1. ALEITAMENTO MATERNO: PROTEÇÃO CONTRA VÁRIAS DOENÇAS
Priscila do Carmo Freitas*
*prisciladcf@yahoo.com.br
Resumo
O presente artigo é um corte de uma pesquisa realizada pelos acadêmicos do 3º período de
enfermagem das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros-MG que analisaram se as
mães que deram a luz no início do mês de junho ao final do mês de agosto de 2005 no
Hospital Aroldo Tourinho de Montes Claros conhecem a prática do aleitamento no puerpério
mediato. Esse artigo teve como objetivo avaliar três mães do total de mães que participaram
dessa pesquisa, identificando se as mesmas sabem da importância que tem o aleitamento
materno na proteção do bebê contra várias doenças. O presente estudo se caracteriza como
qualitativo e o resultado foi obtido através de um procedimento de transcrição e categorização
dos dados obtidos.
Palavras-chave: Aleitamento materno, proteção, doenças.
Introdução
O aleitamento materno oferece a alimentação mais saudável e segura para o bebê,
inclusive os pré-termos, pois o leite humano tem mais de cem componentes na quantidade
exata para o desenvolvimento da criança. Além dos fatores nutricionais e imunológicos, o ato
de amamentar é econômico e cria um vínculo afetivo e psicológico maior entre a mãe e o
bebê, o qual recebe não só o alimento, mas amor, carinho e proteção (GIUGIANI, 1994).
Segundo Lamounier, et al., (2004), o leite humano, além de seus componentes
nutritivos, contém na sua composição uma complexidade de células, membranas e moléculas
que atuam na proteção do recém-nascido.
A contribuição do aleitamento materno para a sobrevivência das crianças depende da
idade das mesmas, do tempo de amamentação e do tipo de população, ou seja, quanto menor a
criança e maior for o tempo de amamentação, maior a sobrevivência (GIUGLIANI, 1994).
2. O leite materno é de fácil digestão para o bebê, e o protege contra várias doenças
como: diarréia, infecções urinárias e respiratórias, resfriados, alergias e problemas na arcada
dentária, entre outros (SILVA, 2005).
A amamentação é de grande relevância na proteção das crianças contra diversas
infecções, sobretudo a diarréia aguda. O risco de morte por doenças infecciosas é cinco a oito
vezes maior entre lactentes desmamados nos dois primeiros meses de vida, quando
comparados aos que foram amamentados. Recém-nascidos e lactentes, sobretudo nos
primeiros seis meses de vida, são mais vulneráveis a infecções, devido à imaturidade do
sistema imunológico e a maior permeabilidade intestinal. Durante um período crítico de
relativa incompetência imunológica, o leite humano apresenta atributos de qualidade frente às
suas necessidades imunológicas, protegendo-as de doenças do tubo digestivo. A alimentação
exclusiva com leite materno é reconhecidamente a melhor forma de proteger o lactente das
enfermidades infecciosas. A simples introdução de água e chá na alimentação da criança está
associado a um aumento de risco de diarréia (SILVA et., al, 2003).
Segundo Lopes et al., (2005), as doenças diarréicas são uma das mais importantes
causas de morbidade e mortalidade em lactentes. Dentre os fatores prognósticos ligados ao
óbito em pacientes com diarréia, um dos principais fatores é a ausência de aleitamento
materno.
Em relação à idade da criança, a incidência da diarréia é maior durante o primeiro ano
de vida. A idade mais tenra torna a criança mais vulnerável às condições ambientais
desfavoráveis, agravadas pelo desmame precoce e a desnutrição. A proteção conferida pelo
leite materno pode ser atribuída às suas propriedades antiinfecciosas e imunológicas,
proporcionando recuperação mais rápida de infecções entéricas, além disso, a amamentação
exclusiva diminui a exposição da criança a enteropatógenos encontrados na água e
mamadeiras contaminadas. O aleitamento contínuo durante episódios agudos de diarréia
protege a criança contra a redução do consumo de calorias e proteínas. O leite humano
apresenta um efeito protetor, reduzindo a perda de peso em função dos episódios diarréicos
(LEAL et al., 2005 & LIMA et al., 2004).
