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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
    DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
       COLEGIADO DE PEDAGOGIA – COLPED
           SENHOR DO BONFIM – BA




            JAILDE CORREIA LIMA




AS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E SUA
   INFLUÊNCIA NO GOSTO PELA LEITURA




         SENHOR DO BONFIM - BAHIA
                   2011
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           JAILDE CORREIA LIMA




AS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E SUA
   INFLUÊNCIA NO GOSTO PELA LEITURA




                 Trabalho    monográfico   à   Universidade    do
                 Estado     da   Bahia-UNEB,     Campus       VII,
                 apresentado como pré-requisito para conclusão
                 do Curso de Licenciatura em Pedagogia,
                 Docência e Gestão de Processos Educativos.


                 Orientadora: Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza
                 Gonçalves




         SENHOR DO BONFIM - BAHIA
                   2011
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                           JAILDE CORREIA LIMA




                    Trabalho monográfico à Universidade do Estado da Bahia-
                    UNEB, Campus VII, apresentado como pré-requisito para
                    conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Docência e
                    Gestão de Processos Educativos.

                    Orientadora: Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza Gonçalves.




     AS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E SUA
            INFLUÊNCIA NO GOSTO PELA LEITURA



                        Aprovado em: ____/_____/ 2011



                               BANCA EXAMINADORA




    ___________________________________________________________

           Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza Gonçalves (Orientadora)



__________________________                      __________________________

  Prof.ª Rita de Cássia Braz                        Prof.ª Simone Wanderley
     (Prof.ª Avaliadora)                               (Prof.ª Avaliadora)
4




Dedico este trabalho primeiramente a Deus,
depois a minha família, base da minha vida e
da expressão do meu amor! Vocês são
pessoas muito especiais com as quais tenho o
privilégio de conviver!
5



                                  AGRADECIMENTOS



      Agradeço primeiramente antes de tudo ao grandioso e bondoso Deus, pelo o
dom da vida; força e sabedoria.


      A minha orientadora professora Maria Elizabeth, pelo carinho, dedicação,
pelas sábias correções, pelas ricas e ótimas sugestões bibliográficas que fortemente
estão marcadas neste trabalho e também em minha vida! Foi uma honra ser sua
orientanda. Sem você não sei se teria conseguido.


      A minha família, pelos incentivos, apoio e compreensão pelos momentos
ausentes, principalmente meu querido filho Gilson Brener a quem deixei tanto a
desejar. A minha mãe, Iraildes que sempre acreditou em mim e ao meu esposo
Adilson que também sempre me apoiou.


      Com amor, também agradeço o carinho das minhas amigas que sempre
estiveram presentes alegrando com sua presença.


      Aos colegas do curso pelo o companheirismo durante todo este tempo que
passamos juntos.


      Ao Departamento de Educação de modo geral.


      Por fim, agradecemos a todos que de forma direta ou indiretamente
colaboraram na realização deste trabalho.
6




Comenta-se   cada   vez   mais   que   jovens
submetidos à excessiva convivência com a
televisão, não adquiriram o hábito da leitura
nem o da conversação, apesar da influência da
internet, que os põe a conversar por escrito
sem cansaço nem cerimônia.
                          (ADILSON CITELLI)
7



                                     RESUMO




Este trabalho sob o título “As Novas Tecnologias Educacionais e sua influência no
gosto pela leitura” teve como objetivo analisar a concepção dos professores sobre
as novas tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos
alunos. As demandas educativas da sociedade contemporânea são cada vez mais
crescentes, pois estamos vivendo em uma cultura digital que propõe uma nova
estratégia de aquisição da leitura, onde poderá acontecer também a partir do
manuseio das diferentes tecnologias, que apresentadas à criança desde muito cedo,
dão a ela a possibilidade de ter contato com muitas formas de leituras, fazendo com
que a criança interaja e conquiste autonomia no seu processo de alfabetização e
letramento. Trata-se de uma pesquisa qualitativa tendo sido utilizados como
instrumentos para coleta de dados, o questionário fechado e a entrevista semi-
estruturada. Os sujeitos da pesquisa foram doze professoras que atuam nas Séries
Iniciais da rede pública municipal de Campo Formoso-BA. O referencial teórico que
norteou nosso trabalho de campo foi: Suzuki e Rampazzo (2009), Pretto (2001),
Soares (2000), Lévy (1999-2000), Silva (1997), Citelli (2004), Zilberman (1993),
Dowbor (2001), Coscarelli (2003), Freire (1993) dentre outros. Como resultado
constatou-se que as concepções apresentadas pelos sujeitos da nossa pesquisa a
cerca das novas tecnologias educacionais, restringem-se simplesmente a recursos,
usados apenas como lúdico, de forma a abrilhantar suas aulas. Destacou-se
também que se utilizados da melhor forma e por professores capacitados e
conhecedores destas ferramentas, podem ajudar no gosto pela leitura, entendendo
como um meio de sociabilidade e libertação.


Palavras-chave: Novas Tecnologias Educacionais. Educomunicação. Leitura.
8



                                LISTA DE FIGURAS


Figura 01 – percentual quanto ao gênero
Figura 02 – percentual quanto à faixa etária
Figura 03 – percentual quanto ao nível de escolaridade
Figura 04 – percentual quanto a área de graduação
Figura 05 – percentual área de pós graduação
Figura 06 – percentual tempo de atuação na área docente
Figura 07 – percentual quanto à formação continuada / cursos de capacitação
9



                                                       SUMÁRIO


INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
CAPÍTULO I .............................................................................................................. 13
PROBLEMÁTICA ...................................................................................................... 13
CAPÍTULO II ............................................................................................................. 18
QUADRO TEÓRICO ................................................................................................. 18
   2.1. Novas tecnologias da educação ..................................................................... 18
      2.1.1. Novas tecnologias: percurso histórico e conceito.................................... 18
      2.1.2. Novas tecnologias educacionais: um processo de mudança ................... 20
   2.2. Educomunicação: interface entre educação e comunicação .......................... 22
   2.2.1. A educomunicação e sua área de atuação .................................................. 22
   2.3. Leitura ............................................................................................................. 28
      2.3.1 Definição de leitura.................................................................................... 28
      2.3.2. Leitura e as novas tecnologias ................................................................. 30
CAPÍTULO III ............................................................................................................ 34
CAMINHOS METODOLÓGICOS .............................................................................. 34
   3.1. Tipo de pesquisa ............................................................................................ 34
   3.2. Lócus da pesquisa .......................................................................................... 35
   3.3. Sujeitos da pesquisa ....................................................................................... 36
   3.4. Instrumentos de coleta de dados .................................................................... 36
   3.5. Entrevista semi-estruturada ............................................................................ 37
   3.6. Questionário fechado ...................................................................................... 38
CAPITÚLO IV ............................................................................................................ 39
ANALISANDO E REFLETINDO OS DADOS DA PESQUISA ................................... 39
   4.1. Analisando o questionário fechado ................................................................. 39
      4.1.1. Gênero ..................................................................................................... 39
      4.1.2. Idade ........................................................................................................ 40
      4.1.3. Nível de escolaridade ............................................................................... 40
      4.1.4. Tempo de atuação na área docente......................................................... 43
      4.1.5. Formação continuada / cursos de capacitação ........................................ 43
   4.2. Análise e discussão das falas dos professores .............................................. 44
      4.2.1. Novas tecnologias: conhecendo as concepções e seus desafios ............ 45
10



      4.2.2. Concepções dos professores sobre as Novas Tecnologias Educacionai 45
      4.2.3. Possibilidades de se trabalhar com as novas tecnologias educacionais .. 47
      4.2.4. Suporte oferecido pela escola e/ou secretaria de educação do municípi. 48
      4.2.5. A tecnologia como elemento de aprendizagem ....................................... 49
   4.3. Novas tecnologias: novas formas de leituras .................................................. 50
      4.3.1. A leitura como forma de libertação ........................................................... 50
      4.3.2. Leitura e as novas tecnologias: aspectos positivos e negativos .............. 52
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57
APÊNDICE ................................................................... Erro! Indicador não definido.
11



                                  INTRODUÇÃO




       Na atual sociedade, não podemos deixar de ressaltar que as novas
tecnologias educacionais apresentam-se como uma realidade e ao mesmo tempo
como um desafio para os educadores. A cada dia surgem novas formas de leitura
onde estes profissionais da educação necessitam ir em busca de novas estratégias
para tornar os estudantes leitores bem sucedidos na era onde quase tudo é digital,
instigando-os a alargarem a suas competências de leitura.


       O presente trabalho monográfico se desenvolveu em torno da temática “As
Novas Tecnologias Educacionais e a influência deste uso no gosto pela leitura dos
alunos” e como o próprio tema indica o nosso enfoque é direcionado a uma análise e
reflexão sobre o uso das novas tecnologias no âmbito educacional na perspectiva da
leitura.


       Este trabalho explora alguns dos modos pelos quais as novas tecnologias
poderão possibilitar mudanças nas práticas de leitura, abrindo caminho para
consolidação das “multileituras”, bem como despertar nestes alunos o gosto pela
mesma. Alicerçadas pelo desenvolvimento da comunicação em rede, onde a
integração entre comunicação e educação mostra-se o caminho necessário para o
ensino formal, os meios de comunicação e as novas tecnologias estão gerando
novas formas de circulação, recepção e produção do conhecimento, fazendo com
que as práticas de leitura venham a ser re-configuradas.


       São apresentadas e enfatizadas formas de reconstrução do conceito de
leitura onde as novas tecnologias só estão a fortalecer, exigindo uma maior análise e
reflexão sobre o ato de ler em si mesmo e sobre a forma como os educadores as
consideram hoje. Enfatizando que na educação, o uso das novas tecnologias traz
novas possibilidades para os alunos, encantando-os e seduzindo-os cada vez mais.
Mas também traz a necessidade de refletir sobre a prática pedagógica que precisa
ser re-significada.
12



      Educar para a comunicação plasmada pela tecnologia ou comunicar para
educar são desafios que precisam ser enfrentados pelos educadores do século XXI.
Assim, partindo das relações entre comunicação/educação e leitura, buscamos
neste trabalho identificar e analisar a concepção dos professores sobre as novas
tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos.


      O que nos levou a optar por esse tema foi justamente acreditar na
contribuição das novas tecnologias educacionais em despertar o gosto pela leitura
através das multileituras, para a formação de leitores críticos, reflexivos e atuantes
em uma sociedade onde o predomínio das tecnologias é uma realidade.


      Elaboramos a presente pesquisa por meio de quatro capítulos a seguir
relacionados:


      No capitulo I, contextualizamos a problemática da questão de pesquisa,
trazendo discussões sobre o papel da leitura e das novas tecnologias educacionais
na prática pedagógica e sua importância na formação do ser leitor.


      No capitulo II, apresentamos a fundamentação teórica e os conceitos-chave
onde ocorre a discussão com diversos autores, no qual fundamentam sobre alguns
aspectos do tema pesquisado dando maior respaldo a nossa pesquisa.


      No capitulo III, apresentamos a metodologia adotada na realização deste
trabalho, buscando referência em autores renomados para encontrarmos assim uma
metodologia adequada ao nosso objetivo em estudo.


      No capitulo IV, fizemos a análise e interpretação dos dados coletados através
da utilização de alguns instrumentos de coleta de dados como o questionário
fechado e a entrevista semi-estruturada.


      Nas considerações finais, sintetizamos tudo que foi analisado e refletido em
torno dessa importante temática na qual nos permitiu tecer opiniões na expectativa
de estarmos contribuindo de alguma forma para a melhoria da educação na
perspectiva da educação/comunicação como forma de sociabilidade.
13



                                       CAPÍTULO I
                                    PROBLEMÁTICA




       Dentro da perspectiva da sociedade contemporânea, a leitura, constitui-se
como uma demanda social, onde cada indivíduo busca através de seu exercício,
desenvolver-se intelectualmente com o intuito de construir/edificar relações sociais,
a fim de acompanhar às rápidas transformações à sua volta.


       Com a atual rapidez do progresso fruto dessa revolução tecnológica pela qual
o mundo vem passando, a leitura na escola tem sofrido grandes alterações, e,
consequentemente, as exigências educacionais passam a ser crescentes,
emergindo também uma necessária discussão sobre a influência das novas
tecnologias na leitura.


       Na atual sociedade, a busca pelo conhecimento e informação em curto prazo
tem sido continua e necessária. Neste sentido destacamos a importância da leitura
para a formação de sujeitos críticos, reflexivos e socialmente incluída nesta
sociedade.


       Assim entendemos que a leitura desempenha um papel importante nos
processos de comunicação, informação e esclarecimento. Porém a concepção do
ensino de leitura ainda se encontra arraigada ao tradicional. A escola, os alunos e a
sociedade se encantam com o novo, mas não consegue concebê-lo dentro do
âmbito escolar. O conceito de leitura ainda é quase tão somente visto como algo
inerente aos livros.


                       O que se faz nas escolas é a apropriação da decodificação mecânica de
                       símbolos. Deste modo os alunos aprendem a ler, mas não se tornam
                       leitores, o que contribui para afastar o aluno, sobretudo os das camadas
                       populares, do conhecimento (SOARES, 2000, p.103 ).



       Nota-se que o exercício da leitura na escola, tem se restringido a mera
decodificação de símbolos em sons fonéticos, o que não desperta no aluno o gosto
14



pela leitura, resumindo-a num ato sem atribuição de sentido, transformado-a num
ato acrítico e mecânico.


       Visto que, muito se tem falado em uma sociedade moderna, da necessidade
de acompanharmos as rápidas transformações que acontecem a nossa volta é que
se tornou oportuno enfatizar o trabalho com a leitura de forma globalizada, saindo do
tradicionalismo e buscando a contextualização com as novas tecnologias, que além
de ser um mecanismo rápido, é também muito atrativo tanto para as crianças como
para os jovens e adultos, despertando assim o gosto e interesse destes sujeitos pela
leitura.


       Quando nos relacionamos à leitura, é perceptível que a escola precisa
adequar-se a este novo mundo tecnológico que vem cada vez mais invadindo o
espaço escolar, pois, é sabido que um dos grandes ameaçados pelo avanço
tecnológico é o livro.


       Com a invasão destas novas tecnologias, o livro como conhecemos hoje pode
estar com seus dias contados e se a escola não se modernizar a leitura poderá
perder sua importância neste espaço.


                         A mudança é hoje uma questão de sobrevivência, e a contestação não virá
                         de “autoridades”, e sim do crescente e insustentável “saco cheio” dos
                         alunos, que diariamente comparam os excelentes filmes e reportagens
                         científicos que surgem na televisão, nos jornais e com as mofadas apostilas
                         e repetitivas lições da escola (DOWBOR, 2001, p.12).



       Assim, a leitura é uma questão de prazer, metodologia de ensino voltado para
o mundo tecnológico. O professor deve ter em mente que o mundo está em
constante transformação. Por isso, ele não deve desconsiderar os avanços da
tecnologia em detrimento de um fazer pedagógico ultrapassado que pode ser sem
sentido tanto para o aluno, quanto para a escola.


       Muito se tem dito e escrito a respeito do impacto das novas tecnologias de
informação sobre o livro e sobre a percepção que hoje se tem da leitura, do prazer e
do hábito de ler.
15




                     Imagine um jovem lendo um livro. Agora mude seu foco para uma tela de
                     computador. O que se restringia a leitura da palavra, hoje, focaliza a
                     palavra, a imagem, a interação virtual (impessoal), os multimeios (visores,
                     câmeras, fotos), tudo “lincado” (relacionado), “iconizado” (multiplicidade
                     ambientes, diferentes funções), interativo (chat, mail) em uma página, em
                     um ambiente apenas. A leitura mudou seu perfil e o que vemos são
                     profissionais e adultos desatualizados e até com medo das máquinas que
                     aparecem a aparecerão com maiores recursos que as atuais. A pesquisa é
                     feita pela Internet rapidamente e, em algumas realidades, pouco se tem
                     usado as enciclopédias. A carta foi substituída pelo e-mail, e o correio pela
                     rede mundial de computadores (SILVA, 2004, p.8).



      Percebe-se que as novas tecnologias educacionais vêm sendo atualmente
temática de grandes debates no âmbito escolar, levando a leitura tradicional, aquela
leitura que aprendemos na escola como decodificar símbolos e códigos a perder seu
espaço e sua importância dentro e fora do âmbito escola, pois o que vemos são
crianças, jovens e adultos aderindo à internet e outros meios tecnológicos em vez de
procurarem ler livros, jornais (...). E isso implica uma preocupação e uma mudança
de postura quanto aos métodos de ensino na era da tecnologia e informatização:


      É sabido, que a sociedade em que estamos inseridos atualmente, está
voltada à globalização e à tecnologia, provocando o tempo todo constantes
modificações em diversos campos. Desta forma a escola sendo formadora de
cidadãos, necessita estar voltada para estes avanços, visando entender à realidade
e não ficar à margem dos acontecimentos, tornando assim seus docentes um ser
alienado. Sobre esse fato, Freire (1996), afirma que:


                     Não tenho dúvida nenhuma do enorme potencial de estímulos e desafios à
                     curiosidade que a tecnologia põe a serviço das crianças e dos adolescentes
                     das classes sociais chamadas favorecidas. Não foi por outra razão que,
                     enquanto secretário de educação da cidade de São Paulo, fiz chegar à rede
                     das escolas municipais o computador. Ninguém melhor do que meus netos
                     e minhas netas para me falar de sua curiosidade instigada pelos
                     computadores com os quais convivem (p. 97-98).



      Portanto, aliar o computador e outros instrumentos tecnológicos ao ensino é
de suma importância. Negar o trabalho escolar com as novas tecnologias é negar a
realidade do mundo em que estamos inseridos. Hoje a leitura não se restringe ao
papel e ao texto verbal, mas também às imagens e a linguagem não-verbal.
16



      Estabelecer uma relação entre o que há de novo tecnologicamente com o que
já está sendo trabalhado em sala de aula e aperfeiçoar-se é uma das tarefas que
devem ser constante no cotidiano do professor. Aliar a leitura a outras tecnologias é
um desafio a ser conquistado.


      Mudar o conceito que já possuímos de educação e de leitura não é tarefa
muito fácil, mas necessário. A metodologia educacional deve adequar-se aos novos
tempos. Sabemos que isso não é algo tão fácil quanto parece, tanto para o professor
quanto para a escola, mas importante. Segundo Dall’Asta (2009):


                     É importante contar com as novas tecnologias para auxiliar no processo de
                     mudança na atividade pedagógica, para criar ambientes de aprendizagem
                     que enfatizem a elaboração do conhecimento e não a instrução. Estamos
                     vivendo a era da informática, onde tudo gira em ou engloba o uso do
                     computador a informática ou mais precisamente a informatização. Portanto
                     as escolas devem seguir o mesmo rumo, em suas atividades didático-
                     pedagógicas usar os computadores com programas de Softwares
                     educacionais para elaborar e aplicar uma nova maneira de adquirir
                     conhecimentos e facilitar a aprendizagem dos alunos (p.1).



      É perceptível que a tecnologia é de fato, um importante aliado nas tarefas
escolares, auxiliando no gerenciamento do nosso tempo e nos permitindo realizar
ações e alcançar um conhecimento antes inimaginável. Porém, Uma questão
decorre naturalmente na reflexão que fazemos sobre o acesso a informação escolar
no mundo de hoje.


      Evidentemente, devemos considerar as dificuldades que perpassam as
escolas. Ignorar o acesso à tecnologia nas escolas pública, em especial, significa
ignorar a necessidade de trabalhar para a melhoria na qualidade do ensino.


