  Departamento de Educação, Campus VII como
                  pré-requisito para a conclusão do Curso de
                  Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos
                  Educativos.

                  Orientadora: Profª.   Esp.   Sandra   Fabiana
                  Almeida Franco
 .




            SENHOR DO BONFIM - BA
                    2010
3



   CÉLIA CONCEIÇÃO DE ARAUJO CEDRAZ DOS SANTOS




        AVALIAÇÃO ESCOLAR: EM BUSCA DA
   COMPREENSÃO QUE OS PROFESSORES, PAIS E
   ALUNOS DO COLÉGIO CENECISTA PROFESSORA
 ISABEL DE QUEIROZ TÊM DA AVALIAÇÃO NO ENSINO
                FUNDAMENTAL I.




                      Aprovada em 08/09/2010



                     BANCA EXAMINADORA



Ricardo José Amorim                                  Beatriz Barros
Prof. (a) Avaliador (a)                         Prof. (a) Avaliador (a)



                 Sandra Fabiana Almeida Franco
                          Prof. (a) Orientador (a)
4




Dedico este trabalho aos meus filhos, Gabriel e
Elize, duas bênçãos enviadas por Deus.
Ao meu eterno e amado esposo Fabiano que
sempre esteve ao meu lado, otimizando meus
momentos turbulentos. Para sempre te amo,
meu amor.
5



                             AGRADECIMENTOS


      A Deus, que me deu a sabedoria, serenidade e persistência, pois jamais
duvidei de sua presença ao meu lado e também no desempenho de minha
profissão.


      A meu pai que construiu uma história de amor e a meus irmãos que são a
minha fortaleza.


      Palavras de agradecimentos não poderão faltar para alguém muito especial,
que mesmo não estando presente em minha vida, jamais deixarei de falar: a você
minha mãe, que partiu muito cedo para o lar Celestial, sem poder contemplar mais
essa conquista, que seria um orgulho seu... Mas que está presente para sempre em
mim. Ao receber meu diploma mãe, sentirei sua presença, teu abraço carinhoso
cheio de orgulho e tuas mãos suaves tocarem meu rosto e os meus cabelos. Em
silêncio te abraçarei e deixarei a emoção fluir, com muitas saudades tuas. A tua
memória sempre reinará em mim e tudo o que me ensinou será sempre base do que
sou hoje. (Lágrimas de saudades correm em meu rosto.)


      A professora Sandra Fabiana Almeida, pela satisfação que me concedeu ao
aceitar orientar e concretizar este trabalho ao qual se reflete suas reconhecidas
qualidades, enquanto docente.


      Do mesmo modo, são devidos agradecimentos aos mestres-professores que
contribuíram ao longo do curso para o enriquecimento dos meus conhecimentos.


      Quero também manifestar um sentimento de agradecimento aos meus
amigos de turma, a Jaedson e as incansáveis e solidárias amigas: Francieli, Mayara,
Virgínia e em especial a Maísa, pelo companheirismo constante em minha jornada.
6




“A principal meta da educação é criar homens que sejam
capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir
o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam
criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da
educação é formar mentes que estejam em condições de
criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.”


                                               Jean Piaget
7



                                  RESUMO


O presente estudo monográfico objetivou identificar as compreensões que os
professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz têm
da avaliação escolar no Ensino Fundamental I. Dentro deste contexto buscamos
alguns teóricos como: Brandão (2001), Klein (1995), Valente (2001), Luckesi (1998),
Hoffaman (1998) Piaget (1978), Nérici (1977), Forquin (1993), Ferreira (2001),
Vygotsky (1994), Chauí, (1997), Wallon (1995), Trivinos (1987), Sacristán (2000),
dentre outros, para subsidiar nossa pesquisa. Utilizamos a pesquisa de cunho
qualitativo e como instrumentos de coleta de dados, a observação participante e a
entrevista semi-estruturada, pois nos forneceram elementos relevantes para
alcançarmos um melhor resultado no espaço e dos sujeitos pesquisados. No tocante
aos resultados obtidos pudemos compreender que os professores apresentam um
conceito bem formulado sobre avaliação, demonstrando que avaliam em todos os
aspectos levando em consideração todas as atividades feitas em sala de aula em
conjunto, no entanto o uso da classificação para medir o aluno também flui no
mesmo espaço. Alguns pais, porém, demonstraram ter um conceito de avaliação
tradicional, o que contribui para percebermos a falta de acompanhamento dos filhos
e desinteresse por informações sobre as formas avaliativas usadas na escola. Os
alunos por sua vez cumprem as regras avaliativas estabelecidas, realizando as
atividades impostas pelos professores.



Palavras- chave: Compreensão, Avaliação, Aluno e Professor.
8



                                   LISTA DE GRÁFICOS




Gráfico 1 – Percentual quanto à formação docente.................................................39

Gráfico 2 – Percentual quanto à formação profissional dos pais.............................39

Gráfico 3 – Alunos concluindo o 5º ano do Ensino Fundamental I...........................40

Gráfico 4 – Quanto ao gênero dos professores pesquisados...................................41

Gráfico 5 – Quanto ao gênero dos alunos pesquisados ..........................................41

Gráfico 6 – Quanto ao gênero dos pais pesquisados...............................................42

                                                                          Gráfico 7 – Faixa etária dos

                                   professores...................................................................42

Gráfico 8 – Faixa etária dos pais entrevistados........................................................43

Gráfico 9 – Faixa etária dos alunos entrevistados....................................................43
9



                                                    SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11


CAPÍTULO I...............................................................................................................12


   1.1. AVALIAÇÃO NO TEMPO................................................................................12
              1.1.1. Idade Antiga ....................................................................................12
               1.1.2. Idade Média.....................................................................................13
              1.1.3. Renascimento..................................................................................13
               1.1.4. Contemporaneidade........................................................................14
   1.2. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO........................................................................14
  1.3. AVALIAÇÃO: FAVORECEDORA DA QUALIDADE DE ENSINO....................18


CAPÍTULO II..............................................................................................................21


    2.1.COMPREENSÃO............................................................................................21
    2.2. AVALIAÇÃO...................................................................................................22
    2.3. ALUNO...........................................................................................................25
    2.4. PROFESSOR.................................................................................................29


CAPÍTULO III.............................................................................................................32


     3.1. TIPO DA PESQUISA.....................................................................................32
    3.2. SUJEITOS DA PESQUISA ..........................................................................33
     3.3. LÓCUS DA PESQUISA.................................................................................33
    3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................................34
               3.4.1. Observação Participante.................................................................35
               3.4.2. Entrevista Semi-estruturada............................................................36


CAPÍTULO IV............................................................................................................38


    4.1. PERFIL DOS SUJEITOS...............................................................................38
10



               4.1.1. Formação........................................................................................38
                4.1.2. Gênero............................................................................................40
             4.1.3. Idade...............................................................................................42
     4.2. DISCUSSÃO DOS DADOS..........................................................................44
                4.2.1. Compreensão de avaliação............................................................44
                4.2.2. Formas Avaliativas.........................................................................47
                4.2.3. Nota x Aprendizagem.....................................................................49


CONFIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................52


REFERÊNCIAS..........................................................................................................54


APÊNDICES...............................................................................................................57
11



                                 INTRODUÇÃO


             Este trabalho não almeja considerar todos os temas e definições em
"Avaliação Escolar". Trata-se de uma pesquisa concisa sobre o assunto, porém
analisada com muita dedicação e sensatez na qual alunos, mestres e responsáveis
possam ler, avaliar, criticar, adquirir conteúdo, refletir e talvez ter um parâmetro
sobre o assunto contido neste trabalho.


         O tema "Avaliação Escolar" foi escolhido por nós, devido ao assunto que é
polêmico e complexo, pois, os educadores de hoje têm enfrentado diversos
problemas no desenvolver do seu trabalho: tratar seu objeto de trabalho e seu
público adequadamente, quer dizer, se relacionar com eles conforme os novos
conceitos das relações sociais e como entender as múltiplas dimensões do exercício
da cidadania e até que ponto a avaliação escolar pode afetar a vida escolar e social
dos educandos. No entanto, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a abordagem
do sistema de avaliação do ensino e a aprendizagem, para que as instituições
escolares públicas e privadas percebam que não podem medir e nem devem punir,
classificar simplesmente a aprendizagem retratada pelos educandos.


         Enfim, ao realizarmos este trabalho, fizemos um levantamento histórico do
sistema de avaliação desde a Antiguidade até o presente momento. Em seguida,
explanamos sobre alguns tipos de avaliação, analisando e discutindo depoimentos
de alguns educadores, pais e alunos.


           A partir desta pesquisa chegamos a algumas considerações de forma
respeitosa e convicta que este trabalho pode contribuir muito para os que de alguma
forma participam do processo educativo.
12



                                   CAPÍTULO I


                             PROBLEMATIZAÇÃO



1.1. AVALIAÇÃO NO TEMPO



       No espaço educacional alguns elementos sempre circundam o processo de
ensino-aprendizagem, entre eles a avaliação que dentro da sociedade se difundiu
como um processo contínuo. Todavia, quais são as compreensões que os
protagonistas, que atuam diretamente na educação, têm da avaliação? Buscando
respostas no contexto histórico encontramos através do tempo tendências e
desenvolvimento do processo avaliativo em diferentes fases, tais como: Idade
Antiga, Idade Média, Renascimento e na Contemporaneidade.


1.1.1. Idade Antiga

      Na história antiga, encontram-se diversas formas de avaliação. Há situações
em algumas tribos primitivas onde adolescentes eram submetidos a provas
relacionadas com seus costumes e só depois de mostrarem um bom desempenho
nessas provas eram considerados adultos. (BRANDÃO, 2001).

      Em Esparta, na Grécia, os jovens eram submetidos a duras provas, através
de jogos e competições atléticas, durante os quais deveriam provar sua grande
resistência física e psicológica. Em Atenas, encontrava-se Sócrates, que submetia
seus alunos a um exaustivo e preciso inquérito oral, a expressão "O conhece-te a ti
mesmo" no qual o sábio se empenhou toda a sua vida. Segundo Brandão (2001),
Sócrates apontava a auto-avaliação como um pressuposto básico para o encontro
com a verdade. Seu método pedagógico também pôs em evidência o processo da
conceituação, considerado básico sobre o ponto de vista científico.
13



1.1.2. Idade Média

      Porém, a Idade Média com os períodos apostólicos, patrístico e monástico
apresentou um grande interesse pelo conhecimento de realidades mediatas, ou por
um conjunto de verdades ao qual os homens chegaram não com o auxilio de
inteligência, mas mediante a aceitação da fé. Predominaram, portanto, o método
racional e o argumento de autoridade: o primeiro aplicado a realidades e fatos não
suscetíveis de comprovação experimental, e o segundo consistindo em admitir uma
verdade ou doutrina, baseada apenas no valor intelectual ou moral daquele que a
propõe ou professa, submetendo-se desta forma a um processo avaliativo. Aceitava-
se quase passivamente a opinião dos mestres ou autoridades no assunto. Repetir,
portanto, integralmente o que se ouvia ou lia, era a prova mais convincente do
saber. A atenção e a memória eram os elementos mais valorizados nas escolas
desta época. (KLEIN, 1995).

      As instituições escolares de maior influência neste período e que constituíram
as organizações mais poderosas e fecundas de todos os tempos foram às
universidades. Nestas instituições, os estudos destinavam-se principalmente, a
formação de professores compreendendo o bacharelado, a licenciatura e o
doutorado. Os que venciam o bacharelado deveriam prestar exames a fim de
conseguir licença para ensinar. O exame consistia na interpretação e explicação de
trechos selecionados por grandes mestres.

1.1.3. Renascimento

      Para (KLEIN, 1995) no período do Renascimento manifestava o movimento do
Humanismo em duas correntes, nitidamente diferenciado que se distinguiam entre a
corrente do humanismo cristão e corrente do humanismo pagão. Enquanto, a
corrente do humanismo cristão trazia valiosas contribuições para a avaliação através
de uma orientação psicológica que visava atender as diferenças individuais dos
alunos, a fim de que fossem preparados para a vida de acordo com as suas
necessidades, interesses e aptidões. A corrente do humanismo pagão exaltava a
individualidade humana, considerada como um fim em si mesma; a super
valorização do eu individual sem quaisquer vínculos com valores transcendentais.
Este humanismo viria mais tarde imprimir no pensamento moderno seu caráter
14



predominantemente naturalista. Contudo, avaliar poderá significar o ato de examinar
o grau de adequação entre um conjunto de informações e um conjunto de critérios
apropriados ao objetivo fixado, para uma tomada de decisão.

1.1.4. Contemporaneidade

      Nos tempos atuais, surge a necessidade de se construir um sistema
educativo inteiramente novo no qual a educação da criança passa ao domínio
exclusivo e absorvente do Estado. Há forte reação contra o ensino humanista
tradicional, dando relevo predominante nos planos educativos às ciências naturais,
às línguas modernas e aos trabalhos manuais. No início do século XX,
predominaram as tendências pedagógicas que colocaram em primeiro plano o
problema técnico da educação. Atualmente, a tecnologia educacional se firma como
uma maneira nova de pensar a educação e de fazer frente aos problemas
educacionais, afirma Valente (2001, p. 16).


1.2. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO


      Quanto às diversas formas de se avaliar, existe um consenso entre a maioria
dos autores que se relacionam com o mesmo assunto de avaliação e que buscam
um ideal concreto e enriquecedor em torno de algumas categorias relativas aos
principais tipos de avaliação. Porém é uma questão também muito discutida, entre
alguns autores que possuem visões diferenciadas das opiniões existentes, pois
poderá vir muitas vezes a ser usada de forma injusta e incorreta pelos
educadores.Em certos casos, isto poderá provocar grandes danos na vida do
educando, o que o deixaria com alguma seqüela emocional, provocando-lhe uma
barreira instintiva sempre que se sentir avaliado, decorrente do que lhe foi
proporcionado anteriormente durante um processo avaliativo aplicado por um
educador. Neste sentido, como os autores nos dão algumas bases nestas diversas
formas de avaliação, torna-se possível uma classificação. Segundo Rabelo (2003),
ele expressa através de um quadro, identificações referentes à avaliação no
processo formativo:
15



                             AVALIAÇÃO: QUANTO À FORMAÇÃO

PERÍODOS        TIPOS         OBJETIVOS      INTERESSES                       BUSCAS

                               ORIENTAR                     A AVALIAÇÃO BUSCA CONHECER, PRINCIPALMENTE
  INÍCIO      DIAGNÓSTICA      EXPLORAR         ALUNO       AS APTIDÕES, OS INTERESSES E AS CAPACIDADES E
                              IDENTIFICAR     ENQUANTO      COMPETENCIAS ENQUANTO PRÉ-REQUISITOS PARA
                                ADAPTAR       PRODUTOR                   FUTUROS TRABALHOS.
                               PREDIZER

                                REGULAR
                                 SITUAR
                             COMPREENDER                       A AVALIAÇÃO BUSCA INFORMAÇÕES SOBRE
DURANTE       FORMATIVA       HARMONIZAR        ALUNO       ESTRATÉGIAS DE SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS E DAS
                             TRANQUILIZAR     ENQUANTO                 DIFICULDADES SURGIDAS
                                 APOIAR       ATIVIDADE,
                               REFORÇAR     PROCESSOS DE
                               CORRIGIR       PRODUÇÃO
                               FACILITAR
                               DIALOGAR

                               VERIFICAR                    A AVALIAÇÃO BUSCA OBSERVAR COMPORTAMENTOS
                              CLASSIFICAR       ALUNO            GLOBAIS, SOCIALMENTE SIGNIFICATIVOS,
 DEPOIS        SOMATIVA          SITUAR       ENQUANTO       DETERMINAR CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS E SE
                               INFORMAR     PRODUTO FINAL            POSSÍVEL, DAR UM CERTIFICADO
                               CERTIFICAR
                              PÔR À PROVA




           Uma avaliação inicial ou diagnóstica faz um prognóstico sobre as
capacidades de um determinado aluno, como por exemplo, em relação a um novo
conteúdo a ser abordado. Sendo assim, pode-se identificar algumas características
em um aluno, podendo escolher algumas seqüências de trabalhos bem mais
adaptadas a tais características. Com isso o professor pode identificar um perfil dos
sujeitos, antes mesmo de iniciar qualquer trabalho de ensino. Segundo Rabelo
(2003):

                            O diagnóstico é o momento de situar aptidões iniciais, necessidades,
                            interesses de um indivíduo, de verificar pré-requisitos. É, antes de tudo,
                            momento de detectar dificuldades dos alunos para que o professor possa
                            melhor conceber estratégias de ação para solucioná-las. (p. 72).


             A avaliação diagnóstica pressupõe que os dados coletados por meio de
instrumentos sejam lidos com rigor científico tendo por objetivo não a aprovação ou
reprovação dos alunos, mas uma compreensão adequada do processo de
crescimento. Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-
la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica. Esta forma de
entender, propor e realizar a avaliação exige que ela seja um instrumento auxiliar de
aprendizagem e não um instrumento de aprovação ou reprovação dos alunos.
16



         Observando ainda o quadro “avaliação quanto à formação”, nota-se que a
avaliação formativa demonstra ter a finalidade de proporcionar informações acerca
do desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem, com o fim de que o
professor possa ajustá-lo às características dos alunos a que se dirige. Este tipo de
avaliação, não tem uma finalidade probatória. Entre suas principais funções estão,
as de orientar, corrigir, reforçar, etc.

                        A avaliação formativa é incorporada no ato do ensino integrando-se na ação
                        de formação. Contribui para melhorar a aprendizagem, pois informa ao
                        professor sobre o desenvolver da aprendizagem e ao aluno sobre os
                        sucessos e fracassos, o seu próprio caminhar. (RABELO, 2003.p.75)


       Sendo assim, ela assume uma função reguladora, quando vem permitir tanto
aos alunos como aos professores ajustarem estratégias e dispositivos, podendo
reforçar competências que esteja de acordo com alguns objetivos previamente
estabelecidos permitindo aos próprios alunos analisar situações, reconhecer e
corrigir seus eventuais erros nas tarefas.


      Diferentemente da avaliação somatória, que traz um balanço aditivo de uma ou
várias seqüências de trabalhos, às vezes ela nos mostra uma realidade ativa em
nossas escolas quando deixa concretizar como um processo cumulativo, pondo em
prática o objetivo social de por a prova, de verificar, portanto, além de informar, ela
situa e classifica. Tendo como principal função entregar um certificado, concluindo
assim sua trajetória.

                        Uma avaliação somativa naturalmente é uma avaliação pontual, já que,
                        habitualmente, acontece no final de uma unidade de ensino, sempre
                        tratando de determinar o grau de domínio de alguns objetivos previamente
                        estabelecidos. (RABELO, 2003.p.76)


       Esta avaliação não auxilia em nada o avanço e o crescimento, constituindo-se
num instrumento estático e frenador do processo de crescimento e subtrai da prática
da avaliação aquilo que lhe é constitutivo.


