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S37
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
REVISÃO REVIEW
Reflexões sobre a amamentação no Brasil:
de como passamos a 10 meses de duração
A review of breastfeeding in Brazil and
how the country has reached ten months’
breastfeeding duration
1 Instituto de Saúde,
Coordenação dos
Institutos de Pesquisa,
Secretaria de Estado
da Saúde de São Paulo.
Rua Santo Antônio 590,
São Paulo, SP
01314-000, Brasil.
marifrea@isaude.sp.gov.br
Marina Ferreira Rea 1
Abstract In 1975, one out of two Brazilian women only breastfed until the second or third
month; in a survey from 1999, one out of two breastfed for 10 months. This increase over the
course of 25 years can be viewed as a success, but it also shows that many activities could be bet-
ter organized, coordinated, and corrected when errors occur. Various relevant decisions have
been made by international health agencies during this period, in addition to studies on breast-
feeding that have reoriented practice. We propose to review the history of the Brazilian national
program to promote breastfeeding, focusing on an analysis of the influence of international poli-
cies and analyzing them in four periods: 1975-1981 (when little was done), 1981-1986 (media
campaigns), 1986-1996 (breastfeeding-friendly policies), and 1996-2002 (planning and human
resources training activities backed by policies to protect breastfeeding). The challenge for the fu-
ture is to continue to promote exclusive breastfeeding until the sixth month, taking specific pop-
ulation groups into account.
Key words Breastfeeding; Governments Programs; Infant Nutrition
Resumo Se em 1975 uma em cada duas mulheres amamentava apenas até o segundo ou tercei-
ro mês no Brasil, no último inquérito de 1999, uma em cada duas mulheres amamenta até cerca
de dez meses. Esse aumento em 25 anos pode tanto ser pensado como um sucesso, como pode ser
visto como algo que poderia estar muito melhor se todas as atividades que se realizaram no país
tivessem sido mantidas, avaliadas, corrigidas, bem coordenadas, melhoradas. Diversas foram as
decisões de organismos internacionais de saúde no período, assim como estudos sobre aleita-
mento que reorientaram ações. Propomo-nos a tentar rever a trajetória do programa nacional,
privilegiando a análise da influência das políticas internacionais e analisando-o em quatro pe-
ríodos: de 1975 a 1981 (quando pouco era feito), de 1981 a 1986 (as campanhas na mídia), de
1986 a 1996 (políticas em prol da amamentação) e de 1996 a 2002 (planejamento e ações de ca-
pacitação de recursos humanos com o respaldo das políticas de proteção). O desafio que se colo-
ca para o futuro é a necessidade de continuar a promover a amamentação exclusiva até o sexto
mês, levando em conta grupos particulares da população.
Palavras-chave Aleitamento Materno; Programas Governamentais; Nutrição Infantil
REA, M. F.
S38
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
Introdução
Cientes de criteriosa revisão da literatura cien-
tífica (Kramer & Kakuma, 2002), os ministros
de saúde aprovaram Resolução na 54a Assem-
bléia Mundial de Saúde, da Organização Mun-
dial da Saúde (OMS), recomendando que todas
as crianças devem receber exclusivamente lei-
te materno até cerca de seis meses de vida e
que a amamentação deve ser mantida por pelo
menos dois anos; e concluem que são três os
grandes desafios a ser enfrentados pelos pro-
gramas pró-amamentação neste século: (1) co-
mo manter a amamentação exclusiva desde o
nascimento até o sexto mês, (2) como trabalhar
a introdução do alimento complementar ade-
quado sem interromper a amamentação a par-
tir do sexto mês e (3) como promover a melhor
alimentação infantil para grupos especiais da
população (mães HIV positivas, catástrofes,
etc.) sem causar distúrbios na prática de ama-
mentar da população em geral.
Em 1984, foi publicada pela primeira vez
uma meta-análise mostrando que amamentar
exclusivamente até cerca de 4-6 meses protege
a criança contra a morte por doenças infeccio-
sas (Feachem & Koblinsky, 1984). Victora et al.
(1987), em estudo caso-controle, demonstra-
ram que quanto mais leite materno exclusivo
uma criança recebe, menor o risco de morrer
por diarréia e outras infecções. Os conhecimen-
tos das últimas duas décadas, evidenciam que
vários são os agravos significativamente piores
quando a amamentação não acontece, entre os
quais: enterocolite necrotizante (Lucas & Cole,
1990), diabetes (Karjalainen et al., 1992), aler-
gias (Saarinen & Kajosaari, 1995), pneumonia
(César et al., 1999). Mostrou-se também, que o
uso do leite materno para recém nascidos pre-
maturos e de baixo peso leva a maiores índices
de inteligência (Lucas et al., 1992) e acuidade
visual (Birch et al., 1993). Por muitos anos des-
conheceu-se o valor nutricional e imunológico
do leite materno e o valor do ato de amamen-
tar e suas conseqüências fisiológicas, emocio-
nais e de menor morbidade para o bebê e para
a mãe (menos câncer de ovário – Gwinn et al.,
1990 – e de mama pré-menopausa – Michels
et al., 1996). Assim, atividades ou programas
pró-amamentação eram desenhados sem mui-
tos critérios. Os fatores determinantes do des-
mame mais as atividades pró-aleitamento ma-
terno mal executadas continuavam a levar ao
uso do leite artificial e da mamadeira.
Durante a década de 80, diversos trabalhos
mostraram que as atividades de amamentação,
se bem estruturadas e principalmente, se mul-
tisetoriais e bem coordenadas, levavam ao au-
mento da prática de amamentar. O Programa
Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno
no Brasil (PNIAM) foi exemplar nesse sentido
(Rea, 1989), mas atividades bem coordenadas
também são descritas em outros países (Jelliffe
& Jelliffe, 1988).
Ações setoriais pró-amamentação têm de
ser respaldadas por políticas gerais, como ficou
claro na década de 70 na Nova Guiné (Bid-
dulph, 1981). Neste país, em um momento em
que se deu conta dos baixos índices de aleita-
mento materno, campanha pró-amamentação
foi iniciada nas escolas de educação infantil,
pelo rádio e imprensa, com a colaboração do
comércio. Estes foram instados a restringir a
venda de mamadeiras. Mas, percebeu-se que
apenas se aprovassem uma lei que respaldasse
as ações em andamento, estas poderiam ter
efeito. Assim, fez-se uma legislação proibindo
propaganda comercial de substitutos do leite
materno e regulamentando sua venda. Mama-
deiras passaram a ser vendidas apenas com
prescrição de profissional de saúde. Após al-
gum tempo observou-se que os índices de ama-
mentação haviam aumentado.
Raros, entretanto, são os estudos de cida-
des ou países que mostrem avaliação de im-
pacto de programas ou ações pró-amamenta-
ção. Refletindo sobre esse período, remeto o
leitor à Figura 1, onde se procura listar as ativi-
dades ou “marcos” – internacionais e nacionais
– que mais se destacaram nessa história, colo-
cados próximo ao ano que essa atividade se des-
tacou ou se iniciou, e a duração da amamenta-
ção (mediana em meses) naquele ano; essa du-
ração é baseada em parte em dados de inqué-
ritos nacionais (quando existem) e às vezes
apenas de áreas urbanas representativas. Os
dados dos inquéritos inicial e final estão mos-
trando que em 1975, uma em cada duas mu-
lheres amamentava apenas até o segundo, ter-
ceiro mês, enquanto que em 1999, uma em ca-
da duas mulheres leva a amamentação até cer-
ca de dez meses. Esse aumento em 25 anos po-
de ser pensado como um sucesso? Ou poderia
estar muito melhor se todas as atividades que
se realizaram tivessem sido mantidas, avaliadas,
corrigidas, bem coordenadas, melhoradas?
Este artigo tem como propósito rever a tra-
jetória do programa, privilegiando a análise da
influência das políticas internacionais sobre
aleitamento materno, e analisando o processo,
dividindo-o em quatro períodos (divisão um
tanto arbitrária, em função de momentos com
informações e dados nacionais e/ou internacio-
nais, nem sempre precisos): primeiro período
(de 1975 a 1981), segundo (de 1981 a 1986), ter-
ceiro (de 1986 a 1996) e quarto (de 1996 a 2002).