      É inegável que a tecnologia chegou para ficar, porém, não é necessário jogar
fora o que se tem aprendido ao longo dos tempos, mas adequar o trabalho do
professor e da escola ao mundo em que vivemos atualmente. E a leitura é uma das
questões que requer uma reflexão quanto à relação didático-pedagógica e
tecnológica na educação.
17



      Assim, mediante problemática abordada, procuram-se aportes teóricos para
fundamentar e nortear tais discussões, onde se pretende identificar e analisar a
concepção dos professores sobre as novas tecnologias educacionais e a influência
desse uso no gosto pela leitura dos alunos.


OBJETIVOS:


       Conhecer as concepções dos professores a cerca das novas tecnologias
educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos.


       Identificar formas de utilização dos recursos tecnológicos em espaços
formais de educação, pelos professores e os resultados no processo do gosto pela
leitura dos alunos.
18



                                     CAPÍTULO II
                                 QUADRO TEÓRICO



      A fim de fundamentar o nosso estudo e abarcar a questão de pesquisa,
problematizada na temática sobre as novas tecnologias educacionais e a influência
desse uso no gosto pela leitura dos alunos, buscamos aprofundar e nortear tais
reflexões, a partir da leitura de autores que discutem e complementam o tema
abordado. Assim, elegemos e apresentamos nossos conceitos-chave: Novas
Tecnologias Educacionais, Educomunicação e Leitura.


2.1. Novas tecnologias da educação


      As novas tecnologias educacionais apresentam-se como uma realidade e
desafio para o atual contexto escolar. Neste estudo abordaremos subtemas que
possibilitarão elucidar a temática: Novas Tecnologias: percurso histórico e conceito e
Novas Tecnologias Educacionais.


2.1.1. Novas tecnologias: percurso histórico e conceito


      A evolução tecnológica confunde-se com a própria história do ser humano.
Mediante a percepção da sua ação ou da interação com a natureza e a fim de
garantir sua sobrevivência tanto em ralação as questões alimentares como em sua
segurança, o homem criou e desenvolveu diversas estratégias, recursos, e outros
itens visando auxiliá-los no seu cotidiano. Como afirma Suzuki e Rampazzo (2009),
quando dizem que:


                     Inicialmente, utilizando-se de elementos preexistentes na natureza, tais
                     como galhos, ossos, pedras e outros, em benefício próprio, o homem
                     semeou os fundamentos para o processo de desenvolvimento da
                     humanidade, o que resultou nas modernas tecnologias (p.1)



      É evidente que a humanidade construiu uma vida melhor graças ao
desenvolvimento das tecnologias. Mas isto não aconteceu de um dia para outro.
19



      Muitos utensílios e ferramentas foram criados em todas as épocas da
existência humana. Sabiamente, o homem registrou sua história mediante os
símbolos iconográficos nos quais mostrou como viviam, e como eram seus rituais e
tradições (KENSKIa, 2003; MARCONDES FILHO, 1988).


      Com o passar do tempo, foram evoluindo socialmente e suas ferramentas
foram se aperfeiçoado. As pessoas, em seus grupos sociais, foram criando culturas
especificas e diferenciadas que foram constituindo-se de maneiras e técnicas
peculiares; consequentemente consolidaram as culturas e os costumes, crenças,
que foram sendo transmitidos de geração em geração (KENSKIa, 2003).


      Assim, percebemos que a tecnologia esta presente em todos os tempos e
lugares e em todas as atividades que realizamos. Isso significa que para executar
qualquer atividade necessitamos de produtos e equipamentos, que são resultados
de estudos e planejamentos. Tecnologia não é só algo que se liga na tomada, é bem
mais que isto.


      Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2007, p.135), “definem
tecnologia como estudo das técnicas, isto é, da maneira correta de executar
qualquer tarefa”. A história da tecnologia esta presente nos esforços milenares do
homem para dominar, em seu proveito e bem estar o ambiente material.


      São considerados produtos tecnológicos, qualquer objeto criado para facilitar
o trabalho humano. Portanto, são tecnologias machado, utensílios domésticos,
televisão, trator, dentre vários outros, bem como motores, satélites, etc.


      Lévy (2000), afirma que há três tipos de tecnologias:


                      Sendo a primeira a seleção natural, que pode ser considerada uma
                      tecnologia que a vida aplica a si mesma, produzindo modificações para
                      adaptar-se ao ambiente. A segunda tecnologia é a seleção artificial, na qual
                      os homens passam a interferir, domesticando e criando. E a terceira e
                      última tecnologia no campo da vida é a biotecnologia, que atua na forma e
                      funções dos organismos por meio da manipulação dos genes ou moléculas,
                      etc. (p.3).
20



       Assim, podemos dizer que tecnologia pode ser considerada como um
conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplica ao planejamento, a
construção e a utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade.
Portanto, para que os instrumentos possam ser construídos, o homem necessita
"pesquisar e planejar surgindo assim novas tecnologias".


2.1.2. Novas tecnologias educacionais: um processo de mudança


       O homem ao longo dos tempos desenvolveu mecanismos para aumentar
suas possibilidades de locomoção e comunicação e estes se desenvolveram ainda
mais nos últimos séculos.


       A presença de tais recursos, como fundamento da educação, pode
transformar a escola, passando a ser um novo espaço de aprendizagem da leitura,
diferente do que vem sendo até então. Sua função, nesta perspectiva será a de
articular as diversas informações ao processo de ensino-aprendizagem da leitura
onde as novas tecnologias podem servir como mediadoras.


       Estudar o uso das novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem
hoje exige um referencial teórico que parte do processo de transformação histórica
pela qual passou e continua passando a educação.


       Tajra, (2008, p. 39), diz que se “incorporamos os hieróglifos, as palavras
escritas, os códigos, os livros, os correios, o telefone, o rádio, a televisão, o fax, o
telefone celular, o e-mail e a internet. O que ainda somos capazes de incorporar”?


       Como podemos perceber o homem sempre viveu do imperativo tecnológico,
onde se submeteu e ainda se submete as exigências de cada tecnologia que vai
surgindo.


       Com a educação não foi diferente, a sociedade escolar também participou
destas alterações. A primeira grande conquista tecnológica no âmbito educacional
foi o livro, logo após vieram várias outras como televisão, vídeo, computador,
internet...
21



        Para Tajra (2008, p.40), “a tecnologia educacional está relacionada à prática
do ensino baseado nas teorias das comunicações e dos novos aprimoramentos
tecnológicos (informática, TV, rádio, vídeo, áudio, impressos)”.


        Nos últimos tempos, melhorar o sistema educacional exige atuações ousadas
em várias dimensões, tanto política, econômica e social, bem como decisões
importantes que possam propor mudanças significativas e efetivas também na
educação.


        Lemos frequentemente, que as tecnologias de comunicação estão cada vez
mais provocando mudanças em todas as dimensões, tendo assim um papel
importante no desenvolvimento de habilidades para atuar no mundo em que vivemos
hoje.


        Segundo Sancho (2006, p.17), “torna-se difícil negar a influência das novas
tecnologias da informação e comunicação na configuração do mundo atual, mesmo
que esta nem sempre seja positiva para todos os indivíduos e grupos”.


        A inserção das novas tecnologias nos ambientes educacionais provoca um
processo de mudança, mudanças estas que acontecem cada vez mais rápido e
frequente, tornando assim um processo contínuo.


        Tajra (2008) argumenta que:


                      O aprender é um processo de mudança contínua; o ser indivíduo é um ser
                      inacabado que está sempre aprendendo e se transformando. A sua
                      transformação deve ir além de suas alterações internas, mas transcender
                      externamente. Se o indivíduo consegue transformar, significa que ele
                      conseguiu aprender e formulou um novo conhecimento a partir de suas
                      interconexões biológicas, psicológicas e históricas, sociais e culturas (p.12).



        Estas mudanças que acontecem no ambiente educacional não deve se
restringir apenas às questões tecnológicas, mas principalmente ao processo de
ensino-aprendizagem da leitura.
22



      Quando nos referimos à mudança na educação, também estamos nos
referindo às questões de acomodação, adaptação e re-organização inerentes ao
processo de ensino-aprendizagem da leitura em sala de aula. A leitura como ainda é
conhecida hoje, precisa ser re-significada, visando à construção de novos
conhecimentos e habilidades.


      É necessário ver esta situação social em que estamos vivendo, que a
educação necessita estar atenta às propostas de mudança. E estas mudanças
podem ser realizadas começando pelo professor que pode refletir sobre sua prática
no processo de ensino-aprendizagem, onde ele pode tornar-se agente participativo
neste novo sistema educacional tecnológico.


2.2. Educomunicação: interface entre educação e comunicação


      A educação vem passando por inúmeros e grandes desafios e o campo da
educação/comunicação é um dos maiores da contemporaneidade. Assim,
abordaremos agora o conceito de educomunicação e sua área de atuação.


2.2.1. A educomunicação e sua área de atuação


      O termo Educomunicação tem sido usado nas últimas décadas por vários
pesquisadores principalmente latinos americanos, dentre eles Mário Kaplún (1986)
que designa a prática da leitura crítica e reflexiva dos meios.


      Já o professor Ismar de Oliveira Soares, após conclusão de uma pesquisa
sobre a relação Comunicação/ Educação que foi coordenada por ele entre 1997 e
2000 em parceria com o Núcleo de Comunicação e Educação da USP (NCE), diz
que o termo Educomunicação passou a ser usado para designar não só os esforços
em torno da “leitura crítica” e das mensagens imediatas, mas também as ações que
compõe o campo da inter-relação Comunicação e Educação.


      Para Soares (1999) a relação entre comunicação e educação está sendo
reconceitualizada e direcionada para uma educação cidadã democratizada. Ele
conceitua ainda a Educomunicação como o conjunto das práticas voltadas para a
23



formação e desenvolvimento de ecossistemas comunicativos em espaços
educativos, mediados pelos processos tecnológicos da informação, onde o objetivo
primordial é a ampliação das formas de expressão dos membros das comunidades e
melhoria das ações educativas neste grupo social, tendo como meta o pleno
desenvolvimento da cidadania.


       “O que esperamos é que seja forte para romper com a narrativa dominante de
uma cidadania associada meramente ao consumo” (SOARES, 2000, p. 21).


       Como processo de comunicação que tem uma intencionalidade educacional
explícita, envolve a democratização da produção e de gestão da informação nos
meios de comunicação em seus diversos formatos, inclusive na comunicação
presencial.


       Tassara, (2008), comenta que a educomunicação também é definida na
realização de práticas educativas que visam levar à apropriação democrática e
autônoma de produtos de comunicação, por meio dos quais os participantes passam
a exercer seu direito de produzir informação e comunicação.


       A educomunicação atua em vários campos, e um dos principais é no campo
da intervenção social, onde se apresenta com autonomia, filosofia própria, história e
reconhecimento da sociedade, não comungando dos mesmos princípios do campo
da comunicação.


       É um campo de mediações, discussões, ou seja, de interdiscursividade.
Segundo Soares (1999, p. 57), “há necessidade de teorização e de reflexão crítica
sobre os projetos para que se constitua esse campo, tornando-o um novo espaço de
luta material e discursiva”.


       Corresponde     ao      movimento   de   gestão   participativa   dos   meios   de
comunicação, democratização e participação dos sistemas e defesa do direito à
comunicação.
24



      Neste sentido, e ainda segundo a visão de Soares (1999), pode-se dizer que
a educomunicação implica também na “implementação de políticas de comunicação
educativa, no desenvolvimento de ecossistemas educativos mediados por processos
de comunicação e pelo uso das tecnologias da informação”.


      Soares (2000, p. 22), argumenta que “reconhecemos a inter-relação entre
Comunicação e Educação como um novo campo de intervenção social e de atuação
profissional, considerando que a informação é um fator fundamental para a
Educação”. Ele deixa claro que é preciso educar para a comunicação e não pela
comunicação.


      No campo pedagógico, essa área volta-se, segundo Soares (2001, p. 117),
“para os programas de formação de receptores autônomos e críticos frente aos
meios”.


      O que percebemos é que a educomunicação prepara o indivíduo para a
compreensão do lugar que os meios ocupam na sociedade, onde estuda o impacto
social que os meios de comunicação promovem na sociedade, as implicações da
comunicação do imediatismo, a participação e percepção que ela propicia. Como
resultados têm o acesso e o uso livre dos recursos e linguagens da comunicação
para a expressão dos indivíduos e grupos sociais.


                    [...] os modernos recursos da informação, especialmente o computador,
                    vieram abalar a dicotomia entre Comunicação e Educação, permitindo aos
                    educadores e aos educandos a ampliação de suas possibilidades de
                    expressão e de produção cultural (SOARES, 2001, p. 121).



      Vemos que a Educação apresenta-se, em numerosos casos, como um fator
de mudanças paradigmáticas para a própria comunicação. Se o ambiente mediado
pelas novas tecnologias pode ajudar a produzir sentidos, re-significar a educação,
estes meios converte-se em mediação; porém sabemos que não é somente a
tecnologia que provoca a aprendizagem, mas sim o sentido ou razão pela qual
compete à comunicação. Portanto, se as novas tecnologias funcionam como uma
mediação na aprendizagem é importante que a escola introduza esses recursos.
25



      É perceptível que nas últimas décadas houve um grande avanço no
desenvolvimento dos meios de comunicação de massa no âmbito social. A
"revolução eletrônica", como ficou conhecida sustentada primeiramente pelo rádio e
pela televisão, foi fundamental para que houvesse uma visão da importância aos
padrões de comunicação empregados até então. Esse desenvolvimento influenciou
a vida cotidiana de milhões de pessoas, tanto "nos costumes sociais, na forma de
fazer política, na economia, no marketing, na informação jornalística como também
na educação" (DE PABLOS, 1998, p. 52).


      Ainda assim Pretto (1996) comenta que:


                     Vivemos hoje na sociedade dos, mas media na qual, potencialmente,
                     ampliaram-se as possibilidades de comunicação. As mudanças que estão
                     ocorrendo no nosso dia-a-dia estão relacionadas dialeticamente com esse
                     desenvolvimento e uma maior compreensão desta história permitirá refletir
                     sobre o papel das novas tecnologias nessa sociedade de comunicação e
                     informação. Por outro lado, abrirá caminho para uma reflexão mais
                     contextualizada do papel da educação e da escola nesta sociedade em
                     transformação (p.53-54).



      Daí a importância da Educomunicação uma vez que esta trabalha com temas
transversais, onde valoriza o conhecimento como um todo, e não apenas informação
compartimentada. Nesse processo, as tecnologias têm um papel essencial. Não
podemos considerá-las como meros instrumentos para melhorar só o desempenho
do professor; elas devem e podem ser usadas para melhorar o desempenho de
todos, havendo uma inter-relação entre professor, aluno e escola.

      Portanto, diante de tantos e novos desafios lançados pelo renovado advento
da comunicação em rede, importa, pois, a escola adequar ao cotidiano educativo,
um conjunto de pressupostos que favoreçam uma educação para a comunicação.
De fato, uma das consequencias mais visíveis de tal desenvolvimento tecnológico
nas últimas décadas é, talvez, a relevância concedida às inter-relações entre
comunicação e educação.


      Existe entre ambas uma interação recíproca, mostrando os autores que a
dependência da educação relativamente à comunicação “decorre da natureza dos
26



objetivos educacionais que não prescindem daquela” (REI E MOREIRA, 2005,
p.275).


      Os meios de comunicação de massa têm desempenhado um papel
significativo na formação do cidadão. Porém, temos presenciado discussões sobre
as propriedades dos meios de comunicação, a ideologia veiculada a estes,
principalmente quando se fala em mídia eletrônica, pois alguns estudiosos dizem
que nem tudo o que está disponível como informação, é segura. Mas isto é uma
discussão já bem antiga como discute Chartier, (1998), quando diz que no século
XV, época em que o impresso fora inventado já se sabia que:


                    De modo geral, persistia uma forte suspeita diante do impresso, que
                    supostamente romperia a familiaridade entre o autor e seus leitores e
                    corromperia a correção dos textos, colocando-os em mãos “mecânicas” e
                    nas práticas do comércio. Manteve-se também a figura daquele que na
                    Inglaterra do século XVIII se chamava de gentleman-writer, aquele que
                    escrevia sem entrar nas leis do mercado, à distância dos maus modos dos
                    livreiros-editores, e que preservava assim uma cumplicidade muito forte com
                    os leitores.(p.86)



      Hoje esta desconfiança está relacionada ao uso da internet por ser
considerada como um meio de má informação para os aprendizes. Portanto, cabe
então a escola, na condição de instituição e responsável pela formação do indivíduo
a tarefa de passar para estes leitores aprendizes a melhor forma de tornar estas
informações confiáveis, aproveitando o que há de melhor, colocando a tecnologia
em favor da educação, pois nem tudo que tem na internet pode ser considerado
também como algo ruim.


      Segundo Dowbor (2001 p.9) “as tecnologias em si não são ruins”. Ele reafirma
dizendo que:

                    é essencial enfrentarmos de maneira organizada a compreensão das novas
                    tecnologias, do seu potencial, dos seus perigos, das suas dimensões
                    econômicas, culturais, políticas, institucionais. Poderemos ser a favor ou
                    contra certas tecnologias, ainda que na realidade ninguém esteja nos
                    perguntando se somos contra ou a favor, mas o que não podemos nos
                    permitir, inclusive para orientar as novas gerações, é delas não termos um
                    conhecimento competente (p.35).
27



       Portanto, as escolas que queiram utilizar-se destas tecnologias no processo
ensino-aprendizagem não só da leitura, mas como um todo precisa ter um projeto
político pedagógico, em que profissionais da educação estejam sempre repensando
sua prática pedagógica, acompanhando as novas transformações tecnológicas
educacionais, tornando-se competentes e criativos sempre visando à formação de
sujeitos críticos e reflexivos.


       Daí a importância de repensarmos na formação de professores para enfrentar
estes novos desafios pelo o qual vem passando a educação.


                       É fundamental ainda repensar a formação do professor e a necessidade da
                       aquisição de novas competências e habilidades para atuar na formação do
                       cidadão capaz de aprender a aprender. Já sabemos que as tecnologias têm
                       o potencial de encantar alunos e professores, mas é preciso ir além desse
                       deslumbramento e repensar a prática pedagógica diante de tais recursos.
                       (SUZUKI; RAMPAZZO, 2009, p.6)


       Portanto, as novas tecnologias educacionais não mudam necessariamente a
relação   didático-pedagógica.      Elas   tanto    servem     para   reforçar    uma    visão
individualista, tradicionalista como também uma visão tida como progressista.


       As tecnologias educacionais permitem um novo encantamento na escola, ao
permitir que professor e aluno fiquem mais próximos, podendo ganhar um
dinamismo, inovação e poder de comunicação antes inimaginável entre ambos.


       As novas tecnologias educacionais não substituem o professor, mas
modificam algumas das suas funções. Estas tecnologias não falam por si só, elas
necessitam de um professor competente e responsável para que possa realizar um
trabalho de qualidade. A ele cabe reconsiderar o trabalho docente, assumindo as
decisões quanto ao processo de ensino-aprendizagem da leitura e demais
conhecimentos, dominando assim as novas tecnologias.


       O número de ferramentas tecnológicas no meio educacional é grande, cabe
ao professor avaliar e selecionar a ferramenta que atenda melhor às suas
necessidades educacionais.
28



      Assim, diante de tal realidade a educação não pode negar a existência das
novas tecnologias, pois formaria sujeitos desconectados da realidade ao qual estão
inseridos.