       Como todos sabemos, apesar dos esforços feitos, muitas destas atitudes,
permanecem na rotina das escolas, embora, por vezes, com certa aparência de
modernidade. Quando se fala de avaliação, bem como “avaliação final”, na verdade
17



se está apenas a pensar em dar uma classificação. Certos de que classificar faz
parte do processo avaliativo somatório, não deveria ser usado como um sinônimo,
para “disfarçar” o que suspeita-se de que está errado. E para reforçar, Cortesão
(1990) diz que:


                     Tradicionalmente o professor encarava a avaliação exclusivamente como
                     um processo de classificar os alunos no final de um período de tempo mais
                     ou menos longo. Conseqüentemente a avaliação resumia-se às atividades
                     que permitiam ao professor rotular o aluno e qualificar o resultado a que o
                     aluno chegou. (p.32)


       A utilização, na prática pedagógica, da avaliação classificatória, desconsidera
o educando como sujeito humano histórico, julgando-o e classificando-o, ficando
para o resto da vida, do ponto de vista do modelo escolar vigente, estigmatizado,
pois as anotações e registros permanecerão, em definitivo, nos arquivo e nos
históricos escolares, que se transformarão em documentos legalmente definidos.

      Atualmente, os objetivos da avaliação deveriam visar tanto o processo de
aprendizagem quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma
diferença fundamental em relação às provas escolares é a avaliação permanente,
que se realiza com outro tipo de meios, entre os quais se inclui o conjunto de tarefas
realizadas pelo estudante no decurso do ano escolar. Sendo assim, a avaliação
realizada obtém sobre o aluno uma informação mais abrangente que a simples e
pontual referência das provas.

          Avaliar tornar-se-ia, um processo dinâmico, contínuo e sistemático que
acompanharia o desenrolar do ato educativo de modo a permitir o seu constante
aperfeiçoamento. É muito importante que as atividades avaliativas forneçam dados
que permitam ao professor interrogar-se sobre a forma como atua, sobre as técnicas
que utiliza, de modo que ele possa adaptar o seu ensino às características e as
necessidades de seus alunos.

          Portanto, o professor deve utilizar instrumentos avaliativos vinculados à
necessidade de dinamizar, problematizar e refletir sobre a ação educativa/avaliativa
da instituição. Esses instrumentos de avaliação devem ser utilizados pelo educador
que se preocupa em orientar indivíduos críticos, sendo capazes de analisarem as
18



suas   próprias   aptidões,   atitudes,    comportamentos,       pontos     favoráveis    e
desfavoráveis e êxitos na dimensão dos propósitos.


1.3. AVALIAÇÃO: FAVORECEDORA DA QUALIDADE DE ENSINO


       A avaliação serve como medida para o trabalho do professor e do aluno. Para
o docente, ela pode demonstrar as falhas e qualidades em fornecer subsídios no
processo de ensino-aprendizagem do aluno. Serve ainda para que ele repense a
sua prática educativa.

                     O professor que entende a educação como prática social transformadora e
                     democrática trabalha com seus alunos na direção da ampliação do
                     conhecimento, vinculado os conteúdos de ensino à realidade, escolhendo
                     procedimentos que assegurem a aprendizagem efetiva. (RAIZES E ASAS
                     s/d p.2)



       O sistema cobra a nota do professor e esse busca no aluno a medida do seu
trabalho, assim, depois da aplicação dos instrumentos avaliativos será encontrado o
respaldo necessário para verificar através da nota obtida pelo educando se a
aprendizagem foi satisfatória ou não. Esse professor demonstra que, se ao contrário
foram ruins não conseguiram compreender o que foi ensinado.

       Segundo a Coleção Raízes e Asas (s/d p.5) no livro como ensinar um desafio.
“Não há modelos gerais aplicáveis a qualquer situação, pois cada sala de aula é
única: cada professor é diferente, os alunos não são iguais nem podem ser
idealizados”.

           A avaliação deve estar ligada ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da
escola: Ao planejamento e a ação pedagógica propriamente dita. Serve como elo ao
processo de ensino-aprendizagem, unindo o trabalho do professor à sede de
aprender do aluno mostrando assim, o respaldo para a ação educativa de qualidade
dentro da unidade escolar.

       Percebe-se dessa forma, que a avaliação tem “perseguido”, ao longo dos
tempos, o processo de ensino e aprendizagem, na definição de Luckesi (1998)
“Avaliação vem do latim e significa ato dinâmico, ato de apreciação”. Normalmente,
feita na escola depois de acontecido o processo ensino-aprendizagem está aos
19



poucos sendo revista e provocando uma mudança de atitudes. Fávero (1995) diz
que:

                     A avaliação está presente em toda ação humana. Sempre buscamos ou
                     fazemos alguma coisa conscientemente, sentimos necessidade de
                     perguntar-nos se ela corresponde ao que nos propusemos, para uma
                     tomada de posição, isto é, para aceitá-la transformá-la. Mais é do que
                     avaliar, o que nos mostra que avaliar não significa necessariamente atribuir
                     nota (p.9).


       Atualmente, na Lei de Diretrizes e Bases - LDB (BRASIL, 1996) o processo
avaliativo é contemplado no Art. 24, inciso V, que diz: a verificação do rendimento
escolar observará alguns critérios entre eles o que discorre sobre o processo
avaliativo:

      Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, prevaleça dos
       aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do
       período sobre os de eventuais provas finais;

       Dessa forma, entende-se que o docente deve valorizar a avaliação dentro do
processo de ensino-aprendizagem. Como se observa em outro trecho da Lei a
expressão "verificação do rendimento escolar” que quer dizer comprovar o
rendimento escolar, assim acaba dando ênfase novamente a avaliação. Por
conseguinte, segundo a LDB, cabe a escola comprovar a eficiência dos alunos
através de um processo avaliativo.

       Mas, quando se fala em comprovar ou avaliar o rendimento dos alunos,
depara-se com um elemento complexo, visto que avaliar não é a mesma coisa que
medir, pois a medida pode-se dispor de instrumentos precisos tais como: régua
balança, etc. Quanto mais preciso os instrumentos, mais exatos a medida. Ao
contrário disso não há instrumento preciso para a avaliação. Contudo, na avaliação
escolar, não se avalia um objeto concreto observável e sim um processo humano
contínuo. Segundo Hoffmann (1998 p. 33): “Avaliar seria julgar o resultado do
trabalho da criança após o término da atividade. Tal ação fica reduzida a uma
apreciação final do desempenho do aluno para fins de registro classificatório”.

       Com isso, para tentar contornar a complexidade que gira em torno da
avaliação e impedir que a avaliação de um momento se torne em algo generalizado
20



para todo um processo, deve-se proceder a uma avaliação como algo contínuo que
capte o desenvolvimento do educando em todos os seus aspectos. (FLETCHER
1998, p.39)

      Diante dos aspectos apresentados acima, torna-se importante discutir sobre
as avaliações que estariam sendo adotadas na educação e se elas cumprem regras,
seguindo algum padrão estabelecido pela instituição. Sendo assim, surgiu a seguinte
questão de pesquisa: Quais as compreensões que os professores, pais e alunos do
Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz têm sobre a avaliação no Ensino
Fundamental l?


      Assim o estudo teve como objetivo compreender a avaliação escolar adotada
dentro do Ensino Fundamental l. Se esta vem atendendo às expectativas de sua
clientela, preocupando-se em formar sujeitos autônomos críticos e capazes de
analisar as suas próprias atitudes e comportamentos, significativamente, garantindo
a inserção e ascensão social, além da melhoria na qualidade de vida.
21



                                   CAPÍTULO II
                         FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

       Neste capítulo cabe-nos analisarmos teoricamente a problemática de estudo
a partir dos conceitos-chave: Compreensão, Avaliação, Aluno e Professor.


2.1. COMPREENSÃO


      A palavra compreensão vem do latim “comprehensione” – ato ou efeito de
compreender, faculdade de perceber; percepção. Mas a percepção humana vai,
além disso, porque na realidade, ela comporta uma parte de empatia e identificação”
(FERREIRA,1986).

      O processo de compreensão na educação busca principalmente desenvolver
a capacidade do grupo, a entender as relações humanas através de uma concepção
de complexidade. Essa relação de complexidade no âmbito educativo é discutido por
Sacristán (2000) como:

                     [...] fenômenos educativos como fenômenos sociais, é imprescindível
                     chegar aos significados, ter acesso ao mundo conceitual dos indivíduos e
                     às redes de significados compartilhados pelos grupos, comunidades e
                     culturas (p.103).

      Diante da discussão do autor, ver-se que é preciso analisar nas instituições
educativas a complexidade da compreensão, levando em consideração as culturas
dos sujeitos envolvidos, subjetividades e incertezas. Assim, a busca pelas
compreensões é um caminho de investigação para que consiga discutir a avaliação
escolar.

      Com isso, entender a compreensão que os professores, pais e alunos têm da
avaliação escolar vai além de buscar explicações sobre os possíveis problemas que
ocorrem no ambiente em que a criança é educada. Buscar essas compreensões é
vislumbrar os fatos que interferem diretamente ou indiretamente no meio
educacional, social e cultural dos educandos.

      Salientamos também que o ato de compreender está estritamente ligado a
compreensão humana. Segundo Morin (2005):
22


                       A compreensão humana vai além da explicação é bastante para a
                       compreensão intelectual ou objetiva das coisas anônimas ou materiais. É
                       insuficiente para compreensão humana. Esta comporta um conhecimento
                       de sujeito a sujeito. Por conseguinte, se vejo uma criança me chamando
                       vou compreendê-la, não por medir o grau de salinidade de suas lágrimas,
                       mas por buscar em mim minhas aflições infantis, identificando-a comigo e
                       identificando-me com ela. O outro não apenas é percebido objetivamente, é
                       percebido como outro sujeito com o qual nos identificamos e que
                       identificamos conosco, o ego elter que se torna alter ego. Compreender
                       inclui necessariamente, um processo de empatia, de identificação e de
                       projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura na simpatia
                       e generosidade (p. 94-95).




         Dessa forma, assimilar a compreensão da avaliação escolar dentro da
complexidade humana, está associada a identificar os aspectos imperceptíveis e
significativos que ocorre entre professor e alunos dentro das salas de aulas, espaço
primordial para o processo de ensino-aprendizagem

         Para Sacristán (2000):

                       [...] que compreender a vida da sala de aula é um requisito necessário para
                       evitar a arbitrariedade na intervenção. Por outro lado, enquanto não se atua
                       e experimenta não é possível conhecer, compreender e interpretar as
                       peculiaridades e características de sua forma de ser. (p.81).




         Dando continuidade a essa reflexão também pontuamos que a prática da
docência é importante no ato da compreensão, pois permite a troca entre aluno e
professor gerada pela empatia de ambos durante todo processo educativo, inclusive
no processo avaliativo.

2.2. AVALIAÇÃO

          A avaliação educacional é uma tarefa didática necessária e permanente no
trabalho do professor, ela deve acompanhar todos os passos do processo de ensino
e aprendizagem. É através dela que vão sendo comparados os resultados obtidos
no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos, conforme os objetivos
propostos, a fim de verificar progressos, dificuldades e orientar o trabalho para as
correções necessárias. A avaliação insere-se não só nas funções didáticas, mas
também na própria dinâmica e estrutura do Processo de Ensino e Aprendizagem
(PEA).
23



       A avaliação é uma das questões mais discutidas pelos grandes educadores,
pois muitas vezes seu uso é considerado de forma injusta e incorreta, causando
prejuízos na vida do educando.

      Para Raízes e Asas (s/d):

                      A avaliação tem também a função de orientar os procedimentos de ensino
                      em sala de aula. È através dela que o professor obtém informações
                      básicas sobre quantos e quais alunos estão conseguindo realizar as
                      atividades onde estão concentradas as dificuldades e de que natureza são.
                      (p.11)



      Analisando a definição do autor, acredita-se que a avaliação é o procedimento
para avaliarmos o processo de ensino-aprendizagem do aluno. Luckesi (1998) por
sua vez, definiu a avaliação como instrumento que se classificam em tipos e
funções.


      Entre os tipos de função argumentada pelo autor, temos a verificação, que
acaba sendo uma avaliação taxativa, que gera medo e sofrimento, pois é uma
constatação para verificar se é verdadeira uma desconfiança, ou seja, a
aprendizagem ou não aprendizagem do aluno.


      Já como função classificatória, a avaliação não auxilia em nada o avanço e o
crescimento; constitui-se num instrumento estático do processo de crescimento;
subtrai da prática da avaliação aquilo que lhe é constitutivo.


      Como função diagnóstica pode servir a finalidade de avanço e crescimento.
Constitui-se num momento dialético no processo de avançar no desenvolvimento da
ação, do crescimento para a competência. Diagnosticando, ela será enquanto
momento dialético de “senso” do estágio em que está e de sua distância em relação
à perspectiva que está colocada como ponto de ser atingido à frente. Segundo
Luckesi (1998); A referida função pressupõe que os dados coletados por meio de
instrumentos sejam lidos com rigor científico, não tendo por objetivo a aprovação ou
reprovação dos alunos, mas uma compreensão adequada do processo de
crescimento.
24



      Assim, os resultados da avaliação deverão ser utilizados para diagnosticar a
situação do aluno, tendo em vista o cumprimento das funções de auto compreensão
acima estabelecidas. Entretanto, para que a avaliação diagnóstica seja possível, é
preciso compreendê-la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica.
Esta forma de entender, propor e realizar a avaliação exige que ela seja um
instrumento para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem.

      Atualmente, os objetivos da avaliação visam tanto o processo de
aprendizagem quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma
diferença fundamental em relação às provas escolares é a avaliação permanente,
que se realiza com outro tipo de meios, entre os quais se inclui o conjunto de tarefas
realizadas pelo estudante no decurso do ano escolar. A avaliação é, assim,
realizada para obter sobre o aluno uma informação mais abrangente que a simples e
pontual referência das provas, pois como diz Nunes (2000 p. 93): “A nota somente,
não expressa o que o educando aprendeu isso porque ele pode tirar notas altas sem
saber o conteúdo, através da “cola”, da memorização”.

      Outras concepções de avaliação perpassam a lógica que avaliar é um
processo que deve abranger a organização escolar como um todo desde as
relações internas da escola, o trabalho docente, a organização do ensino, o
processo de aprendizagem do aluno e, ainda, a relação com a sociedade.

      Dessa forma, a avaliação permitiria diagnosticar, reforçar e permitir crescer a
aprendizagem dos discentes. O papel do professor neste contexto é o de um
conselheiro, de um orientador, e não o de um juiz, júri e executor. Pois a avaliação
como "punição" deve ser substituída pela abordagem da "melhoria contínua", assim
como diz Chauí (1997), nascemos trazendo em nossa inteligência não só os
princípios racionais, cabendo ao professor avaliar de forma coerente.

      A avaliação também pode ser considerada um exercício mental que permite a
análise, o conhecimento, o diagnóstico, a medida ou julgamento de algo. Avaliar
seria um processo de autoconhecimento e do conhecimento da realidade e da
relação dos sujeitos com essa realidade. Seria um processo de re-criação e
ressignificação das instituições que fazem parte dessa realidade e das pessoas que
a mantêm.
25



         Nesse caso, seria a forma de analisar como os alunos estão sendo
avaliados? Quais as concepções que estão avaliadas? Quais os objetivos que
pretende com essa avaliação? Questionam-se também se os processos de
avaliação da aprendizagem dos alunos estão centrados num desempenho cognitivo,
sem referência a um projeto político-pedagógico de escola.

         Os sentidos das avaliações escolares, infelizmente, tem se direcionado para o
ato   real     de   aprovar   ou   reprovar   os   alunos,   independente   da   teoria,
conseqüentemente esta tem sido a prática.

2.3. ALUNO

          Segundo a etimologia, o termo aluno significa literalmente “criança de peito”,
“lactante” ou “filho adotivo”, do lat. alumnus, alumni, proveniente de alere, que
significa “alimentar, sustentar, nutrir, fazer crescer”. Daí o sentido de que aluno é
uma espécie de lactente intelectual; e não alguém “sem luz”, como afirma uma
etimologia falsificada que lê a- como prefixo de negação (note que o prefixo é grego)
e lun- como proveniente do latim lumen, luminis (luz). O termo aluno aponta,
portanto, para a idéia de alguém imaturo, que precisa ser alimentado na boca e
exige ainda muitos cuidados paternais ou maternais (LEWIS; SHORT 1879).

               Em sentido figurado ou metafórico, porém, aluno significa simplesmente
“discípulo”, “aluno” ou “pupilo”, alguém que aprende de forma coletiva em
estabelecimento de ensino pela mediação de um ou vários professores (FARIA
1962).

             Quanto à palavra estudante, do verbo estudar, ela designa o indivíduo que
se empenha em algum tipo de estudo. Sugere pessoa independente, que busca o
alimento intelectual por conta própria, sem necessidade de ser alimentado na boca,
e costuma fazer isto de maneira individual.

              Notamos que, enquanto o conceito aluno aponta para a dependência e
passividade, o segundo conceito sinaliza autonomia e atividade. É preciso
reconhecer que, em algumas fases escolares (Educação Infantil e Ensino
Fundamental l e ll), atuamos como alunos, embora em outras (Ensino Médio e,
principalmente, na Educação Superior), como estudantes. Mas não é preciso ter
26



preconceito pela palavra “aluno”, ela é a mais comum em contexto de sala de aula.
Afinal de contas, o sonho de todo professor é que seus “alunos” se tornem também
“estudantes”. A pedagogia moderna se esquiva do problema empregando apenas o
termo “educando”.

      No entanto para PIAGET (1978):

                     Devemos educar para compreender, e educar para conhecer as
                     informações. [...] implica construção da própria inteligência [...] formarmos
                     jovens capazes de críticas e auto críticas, jovens capazes de pensar
                     criativamente, transformando ações, jovens que se posicionem perante
                     outros e respeitem o posicionamento de cada um. (p.68)



      Abordar sobre o aluno também nos remete a relação do aluno com o
professor. Morales (2006) pontua que uma boa relação entre ambos pode incidir
positivamente na aprendizagem dos discentes e na satisfação pessoal do professor.
Ainda segundo o autor a função do professor é ajudar os alunos no seu
aprendizado, buscando o seu êxito e não o seu fracasso. Assim, a qualidade da
relação com o aluno pode ser relevante nesse aspecto.


      Para salientar ainda mais a questão sobre a relação entre professor e aluno,
Morales (2006) nos remete a atenção às atitudes dos alunos, pois o aluno está em
interação com o professor em todos os momentos, quando perguntam ou
respondem algo, quando se comunicam ou quando estão distraídos. Para o autor, o
professor deve estar atento as atitudes dos alunos, pois elas demonstram a relação
que os alunos têm com o mesmo e com o processo.

        Assim, atitude do educador influi na criatividade do educando. Um olhar feio,
uma resposta brusca, uma crítica ou um pedido de explicação, às vezes são
bastante para esfriar o entusiasmo, interromper um gesto, impedir uma criação. Por
outro lado, voltando a atenção para o educando com atitude de valorização de suas
pesquisas, suas descobertas, sua expressão individual, por parte do educador, dão
abertura ao seu potencial criador e permitem o seu melhor desempenho em sala de
aula. É importante entendermos que, entre as dimensões afetivas e cognitivas
presentes na aprendizagem, existem inter-relações e articulações, onde as trocas
são muito importantes e necessárias.
27



           Para o aluno é de fundamental importância a educação familiar no seu
processo educativo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la,
entretanto, é necessário que essas famílias sejam bem formadas para que possam
passar uma boa educação, ou seja, tem que haver a compreensão, tolerância,
carinho e firmeza que são condições indispensáveis para uma educação integral,
visando todos os aspectos que formam a personalidade. A responsabilidade do
acompanhamento dos pais na educação dos filhos deverá atender exigências
humanas e sociais.


           Quando nos referimos à exigência humana, estamos mostrando que os
filhos ao virem ao mundo, são totalmente indefesos e necessitam de proteção e
orientação para poder se desenvolverem bem. E a social, a família também forma
cidadãos capazes de colaborar para o sucesso e progresso da sociedade, bem
como também a sua conservação.