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
1o período – a década de 70
e o início dos anos 80
Não existem estudos nacionais com população
sadia que documente os índices de amamenta-
ção em décadas anteriores aos anos 70, mas,
por estudos isolados, pode-se estimar que a
prática de amamentar registra seus pontos
mais baixos nessa década, confirmados pelo
inquérito domiciliar nacional que mostrou que
era de 2,5 meses a mediana de amamentação
(Venancio & Monteiro, 1998).
A avaliação da situação em 1981, realizada
nas áreas metropolitanas de São Paulo e Recife,
revelou 2,8 e 2,4 meses, respectivamente, de
duração mediana de amamentação (Berquó et
al., 1984), permitindo-nos estimar que entre
1975 e aquele momento, ou seja, em cerca de
seis anos, quase nada havia mudado. O que se
pode dizer que constituía o panorama de ativi-
dades nesse período? O não incentivo ao alei-
tamento materno pelos pediatras, cujas esco-
REFLEXÕES SOBRE A AMAMENTAÇÃO NO BRASIL S39
las eram permeadas pelas companhias de fór-
mulas infantis junto a professores e alunos, os
quais orientavam a entrada de outros alimen-
tos precocemente na dieta; propaganda não
ética de substitutos do leite materno e grande
venda desses produtos; distribuição gratuita de
leite pelo governo, através dos chamados Pro-
gramas de Suplementação Alimentar, onde a
criança podia receber leite em pó desde o iní-
cio da vida; e algumas ações de incentivo a
amamentação em instituições isoladas, impul-
sionadas por profissionais pioneiros.
À mesma época, a preocupação com o des-
mame e com o papel da propaganda dos subs-
titutos do leite materno levou o Secretário de
Saúde de Pernambuco (Prof. Fernando Figuei-
ra) a proibir mamadeiras e leite gratuito nas
unidades de saúde e maternidades desse estado.
É de 1978 o primeiro estudo (Goldemberg,
1988), que documenta no Brasil as práticas in-
devidas de marketing de substitutos do leite
materno: são descritas formas de propaganda
Figura 1
Duração mediana da amamentação. Brasil.
REA, M. F.
S40
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
em revistas leigas desde 1916, e em revistas
científicas como Pediatria Prática, Jornal de
Pediatria, etc.
Nesse período, ocorre a Reunião Conjunta
OMS/UNICEF sobre Alimentação Infantil e da
Criança Pequena (1979), organizada pela OMS,
em Genebra. Entre outras, uma decisão deste
evento foi que se deveria elaborar um código
de conduta ética quanto à propaganda de pro-
dutos que interferiam na amamentação. O Bra-
sil esteve lá representado pela presidência do
Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição
(INAN), que colaborou na elaboração do Códi-
go Internacional de Comercialização de Substi-
tutos do Leite Materno, fato importante, a nos-
so ver, para a decisão de um programa pró-
amamentação neste país.
Em 1980, o INAN busca a ajuda da Organi-
zação Pan-Americana da Saúde (OPAS) e do
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNI-
CEF), para elaborar um audiovisual sobre ama-
mentação com a finalidade de sensibilizar po-
líticos, autoridades de saúde, meios de comu-
nicação de massa, líderes comunitários e de
igreja, etc. Este audiovisual apoiava-se em pe-
diatras famosos e apelava para a necessidade
de acumular divisas no país em um momento
de crise, dando relevância aos aspectos do va-
lor econômico do leite materno, comparando-
o aos gastos com leites artificiais. Após percor-
rer o país com esse material, técnicos do UNI-
CEF e do INAN apresentaram-no aos ministros
da saúde e previdência social, sendo decidido
o lançamento do PNIAM.
Defendemos a tese de que as políticas pró-
amamentação – tanto nacionais como interna-
cionais – mostram-se fundamentais como res-
paldo às atividades programáticas locais (Rea,
1989). Segundo nossa análise, a decisão política
tomada em 1981, por autoridades brasileiras
de lançar um programa pode ser vista como re-
sultado de: uma situação internacional favorá-
vel, uma análise adequada da situação e dos
determinantes do desmame precoce e a neces-
sidade da volta à amamentação no nosso meio.
2o período – de 1981 a 1986
Os aspectos mais importantes do programa
brasileiro pró-amamentação de 1981 foram: (1)
ter uma coordenação nacional, (2) utilizar a
mobilização social de todos os possíveis atores
no tema e (3) contar com campanhas bem ela-
boradas na mídia. Com isso, o que se documen-
ta em 1986, cinco anos após a primeira avalia-
ção, é que a duração mediana da amamenta-
ção aumentou na Grande São Paulo, indo de
2,9 para 4,2 meses, e na Grande Recife, de 2,2
para 3,5 meses; nessa área, o aleitamento pre-
dominante, que era de 15 dias apenas, passou
a 32 dias de duração mediana, com populações
e instrumentos de coleta e análise comparáveis
(Rea, 1990).
À mobilização social iniciada com o audio-
visual acima mencionado, segue-se a primeira
campanha na mídia, coberta por quase cem
canais de televisão (alcance de 15,5 milhões de
famílias) e seiscentas estações de rádio (vinte
milhões de famílias), além de quatro propa-
gandas na imprensa escrita visando a atingir lí-
deres formadores de opinião. Por outro lado,
folhetos de loteria esportiva, contas de água,
telefone e energia, e extratos bancários veicu-
laram o tema da campanha “Dê o Seio ao Seu
Filho Pelo Menos Durante os Seis Primeiros Me-
ses”, por 45 dias, totalizando cerca de dez mi-
lhões de contatos desse tipo. Os 17 textos mu-
sicados para rádio foram gravados em peque-
nos discos e distribuídos para 9 mil locutores –
difícil de se calcular o alcance e continuidade
do uso deste meio. A estratégia de criar em ca-
da estado uma coordenação estadual de enti-
dades envolvidas no programa foi alcançada ao
final de 1981, e muitos organismos tiveram pa-
pel destacado nessa atividade como a Igreja
Católica (com a Conferência Nacional dos Bis-
pos do Brasil – CNBB), o Movimento de Alfabe-
tização (MOBRAL) e a Legião Brasileira de As-
sistência (LBA), com centenas de grupos de
mães, além de associações de classe como a
Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrí-
cia e a Sociedade Brasileira de Pediatria (com
reuniões científicas, publicações e mais de 70
mil impressos para mães).
Esse tipo de mobilização torna difícil quan-
tificar quantos eventos, seminários, cursos ou
treinamentos foram oferecidos. Isso ocorreu de
forma heterogênea e sem material didático
unificado, com poucos textos em Português
disponíveis para treinamento ou atualização
em aleitamento. O UNICEF apoiou a realização
de duas pesquisas: uma quantitativa, dando ao
programa dados básicos de como estava a si-
tuação do aleitamento no Brasil, e uma quali-
tativa, que permitiu conhecer de forma mais
aprofundada que mensagens contra o desma-
me precoce poderiam ser mais apropriadas. À
época, lança-se a Portaria sobre Alojamento
Conjunto, determinando que as maternidades
com leitos pagos pela previdência social deve-
riam oferecer leitos no mesmo quarto às partu-
rientes e seus recém-nascidos. Em geral, as
maternidades adotavam até aquele período re-
gras rígidas de separação mãe e filho no pós-
parto, uso de soro glicosado como rotina de
alimento pré-lácteo, horários fixos de mama-
REFLEXÕES SOBRE A AMAMENTAÇÃO NO BRASIL S41
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
das, complementação com mamadeira e ou-
tras medidas inadequadas de manejo clínico
da lactação (Berquó et al., 1984).
Outras políticas de proteção à amamenta-
ção quase não foram feitas nessa época, embo-
ra registremos a revisão dos benefícios da mãe
trabalhadora e lactante, e a tentativa de trans-
formação do código internacional em norma
brasileira. O código havia sido aprovado em
Assembléia na OMS em maio de 1981; a pro-
posta de haver uma norma nacional nele ba-
seada foi arquivada em 1983 pelo INAN, após
parecer da consultoria jurídica do Ministério
da Saúde (MS).