2.3. Leitura


      Neste conceito abordaremos a definição de leitura e leitura e as novas
tecnologias.


2.3.1 Definição de leitura


      Levando em consideração a historia da leitura e seu percurso na educação
brasileira, torna-se indiscutível a sua importância no contexto da sociedade atual.
Segundo Silva (2005, p.31), “tal presença, sem dúvida marcante e abrangente,
começa no período de alfabetização”, onde o sujeito através da decodificação e
compreensão de símbolos tem o contato inicial com a leitura e que, desenvolve-se
no percorrer da trajetória escolar.


      Entretanto, o exercício da leitura que se encontra legitimado nas instâncias
escolares, mostra que em grande parte das vezes, ela se limita a uma mera
decodificação de signos gráficos, ato mecânico, que pode impossibilitar a atribuição
de sentido, dificultando possivelmente o estímulo do gosto pela leitura.


      Para Cattani e Aguiar (1992, p.26), “ler não é, então, apenas decodificar
palavras, mas converter-se num processo compreensivo que deve chegar às idéias
centrais, a inferências, à descoberta dos pormenores, às conclusões”. Deste modo,
a leitura resulta de uma compreensão crítica do mundo, ela representa para o auto a
modificação de nossa prática, possibilitando o leitor conscientizar-se da realidade,
viabilizando uma reflexão mais abrangente do contexto social e como coloca Silva
(1997): “Fornece ao sujeito uma nova capacidade de se compreender, oferecendo-
lhe uma maneira de ser no mundo pelo qual ele se engrandece, ou seja, encontra
novas formas de existir e conviver socialmente” (p.79).
29



      Assim, consideremos que a leitura é o ponto de partida para o
desenvolvimento da percepção do indivíduo em sua natureza cultural e intelectual, e
não apenas na decodificação de códigos lingüísticos, mas na elaboração de
referenciais e valores, indispensáveis para a formação do espírito crítico.


      Silva (1997),


                      caracteriza o ato de ler como sendo um instrumento de conscientização e
                      libertação, necessário à emancipação do homem na busca incessante de
                      sua plenitude”. Ler é uma necessidade concreta para a aquisição de
                      significados e, consequentemente, de experiências nas sociedades onde a
                      escrita se faz presente (p.98 e 112).



      Desta forma, percebe-se que é através da leitura que assimilam-se novas
idéias, novos conceitos, novas e diversas informações acerca das pessoas, dos
fatos, do mundo e de tudo o que encontra em sua volta.


      A leitura é um fenômeno extremamente complexo que proporciona
possibilidades variadas de entendimento da relação sujeito-sociedade. Essa não se
limita, apenas, à decifração de alguns sinais gráficos. É muito mais do que isso, pois
exige do indivíduo uma participação efetiva enquanto sujeito ativo no processo de
aprendizagem, levando-o a produção de sentido e construção do conhecimento.


      Para Martins (1982), a leitura pode ser conceituada como um processo de
compreensão de expressões formais e simbólicas não importando por meio de que
linguagem.


      Assim, podemos perceber que a atividade de leitura não corresponde a uma
simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender
o que se lê como afirma Zilberman (1993):


                      Ler não é decifrar o sentido do texto. É a partir de um texto, ser capaz de
                      atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a outros textos significativos
                      para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o autor pretendia e,
                      dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela,
                      propondo outra não prevista (p.59).
30



        Quando o leitor decifra o texto lido, ele relaciona-o com as manifestações
sócio-culturais que lhe são distintas no tempo e espaço adequado, onde a leitura se
constitui como uma via de acesso à aprendizagem, não só de todas as disciplinas
que compõe o currículo da escola, mas também os conhecimentos produzidos fora
do espaço escolar.


        Vale ressaltar que a leitura também possibilita o prazer estético, ler pelo belo,
pelo imaginário, pelo gosto ao bonito,como destaca Alves (2001, p.27) “as palavras
também podem ser objetos de fruição, se nos ligamos a elas pela mesma razão que
nos ligamos a um pôr-do-sol, a uma sonata, a um fruto; pelo puro prazer que nelas
mora.


        É importante e preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado
inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar,
converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação.


        A leitura em suas várias acepções, produto da escola e critério para ingresso
e participação do indivíduo na sociedade, veio a ser valorizada como idéia, por
distinguir o homem alfabetizado e culto do analfabeto e ignorante. Portanto, é de
suma importância desenvolver em nós uma “cultura de leitura diferenciada da que
temos atualmente”, pois só assim seremos aprendizes formadores de opinião em
todo ambiente social e democrático que estivermos.


2.3.2. Leitura e as novas tecnologias


        Há um consenso estigmatizado de que aprender a ler é um processo que
acontece somente na escola, em sala de aula sob a responsabilidade dos
professores; não levando em consideração que pode também ser algo que se
concretiza em todas as experiências de vida do indivíduo.


        Para Freire (1987), desde muito pequeno aprendemos a entender o mundo
que nos rodeia. Por isso, antes de aprender a ler e a escrever palavras e frases, já
estamos lendo bem ou mal, o mundo que nos cerca. E essa aprendizagem, seja
sistematizada ou não, se torna um processo difícil para o indivíduo.
31




       Por muito tempo os livros impressos foram o mais importante meio de difusão
do conhecimento vivenciado pela humanidade. Hoje a cultura digital propõe uma
nova estratégia de alfabetização e letramento, que pode acontecer também a partir
do manuseio das teclas do computador que são apresentadas à criança desde muito
cedo e ela vai assim tendo contatos com variados textos escritos, jogos, fotos,
músicas, filmes, vídeos, desenhos, animações e outras elementos que dão a ela a
possibilidade de conhecer as multileituras tudo ao mesmo tempo, isto faz com que a
criança interaja e conquiste autonomia no seu processo de alfabetização e
letramento.


       É oportuno, então, que as novas tecnologias possam ajudar nesse processo
como    um    todo,   disseminando        oportunidades        educacionais       e    pessoais,
principalmente para aqueles que não tiveram a oportunidade de freqüentar às
melhores escolas.


       Pretto (2001a, p. 39) enfatiza ser imprescindível preocuparmo-nos com as
políticas públicas de inclusão das camadas desfavorecidas ao mundo tecnológico.


       A prática de leitura no mundo moderno, o qual se encontra repleto de
tecnologias e facilidades que traz consigo uma avalanche de informações e
compreensões a cerca de nossa realidade, possibilitando aos sujeitos da sociedade
um status elevado.


       Na sociedade em que vivemos hoje, os livros passaram a ser distribuído
também no formato eletrônico, o que vem despertando nos nossos jovens e
adolescentes um grande interesse por este tipo de leitura, como afirmam Alves e
Nova (2003), quando falam que:


                      A leitura torna-se uma experiência multisensorial, para a qual o tanto torna-
                      se essencial. Leitura tátil. Tocando a página em qualquer ponto o som do
                      jazz que estava escrito pode ser instantaneamente ouvido... Movendo a
                      mão pela página o som se intensifica ou enfraquece. É o fim da leitura
                      fisicamente passiva e o início de profunda participação corporal no livro
                      eletrônico. O futuro da leitura será a diversão. (p.228)
32



       O que podemos perceber neste tipo de leitura, é que é uma experiência onde
envolve completamente os múltiplos sentidos, tanto a imaginação destas pessoas
como todo o corpo. Além do texto em si, podemos ver as imagens, ouvir sons,
podendo editar, criar e interagir com entusiasmo, onde tanto professores como
alunos podem controlar suas apresentações, tornado uma leitura agradável. E em
princípio, isto não é possível com o livro impresso.


       Mas, mesmo com estes avanços tecnológicos relacionados à leitura, ainda
são muitas as questões que afetam este tema, num país de educação problemática
como o nosso. Estudos recentes mostram que mesmo estando na era da
globalização digital, as práticas de leitura na escola são tratadas por estratégias
pouco relevantes, pois há muitas formas de leitura que passam despercebidas pelas
práticas formais ou validadas, pois ler na escola ainda é tido como ler para a
professora, ler em voz alta para os colegas pra demonstrar se sabem ou não sabem
ler. Nesse sentido Zilberman (1993) afirma que:


                      sendo a entidade que recebe a única incumbência de ensinar a ler, a escola
                      tem interpretado esta tarefa de forma mecânica e estética”. Isto implica dizer
                      que o processo de leitura, se restringindo à escola, passa a ser um trabalho
                      com práticas sistemáticas, não apresentando a verdadeira concepção de
                      leitura (p.36).


       A escola segue um sistema organizado, com conteúdos limitados e
parcelados, seguindo um padrão de tempo, influenciando no processo e gosto pela
leitura.


       Diante disso a leitura apresenta mais dificuldade do que saberes tipicamente
escolarizados. Assim, é importante a busca de novos mecanismos como prática
educativa, que propiciem a atração pela leitura desde a infância, período em que a
criança está descobrindo seu mundo.


       Daí a importância da tecnologia em nosso cotidiano, o que constituirá a
primeira base para que haja necessidade de sua presença também na escola.


       Assim a sala de aula deve ser transformada em um espaço colaborativo de
aprendizagem. E a postura do professor deverá possibilitar a estes aprendizes
33



desenvolver várias competências através de atitudes compartilhadas, em grupos
sociais e coletivamente.


       Como diz também Lévy (1999),


                     é preciso colocar as pessoas nessa situação de curiosidade, nessa
                     possibilidade de exploração. Não individualmente, não sozinhas, mas
                     juntas, em grupo. Para que tentem se conhecer e conhecer o mundo a sua
                     volta. Uma vez compreendido esse princípio básico, todos os meios servem.
                     Os meios audiovisuais, interativos, os mundos virtuais, os grupos de
                     discussão, tudo o que quisermos... (p.179).



       Para tanto, a escola não deve utilizar estas tecnologias somente como
recursos, mas como agente transformador do processo educacional como um todo.
Lembrando que as novas tecnologias por si só, não possui uma característica
interativa, transformadora.


       O modo como a escola e o professor utiliza o computador, a internet e outras
tecnologias educacionais é que poderá estimular nos alunos a criatividade, a
transmissão de informações, novas formas de sociabilidade e o desenvolvimento
das habilidades cognitivas e gosto pela leitura, quem sabe até voltar a ter aquele
interesse em ler livros impressos como nos tempos de nossas avós.


       Portanto a sociedade atual está sendo marcada pelo advento de práticas de
leitura e escrita digitais e os nossos alunos gostam disto. Isto certamente conduz
professores, alunos e a escola a um estado ou condição diferentes daquelas
praticadas na alfabetização e letramento da cultura impressa no papel.


       Não podemos desconsiderar que surge um novo espaço de leitura e escrita
na escola, e esta nova cultura leva o educando não apenas a ser alfabetizado, mas
sim, a ser letrado de forma mais dinâmica e agradável. O sucesso ou fracasso para
este novo desafio educacional não está no aparato tecnológico, mas no uso que se
faz dele.
34



                                   CAPÍTULO III
                         CAMINHOS METODOLÓGICOS




      Neste capítulo, fomos à busca de maiores informações sobre a temática
estudada na perspectiva de obtenção de dados para que sejam analisados,
encontrando possíveis respostas para os questionamentos. Dessa maneira, é
preciso traçar caminhos utilizando-se de alguns instrumentos que permitam
desenvolver uma pesquisa investigadora, buscando evidências que comprovem
hipóteses aparentemente definidas, levando em consideração também a visão dos
sujeitos envolvidos na pesquisa em relação ao problema em estudo, ou seja, o
significado que eles dão ao assunto pesquisado.


      Na perspectiva de Demo (1999) pesquisa é a atitude do “aprender a
aprender” e como tal faz parte de todo processo educativo. Pesquisa significa
diálogo crítico e criativo com a realidade, chegando ao mais alto ponto da
elaboração própria e da capacidade de interação.


      Este trabalho de pesquisa teve como questão fundamental identificar e
analisar a concepção dos professores sobre as novas tecnologias educacionais e a
influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos, sendo realizado a partir da
entrevista semi-estruturada e o questionário fechado, visando buscar mais detalhes
nas reflexões e informações coletadas. Informações estas que permitiram atingir um
conhecimento mais específico da realidade e percepção dos sujeitos da pesquisa.


3.1. Tipo de pesquisa


      A pesquisa faz parte do cotidiano do ser humano trazendo descobertas
importantes para a humanidade.


      A pesquisa em estudo foi qualitativa. Este tipo de pesquisa tem como uma
das características investigar os significados que os envolvidos dão ao assunto
pesquisado, visto que a abordagem qualitativa analisa o indivíduo em sua totalidade,
levando em consideração as suas subjetividades.
35




                     A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no
                     contato direto do pesquisador com a situação estudada (...). Se preocupa
                     em retratar a perspectiva dos participantes e tem um plano aberto e flexível
                     focalizado a realidade de forma complexa e contextualizada (LUDKE e
                     ANDRÉ, 1986; P.13).


      Permite também, a análise dos resultados sob uma perspectiva que considera
a situação contextual dos sujeitos pesquisados, ou seja, busca respeitar suas
emoções e vivências, considerando-os com seres complexos, procurando
desenvolver compreensões sem se apoiar em teorias já constituídas.


      De acordo com esta discussão Richardson (1999, p. 80) menciona que os
“estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a
complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis,
compreende e classifica processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. A partir
dessa compreensão, percebe-se que a pesquisa qualitativa dá suporte para análises
mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado.


3.2. Lócus da pesquisa


      O lócus de pesquisa propicia ao pesquisador uma abertura para investigar,
dialogar, ao mesmo tempo propicia uma vivência que traz interações entre
pesquisador e sujeitos da pesquisa.


      A instituição escolhida para realização da pesquisa foi a Escola Rural Gilcina
Carvalho, localizada na Avenida Tancredo Neves na sede do município de Campo
Formoso – BA.


      Entendendo que a escola é um lugar onde muitos paradigmas são ou
deveriam ser quebrados, contribuindo para a formação crítica dos indivíduos,
servindo de sustentáculo para que se configure a flexibilidade e liberdade. Neste
sentido, é imprescindível utilizar-se deste espaço para buscar identificar e analisar a
temática abordada nesta pesquisa.
36



3.3. Sujeitos da pesquisa


      Os sujeitos da pesquisa foram doze (12) professoras da Escola Rural Gilcina
Carvalho, localizada no município de Campo Formoso – BA.


      Estes sujeitos foram escolhidos com o intuito de analisar de forma mais crítica
a problemática das novas tecnologias educacionais e sua influência no gosto pela
leitura dos alunos; onde os mesmos enquanto formadores de opinião podem
contribuir explicitando suas concepções sobre o tema abordado.


3.4. Instrumentos de coleta de dados


      Para alcançar o objetivo proposto será necessária a utilização de
instrumentos adequados ao objeto em estudo, pois uma pesquisa científica requer
procedimentos sistemáticos e intensivos, com o objetivo de descobrir e interpretar os
fatos de uma determinada realidade, pois para se realizar uma pesquisa é preciso
promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre
determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele. (LUDKE
e ANDRÉ, 1986).


      Utilizaremos como instrumentos de investigação a entrevista semi-estruturada
e o questionário fechado, considerando estas, umas das melhores formas para
estabelecer como diagnóstico, um dos instrumentos dentro do objetivo da pesquisa
que se pretende desenvolver.


      Vale ressaltar que a análise de dados em uma pesquisa qualitativa deverá ter
como base as finalidades da fase de análise. Mynayo (1992) apresenta como base
três finalidades para esta análise; primeiro: estabelecer uma compreensão dos
dados coletados; segundo: confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou
responder às questões formuladas; terceiro: ampliar os conhecimentos dos assuntos
pesquisados, articulando-os ao contexto cultural da qual fazem parte. Diante disso,
tais finalidades são complementares em termo da pesquisa social.
37



3.5. Entrevista semi-estruturada


      A entrevista semi-estruturada segundo Ludke e André (1986, p.34) “pode se
considerada como prática discursiva de forma a entendê-la como ação (interação
situada e contextualizada por meio da qual se produzem sentidos e se constroem
versões da realidade)”.


      Haguette (1987) define a entrevista semi-estruturada como um processo de
interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por
objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado.


       Haguette (1987), Lakatos (1991, p.75) reafirmam dizendo que: “a entrevista
se constitui em importante instrumento de trabalho nos vários campos, nas ciências
sociais e de outros setores de atividades, como a Sociologia, Antropologia, a
Psicologia e outros”. É a entrevista que nos permite obter a informação desejada e
imediata, bem como, serve para ajudar na identificação do problema.


      A entrevista semi-estruturada Segundo Ludke e André (1986), “pode ser
considerada como prática discursiva, de forma a entendê-la como ação (interação
situada e contextualizada) (p.34)”. Com base neste argumento, nota-se que ela
acontece a partir de um instrumento básico para a coleta de dados; é tida como um
dos meios mais utilizados no ponto de vista da pesquisa qualitativa, pois propicia
uma relação recíproca entre o entrevistador e o entrevistado.


      Para Taveira (2002, p. 110), tal entrevista é relevante porque não ocorre a
partir de questionários preestabelecidos, com perguntas fechadas para não limitar
aquilo que desejassem dizer os entrevistados aos entrevistadores.


      Através da entrevista com questões norteadoras sobre a temática em análise
é que podemos as reflexões dos sujeitos sobre o objeto em estudo; uma forma de
percebermos algo que possa ter passado despercebido em um algum outro
instrumento aplicado.
38



3.6. Questionário fechado


      Barros (2000) e Gressler (1989) dizem que o questionário fechado não está
limitado a uma determinada quantidade de questões, e que não deve ser exaustivo
ao pesquisando. Tais autores afirmam que o mesmo é constituído por uma série de
perguntas organizadas, do qual as respostas são formuladas sem assistência direta
ou orientação do investigador; com o objetivo de levantar dados para a pesquisa.


      O questionário fechado será feito porque é um dos principais instrumentos de
trabalho utilizado no campo da pesquisa, para coletar os aspectos sócio-culturais
dos sujeitos da pesquisa. No entanto, o questionário deve ser simples, direto e
rápido de responder, devendo assegurar aos utilizadores que os dados recolhidos
não serão cedidos a terceiros, sendo utilizadas com sigilo as informações.
39



                                    CAPITÚLO IV
            ANALISANDO E REFLETINDO OS DADOS DA PESQUISA




      Esta pesquisa teve como principal objetivo fazer uma reflexão a cerca da
utilização das novas tecnologias educacionais em sala de aula pelo professores,
bem como sua utilização no desenvolvimento e gosto pela leitura dos alunos.


      Entendendo assim, que o processo de leitura na educação atual tem muitos
paradigmas que precisam ser quebrados, e que as novas tecnologias podem ter o
seu papel de contribuição neste melhoramento, fazendo destes indivíduos pessoas
mais críticas, reflexivas e atuantes, podendo exercer sua cidadania com autonomia.


      A pesquisa foi operacionalizada, tendo como instrumentos de coleta de
dados, o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada, possibilitando a
obtenção de dados que permitiram elucidar a nossa questão de estudo.


      Para melhor compreensão, iniciaremos apresentando o perfil dos sujeitos
desse estudo, obtido com a análise do questionário fechado, e em seguida os dados
identificados e interpretados da entrevista semi-estruturada.


4.1. Analisando o questionário fechado


      O Questionário fechado é um instrumento que enriquece as informações, pois
possibilita uma visão da realidade e contexto dos sujeitos envolvidos na pesquisa.