Resultados de inúmeras investigações realizadas em diferentes partes do mundo
com diferentes graus de desenvolvimento, sugerem proteção do leite materno contra infecções
respiratórias. Há evidências também de que a infecção respiratória é menos grave nas crianças
amamentadas, e a proteção do aleitamento materno contra doenças respiratórias é mais
significativa quando a amamentação é exclusiva e quando ocorre nos seis primeiros meses de
vida, embora ela possa perdurar além deste período (GIUGLIANI, 1994).
3. O aleitamento materno parece exercer um efeito protetor contra outras infecções,
além da diarréia e das doenças respiratórias. Mais recentemente tem-se especulado uma
relação entre o tipo de alimentação da criança pequena e infecção urinária. Um estudo de
caso-controle, realizado na Itália mostrou um risco menor de infecção do trato urinário entre
crianças hospitalizadas de até seis meses de idade e amamentados no peito, exclusiva ou
parcialmente, quando comparadas com as nunca amamentadas. Este risco foi ainda menor
quando as crianças estavam sendo amamentadas na época da hospitalização (GIUGLIANI,
1994).
Além de prevenir doenças no início da vida, o leite materno parece reduzir o risco de
certas doenças crônicas ligadas ao sistema imunológico, como doenças autoimunes, doença
celíaca, doença de Crohn e colite ulcerativa, diabetes mellitus e linfoma, já que as células
linfóides vivas e funcionais presentes no colostro e no leite materno tem capacidade
imunológica na proteção de anticorpos e mediação da imunidade celular, com a presença de
macrófagos com capacidade fagocitária que são passadas da mãe para o bebê através do leite
materno, proporcionando assim a proteção do recém-nascido (ALMEIDA et al., 2001;
ARVIN et al., 1997 & GIUGLIANI, 1994).
Alergia alimentar também tem sido encontrada menos freqüentemente em crianças
amamentadas exclusivamente ao peito, e a dermatite atópica pode ter o seu início retardado
com a alimentação natural (GIUGLIANI, 1994).
O leite materno promove o desenvolvimento harmônico da musculatura da face,
auxiliando no movimento dos músculos e ossos da face, o que proporciona melhor
flexibilidade na articulação das estruturas que participam da fala. Fortalece e desenvolve a
musculatura da boca da criança, que terá melhor desempenho nas funções de sucção,
mastigação, deglutição e fonação (SILVA, 2005).
Esse artigo objetivou analisar a entrevista de três mães para identificar se as mesmas
conhecem a importância que tem o leite materno na proteção do bebê contra várias doenças.
Metodologia
O presente estudo se caracteriza como qualitativo, por possuir a facilidade de poder
descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, analisando a interação
de certas variáveis; compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos
sociais; apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de
4. determinado grupo; e permitir, em maior grau de profundidade, a interpretação das
particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos (OLIVEIRA, 2002).
Também se caracteriza como observacional, bibliográfica e de levantamento. É
observacional por adotar uma técnica de coleta de dados que visa conseguir informações
através da utilização dos sentidos para obter determinados aspectos da realidade (MARCONI
& LAKATOS, 2001).
A caracterização bibliográfica e de levantamento é devido à necessidade de o
pesquisador fazer um levantamento dos temas e dos tipos de abordagens já trabalhados por
outros estudiosos, assimilando os conceitos e explorando os aspectos já publicados (BARROS
& LEHFELD, 2000).
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi uma entrevista contendo um
questionário com questões abertas em que esta foi gravada com o objetivo de garantir
respostas fidedignas que serão transcritas. Estas serão avaliadas quanto ao nível de
informação e importância sobre o aleitamento materno, para a proteção do bebê contra
diversas doenças.
Utilizou-se, como instrumento de pesquisa, um roteiro com perguntas relacionadas
ao tema e um gravador para registrar suas respostas. As falas foram transcritas e,
posteriormente, as fitas foram desgravadas.