Desde antes do lançamento do código e
mais sistematicamente após sua entrada em
vigor, as companhias de fórmulas infantis esta-
vam sob pressão internacional dos grupos IB-
FAN (International Baby Food Action Network),
para interromper suas formas de promoção co-
mercial não éticas. O grupo IBFAN que se havia
iniciado no país em 1983, era pouco expressivo
tendo dificuldades de monitorar as práticas de
marketing. Mas como internacionalmente essa
rede realizava um boicote à Nestlé, e esta era a
companhia que praticamente monopolizava as
vendas de leites infantis no país, fomos benefi-
ciados indiretamente por esse boicote, já que
essa companhia mudou seus rótulos e outras
formas de propaganda também no Brasil (Rea
& Toma, 1997).
A segunda campanha, em 1982-1983, pelos
meios de comunicação de massa, foi mais bem
trabalhada que a primeira. Valendo-se da expe-
riência da anterior e das pesquisas quantitativa
e qualitativa, foi feito inicialmente um planeja-
mento estratégico de campanha. Sabendo-se
que cerca de 90% de mulheres no Brasil inicia-
vam a amamentação, a mensagem não poderia
ser como em países onde menos de 70% de
mães iniciam a amamentação, como nos Esta-
dos Unidos, por exemplo. Era preciso trabalhar
sobre a sustentação da amamentação. Não di-
zer “Amamente!”, mas sim: “Amamentação: con-
tinue; toda a mulher pode”. Para atacar as cau-
sas de desmame precoce, centrou-se na pes-
quisa qualitativa, que informava que: muitas
mulheres acreditam que seu leite é “fraco”, fi-
cam ansiosas e por isso introduzem mamadei-
ra; outras acham que seus seios podem “cair”
devido à amamentação; outras pensam que
voltar ao trabalho impede a mãe de continuar
dando o peito e outras tantas acreditam no pe-
diatra, cuja formação trazia mais informações
sobre como prescrever uma fórmula infantil do
que como orientar sobre o manejo clínico da
lactação. Foram contratados artistas e persona-
lidades famosas, e cada um deles passava men-
sagens relacionadas aos temas acima descritos,
em cinco comerciais pela TV.
A campanha foi veiculada nos intervalos
comerciais pelas empresas de televisão Globo,
Bandeirantes e TVS. Houve merchandising na
novela Louco Amor e na Revista Manchete. A
audiência estimada, alcançada considerando a
população com televisão e o tempo de exposi-
ção, foi de 500 milhões de espectadores em São
Paulo e 169 milhões em Recife (CBBA, 1980),
sem contar nas demais cidades. Vale notar que,
nesse mesmo período, era freqüente a presença
de comerciais de “alimentos infantis Nestlé”, de
mamadeiras e bicos diversos, além de comer-
ciais esporádicos de leite Ninho e leite tipo B –
usados no preparo de fórmula infantil caseira.
Como parte do planejamento da campa-
nha, foi distribuído um kit sobre amamentação
a jornalistas. Com isso, entre 13 de fevereiro de
1983 e 27 de março de 1983, 78 artigos sobre o
tema, em diversas revistas para leigos foram
encontrados em 25 cidades brasileiras (Jelliffe
& Jelliffe, 1983).
Nos anos de 1984/1985/1986, as atividades
pró-amamentação continuam a ser registradas
nos estados, mas passa a haver um enfraqueci-
mento da coordenação do programa, na medi-
da em que o MS, em dezembro de 1983, publi-
ca uma portaria onde ações de incentivo ao
aleitamento deveriam fazer parte das Ações
Integradas de Saúde. Nessa época, o UNICEF
também redireciona suas prioridades para o
GOBI (Growth, Oral rehidration, Breastfeeding,
Immunization) conjunto de ações básicas de
saúde infantil.
Em 1985, o INAN realiza em Porto Alegre,
um Evento Nacional de Aleitamento Materno
(ENAM) e o Instituto Fernandes Figueira (IFF),
da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, ini-
cia a implantação de Bancos de Leite Humano
(BLH), uma atividade antes esporádica em um
ou outro hospital do país.
Em nível internacional, importante marco
referencial na história da amamentação ocorre
em 1986, na Assembléia Mundial de Saúde,
quando se vota a resolução que clarifica o arti-
go 6 do código sobre doações de substitutos de
leite materno, como sendo desnecessárias a
maternidades, pois sendo poucos os bebês que
são exceção ao uso do leite humano, sua ali-
mentação deve ser adquirida pelos canais nor-
mais de compras de medicamentos. Define
também que os chamados “leites de seguimen-
to” são desnecessários.
REA, M. F.
S42
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
3o período – de 1987 a 1996
No final da década de 80, apropriando-se da
informação de que o aleitamento materno ex-
clusivo no início da vida é fundamental, auto-
ridades da OMS, do UNICEF, de organismos bi-
laterais e técnicos passam a se reunir no senti-
do de elaborar uma estratégia que levasse em
conta os diversos determinantes que interfe-
riam nessa prática, criando-se o IGAB (Inter-
national Group on Action on Breastfeeding).
Este aprofunda como trabalhar aqueles deter-
minantes: serviços de saúde e hospitais; gru-
pos de mães e comunidade; treinamento (des-
tacando-se os cursos de especialização em lac-
tação humana do Wellstart International, de
San Diego, Estados Unidos); comunicação,
educação, código e mulher trabalhadora. Esse
processo se encerra com a Declaração de Inoc-
centi (1990).
Em 1989, a OMS e o UNICEF lançam um
documento que se pode reputar como funda-
mental hoje em qualquer atividade programá-
tica: a Declaração Conjunta sobre o Papel dos
Serviços de Saúde e Maternidades (OMS/UNI-
CEF, 1989), onde se mencionam dez ações rela-
cionadas a incentivar o aleitamento materno,
com o resumo do que as maternidades deve-
riam fazer – os chamados dez passos para o su-
cesso do aleitamento materno. Em um momen-
to onde não havia textos internacionais dispo-
níveis de capacitação de pessoal em aleitamen-
to e orientação sobre rotinas de pré-natal e
parto, essa declaração passa a ocupar impor-
tante lacuna.
Quanto à Declaração de Inoccenti, diferen-
temente de qualquer outro documento inter-
nacional produzido antes pelas autoridades de
saúde, ela foi o resultado de um longo e parti-
cipativo processo de análise, e traz metas defi-
nidas e objetivos claros a serem alcançados pe-
los países na promoção da amamentação: for-
talecer a mulher na sua decisão de amamentar
exclusivamente até os 4 ou 6 meses de vida e
continuar amamentando, com alimentos com-
plementares, até o segundo ano de vida ou
mais. E resume quatro ações fundamentais pa-
ra que isso ocorra: (1) ter uma coordenação e
um comitê pró-amamentação, (2) assegurar
que as maternidades cumpram os dez passos
para o sucesso do aleitamento materno, (3) im-
plementar todo o código e resoluções subse-
qüentes relevantes da Assembléia Mundial de
Saúde e (4) buscar formas imaginativas de pro-
teger a mulher trabalhadora lactante, respei-
tando seus benefícios.
No Brasil, o final dos anos 80 representou
um período de retomada da coordenação do
programa e em 1987 é dado impulso principal-
mente às equipes de trabalho do código, dos
bancos de leite, de mulher e trabalho, e de edu-
cação e comunidade. Os resultados consoli-
dam em 1988, pelo menos quatro políticas pró-
amamentação no país: aprovamos nosso códi-
go, denominado Norma Brasileira de Comer-
cialização de Alimentos para Lactentes, após
meses de negociações com a indústria de ali-
mentos; estabelecemos normas sobre funcio-
namento dos BLH e na nova Constituição Brasi-
leira conseguimos incluir pelo menos dois be-
nefícios em prol da amamentação: o direito da
trabalhadora a quatro meses de licença mater-
nidade e o direito ao pai a cinco dias de licença
paternidade.
Em maio de 1988, o MS regulamenta os
BLH com normas sanitárias e de capacitação
técnica, tendo o IFF (primeiro BLH do país em
1943) como referência nacional e estabelecen-
do que os bancos não deveriam ser apenas lo-
cais de coleta, processamento e estocagem de
leite humano, mas sim centros nucleadores de
atividades pró-amamentação.
A Cúpula Mundial da Infância (1990), com
a participação do Brasil, estabeleceu metas pa-
ra a década, algumas sobre aleitamento: garan-
tir a duração da amamentação conforme reco-
mendado em Inoccenti, garantir que 50% dos
hospitais que atendam mil partos ou mais se-
jam credenciados como hospitais “Amigos da
Criança” e terminar com a distribuição de su-
cedâneos de leite materno nos serviços de saú-
de. Assim, tanto a Declaração de Inoccenti co-
mo a cúpula representaram marcos importan-
tes que influenciaram a reordenação do pro-
grama pró-amamentação brasileiro.