4.1.1. Gênero


      Os sujeitos envolvidos na pesquisa apresentam-se em relação ao gênero,
100% sendo do sexo feminino. Assim, percebe-se que a presença da mulher como
docente e principalmente nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental ainda é
considerável se compararmos ao sexo masculino.
40




                                                 0,00%




                                                100,00%




                                           Feminino   Masculino


        Figura 01 – percentual quanto ao gênero
        Fonte – Questionário aplicado


4.1.2. Idade


      Os dados obtidos quanto à idade dos docentes, nos mostra uma diversidade
a este respeito, pois 17% têm idade entre 24 e 29 anos, 50% entre 30 e 35 anos, 8%
entre 36 e 41 anos e 25% acima de 42 anos.




                                                                    17,00%
                         25,00%




                 8,00%

                                                                   50,00%




                  De 24 a 29 anos   De 30 a 35 anos   De 36 a 41 anos   Acima de 42 anos


        Figura 02 – percentual quanto à faixa etária
         Fonte – Questionário aplicado


4.1.3. Nível de escolaridade


      A formação do educador na área específica de atuação é um fator
imprescindível para o docente, esta é uma área que requer do educador um nível de
escolaridade referente para que ele possa fazer o exercício de suas atividades
pedagógicas. A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional 9.394/96, no Artigo
62 refere-se à importância da formação do educador das Séries Iniciais do Ensino
41



Fundamental “(...) far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação
plena, em Universidades e Institutos Superiores de Educação, admitida, como
formação mínima para o exercício do magistério (...)”.


      Neste aspecto, os sujeitos da pesquisa se subdividiram da seguinte forma:
8% têm somente o Ensino Médio com habilitação em magistério, 50% estão
cursando uma graduação, 42% já são graduados, sendo que destes 25% cursaram
Pedagogia/Licenciatura e 17% graduação em Licenciatura de História e Letras.




                             17,00%                         8,00%




                 25,00%
                                                                                  50,00%




                    Ensino Médio   Superior incompleto   Pedagogia/Licenciatura   Outros


          Figura 03 – percentual quanto ao nível de escolaridade
          Fonte – Questionário aplicado


      Podemos perceber através deste percentual, que uma quantidade significativa
das professoras desta escola está se aprimorando para sua atuação como docente,
através de uma formação acadêmica, pois metade dos sujeitos está cursando o
ensino superior, 25% tem graduação em Pedagogia, o que é muito importante uma
vez que é uma área voltada para as Séries Iniciais e 17% já cursaram uma
graduação em disciplinas específicas, porém temos professoras nesta escola que
ainda não buscaram ampliar seus conhecimentos cursando uma Universidade,
sendo 8% dos sujeitos da pesquisa.


      Das educadoras que já cursaram o curso de graduação, os dados obtidos
revelam que 60% têm formação em Pedagogia, 20% em História e mais 20% em
Letras.
42




                         20,00%




                20,00%                                             60,00%




                                   Pedagogia   História   Letras


        Figura 04 – percentual quanto a área de graduação
        Fonte – Questionário aplicado


      É importante ressaltarmos neste quesito a formação do educador, onde o
percentual da pesquisa nos mostra que 60% delas têm formação acadêmica em
Pedagogia, o que é um fator positivo, pois possibilita ao educador sentir-se mais
preparado e ter assim um melhor embasamento para atuar nas Séries Iniciais com
mais autonomia e segurança.




                         20,00%




               20,00%                                              60,00%




                                   Pedagogia   História   Letras


       Figura 05 – percentual área de pós graduação
       Fonte – Questionário aplicado


      É relevante também mostrar a área de formação em pós graduação destes
sujeitos, onde o percentual da pesquisa nos mostra um total de 92% que ainda não
buscaram este tipo de formação acadêmica, ficando apenas 8% das educadoras
que tiveram interesse em está cursando uma pós graduação, para aprimorar ainda
mais os seus conhecimentos.
43



4.1.4. Tempo de atuação na área docente


      Os dados obtidos revelam que as educadoras atuam na área docente já há
alguns anos, permitindo-lhes uma experiência significativa na docência. Das
professoras entrevistados 8% atuam há três anos, 42% estão entre 12 e 15 anos,
33% entre 6 e 9 anos e 17% já tem mais de 18 anos.




                           17,00%                         8,00%



                                                                                  33,00%




                      42,00%




                  Até 3 anos   Entre 3 e 9 anos   Entre 12 e 15 anos   Mais de 18 anos

        Figura 06 – percentual tempo de atuação na área docente
       Fonte – Questionário aplicado


4.1.5. Formação continuada / cursos de capacitação


      O profissional da educação necessita está em constante reflexão sobre sua
prática em sala de aula, implicando-o em buscar ampliar seus conhecimentos
estando sempre atualizado com as mudanças educacionais. A formação continuada
bem como cursos de capacitação é de fundamental importância para a docência. Os
dados obtidos aqui nos mostram que 34% dos sujeitos participam com freqüência
(planejamentos), 8% raramente participa (a cada trimestre) e 58% participam uma
vez por ano (jornada pedagógica).
44




                                                                                     34,00%




                 58,00%

                                                                               8,00%




                   Participa com f requência   Raramente participa   Participa uma vez por ano


           Figura 07 – percentual quanto à formação continuada / cursos de capacitação
        Fonte – Questionário aplicado



      Os dados obtidos apresentam um percentual insignificante e preocupante em
relação à formação e capacitação destes educadores, pois mais de 50% participam
somente uma vez por ano destes cursos, quando deveria ser uma formação
continuada e não somente em jornadas pedagógicas, assim, estes educadores
perdem a oportunidade de aprimorar sua formação profissional e até mesmo
pessoal.


4.2. Análise e discussão das falas dos professores


      Para a realização desta pesquisa foram entrevistadas 12 professoras, onde
foram feitas perguntas relacionadas ao nosso objeto de estudo, servido assim de
base para esta análise e reflexão, procurando ainda nos apoiar em alguns teóricos
para fundamentar e nortear tais discussões, com o objetivo de identificar e analisar a
concepção dos professores sobre as novas tecnologias educacionais e a influência
desse uso no gosto pela leitura dos alunos.


      Apresentamos os resultados da entrevista semi-estruturada, que copilamos
nas seguintes categorias:
45



4.2.1. Novas tecnologias: conhecendo as concepções e seus desafios


       Nesta categoria os nossos sujeitos apresentam as suas concepções sobre as
novas tecnologias educacionais, as possibilidades de se trabalhar com estas
ferramentas em sala de aula e qual o suporte institucional para o uso destas
tecnologias.


4.2.2. Concepções dos professores sobre as Novas Tecnologias Educacionais


       Assim, apresentamos a seguir as respostas de algumas docentes quando
questionadas quanto à sua concepção sobre as novas tecnologias educacionais.
Para preservar a identidade das docentes utilizaremos um código para identificar
sua fala: a letra P seguida do número indo arábico.


       Podemos observar nas falas das docentes, quando questionadas a este
respeito que todas elas, de um modo geral compreendem e relacionam as Novas
Tecnologias simplesmente como recursos. Vejamos:

                          1
                       P1 . Entendo que através delas desenvolvem-se novas habilidades para
                       prática educacional.

                       P9. São recursos que nos ajudam na sala de aula.

                       P10. São elementos ou recursos que nos ajudam no processo ensino-
                       aprendizagem.

                       P12. São todos os recursos tecnológicos que utilizamos, de maneira correta
                       ajudam diversificar às aulas, motivar os alunos e fazer com que aprendam
                       com mais facilidade.



       Com estas informações, foi possível perceber que os conceitos atribuídos
pelos professores às novas tecnologias restringem-se somente como recursos ou
suportes que podem diversificar as aulas.


Alves e Nova (2003) comentam que:




1
 Em vista de manutenção do anonimato dos entrevistados atribuímos-lhes um código (P) acrescido
de algarismos arábicos (1, 2, 3...)
46




                     O imbricamento entre educação e tecnologia vem acontecendo desde a
                     oralidade, sendo seguida pela escrita, uma das primeiras tecnologias
                     inventadas pelo homem; posteriormente, vieram o rádio, televisão,
                     videocassete, TV a cabo até os computadores atuais com aceso à internet
                     (p.233-234).


      Estas tecnologias, na compreensão dos autores, são meios tradicionais de
comunicação entendidas como transmissoras de mensagens, onde na educação o
professor é o emissor que transmite as informações e o aluno o receptor. O uso das
novas tecnologias na contemporaneidade pode nos levar a re-construir este conceito
a partir das inter-relações entre os sujeitos, buscando não apenas transmitir
informações, mas tornando o ambiente mais interativo e propício à construção da
aprendizagem.


      Na concepção de Valente (1999, p.199), “[...] tecnologia é um conjunto de
discursos, práticas, valores e efeitos sociais ligados a uma técnica particular num
campo particular”.


      Nesta perspectiva, entende-se como tecnologia tudo o que permita fazer
referência à categoria geral que inclui o uso de toda e qualquer forma de tecnologia
relevante à educação, incluindo a escrita, a imprensa, currículos e programas, giz e
quadro-negro, o telefone, o rádio, a televisão, computadores, internet e tantos
outros, assim como os recursos humanos como salienta Valente.


      É importante ressaltar a fala da P1 quando enfatiza que “entende que através
delas desenvolvem-se novas habilidades para prática educacional” pensamento este
que se identifica muito com as teorias de Suzuki e Rampazzo (2009, p.17-19),
quando dizem que “as novas tecnologias são ferramentas que auxiliam essa
mediação, ao mesmo tempo em que possibilitam novas descobertas e novas
habilidades”.


      Ficou perceptível diante dos argumentos apresentados pelas professoras, que
existe por parte destas uma compreensão sobre as novas tecnologias educacionais
restringidas ao uso como recursos para abrilhantarem suas aulas, o que nos revela
47



uma realidade ainda existente em nossas escolas, o que precisa ser mudado,
ficando claro que há possibilidades de se trabalhar com as novas tecnologias numa
perspectiva de sociabilidade e desenvolvimento das habilidades cognitivas, de
interação entre escola, professores, alunos e sociedade.


4.2.3. Possibilidades de se trabalhar com as novas tecnologias educacionais


      É possível verificar que os professores reconhecem não só a importância,
mas também a necessidade de se trabalhar com as novas tecnologias em sala de
aula, no entanto, deixam claro que há impossibilidade para que isto aconteça tanto
devido a falta de formação dos docentes quanto aos recursos oferecidos pelas
escolas.


                     P6. As novas tecnologias educacionais são bastante importantes e
                     necessárias para um desenvolvimento cognitivo do aluno, mas é preciso
                     que haja cursos para os professores aprimorarem seus conhecimentos.

                     P8. Sabemos da importância e necessidade da utilização desses recursos
                     na educação, porém nem sempre é possível trabalhar com tais recursos
                     devido à precariedade desses nas escolas e a falta de formação nesta área
                     para os professores

                     P12. Sim, é importante e necessário, mas nem sempre possível já que os
                     recursos oferecidos são poucos para o grande número de pessoas que
                     precisam deles.


      Sampaio e Leite (1999) comentam da importância desta formação inicial e
continuada.


                     A formação, inicial e continuada, pode possibilitar aos profissionais analisar
                     criticamente as transformações da realidade e agir sobre elas, construindo e
                     praticando novas propostas pedagógicas que estejam voltadas ao
                     atendimento das necessidades populares (p.69).


      Ainda nesta perspectiva Mello (1982) considera fundamental o professor
dominar a técnica de seu fazer e seus instrumentos de trabalho com competência,
sendo esta competência uma ferramenta do compromisso político do professor.


      Diante destes questionamentos, notamos a importância de o professor
participar destas formações para poder assim ampliar ainda mais seus
conhecimentos e adquirir uma visão crítica e uma autônoma em relação às novas
48



tecnologias, tanto as que já existem na escola quanto a àquelas presentes na
sociedade, neste sentido, poderão dominar e promover entre seus alunos o domínio
das novas tecnologias que cada vez mais se fazem presentes no seu cotidiano.


4.2.4. Suporte oferecido pela escola e/ou secretaria de educação do município


      Algumas docentes disseram que desconhecem este tipo de apoio, outros
afirmaram que já existe no componente curricular a disciplina de informática e a
grande maioria, em torno de 60% destacou que é muito fraco o desempenho da
escola e da secretaria de educação neste aspecto.


                    P1. Um professor especialmente para aulas de informática

                    P7. Não tenho conhecimento.

                    P10. Ainda precisa melhorar muito, pois o que dispomos não é suficiente.

                    P11. Fraco, precisando ser ampliado.



      Levando a considerar a importância das novas tecnologias em sala de aula
para o processo ensino-aprendizagem Alves e Nova (2003) salientam que:


                    A introdução das tecnologias na sala de aula poderá tornar o processo
                    ensino-aprendizagem      sintonizado    com    a    vida    contemporânea,
                    proporcionando aos alunos o acesso a uma nova forma de comunicação
                    que privilegie a escolha dos próprios caminhos, como ocorre, por exemplo,
                    quando se faz um zapping entre sites e canais da televisão (p.233)


      Nesta perspectiva, observamos nas falas dos sujeitos que o espaço
telemático utilizado pelas escolas e os recursos tecnológicos oferecidos pela
mesma, são precários ou quase inexistentes uma vez que alguns citam não ter
conhecimento, o que pode dificultar um melhor desempenho no processo ensino-
aprendizagem em sala de aula, pois, sabemos que estes mecanismos ajudam a
enriquecer os ambientes de aprendizagem onde cada aluno é um sujeito ativo,
estando em interação com os outros alunos, professores, pesquisadores ou pessoas
da comunidade, obtendo um aproveitamento construtivo das tecnologias da
informação e da comunicação.
49



         Dentro deste contexto torna-se oportuno enfatizar, que há uma contradição
diante do que foi respondido quando alguns relatam que a realidade tecnológica da
escola citada neste trabalho precisa melhorar, considerando como fraco o apoio
oferecido pela mesma, outros ainda disseram que é oferecido pela escola aulas de
informática com professores específicos para esta disciplina e outros disseram ainda
que desconheçam, mostrando-nos que há uma confusão de informação entre as
falas.


4.2.5. A tecnologia como elemento de aprendizagem


         Embora em um número menor, há concepções de alguns professores que
dizem que quase não utilizam as novas tecnologias, outros 90% declararam utilizar
apenas como recurso lúdico, ou seja, o mesmo conceito de que elas são apenas
para diversificar as aulas e outros dizem ainda que não podem usar por ser turma de
alfabetização, o que consideram impossível.


                       P5. Quase não utiliza.

                       P4. Através de vídeos e internet.

                       P6. Nenhuma, pois a turma é de alfabetização sendo 1ª série, a tecnologia
                       fica para a aula de informática.

                       P9. De uma forma que o aluno aprenda melhor. Ex: utilizando filmes,
                       internet, com rodas de conversas.


         Para Valle (2002),


                       Educar com as novas tecnologias não é uma tarefa fácil. A cultura escolar é
                       excessivamente baseada no texto impresso e na cultura oral, de modo que
                       a incorporação de novas linguagens (plásticas, musicais, gestuais ou
                       tecnológicas) torna-se um desafio (p.54).



         Sabemos que os recursos tecnológicos, como instrumentos à disposição do
professor e do aluno, constituem-se em valiosos agentes de mudanças para a
melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, isto requer
professores bem formados com conhecimentos sólidos da didática e dos conteúdos,
com desenvolvimento de práticas pedagógicas que utilizem estas novas tecnologias
como ferramenta que atendam às necessidades individuais e coletivas, que
50



estimulem a construção criativa e a capacidade de reflexão e que favoreçam o
desenvolvimento da capacidade intelectual e afetiva, levando a autonomia e à
democracia participativa e responsável.


      Ainda analisando a fala da P6, podemos observar que esta professora
apresenta uma visão tradicional quanto ao uso das novas tecnologias em sala de
aula, quando enfatiza que como trabalha com turma de alfabetização, o uso destas
ferramentas fica restrita somente as aulas de informática, deixando perceptível que
também há uma contradição quanto a sua concepção de novas tecnologias, uma
vez que sabemos que não é somente o computador ou a internet que pode ser
considerado como novas tecnologias educacionais.


      Fica evidente, porém que com o advento de tais recursos, surgem também
novas possibilidades no processo de aquisição da leitura, proporcionando aos
professores explorar novas formas de ensinar e aos alunos, novas formas de
aprender.


4.3. Novas tecnologias: novas formas de leituras


      Na perspectiva da sociedade contemporânea, a leitura, constitui-se uma
necessidade social, que integra o indivíduo no seu contexto sócio-econômico e
cultural. Assim, nesta categoria buscamos analisar a compreensão de leitura, bem
como os aspectos positivos e negativos na visão das docentes.


4.3.1. A leitura como forma de libertação


      Observa-se que 75% dos docentes apresentam uma concepção onde
norteiam o conceito de leitura a “caminho” ou meio pelo qual podem ter acesso a
novas possibilidades.


                    P2. O caminho para a informação e crescimento profissional, intelectual e
                    social.

                    P3. É o instrumento essencial para adquirir conhecimento e assim participar
                    efetivamente da nossa sociedade.
51



                    P4. Permite ao indivíduo a oportunidade de crescimento e compreensão do
                    que está ao seu redor.

                    P9. O caminho para o conhecimento, forma de libertação.

                    P10. A leitura nos dar a oportunidade de crescer no profissional e
                    intelectual, tornando-se de fundamental importância em nossas vidas.


      Desta forma, pode-se considerar que a leitura, por sua vez é uma prática
essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda à própria vida do
ser humano, como menciona Silva (2005) quando diz que:


                    A leitura é um dos principais instrumentos que permite ao ser humano
                    situar-se com os outros, de discussão e de crítica para se chegar à práxis
                    (...). Ler é em ultima instância, não só é uma ponte para a tomada de
                    consciência, mas também um modo de existir no qual o indivíduo
                    compreende e interpreta a expressão registrada pela escrita e passa a
                    compreender-se no mundo (p.44-45).


      Na compreensão de Freire (1993, p.42), “a leitura por sua vez tem um papel
central no processo de libertação dos que vivem oprimidos, dos que vivem
alienados, dos que vivem excluídos”.


      Para Kramer (1995, p.149), "ler e escrever não como constrangimento, mas
caminho de libertação: educação, alfabetização, leitura e escrita – como bem nos
ensinava o mestre Paulo Freire, ainda nos anos 60 – como prática de liberdade".


      Diante das respostas das professoras, podemos observar que um número
significativo atribuiu a leitura como a possibilidade de aperfeiçoamento e
crescimento tanto profissional quanto pessoal, também se pode observar que há
quem entenda a leitura de maneira mais ampla, como forma de libertação, onde o
sujeito pode adquirir autonomia e ter assim uma participação mais efetiva e
consciente na sociedade.


      Portanto, quando a leitura caracteriza-se nesta dimensão o leitor assume um
papel atuante, deixando de ser um mero decodificador ou receptor passivo. Passa-
se a compreender melhor o mundo e lutar pela criação de uma sociedade mais
justa, obstruindo a presença de opressores e oprimidos.
52



4.3.2. Leitura e as novas tecnologias: aspectos positivos e negativos


      Os professores acreditam que as novas tecnologias influenciam nos dois
aspectos, tanto positivo quanto negativo, dependendo da forma como será utilizada,
do conteúdo a ser trabalhado bem como da orientação adequada por parte do
professor.


                     P7. Claro que sim. Tudo depende do bom uso e do acompanhamento pelos
                     responsáveis.