Resultados e discussão
Nesta pesquisa, tal análise tomou como base o procedimento de transcrição e
categorização dos dados obtidos. Uma boa transcrição deve ser um registro tão detalhado
quanto possível do discurso a ser analisado. Ela deve registrar a fala literalmente, com todas
as características possíveis e, em hipótese alguma, pode sintetizar limpar ou corrigi-la
(BAUER & GASKELL, 2004).
“Importa, porque as crianças crescem saudáveis e raramente levo ao médico e os últimos com
certeza será da mesma forma”.(Girassol)
“A eu acho que é importante porque o leite materno e a primeira coisa é como diz eles, é a
primeira vacina que o nenê recebe é o leite materno, protege contra todas as tipos de doenças,
por isso que eu acho importante”.(Rosa II)
5. “É porque é bom para proteger o neném das doenças, né e fortalece ele mais porque ele fica
mais forte com o leite materno e protege das doenças”.(Flor)
“Pra mim é porque me despreocupa, né porque ela não adoecendo pra mim, pra mim, né é
melhor”. (Flor)
De acordo com as falas citadas acima, percebe-se que mesmo não tendo um nível
elevado de instrução, até mesmo na maneira de responder as perguntas, as entrevistadas
conhecem a importância que tem o leite materno para o neném na proteção contra doenças,
proporcionando assim um crescimento saudável, o que vem a ser justificada por Nascimento
& Issler (2004), que confirma que o leite humano constitui-se por uma combinação única de
proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais, vitaminas, enzimas e células vivas, ou seja, uma
combinação de nutrientes essenciais e nas quantidades necessárias.
O leite materno é de fácil digestão para o bebê, e o protege contra várias doenças
como: diarréia, infecções urinárias e respiratórias, resfriados, alergias e problemas na arcada
dentária, entre outros (MOREIRA & NAKANO, 2002).
Almeida et al., (2001); LEAL et al., (2004) afirmam que o leite materno atende as
necessidades imunológicas, pois contém uma quantidade alta de anticorpos IgA secretores,
protegendo o bebê contra várias doenças como: diarréia, infecções urinárias e respiratórias,
resfriados, alergias e problemas na arcada dentária, entre outros.
Segundo Monteiro et al., (1987), o leite materno contém um fator de crescimento
dos lactobacilos que interfere na colonização intestinais de patógenos entéricos especialmente
Escherichia colli e inibe o Stafilococos com um fator antiestafilococicos. O leite do seio
também contém lisosimas, lactoferrinas e muitos leucócitos vivos para a fagocitose.
Considerações finais
O leite materno além de suprir todas as necessidades nutricionais da criança tem um
papel muito importante na proteção da mesma contra várias doenças, dentre elas a diarréia, as
infecções urinárias e respiratórias e as alergias, fato que irá proporcionar um bem estar físico,
emocional e social para a criança, para a família e para a sociedade, fazendo com que a
mesma tenha um crescimento saudável, livre de várias doenças que são comuns em crianças
6. que não recebem leite materno ou que tiveram um desmame precoce ou que receberam outros
alimentos junto com o leite materno nos primeiros seis meses de vida, já que nessa fase a
mesma é mais propícia a adquirir doenças por apresentar o seu sistema imunológico imaturo,
sendo assim mais sensível que dos adultos.
A informação se torna o veículo mais eficaz na divulgação da importância do
aleitamento e das inúmeras vantagens que são proporcionadas tanta para a mãe que amamenta
quanto para a criança.
Logo, é comprovado através das entrevistas das três mães, que estas conhecem a
importância que tem o leite materno na proteção do bebê contra várias doenças, embora seja
necessário que ocorra uma participação maior dos profissionais da saúde na orientação das
puérperas.
Neste sentido, é preciso buscarmos um olhar sustentado para construção de novos
olhares e estudos sobre o aleitamento materno, pra que assim possamos crescer cada vez mais
como profissionais e principalmente para beneficiar e ajudar a população.
7. REFERÊNCIAS
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1997.
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