Em 1991 foi lançada a Iniciativa Hospital
Amigo da Criança (IHAC), com dois objetivos:
mudar as rotinas hospitalares segundo o cum-
primento dos “Dez Passos Para o Sucesso da
Amamentação” e não aceitar doações de subs-
titutos do leite materno. Esta iniciativa cria pe-
la primeira vez um referencial de avaliação in-
ternacional único para os hospitais. No Brasil,
a IHAC começou em 1992. Até 1996 o cresci-
mento de hospitais foi acelerado, sendo esse o
ano com maior número de hospitais creden-
ciados. Se a velocidade de aprovação de novas
maternidades continuasse como vinha aconte-
cendo, chegaríamos a 2000 com cerca de qua-
trocentos Hospitais Amigos da Criança; nesse
ano, entretanto, o MS decide agregar pré-requi-
sitos para que os hospitais se credenciem, além
dos dez passos, entre os quais uma taxa mais
baixa de cesáreas; desacelera-se a IHAC desde
então, e em 2000 não havíamos atingido nem a
metade do que foi pretendido.
REFLEXÕES SOBRE A AMAMENTAÇÃO NO BRASIL S43
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
O UNICEF, profissionais independentes e
diversas organizações não governamentais
(entre as quais: IBFAN, La Leche League, ILCA
– International Lactation Consultant Associa-
tion –, Wellstart, etc.) preocupados com a pos-
sibilidade da não implementação de políticas
com metas tão importantes que haviam sido
decididas no início da década de 90, decidem
criar em fevereiro de 1992 a Aliança Mundial de
Ações Pró-Amamentação (WABA). Essa coali-
zão mostrou-se fundamental para instigar
anualmente a participação de grupos e pessoas
na Semana Mundial de Amamentação, quando
temas diferentes são tratados, como a questão
da IHAC, do trabalho da mulher, da educação,
etc. No nosso país a Semana Mundial de Ama-
mentação tem tido atuação destacada, está
presente hoje em inúmeros municípios e já se
avaliou que cumpre esse papel de mobilizador
social para o qual ela foi originalmente criada
(Siqueira & Toma, 2001).
4o período – de 1996 a 2002
Neste último período em análise, nota-se um
incremento na duração da amamentação de
cerca de três meses em três anos, ou seja, a du-
ração mediana vai de sete meses (BEMFAM/
DHS/IBGE/MS/UNICEF, 1997) a aproximada-
mente dez meses em 1999 (lembramos que es-
te é um dado referente às capitais do país, ex-
ceto Rio de Janeiro, baseado na pesquisa reali-
zada pelo MS em 1999. Sabendo-se que a ama-
mentação costuma ser mais prolongada em ci-
dades pequenas e em zonas rurais, admite-se
que este dado esteja subestimado).
Internacionalmente OMS e UNICEF colo-
cam à disposição quatro cursos de amamenta-
ção para públicos-alvo diferentes: um curso de
18 horas para equipes de hospitais que querem
fazer parte da IHAC; um de oitenta horas para
formar monitores; um de aconselhamento com
quarenta horas (com oito horas de prática), pa-
ra os que lidam diretamente com mães e bebês
e um curso rápido de sensibilização para che-
fias. Estes materiais são traduzidos para o Por-
tuguês por iniciativa da rede IBFAN e passam a
ser utilizados pelo MS.
Capacitar pessoal passa a ser uma das ativi-
dades mais importantes do programa neste úl-
timo período sob análise. A partir de uma coor-
denação em 1997, que planeja todas as ações
com metas e recursos bem definidos, os cursos
acima, exceto o de oitenta horas, passam a ser
amplamente utilizados em todas as regiões do
país, e junta-se a eles os cursos próprios para
capacitar o pessoal de BLH e o curso sobre a
Norma Brasileira de Comercialização de Ali-
mentos para Lactentes (NBCAL), ministrados
pelos monitores da IBFAN. Apenas neste pe-
ríodo estima-se que foram capacitados mais
profissionais do que em toda a história do pro-
grama.
Os fiscais sanitários, o pessoal ligado à de-
fesa do consumidor e as procuradorias jurídi-
cas passam a ser o grupo alvo da capacitação
sobre a NBCAL, realizada pela rede IBFAN, por
um acordo com o MS. Nesses treinamentos,
agrega-se um componente prático de monito-
ramento da norma, o que dá ao MS pela pri-
meira vez resultados nacionais sobre o cumpri-
mento da legislação sobre alimentos infantis,
bicos, chupetas e mamadeiras. A partir de
1999, com o apoio de um consultor da Procu-
radoria Jurídica do Distrito Federal, o MS toma
medidas de diálogo e imposição de regras às
companhias infratoras. Isso foi crítico para se
notar a necessidade de rever pela segunda vez
a NBCAL, o que é feito nos anos 2000-2001, pu-
blicando-se novas portarias mais abrangentes
e melhor detalhadas.
Quanto à IHAC, o credenciamento de hos-
pitais que havia diminuído em 1996, volta a se
acelerar. Dos cerca de 250 “Hospitais Amigo da
Criança” existentes no Brasil em 2002, a grande
maioria está no Nordeste e é público ou filan-
trópico.
O crescimento da rede de BLH, chegando
perto de 150 bancos tem sido notável nos anos
recentes, em particular com vigilância e capaci-
tação de equipes por todas as regiões. A coleta
de leite domiciliar é feita em parceria com o
Corpo de Bombeiros (Projeto Bombeiro Amigo).
Outra atividade em destaque no último pe-
ríodo é a parceria com os Correios e Telégrafos
na Semana Mundial de Amamentação, que ini-
ciou-se no Ceará, em seguida em nove estados
nordestinos e desde 2001 está em quase todos
os estados do país. Não há estudos avaliando o
alcance e impacto de tais atividades.
E o futuro?
Os organismos internacionais decidiram rever
as metas da Declaração de Inoccenti dez anos
depois e repensar o que passou a ser chamado
Estratégia Global sobre Alimentação Infantil e
da Criança Pequena (GSIYCF), lançada no ano
de 2002 (aprovada como resolução da Assem-
bléia Mundial de Saúde, na OMS, em 2002). As
bases desta estratégia significam reafirmar
aquela declaração, ou seja, a necessidade de
incentivar a amamentação exclusiva por seis
meses, e buscar formas ótimas de promover a
alimentação complementar adequada sem in-
REA, M. F.
S44
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
terromper a amamentação até pelo menos o
segundo ano de vida. E incluir a problemática
de como trabalhar essas duas recomendações
entre os chamados grupos em circunstâncias
especiais (mães HIV positivas e famílias em si-
tuações de emergência).
Trabalhando nessa linha, já estão disponí-
veis pela OMS e UNICEF, um curso de aconse-
lhamento para mães HIV positivas, materiais de
referência do Programa Conjunto das Nações
Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), da OMS e
do UNICEF sobre HIV e alimentação infantil,
materiais sobre as opções de alimentação em
situações de emergência e como aconselhar
alimentação complementar.
No Brasil, a mensagem e a política em prol
da amamentação exclusiva por seis meses já
está em vigência há mais de dez anos, e dessa
forma, pudemos atuar decisivamente pela sua
aprovação na Assembléia Mundial de Saúde
em 2001, pois mostramos que é possível incre-
mentar o aleitamento exclusivo: estima-se um
aumento de cerca de dez vezes na prevalência
de aleitamento materno exclusivo de 0 a 4 me-
ses, que era de cerca de 3.8% em 1986 e au-
menta cerca de dez vezes em 1996 (BEMFAM/
DHS/IBGE/MS/UNICEF, 1997).