                     P10. Sim. Ela se torna positiva se trabalharmos de forma correta
                     aproveitando ao máximo o que há de bom e pode também ser negativa
                     dependendo de como é utilizada.

                     P11. Sim. Positiva quando trabalhada de forma enriquecedora e negativa
                     quando usada de forma que não se tenha um bom conteúdo.


      É certo que o uso das novas tecnologias está abrindo inúmeras perspectivas
para a educação tanto no aspecto positivo quanto negativo, no entanto, depende do
uso que se faz deles. Isto também fica evidente na afirmação de Collelo (1995)
quando se refere ao uso de cartilhas:


                     Independente da qualidade do material adotado pelo professor é preciso
                     considerar o uso que se faz dele: bons livros podem ser tragicamente
                     aproveitados e obras de péssima qualidade podem ser compensadas pela
                     genialidade de um grande mestre que sabe criar as melhores condições
                     para a aprendizagem (p. 100).


      O modo como é utilizada as novas tecnologias na educação é que poderá
estimular nos alunos à criatividade, à transmissão de informações, o gosto pela
leitura, novas formas de sociabilidade e no desenvolvimento das habilidades
cognitivas, não devendo ser usadas somente como recursos para nortear os
conteúdos ou como forma lúdica. O sucesso ou o fracasso não está no aparato
tecnológico, mas no uso que dele se faz.


      Porém, fica evidente também que a formação do educador é uma das
condições para que se possa ter uma boa utilização de qualquer aparato,
tecnológico ou não, com o intuito de contribuir para a aprendizagem da criança. E
essa formação não se restringe somente à leitura ou escrita, ela está direcionada
também às novas tecnologias na educação.
53




      Nesta perspectiva Rocha (1992) comenta do professor "se vê à mercê das
orientações advindas das mais diferentes condições político-pedagógicas que se
implantam a cada momento nos sistemas de ensino, e que no mais das vezes,
apresentam orientações antagônicas” (p.135).