           Sabe-se que como afirma Nérici (1977, p.12) “o processo educativo visa
formar o cidadão capaz de servir a sua comunidade e de identificar-se com anseios
coletivos, deve conduzir a responsabilidade, liberdade, critica e participação”.


          Então, cabe aos pais orientar e acompanhar em suas atividades escolares
fazendo com que a criança sinta o prazer de compartilhar e poder desfrutar
condições de igualdade e amizade junto aos pais, para que já inicie o trabalho de
cooperação, pois somente assim ele poderá participar das aulas com mais
segurança, compartilhando com seus semelhantes a tudo que se refere ao bem
comum.


      Para Nérici (1977):


                     [...] não há duvidas de que um lar mal constituído, dificilmente pode educar. O
                     mais que pode conseguir é angustiar, desorientar e neurotizar seus filhos. (...)
                     Estudiosos do comportamento humano como Kumkel, Freud, Fromm e
                     Horney são unãnimes em encarecer a importância do lar na formação do lar e
                     da personalidade do individuo. (p.74)
28



         Segundo Freud, citado por Bock, (1999, p.204) “o grupo familiar constitui o
cimento mais firme da ordem social estabelecido, o lugar em que se efetiva, a
interiorização da repressão, que continua na escola”. Então os pais têm obrigação
de educar os filhos para o lar e para a sociedade, em processo de continuidade e
harmonia, que se recebe na escola sem oposições que não se justificam e
prejudicam a formação dos filhos.


          Nesse contexto, o psicanalista Frances Jacques Lacan, citado por Bock
(1999), define assim a família:

                     Entre todos os grupos humanos, a família desempenha um papel primordial
                     na transmissão de cultura. (...) a família prevalece na primeira educação, na
                     repressão dos instintos, na aquisição da língua acertadamente chamada de
                     materna.     Com isso, ela preside os processos fundamentais do
                     desenvolvimento psíquico. (p.238-239)



         O autor afirma que é na família que o aluno aprenderá a respeitar os tabus
encontrados em seus caminhos. Adquirirá a linguagem que é condição básica para
que ela possa viver em uma sociedade imposta por muitas limitações, mas que
expõe muitas oportunidades. Devemos permitir ao aluno reflexão, análise e que
construa progressivamente um modelo da tarefa que se tornará um referente
adequado para fazer exames críticos de suas produções, a fim de progredir rumo a
um êxito maior.

         O processo de construção do conhecimento no aluno não começa, nem se
realiza exclusivamente no espaço e tempo escolar. É a partir das vivências sociais e
afetivas que ele adquire em determinadas formas de aprender e se relacionar com
diferentes tipos de saberes. Esse processo de formação se dá a partir de sua
inserção no meio.

           Para o aluno, durante o processo de ensino nas escolas são realizadas
diversas avaliações que leva o educador a avaliar seu aluno utilizando várias
ferramentas que condiz com o seu aprendizado. Dentre estas ferramentas
encontramos também os testes e as provas para garantir ao educador de que as
informações que serão recolhidas são válidas e que realmente os alunos
29



entenderam as questões, estes testes e provas permitem obter informações acerca
de seu desempenho máximo. Para Pais e Monteiro (1996):

                          Os testes, provas e os outros procedimentos para medir a
                          aprendizagem dos alunos não se destinam a substituir as
                          observações e juízos informais dos professores. Antes pelo contrário,
                          visam complementar e suplementar os métodos informais de
                          obtenção acerca dos alunos. (p.95)




       Talvez por estarem entre hábitos muito enraizados, ou por se pensar que é a
melhor forma de avaliação, ainda hoje há muitos professores que recorrem quase
exclusivamente aos testes e provas e muitos alunos só estudam na véspera da sua
realização, sentindo-se angustiados e apreensivos para este momento. Se há
aprendizagens que se avaliem através dos testes e provas, outras há que têm que
ser feitas também por outras formas, diferenciadas, sendo dinamicamente
direcionada pelos professores, para sua classe de alunos.


2.4. PROFESSOR


        Na definição de Ferreira (2001) professor é aquele que ensina uma ciência,
arte ou técnica. Com isso na visão simples, de algumas pessoas a função do
professor é basicamente ensinar, reduzindo este ato a uma perspectiva mecânica,
entretanto, ninguém ensina no vazio, há toda uma contextualização marcada pelo
interesse de determinada época e sociedade.


      O professor é um profissional que tem uma formação para atuar nos espaços
educativos, e são nesses mesmos espaços que os resultados de seus domínios nos
conhecimentos científicos e nos saberes adquiridos no decorrer de sua história de
vida e da sociedade se fazem presentes, a fim de serem transmitidos aos
educandos de forma clara e objetiva.


      Sobre os saberes dos docentes Tardif (2002) fala que:


                       [...] os professores sem suas atividades profissionais se apóiam em
                     diversas formas de saberes: o saber curricular, proveniente dos programas
                     e dos manuais escolares; o saber disciplinar, que constitui o conteúdo das
30


                     matérias ensinadas nas escolas; o saber da formação profissional
                     adquirida por ocasião da formação inicial ou continuado [...] (297).


      No ato de ensinar o professor também constrói valores que auxilia a relação
do homem com a sociedade e ao construir esses valores, insere o homem não só na
sociedade, mas também em uma cultura. Assim: “[...] ensinar é colocar alguém em
presença de certos elementos da cultura a fim de que eles se nutram, que eles os
incorporem a sua substância, que ele construa sua identidade intelectual.”
(FORQUIN, 1993, p.168).


         Ao ensinar o professor também emprega determinados meios para atingir
certas finalidades e com isso ele acaba por desempenhar vários papéis, entre eles o
de agente de mudança. Alencar (2005) nos fala que: “Os professores são pedreiros
que colocam tijolos no edifício de uma nova sociedade, que não será feroz e
excludente com a atual (p.110)”.


      Segundo Tardif (2002), o docente também é um portador de valores
emancipados nas relações de poder que ocupam o espaço escolar. As relações de
poder existentes na escola fazem com que os professores se comportem em alguns
momentos de forma mecânica impondo e seguindo regras na sala de aula.


      Para Burke (2003) precisamos de um professor que tenha conhecimento, e
que saiba adapta-se aos acontecimentos da sala de aula de forma inteligente e hábil
e   assim   vencer   os   preconceitos,   descrenças     e   hábitos   enraizados     ou
institucionalizados nos sistemas educacionais.


        Acreditamos que o professor é um ser humano, social e político e que deve
está comprometido com sua tarefa e tecnicamente preparado para executar sua
prática, e assim levar a população a uma consciência crítica que supere o senso
comum, todavia não desconsiderando, essa grande contribuição para a construção
da sociedade, e sim permitir que esses saberes se façam presentes na construção
dos novos conhecimentos.
31



           Mizukami (1986) discorre que a relação entre o mestre e o aprendiz é
horizontal, professor e aluno aprendem juntos em atividades diárias. Neste
processo, o professor deverá estar engajado em um trabalho transformador
procurando levar o aluno à consciência, valorizando a linguagem e a cultura. (p.99)


      Nesta abordagem, o diálogo marca a participação dos alunos juntamente com
os professores. Os estudantes são partes do processo de aprendizagem que
procura enfatizar a cooperação e o trabalho coletivo na resolução dos problemas
que venham surgir dentro dos variados ambientes sociais.
32



                                   CAPÍTULO III

                                 METODOLOGIA

      Caracterizada por um estudo minucioso, articulado a uma realidade, a fim de
descobrir, aperfeiçoar, ou acrescentar novas informações sobre o que já existe, ou
seja, mostrar algo novo a respeito do fato estudado, a pesquisa se define como um
conjunto de atividades intelectuais tendentes a descoberta de novos conhecimentos
(TRIVINOS, 1987). Com base nessa perspectiva, é que se realizou a presente
pesquisa, que têm como objetivo identificar as compreensões que os professores,
pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz tem da avaliação
escolar no Ensino Fundamental I.


3.1. TIPO DE PESQUISA


      Essa pesquisa foi construída numa perspectiva descritiva com abordagem
qualitativa, pois se tratou de analisar dados referentes a existência da relação sujeito
e realidade, buscando conhecer os conceitos à luz do referencial teórico e também
refletir acerca das falas dos questionados para verificar como está sendo discutido,
no interior do lócus       pesquisado, a questão da avaliação escolar no Ensino
Fundamental I, permitindo a análise dos dados de forma diferenciada, e
reconhecendo a complexidade das relações humanas (LUDKE; ANDRE, 1986). Os
autores caracterizam a pesquisa qualitativa, como procedimentos para a coleta de
dados, a partir de vivências, idéias e práticas pedagógicas que permite uma relação
com o local de estudo e os sujeitos envolvidos.


         Para Ludke e André (1986) esse tipo de pesquisa utiliza o ambiente natural
como fonte direta dos dados, havendo um contato dinâmico e direto entre quem
pesquisa   e   quem    é    pesquisado,   permitindo   ao   pesquisador    desenvolver
compreensões, e não explicações e visões isoladas, pois a abordagem qualitativa é
rica em descrições de pessoas, situações e acontecimentos, onde todos os dados
são importantes, dessa forma existe uma preocupação maior com o processo.
33



         Bodgan e Biklen (1998) citado por Barbosa (2002) falam que a pesquisa
qualitativa também permite ao pesquisador:


                     [...] compreender o comportamento e a experiência humana. Eles procuram
                     entender o processo pelo quais as pessoas constroem significados e
                     descrevem o que são aqueles significados. Usam observações empíricas,
                     porque é com os eventos concretos do comportamento humano que os
                     investigadores podem pensar mais clara e profundamente sobre a
                     condição humana (p.18).


      Com as definições expostas pelos autores, o que nos aproximou do nosso
objeto de estudo, acreditamos que a pesquisa qualitativa dará um suporte para
identificarmos as compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio
Cenecista Professora Isabel de Queiroz tem da avaliação escolar no Ensino
Fundamental I.


3.2. SUJEITOS DA PESQUISA


      Tivemos como sujeitos da pesquisa os professores que lecionam do 1º ao 5º
ano do Ensino Fundamental I, os alunos do 5º ano por estudarem desde o 1º ano
nesta mesma instituição, e os pais dos respectivos alunos do Colégio Cenecista
Professora Isabel de Queiroz.



3.3. LOCUS DA PESQUISA


         O lócus da pesquisa foi fundado em 04 de março de 1963, e teve início o
primeiro ano letivo, sob a direção das professoras Maria Margarida Passos Duarte –
Diretora, Ivanise Jambeiro Gentil – Vice-Diretora e Maria Guerreiro Conceição –
Secretária. Como na cidade de Senhor do Bonfim na década de 60, só existia dois
colégios que ofereciam o 1º grau completo e tinham o ensino privado, enquanto que
as escolas públicas só ofereciam o ensino primário, sensibilizada pela falta de
oportunidade para a classe menos favorecida, a professora Olga Campos de
Menezes, promoveu uma reunião com algumas autoridades da época, propondo a
fundação de uma escola nos moldes da CNEC (Campanha Nacional de Escolas da
Comunidade). Graças a sua iniciativa, foi criado então o Ginásio que recebeu o
nome em homenagem a primeira professora da cidade com formação pedagógica.
34



“Ginásio Professora Isabel de Queiroz”. Hoje graças a uma doação de um terreno
por parte da Prefeitura Municipal, o atual Centro Educacional Cenecista Professora
Isabel de Queiroz, desde o ano de 1965, encontra-se abrigado em prédio próprio
localizada na Praça Simões Filho, 222, Centro, na cidade de Senhor do Bonfim no
estado da Bahia. Desde 1978, o colégio através de bingos, rifas, festas etc, deu
início a um amplo trabalho de reformas sofrendo grandes modificações, por está
assentado numa área de aterro onde no passado existiu uma imensa lagoa.


            Hoje, ele funciona com um quadro docente composto por vinte e dois
profissionais no turno matutino do 1º ano ao 5º ano do Ensino Fundamental I, de 6º
ano ao 9º ano do Ensino Fundamental II, Ensino Médio com formação geral e no
período noturno o espaço oferece faculdade com ensino presencial para os cursos
de História e Letras com Inglês.


        O seu espaço físico é composto por: uma sala de vídeo, uma mecanografia,
uma tesouraria, uma biblioteca, uma cantina, uma sala de informática, um auditório,
quatorze salas de aula, cinco banheiros, uma cozinha, uma secretaria, uma sala de
coordenação, uma quadra de esportes e uma área de lazer com parquinho.


            O seu quadro de funcionários, exceto o corpo docente citado acima, é
formado por: dois orientadores pedagógicos, dois vigilantes, um porteiro, uma
diretora, uma secretária, duas auxiliares de limpeza, três merendeiras sendo que a
cantina atende, aproximadamente, quatrocentos e dezesseis alunos, no período
matutino.


3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS


      Os instrumentos escolhidos para a coleta de dados e que conseqüentemente
nos forneceram elementos relevantes para alcançarmos o objetivo da pesquisa
foram: a observação participante e a entrevista semi-estruturada.
35



3.4.1. Observação Participante


          A observação é um dos instrumentos mais utilizados na investigação e
possibilita um contato pessoal e estreito entre o pesquisador e o objeto de estudo.


       Ludke e André (1986) diz que no ato de observar:


                      O pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações, até
                      mesmo confidências, pedindo cooperação ao grupo. Contudo terá em geral
                      que aceitar o controle do grupo sobre o que será ou não tornado público
                      pela pesquisa. (p. 29).



         Existem várias formas de observação, contudo, a mais adequada a nosso
objeto de estudo foi à observação participante, que para Marconi e Lakatos (1996)
consistem em procedimentos onde a identidade e objetivos do pesquisador são
revelados ao grupo pesquisado. Esse tipo de observação:


                      [...] consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou
                      grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo
                      quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades
                      normais deste... O objetivo inicial é ganhar a confiança do grupo, fazer os
                      indivíduos compreenderam a importância da investigação, sem ocultar o
                      seu objetivo ou sua missão. (MARCONI E LAKATOS, 1996 p.68).



             Ao observar participativamente o pesquisador chega mais perto da
perspectiva dos sujeitos, sendo uma relevante para a pesquisa qualitativa. Como
pontua Ludke e André (1986), nesse convívio em contato com as experiências
diárias, o observador percebe ou acompanha os sujeitos e sua compreensão sobre
visões de mundo e os significados que eles atribuem à realidade que os cerca.


         Para Ludke e André (1986), a observação participante também apresenta
vantagens em relação aos outros instrumentos, pois o observador pode recorrer aos
conhecimentos e experiências vividas a fim de compreender e interpretar o
fenômeno estudado.


        Relacionando os argumentos dos autores com nosso objeto de pesquisa, a
observação participante foi de fundamental importância para identificarmos as
36



compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora
Isabel de Queiroz tem da avaliação escolar no Ensino Fundamental l.


3.4.2. Entrevista Semi-estruturada


         A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas na obtenção de dados na
abordagem qualitativa, pois permite saber o que as pessoas pensam suas idéias e
sentimentos. Marconi e Lakatos (1996) a definem como:


                     [...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
                     informação a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação
                     de natureza profissional... uma conversação efetuada face a face ,de
                     maneira metódica; proporciona ao entrevistado , verbalmente , a
                     informação necessária. (p. 70)




        Na visão de Ludke e André (1986) a entrevista ganha vida quando começa,
pois a relação que se constrói durante sua realização é de diálogo e interação entre
quem entrevista e quem é entrevistado. Com isso facilita ao entrevistador sempre
estar atento, as respostas que se obtêm ao longo dessa interação, observando mais
de perto a gestos, expressões, entonações e sinais não verbais, visto que toda
captação é importante para compreender o que foi falo.


       Esse instrumento também apresenta grande vantagem sobre outras técnicas,
pois permite a captação imediata e corrente da informação desejada com qualquer
tipo de informante, como também permite correções, esclarecimentos e adaptações
desejadas. (LUDKE E ANDRÉ, 1986).


      Sobre a entrevista semi-estruturada Trivinos (1987) a entende como:


                     [...] aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em
                     teorias e hipóteses, que interessam a pesquisa e que em seguida oferecem
                     amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo
                     à medida que se reconhecer as respostas do informante (p.146).



      Trivinos (1987) aborda que a entrevista do tipo semi-estruturada valoriza a
presença do investigador, pois oferece elementos para que o informante encontre a
37



espontaneidade o que enriquece a investigação do problema. Assim o entrevistador
dever saber estimular a obtenção de informações, criando um clima de confiança
onde deve prevalecer o respeito pelas crenças e ideais do entrevistado.
38



                                 CAPÍTULO IV
                      ANÁLISE DOS RESULTADOS


      Para realização desta pesquisa foram utilizados como instrumentos de coletas
de dados a observação participante no locus pesquisado e a entrevista semi-
estruturada com professores, pais e alunos. Estes instrumentos nos permitiram
conhecer o perfil dos sujeitos e analisar e interpretar as compreensões que eles têm
de avaliação escolar no Ensino Fundamental I.


4.1. PERFIL DOS SUJEITOS

          Através da entrevista semi-estruturada foram levantadas informações que
puderam traçar o perfil de cada membro envolvido na pesquisa. Na seqüência
apresentaremos o perfil dos sujeitos onde serão designados no decorrer da análise
com P para um total de dez professores, PA para um total de sete pais e A para um
total de seis alunos de acordo com as categorias escolhidas:


4.1.1. Formação


      Observamos que em relação à formação dos professores entrevistados 40%
estão cursando Pedagogia, 40% são graduados no curso de Pedagogia e não
possuem especialização e 10% são graduados em Biologia sem especialização.
Sendo assim, é interessante comentarmos que os profissionais da Educação
Fundamental I, estão se qualificando profissionalmente na prática pedagógica sem
temer e aceitando o novo.


      Sobre isso Freire (1996) afirma: “por isso é que, na formação permanente dos
professores o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É
pensando criticamente sobre a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a
próxima prática” (p.43).
39




Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.


           Os dados também apontam que 10% dos pais não têm formação escolar,
60% apenas concluíram o ensino médio e 30% apresentam formação em Nível
Superior e atuam em sala de aula.




Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.
40



        Dentre os alunos pesquisados, 100% encontram-se concluindo 5º no do
Ensino Fundamental I, e estudam na escola lócus da pesquisa desde o 1º ano.




Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com alunos do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.


4.1. 2. Gênero


        Dentre os sujeitos tivemos uma forte predominância do sexo feminino, que
apresenta 100% dos professores, 80% dos alunos e 90% dos pais. Com isso
percebemos que nessa etapa da educação ainda existe uma forte feminilização na
educação das crianças. Diante deste contexto, os Referenciais para formação de
Professores (1999, p.32) aponta: “A feminilização da função, ao invés de representar
de fato uma conquista profissional das mulheres, tem-se convertido num símbolo de
desvalorização social”. O que demonstra como o campo da docência tem sido
dominado pelas mulheres.


         Em relação aos pais percebe-se a forte influência do gênero feminino que na
sua grande maioria está representada na figura materna, onde a mãe é a única
responsável por auxiliar nos direcionamentos que a aluno tem na escola.
41




  Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.




Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com alunos do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.
42




Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.




4.1.3. Idade


        Em relação a esta característica, percebemos que a idade dos entrevistados é
flexível, pois os professores tem entre 25 a 40 anos, os pais entre 30 a 40 anos e os
alunos estão na faixa etária entre 9 a 10 anos.




Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.
43




Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.




Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com os professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.