Levando-se em conta os acertos e erros do
programa nos anos anteriores, e a necessidade
de melhorar os índices de amamentação no
país, a proposta atual do MS é continuar a cen-
trar as atividades naquelas já delineadas ante-
riormente, redirecionar o trabalho intensifi-
cando a atenção humanizada ao recém-nasci-
do com o método mãe canguru e o uso de leite
humano e implantar a Iniciativa Unidades Bá-
sicas Amigas da Amamentação (IUBAAM) nos
ambulatórios que fazem atenção primária, pa-
ra melhorar a sustentação do aleitamento ma-
terno. Entretanto, ao se rever as quatro estraté-
gias da Declaração de Inoccenti vê-se que a me-
nos executada no nosso país é a referente ao
incentivo à amamentação de mães trabalhado-
ras; ações dirigidas a esse grupo populacional
necessitam de estudos cuidadosos que de-
monstrem o que seria mais custo-efetivo.
Refletindo sobre todos os estudos publica-
dos nesse período e as ações realizadas, desta-
camos como desafio a avaliação de todo o pro-
cesso recente e o impacto das ações de aleita-
mento do país sobre a morbi-mortalidade e o
crescimento infantil, o que acreditamos ser
uma lacuna de pesquisa a ser preenchida, dan-
do respostas especialmente àqueles que ainda
questionam sobre o porquê dos grandes esfor-
ços desenvolvidos por diversas pessoas e insti-
tuições neste tema.
Agradecimentos
A Maria de Fátima Moura Araújo, responsável pela
Coordenação do Aleitamento Materno da Área de
Saúde da Criança, Secretaria de Políticas de Saúde,
Ministério da Saúde.
REFLEXÕES SOBRE A AMAMENTAÇÃO NO BRASIL S45
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003
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Brasil)/DHS (Demographic and Health Survey)/
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tions diseases in Brazil. Lancet, 2:319-321.
Recebido em 4 de junho de 2002
Versão final reapresentada em 28 de outubro de 2002
Aprovado em 11 de dezembro de 2002

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  • 1. S37 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 REVISÃO REVIEW Reflexões sobre a amamentação no Brasil: de como passamos a 10 meses de duração A review of breastfeeding in Brazil and how the country has reached ten months’ breastfeeding duration 1 Instituto de Saúde, Coordenação dos Institutos de Pesquisa, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Rua Santo Antônio 590, São Paulo, SP 01314-000, Brasil. marifrea@isaude.sp.gov.br Marina Ferreira Rea 1 Abstract In 1975, one out of two Brazilian women only breastfed until the second or third month; in a survey from 1999, one out of two breastfed for 10 months. This increase over the course of 25 years can be viewed as a success, but it also shows that many activities could be bet- ter organized, coordinated, and corrected when errors occur. Various relevant decisions have been made by international health agencies during this period, in addition to studies on breast- feeding that have reoriented practice. We propose to review the history of the Brazilian national program to promote breastfeeding, focusing on an analysis of the influence of international poli- cies and analyzing them in four periods: 1975-1981 (when little was done), 1981-1986 (media campaigns), 1986-1996 (breastfeeding-friendly policies), and 1996-2002 (planning and human resources training activities backed by policies to protect breastfeeding). The challenge for the fu- ture is to continue to promote exclusive breastfeeding until the sixth month, taking specific pop- ulation groups into account. Key words Breastfeeding; Governments Programs; Infant Nutrition Resumo Se em 1975 uma em cada duas mulheres amamentava apenas até o segundo ou tercei- ro mês no Brasil, no último inquérito de 1999, uma em cada duas mulheres amamenta até cerca de dez meses. Esse aumento em 25 anos pode tanto ser pensado como um sucesso, como pode ser visto como algo que poderia estar muito melhor se todas as atividades que se realizaram no país tivessem sido mantidas, avaliadas, corrigidas, bem coordenadas, melhoradas. Diversas foram as decisões de organismos internacionais de saúde no período, assim como estudos sobre aleita- mento que reorientaram ações. Propomo-nos a tentar rever a trajetória do programa nacional, privilegiando a análise da influência das políticas internacionais e analisando-o em quatro pe- ríodos: de 1975 a 1981 (quando pouco era feito), de 1981 a 1986 (as campanhas na mídia), de 1986 a 1996 (políticas em prol da amamentação) e de 1996 a 2002 (planejamento e ações de ca- pacitação de recursos humanos com o respaldo das políticas de proteção). O desafio que se colo- ca para o futuro é a necessidade de continuar a promover a amamentação exclusiva até o sexto mês, levando em conta grupos particulares da população. Palavras-chave Aleitamento Materno; Programas Governamentais; Nutrição Infantil
  • 2. REA, M. F. S38 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 Introdução Cientes de criteriosa revisão da literatura cien- tífica (Kramer & Kakuma, 2002), os ministros de saúde aprovaram Resolução na 54a Assem- bléia Mundial de Saúde, da Organização Mun- dial da Saúde (OMS), recomendando que todas as crianças devem receber exclusivamente lei- te materno até cerca de seis meses de vida e que a amamentação deve ser mantida por pelo menos dois anos; e concluem que são três os grandes desafios a ser enfrentados pelos pro- gramas pró-amamentação neste século: (1) co- mo manter a amamentação exclusiva desde o nascimento até o sexto mês, (2) como trabalhar a introdução do alimento complementar ade- quado sem interromper a amamentação a par- tir do sexto mês e (3) como promover a melhor alimentação infantil para grupos especiais da população (mães HIV positivas, catástrofes, etc.) sem causar distúrbios na prática de ama- mentar da população em geral. Em 1984, foi publicada pela primeira vez uma meta-análise mostrando que amamentar exclusivamente até cerca de 4-6 meses protege a criança contra a morte por doenças infeccio- sas (Feachem & Koblinsky, 1984). Victora et al. (1987), em estudo caso-controle, demonstra- ram que quanto mais leite materno exclusivo uma criança recebe, menor o risco de morrer por diarréia e outras infecções. Os conhecimen- tos das últimas duas décadas, evidenciam que vários são os agravos significativamente piores quando a amamentação não acontece, entre os quais: enterocolite necrotizante (Lucas & Cole, 1990), diabetes (Karjalainen et al., 1992), aler- gias (Saarinen & Kajosaari, 1995), pneumonia (César et al., 1999). Mostrou-se também, que o uso do leite materno para recém nascidos pre- maturos e de baixo peso leva a maiores índices de inteligência (Lucas et al., 1992) e acuidade visual (Birch et al., 1993). Por muitos anos des- conheceu-se o valor nutricional e imunológico do leite materno e o valor do ato de amamen- tar e suas conseqüências fisiológicas, emocio- nais e de menor morbidade para o bebê e para a mãe (menos câncer de ovário – Gwinn et al., 1990 – e de mama pré-menopausa – Michels et al., 1996). Assim, atividades ou programas pró-amamentação eram desenhados sem mui- tos critérios. Os fatores determinantes do des- mame mais as atividades pró-aleitamento ma- terno mal executadas continuavam a levar ao uso do leite artificial e da mamadeira. Durante a década de 80, diversos trabalhos mostraram que as atividades de amamentação, se bem estruturadas e principalmente, se mul- tisetoriais e bem coordenadas, levavam ao au- mento da prática de amamentar. O Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno no Brasil (PNIAM) foi exemplar nesse sentido (Rea, 1989), mas atividades bem coordenadas também são descritas em outros países (Jelliffe & Jelliffe, 1988). Ações setoriais pró-amamentação têm de ser respaldadas por políticas gerais, como ficou claro na década de 70 na Nova Guiné (Bid- dulph, 1981). Neste país, em um momento em que se deu conta dos baixos índices de aleita- mento materno, campanha pró-amamentação foi iniciada nas escolas de educação infantil, pelo rádio e imprensa, com a colaboração do comércio. Estes foram instados a restringir a venda de mamadeiras. Mas, percebeu-se que apenas se aprovassem uma lei que respaldasse as ações em andamento, estas poderiam ter efeito. Assim, fez-se uma legislação proibindo propaganda comercial de substitutos do leite materno e regulamentando sua venda. Mama- deiras passaram a ser vendidas apenas com prescrição de profissional de saúde. Após al- gum tempo observou-se que os índices de ama- mentação haviam aumentado. Raros, entretanto, são os estudos de cida- des ou países que mostrem avaliação de im- pacto de programas ou ações pró-amamenta- ção. Refletindo sobre esse período, remeto o leitor à Figura 1, onde se procura listar as ativi- dades ou “marcos” – internacionais e nacionais – que mais se destacaram nessa história, colo- cados próximo ao ano que essa atividade se des- tacou ou se iniciou, e a duração da amamenta- ção (mediana em meses) naquele ano; essa du- ração é baseada em parte em dados de inqué- ritos nacionais (quando existem) e às vezes apenas de áreas urbanas representativas. Os dados dos inquéritos inicial e final estão mos- trando que em 1975, uma em cada duas mu- lheres amamentava apenas até o segundo, ter- ceiro mês, enquanto que em 1999, uma em ca- da duas mulheres leva a amamentação até cer- ca de dez meses. Esse aumento em 25 anos po- de ser pensado como um sucesso? Ou poderia estar muito melhor se todas as atividades que se realizaram tivessem sido mantidas, avaliadas, corrigidas, bem coordenadas, melhoradas? Este artigo tem como propósito rever a tra- jetória do programa, privilegiando a análise da influência das políticas internacionais sobre aleitamento materno, e analisando o processo, dividindo-o em quatro períodos (divisão um tanto arbitrária, em função de momentos com informações e dados nacionais e/ou internacio- nais, nem sempre precisos): primeiro período (de 1975 a 1981), segundo (de 1981 a 1986), ter- ceiro (de 1986 a 1996) e quarto (de 1996 a 2002).