      Contudo, não basta simplesmente às escolas transferirem o processo ensino-
aprendizagem da forma como que ocorre em sala de aula, para uma nova
tecnologia, dando-lhes ares de modernidade; é preciso que os professores tenham
além da competência técnica, a competência teórica que lhes possibilite trabalhar
com as novas tecnologias de forma a distinguir e definir tais mecanismos, onde
possam trazer de fato propostas que vise à formação de crianças leitoras e até
escritoras, conscientes de que são sujeitos da história, produto e produtores dela.
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  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA – COLPED SENHOR DO BONFIM – BA JAILDE CORREIA LIMA AS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E SUA INFLUÊNCIA NO GOSTO PELA LEITURA SENHOR DO BONFIM - BAHIA 2011
  • 2. 2 JAILDE CORREIA LIMA AS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E SUA INFLUÊNCIA NO GOSTO PELA LEITURA Trabalho monográfico à Universidade do Estado da Bahia-UNEB, Campus VII, apresentado como pré-requisito para conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Docência e Gestão de Processos Educativos. Orientadora: Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza Gonçalves SENHOR DO BONFIM - BAHIA 2011
  • 3. 3 JAILDE CORREIA LIMA Trabalho monográfico à Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Campus VII, apresentado como pré-requisito para conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia, Docência e Gestão de Processos Educativos. Orientadora: Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza Gonçalves. AS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E SUA INFLUÊNCIA NO GOSTO PELA LEITURA Aprovado em: ____/_____/ 2011 BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________ Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza Gonçalves (Orientadora) __________________________ __________________________ Prof.ª Rita de Cássia Braz Prof.ª Simone Wanderley (Prof.ª Avaliadora) (Prof.ª Avaliadora)
  • 4. 4 Dedico este trabalho primeiramente a Deus, depois a minha família, base da minha vida e da expressão do meu amor! Vocês são pessoas muito especiais com as quais tenho o privilégio de conviver!
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente antes de tudo ao grandioso e bondoso Deus, pelo o dom da vida; força e sabedoria. A minha orientadora professora Maria Elizabeth, pelo carinho, dedicação, pelas sábias correções, pelas ricas e ótimas sugestões bibliográficas que fortemente estão marcadas neste trabalho e também em minha vida! Foi uma honra ser sua orientanda. Sem você não sei se teria conseguido. A minha família, pelos incentivos, apoio e compreensão pelos momentos ausentes, principalmente meu querido filho Gilson Brener a quem deixei tanto a desejar. A minha mãe, Iraildes que sempre acreditou em mim e ao meu esposo Adilson que também sempre me apoiou. Com amor, também agradeço o carinho das minhas amigas que sempre estiveram presentes alegrando com sua presença. Aos colegas do curso pelo o companheirismo durante todo este tempo que passamos juntos. Ao Departamento de Educação de modo geral. Por fim, agradecemos a todos que de forma direta ou indiretamente colaboraram na realização deste trabalho.
  • 6. 6 Comenta-se cada vez mais que jovens submetidos à excessiva convivência com a televisão, não adquiriram o hábito da leitura nem o da conversação, apesar da influência da internet, que os põe a conversar por escrito sem cansaço nem cerimônia. (ADILSON CITELLI)
  • 7. 7 RESUMO Este trabalho sob o título “As Novas Tecnologias Educacionais e sua influência no gosto pela leitura” teve como objetivo analisar a concepção dos professores sobre as novas tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos. As demandas educativas da sociedade contemporânea são cada vez mais crescentes, pois estamos vivendo em uma cultura digital que propõe uma nova estratégia de aquisição da leitura, onde poderá acontecer também a partir do manuseio das diferentes tecnologias, que apresentadas à criança desde muito cedo, dão a ela a possibilidade de ter contato com muitas formas de leituras, fazendo com que a criança interaja e conquiste autonomia no seu processo de alfabetização e letramento. Trata-se de uma pesquisa qualitativa tendo sido utilizados como instrumentos para coleta de dados, o questionário fechado e a entrevista semi- estruturada. Os sujeitos da pesquisa foram doze professoras que atuam nas Séries Iniciais da rede pública municipal de Campo Formoso-BA. O referencial teórico que norteou nosso trabalho de campo foi: Suzuki e Rampazzo (2009), Pretto (2001), Soares (2000), Lévy (1999-2000), Silva (1997), Citelli (2004), Zilberman (1993), Dowbor (2001), Coscarelli (2003), Freire (1993) dentre outros. Como resultado constatou-se que as concepções apresentadas pelos sujeitos da nossa pesquisa a cerca das novas tecnologias educacionais, restringem-se simplesmente a recursos, usados apenas como lúdico, de forma a abrilhantar suas aulas. Destacou-se também que se utilizados da melhor forma e por professores capacitados e conhecedores destas ferramentas, podem ajudar no gosto pela leitura, entendendo como um meio de sociabilidade e libertação. Palavras-chave: Novas Tecnologias Educacionais. Educomunicação. Leitura.
  • 8. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – percentual quanto ao gênero Figura 02 – percentual quanto à faixa etária Figura 03 – percentual quanto ao nível de escolaridade Figura 04 – percentual quanto a área de graduação Figura 05 – percentual área de pós graduação Figura 06 – percentual tempo de atuação na área docente Figura 07 – percentual quanto à formação continuada / cursos de capacitação
  • 9. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11 CAPÍTULO I .............................................................................................................. 13 PROBLEMÁTICA ...................................................................................................... 13 CAPÍTULO II ............................................................................................................. 18 QUADRO TEÓRICO ................................................................................................. 18 2.1. Novas tecnologias da educação ..................................................................... 18 2.1.1. Novas tecnologias: percurso histórico e conceito.................................... 18 2.1.2. Novas tecnologias educacionais: um processo de mudança ................... 20 2.2. Educomunicação: interface entre educação e comunicação .......................... 22 2.2.1. A educomunicação e sua área de atuação .................................................. 22 2.3. Leitura ............................................................................................................. 28 2.3.1 Definição de leitura.................................................................................... 28 2.3.2. Leitura e as novas tecnologias ................................................................. 30 CAPÍTULO III ............................................................................................................ 34 CAMINHOS METODOLÓGICOS .............................................................................. 34 3.1. Tipo de pesquisa ............................................................................................ 34 3.2. Lócus da pesquisa .......................................................................................... 35 3.3. Sujeitos da pesquisa ....................................................................................... 36 3.4. Instrumentos de coleta de dados .................................................................... 36 3.5. Entrevista semi-estruturada ............................................................................ 37 3.6. Questionário fechado ...................................................................................... 38 CAPITÚLO IV ............................................................................................................ 39 ANALISANDO E REFLETINDO OS DADOS DA PESQUISA ................................... 39 4.1. Analisando o questionário fechado ................................................................. 39 4.1.1. Gênero ..................................................................................................... 39 4.1.2. Idade ........................................................................................................ 40 4.1.3. Nível de escolaridade ............................................................................... 40 4.1.4. Tempo de atuação na área docente......................................................... 43 4.1.5. Formação continuada / cursos de capacitação ........................................ 43 4.2. Análise e discussão das falas dos professores .............................................. 44 4.2.1. Novas tecnologias: conhecendo as concepções e seus desafios ............ 45
  • 10. 10 4.2.2. Concepções dos professores sobre as Novas Tecnologias Educacionai 45 4.2.3. Possibilidades de se trabalhar com as novas tecnologias educacionais .. 47 4.2.4. Suporte oferecido pela escola e/ou secretaria de educação do municípi. 48 4.2.5. A tecnologia como elemento de aprendizagem ....................................... 49 4.3. Novas tecnologias: novas formas de leituras .................................................. 50 4.3.1. A leitura como forma de libertação ........................................................... 50 4.3.2. Leitura e as novas tecnologias: aspectos positivos e negativos .............. 52 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 54 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57 APÊNDICE ................................................................... Erro! Indicador não definido.
  • 11. 11 INTRODUÇÃO Na atual sociedade, não podemos deixar de ressaltar que as novas tecnologias educacionais apresentam-se como uma realidade e ao mesmo tempo como um desafio para os educadores. A cada dia surgem novas formas de leitura onde estes profissionais da educação necessitam ir em busca de novas estratégias para tornar os estudantes leitores bem sucedidos na era onde quase tudo é digital, instigando-os a alargarem a suas competências de leitura. O presente trabalho monográfico se desenvolveu em torno da temática “As Novas Tecnologias Educacionais e a influência deste uso no gosto pela leitura dos alunos” e como o próprio tema indica o nosso enfoque é direcionado a uma análise e reflexão sobre o uso das novas tecnologias no âmbito educacional na perspectiva da leitura. Este trabalho explora alguns dos modos pelos quais as novas tecnologias poderão possibilitar mudanças nas práticas de leitura, abrindo caminho para consolidação das “multileituras”, bem como despertar nestes alunos o gosto pela mesma. Alicerçadas pelo desenvolvimento da comunicação em rede, onde a integração entre comunicação e educação mostra-se o caminho necessário para o ensino formal, os meios de comunicação e as novas tecnologias estão gerando novas formas de circulação, recepção e produção do conhecimento, fazendo com que as práticas de leitura venham a ser re-configuradas. São apresentadas e enfatizadas formas de reconstrução do conceito de leitura onde as novas tecnologias só estão a fortalecer, exigindo uma maior análise e reflexão sobre o ato de ler em si mesmo e sobre a forma como os educadores as consideram hoje. Enfatizando que na educação, o uso das novas tecnologias traz novas possibilidades para os alunos, encantando-os e seduzindo-os cada vez mais. Mas também traz a necessidade de refletir sobre a prática pedagógica que precisa ser re-significada.
  • 12. 12 Educar para a comunicação plasmada pela tecnologia ou comunicar para educar são desafios que precisam ser enfrentados pelos educadores do século XXI. Assim, partindo das relações entre comunicação/educação e leitura, buscamos neste trabalho identificar e analisar a concepção dos professores sobre as novas tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos. O que nos levou a optar por esse tema foi justamente acreditar na contribuição das novas tecnologias educacionais em despertar o gosto pela leitura através das multileituras, para a formação de leitores críticos, reflexivos e atuantes em uma sociedade onde o predomínio das tecnologias é uma realidade. Elaboramos a presente pesquisa por meio de quatro capítulos a seguir relacionados: No capitulo I, contextualizamos a problemática da questão de pesquisa, trazendo discussões sobre o papel da leitura e das novas tecnologias educacionais na prática pedagógica e sua importância na formação do ser leitor. No capitulo II, apresentamos a fundamentação teórica e os conceitos-chave onde ocorre a discussão com diversos autores, no qual fundamentam sobre alguns aspectos do tema pesquisado dando maior respaldo a nossa pesquisa. No capitulo III, apresentamos a metodologia adotada na realização deste trabalho, buscando referência em autores renomados para encontrarmos assim uma metodologia adequada ao nosso objetivo em estudo. No capitulo IV, fizemos a análise e interpretação dos dados coletados através da utilização de alguns instrumentos de coleta de dados como o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada. Nas considerações finais, sintetizamos tudo que foi analisado e refletido em torno dessa importante temática na qual nos permitiu tecer opiniões na expectativa de estarmos contribuindo de alguma forma para a melhoria da educação na perspectiva da educação/comunicação como forma de sociabilidade.
  • 13. 13 CAPÍTULO I PROBLEMÁTICA Dentro da perspectiva da sociedade contemporânea, a leitura, constitui-se como uma demanda social, onde cada indivíduo busca através de seu exercício, desenvolver-se intelectualmente com o intuito de construir/edificar relações sociais, a fim de acompanhar às rápidas transformações à sua volta. Com a atual rapidez do progresso fruto dessa revolução tecnológica pela qual o mundo vem passando, a leitura na escola tem sofrido grandes alterações, e, consequentemente, as exigências educacionais passam a ser crescentes, emergindo também uma necessária discussão sobre a influência das novas tecnologias na leitura. Na atual sociedade, a busca pelo conhecimento e informação em curto prazo tem sido continua e necessária. Neste sentido destacamos a importância da leitura para a formação de sujeitos críticos, reflexivos e socialmente incluída nesta sociedade. Assim entendemos que a leitura desempenha um papel importante nos processos de comunicação, informação e esclarecimento. Porém a concepção do ensino de leitura ainda se encontra arraigada ao tradicional. A escola, os alunos e a sociedade se encantam com o novo, mas não consegue concebê-lo dentro do âmbito escolar. O conceito de leitura ainda é quase tão somente visto como algo inerente aos livros. O que se faz nas escolas é a apropriação da decodificação mecânica de símbolos. Deste modo os alunos aprendem a ler, mas não se tornam leitores, o que contribui para afastar o aluno, sobretudo os das camadas populares, do conhecimento (SOARES, 2000, p.103 ). Nota-se que o exercício da leitura na escola, tem se restringido a mera decodificação de símbolos em sons fonéticos, o que não desperta no aluno o gosto
  • 14. 14 pela leitura, resumindo-a num ato sem atribuição de sentido, transformado-a num ato acrítico e mecânico. Visto que, muito se tem falado em uma sociedade moderna, da necessidade de acompanharmos as rápidas transformações que acontecem a nossa volta é que se tornou oportuno enfatizar o trabalho com a leitura de forma globalizada, saindo do tradicionalismo e buscando a contextualização com as novas tecnologias, que além de ser um mecanismo rápido, é também muito atrativo tanto para as crianças como para os jovens e adultos, despertando assim o gosto e interesse destes sujeitos pela leitura. Quando nos relacionamos à leitura, é perceptível que a escola precisa adequar-se a este novo mundo tecnológico que vem cada vez mais invadindo o espaço escolar, pois, é sabido que um dos grandes ameaçados pelo avanço tecnológico é o livro. Com a invasão destas novas tecnologias, o livro como conhecemos hoje pode estar com seus dias contados e se a escola não se modernizar a leitura poderá perder sua importância neste espaço. A mudança é hoje uma questão de sobrevivência, e a contestação não virá de “autoridades”, e sim do crescente e insustentável “saco cheio” dos alunos, que diariamente comparam os excelentes filmes e reportagens científicos que surgem na televisão, nos jornais e com as mofadas apostilas e repetitivas lições da escola (DOWBOR, 2001, p.12). Assim, a leitura é uma questão de prazer, metodologia de ensino voltado para o mundo tecnológico. O professor deve ter em mente que o mundo está em constante transformação. Por isso, ele não deve desconsiderar os avanços da tecnologia em detrimento de um fazer pedagógico ultrapassado que pode ser sem sentido tanto para o aluno, quanto para a escola. Muito se tem dito e escrito a respeito do impacto das novas tecnologias de informação sobre o livro e sobre a percepção que hoje se tem da leitura, do prazer e do hábito de ler.
  • 15. 15 Imagine um jovem lendo um livro. Agora mude seu foco para uma tela de computador. O que se restringia a leitura da palavra, hoje, focaliza a palavra, a imagem, a interação virtual (impessoal), os multimeios (visores, câmeras, fotos), tudo “lincado” (relacionado), “iconizado” (multiplicidade ambientes, diferentes funções), interativo (chat, mail) em uma página, em um ambiente apenas. A leitura mudou seu perfil e o que vemos são profissionais e adultos desatualizados e até com medo das máquinas que aparecem a aparecerão com maiores recursos que as atuais. A pesquisa é feita pela Internet rapidamente e, em algumas realidades, pouco se tem usado as enciclopédias. A carta foi substituída pelo e-mail, e o correio pela rede mundial de computadores (SILVA, 2004, p.8). Percebe-se que as novas tecnologias educacionais vêm sendo atualmente temática de grandes debates no âmbito escolar, levando a leitura tradicional, aquela leitura que aprendemos na escola como decodificar símbolos e códigos a perder seu espaço e sua importância dentro e fora do âmbito escola, pois o que vemos são crianças, jovens e adultos aderindo à internet e outros meios tecnológicos em vez de procurarem ler livros, jornais (...). E isso implica uma preocupação e uma mudança de postura quanto aos métodos de ensino na era da tecnologia e informatização: É sabido, que a sociedade em que estamos inseridos atualmente, está voltada à globalização e à tecnologia, provocando o tempo todo constantes modificações em diversos campos. Desta forma a escola sendo formadora de cidadãos, necessita estar voltada para estes avanços, visando entender à realidade e não ficar à margem dos acontecimentos, tornando assim seus docentes um ser alienado. Sobre esse fato, Freire (1996), afirma que: Não tenho dúvida nenhuma do enorme potencial de estímulos e desafios à curiosidade que a tecnologia põe a serviço das crianças e dos adolescentes das classes sociais chamadas favorecidas. Não foi por outra razão que, enquanto secretário de educação da cidade de São Paulo, fiz chegar à rede das escolas municipais o computador. Ninguém melhor do que meus netos e minhas netas para me falar de sua curiosidade instigada pelos computadores com os quais convivem (p. 97-98). Portanto, aliar o computador e outros instrumentos tecnológicos ao ensino é de suma importância. Negar o trabalho escolar com as novas tecnologias é negar a realidade do mundo em que estamos inseridos. Hoje a leitura não se restringe ao papel e ao texto verbal, mas também às imagens e a linguagem não-verbal.
  • 16. 16 Estabelecer uma relação entre o que há de novo tecnologicamente com o que já está sendo trabalhado em sala de aula e aperfeiçoar-se é uma das tarefas que devem ser constante no cotidiano do professor. Aliar a leitura a outras tecnologias é um desafio a ser conquistado. Mudar o conceito que já possuímos de educação e de leitura não é tarefa muito fácil, mas necessário. A metodologia educacional deve adequar-se aos novos tempos. Sabemos que isso não é algo tão fácil quanto parece, tanto para o professor quanto para a escola, mas importante. Segundo Dall’Asta (2009): É importante contar com as novas tecnologias para auxiliar no processo de mudança na atividade pedagógica, para criar ambientes de aprendizagem que enfatizem a elaboração do conhecimento e não a instrução. Estamos vivendo a era da informática, onde tudo gira em ou engloba o uso do computador a informática ou mais precisamente a informatização. Portanto as escolas devem seguir o mesmo rumo, em suas atividades didático- pedagógicas usar os computadores com programas de Softwares educacionais para elaborar e aplicar uma nova maneira de adquirir conhecimentos e facilitar a aprendizagem dos alunos (p.1). É perceptível que a tecnologia é de fato, um importante aliado nas tarefas escolares, auxiliando no gerenciamento do nosso tempo e nos permitindo realizar ações e alcançar um conhecimento antes inimaginável. Porém, Uma questão decorre naturalmente na reflexão que fazemos sobre o acesso a informação escolar no mundo de hoje. Evidentemente, devemos considerar as dificuldades que perpassam as escolas. Ignorar o acesso à tecnologia nas escolas pública, em especial, significa ignorar a necessidade de trabalhar para a melhoria na qualidade do ensino. É inegável que a tecnologia chegou para ficar, porém, não é necessário jogar fora o que se tem aprendido ao longo dos tempos, mas adequar o trabalho do professor e da escola ao mundo em que vivemos atualmente. E a leitura é uma das questões que requer uma reflexão quanto à relação didático-pedagógica e tecnológica na educação.
  • 17. 17 Assim, mediante problemática abordada, procuram-se aportes teóricos para fundamentar e nortear tais discussões, onde se pretende identificar e analisar a concepção dos professores sobre as novas tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos. OBJETIVOS:  Conhecer as concepções dos professores a cerca das novas tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos.  Identificar formas de utilização dos recursos tecnológicos em espaços formais de educação, pelos professores e os resultados no processo do gosto pela leitura dos alunos.
  • 18. 18 CAPÍTULO II QUADRO TEÓRICO A fim de fundamentar o nosso estudo e abarcar a questão de pesquisa, problematizada na temática sobre as novas tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos, buscamos aprofundar e nortear tais reflexões, a partir da leitura de autores que discutem e complementam o tema abordado. Assim, elegemos e apresentamos nossos conceitos-chave: Novas Tecnologias Educacionais, Educomunicação e Leitura. 2.1. Novas tecnologias da educação As novas tecnologias educacionais apresentam-se como uma realidade e desafio para o atual contexto escolar. Neste estudo abordaremos subtemas que possibilitarão elucidar a temática: Novas Tecnologias: percurso histórico e conceito e Novas Tecnologias Educacionais. 2.1.1. Novas tecnologias: percurso histórico e conceito A evolução tecnológica confunde-se com a própria história do ser humano. Mediante a percepção da sua ação ou da interação com a natureza e a fim de garantir sua sobrevivência tanto em ralação as questões alimentares como em sua segurança, o homem criou e desenvolveu diversas estratégias, recursos, e outros itens visando auxiliá-los no seu cotidiano. Como afirma Suzuki e Rampazzo (2009), quando dizem que: Inicialmente, utilizando-se de elementos preexistentes na natureza, tais como galhos, ossos, pedras e outros, em benefício próprio, o homem semeou os fundamentos para o processo de desenvolvimento da humanidade, o que resultou nas modernas tecnologias (p.1) É evidente que a humanidade construiu uma vida melhor graças ao desenvolvimento das tecnologias. Mas isto não aconteceu de um dia para outro.
  • 19. 19 Muitos utensílios e ferramentas foram criados em todas as épocas da existência humana. Sabiamente, o homem registrou sua história mediante os símbolos iconográficos nos quais mostrou como viviam, e como eram seus rituais e tradições (KENSKIa, 2003; MARCONDES FILHO, 1988). Com o passar do tempo, foram evoluindo socialmente e suas ferramentas foram se aperfeiçoado. As pessoas, em seus grupos sociais, foram criando culturas especificas e diferenciadas que foram constituindo-se de maneiras e técnicas peculiares; consequentemente consolidaram as culturas e os costumes, crenças, que foram sendo transmitidos de geração em geração (KENSKIa, 2003). Assim, percebemos que a tecnologia esta presente em todos os tempos e lugares e em todas as atividades que realizamos. Isso significa que para executar qualquer atividade necessitamos de produtos e equipamentos, que são resultados de estudos e planejamentos. Tecnologia não é só algo que se liga na tomada, é bem mais que isto. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2007, p.135), “definem tecnologia como estudo das técnicas, isto é, da maneira correta de executar qualquer tarefa”. A história da tecnologia esta presente nos esforços milenares do homem para dominar, em seu proveito e bem estar o ambiente material. São considerados produtos tecnológicos, qualquer objeto criado para facilitar o trabalho humano. Portanto, são tecnologias machado, utensílios domésticos, televisão, trator, dentre vários outros, bem como motores, satélites, etc. Lévy (2000), afirma que há três tipos de tecnologias: Sendo a primeira a seleção natural, que pode ser considerada uma tecnologia que a vida aplica a si mesma, produzindo modificações para adaptar-se ao ambiente. A segunda tecnologia é a seleção artificial, na qual os homens passam a interferir, domesticando e criando. E a terceira e última tecnologia no campo da vida é a biotecnologia, que atua na forma e funções dos organismos por meio da manipulação dos genes ou moléculas, etc. (p.3).
  • 20. 20 Assim, podemos dizer que tecnologia pode ser considerada como um conjunto de conhecimentos e princípios científicos que se aplica ao planejamento, a construção e a utilização de um equipamento em um determinado tipo de atividade. Portanto, para que os instrumentos possam ser construídos, o homem necessita "pesquisar e planejar surgindo assim novas tecnologias". 2.1.2. Novas tecnologias educacionais: um processo de mudança O homem ao longo dos tempos desenvolveu mecanismos para aumentar suas possibilidades de locomoção e comunicação e estes se desenvolveram ainda mais nos últimos séculos. A presença de tais recursos, como fundamento da educação, pode transformar a escola, passando a ser um novo espaço de aprendizagem da leitura, diferente do que vem sendo até então. Sua função, nesta perspectiva será a de articular as diversas informações ao processo de ensino-aprendizagem da leitura onde as novas tecnologias podem servir como mediadoras. Estudar o uso das novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem hoje exige um referencial teórico que parte do processo de transformação histórica pela qual passou e continua passando a educação. Tajra, (2008, p. 39), diz que se “incorporamos os hieróglifos, as palavras escritas, os códigos, os livros, os correios, o telefone, o rádio, a televisão, o fax, o telefone celular, o e-mail e a internet. O que ainda somos capazes de incorporar”? Como podemos perceber o homem sempre viveu do imperativo tecnológico, onde se submeteu e ainda se submete as exigências de cada tecnologia que vai surgindo. Com a educação não foi diferente, a sociedade escolar também participou destas alterações. A primeira grande conquista tecnológica no âmbito educacional foi o livro, logo após vieram várias outras como televisão, vídeo, computador, internet...