        Uma vez apresentada à síntese dos dados no qual obtivemos resultados
característicos dos sujeitos deste estudo, partimos então para a análise dos dados.
4.2. DISCUSSÃO DOS DADOS
44



          Após a obtenção dos dados, por meio da utilização dos instrumentos de
pesquisa, observação participante e entrevista semi-estruturada, nos detivemos na
análise dos pontos que consideramos relevantes nesta pesquisa.
      Sobre análise de dados Ludke e André (1986) afirma que:


                        Analisar os dados quantitativos significa “trabalhar” todo o material obtido
                        durante a pesquisa, ou seja, relatos de observação, as transcrições de
                        entrevistas, as análises de documentos e as demais informações
                        disponíveis. A tarefa de análise implica num primeiro momento, a
                        organização de todo material, dividindo-o em partes, relacionando essas
                        partes e procurando identificar nele tendências e padrões relevantes (p. 46)


      O objetivo desta etapa é analisar e discutir a fala dos professores, alunos e
pais sobre a compreensão que eles têm de avaliação no Ensino Fundamental I.


      Para analisar as falas dos educadores, alunos e pais dividiu-se em categorias,
uma vez que elas possibilitam uma melhor compreensão das falas coletadas. Assim,
para respondermos a indagação inicial, organizamos e discutimos as falas nas
seguintes categorias:


      Compreensão de avaliação – Refere-se à compreensão, opinião e
entendimento dos educadores, alunos e pais sobre a avaliação.


      Formas avaliativas – Referem-se como os educadores avaliam os alunos em
sala de aula.


      Nota x Conhecimento – Busca discutir se os alunos aprendem de fato com a
avaliação.


4.2.1. Compreensão de Avaliação


      Procurando compreender as respostas dos educadores, alunos e pais,
percebe-se que a maior parte dos questionados tem uma visão alienada sobre o
conceito de avaliação.
      Vejamos algumas falas:
45


                      P (1) Avaliação é considerar a história do processo pessoal de cada aluno
                      e sua relação com as atividades desenvolvidas, as necessidade de se
                      comprometer com sua superação.

                      P (2) É muito amplo o conceito de avaliação, mas entendo que seja
                      investigar questionar, é ler hipótese dos educando sua zona real, seu
                      conhecimento, para incorporar conhecimentos pertinentes a sua situação
                      de aprendizagem trabalhando assim a zona proximal, também refletir sobre
                      a ação pedagógica para replanejá-la.


       Nessas falas nota-se que os professores tem um conceito bem formulado de
avaliação e que não tratam a avaliação com um único sentido de medir, julgar.
Mostram que trabalham com a história do aluno, que os educandos não são vistos
como seres vazios que aprendem só na escola, mas que trazem                      “bagagem”,
currículo oculto, conhecimento e através deste conhecimento que os educadores
trabalham o todo e não apenas uma pequena parte do processo.


       Já a fala do professor 2, faz-se lembrar de Vygotsky (1995, p. 72), quando diz
que a criança passa por: “[...] dois níveis de desenvolvimento: um se refere às
conquistas já efetivada, [...] desenvolvimento real [...] e o outro nível de
desenvolvimento proximal, que se relaciona às capacidades inacabadas a serem
construídas [...]”.


       Isso porque quando o professor trabalha com algo que o aluno já sabe é o
desenvolvimento real, porém quando o educador ajuda seu aluno a resolver
questões ou problemas, auxiliando-o para que ele consiga fazer, está trabalhando o
desenvolvimento proximal, pois ela sabe fazer, porém com a ajuda de alguém. Desta
forma o professor mostra ter conhecimento teóricos, pois se faz mediador para o
aluno chegar ao conhecimento, ajudando nos momentos de dificuldade, facilitando o
sucesso da criança na escola.


       Porém a maioria das falas dos pais e alunos mostram que têm um conceito de
avaliação mais tradicional. Vejamos algumas:


                      PA (1) Entendo que seja um modo de julgar, determinar alguma situação.

                      PA (2) É as provas.
                      A (3) É bom as prova, ai nois sabe se aprendemos.

                      A (5) Eu não gosto, eu fico num nervoso retado e acabo errando.
46



                       A (1) A avaliação serve para ver se a gente aprendeu ou não.



       Percebe-se nas falas dos pais e alunos que estes vêem a avaliação
simplesmente como provas, e que os professores não levam em conta mais nada no
aluno. Alguns pais ainda acham que os educadores fazem avaliações, apenas para
julgar, classificar ou medir seus filhos, talvez por eles (pais) terem tido uma
avaliação muito rígida, de provas que não os qualificavam só os mediam. Isso
mostra como ainda em pleno século XXI, o tradicionalismo é forte e constante. Este
fato traz à tona a falta de informação e convivência dos pais nas escolas e como
sabem pouco sobre as formas avaliativas usados nos dias atuais. Percebeu-se
como os pais e alunos estão carentes de informação e infelizmente passam anos
com os filhos nas escolas sem conhecer como o filho é avaliado. Segue mais alguns
discursos:

                       PA (3) Não tenho conhecimento, porém ele diz que é avaliado através de
                       trabalhos todos os dias, tornando-se um processo contínuo.

                       PA (4) Não.

                       PA (5) Não sei.


       Através das falas tornou-se evidente que a maioria dos pais, não sabem como
os filhos são avaliados, eles apenas acham ou gostariam que fossem dessa ou
daquela forma ou ainda o filho disse que era através de trabalhos, comportamento,
etc, porém os pais não procuram saber com os professores que seria o ideal. Isso
traz muitas dúvidas e inquietações, pois fica a imagem de que a escola tem
responsabilidades de educar e cuidar dos filhos e que para os pais basta mandá-los
para a escola.


       Às vezes parece que os pais pensam que mandando para escola estará tudo
resolvido, pois seus filhos já estão destinados a escola, responsável maior pela
educação, e, por isso não precisam auxiliar no processo educativo. Essa idéia nos
faz lembrar o inatismo que afirma: “nascemos trazendo em nossa inteligência não só
os princípios racionais, [...]” (CHAUÍ, 1997, p. 69).
47



      Cabe ao professor tentar fazer mudar essa realidade, para assim a
responsabilidade ser dividida entre todos, desta forma o sistema educacional e os
profissionais da educação sejam valorizados e capazes de formar cidadãos atuantes
na sociedade buscando sempre o melhor.


4.2.2. Formas avaliativas


      Luckesi (1998) definiu a avaliação como instrumento. Esse instrumento
abordado pelo autor, pode ser visto de várias formas avaliativas. Nessa categoria
iremos analisar as diversas formas de se avaliar dentro do processo educativo.


      Percebemos que todos os professores avaliam seus alunos em todos, os
aspectos, levando em consideração todas as atividades que são feitas em sala de
aula. Segue algumas falas:


                      P (5) Sim; Diagnóstica, democrática, participativa, não havendo submissão
                      e sim liberdade, assim acontece à avaliação em um todo e não somente
                      como uma matéria.

                      P (10) Através de testes objetivos, dissertações, trabalhos livres, provas,
                      apresentações de pesquisa.


      Fica evidente nas falas que os educadores avaliam seus alunos em todos os
aspectos, valendo-se de vários instrumentos desde as provas objetivas, momentos
que propiciem o respeito, além da valorização da afetividade entre todos:
professor/aluno, aluno/aluno. Entre os tipos de avaliação utilizadas pelos
professores, vemos presentes as funções avaliativas argumentativa, classificatória e
diagnóstica debatidas por Luckesi (1998). Meios para avaliar o rendimento individual
dos alunos.


      Isso é muito importante, pois cada aluno tem sua individualidade e se o
professor utilizar meios que favoreçam a construção do conhecimento, mais ele se
desenvolverá. Fica claro isso quando se recorre a Wallon (1995. p.41) que diz “[...]
não é possível definir um limite terminal para o desenvolvimento terminal da
inteligência, nem tampouco da pessoa, pois dependem das condições oferecidas
pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito fizer dela”.
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      Quanto mais o educador oferecer, mais o aluno receberá. O professor
oferecendo vários meios como os citados, estes ajudarão a todos. Um exemplo é se
o educador tem um aluno tímido que não se destaca em trabalhos orais, esse
educando poderá se destacar em outras atividades, por isso é necessário que o
professor utilize vários meios, pois além de ser mais fácil detectar alguma
dificuldade, será mais fácil trabalhar com os mesmos.


      Esses métodos variados usados pelos professores estão satisfazendo a
maioria dos pais, pois eles acham que existe uma abertura maior na escola e assim
mais participação familiar. Desta forma haverá uma construção de conhecimento
mais ampla e satisfatória. Vejamos também algumas falas dos pais e alunos sobre
as formas avaliativas:


                         PA (2) Acho bom porque a mãe pode participar mais e está sempre
                         participando no dia- a- dia de seu filho.

                         PA (4) Bom.

                         PA (5) Muito bom, pois isso faz com que tanto o aluno, quanto o professor
                         tenham conhecimento mais apurado.

                         A (3) Nois sempre faiz prova e teste mais tem também uns trabalhos.

                         A (2) A pró sempre explica dinovo quando não entendo.



      Como foi visto os pais acham que estes meios avaliativos são bons, pois tem
mais opções para os alunos, uma vez que são avaliados de diversas maneiras e não
é como antigamente que era apenas prova objetiva e a resposta era obrigada a ser
aquela do livro, o pai quase não participava e o aluno tinha medo dos professores.
Hoje é diferente, o aluno estabelece diálogo com os professores, não só ouvem,
mas falam, perguntam dão suas opiniões.


      As maiorias dos educadores acham que mesmo avaliando o todo do aluno, vê
que os métodos avaliativos ainda são muito classificatórios isso porque no final de
cada trimestre são obrigados a dar uma nota e desta forma estão medindo.


      Discutiremos mais algumas falas dos professores:
49


                     P (7) Os métodos ainda são classificatórios. Podemos dizer que a
                     educação passa por um processo de transformação, mas ela não acontece
                     do dia para a noite.

                     P (9) Como uma balança onde é necessária uma precisão muitas vezes.
                     Ou 9 ou 8, 7,...6.......


      Com essas respostas parece que os educadores estão se contradizendo, pois
anteriormente falaram que avaliam de forma a construir o conhecimento, olhando o
todo, porém logo após dizem que os métodos são classificatórios para medir o aluno
isso porque eles trabalham tentando construir o conhecimento, mas no final de cada
trimestre é necessário dar a nota por isso reclamam do método e isso justifica essa
contradição.


      Desta forma, há um longo caminho a ser percorrido até que haja uma
convergência   para se chegar a um denominador comum, assim o aluno vai
aprender de verdade sem ser preciso medi-lo, julgá-lo e para isso é necessário
esforço não só dos professores, mas toda a comunidade escolar.


4.2.3. Nota x Aprendizagem



      Percebeu-se    através    da    entrevista    semi-estruturada,      que    quando
perguntados, se a nota mostra o que o aluno aprendeu, a maioria dos professores e
pais acham que a nota sozinha não mostra, mas que é necessário analisar outros
aspectos. Vejamos algumas falas:


                     PA (5) Não o aluno tem várias formas de mostrar o que sabe, e cabe ao
                     professor questionar e tentar descobrir a melhor.

                     P (1) Nem sempre. Sabemos que o ser humano é movido por sentimentos
                     que mudam e que interferem num momento de avaliação. Sendo assim,
                     um aluno pode ser prejudicado em algum momento. Como também pode
                     tirar uma boa nota, colando em uma prova “boa nota” não aprendeu.

                     P (3) Não, a nota é somente um requisito obrigatório, os métodos
                     avaliativos geralmente são falhos.



      Nesses depoimentos fica evidente que os educadores e pais, possuem
conhecimento para entender seus alunos e filhos, pois sabem que existem muitas
coisas que podem interferir na hora de uma avaliação.
50




       Recorrendo a Nunes (2000) quando ela aborda que a nota somente não
expressa o que o educando aprendeu isso porque ele pode tirar notas altas sem
saber o conteúdo, através da “cola”, da memorização. Assim sendo cabe ao
professor mostrar ao aluno que a nota é necessária, porém unida ao conhecimento.
Só a nota não adianta, pois só através desse conhecimento ele conseguirá progredir
não apenas na sala de aula, mas na sua vida.


       Vejamos outra fala:


                      P (2) Sim, desde que ela aponte para a busca do melhor do educando.


       Nesta fala, percebe-se que a prática não é mais adequada, pois o educador
acha, que se o aluno aprendeu vai tirar notas altas desde que o professor questione
para o que o aluno tem de melhor, porém é difícil essa colocação deste educador,
pois mesmo direcionando para melhora do aluno, é necessário levar em conta, que
mesmo este melhor do aluno que a professora comentou pode ser afetado pelo fator
emocional ou outros fatores, pois sabemos que de acordo com Rego apud Vygotsky
(1995, p.120-121), [...] “o Homem como um ser que pensa, raciocina, deduz e
abstrai, mas também como alguém que sente, se emociona, deseja, imagina e se
sensibiliza”.


       Desta forma, muitas vezes o aluno sabe o conteúdo e vai mal na avaliação
por algum motivo. Isso significa que se deve sanar primeiro esses problemas, para
depois avaliá-lo.


       Deve-se lembrar que o educador tem que tentar fazer o aluno entender que
ele deve prestar atenção na aula para adquirir conhecimentos, sabedoria, e não para
tirar notas altas, pois se o professor diz que quem tira notas altas aprendeu, o aluno
vai perder a vontade de estudar para aprender, pois vai notar que se “colar” vai tirar
boas notas e todos irão achar que ele é um ótimo aluno. Isso é péssimo não só para
os alunos, mas para o sistema educacional.
51



         A maioria dos pais, também acha que a nota sozinha não diz nada, deixando
bem claro que o respeito e o comportamento têm que ser avaliados. Segue outras
falas:


                       PA (2) Eu acho que não é só a nota, é também saber respeitar os
                       professores, ser educado com os colegas e prestar atenção nas aulas

                       PA (4) Não, somente o professor pode fazer avaliação do seu
                       comportamento dentro da sala de aula.


         Através das falas, percebe-se que os pais acham que a educação com os
professores e colegas é importantíssimo e consideram que são fatores que devem
constar na avaliação, e é provável que os educadores não esqueçam destes itens
na hora de avaliar, pois só com todos métodos em consonância com a concepção
adotada pela escola, enquanto diagnóstica, processual é que a avaliação vai chegar
onde todos esperam, formando alunos construtores de conhecimento.
52



                              CONSIDERAÇÕES FINAIS


      Neste trabalho discutiu-se as várias faces da avaliação e seus métodos,
mostrando como os educadores avaliam, e como o aluno compreende a utilidade do
saber e do conhecimento.


      Buscou-se debater sobre este assunto através dos depoimentos dos
educadores, alunos e pais, questionando a compreensão que os mesmos tem da
avaliação no Ensino Fundamenta I.


      A pesquisa demonstrou que os educadores compreendem o processo da
avaliação, porém estão em busca de fazer da avaliação um processo de construção
do conhecimento. Pois os métodos por mais que se inovem com trabalhos e
pesquisas ainda estão muito ligados a classificar o aluno e não a qualificar o mesmo.
Neste aspecto o sistema educacional poderia sugerir discussões e possíveis
mudanças sobre a avaliação, elencando seus pontos positivos e negativos.


      Com base nessa abordagem, pudemos entender que o professor não deve se
prender somente a uma forma avaliativa, pois existem várias maneiras de avaliar;
cada aluno é único e se identificará com um método avaliativo. Cabe ao educador
ajudar o aluno a ser capaz de distinguir o verdadeiro significado da avaliação e como
a mesma pode contribuir para seu desenvolvimento.


      A avaliação deve ser vista como um instrumento que auxilia a aprendizagem.
Enquanto a avaliação tiver um significado “ameaçador” por ter que adquirir uma
nota, a mesma nunca chegará ao objetivo proposto que é ser um processo de
construção do conhecimento. Os professores devem tentar fazer o aluno entender o
que é avaliar e para que serve a avaliação; assim, chegarão a uma educação mais
qualitativa e menos quantitativa.


      Esta pesquisa não se encerra neste trabalho, pois, poderá incentivar
pesquisadores    e educadores       para colaborar nas discussões e prováveis
53



transformações e ressignificações da avaliação como auxiliador dos conhecimentos
adquiridos na prática pedagógica.


      Nota-se que o conhecimento adquirido anteriormente não foi em vão, pois
contribuiu e muito para a aquisição deste novo conhecimento muito mais amplo e
complexo e desta forma nos mostra como é significativo estarmos sempre em busca
de novos saberes para assim concebermos a avaliação como um processo de
construção de conhecimento.
54



                                REFERÊNCIAS

ALENCAR, Chico. Educação no Brasil: Um Breve Olhar sobre o nosso lugar:
Educar na Esperança em tempos de desencanto. Petrópolis: Editora Vozes,
2005.

BARBOSA, J. C. Pesquisa em Educação matemática:                       a questão de
cientificidade e dos métodos. Rios Claros: 2002.

BRASIL. Lei nº 9.394 das Diretrizes e Bases da Educação. 20 de dezembro de
1996.

BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais para formação
de professores. Brasília, 1999.

BRANDÃO, Z. A Dialética na sociologia da educação. Cadernos de Pesquisa,
São Paulo, n.113, p. 153-165, jul. 2001.

BOGDAN; R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Editora
Porto, 1998.

BOCK, Ana M. Bahia, FURTADO, Odair& TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Psicologias
- uma introdução ao estudo de psicologia. SP. Saraiva, 1999

BURKE Tomas Joseph. O professor              revolucionário:     da    pré-escola   á
universidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

CORTESÃO, Luísa TORRES, Maria Arminda. Avaliação Pedagógica I - Insucesso
escolar. 4ª edição. Editora Porto: 1990. (Coleção Ser Professor)

CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática. 1997.

FARIA, Ernesto. Dicionário escolar latino-português. MEC, 1962.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mine Aurélio, século XXI. 5ª ed. Rio de
Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2001.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa:
2ª edição. Revisada e aumentada. São Paulo-SP: Nova Fronteira, 1986.

FLETCHER, P. R. À procura do ensino eficaz. Relatório técnico. Brasília: MEC-
DAEB. 1998.

FORQUIN, Jean Claude. Escola e cultura: as bases sociais epistemológicas do
conhecimento escolar; tradução de Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1993.

HOFFMANN, J. Avaliação Mediadora. 14ª ed. Porto Alegre: Mediação, 1998.
55



KLEIN, Ruben "Produção e Utilização de Indicadores Educacionais", 2ª ed.
Atlas. São Paulo. (1995).

LEWIS, Charlton; SHORT, Charles. A Latin dictionary. Oxford: Clarendon Press,
1879.

LIMA, João do Rozário. A Importância Da Avaliação No Ensino Fundamental.
Disponível em: http://www.webartigos.com. Acesso em 16 julho de 2010.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: Estudos e Preposições.
8ª edição, São Paulo: Cortez, 1998.

LUDKE, M e ANDRÈ, Marli E. de Pesquisa em Educação: Abordagens
Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de Educação e Ensino)

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho
cientifico; procedimentos básico , pesquisa bibliográfica, projeto e relatórios ,
publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 1996.

MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São
Paulo: Atlas, 1986.

MORALES, Pedro. Avaliação Escolar: o que é, como se faz. Editora: Loyola, 2006

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. Tradução de
Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 3ª ed. São Paulo: Cortez: Brasília,
DF: Unesco, 2005.

NÉRICI, I. G. Metodologia do ensino: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1977.

NUNES, S. A. Avaliação e Inclusão. Revista Mundo Jovem. Porto Alegre, nº.
310, p.4, set/2000.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho –
imagem e representação. Tradução Álvaro Cabral e Christiano Monteiro Oiticica.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978.

RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: Novos Tempos Novas Práticas. Petrópolis,
RJ: Editora Vozes, 2003.

RAÍZES; ASAS, Coleção. São Paulo: CENPEC- Centro de Pesquisa para
Educação e Cultura.

REGO, T. C. Vygotsky. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 4ª ed.
Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
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SACRISTÁN, J. Gimeno; GOMEZ. A. I. Perez. Compreender e transformar o
ensino.Tradução de Enarni F. Fonseca Rosa.4ª edição.Porto Alegre: Artmed, 2000.
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TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 5ª ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2002.

TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a
pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987

VYGOTSKY, Lev. A Construção do pensamento e da linguagem. São Paulo:
Martins fontes, 1995

WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.
57




APÊNDICES
58



                      Universidade do Estado da Bahia – UNEB




Tempo de Tempo de          Regime    Graduação   Carga     Série que
 Serviço Serviço na          de                  Horária     atua
          Escola          trabalho




                  Departamento de Educação – Campus VII
                          Senhor do Bonfim- Ba




                        PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO

Fonte:PPP da escola
59




                      Universidade do Estado da Bahia – UNEB
                      Departamento de Educação – Campus VII
                                  Senhor do Bonfim-Ba


              ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

                                 PROFESSORES



1-O que entende por avaliação?


2- Você avalia seus alunos? Como?


3- Muitos estudiosos dizem que: “quando avaliamos, estamos julgando o aluno”.
Você concorda? Justifique sua resposta.


4- Como define os métodos avaliativos atuais?

5-Você acha que a avaliação mostra de fato o que o aluno aprendeu? Comente.

6- Segundo DEMO (1994), “se avalio, devo ser avaliado”, você acha que os alunos
têm o direito de avaliar seus professores? Comente.


7- Quais as dificuldades que você encontra em avaliar os alunos?