  • 3. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 1o período – a década de 70 e o início dos anos 80 Não existem estudos nacionais com população sadia que documente os índices de amamenta- ção em décadas anteriores aos anos 70, mas, por estudos isolados, pode-se estimar que a prática de amamentar registra seus pontos mais baixos nessa década, confirmados pelo inquérito domiciliar nacional que mostrou que era de 2,5 meses a mediana de amamentação (Venancio & Monteiro, 1998). A avaliação da situação em 1981, realizada nas áreas metropolitanas de São Paulo e Recife, revelou 2,8 e 2,4 meses, respectivamente, de duração mediana de amamentação (Berquó et al., 1984), permitindo-nos estimar que entre 1975 e aquele momento, ou seja, em cerca de seis anos, quase nada havia mudado. O que se pode dizer que constituía o panorama de ativi- dades nesse período? O não incentivo ao alei- tamento materno pelos pediatras, cujas esco- REFLEXÕES SOBRE A AMAMENTAÇÃO NO BRASIL S39 las eram permeadas pelas companhias de fór- mulas infantis junto a professores e alunos, os quais orientavam a entrada de outros alimen- tos precocemente na dieta; propaganda não ética de substitutos do leite materno e grande venda desses produtos; distribuição gratuita de leite pelo governo, através dos chamados Pro- gramas de Suplementação Alimentar, onde a criança podia receber leite em pó desde o iní- cio da vida; e algumas ações de incentivo a amamentação em instituições isoladas, impul- sionadas por profissionais pioneiros. À mesma época, a preocupação com o des- mame e com o papel da propaganda dos subs- titutos do leite materno levou o Secretário de Saúde de Pernambuco (Prof. Fernando Figuei- ra) a proibir mamadeiras e leite gratuito nas unidades de saúde e maternidades desse estado. É de 1978 o primeiro estudo (Goldemberg, 1988), que documenta no Brasil as práticas in- devidas de marketing de substitutos do leite materno: são descritas formas de propaganda Figura 1 Duração mediana da amamentação. Brasil.
  • 4. REA, M. F. S40 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 em revistas leigas desde 1916, e em revistas científicas como Pediatria Prática, Jornal de Pediatria, etc. Nesse período, ocorre a Reunião Conjunta OMS/UNICEF sobre Alimentação Infantil e da Criança Pequena (1979), organizada pela OMS, em Genebra. Entre outras, uma decisão deste evento foi que se deveria elaborar um código de conduta ética quanto à propaganda de pro- dutos que interferiam na amamentação. O Bra- sil esteve lá representado pela presidência do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), que colaborou na elaboração do Códi- go Internacional de Comercialização de Substi- tutos do Leite Materno, fato importante, a nos- so ver, para a decisão de um programa pró- amamentação neste país. Em 1980, o INAN busca a ajuda da Organi- zação Pan-Americana da Saúde (OPAS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNI- CEF), para elaborar um audiovisual sobre ama- mentação com a finalidade de sensibilizar po- líticos, autoridades de saúde, meios de comu- nicação de massa, líderes comunitários e de igreja, etc. Este audiovisual apoiava-se em pe- diatras famosos e apelava para a necessidade de acumular divisas no país em um momento de crise, dando relevância aos aspectos do va- lor econômico do leite materno, comparando- o aos gastos com leites artificiais. Após percor- rer o país com esse material, técnicos do UNI- CEF e do INAN apresentaram-no aos ministros da saúde e previdência social, sendo decidido o lançamento do PNIAM. Defendemos a tese de que as políticas pró- amamentação – tanto nacionais como interna- cionais – mostram-se fundamentais como res- paldo às atividades programáticas locais (Rea, 1989). Segundo nossa análise, a decisão política tomada em 1981, por autoridades brasileiras de lançar um programa pode ser vista como re- sultado de: uma situação internacional favorá- vel, uma análise adequada da situação e dos determinantes do desmame precoce e a neces- sidade da volta à amamentação no nosso meio. 2o período – de 1981 a 1986 Os aspectos mais importantes do programa brasileiro pró-amamentação de 1981 foram: (1) ter uma coordenação nacional, (2) utilizar a mobilização social de todos os possíveis atores no tema e (3) contar com campanhas bem ela- boradas na mídia. Com isso, o que se documen- ta em 1986, cinco anos após a primeira avalia- ção, é que a duração mediana da amamenta- ção aumentou na Grande São Paulo, indo de 2,9 para 4,2 meses, e na Grande Recife, de 2,2 para 3,5 meses; nessa área, o aleitamento pre- dominante, que era de 15 dias apenas, passou a 32 dias de duração mediana, com populações e instrumentos de coleta e análise comparáveis (Rea, 1990). À mobilização social iniciada com o audio- visual acima mencionado, segue-se a primeira campanha na mídia, coberta por quase cem canais de televisão (alcance de 15,5 milhões de famílias) e seiscentas estações de rádio (vinte milhões de famílias), além de quatro propa- gandas na imprensa escrita visando a atingir lí- deres formadores de opinião. Por outro lado, folhetos de loteria esportiva, contas de água, telefone e energia, e extratos bancários veicu- laram o tema da campanha “Dê o Seio ao Seu Filho Pelo Menos Durante os Seis Primeiros Me- ses”, por 45 dias, totalizando cerca de dez mi- lhões de contatos desse tipo. Os 17 textos mu- sicados para rádio foram gravados em peque- nos discos e distribuídos para 9 mil locutores – difícil de se calcular o alcance e continuidade do uso deste meio. A estratégia de criar em ca- da estado uma coordenação estadual de enti- dades envolvidas no programa foi alcançada ao final de 1981, e muitos organismos tiveram pa- pel destacado nessa atividade como a Igreja Católica (com a Conferência Nacional dos Bis- pos do Brasil – CNBB), o Movimento de Alfabe- tização (MOBRAL) e a Legião Brasileira de As- sistência (LBA), com centenas de grupos de mães, além de associações de classe como a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrí- cia e a Sociedade Brasileira de Pediatria (com reuniões científicas, publicações e mais de 70 mil impressos para mães). Esse tipo de mobilização torna difícil quan- tificar quantos eventos, seminários, cursos ou treinamentos foram oferecidos. Isso ocorreu de forma heterogênea e sem material didático unificado, com poucos textos em Português disponíveis para treinamento ou atualização em aleitamento. O UNICEF apoiou a realização de duas pesquisas: uma quantitativa, dando ao programa dados básicos de como estava a si- tuação do aleitamento no Brasil, e uma quali- tativa, que permitiu conhecer de forma mais aprofundada que mensagens contra o desma- me precoce poderiam ser mais apropriadas. À época, lança-se a Portaria sobre Alojamento Conjunto, determinando que as maternidades com leitos pagos pela previdência social deve- riam oferecer leitos no mesmo quarto às partu- rientes e seus recém-nascidos. Em geral, as maternidades adotavam até aquele período re- gras rígidas de separação mãe e filho no pós- parto, uso de soro glicosado como rotina de alimento pré-lácteo, horários fixos de mama-
  • 5. REFLEXÕES SOBRE A AMAMENTAÇÃO NO BRASIL S41 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 das, complementação com mamadeira e ou- tras medidas inadequadas de manejo clínico da lactação (Berquó et al., 1984). Outras políticas de proteção à amamenta- ção quase não foram feitas nessa época, embo- ra registremos a revisão dos benefícios da mãe trabalhadora e lactante, e a tentativa de trans- formação do código internacional em norma brasileira. O código havia sido aprovado em Assembléia na OMS em maio de 1981; a pro- posta de haver uma norma nacional nele ba- seada foi arquivada em 1983 pelo INAN, após parecer da consultoria jurídica do Ministério da Saúde (MS). Desde antes do lançamento do código e mais sistematicamente após sua entrada em vigor, as companhias de fórmulas infantis esta- vam sob pressão internacional dos grupos IB- FAN (International Baby Food Action Network), para interromper suas formas de promoção co- mercial não éticas. O grupo IBFAN que se havia iniciado no país em 1983, era pouco expressivo tendo dificuldades de monitorar as práticas de marketing. Mas como internacionalmente essa rede realizava um boicote à Nestlé, e esta era a companhia que praticamente monopolizava as vendas de leites infantis no país, fomos benefi- ciados indiretamente por esse boicote, já que essa companhia mudou seus rótulos e outras formas de propaganda também no Brasil (Rea & Toma, 1997). A segunda campanha, em 