  • 21. 21 Para Tajra (2008, p.40), “a tecnologia educacional está relacionada à prática do ensino baseado nas teorias das comunicações e dos novos aprimoramentos tecnológicos (informática, TV, rádio, vídeo, áudio, impressos)”. Nos últimos tempos, melhorar o sistema educacional exige atuações ousadas em várias dimensões, tanto política, econômica e social, bem como decisões importantes que possam propor mudanças significativas e efetivas também na educação. Lemos frequentemente, que as tecnologias de comunicação estão cada vez mais provocando mudanças em todas as dimensões, tendo assim um papel importante no desenvolvimento de habilidades para atuar no mundo em que vivemos hoje. Segundo Sancho (2006, p.17), “torna-se difícil negar a influência das novas tecnologias da informação e comunicação na configuração do mundo atual, mesmo que esta nem sempre seja positiva para todos os indivíduos e grupos”. A inserção das novas tecnologias nos ambientes educacionais provoca um processo de mudança, mudanças estas que acontecem cada vez mais rápido e frequente, tornando assim um processo contínuo. Tajra (2008) argumenta que: O aprender é um processo de mudança contínua; o ser indivíduo é um ser inacabado que está sempre aprendendo e se transformando. A sua transformação deve ir além de suas alterações internas, mas transcender externamente. Se o indivíduo consegue transformar, significa que ele conseguiu aprender e formulou um novo conhecimento a partir de suas interconexões biológicas, psicológicas e históricas, sociais e culturas (p.12). Estas mudanças que acontecem no ambiente educacional não deve se restringir apenas às questões tecnológicas, mas principalmente ao processo de ensino-aprendizagem da leitura.
  • 22. 22 Quando nos referimos à mudança na educação, também estamos nos referindo às questões de acomodação, adaptação e re-organização inerentes ao processo de ensino-aprendizagem da leitura em sala de aula. A leitura como ainda é conhecida hoje, precisa ser re-significada, visando à construção de novos conhecimentos e habilidades. É necessário ver esta situação social em que estamos vivendo, que a educação necessita estar atenta às propostas de mudança. E estas mudanças podem ser realizadas começando pelo professor que pode refletir sobre sua prática no processo de ensino-aprendizagem, onde ele pode tornar-se agente participativo neste novo sistema educacional tecnológico. 2.2. Educomunicação: interface entre educação e comunicação A educação vem passando por inúmeros e grandes desafios e o campo da educação/comunicação é um dos maiores da contemporaneidade. Assim, abordaremos agora o conceito de educomunicação e sua área de atuação. 2.2.1. A educomunicação e sua área de atuação O termo Educomunicação tem sido usado nas últimas décadas por vários pesquisadores principalmente latinos americanos, dentre eles Mário Kaplún (1986) que designa a prática da leitura crítica e reflexiva dos meios. Já o professor Ismar de Oliveira Soares, após conclusão de uma pesquisa sobre a relação Comunicação/ Educação que foi coordenada por ele entre 1997 e 2000 em parceria com o Núcleo de Comunicação e Educação da USP (NCE), diz que o termo Educomunicação passou a ser usado para designar não só os esforços em torno da “leitura crítica” e das mensagens imediatas, mas também as ações que compõe o campo da inter-relação Comunicação e Educação. Para Soares (1999) a relação entre comunicação e educação está sendo reconceitualizada e direcionada para uma educação cidadã democratizada. Ele conceitua ainda a Educomunicação como o conjunto das práticas voltadas para a
  • 23. 23 formação e desenvolvimento de ecossistemas comunicativos em espaços educativos, mediados pelos processos tecnológicos da informação, onde o objetivo primordial é a ampliação das formas de expressão dos membros das comunidades e melhoria das ações educativas neste grupo social, tendo como meta o pleno desenvolvimento da cidadania. “O que esperamos é que seja forte para romper com a narrativa dominante de uma cidadania associada meramente ao consumo” (SOARES, 2000, p. 21). Como processo de comunicação que tem uma intencionalidade educacional explícita, envolve a democratização da produção e de gestão da informação nos meios de comunicação em seus diversos formatos, inclusive na comunicação presencial. Tassara, (2008), comenta que a educomunicação também é definida na realização de práticas educativas que visam levar à apropriação democrática e autônoma de produtos de comunicação, por meio dos quais os participantes passam a exercer seu direito de produzir informação e comunicação. A educomunicação atua em vários campos, e um dos principais é no campo da intervenção social, onde se apresenta com autonomia, filosofia própria, história e reconhecimento da sociedade, não comungando dos mesmos princípios do campo da comunicação. É um campo de mediações, discussões, ou seja, de interdiscursividade. Segundo Soares (1999, p. 57), “há necessidade de teorização e de reflexão crítica sobre os projetos para que se constitua esse campo, tornando-o um novo espaço de luta material e discursiva”. Corresponde ao movimento de gestão participativa dos meios de comunicação, democratização e participação dos sistemas e defesa do direito à comunicação.
  • 24. 24 Neste sentido, e ainda segundo a visão de Soares (1999), pode-se dizer que a educomunicação implica também na “implementação de políticas de comunicação educativa, no desenvolvimento de ecossistemas educativos mediados por processos de comunicação e pelo uso das tecnologias da informação”. Soares (2000, p. 22), argumenta que “reconhecemos a inter-relação entre Comunicação e Educação como um novo campo de intervenção social e de atuação profissional, considerando que a informação é um fator fundamental para a Educação”. Ele deixa claro que é preciso educar para a comunicação e não pela comunicação. No campo pedagógico, essa área volta-se, segundo Soares (2001, p. 117), “para os programas de formação de receptores autônomos e críticos frente aos meios”. O que percebemos é que a educomunicação prepara o indivíduo para a compreensão do lugar que os meios ocupam na sociedade, onde estuda o impacto social que os meios de comunicação promovem na sociedade, as implicações da comunicação do imediatismo, a participação e percepção que ela propicia. Como resultados têm o acesso e o uso livre dos recursos e linguagens da comunicação para a expressão dos indivíduos e grupos sociais. [...] os modernos recursos da informação, especialmente o computador, vieram abalar a dicotomia entre Comunicação e Educação, permitindo aos educadores e aos educandos a ampliação de suas possibilidades de expressão e de produção cultural (SOARES, 2001, p. 121). Vemos que a Educação apresenta-se, em numerosos casos, como um fator de mudanças paradigmáticas para a própria comunicação. Se o ambiente mediado pelas novas tecnologias pode ajudar a produzir sentidos, re-significar a educação, estes meios converte-se em mediação; porém sabemos que não é somente a tecnologia que provoca a aprendizagem, mas sim o sentido ou razão pela qual compete à comunicação. Portanto, se as novas tecnologias funcionam como uma mediação na aprendizagem é importante que a escola introduza esses recursos.
  • 25. 25 É perceptível que nas últimas décadas houve um grande avanço no desenvolvimento dos meios de comunicação de massa no âmbito social. A "revolução eletrônica", como ficou conhecida sustentada primeiramente pelo rádio e pela televisão, foi fundamental para que houvesse uma visão da importância aos padrões de comunicação empregados até então. Esse desenvolvimento influenciou a vida cotidiana de milhões de pessoas, tanto "nos costumes sociais, na forma de fazer política, na economia, no marketing, na informação jornalística como também na educação" (DE PABLOS, 1998, p. 52). Ainda assim Pretto (1996) comenta que: Vivemos hoje na sociedade dos, mas media na qual, potencialmente, ampliaram-se as possibilidades de comunicação. As mudanças que estão ocorrendo no nosso dia-a-dia estão relacionadas dialeticamente com esse desenvolvimento e uma maior compreensão desta história permitirá refletir sobre o papel das novas tecnologias nessa sociedade de comunicação e informação. Por outro lado, abrirá caminho para uma reflexão mais contextualizada do papel da educação e da escola nesta sociedade em transformação (p.53-54). Daí a importância da Educomunicação uma vez que esta trabalha com temas transversais, onde valoriza o conhecimento como um todo, e não apenas informação compartimentada. Nesse processo, as tecnologias têm um papel essencial. Não podemos considerá-las como meros instrumentos para melhorar só o desempenho do professor; elas devem e podem ser usadas para melhorar o desempenho de todos, havendo uma inter-relação entre professor, aluno e escola. Portanto, diante de tantos e novos desafios lançados pelo renovado advento da comunicação em rede, importa, pois, a escola adequar ao cotidiano educativo, um conjunto de pressupostos que favoreçam uma educação para a comunicação. De fato, uma das consequencias mais visíveis de tal desenvolvimento tecnológico nas últimas décadas é, talvez, a relevância concedida às inter-relações entre comunicação e educação. Existe entre ambas uma interação recíproca, mostrando os autores que a dependência da educação relativamente à comunicação “decorre da natureza dos
  • 26. 26 objetivos educacionais que não prescindem daquela” (REI E MOREIRA, 2005, p.275). Os meios de comunicação de massa têm desempenhado um papel significativo na formação do cidadão. Porém, temos presenciado discussões sobre as propriedades dos meios de comunicação, a ideologia veiculada a estes, principalmente quando se fala em mídia eletrônica, pois alguns estudiosos dizem que nem tudo o que está disponível como informação, é segura. Mas isto é uma discussão já bem antiga como discute Chartier, (1998), quando diz que no século XV, época em que o impresso fora inventado já se sabia que: De modo geral, persistia uma forte suspeita diante do impresso, que supostamente romperia a familiaridade entre o autor e seus leitores e corromperia a correção dos textos, colocando-os em mãos “mecânicas” e nas práticas do comércio. Manteve-se também a figura daquele que na Inglaterra do século XVIII se chamava de gentleman-writer, aquele que escrevia sem entrar nas leis do mercado, à distância dos maus modos dos livreiros-editores, e que preservava assim uma cumplicidade muito forte com os leitores.(p.86) Hoje esta desconfiança está relacionada ao uso da internet por ser considerada como um meio de má informação para os aprendizes. Portanto, cabe então a escola, na condição de instituição e responsável pela formação do indivíduo a tarefa de passar para estes leitores aprendizes a melhor forma de tornar estas informações confiáveis, aproveitando o que há de melhor, colocando a tecnologia em favor da educação, pois nem tudo que tem na internet pode ser considerado também como algo ruim. Segundo Dowbor (2001 p.9) “as tecnologias em si não são ruins”. Ele reafirma dizendo que: é essencial enfrentarmos de maneira organizada a compreensão das novas tecnologias, do seu potencial, dos seus perigos, das suas dimensões econômicas, culturais, políticas, institucionais. Poderemos ser a favor ou contra certas tecnologias, ainda que na realidade ninguém esteja nos perguntando se somos contra ou a favor, mas o que não podemos nos permitir, inclusive para orientar as novas gerações, é delas não termos um conhecimento competente (p.35).
  • 27. 27 Portanto, as escolas que queiram utilizar-se destas tecnologias no processo ensino-aprendizagem não só da leitura, mas como um todo precisa ter um projeto político pedagógico, em que profissionais da educação estejam sempre repensando sua prática pedagógica, acompanhando as novas transformações tecnológicas educacionais, tornando-se competentes e criativos sempre visando à formação de sujeitos críticos e reflexivos. Daí a importância de repensarmos na formação de professores para enfrentar estes novos desafios pelo o qual vem passando a educação. É fundamental ainda repensar a formação do professor e a necessidade da aquisição de novas competências e habilidades para atuar na formação do cidadão capaz de aprender a aprender. Já sabemos que as tecnologias têm o potencial de encantar alunos e professores, mas é preciso ir além desse deslumbramento e repensar a prática pedagógica diante de tais recursos. (SUZUKI; RAMPAZZO, 2009, p.6) Portanto, as novas tecnologias educacionais não mudam necessariamente a relação didático-pedagógica. Elas tanto servem para reforçar uma visão individualista, tradicionalista como também uma visão tida como progressista. As tecnologias educacionais permitem um novo encantamento na escola, ao permitir que professor e aluno fiquem mais próximos, podendo ganhar um dinamismo, inovação e poder de comunicação antes inimaginável entre ambos. As novas tecnologias educacionais não substituem o professor, mas modificam algumas das suas funções. Estas tecnologias não falam por si só, elas necessitam de um professor competente e responsável para que possa realizar um trabalho de qualidade. A ele cabe reconsiderar o trabalho docente, assumindo as decisões quanto ao processo de ensino-aprendizagem da leitura e demais conhecimentos, dominando assim as novas tecnologias. O número de ferramentas tecnológicas no meio educacional é grande, cabe ao professor avaliar e selecionar a ferramenta que atenda melhor às suas necessidades educacionais.
  • 28. 28 Assim, diante de tal realidade a educação não pode negar a existência das novas tecnologias, pois formaria sujeitos desconectados da realidade ao qual estão inseridos. 2.3. Leitura Neste conceito abordaremos a definição de leitura e leitura e as novas tecnologias. 2.3.1 Definição de leitura Levando em consideração a historia da leitura e seu percurso na educação brasileira, torna-se indiscutível a sua importância no contexto da sociedade atual. Segundo Silva (2005, p.31), “tal presença, sem dúvida marcante e abrangente, começa no período de alfabetização”, onde o sujeito através da decodificação e compreensão de símbolos tem o contato inicial com a leitura e que, desenvolve-se no percorrer da trajetória escolar. Entretanto, o exercício da leitura que se encontra legitimado nas instâncias escolares, mostra que em grande parte das vezes, ela se limita a uma mera decodificação de signos gráficos, ato mecânico, que pode impossibilitar a atribuição de sentido, dificultando possivelmente o estímulo do gosto pela leitura. Para Cattani e Aguiar (1992, p.26), “ler não é, então, apenas decodificar palavras, mas converter-se num processo compreensivo que deve chegar às idéias centrais, a inferências, à descoberta dos pormenores, às conclusões”. Deste modo, a leitura resulta de uma compreensão crítica do mundo, ela representa para o auto a modificação de nossa prática, possibilitando o leitor conscientizar-se da realidade, viabilizando uma reflexão mais abrangente do contexto social e como coloca Silva (1997): “Fornece ao sujeito uma nova capacidade de se compreender, oferecendo- lhe uma maneira de ser no mundo pelo qual ele se engrandece, ou seja, encontra novas formas de existir e conviver socialmente” (p.79).
  • 29. 29 Assim, consideremos que a leitura é o ponto de partida para o desenvolvimento da percepção do indivíduo em sua natureza cultural e intelectual, e não apenas na decodificação de códigos lingüísticos, mas na elaboração de referenciais e valores, indispensáveis para a formação do espírito crítico. Silva (1997), caracteriza o ato de ler como sendo um instrumento de conscientização e libertação, necessário à emancipação do homem na busca incessante de sua plenitude”. Ler é uma necessidade concreta para a aquisição de significados e, consequentemente, de experiências nas sociedades onde a escrita se faz presente (p.98 e 112). Desta forma, percebe-se que é através da leitura que assimilam-se novas idéias, novos conceitos, novas e diversas informações acerca das pessoas, dos fatos, do mundo e de tudo o que encontra em sua volta. A leitura é um fenômeno extremamente complexo que proporciona possibilidades variadas de entendimento da relação sujeito-sociedade. Essa não se limita, apenas, à decifração de alguns sinais gráficos. É muito mais do que isso, pois exige do indivíduo uma participação efetiva enquanto sujeito ativo no processo de aprendizagem, levando-o a produção de sentido e construção do conhecimento. Para Martins (1982), a leitura pode ser conceituada como um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas não importando por meio de que linguagem. Assim, podemos perceber que a atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê como afirma Zilberman (1993): Ler não é decifrar o sentido do texto. É a partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, conseguir relacioná-lo a outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que o autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista (p.59).
  • 30. 30 Quando o leitor decifra o texto lido, ele relaciona-o com as manifestações sócio-culturais que lhe são distintas no tempo e espaço adequado, onde a leitura se constitui como uma via de acesso à aprendizagem, não só de todas as disciplinas que compõe o currículo da escola, mas também os conhecimentos produzidos fora do espaço escolar. Vale ressaltar que a leitura também possibilita o prazer estético, ler pelo belo, pelo imaginário, pelo gosto ao bonito,como destaca Alves (2001, p.27) “as palavras também podem ser objetos de fruição, se nos ligamos a elas pela mesma razão que nos ligamos a um pôr-do-sol, a uma sonata, a um fruto; pelo puro prazer que nelas mora. É importante e preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. A leitura em suas várias acepções, produto da escola e critério para ingresso e participação do indivíduo na sociedade, veio a ser valorizada como idéia, por distinguir o homem alfabetizado e culto do analfabeto e ignorante. Portanto, é de suma importância desenvolver em nós uma “cultura de leitura diferenciada da que temos atualmente”, pois só assim seremos aprendizes formadores de opinião em todo ambiente social e democrático que estivermos. 2.3.2. Leitura e as novas tecnologias Há um consenso estigmatizado de que aprender a ler é um processo que acontece somente na escola, em sala de aula sob a responsabilidade dos professores; não levando em consideração que pode também ser algo que se concretiza em todas as experiências de vida do indivíduo. Para Freire (1987), desde muito pequeno aprendemos a entender o mundo que nos rodeia. Por isso, antes de aprender a ler e a escrever palavras e frases, já estamos lendo bem ou mal, o mundo que nos cerca. E essa aprendizagem, seja sistematizada ou não, se torna um processo difícil para o indivíduo.
  • 31. 31 Por muito tempo os livros impressos foram o mais importante meio de difusão do conhecimento vivenciado pela humanidade. Hoje a cultura digital propõe uma nova estratégia de alfabetização e letramento, que pode acontecer também a partir do manuseio das teclas do computador que são apresentadas à criança desde muito cedo e ela vai assim tendo contatos com variados textos escritos, jogos, fotos, músicas, filmes, vídeos, desenhos, animações e outras elementos que dão a ela a possibilidade de conhecer as multileituras tudo ao mesmo tempo, isto faz com que a criança interaja e conquiste autonomia no seu processo de alfabetização e letramento. É oportuno, então, que as novas tecnologias possam ajudar nesse processo como um todo, disseminando oportunidades educacionais e pessoais, principalmente para aqueles que não tiveram a oportunidade de freqüentar às melhores escolas. Pretto (2001a, p. 39) enfatiza ser imprescindível preocuparmo-nos com as políticas públicas de inclusão das camadas desfavorecidas ao mundo tecnológico. A prática de leitura no mundo moderno, o qual se encontra repleto de tecnologias e facilidades que traz consigo uma avalanche de informações e compreensões a cerca de nossa realidade, possibilitando aos sujeitos da sociedade um status elevado. Na sociedade em que vivemos hoje, os livros passaram a ser distribuído também no formato eletrônico, o que vem despertando nos nossos jovens e adolescentes um grande interesse por este tipo de leitura, como afirmam Alves e Nova (2003), quando falam que: A leitura torna-se uma experiência multisensorial, para a qual o tanto torna- se essencial. Leitura tátil. Tocando a página em qualquer ponto o som do jazz que estava escrito pode ser instantaneamente ouvido... Movendo a mão pela página o som se intensifica ou enfraquece. É o fim da leitura fisicamente passiva e o início de profunda participação corporal no livro eletrônico. O futuro da leitura será a diversão. (p.228)
  • 32. 32 O que podemos perceber neste tipo de leitura, é que é uma experiência onde envolve completamente os múltiplos sentidos, tanto a imaginação destas pessoas como todo o corpo. Além do texto em si, podemos ver as imagens, ouvir sons, podendo editar, criar e interagir com entusiasmo, onde tanto professores como alunos podem controlar suas apresentações, tornado uma leitura agradável. E em princípio, isto não é possível com o livro impresso. Mas, mesmo com estes avanços tecnológicos relacionados à leitura, ainda são muitas as questões que afetam este tema, num país de educação problemática como o nosso. Estudos recentes mostram que mesmo estando na era da globalização digital, as práticas de leitura na escola são tratadas por estratégias pouco relevantes, pois há muitas formas de leitura que passam despercebidas pelas práticas formais ou validadas, pois ler na escola ainda é tido como ler para a professora, ler em voz alta para os colegas pra demonstrar se sabem ou não sabem ler. Nesse sentido Zilberman (1993) afirma que: sendo a entidade que recebe a única incumbência de ensinar a ler, a escola tem interpretado esta tarefa de forma mecânica e estética”. Isto implica dizer que o processo de leitura, se restringindo à escola, passa a ser um trabalho com práticas sistemáticas, não apresentando a verdadeira concepção de leitura (p.36). A escola segue um sistema organizado, com conteúdos limitados e parcelados, seguindo um padrão de tempo, influenciando no processo e gosto pela leitura. Diante disso a leitura apresenta mais dificuldade do que saberes tipicamente escolarizados. Assim, é importante a busca de novos mecanismos como prática educativa, que propiciem a atração pela leitura desde a infância, período em que a criança está descobrindo seu mundo. Daí a importância da tecnologia em nosso cotidiano, o que constituirá a primeira base para que haja necessidade de sua presença também na escola. Assim a sala de aula deve ser transformada em um espaço colaborativo de aprendizagem. E a postura do professor deverá possibilitar a estes aprendizes
  • 33. 33 desenvolver várias competências através de atitudes compartilhadas, em grupos sociais e coletivamente. Como diz também Lévy (1999), é preciso colocar as pessoas nessa situação de curiosidade, nessa possibilidade de exploração. Não individualmente, não sozinhas, mas juntas, em grupo. Para que tentem se conhecer e conhecer o mundo a sua volta. Uma vez compreendido esse princípio básico, todos os meios servem. Os meios audiovisuais, interativos, os mundos virtuais, os grupos de discussão, tudo o que quisermos... (p.179). Para tanto, a escola não deve utilizar estas tecnologias somente como recursos, mas como agente transformador do processo educacional como um todo. Lembrando que as novas tecnologias por si só, não possui uma característica interativa, transformadora. O modo como a escola e o professor utiliza o computador, a internet e outras tecnologias educacionais é que poderá estimular nos alunos a criatividade, a transmissão de informações, novas formas de sociabilidade e o desenvolvimento das habilidades cognitivas e gosto pela leitura, quem sabe até voltar a ter aquele interesse em ler livros impressos como nos tempos de nossas avós. Portanto a sociedade atual está sendo marcada pelo advento de práticas de leitura e escrita digitais e os nossos alunos gostam disto. Isto certamente conduz professores, alunos e a escola a um estado ou condição diferentes daquelas praticadas na alfabetização e letramento da cultura impressa no papel. Não podemos desconsiderar que surge um novo espaço de leitura e escrita na escola, e esta nova cultura leva o educando não apenas a ser alfabetizado, mas sim, a ser letrado de forma mais dinâmica e agradável. O sucesso ou fracasso para este novo desafio educacional não está no aparato tecnológico, mas no uso que se faz dele.
  • 34. 34 CAPÍTULO III CAMINHOS METODOLÓGICOS Neste capítulo, fomos à busca de maiores informações sobre a temática estudada na perspectiva de obtenção de dados para que sejam analisados, encontrando possíveis respostas para os questionamentos. Dessa maneira, é preciso traçar caminhos utilizando-se de alguns instrumentos que permitam desenvolver uma pesquisa investigadora, buscando evidências que comprovem hipóteses aparentemente definidas, levando em consideração também a visão dos sujeitos envolvidos na pesquisa em relação ao problema em estudo, ou seja, o significado que eles dão ao assunto pesquisado. Na perspectiva de Demo (1999) pesquisa é a atitude do “aprender a aprender” e como tal faz parte de todo processo educativo. Pesquisa significa diálogo crítico e criativo com a realidade, chegando ao mais alto ponto da elaboração própria e da capacidade de interação. Este trabalho de pesquisa teve como questão fundamental identificar e analisar a concepção dos professores sobre as novas tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos, sendo realizado a partir da entrevista semi-estruturada e o questionário fechado, visando buscar mais detalhes nas reflexões e informações coletadas. Informações estas que permitiram atingir um conhecimento mais específico da realidade e percepção dos sujeitos da pesquisa. 3.1. Tipo de pesquisa A pesquisa faz parte do cotidiano do ser humano trazendo descobertas importantes para a humanidade. A pesquisa em estudo foi qualitativa. Este tipo de pesquisa tem como uma das características investigar os significados que os envolvidos dão ao assunto pesquisado, visto que a abordagem qualitativa analisa o indivíduo em sua totalidade, levando em consideração as suas subjetividades.
  • 35. 35 A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada (...). Se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes e tem um plano aberto e flexível focalizado a realidade de forma complexa e contextualizada (LUDKE e ANDRÉ, 1986; P.13). Permite também, a análise dos resultados sob uma perspectiva que considera a situação contextual dos sujeitos pesquisados, ou seja, busca respeitar suas emoções e vivências, considerando-os com seres complexos, procurando desenvolver compreensões sem se apoiar em teorias já constituídas. De acordo com esta discussão Richardson (1999, p. 80) menciona que os “estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreende e classifica processos dinâmicos vividos por grupos sociais”. A partir dessa compreensão, percebe-se que a pesquisa qualitativa dá suporte para análises mais profundas em relação ao fenômeno que está sendo estudado. 3.2. Lócus da pesquisa O lócus de pesquisa propicia ao pesquisador uma abertura para investigar, dialogar, ao mesmo tempo propicia uma vivência que traz interações entre pesquisador e sujeitos da pesquisa. A instituição escolhida para realização da pesquisa foi a Escola Rural Gilcina Carvalho, localizada na Avenida Tancredo Neves na sede do município de Campo Formoso – BA. Entendendo que a escola é um lugar onde muitos paradigmas são ou deveriam ser quebrados, contribuindo para a formação crítica dos indivíduos, servindo de sustentáculo para que se configure a flexibilidade e liberdade. Neste sentido, é imprescindível utilizar-se deste espaço para buscar identificar e analisar a temática abordada nesta pesquisa.