8- Você acha que a avaliação deve mudar? Em que aspectos?
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  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS EDUCATIVOS AVALIAÇÃO ESCOLAR: EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO CENECISTA PROFESSORA ISABEL DE QUEIROZ TÊM DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I. CÉLIA CONCEIÇÃO DE ARAÚJO CEDRAZ DOS SANTOS SENHOR DO BONFIM - BA 2010
  • 2. 2 CELIA CONCEIÇÃO DE ARAUJO CEDRAZ DOS SANTOS AVALIAÇÃO ESCOLAR: EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO CENECISTA PROFESSORA ISABEL DE QUEIROZ TÊM DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I. Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos Educativos. Orientadora: Profª. Esp. Sandra Fabiana Almeida Franco . SENHOR DO BONFIM - BA 2010
  • 3. 3 CÉLIA CONCEIÇÃO DE ARAUJO CEDRAZ DOS SANTOS AVALIAÇÃO ESCOLAR: EM BUSCA DA COMPREENSÃO QUE OS PROFESSORES, PAIS E ALUNOS DO COLÉGIO CENECISTA PROFESSORA ISABEL DE QUEIROZ TÊM DA AVALIAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL I. Aprovada em 08/09/2010 BANCA EXAMINADORA Ricardo José Amorim Beatriz Barros Prof. (a) Avaliador (a) Prof. (a) Avaliador (a) Sandra Fabiana Almeida Franco Prof. (a) Orientador (a)
  • 4. 4 Dedico este trabalho aos meus filhos, Gabriel e Elize, duas bênçãos enviadas por Deus. Ao meu eterno e amado esposo Fabiano que sempre esteve ao meu lado, otimizando meus momentos turbulentos. Para sempre te amo, meu amor.
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, que me deu a sabedoria, serenidade e persistência, pois jamais duvidei de sua presença ao meu lado e também no desempenho de minha profissão. A meu pai que construiu uma história de amor e a meus irmãos que são a minha fortaleza. Palavras de agradecimentos não poderão faltar para alguém muito especial, que mesmo não estando presente em minha vida, jamais deixarei de falar: a você minha mãe, que partiu muito cedo para o lar Celestial, sem poder contemplar mais essa conquista, que seria um orgulho seu... Mas que está presente para sempre em mim. Ao receber meu diploma mãe, sentirei sua presença, teu abraço carinhoso cheio de orgulho e tuas mãos suaves tocarem meu rosto e os meus cabelos. Em silêncio te abraçarei e deixarei a emoção fluir, com muitas saudades tuas. A tua memória sempre reinará em mim e tudo o que me ensinou será sempre base do que sou hoje. (Lágrimas de saudades correm em meu rosto.) A professora Sandra Fabiana Almeida, pela satisfação que me concedeu ao aceitar orientar e concretizar este trabalho ao qual se reflete suas reconhecidas qualidades, enquanto docente. Do mesmo modo, são devidos agradecimentos aos mestres-professores que contribuíram ao longo do curso para o enriquecimento dos meus conhecimentos. Quero também manifestar um sentimento de agradecimento aos meus amigos de turma, a Jaedson e as incansáveis e solidárias amigas: Francieli, Mayara, Virgínia e em especial a Maísa, pelo companheirismo constante em minha jornada.
  • 6. 6 “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.” Jean Piaget
  • 7. 7 RESUMO O presente estudo monográfico objetivou identificar as compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz têm da avaliação escolar no Ensino Fundamental I. Dentro deste contexto buscamos alguns teóricos como: Brandão (2001), Klein (1995), Valente (2001), Luckesi (1998), Hoffaman (1998) Piaget (1978), Nérici (1977), Forquin (1993), Ferreira (2001), Vygotsky (1994), Chauí, (1997), Wallon (1995), Trivinos (1987), Sacristán (2000), dentre outros, para subsidiar nossa pesquisa. Utilizamos a pesquisa de cunho qualitativo e como instrumentos de coleta de dados, a observação participante e a entrevista semi-estruturada, pois nos forneceram elementos relevantes para alcançarmos um melhor resultado no espaço e dos sujeitos pesquisados. No tocante aos resultados obtidos pudemos compreender que os professores apresentam um conceito bem formulado sobre avaliação, demonstrando que avaliam em todos os aspectos levando em consideração todas as atividades feitas em sala de aula em conjunto, no entanto o uso da classificação para medir o aluno também flui no mesmo espaço. Alguns pais, porém, demonstraram ter um conceito de avaliação tradicional, o que contribui para percebermos a falta de acompanhamento dos filhos e desinteresse por informações sobre as formas avaliativas usadas na escola. Os alunos por sua vez cumprem as regras avaliativas estabelecidas, realizando as atividades impostas pelos professores. Palavras- chave: Compreensão, Avaliação, Aluno e Professor.
  • 8. 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Percentual quanto à formação docente.................................................39 Gráfico 2 – Percentual quanto à formação profissional dos pais.............................39 Gráfico 3 – Alunos concluindo o 5º ano do Ensino Fundamental I...........................40 Gráfico 4 – Quanto ao gênero dos professores pesquisados...................................41 Gráfico 5 – Quanto ao gênero dos alunos pesquisados ..........................................41 Gráfico 6 – Quanto ao gênero dos pais pesquisados...............................................42 Gráfico 7 – Faixa etária dos professores...................................................................42 Gráfico 8 – Faixa etária dos pais entrevistados........................................................43 Gráfico 9 – Faixa etária dos alunos entrevistados....................................................43
  • 9. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11 CAPÍTULO I...............................................................................................................12 1.1. AVALIAÇÃO NO TEMPO................................................................................12 1.1.1. Idade Antiga ....................................................................................12 1.1.2. Idade Média.....................................................................................13 1.1.3. Renascimento..................................................................................13 1.1.4. Contemporaneidade........................................................................14 1.2. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO........................................................................14 1.3. AVALIAÇÃO: FAVORECEDORA DA QUALIDADE DE ENSINO....................18 CAPÍTULO II..............................................................................................................21 2.1.COMPREENSÃO............................................................................................21 2.2. AVALIAÇÃO...................................................................................................22 2.3. ALUNO...........................................................................................................25 2.4. PROFESSOR.................................................................................................29 CAPÍTULO III.............................................................................................................32 3.1. TIPO DA PESQUISA.....................................................................................32 3.2. SUJEITOS DA PESQUISA ..........................................................................33 3.3. LÓCUS DA PESQUISA.................................................................................33 3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................................34 3.4.1. Observação Participante.................................................................35 3.4.2. Entrevista Semi-estruturada............................................................36 CAPÍTULO IV............................................................................................................38 4.1. PERFIL DOS SUJEITOS...............................................................................38
  • 10. 10 4.1.1. Formação........................................................................................38 4.1.2. Gênero............................................................................................40 4.1.3. Idade...............................................................................................42 4.2. DISCUSSÃO DOS DADOS..........................................................................44 4.2.1. Compreensão de avaliação............................................................44 4.2.2. Formas Avaliativas.........................................................................47 4.2.3. Nota x Aprendizagem.....................................................................49 CONFIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................52 REFERÊNCIAS..........................................................................................................54 APÊNDICES...............................................................................................................57
  • 11. 11 INTRODUÇÃO Este trabalho não almeja considerar todos os temas e definições em "Avaliação Escolar". Trata-se de uma pesquisa concisa sobre o assunto, porém analisada com muita dedicação e sensatez na qual alunos, mestres e responsáveis possam ler, avaliar, criticar, adquirir conteúdo, refletir e talvez ter um parâmetro sobre o assunto contido neste trabalho. O tema "Avaliação Escolar" foi escolhido por nós, devido ao assunto que é polêmico e complexo, pois, os educadores de hoje têm enfrentado diversos problemas no desenvolver do seu trabalho: tratar seu objeto de trabalho e seu público adequadamente, quer dizer, se relacionar com eles conforme os novos conceitos das relações sociais e como entender as múltiplas dimensões do exercício da cidadania e até que ponto a avaliação escolar pode afetar a vida escolar e social dos educandos. No entanto, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a abordagem do sistema de avaliação do ensino e a aprendizagem, para que as instituições escolares públicas e privadas percebam que não podem medir e nem devem punir, classificar simplesmente a aprendizagem retratada pelos educandos. Enfim, ao realizarmos este trabalho, fizemos um levantamento histórico do sistema de avaliação desde a Antiguidade até o presente momento. Em seguida, explanamos sobre alguns tipos de avaliação, analisando e discutindo depoimentos de alguns educadores, pais e alunos. A partir desta pesquisa chegamos a algumas considerações de forma respeitosa e convicta que este trabalho pode contribuir muito para os que de alguma forma participam do processo educativo.
  • 12. 12 CAPÍTULO I PROBLEMATIZAÇÃO 1.1. AVALIAÇÃO NO TEMPO No espaço educacional alguns elementos sempre circundam o processo de ensino-aprendizagem, entre eles a avaliação que dentro da sociedade se difundiu como um processo contínuo. Todavia, quais são as compreensões que os protagonistas, que atuam diretamente na educação, têm da avaliação? Buscando respostas no contexto histórico encontramos através do tempo tendências e desenvolvimento do processo avaliativo em diferentes fases, tais como: Idade Antiga, Idade Média, Renascimento e na Contemporaneidade. 1.1.1. Idade Antiga Na história antiga, encontram-se diversas formas de avaliação. Há situações em algumas tribos primitivas onde adolescentes eram submetidos a provas relacionadas com seus costumes e só depois de mostrarem um bom desempenho nessas provas eram considerados adultos. (BRANDÃO, 2001). Em Esparta, na Grécia, os jovens eram submetidos a duras provas, através de jogos e competições atléticas, durante os quais deveriam provar sua grande resistência física e psicológica. Em Atenas, encontrava-se Sócrates, que submetia seus alunos a um exaustivo e preciso inquérito oral, a expressão "O conhece-te a ti mesmo" no qual o sábio se empenhou toda a sua vida. Segundo Brandão (2001), Sócrates apontava a auto-avaliação como um pressuposto básico para o encontro com a verdade. Seu método pedagógico também pôs em evidência o processo da conceituação, considerado básico sobre o ponto de vista científico.
  • 13. 13 1.1.2. Idade Média Porém, a Idade Média com os períodos apostólicos, patrístico e monástico apresentou um grande interesse pelo conhecimento de realidades mediatas, ou por um conjunto de verdades ao qual os homens chegaram não com o auxilio de inteligência, mas mediante a aceitação da fé. Predominaram, portanto, o método racional e o argumento de autoridade: o primeiro aplicado a realidades e fatos não suscetíveis de comprovação experimental, e o segundo consistindo em admitir uma verdade ou doutrina, baseada apenas no valor intelectual ou moral daquele que a propõe ou professa, submetendo-se desta forma a um processo avaliativo. Aceitava- se quase passivamente a opinião dos mestres ou autoridades no assunto. Repetir, portanto, integralmente o que se ouvia ou lia, era a prova mais convincente do saber. A atenção e a memória eram os elementos mais valorizados nas escolas desta época. (KLEIN, 1995). As instituições escolares de maior influência neste período e que constituíram as organizações mais poderosas e fecundas de todos os tempos foram às universidades. Nestas instituições, os estudos destinavam-se principalmente, a formação de professores compreendendo o bacharelado, a licenciatura e o doutorado. Os que venciam o bacharelado deveriam prestar exames a fim de conseguir licença para ensinar. O exame consistia na interpretação e explicação de trechos selecionados por grandes mestres. 1.1.3. Renascimento Para (KLEIN, 1995) no período do Renascimento manifestava o movimento do Humanismo em duas correntes, nitidamente diferenciado que se distinguiam entre a corrente do humanismo cristão e corrente do humanismo pagão. Enquanto, a corrente do humanismo cristão trazia valiosas contribuições para a avaliação através de uma orientação psicológica que visava atender as diferenças individuais dos alunos, a fim de que fossem preparados para a vida de acordo com as suas necessidades, interesses e aptidões. A corrente do humanismo pagão exaltava a individualidade humana, considerada como um fim em si mesma; a super valorização do eu individual sem quaisquer vínculos com valores transcendentais. Este humanismo viria mais tarde imprimir no pensamento moderno seu caráter
  • 14. 14 predominantemente naturalista. Contudo, avaliar poderá significar o ato de examinar o grau de adequação entre um conjunto de informações e um conjunto de critérios apropriados ao objetivo fixado, para uma tomada de decisão. 1.1.4. Contemporaneidade Nos tempos atuais, surge a necessidade de se construir um sistema educativo inteiramente novo no qual a educação da criança passa ao domínio exclusivo e absorvente do Estado. Há forte reação contra o ensino humanista tradicional, dando relevo predominante nos planos educativos às ciências naturais, às línguas modernas e aos trabalhos manuais. No início do século XX, predominaram as tendências pedagógicas que colocaram em primeiro plano o problema técnico da educação. Atualmente, a tecnologia educacional se firma como uma maneira nova de pensar a educação e de fazer frente aos problemas educacionais, afirma Valente (2001, p. 16). 1.2. CONCEITOS DE AVALIAÇÃO Quanto às diversas formas de se avaliar, existe um consenso entre a maioria dos autores que se relacionam com o mesmo assunto de avaliação e que buscam um ideal concreto e enriquecedor em torno de algumas categorias relativas aos principais tipos de avaliação. Porém é uma questão também muito discutida, entre alguns autores que possuem visões diferenciadas das opiniões existentes, pois poderá vir muitas vezes a ser usada de forma injusta e incorreta pelos educadores.Em certos casos, isto poderá provocar grandes danos na vida do educando, o que o deixaria com alguma seqüela emocional, provocando-lhe uma barreira instintiva sempre que se sentir avaliado, decorrente do que lhe foi proporcionado anteriormente durante um processo avaliativo aplicado por um educador. Neste sentido, como os autores nos dão algumas bases nestas diversas formas de avaliação, torna-se possível uma classificação. Segundo Rabelo (2003), ele expressa através de um quadro, identificações referentes à avaliação no processo formativo:
  • 15. 15 AVALIAÇÃO: QUANTO À FORMAÇÃO PERÍODOS TIPOS OBJETIVOS INTERESSES BUSCAS ORIENTAR A AVALIAÇÃO BUSCA CONHECER, PRINCIPALMENTE INÍCIO DIAGNÓSTICA EXPLORAR ALUNO AS APTIDÕES, OS INTERESSES E AS CAPACIDADES E IDENTIFICAR ENQUANTO COMPETENCIAS ENQUANTO PRÉ-REQUISITOS PARA ADAPTAR PRODUTOR FUTUROS TRABALHOS. PREDIZER REGULAR SITUAR COMPREENDER A AVALIAÇÃO BUSCA INFORMAÇÕES SOBRE DURANTE FORMATIVA HARMONIZAR ALUNO ESTRATÉGIAS DE SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS E DAS TRANQUILIZAR ENQUANTO DIFICULDADES SURGIDAS APOIAR ATIVIDADE, REFORÇAR PROCESSOS DE CORRIGIR PRODUÇÃO FACILITAR DIALOGAR VERIFICAR A AVALIAÇÃO BUSCA OBSERVAR COMPORTAMENTOS CLASSIFICAR ALUNO GLOBAIS, SOCIALMENTE SIGNIFICATIVOS, DEPOIS SOMATIVA SITUAR ENQUANTO DETERMINAR CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS E SE INFORMAR PRODUTO FINAL POSSÍVEL, DAR UM CERTIFICADO CERTIFICAR PÔR À PROVA Uma avaliação inicial ou diagnóstica faz um prognóstico sobre as capacidades de um determinado aluno, como por exemplo, em relação a um novo conteúdo a ser abordado. Sendo assim, pode-se identificar algumas características em um aluno, podendo escolher algumas seqüências de trabalhos bem mais adaptadas a tais características. Com isso o professor pode identificar um perfil dos sujeitos, antes mesmo de iniciar qualquer trabalho de ensino. Segundo Rabelo (2003): O diagnóstico é o momento de situar aptidões iniciais, necessidades, interesses de um indivíduo, de verificar pré-requisitos. É, antes de tudo, momento de detectar dificuldades dos alunos para que o professor possa melhor conceber estratégias de ação para solucioná-las. (p. 72). A avaliação diagnóstica pressupõe que os dados coletados por meio de instrumentos sejam lidos com rigor científico tendo por objetivo não a aprovação ou reprovação dos alunos, mas uma compreensão adequada do processo de crescimento. Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê- la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica. Esta forma de entender, propor e realizar a avaliação exige que ela seja um instrumento auxiliar de aprendizagem e não um instrumento de aprovação ou reprovação dos alunos.
  • 16. 16 Observando ainda o quadro “avaliação quanto à formação”, nota-se que a avaliação formativa demonstra ter a finalidade de proporcionar informações acerca do desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem, com o fim de que o professor possa ajustá-lo às características dos alunos a que se dirige. Este tipo de avaliação, não tem uma finalidade probatória. Entre suas principais funções estão, as de orientar, corrigir, reforçar, etc. A avaliação formativa é incorporada no ato do ensino integrando-se na ação de formação. Contribui para melhorar a aprendizagem, pois informa ao professor sobre o desenvolver da aprendizagem e ao aluno sobre os sucessos e fracassos, o seu próprio caminhar. (RABELO, 2003.p.75) Sendo assim, ela assume uma função reguladora, quando vem permitir tanto aos alunos como aos professores ajustarem estratégias e dispositivos, podendo reforçar competências que esteja de acordo com alguns objetivos previamente estabelecidos permitindo aos próprios alunos analisar situações, reconhecer e corrigir seus eventuais erros nas tarefas. Diferentemente da avaliação somatória, que traz um balanço aditivo de uma ou várias seqüências de trabalhos, às vezes ela nos mostra uma realidade ativa em nossas escolas quando deixa concretizar como um processo cumulativo, pondo em prática o objetivo social de por a prova, de verificar, portanto, além de informar, ela situa e classifica. Tendo como principal função entregar um certificado, concluindo assim sua trajetória. Uma avaliação somativa naturalmente é uma avaliação pontual, já que, habitualmente, acontece no final de uma unidade de ensino, sempre tratando de determinar o grau de domínio de alguns objetivos previamente estabelecidos. (RABELO, 2003.p.76) Esta avaliação não auxilia em nada o avanço e o crescimento, constituindo-se num instrumento estático e frenador do processo de crescimento e subtrai da prática da avaliação aquilo que lhe é constitutivo. Como todos sabemos, apesar dos esforços feitos, muitas destas atitudes, permanecem na rotina das escolas, embora, por vezes, com certa aparência de modernidade. Quando se fala de avaliação, bem como “avaliação final”, na verdade
  • 17. 17 se está apenas a pensar em dar uma classificação. Certos de que classificar faz parte do processo avaliativo somatório, não deveria ser usado como um sinônimo, para “disfarçar” o que suspeita-se de que está errado. E para reforçar, Cortesão (1990) diz que: Tradicionalmente o professor encarava a avaliação exclusivamente como um processo de classificar os alunos no final de um período de tempo mais ou menos longo. Conseqüentemente a avaliação resumia-se às atividades que permitiam ao professor rotular o aluno e qualificar o resultado a que o aluno chegou. (p.32) A utilização, na prática pedagógica, da avaliação classificatória, desconsidera o educando como sujeito humano histórico, julgando-o e classificando-o, ficando para o resto da vida, do ponto de vista do modelo escolar vigente, estigmatizado, pois as anotações e registros permanecerão, em definitivo, nos arquivo e nos históricos escolares, que se transformarão em documentos legalmente definidos. Atualmente, os objetivos da avaliação deveriam visar tanto o processo de aprendizagem quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma diferença fundamental em relação às provas escolares é a avaliação permanente, que se realiza com outro tipo de meios, entre os quais se inclui o conjunto de tarefas realizadas pelo estudante no decurso do ano escolar. Sendo assim, a avaliação realizada obtém sobre o aluno uma informação mais abrangente que a simples e pontual referência das provas. Avaliar tornar-se-ia, um processo dinâmico, contínuo e sistemático que acompanharia o desenrolar do ato educativo de modo a permitir o seu constante aperfeiçoamento. É muito importante que as atividades avaliativas forneçam dados que permitam ao professor interrogar-se sobre a forma como atua, sobre as técnicas que utiliza, de modo que ele possa adaptar o seu ensino às características e as necessidades de seus alunos. Portanto, o professor deve utilizar instrumentos avaliativos vinculados à necessidade de dinamizar, problematizar e refletir sobre a ação educativa/avaliativa da instituição. Esses instrumentos de avaliação devem ser utilizados pelo educador que se preocupa em orientar indivíduos críticos, sendo capazes de analisarem as
  • 18. 18 suas próprias aptidões, atitudes, comportamentos, pontos favoráveis e desfavoráveis e êxitos na dimensão dos propósitos. 1.3. AVALIAÇÃO: FAVORECEDORA DA QUALIDADE DE ENSINO A avaliação serve como medida para o trabalho do professor e do aluno. Para o docente, ela pode demonstrar as falhas e qualidades em fornecer subsídios no processo de ensino-aprendizagem do aluno. Serve ainda para que ele repense a sua prática educativa. O professor que entende a educação como prática social transformadora e democrática trabalha com seus alunos na direção da ampliação do conhecimento, vinculado os conteúdos de ensino à realidade, escolhendo procedimentos que assegurem a aprendizagem efetiva. (RAIZES E ASAS s/d p.2) O sistema cobra a nota do professor e esse busca no aluno a medida do seu trabalho, assim, depois da aplicação dos instrumentos avaliativos será encontrado o respaldo necessário para verificar através da nota obtida pelo educando se a aprendizagem foi satisfatória ou não. Esse professor demonstra que, se ao contrário foram ruins não conseguiram compreender o que foi ensinado. Segundo a Coleção Raízes e Asas (s/d p.5) no livro como ensinar um desafio. “Não há modelos gerais aplicáveis a qualquer situação, pois cada sala de aula é única: cada professor é diferente, os alunos não são iguais nem podem ser idealizados”. A avaliação deve estar ligada ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola: Ao planejamento e a ação pedagógica propriamente dita. Serve como elo ao processo de ensino-aprendizagem, unindo o trabalho do professor à sede de aprender do aluno mostrando assim, o respaldo para a ação educativa de qualidade dentro da unidade escolar. Percebe-se dessa forma, que a avaliação tem “perseguido”, ao longo dos tempos, o processo de ensino e aprendizagem, na definição de Luckesi (1998) “Avaliação vem do latim e significa ato dinâmico, ato de apreciação”. Normalmente, feita na escola depois de acontecido o processo ensino-aprendizagem está aos
  • 19. 19 poucos sendo revista e provocando uma mudança de atitudes. Fávero (1995) diz que: A avaliação está presente em toda ação humana. Sempre buscamos ou fazemos alguma coisa conscientemente, sentimos necessidade de perguntar-nos se ela corresponde ao que nos propusemos, para uma tomada de posição, isto é, para aceitá-la transformá-la. Mais é do que avaliar, o que nos mostra que avaliar não significa necessariamente atribuir nota (p.9). Atualmente, na Lei de Diretrizes e Bases - LDB (BRASIL, 1996) o processo avaliativo é contemplado no Art. 24, inciso V, que diz: a verificação do rendimento escolar observará alguns critérios entre eles o que discorre sobre o processo avaliativo:  Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, prevaleça dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; Dessa forma, entende-se que o docente deve valorizar a avaliação dentro do processo de ensino-aprendizagem. Como se observa em outro trecho da Lei a expressão "verificação do rendimento escolar” que quer dizer comprovar o rendimento escolar, assim acaba dando ênfase novamente a avaliação. Por conseguinte, segundo a LDB, cabe a escola comprovar a eficiência dos alunos através de um processo avaliativo. Mas, quando se fala em comprovar ou avaliar o rendimento dos alunos, depara-se com um elemento complexo, visto que avaliar não é a mesma coisa que medir, pois a medida pode-se dispor de instrumentos precisos tais como: régua balança, etc. Quanto mais preciso os instrumentos, mais exatos a medida. Ao contrário disso não há instrumento preciso para a avaliação. Contudo, na avaliação escolar, não se avalia um objeto concreto observável e sim um processo humano contínuo. Segundo Hoffmann (1998 p. 33): “Avaliar seria julgar o resultado do trabalho da criança após o término da atividade. Tal ação fica reduzida a uma apreciação final do desempenho do aluno para fins de registro classificatório”. Com isso, para tentar contornar a complexidade que gira em torno da avaliação e impedir que a avaliação de um momento se torne em algo generalizado
  • 20. 20 para todo um processo, deve-se proceder a uma avaliação como algo contínuo que capte o desenvolvimento do educando em todos os seus aspectos. (FLETCHER 1998, p.39) Diante dos aspectos apresentados acima, torna-se importante discutir sobre as avaliações que estariam sendo adotadas na educação e se elas cumprem regras, seguindo algum padrão estabelecido pela instituição. Sendo assim, surgiu a seguinte questão de pesquisa: Quais as compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz têm sobre a avaliação no Ensino Fundamental l? Assim o estudo teve como objetivo compreender a avaliação escolar adotada dentro do Ensino Fundamental l. Se esta vem atendendo às expectativas de sua clientela, preocupando-se em formar sujeitos autônomos críticos e capazes de analisar as suas próprias atitudes e comportamentos, significativamente, garantindo a inserção e ascensão social, além da melhoria na qualidade de vida.