1982-1983, pelos meios de comunicação de massa, foi mais bem trabalhada que a primeira. Valendo-se da expe- riência da anterior e das pesquisas quantitativa e qualitativa, foi feito inicialmente um planeja- mento estratégico de campanha. Sabendo-se que cerca de 90% de mulheres no Brasil inicia- vam a amamentação, a mensagem não poderia ser como em países onde menos de 70% de mães iniciam a amamentação, como nos Esta- dos Unidos, por exemplo. Era preciso trabalhar sobre a sustentação da amamentação. Não di- zer “Amamente!”, mas sim: “Amamentação: con- tinue; toda a mulher pode”. Para atacar as cau- sas de desmame precoce, centrou-se na pes- quisa qualitativa, que informava que: muitas mulheres acreditam que seu leite é “fraco”, fi- cam ansiosas e por isso introduzem mamadei- ra; outras acham que seus seios podem “cair” devido à amamentação; outras pensam que voltar ao trabalho impede a mãe de continuar dando o peito e outras tantas acreditam no pe- diatra, cuja formação trazia mais informações sobre como prescrever uma fórmula infantil do que como orientar sobre o manejo clínico da lactação. Foram contratados artistas e persona- lidades famosas, e cada um deles passava men- sagens relacionadas aos temas acima descritos, em cinco comerciais pela TV. A campanha foi veiculada nos intervalos comerciais pelas empresas de televisão Globo, Bandeirantes e TVS. Houve merchandising na novela Louco Amor e na Revista Manchete. A audiência estimada, alcançada considerando a população com televisão e o tempo de exposi- ção, foi de 500 milhões de espectadores em São Paulo e 169 milhões em Recife (CBBA, 1980), sem contar nas demais cidades. Vale notar que, nesse mesmo período, era freqüente a presença de comerciais de “alimentos infantis Nestlé”, de mamadeiras e bicos diversos, além de comer- ciais esporádicos de leite Ninho e leite tipo B – usados no preparo de fórmula infantil caseira. Como parte do planejamento da campa- nha, foi distribuído um kit sobre amamentação a jornalistas. Com isso, entre 13 de fevereiro de 1983 e 27 de março de 1983, 78 artigos sobre o tema, em diversas revistas para leigos foram encontrados em 25 cidades brasileiras (Jelliffe & Jelliffe, 1983). Nos anos de 1984/1985/1986, as atividades pró-amamentação continuam a ser registradas nos estados, mas passa a haver um enfraqueci- mento da coordenação do programa, na medi- da em que o MS, em dezembro de 1983, publi- ca uma portaria onde ações de incentivo ao aleitamento deveriam fazer parte das Ações Integradas de Saúde. Nessa época, o UNICEF também redireciona suas prioridades para o GOBI (Growth, Oral rehidration, Breastfeeding, Immunization) conjunto de ações básicas de saúde infantil. Em 1985, o INAN realiza em Porto Alegre, um Evento Nacional de Aleitamento Materno (ENAM) e o Instituto Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, ini- cia a implantação de Bancos de Leite Humano (BLH), uma atividade antes esporádica em um ou outro hospital do país. Em nível internacional, importante marco referencial na história da amamentação ocorre em 1986, na Assembléia Mundial de Saúde, quando se vota a resolução que clarifica o arti- go 6 do código sobre doações de substitutos de leite materno, como sendo desnecessárias a maternidades, pois sendo poucos os bebês que são exceção ao uso do leite humano, sua ali- mentação deve ser adquirida pelos canais nor- mais de compras de medicamentos. Define também que os chamados “leites de seguimen- to” são desnecessários.
  • 6. REA, M. F. S42 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 3o período – de 1987 a 1996 No final da década de 80, apropriando-se da informação de que o aleitamento materno ex- clusivo no início da vida é fundamental, auto- ridades da OMS, do UNICEF, de organismos bi- laterais e técnicos passam a se reunir no senti- do de elaborar uma estratégia que levasse em conta os diversos determinantes que interfe- riam nessa prática, criando-se o IGAB (Inter- national Group on Action on Breastfeeding). Este aprofunda como trabalhar aqueles deter- minantes: serviços de saúde e hospitais; gru- pos de mães e comunidade; treinamento (des- tacando-se os cursos de especialização em lac- tação humana do Wellstart International, de San Diego, Estados Unidos); comunicação, educação, código e mulher trabalhadora. Esse processo se encerra com a Declaração de Inoc- centi (1990). Em 1989, a OMS e o UNICEF lançam um documento que se pode reputar como funda- mental hoje em qualquer atividade programá- tica: a Declaração Conjunta sobre o Papel dos Serviços de Saúde e Maternidades (OMS/UNI- CEF, 1989), onde se mencionam dez ações rela- cionadas a incentivar o aleitamento materno, com o resumo do que as maternidades deve- riam fazer – os chamados dez passos para o su- cesso do aleitamento materno. Em um momen- to onde não havia textos internacionais dispo- níveis de capacitação de pessoal em aleitamen- to e orientação sobre rotinas de pré-natal e parto, essa declaração passa a ocupar impor- tante lacuna. Quanto à Declaração de Inoccenti, diferen- temente de qualquer outro documento inter- nacional produzido antes pelas autoridades de saúde, ela foi o resultado de um longo e parti- cipativo processo de análise, e traz metas defi- nidas e objetivos claros a serem alcançados pe- los países na promoção da amamentação: for- talecer a mulher na sua decisão de amamentar exclusivamente até os 4 ou 6 meses de vida e continuar amamentando, com alimentos com- plementares, até o segundo ano de vida ou mais. E resume quatro ações fundamentais pa- ra que isso ocorra: (1) ter uma coordenação e um comitê pró-amamentação, (2) assegurar que as maternidades cumpram os dez passos para o sucesso do aleitamento materno, (3) im- plementar todo o código e resoluções subse- qüentes relevantes da Assembléia Mundial de Saúde e (4) buscar formas imaginativas de pro- teger a mulher trabalhadora lactante, respei- tando seus benefícios. No Brasil, o final dos anos 80 representou um período de retomada da coordenação do programa e em 1987 é dado impulso principal- mente às equipes de trabalho do código, dos bancos de leite, de mulher e trabalho, e de edu- cação e comunidade. Os resultados consoli- dam em 1988, pelo menos quatro políticas pró- amamentação no país: aprovamos nosso códi- go, denominado Norma Brasileira de Comer- cialização de Alimentos para Lactentes, após meses de negociações com a indústria de ali- mentos; estabelecemos normas sobre funcio- namento dos BLH e na nova Constituição Brasi- leira conseguimos incluir pelo menos dois be- nefícios em prol da amamentação: o direito da trabalhadora a quatro meses de licença mater- nidade e o direito ao pai a cinco dias de licença paternidade. Em maio de 1988, o MS regulamenta os BLH com normas sanitárias e de capacitação técnica, tendo o IFF (primeiro BLH do país em 1943) como referência nacional e estabelecen- do que os bancos não deveriam ser apenas lo- cais de coleta, processamento e estocagem de leite humano, mas sim centros nucleadores de atividades pró-amamentação. A Cúpula Mundial da Infância (1990), com a participação do Brasil, estabeleceu metas pa- ra a década, algumas sobre aleitamento: garan- tir a duração da amamentação conforme reco- mendado em Inoccenti, garantir que 50% dos hospitais que atendam mil partos ou mais se- jam credenciados como hospitais “Amigos da Criança” e terminar com a distribuição de su- cedâneos de leite materno nos serviços de saú- de. Assim, tanto a Declaração de Inoccenti co- mo a cúpula representaram marcos importan- tes que influenciaram a reordenação do pro- grama pró-amamentação brasileiro. Em 1991 foi lançada a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), com dois objetivos: mudar as rotinas hospitalares segundo o cum- primento dos “Dez Passos Para o Sucesso da Amamentação” e não aceitar doações de subs- titutos do leite materno. Esta iniciativa cria pe- la primeira vez um referencial de avaliação in- ternacional único para os hospitais. No Brasil, a IHAC começou em 1992. Até 1996 o cresci- mento de hospitais foi acelerado, sendo esse o ano com maior número de hospitais creden- ciados. Se a velocidade de aprovação de novas maternidades continuasse como vinha aconte- cendo, chegaríamos a 2000 com cerca de qua- trocentos Hospitais Amigos da Criança; nesse ano, entretanto, o MS decide agregar pré-requi- sitos para que os hospitais se credenciem, além dos dez passos, entre os quais uma taxa mais baixa de cesáreas; desacelera-se a IHAC desde então, e em 2000 não havíamos atingido nem a metade do que foi pretendido.