  • 36. 36 3.3. Sujeitos da pesquisa Os sujeitos da pesquisa foram doze (12) professoras da Escola Rural Gilcina Carvalho, localizada no município de Campo Formoso – BA. Estes sujeitos foram escolhidos com o intuito de analisar de forma mais crítica a problemática das novas tecnologias educacionais e sua influência no gosto pela leitura dos alunos; onde os mesmos enquanto formadores de opinião podem contribuir explicitando suas concepções sobre o tema abordado. 3.4. Instrumentos de coleta de dados Para alcançar o objetivo proposto será necessária a utilização de instrumentos adequados ao objeto em estudo, pois uma pesquisa científica requer procedimentos sistemáticos e intensivos, com o objetivo de descobrir e interpretar os fatos de uma determinada realidade, pois para se realizar uma pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele. (LUDKE e ANDRÉ, 1986). Utilizaremos como instrumentos de investigação a entrevista semi-estruturada e o questionário fechado, considerando estas, umas das melhores formas para estabelecer como diagnóstico, um dos instrumentos dentro do objetivo da pesquisa que se pretende desenvolver. Vale ressaltar que a análise de dados em uma pesquisa qualitativa deverá ter como base as finalidades da fase de análise. Mynayo (1992) apresenta como base três finalidades para esta análise; primeiro: estabelecer uma compreensão dos dados coletados; segundo: confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder às questões formuladas; terceiro: ampliar os conhecimentos dos assuntos pesquisados, articulando-os ao contexto cultural da qual fazem parte. Diante disso, tais finalidades são complementares em termo da pesquisa social.
  • 37. 37 3.5. Entrevista semi-estruturada A entrevista semi-estruturada segundo Ludke e André (1986, p.34) “pode se considerada como prática discursiva de forma a entendê-la como ação (interação situada e contextualizada por meio da qual se produzem sentidos e se constroem versões da realidade)”. Haguette (1987) define a entrevista semi-estruturada como um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado. Haguette (1987), Lakatos (1991, p.75) reafirmam dizendo que: “a entrevista se constitui em importante instrumento de trabalho nos vários campos, nas ciências sociais e de outros setores de atividades, como a Sociologia, Antropologia, a Psicologia e outros”. É a entrevista que nos permite obter a informação desejada e imediata, bem como, serve para ajudar na identificação do problema. A entrevista semi-estruturada Segundo Ludke e André (1986), “pode ser considerada como prática discursiva, de forma a entendê-la como ação (interação situada e contextualizada) (p.34)”. Com base neste argumento, nota-se que ela acontece a partir de um instrumento básico para a coleta de dados; é tida como um dos meios mais utilizados no ponto de vista da pesquisa qualitativa, pois propicia uma relação recíproca entre o entrevistador e o entrevistado. Para Taveira (2002, p. 110), tal entrevista é relevante porque não ocorre a partir de questionários preestabelecidos, com perguntas fechadas para não limitar aquilo que desejassem dizer os entrevistados aos entrevistadores. Através da entrevista com questões norteadoras sobre a temática em análise é que podemos as reflexões dos sujeitos sobre o objeto em estudo; uma forma de percebermos algo que possa ter passado despercebido em um algum outro instrumento aplicado.
  • 38. 38 3.6. Questionário fechado Barros (2000) e Gressler (1989) dizem que o questionário fechado não está limitado a uma determinada quantidade de questões, e que não deve ser exaustivo ao pesquisando. Tais autores afirmam que o mesmo é constituído por uma série de perguntas organizadas, do qual as respostas são formuladas sem assistência direta ou orientação do investigador; com o objetivo de levantar dados para a pesquisa. O questionário fechado será feito porque é um dos principais instrumentos de trabalho utilizado no campo da pesquisa, para coletar os aspectos sócio-culturais dos sujeitos da pesquisa. No entanto, o questionário deve ser simples, direto e rápido de responder, devendo assegurar aos utilizadores que os dados recolhidos não serão cedidos a terceiros, sendo utilizadas com sigilo as informações.
  • 39. 39 CAPITÚLO IV ANALISANDO E REFLETINDO OS DADOS DA PESQUISA Esta pesquisa teve como principal objetivo fazer uma reflexão a cerca da utilização das novas tecnologias educacionais em sala de aula pelo professores, bem como sua utilização no desenvolvimento e gosto pela leitura dos alunos. Entendendo assim, que o processo de leitura na educação atual tem muitos paradigmas que precisam ser quebrados, e que as novas tecnologias podem ter o seu papel de contribuição neste melhoramento, fazendo destes indivíduos pessoas mais críticas, reflexivas e atuantes, podendo exercer sua cidadania com autonomia. A pesquisa foi operacionalizada, tendo como instrumentos de coleta de dados, o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada, possibilitando a obtenção de dados que permitiram elucidar a nossa questão de estudo. Para melhor compreensão, iniciaremos apresentando o perfil dos sujeitos desse estudo, obtido com a análise do questionário fechado, e em seguida os dados identificados e interpretados da entrevista semi-estruturada. 4.1. Analisando o questionário fechado O Questionário fechado é um instrumento que enriquece as informações, pois possibilita uma visão da realidade e contexto dos sujeitos envolvidos na pesquisa. 4.1.1. Gênero Os sujeitos envolvidos na pesquisa apresentam-se em relação ao gênero, 100% sendo do sexo feminino. Assim, percebe-se que a presença da mulher como docente e principalmente nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental ainda é considerável se compararmos ao sexo masculino.
  • 40. 40 0,00% 100,00% Feminino Masculino Figura 01 – percentual quanto ao gênero Fonte – Questionário aplicado 4.1.2. Idade Os dados obtidos quanto à idade dos docentes, nos mostra uma diversidade a este respeito, pois 17% têm idade entre 24 e 29 anos, 50% entre 30 e 35 anos, 8% entre 36 e 41 anos e 25% acima de 42 anos. 17,00% 25,00% 8,00% 50,00% De 24 a 29 anos De 30 a 35 anos De 36 a 41 anos Acima de 42 anos Figura 02 – percentual quanto à faixa etária Fonte – Questionário aplicado 4.1.3. Nível de escolaridade A formação do educador na área específica de atuação é um fator imprescindível para o docente, esta é uma área que requer do educador um nível de escolaridade referente para que ele possa fazer o exercício de suas atividades pedagógicas. A Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional 9.394/96, no Artigo 62 refere-se à importância da formação do educador das Séries Iniciais do Ensino
  • 41. 41 Fundamental “(...) far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em Universidades e Institutos Superiores de Educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério (...)”. Neste aspecto, os sujeitos da pesquisa se subdividiram da seguinte forma: 8% têm somente o Ensino Médio com habilitação em magistério, 50% estão cursando uma graduação, 42% já são graduados, sendo que destes 25% cursaram Pedagogia/Licenciatura e 17% graduação em Licenciatura de História e Letras. 17,00% 8,00% 25,00% 50,00% Ensino Médio Superior incompleto Pedagogia/Licenciatura Outros Figura 03 – percentual quanto ao nível de escolaridade Fonte – Questionário aplicado Podemos perceber através deste percentual, que uma quantidade significativa das professoras desta escola está se aprimorando para sua atuação como docente, através de uma formação acadêmica, pois metade dos sujeitos está cursando o ensino superior, 25% tem graduação em Pedagogia, o que é muito importante uma vez que é uma área voltada para as Séries Iniciais e 17% já cursaram uma graduação em disciplinas específicas, porém temos professoras nesta escola que ainda não buscaram ampliar seus conhecimentos cursando uma Universidade, sendo 8% dos sujeitos da pesquisa. Das educadoras que já cursaram o curso de graduação, os dados obtidos revelam que 60% têm formação em Pedagogia, 20% em História e mais 20% em Letras.
  • 42. 42 20,00% 20,00% 60,00% Pedagogia História Letras Figura 04 – percentual quanto a área de graduação Fonte – Questionário aplicado É importante ressaltarmos neste quesito a formação do educador, onde o percentual da pesquisa nos mostra que 60% delas têm formação acadêmica em Pedagogia, o que é um fator positivo, pois possibilita ao educador sentir-se mais preparado e ter assim um melhor embasamento para atuar nas Séries Iniciais com mais autonomia e segurança. 20,00% 20,00% 60,00% Pedagogia História Letras Figura 05 – percentual área de pós graduação Fonte – Questionário aplicado É relevante também mostrar a área de formação em pós graduação destes sujeitos, onde o percentual da pesquisa nos mostra um total de 92% que ainda não buscaram este tipo de formação acadêmica, ficando apenas 8% das educadoras que tiveram interesse em está cursando uma pós graduação, para aprimorar ainda mais os seus conhecimentos.
  • 43. 43 4.1.4. Tempo de atuação na área docente Os dados obtidos revelam que as educadoras atuam na área docente já há alguns anos, permitindo-lhes uma experiência significativa na docência. Das professoras entrevistados 8% atuam há três anos, 42% estão entre 12 e 15 anos, 33% entre 6 e 9 anos e 17% já tem mais de 18 anos. 17,00% 8,00% 33,00% 42,00% Até 3 anos Entre 3 e 9 anos Entre 12 e 15 anos Mais de 18 anos Figura 06 – percentual tempo de atuação na área docente Fonte – Questionário aplicado 4.1.5. Formação continuada / cursos de capacitação O profissional da educação necessita está em constante reflexão sobre sua prática em sala de aula, implicando-o em buscar ampliar seus conhecimentos estando sempre atualizado com as mudanças educacionais. A formação continuada bem como cursos de capacitação é de fundamental importância para a docência. Os dados obtidos aqui nos mostram que 34% dos sujeitos participam com freqüência (planejamentos), 8% raramente participa (a cada trimestre) e 58% participam uma vez por ano (jornada pedagógica).
  • 44. 44 34,00% 58,00% 8,00% Participa com f requência Raramente participa Participa uma vez por ano Figura 07 – percentual quanto à formação continuada / cursos de capacitação Fonte – Questionário aplicado Os dados obtidos apresentam um percentual insignificante e preocupante em relação à formação e capacitação destes educadores, pois mais de 50% participam somente uma vez por ano destes cursos, quando deveria ser uma formação continuada e não somente em jornadas pedagógicas, assim, estes educadores perdem a oportunidade de aprimorar sua formação profissional e até mesmo pessoal. 4.2. Análise e discussão das falas dos professores Para a realização desta pesquisa foram entrevistadas 12 professoras, onde foram feitas perguntas relacionadas ao nosso objeto de estudo, servido assim de base para esta análise e reflexão, procurando ainda nos apoiar em alguns teóricos para fundamentar e nortear tais discussões, com o objetivo de identificar e analisar a concepção dos professores sobre as novas tecnologias educacionais e a influência desse uso no gosto pela leitura dos alunos. Apresentamos os resultados da entrevista semi-estruturada, que copilamos nas seguintes categorias:
  • 45. 45 4.2.1. Novas tecnologias: conhecendo as concepções e seus desafios Nesta categoria os nossos sujeitos apresentam as suas concepções sobre as novas tecnologias educacionais, as possibilidades de se trabalhar com estas ferramentas em sala de aula e qual o suporte institucional para o uso destas tecnologias. 4.2.2. Concepções dos professores sobre as Novas Tecnologias Educacionais Assim, apresentamos a seguir as respostas de algumas docentes quando questionadas quanto à sua concepção sobre as novas tecnologias educacionais. Para preservar a identidade das docentes utilizaremos um código para identificar sua fala: a letra P seguida do número indo arábico. Podemos observar nas falas das docentes, quando questionadas a este respeito que todas elas, de um modo geral compreendem e relacionam as Novas Tecnologias simplesmente como recursos. Vejamos: 1 P1 . Entendo que através delas desenvolvem-se novas habilidades para prática educacional. P9. São recursos que nos ajudam na sala de aula. P10. São elementos ou recursos que nos ajudam no processo ensino- aprendizagem. P12. São todos os recursos tecnológicos que utilizamos, de maneira correta ajudam diversificar às aulas, motivar os alunos e fazer com que aprendam com mais facilidade. Com estas informações, foi possível perceber que os conceitos atribuídos pelos professores às novas tecnologias restringem-se somente como recursos ou suportes que podem diversificar as aulas. Alves e Nova (2003) comentam que: 1 Em vista de manutenção do anonimato dos entrevistados atribuímos-lhes um código (P) acrescido de algarismos arábicos (1, 2, 3...)
  • 46. 46 O imbricamento entre educação e tecnologia vem acontecendo desde a oralidade, sendo seguida pela escrita, uma das primeiras tecnologias inventadas pelo homem; posteriormente, vieram o rádio, televisão, videocassete, TV a cabo até os computadores atuais com aceso à internet (p.233-234). Estas tecnologias, na compreensão dos autores, são meios tradicionais de comunicação entendidas como transmissoras de mensagens, onde na educação o professor é o emissor que transmite as informações e o aluno o receptor. O uso das novas tecnologias na contemporaneidade pode nos levar a re-construir este conceito a partir das inter-relações entre os sujeitos, buscando não apenas transmitir informações, mas tornando o ambiente mais interativo e propício à construção da aprendizagem. Na concepção de Valente (1999, p.199), “[...] tecnologia é um conjunto de discursos, práticas, valores e efeitos sociais ligados a uma técnica particular num campo particular”. Nesta perspectiva, entende-se como tecnologia tudo o que permita fazer referência à categoria geral que inclui o uso de toda e qualquer forma de tecnologia relevante à educação, incluindo a escrita, a imprensa, currículos e programas, giz e quadro-negro, o telefone, o rádio, a televisão, computadores, internet e tantos outros, assim como os recursos humanos como salienta Valente. É importante ressaltar a fala da P1 quando enfatiza que “entende que através delas desenvolvem-se novas habilidades para prática educacional” pensamento este que se identifica muito com as teorias de Suzuki e Rampazzo (2009, p.17-19), quando dizem que “as novas tecnologias são ferramentas que auxiliam essa mediação, ao mesmo tempo em que possibilitam novas descobertas e novas habilidades”. Ficou perceptível diante dos argumentos apresentados pelas professoras, que existe por parte destas uma compreensão sobre as novas tecnologias educacionais restringidas ao uso como recursos para abrilhantarem suas aulas, o que nos revela
  • 47. 47 uma realidade ainda existente em nossas escolas, o que precisa ser mudado, ficando claro que há possibilidades de se trabalhar com as novas tecnologias numa perspectiva de sociabilidade e desenvolvimento das habilidades cognitivas, de interação entre escola, professores, alunos e sociedade. 4.2.3. Possibilidades de se trabalhar com as novas tecnologias educacionais É possível verificar que os professores reconhecem não só a importância, mas também a necessidade de se trabalhar com as novas tecnologias em sala de aula, no entanto, deixam claro que há impossibilidade para que isto aconteça tanto devido a falta de formação dos docentes quanto aos recursos oferecidos pelas escolas. P6. As novas tecnologias educacionais são bastante importantes e necessárias para um desenvolvimento cognitivo do aluno, mas é preciso que haja cursos para os professores aprimorarem seus conhecimentos. P8. Sabemos da importância e necessidade da utilização desses recursos na educação, porém nem sempre é possível trabalhar com tais recursos devido à precariedade desses nas escolas e a falta de formação nesta área para os professores P12. Sim, é importante e necessário, mas nem sempre possível já que os recursos oferecidos são poucos para o grande número de pessoas que precisam deles. Sampaio e Leite (1999) comentam da importância desta formação inicial e continuada. A formação, inicial e continuada, pode possibilitar aos profissionais analisar criticamente as transformações da realidade e agir sobre elas, construindo e praticando novas propostas pedagógicas que estejam voltadas ao atendimento das necessidades populares (p.69). Ainda nesta perspectiva Mello (1982) considera fundamental o professor dominar a técnica de seu fazer e seus instrumentos de trabalho com competência, sendo esta competência uma ferramenta do compromisso político do professor. Diante destes questionamentos, notamos a importância de o professor participar destas formações para poder assim ampliar ainda mais seus conhecimentos e adquirir uma visão crítica e uma autônoma em relação às novas
  • 48. 48 tecnologias, tanto as que já existem na escola quanto a àquelas presentes na sociedade, neste sentido, poderão dominar e promover entre seus alunos o domínio das novas tecnologias que cada vez mais se fazem presentes no seu cotidiano. 4.2.4. Suporte oferecido pela escola e/ou secretaria de educação do município Algumas docentes disseram que desconhecem este tipo de apoio, outros afirmaram que já existe no componente curricular a disciplina de informática e a grande maioria, em torno de 60% destacou que é muito fraco o desempenho da escola e da secretaria de educação neste aspecto. P1. Um professor especialmente para aulas de informática P7. Não tenho conhecimento. P10. Ainda precisa melhorar muito, pois o que dispomos não é suficiente. P11. Fraco, precisando ser ampliado. Levando a considerar a importância das novas tecnologias em sala de aula para o processo ensino-aprendizagem Alves e Nova (2003) salientam que: A introdução das tecnologias na sala de aula poderá tornar o processo ensino-aprendizagem sintonizado com a vida contemporânea, proporcionando aos alunos o acesso a uma nova forma de comunicação que privilegie a escolha dos próprios caminhos, como ocorre, por exemplo, quando se faz um zapping entre sites e canais da televisão (p.233) Nesta perspectiva, observamos nas falas dos sujeitos que o espaço telemático utilizado pelas escolas e os recursos tecnológicos oferecidos pela mesma, são precários ou quase inexistentes uma vez que alguns citam não ter conhecimento, o que pode dificultar um melhor desempenho no processo ensino- aprendizagem em sala de aula, pois, sabemos que estes mecanismos ajudam a enriquecer os ambientes de aprendizagem onde cada aluno é um sujeito ativo, estando em interação com os outros alunos, professores, pesquisadores ou pessoas da comunidade, obtendo um aproveitamento construtivo das tecnologias da informação e da comunicação.
  • 49. 49 Dentro deste contexto torna-se oportuno enfatizar, que há uma contradição diante do que foi respondido quando alguns relatam que a realidade tecnológica da escola citada neste trabalho precisa melhorar, considerando como fraco o apoio oferecido pela mesma, outros ainda disseram que é oferecido pela escola aulas de informática com professores específicos para esta disciplina e outros disseram ainda que desconheçam, mostrando-nos que há uma confusão de informação entre as falas. 4.2.5. A tecnologia como elemento de aprendizagem Embora em um número menor, há concepções de alguns professores que dizem que quase não utilizam as novas tecnologias, outros 90% declararam utilizar apenas como recurso lúdico, ou seja, o mesmo conceito de que elas são apenas para diversificar as aulas e outros dizem ainda que não podem usar por ser turma de alfabetização, o que consideram impossível. P5. Quase não utiliza. P4. Através de vídeos e internet. P6. Nenhuma, pois a turma é de alfabetização sendo 1ª série, a tecnologia fica para a aula de informática. P9. De uma forma que o aluno aprenda melhor. Ex: utilizando filmes, internet, com rodas de conversas. Para Valle (2002), Educar com as novas tecnologias não é uma tarefa fácil. A cultura escolar é excessivamente baseada no texto impresso e na cultura oral, de modo que a incorporação de novas linguagens (plásticas, musicais, gestuais ou tecnológicas) torna-se um desafio (p.54). Sabemos que os recursos tecnológicos, como instrumentos à disposição do professor e do aluno, constituem-se em valiosos agentes de mudanças para a melhoria da qualidade do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, isto requer professores bem formados com conhecimentos sólidos da didática e dos conteúdos, com desenvolvimento de práticas pedagógicas que utilizem estas novas tecnologias como ferramenta que atendam às necessidades individuais e coletivas, que
  • 50. 50 estimulem a construção criativa e a capacidade de reflexão e que favoreçam o desenvolvimento da capacidade intelectual e afetiva, levando a autonomia e à democracia participativa e responsável. Ainda analisando a fala da P6, podemos observar que esta professora apresenta uma visão tradicional quanto ao uso das novas tecnologias em sala de aula, quando enfatiza que como trabalha com turma de alfabetização, o uso destas ferramentas fica restrita somente as aulas de informática, deixando perceptível que também há uma contradição quanto a sua concepção de novas tecnologias, uma vez que sabemos que não é somente o computador ou a internet que pode ser considerado como novas tecnologias educacionais. Fica evidente, porém que com o advento de tais recursos, surgem também novas possibilidades no processo de aquisição da leitura, proporcionando aos professores explorar novas formas de ensinar e aos alunos, novas formas de aprender. 4.3. Novas tecnologias: novas formas de leituras Na perspectiva da sociedade contemporânea, a leitura, constitui-se uma necessidade social, que integra o indivíduo no seu contexto sócio-econômico e cultural. Assim, nesta categoria buscamos analisar a compreensão de leitura, bem como os aspectos positivos e negativos na visão das docentes. 4.3.1. A leitura como forma de libertação Observa-se que 75% dos docentes apresentam uma concepção onde norteiam o conceito de leitura a “caminho” ou meio pelo qual podem ter acesso a novas possibilidades. P2. O caminho para a informação e crescimento profissional, intelectual e social. P3. É o instrumento essencial para adquirir conhecimento e assim participar efetivamente da nossa sociedade.
  • 51. 51 P4. Permite ao indivíduo a oportunidade de crescimento e compreensão do que está ao seu redor. P9. O caminho para o conhecimento, forma de libertação. P10. A leitura nos dar a oportunidade de crescer no profissional e intelectual, tornando-se de fundamental importância em nossas vidas. Desta forma, pode-se considerar que a leitura, por sua vez é uma prática essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda à própria vida do ser humano, como menciona Silva (2005) quando diz que: A leitura é um dos principais instrumentos que permite ao ser humano situar-se com os outros, de discussão e de crítica para se chegar à práxis (...). Ler é em ultima instância, não só é uma ponte para a tomada de consciência, mas também um modo de existir no qual o indivíduo compreende e interpreta a expressão registrada pela escrita e passa a compreender-se no mundo (p.44-45). Na compreensão de Freire (1993, p.42), “a leitura por sua vez tem um papel central no processo de libertação dos que vivem oprimidos, dos que vivem alienados, dos que vivem excluídos”. Para Kramer (1995, p.149), "ler e escrever não como constrangimento, mas caminho de libertação: educação, alfabetização, leitura e escrita – como bem nos ensinava o mestre Paulo Freire, ainda nos anos 60 – como prática de liberdade". Diante das respostas das professoras, podemos observar que um número significativo atribuiu a leitura como a possibilidade de aperfeiçoamento e crescimento tanto profissional quanto pessoal, também se pode observar que há quem entenda a leitura de maneira mais ampla, como forma de libertação, onde o sujeito pode adquirir autonomia e ter assim uma participação mais efetiva e consciente na sociedade. Portanto, quando a leitura caracteriza-se nesta dimensão o leitor assume um papel atuante, deixando de ser um mero decodificador ou receptor passivo. Passa- se a compreender melhor o mundo e lutar pela criação de uma sociedade mais justa, obstruindo a presença de opressores e oprimidos.
  • 52. 52 4.3.2. Leitura e as novas tecnologias: aspectos positivos e negativos Os professores acreditam que as novas tecnologias influenciam nos dois aspectos, tanto positivo quanto negativo, dependendo da forma como será utilizada, do conteúdo a ser trabalhado bem como da orientação adequada por parte do professor. P7. Claro que sim. Tudo depende do bom uso e do acompanhamento pelos responsáveis. P10. Sim. Ela se torna positiva se trabalharmos de forma correta aproveitando ao máximo o que há de bom e pode também ser negativa dependendo de como é utilizada. P11. Sim. Positiva quando trabalhada de forma enriquecedora e negativa quando usada de forma que não se tenha um bom conteúdo. É certo que o uso das novas tecnologias está abrindo inúmeras perspectivas para a educação tanto no aspecto positivo quanto negativo, no entanto, depende do uso que se faz deles. Isto também fica evidente na afirmação de Collelo (1995) quando se refere ao uso de cartilhas: Independente da qualidade do material adotado pelo professor é preciso considerar o uso que se faz dele: bons livros podem ser tragicamente aproveitados e obras de péssima qualidade podem ser compensadas pela genialidade de um grande mestre que sabe criar as melhores condições para a aprendizagem (p. 100). O modo como é utilizada as novas tecnologias na educação é que poderá estimular nos alunos à criatividade, à transmissão de informações, o gosto pela leitura, novas formas de sociabilidade e no desenvolvimento das habilidades cognitivas, não devendo ser usadas somente como recursos para nortear os conteúdos ou como forma lúdica. O sucesso ou o fracasso não está no aparato tecnológico, mas no uso que dele se faz. Porém, fica evidente também que a formação do educador é uma das condições para que se possa ter uma boa utilização de qualquer aparato, tecnológico ou não, com o intuito de contribuir para a aprendizagem da criança. E essa formação não se restringe somente à leitura ou escrita, ela está direcionada também às novas tecnologias na educação.
  • 53. 53 Nesta perspectiva Rocha (1992) comenta do professor "se vê à mercê das orientações advindas das mais diferentes condições político-pedagógicas que se implantam a cada momento nos sistemas de ensino, e que no mais das vezes, apresentam orientações antagônicas” (p.135). Contudo, não basta simplesmente às escolas transferirem o processo ensino- aprendizagem da forma como que ocorre em sala de aula, para uma nova tecnologia, dando-lhes ares de modernidade; é preciso que os professores tenham além da competência técnica, a competência teórica que lhes possibilite trabalhar com as novas tecnologias de forma a distinguir e definir tais mecanismos, onde possam trazer de fato propostas que vise à formação de crianças leitoras e até escritoras, conscientes de que são sujeitos da história, produto e produtores dela.