  • 21. 21 CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo cabe-nos analisarmos teoricamente a problemática de estudo a partir dos conceitos-chave: Compreensão, Avaliação, Aluno e Professor. 2.1. COMPREENSÃO A palavra compreensão vem do latim “comprehensione” – ato ou efeito de compreender, faculdade de perceber; percepção. Mas a percepção humana vai, além disso, porque na realidade, ela comporta uma parte de empatia e identificação” (FERREIRA,1986). O processo de compreensão na educação busca principalmente desenvolver a capacidade do grupo, a entender as relações humanas através de uma concepção de complexidade. Essa relação de complexidade no âmbito educativo é discutido por Sacristán (2000) como: [...] fenômenos educativos como fenômenos sociais, é imprescindível chegar aos significados, ter acesso ao mundo conceitual dos indivíduos e às redes de significados compartilhados pelos grupos, comunidades e culturas (p.103). Diante da discussão do autor, ver-se que é preciso analisar nas instituições educativas a complexidade da compreensão, levando em consideração as culturas dos sujeitos envolvidos, subjetividades e incertezas. Assim, a busca pelas compreensões é um caminho de investigação para que consiga discutir a avaliação escolar. Com isso, entender a compreensão que os professores, pais e alunos têm da avaliação escolar vai além de buscar explicações sobre os possíveis problemas que ocorrem no ambiente em que a criança é educada. Buscar essas compreensões é vislumbrar os fatos que interferem diretamente ou indiretamente no meio educacional, social e cultural dos educandos. Salientamos também que o ato de compreender está estritamente ligado a compreensão humana. Segundo Morin (2005):
  • 22. 22 A compreensão humana vai além da explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetiva das coisas anônimas ou materiais. É insuficiente para compreensão humana. Esta comporta um conhecimento de sujeito a sujeito. Por conseguinte, se vejo uma criança me chamando vou compreendê-la, não por medir o grau de salinidade de suas lágrimas, mas por buscar em mim minhas aflições infantis, identificando-a comigo e identificando-me com ela. O outro não apenas é percebido objetivamente, é percebido como outro sujeito com o qual nos identificamos e que identificamos conosco, o ego elter que se torna alter ego. Compreender inclui necessariamente, um processo de empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura na simpatia e generosidade (p. 94-95). Dessa forma, assimilar a compreensão da avaliação escolar dentro da complexidade humana, está associada a identificar os aspectos imperceptíveis e significativos que ocorre entre professor e alunos dentro das salas de aulas, espaço primordial para o processo de ensino-aprendizagem Para Sacristán (2000): [...] que compreender a vida da sala de aula é um requisito necessário para evitar a arbitrariedade na intervenção. Por outro lado, enquanto não se atua e experimenta não é possível conhecer, compreender e interpretar as peculiaridades e características de sua forma de ser. (p.81). Dando continuidade a essa reflexão também pontuamos que a prática da docência é importante no ato da compreensão, pois permite a troca entre aluno e professor gerada pela empatia de ambos durante todo processo educativo, inclusive no processo avaliativo. 2.2. AVALIAÇÃO A avaliação educacional é uma tarefa didática necessária e permanente no trabalho do professor, ela deve acompanhar todos os passos do processo de ensino e aprendizagem. É através dela que vão sendo comparados os resultados obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos, conforme os objetivos propostos, a fim de verificar progressos, dificuldades e orientar o trabalho para as correções necessárias. A avaliação insere-se não só nas funções didáticas, mas também na própria dinâmica e estrutura do Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA).
  • 23. 23 A avaliação é uma das questões mais discutidas pelos grandes educadores, pois muitas vezes seu uso é considerado de forma injusta e incorreta, causando prejuízos na vida do educando. Para Raízes e Asas (s/d): A avaliação tem também a função de orientar os procedimentos de ensino em sala de aula. È através dela que o professor obtém informações básicas sobre quantos e quais alunos estão conseguindo realizar as atividades onde estão concentradas as dificuldades e de que natureza são. (p.11) Analisando a definição do autor, acredita-se que a avaliação é o procedimento para avaliarmos o processo de ensino-aprendizagem do aluno. Luckesi (1998) por sua vez, definiu a avaliação como instrumento que se classificam em tipos e funções. Entre os tipos de função argumentada pelo autor, temos a verificação, que acaba sendo uma avaliação taxativa, que gera medo e sofrimento, pois é uma constatação para verificar se é verdadeira uma desconfiança, ou seja, a aprendizagem ou não aprendizagem do aluno. Já como função classificatória, a avaliação não auxilia em nada o avanço e o crescimento; constitui-se num instrumento estático do processo de crescimento; subtrai da prática da avaliação aquilo que lhe é constitutivo. Como função diagnóstica pode servir a finalidade de avanço e crescimento. Constitui-se num momento dialético no processo de avançar no desenvolvimento da ação, do crescimento para a competência. Diagnosticando, ela será enquanto momento dialético de “senso” do estágio em que está e de sua distância em relação à perspectiva que está colocada como ponto de ser atingido à frente. Segundo Luckesi (1998); A referida função pressupõe que os dados coletados por meio de instrumentos sejam lidos com rigor científico, não tendo por objetivo a aprovação ou reprovação dos alunos, mas uma compreensão adequada do processo de crescimento.
  • 24. 24 Assim, os resultados da avaliação deverão ser utilizados para diagnosticar a situação do aluno, tendo em vista o cumprimento das funções de auto compreensão acima estabelecidas. Entretanto, para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica. Esta forma de entender, propor e realizar a avaliação exige que ela seja um instrumento para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem. Atualmente, os objetivos da avaliação visam tanto o processo de aprendizagem quanto os sucessos ou fracassos dos estudantes. Neste sentido, uma diferença fundamental em relação às provas escolares é a avaliação permanente, que se realiza com outro tipo de meios, entre os quais se inclui o conjunto de tarefas realizadas pelo estudante no decurso do ano escolar. A avaliação é, assim, realizada para obter sobre o aluno uma informação mais abrangente que a simples e pontual referência das provas, pois como diz Nunes (2000 p. 93): “A nota somente, não expressa o que o educando aprendeu isso porque ele pode tirar notas altas sem saber o conteúdo, através da “cola”, da memorização”. Outras concepções de avaliação perpassam a lógica que avaliar é um processo que deve abranger a organização escolar como um todo desde as relações internas da escola, o trabalho docente, a organização do ensino, o processo de aprendizagem do aluno e, ainda, a relação com a sociedade. Dessa forma, a avaliação permitiria diagnosticar, reforçar e permitir crescer a aprendizagem dos discentes. O papel do professor neste contexto é o de um conselheiro, de um orientador, e não o de um juiz, júri e executor. Pois a avaliação como "punição" deve ser substituída pela abordagem da "melhoria contínua", assim como diz Chauí (1997), nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios racionais, cabendo ao professor avaliar de forma coerente. A avaliação também pode ser considerada um exercício mental que permite a análise, o conhecimento, o diagnóstico, a medida ou julgamento de algo. Avaliar seria um processo de autoconhecimento e do conhecimento da realidade e da relação dos sujeitos com essa realidade. Seria um processo de re-criação e ressignificação das instituições que fazem parte dessa realidade e das pessoas que a mantêm.
  • 25. 25 Nesse caso, seria a forma de analisar como os alunos estão sendo avaliados? Quais as concepções que estão avaliadas? Quais os objetivos que pretende com essa avaliação? Questionam-se também se os processos de avaliação da aprendizagem dos alunos estão centrados num desempenho cognitivo, sem referência a um projeto político-pedagógico de escola. Os sentidos das avaliações escolares, infelizmente, tem se direcionado para o ato real de aprovar ou reprovar os alunos, independente da teoria, conseqüentemente esta tem sido a prática. 2.3. ALUNO Segundo a etimologia, o termo aluno significa literalmente “criança de peito”, “lactante” ou “filho adotivo”, do lat. alumnus, alumni, proveniente de alere, que significa “alimentar, sustentar, nutrir, fazer crescer”. Daí o sentido de que aluno é uma espécie de lactente intelectual; e não alguém “sem luz”, como afirma uma etimologia falsificada que lê a- como prefixo de negação (note que o prefixo é grego) e lun- como proveniente do latim lumen, luminis (luz). O termo aluno aponta, portanto, para a idéia de alguém imaturo, que precisa ser alimentado na boca e exige ainda muitos cuidados paternais ou maternais (LEWIS; SHORT 1879). Em sentido figurado ou metafórico, porém, aluno significa simplesmente “discípulo”, “aluno” ou “pupilo”, alguém que aprende de forma coletiva em estabelecimento de ensino pela mediação de um ou vários professores (FARIA 1962). Quanto à palavra estudante, do verbo estudar, ela designa o indivíduo que se empenha em algum tipo de estudo. Sugere pessoa independente, que busca o alimento intelectual por conta própria, sem necessidade de ser alimentado na boca, e costuma fazer isto de maneira individual. Notamos que, enquanto o conceito aluno aponta para a dependência e passividade, o segundo conceito sinaliza autonomia e atividade. É preciso reconhecer que, em algumas fases escolares (Educação Infantil e Ensino Fundamental l e ll), atuamos como alunos, embora em outras (Ensino Médio e, principalmente, na Educação Superior), como estudantes. Mas não é preciso ter
  • 26. 26 preconceito pela palavra “aluno”, ela é a mais comum em contexto de sala de aula. Afinal de contas, o sonho de todo professor é que seus “alunos” se tornem também “estudantes”. A pedagogia moderna se esquiva do problema empregando apenas o termo “educando”. No entanto para PIAGET (1978): Devemos educar para compreender, e educar para conhecer as informações. [...] implica construção da própria inteligência [...] formarmos jovens capazes de críticas e auto críticas, jovens capazes de pensar criativamente, transformando ações, jovens que se posicionem perante outros e respeitem o posicionamento de cada um. (p.68) Abordar sobre o aluno também nos remete a relação do aluno com o professor. Morales (2006) pontua que uma boa relação entre ambos pode incidir positivamente na aprendizagem dos discentes e na satisfação pessoal do professor. Ainda segundo o autor a função do professor é ajudar os alunos no seu aprendizado, buscando o seu êxito e não o seu fracasso. Assim, a qualidade da relação com o aluno pode ser relevante nesse aspecto. Para salientar ainda mais a questão sobre a relação entre professor e aluno, Morales (2006) nos remete a atenção às atitudes dos alunos, pois o aluno está em interação com o professor em todos os momentos, quando perguntam ou respondem algo, quando se comunicam ou quando estão distraídos. Para o autor, o professor deve estar atento as atitudes dos alunos, pois elas demonstram a relação que os alunos têm com o mesmo e com o processo. Assim, atitude do educador influi na criatividade do educando. Um olhar feio, uma resposta brusca, uma crítica ou um pedido de explicação, às vezes são bastante para esfriar o entusiasmo, interromper um gesto, impedir uma criação. Por outro lado, voltando a atenção para o educando com atitude de valorização de suas pesquisas, suas descobertas, sua expressão individual, por parte do educador, dão abertura ao seu potencial criador e permitem o seu melhor desempenho em sala de aula. É importante entendermos que, entre as dimensões afetivas e cognitivas presentes na aprendizagem, existem inter-relações e articulações, onde as trocas são muito importantes e necessárias.
  • 27. 27 Para o aluno é de fundamental importância a educação familiar no seu processo educativo e nenhuma outra instituição está em condições de substituí-la, entretanto, é necessário que essas famílias sejam bem formadas para que possam passar uma boa educação, ou seja, tem que haver a compreensão, tolerância, carinho e firmeza que são condições indispensáveis para uma educação integral, visando todos os aspectos que formam a personalidade. A responsabilidade do acompanhamento dos pais na educação dos filhos deverá atender exigências humanas e sociais. Quando nos referimos à exigência humana, estamos mostrando que os filhos ao virem ao mundo, são totalmente indefesos e necessitam de proteção e orientação para poder se desenvolverem bem. E a social, a família também forma cidadãos capazes de colaborar para o sucesso e progresso da sociedade, bem como também a sua conservação. Sabe-se que como afirma Nérici (1977, p.12) “o processo educativo visa formar o cidadão capaz de servir a sua comunidade e de identificar-se com anseios coletivos, deve conduzir a responsabilidade, liberdade, critica e participação”. Então, cabe aos pais orientar e acompanhar em suas atividades escolares fazendo com que a criança sinta o prazer de compartilhar e poder desfrutar condições de igualdade e amizade junto aos pais, para que já inicie o trabalho de cooperação, pois somente assim ele poderá participar das aulas com mais segurança, compartilhando com seus semelhantes a tudo que se refere ao bem comum. Para Nérici (1977): [...] não há duvidas de que um lar mal constituído, dificilmente pode educar. O mais que pode conseguir é angustiar, desorientar e neurotizar seus filhos. (...) Estudiosos do comportamento humano como Kumkel, Freud, Fromm e Horney são unãnimes em encarecer a importância do lar na formação do lar e da personalidade do individuo. (p.74)
  • 28. 28 Segundo Freud, citado por Bock, (1999, p.204) “o grupo familiar constitui o cimento mais firme da ordem social estabelecido, o lugar em que se efetiva, a interiorização da repressão, que continua na escola”. Então os pais têm obrigação de educar os filhos para o lar e para a sociedade, em processo de continuidade e harmonia, que se recebe na escola sem oposições que não se justificam e prejudicam a formação dos filhos. Nesse contexto, o psicanalista Frances Jacques Lacan, citado por Bock (1999), define assim a família: Entre todos os grupos humanos, a família desempenha um papel primordial na transmissão de cultura. (...) a família prevalece na primeira educação, na repressão dos instintos, na aquisição da língua acertadamente chamada de materna. Com isso, ela preside os processos fundamentais do desenvolvimento psíquico. (p.238-239) O autor afirma que é na família que o aluno aprenderá a respeitar os tabus encontrados em seus caminhos. Adquirirá a linguagem que é condição básica para que ela possa viver em uma sociedade imposta por muitas limitações, mas que expõe muitas oportunidades. Devemos permitir ao aluno reflexão, análise e que construa progressivamente um modelo da tarefa que se tornará um referente adequado para fazer exames críticos de suas produções, a fim de progredir rumo a um êxito maior. O processo de construção do conhecimento no aluno não começa, nem se realiza exclusivamente no espaço e tempo escolar. É a partir das vivências sociais e afetivas que ele adquire em determinadas formas de aprender e se relacionar com diferentes tipos de saberes. Esse processo de formação se dá a partir de sua inserção no meio. Para o aluno, durante o processo de ensino nas escolas são realizadas diversas avaliações que leva o educador a avaliar seu aluno utilizando várias ferramentas que condiz com o seu aprendizado. Dentre estas ferramentas encontramos também os testes e as provas para garantir ao educador de que as informações que serão recolhidas são válidas e que realmente os alunos
  • 29. 29 entenderam as questões, estes testes e provas permitem obter informações acerca de seu desempenho máximo. Para Pais e Monteiro (1996): Os testes, provas e os outros procedimentos para medir a aprendizagem dos alunos não se destinam a substituir as observações e juízos informais dos professores. Antes pelo contrário, visam complementar e suplementar os métodos informais de obtenção acerca dos alunos. (p.95) Talvez por estarem entre hábitos muito enraizados, ou por se pensar que é a melhor forma de avaliação, ainda hoje há muitos professores que recorrem quase exclusivamente aos testes e provas e muitos alunos só estudam na véspera da sua realização, sentindo-se angustiados e apreensivos para este momento. Se há aprendizagens que se avaliem através dos testes e provas, outras há que têm que ser feitas também por outras formas, diferenciadas, sendo dinamicamente direcionada pelos professores, para sua classe de alunos. 2.4. PROFESSOR Na definição de Ferreira (2001) professor é aquele que ensina uma ciência, arte ou técnica. Com isso na visão simples, de algumas pessoas a função do professor é basicamente ensinar, reduzindo este ato a uma perspectiva mecânica, entretanto, ninguém ensina no vazio, há toda uma contextualização marcada pelo interesse de determinada época e sociedade. O professor é um profissional que tem uma formação para atuar nos espaços educativos, e são nesses mesmos espaços que os resultados de seus domínios nos conhecimentos científicos e nos saberes adquiridos no decorrer de sua história de vida e da sociedade se fazem presentes, a fim de serem transmitidos aos educandos de forma clara e objetiva. Sobre os saberes dos docentes Tardif (2002) fala que: [...] os professores sem suas atividades profissionais se apóiam em diversas formas de saberes: o saber curricular, proveniente dos programas e dos manuais escolares; o saber disciplinar, que constitui o conteúdo das
  • 30. 30 matérias ensinadas nas escolas; o saber da formação profissional adquirida por ocasião da formação inicial ou continuado [...] (297). No ato de ensinar o professor também constrói valores que auxilia a relação do homem com a sociedade e ao construir esses valores, insere o homem não só na sociedade, mas também em uma cultura. Assim: “[...] ensinar é colocar alguém em presença de certos elementos da cultura a fim de que eles se nutram, que eles os incorporem a sua substância, que ele construa sua identidade intelectual.” (FORQUIN, 1993, p.168). Ao ensinar o professor também emprega determinados meios para atingir certas finalidades e com isso ele acaba por desempenhar vários papéis, entre eles o de agente de mudança. Alencar (2005) nos fala que: “Os professores são pedreiros que colocam tijolos no edifício de uma nova sociedade, que não será feroz e excludente com a atual (p.110)”. Segundo Tardif (2002), o docente também é um portador de valores emancipados nas relações de poder que ocupam o espaço escolar. As relações de poder existentes na escola fazem com que os professores se comportem em alguns momentos de forma mecânica impondo e seguindo regras na sala de aula. Para Burke (2003) precisamos de um professor que tenha conhecimento, e que saiba adapta-se aos acontecimentos da sala de aula de forma inteligente e hábil e assim vencer os preconceitos, descrenças e hábitos enraizados ou institucionalizados nos sistemas educacionais. Acreditamos que o professor é um ser humano, social e político e que deve está comprometido com sua tarefa e tecnicamente preparado para executar sua prática, e assim levar a população a uma consciência crítica que supere o senso comum, todavia não desconsiderando, essa grande contribuição para a construção da sociedade, e sim permitir que esses saberes se façam presentes na construção dos novos conhecimentos.
  • 31. 31 Mizukami (1986) discorre que a relação entre o mestre e o aprendiz é horizontal, professor e aluno aprendem juntos em atividades diárias. Neste processo, o professor deverá estar engajado em um trabalho transformador procurando levar o aluno à consciência, valorizando a linguagem e a cultura. (p.99) Nesta abordagem, o diálogo marca a participação dos alunos juntamente com os professores. Os estudantes são partes do processo de aprendizagem que procura enfatizar a cooperação e o trabalho coletivo na resolução dos problemas que venham surgir dentro dos variados ambientes sociais.
  • 32. 32 CAPÍTULO III METODOLOGIA Caracterizada por um estudo minucioso, articulado a uma realidade, a fim de descobrir, aperfeiçoar, ou acrescentar novas informações sobre o que já existe, ou seja, mostrar algo novo a respeito do fato estudado, a pesquisa se define como um conjunto de atividades intelectuais tendentes a descoberta de novos conhecimentos (TRIVINOS, 1987). Com base nessa perspectiva, é que se realizou a presente pesquisa, que têm como objetivo identificar as compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz tem da avaliação escolar no Ensino Fundamental I. 3.1. TIPO DE PESQUISA Essa pesquisa foi construída numa perspectiva descritiva com abordagem qualitativa, pois se tratou de analisar dados referentes a existência da relação sujeito e realidade, buscando conhecer os conceitos à luz do referencial teórico e também refletir acerca das falas dos questionados para verificar como está sendo discutido, no interior do lócus pesquisado, a questão da avaliação escolar no Ensino Fundamental I, permitindo a análise dos dados de forma diferenciada, e reconhecendo a complexidade das relações humanas (LUDKE; ANDRE, 1986). Os autores caracterizam a pesquisa qualitativa, como procedimentos para a coleta de dados, a partir de vivências, idéias e práticas pedagógicas que permite uma relação com o local de estudo e os sujeitos envolvidos. Para Ludke e André (1986) esse tipo de pesquisa utiliza o ambiente natural como fonte direta dos dados, havendo um contato dinâmico e direto entre quem pesquisa e quem é pesquisado, permitindo ao pesquisador desenvolver compreensões, e não explicações e visões isoladas, pois a abordagem qualitativa é rica em descrições de pessoas, situações e acontecimentos, onde todos os dados são importantes, dessa forma existe uma preocupação maior com o processo.
  • 33. 33 Bodgan e Biklen (1998) citado por Barbosa (2002) falam que a pesquisa qualitativa também permite ao pesquisador: [...] compreender o comportamento e a experiência humana. Eles procuram entender o processo pelo quais as pessoas constroem significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam observações empíricas, porque é com os eventos concretos do comportamento humano que os investigadores podem pensar mais clara e profundamente sobre a condição humana (p.18). Com as definições expostas pelos autores, o que nos aproximou do nosso objeto de estudo, acreditamos que a pesquisa qualitativa dará um suporte para identificarmos as compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz tem da avaliação escolar no Ensino Fundamental I. 3.2. SUJEITOS DA PESQUISA Tivemos como sujeitos da pesquisa os professores que lecionam do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I, os alunos do 5º ano por estudarem desde o 1º ano nesta mesma instituição, e os pais dos respectivos alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz. 3.3. LOCUS DA PESQUISA O lócus da pesquisa foi fundado em 04 de março de 1963, e teve início o primeiro ano letivo, sob a direção das professoras Maria Margarida Passos Duarte – Diretora, Ivanise Jambeiro Gentil – Vice-Diretora e Maria Guerreiro Conceição – Secretária. Como na cidade de Senhor do Bonfim na década de 60, só existia dois colégios que ofereciam o 1º grau completo e tinham o ensino privado, enquanto que as escolas públicas só ofereciam o ensino primário, sensibilizada pela falta de oportunidade para a classe menos favorecida, a professora Olga Campos de Menezes, promoveu uma reunião com algumas autoridades da época, propondo a fundação de uma escola nos moldes da CNEC (Campanha Nacional de Escolas da Comunidade). Graças a sua iniciativa, foi criado então o Ginásio que recebeu o nome em homenagem a primeira professora da cidade com formação pedagógica.
  • 34. 34 “Ginásio Professora Isabel de Queiroz”. Hoje graças a uma doação de um terreno por parte da Prefeitura Municipal, o atual Centro Educacional Cenecista Professora Isabel de Queiroz, desde o ano de 1965, encontra-se abrigado em prédio próprio localizada na Praça Simões Filho, 222, Centro, na cidade de Senhor do Bonfim no estado da Bahia. Desde 1978, o colégio através de bingos, rifas, festas etc, deu início a um amplo trabalho de reformas sofrendo grandes modificações, por está assentado numa área de aterro onde no passado existiu uma imensa lagoa. Hoje, ele funciona com um quadro docente composto por vinte e dois profissionais no turno matutino do 1º ano ao 5º ano do Ensino Fundamental I, de 6º ano ao 9º ano do Ensino Fundamental II, Ensino Médio com formação geral e no período noturno o espaço oferece faculdade com ensino presencial para os cursos de História e Letras com Inglês. O seu espaço físico é composto por: uma sala de vídeo, uma mecanografia, uma tesouraria, uma biblioteca, uma cantina, uma sala de informática, um auditório, quatorze salas de aula, cinco banheiros, uma cozinha, uma secretaria, uma sala de coordenação, uma quadra de esportes e uma área de lazer com parquinho. O seu quadro de funcionários, exceto o corpo docente citado acima, é formado por: dois orientadores pedagógicos, dois vigilantes, um porteiro, uma diretora, uma secretária, duas auxiliares de limpeza, três merendeiras sendo que a cantina atende, aproximadamente, quatrocentos e dezesseis alunos, no período matutino. 3.4. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS Os instrumentos escolhidos para a coleta de dados e que conseqüentemente nos forneceram elementos relevantes para alcançarmos o objetivo da pesquisa foram: a observação participante e a entrevista semi-estruturada.
  • 35. 35 3.4.1. Observação Participante A observação é um dos instrumentos mais utilizados na investigação e possibilita um contato pessoal e estreito entre o pesquisador e o objeto de estudo. Ludke e André (1986) diz que no ato de observar: O pesquisador pode ter acesso a uma gama variada de informações, até mesmo confidências, pedindo cooperação ao grupo. Contudo terá em geral que aceitar o controle do grupo sobre o que será ou não tornado público pela pesquisa. (p. 29). Existem várias formas de observação, contudo, a mais adequada a nosso objeto de estudo foi à observação participante, que para Marconi e Lakatos (1996) consistem em procedimentos onde a identidade e objetivos do pesquisador são revelados ao grupo pesquisado. Esse tipo de observação: [...] consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Ele se incorpora ao grupo, confunde-se com ele. Fica tão próximo quanto um membro do grupo que está estudando e participa das atividades normais deste... O objetivo inicial é ganhar a confiança do grupo, fazer os indivíduos compreenderam a importância da investigação, sem ocultar o seu objetivo ou sua missão. (MARCONI E LAKATOS, 1996 p.68). Ao observar participativamente o pesquisador chega mais perto da perspectiva dos sujeitos, sendo uma relevante para a pesquisa qualitativa. Como pontua Ludke e André (1986), nesse convívio em contato com as experiências diárias, o observador percebe ou acompanha os sujeitos e sua compreensão sobre visões de mundo e os significados que eles atribuem à realidade que os cerca. Para Ludke e André (1986), a observação participante também apresenta vantagens em relação aos outros instrumentos, pois o observador pode recorrer aos conhecimentos e experiências vividas a fim de compreender e interpretar o fenômeno estudado. Relacionando os argumentos dos autores com nosso objeto de pesquisa, a observação participante foi de fundamental importância para identificarmos as
  • 36. 36 compreensões que os professores, pais e alunos do Colégio Cenecista Professora Isabel de Queiroz tem da avaliação escolar no Ensino Fundamental l. 3.4.2. Entrevista Semi-estruturada A entrevista é uma das técnicas mais utilizadas na obtenção de dados na abordagem qualitativa, pois permite saber o que as pessoas pensam suas idéias e sentimentos. Marconi e Lakatos (1996) a definem como: [...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informação a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional... uma conversação efetuada face a face ,de maneira metódica; proporciona ao entrevistado , verbalmente , a informação necessária. (p. 70) Na visão de Ludke e André (1986) a entrevista ganha vida quando começa, pois a relação que se constrói durante sua realização é de diálogo e interação entre quem entrevista e quem é entrevistado. Com isso facilita ao entrevistador sempre estar atento, as respostas que se obtêm ao longo dessa interação, observando mais de perto a gestos, expressões, entonações e sinais não verbais, visto que toda captação é importante para compreender o que foi falo. Esse instrumento também apresenta grande vantagem sobre outras técnicas, pois permite a captação imediata e corrente da informação desejada com qualquer tipo de informante, como também permite correções, esclarecimentos e adaptações desejadas. (LUDKE E ANDRÉ, 1986). Sobre a entrevista semi-estruturada Trivinos (1987) a entende como: [...] aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam a pesquisa e que em seguida oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se reconhecer as respostas do informante (p.146). Trivinos (1987) aborda que a entrevista do tipo semi-estruturada valoriza a presença do investigador, pois oferece elementos para que o informante encontre a
  • 37. 37 espontaneidade o que enriquece a investigação do problema. Assim o entrevistador dever saber estimular a obtenção de informações, criando um clima de confiança onde deve prevalecer o respeito pelas crenças e ideais do entrevistado.
  • 38. 38 CAPÍTULO IV ANÁLISE DOS RESULTADOS Para realização desta pesquisa foram utilizados como instrumentos de coletas de dados a observação participante no locus pesquisado e a entrevista semi- estruturada com professores, pais e alunos. Estes instrumentos nos permitiram conhecer o perfil dos sujeitos e analisar e interpretar as compreensões que eles têm de avaliação escolar no Ensino Fundamental I. 4.1. PERFIL DOS SUJEITOS Através da entrevista semi-estruturada foram levantadas informações que puderam traçar o perfil de cada membro envolvido na pesquisa. Na seqüência apresentaremos o perfil dos sujeitos onde serão designados no decorrer da análise com P para um total de dez professores, PA para um total de sete pais e A para um total de seis alunos de acordo com as categorias escolhidas: 4.1.1. Formação Observamos que em relação à formação dos professores entrevistados 40% estão cursando Pedagogia, 40% são graduados no curso de Pedagogia e não possuem especialização e 10% são graduados em Biologia sem especialização. Sendo assim, é interessante comentarmos que os profissionais da Educação Fundamental I, estão se qualificando profissionalmente na prática pedagógica sem temer e aceitando o novo. Sobre isso Freire (1996) afirma: “por isso é que, na formação permanente dos professores o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente sobre a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática” (p.43).
  • 39. 39 Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz. Os dados também apontam que 10% dos pais não têm formação escolar, 60% apenas concluíram o ensino médio e 30% apresentam formação em Nível Superior e atuam em sala de aula. Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.
  • 40. 40 Dentre os alunos pesquisados, 100% encontram-se concluindo 5º no do Ensino Fundamental I, e estudam na escola lócus da pesquisa desde o 1º ano. Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com alunos do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz. 4.1. 2. Gênero Dentre os sujeitos tivemos uma forte predominância do sexo feminino, que apresenta 100% dos professores, 80% dos alunos e 90% dos pais. Com isso percebemos que nessa etapa da educação ainda existe uma forte feminilização na educação das crianças. Diante deste contexto, os Referenciais para formação de Professores (1999, p.32) aponta: “A feminilização da função, ao invés de representar de fato uma conquista profissional das mulheres, tem-se convertido num símbolo de desvalorização social”. O que demonstra como o campo da docência tem sido dominado pelas mulheres. Em relação aos pais percebe-se a forte influência do gênero feminino que na sua grande maioria está representada na figura materna, onde a mãe é a única responsável por auxiliar nos direcionamentos que a aluno tem na escola.
  • 41. 41 Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz. Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com alunos do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.
  • 42. 42 Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz. 4.1.3. Idade Em relação a esta característica, percebemos que a idade dos entrevistados é flexível, pois os professores tem entre 25 a 40 anos, os pais entre 30 a 40 anos e os alunos estão na faixa etária entre 9 a 10 anos. Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz.
  • 43. 43 Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com pais do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz. Fonte: Entrevista semi-estruturada realizada com os professores do Colégio Cenecista Profª Isabel de Queiroz. Uma vez apresentada à síntese dos dados no qual obtivemos resultados característicos dos sujeitos deste estudo, partimos então para a análise dos dados. 4.2. DISCUSSÃO DOS DADOS
  • 44. 44 Após a obtenção dos dados, por meio da utilização dos instrumentos de pesquisa, observação participante e entrevista semi-estruturada, nos detivemos na análise dos pontos que consideramos relevantes nesta pesquisa. Sobre análise de dados Ludke e André (1986) afirma que: Analisar os dados quantitativos significa “trabalhar” todo o material obtido durante a pesquisa, ou seja, relatos de observação, as transcrições de entrevistas, as análises de documentos e as demais informações disponíveis. A tarefa de análise implica num primeiro momento, a organização de todo material, dividindo-o em partes, relacionando essas partes e procurando identificar nele tendências e padrões relevantes (p. 46) O objetivo desta etapa é analisar e discutir a fala dos professores, alunos e pais sobre a compreensão que eles têm de avaliação no Ensino Fundamental I. Para analisar as falas dos educadores, alunos e pais dividiu-se em categorias, uma vez que elas possibilitam uma melhor compreensão das falas coletadas. Assim, para respondermos a indagação inicial, organizamos e discutimos as falas nas seguintes categorias: Compreensão de avaliação – Refere-se à compreensão, opinião e entendimento dos educadores, alunos e pais sobre a avaliação. Formas avaliativas – Referem-se como os educadores avaliam os alunos em sala de aula. Nota x Conhecimento – Busca discutir se os alunos aprendem de fato com a avaliação. 4.2.1. Compreensão de Avaliação Procurando compreender as respostas dos educadores, alunos e pais, percebe-se que a maior parte dos questionados tem uma visão alienada sobre o conceito de avaliação. Vejamos algumas falas:
  • 45. 45 P (1) Avaliação é considerar a história do processo pessoal de cada aluno e sua relação com as atividades desenvolvidas, as necessidade de se comprometer com sua superação. P (2) É muito amplo o conceito de avaliação, mas entendo que seja investigar questionar, é ler hipótese dos educando sua zona real, seu conhecimento, para incorporar conhecimentos pertinentes a sua situação de aprendizagem trabalhando assim a zona proximal, também refletir sobre a ação pedagógica para replanejá-la. Nessas falas nota-se que os professores tem um conceito bem formulado de avaliação e que não tratam a avaliação com um único sentido de medir, julgar. Mostram que trabalham com a história do aluno, que os educandos não são vistos como seres vazios que aprendem só na escola, mas que trazem “bagagem”, currículo oculto, conhecimento e através deste conhecimento que os educadores trabalham o todo e não apenas uma pequena parte do processo. Já a fala do professor 2, faz-se lembrar de Vygotsky (1995, p. 72), quando diz que a criança passa por: “[...] dois níveis de desenvolvimento: um se refere às conquistas já efetivada, [...] desenvolvimento real [...] e o outro nível de desenvolvimento proximal, que se relaciona às capacidades inacabadas a serem construídas [...]”. Isso porque quando o professor trabalha com algo que o aluno já sabe é o desenvolvimento real, porém quando o educador ajuda seu aluno a resolver questões ou problemas, auxiliando-o para que ele consiga fazer, está trabalhando o desenvolvimento proximal, pois ela sabe fazer, porém com a ajuda de alguém. Desta forma o professor mostra ter conhecimento teóricos, pois se faz mediador para o aluno chegar ao conhecimento, ajudando nos momentos de dificuldade, facilitando o sucesso da criança na escola. Porém a maioria das falas dos pais e alunos mostram que têm um conceito de avaliação mais tradicional. Vejamos algumas: PA (1) Entendo que seja um modo de julgar, determinar alguma situação. PA (2) É as provas. A (3) É bom as prova, ai nois sabe se aprendemos. A (5) Eu não gosto, eu fico num nervoso retado e acabo errando.
  • 46. 46 A (1) A avaliação serve para ver se a gente aprendeu ou não. Percebe-se nas falas dos pais e alunos que estes vêem a avaliação simplesmente como provas, e que os professores não levam em conta mais nada no aluno. Alguns pais ainda acham que os educadores fazem avaliações, apenas para julgar, classificar ou medir seus filhos, talvez por eles (pais) terem tido uma avaliação muito rígida, de provas que não os qualificavam só os mediam. Isso mostra como ainda em pleno século XXI, o tradicionalismo é forte e constante. Este fato traz à tona a falta de informação e convivência dos pais nas escolas e como sabem pouco sobre as formas avaliativas usados nos dias atuais. Percebeu-se como os pais e alunos estão carentes de informação e infelizmente passam anos com os filhos nas escolas sem conhecer como o filho é avaliado. Segue mais alguns discursos: PA (3) Não tenho conhecimento, porém ele diz que é avaliado através de trabalhos todos os dias, tornando-se um processo contínuo. PA (4) Não. PA (5) Não sei. Através das falas tornou-se evidente que a maioria dos pais, não sabem como os filhos são avaliados, eles apenas acham ou gostariam que fossem dessa ou daquela forma ou ainda o filho disse que era através de trabalhos, comportamento, etc, porém os pais não procuram saber com os professores que seria o ideal. Isso traz muitas dúvidas e inquietações, pois fica a imagem de que a escola tem responsabilidades de educar e cuidar dos filhos e que para os pais basta mandá-los para a escola. Às vezes parece que os pais pensam que mandando para escola estará tudo resolvido, pois seus filhos já estão destinados a escola, responsável maior pela educação, e, por isso não precisam auxiliar no processo educativo. Essa idéia nos faz lembrar o inatismo que afirma: “nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios racionais, [...]” (CHAUÍ, 1997, p. 69).
  • 47. 47 Cabe ao professor tentar fazer mudar essa realidade, para assim a responsabilidade ser dividida entre todos, desta forma o sistema educacional e os profissionais da educação sejam valorizados e capazes de formar cidadãos atuantes na sociedade buscando sempre o melhor. 4.2.2. Formas avaliativas Luckesi (1998) definiu a avaliação como instrumento. Esse instrumento abordado pelo autor, pode ser visto de várias formas avaliativas. Nessa categoria iremos analisar as diversas formas de se avaliar dentro do processo educativo. Percebemos que todos os professores avaliam seus alunos em todos, os aspectos, levando em consideração todas as atividades que são feitas em sala de aula. Segue algumas falas: P (5) Sim; Diagnóstica, democrática, participativa, não havendo submissão e sim liberdade, assim acontece à avaliação em um todo e não somente como uma matéria. P (10) Através de testes objetivos, dissertações, trabalhos livres, provas, apresentações de pesquisa. Fica evidente nas falas que os educadores avaliam seus alunos em todos os aspectos, valendo-se de vários instrumentos desde as provas objetivas, momentos que propiciem o respeito, além da valorização da afetividade entre todos: professor/aluno, aluno/aluno. Entre os tipos de avaliação utilizadas pelos professores, vemos presentes as funções avaliativas argumentativa, classificatória e diagnóstica debatidas por Luckesi (1998). Meios para avaliar o rendimento individual dos alunos. Isso é muito importante, pois cada aluno tem sua individualidade e se o professor utilizar meios que favoreçam a construção do conhecimento, mais ele se desenvolverá. Fica claro isso quando se recorre a Wallon (1995. p.41) que diz “[...] não é possível definir um limite terminal para o desenvolvimento terminal da inteligência, nem tampouco da pessoa, pois dependem das condições oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito fizer dela”.
  • 48. 48 Quanto mais o educador oferecer, mais o aluno receberá. O professor oferecendo vários meios como os citados, estes ajudarão a todos. Um exemplo é se o educador tem um aluno tímido que não se destaca em trabalhos orais, esse educando poderá se destacar em outras atividades, por isso é necessário que o professor utilize vários meios, pois além de ser mais fácil detectar alguma dificuldade, será mais fácil trabalhar com os mesmos. Esses métodos variados usados pelos professores estão satisfazendo a maioria dos pais, pois eles acham que existe uma abertura maior na escola e assim mais participação familiar. Desta forma haverá uma construção de conhecimento mais ampla e satisfatória. Vejamos também algumas falas dos pais e alunos sobre as formas avaliativas: PA (2) Acho bom porque a mãe pode participar mais e está sempre participando no dia- a- dia de seu filho. PA (4) Bom. PA (5) Muito bom, pois isso faz com que tanto o aluno, quanto o professor tenham conhecimento mais apurado. A (3) Nois sempre faiz prova e teste mais tem também uns trabalhos. A (2) A pró sempre explica dinovo quando não entendo. Como foi visto os pais acham que estes meios avaliativos são bons, pois tem mais opções para os alunos, uma vez que são avaliados de diversas maneiras e não é como antigamente que era apenas prova objetiva e a resposta era obrigada a ser aquela do livro, o pai quase não participava e o aluno tinha medo dos professores. Hoje é diferente, o aluno estabelece diálogo com os professores, não só ouvem, mas falam, perguntam dão suas opiniões. As maiorias dos educadores acham que mesmo avaliando o todo do aluno, vê que os métodos avaliativos ainda são muito classificatórios isso porque no final de cada trimestre são obrigados a dar uma nota e desta forma estão medindo. Discutiremos mais algumas falas dos professores:
  • 49. 49 P (7) Os métodos ainda são classificatórios. Podemos dizer que a educação passa por um processo de transformação, mas ela não acontece do dia para a noite. P (9) Como uma balança onde é necessária uma precisão muitas vezes. Ou 9 ou 8, 7,...6....... Com essas respostas parece que os educadores estão se contradizendo, pois anteriormente falaram que avaliam de forma a construir o conhecimento, olhando o todo, porém logo após dizem que os métodos são classificatórios para medir o aluno isso porque eles trabalham tentando construir o conhecimento, mas no final de cada trimestre é necessário dar a nota por isso reclamam do método e isso justifica essa contradição. Desta forma, há um longo caminho a ser percorrido até que haja uma convergência para se chegar a um denominador comum, assim o aluno vai aprender de verdade sem ser preciso medi-lo, julgá-lo e para isso é necessário esforço não só dos professores, mas toda a comunidade escolar. 4.2.3. Nota x Aprendizagem Percebeu-se através da entrevista semi-estruturada, que quando perguntados, se a nota mostra o que o aluno aprendeu, a maioria dos professores e pais acham que a nota sozinha não mostra, mas que é necessário analisar outros aspectos. Vejamos algumas falas: PA (5) Não o aluno tem várias formas de mostrar o que sabe, e cabe ao professor questionar e tentar descobrir a melhor. P (1) Nem sempre. Sabemos que o ser humano é movido por sentimentos que mudam e que interferem num momento de avaliação. Sendo assim, um aluno pode ser prejudicado em algum momento. Como também pode tirar uma boa nota, colando em uma prova “boa nota” não aprendeu. P (3) Não, a nota é somente um requisito obrigatório, os métodos avaliativos geralmente são falhos. Nesses depoimentos fica evidente que os educadores e pais, possuem conhecimento para entender seus alunos e filhos, pois sabem que existem muitas coisas que podem interferir na hora de uma avaliação.
  • 50. 50 Recorrendo a Nunes (2000) quando ela aborda que a nota somente não expressa o que o educando aprendeu isso porque ele pode tirar notas altas sem saber o conteúdo, através da “cola”, da memorização. Assim sendo cabe ao professor mostrar ao aluno que a nota é necessária, porém unida ao conhecimento. Só a nota não adianta, pois só através desse conhecimento ele conseguirá progredir não apenas na sala de aula, mas na sua vida. Vejamos outra fala: P (2) Sim, desde que ela aponte para a busca do melhor do educando. Nesta fala, percebe-se que a prática não é mais adequada, pois o educador acha, que se o aluno aprendeu vai tirar notas altas desde que o professor questione para o que o aluno tem de melhor, porém é difícil essa colocação deste educador, pois mesmo direcionando para melhora do aluno, é necessário levar em conta, que mesmo este melhor do aluno que a professora comentou pode ser afetado pelo fator emocional ou outros fatores, pois sabemos que de acordo com Rego apud Vygotsky (1995, p.120-121), [...] “o Homem como um ser que pensa, raciocina, deduz e abstrai, mas também como alguém que sente, se emociona, deseja, imagina e se sensibiliza”. Desta forma, muitas vezes o aluno sabe o conteúdo e vai mal na avaliação por algum motivo. Isso significa que se deve sanar primeiro esses problemas, para depois avaliá-lo. Deve-se lembrar que o educador tem que tentar fazer o aluno entender que ele deve prestar atenção na aula para adquirir conhecimentos, sabedoria, e não para tirar notas altas, pois se o professor diz que quem tira notas altas aprendeu, o aluno vai perder a vontade de estudar para aprender, pois vai notar que se “colar” vai tirar boas notas e todos irão achar que ele é um ótimo aluno. Isso é péssimo não só para os alunos, mas para o sistema educacional.
  • 51. 51 A maioria dos pais, também acha que a nota sozinha não diz nada, deixando bem claro que o respeito e o comportamento têm que ser avaliados. Segue outras falas: PA (2) Eu acho que não é só a nota, é também saber respeitar os professores, ser educado com os colegas e prestar atenção nas aulas PA (4) Não, somente o professor pode fazer avaliação do seu comportamento dentro da sala de aula. Através das falas, percebe-se que os pais acham que a educação com os professores e colegas é importantíssimo e consideram que são fatores que devem constar na avaliação, e é provável que os educadores não esqueçam destes itens na hora de avaliar, pois só com todos métodos em consonância com a concepção adotada pela escola, enquanto diagnóstica, processual é que a avaliação vai chegar onde todos esperam, formando alunos construtores de conhecimento.
  • 52. 52 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho discutiu-se as várias faces da avaliação e seus métodos, mostrando como os educadores avaliam, e como o aluno compreende a utilidade do saber e do conhecimento. Buscou-se debater sobre este assunto através dos depoimentos dos educadores, alunos e pais, questionando a compreensão que os mesmos tem da avaliação no Ensino Fundamenta I. A pesquisa demonstrou que os educadores compreendem o processo da avaliação, porém estão em busca de fazer da avaliação um processo de construção do conhecimento. Pois os métodos por mais que se inovem com trabalhos e pesquisas ainda estão muito ligados a classificar o aluno e não a qualificar o mesmo. Neste aspecto o sistema educacional poderia sugerir discussões e possíveis mudanças sobre a avaliação, elencando seus pontos positivos e negativos. Com base nessa abordagem, pudemos entender que o professor não deve se prender somente a uma forma avaliativa, pois existem várias maneiras de avaliar; cada aluno é único e se identificará com um método avaliativo. Cabe ao educador ajudar o aluno a ser capaz de distinguir o verdadeiro significado da avaliação e como a mesma pode contribuir para seu desenvolvimento. A avaliação deve ser vista como um instrumento que auxilia a aprendizagem. Enquanto a avaliação tiver um significado “ameaçador” por ter que adquirir uma nota, a mesma nunca chegará ao objetivo proposto que é ser um processo de construção do conhecimento. Os professores devem tentar fazer o aluno entender o que é avaliar e para que serve a avaliação; assim, chegarão a uma educação mais qualitativa e menos quantitativa. Esta pesquisa não se encerra neste trabalho, pois, poderá incentivar pesquisadores e educadores para colaborar nas discussões e prováveis
  • 53. 53 transformações e ressignificações da avaliação como auxiliador dos conhecimentos adquiridos na prática pedagógica. Nota-se que o conhecimento adquirido anteriormente não foi em vão, pois contribuiu e muito para a aquisição deste novo conhecimento muito mais amplo e complexo e desta forma nos mostra como é significativo estarmos sempre em busca de novos saberes para assim concebermos a avaliação como um processo de construção de conhecimento.
  • 54. 54 REFERÊNCIAS ALENCAR, Chico. Educação no Brasil: Um Breve Olhar sobre o nosso lugar: Educar na Esperança em tempos de desencanto. Petrópolis: Editora Vozes, 2005. BARBOSA, J. C. Pesquisa em Educação matemática: a questão de cientificidade e dos métodos. Rios Claros: 2002. BRASIL. Lei nº 9.394 das Diretrizes e Bases da Educação. 20 de dezembro de 1996. BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Fundamental. Referenciais para formação de professores. Brasília, 1999. BRANDÃO, Z. A Dialética na sociologia da educação. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.113, p. 153-165, jul. 2001. BOGDAN; R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Editora Porto, 1998. BOCK, Ana M. Bahia, FURTADO, Odair& TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Psicologias - uma introdução ao estudo de psicologia. SP. Saraiva, 1999 BURKE Tomas Joseph. O professor revolucionário: da pré-escola á universidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. CORTESÃO, Luísa TORRES, Maria Arminda. Avaliação Pedagógica I - Insucesso escolar. 4ª edição. Editora Porto: 1990. (Coleção Ser Professor) CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática. 1997. FARIA, Ernesto. Dicionário escolar latino-português. MEC, 1962. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mine Aurélio, século XXI. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 2001. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa: 2ª edição. Revisada e aumentada. São Paulo-SP: Nova Fronteira, 1986. FLETCHER, P. R. À procura do ensino eficaz. Relatório técnico. Brasília: MEC- DAEB. 1998. FORQUIN, Jean Claude. Escola e cultura: as bases sociais epistemológicas do conhecimento escolar; tradução de Guacira Lopes Louro. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. HOFFMANN, J. Avaliação Mediadora. 14ª ed. Porto Alegre: Mediação, 1998.
  • 55. 55 KLEIN, Ruben "Produção e Utilização de Indicadores Educacionais", 2ª ed. Atlas. São Paulo. (1995). LEWIS, Charlton; SHORT, Charles. A Latin dictionary. Oxford: Clarendon Press, 1879. LIMA, João do Rozário. A Importância Da Avaliação No Ensino Fundamental. Disponível em: http://www.webartigos.com. Acesso em 16 julho de 2010. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem: Estudos e Preposições. 8ª edição, São Paulo: Cortez, 1998. LUDKE, M e ANDRÈ, Marli E. de Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de Educação e Ensino) MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho cientifico; procedimentos básico , pesquisa bibliográfica, projeto e relatórios , publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Atlas, 1996. MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: Atlas, 1986. MORALES, Pedro. Avaliação Escolar: o que é, como se faz. Editora: Loyola, 2006 MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 3ª ed. São Paulo: Cortez: Brasília, DF: Unesco, 2005. NÉRICI, I. G. Metodologia do ensino: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1977. NUNES, S. A. Avaliação e Inclusão. Revista Mundo Jovem. Porto Alegre, nº. 310, p.4, set/2000. PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho – imagem e representação. Tradução Álvaro Cabral e Christiano Monteiro Oiticica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978. RABELO, Edmar Henrique. Avaliação: Novos Tempos Novas Práticas. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2003. RAÍZES; ASAS, Coleção. São Paulo: CENPEC- Centro de Pesquisa para Educação e Cultura. REGO, T. C. Vygotsky. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 4ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. . SACRISTÁN, J. Gimeno; GOMEZ. A. I. Perez. Compreender e transformar o ensino.Tradução de Enarni F. Fonseca Rosa.4ª edição.Porto Alegre: Artmed, 2000.
  • 56. 56 TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 5ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. TRIVINOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987 VYGOTSKY, Lev. A Construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins fontes, 1995 WALLON, H. As origens do caráter na criança. São Paulo: Nova Alexandria, 1995.
  • 58. 58 Universidade do Estado da Bahia – UNEB Tempo de Tempo de Regime Graduação Carga Série que Serviço Serviço na de Horária atua Escola trabalho Departamento de Educação – Campus VII Senhor do Bonfim- Ba PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO Fonte:PPP da escola
  • 59. 59 Universidade do Estado da Bahia – UNEB Departamento de Educação – Campus VII Senhor do Bonfim-Ba ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA PROFESSORES 1-O que entende por avaliação? 2- Você avalia seus alunos? Como? 3- Muitos estudiosos dizem que: “quando avaliamos, estamos julgando o aluno”. Você concorda? Justifique sua resposta. 4- Como define os métodos avaliativos atuais? 5-Você acha que a avaliação mostra de fato o que o aluno aprendeu? Comente. 6- Segundo DEMO (1994), “se avalio, devo ser avaliado”, você acha que os alunos têm o direito de avaliar seus professores? Comente. 7- Quais as dificuldades que você encontra em avaliar os alunos? 8- Você acha que a avaliação deve mudar? Em que aspectos?