  • 7. REFLEXÕES SOBRE A AMAMENTAÇÃO NO BRASIL S43 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 O UNICEF, profissionais independentes e diversas organizações não governamentais (entre as quais: IBFAN, La Leche League, ILCA – International Lactation Consultant Associa- tion –, Wellstart, etc.) preocupados com a pos- sibilidade da não implementação de políticas com metas tão importantes que haviam sido decididas no início da década de 90, decidem criar em fevereiro de 1992 a Aliança Mundial de Ações Pró-Amamentação (WABA). Essa coali- zão mostrou-se fundamental para instigar anualmente a participação de grupos e pessoas na Semana Mundial de Amamentação, quando temas diferentes são tratados, como a questão da IHAC, do trabalho da mulher, da educação, etc. No nosso país a Semana Mundial de Ama- mentação tem tido atuação destacada, está presente hoje em inúmeros municípios e já se avaliou que cumpre esse papel de mobilizador social para o qual ela foi originalmente criada (Siqueira & Toma, 2001). 4o período – de 1996 a 2002 Neste último período em análise, nota-se um incremento na duração da amamentação de cerca de três meses em três anos, ou seja, a du- ração mediana vai de sete meses (BEMFAM/ DHS/IBGE/MS/UNICEF, 1997) a aproximada- mente dez meses em 1999 (lembramos que es- te é um dado referente às capitais do país, ex- ceto Rio de Janeiro, baseado na pesquisa reali- zada pelo MS em 1999. Sabendo-se que a ama- mentação costuma ser mais prolongada em ci- dades pequenas e em zonas rurais, admite-se que este dado esteja subestimado). Internacionalmente OMS e UNICEF colo- cam à disposição quatro cursos de amamenta- ção para públicos-alvo diferentes: um curso de 18 horas para equipes de hospitais que querem fazer parte da IHAC; um de oitenta horas para formar monitores; um de aconselhamento com quarenta horas (com oito horas de prática), pa- ra os que lidam diretamente com mães e bebês e um curso rápido de sensibilização para che- fias. Estes materiais são traduzidos para o Por- tuguês por iniciativa da rede IBFAN e passam a ser utilizados pelo MS. Capacitar pessoal passa a ser uma das ativi- dades mais importantes do programa neste úl- timo período sob análise. A partir de uma coor- denação em 1997, que planeja todas as ações com metas e recursos bem definidos, os cursos acima, exceto o de oitenta horas, passam a ser amplamente utilizados em todas as regiões do país, e junta-se a eles os cursos próprios para capacitar o pessoal de BLH e o curso sobre a Norma Brasileira de Comercialização de Ali- mentos para Lactentes (NBCAL), ministrados pelos monitores da IBFAN. Apenas neste pe- ríodo estima-se que foram capacitados mais profissionais do que em toda a história do pro- grama. Os fiscais sanitários, o pessoal ligado à de- fesa do consumidor e as procuradorias jurídi- cas passam a ser o grupo alvo da capacitação sobre a NBCAL, realizada pela rede IBFAN, por um acordo com o MS. Nesses treinamentos, agrega-se um componente prático de monito- ramento da norma, o que dá ao MS pela pri- meira vez resultados nacionais sobre o cumpri- mento da legislação sobre alimentos infantis, bicos, chupetas e mamadeiras. A partir de 1999, com o apoio de um consultor da Procu- radoria Jurídica do Distrito Federal, o MS toma medidas de diálogo e imposição de regras às companhias infratoras. Isso foi crítico para se notar a necessidade de rever pela segunda vez a NBCAL, o que é feito nos anos 2000-2001, pu- blicando-se novas portarias mais abrangentes e melhor detalhadas. Quanto à IHAC, o credenciamento de hos- pitais que havia diminuído em 1996, volta a se acelerar. Dos cerca de 250 “Hospitais Amigo da Criança” existentes no Brasil em 2002, a grande maioria está no Nordeste e é público ou filan- trópico. O crescimento da rede de BLH, chegando perto de 150 bancos tem sido notável nos anos recentes, em particular com vigilância e capaci- tação de equipes por todas as regiões. A coleta de leite domiciliar é feita em parceria com o Corpo de Bombeiros (Projeto Bombeiro Amigo). Outra atividade em destaque no último pe- ríodo é a parceria com os Correios e Telégrafos na Semana Mundial de Amamentação, que ini- ciou-se no Ceará, em seguida em nove estados nordestinos e desde 2001 está em quase todos os estados do país. Não há estudos avaliando o alcance e impacto de tais atividades. E o futuro? Os organismos internacionais decidiram rever as metas da Declaração de Inoccenti dez anos depois e repensar o que passou a ser chamado Estratégia Global sobre Alimentação Infantil e da Criança Pequena (GSIYCF), lançada no ano de 2002 (aprovada como resolução da Assem- bléia Mundial de Saúde, na OMS, em 2002). As bases desta estratégia significam reafirmar aquela declaração, ou seja, a necessidade de incentivar a amamentação exclusiva por seis meses, e buscar formas ótimas de promover a alimentação complementar adequada sem in-
  • 8. REA, M. F. S44 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 terromper a amamentação até pelo menos o segundo ano de vida. E incluir a problemática de como trabalhar essas duas recomendações entre os chamados grupos em circunstâncias especiais (mães HIV positivas e famílias em si- tuações de emergência). Trabalhando nessa linha, já estão disponí- veis pela OMS e UNICEF, um curso de aconse- lhamento para mães HIV positivas, materiais de referência do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), da OMS e do UNICEF sobre HIV e alimentação infantil, materiais sobre as opções de alimentação em situações de emergência e como aconselhar alimentação complementar. No Brasil, a mensagem e a política em prol da amamentação exclusiva por seis meses já está em vigência há mais de dez anos, e dessa forma, pudemos atuar decisivamente pela sua aprovação na Assembléia Mundial de Saúde em 2001, pois mostramos que é possível incre- mentar o aleitamento exclusivo: estima-se um aumento de cerca de dez vezes na prevalência de aleitamento materno exclusivo de 0 a 4 me- ses, que era de cerca de 3.8% em 1986 e au- menta cerca de dez vezes em 1996 (BEMFAM/ DHS/IBGE/MS/UNICEF, 1997). Levando-se em conta os acertos e erros do programa nos anos anteriores, e a necessidade de melhorar os índices de amamentação no país, a proposta atual do MS é continuar a cen- trar as atividades naquelas já delineadas ante- riormente, redirecionar o trabalho intensifi- cando a atenção humanizada ao recém-nasci- do com o método mãe canguru e o uso de leite humano e implantar a Iniciativa Unidades Bá- sicas Amigas da Amamentação (IUBAAM) nos ambulatórios que fazem atenção primária, pa- ra melhorar a sustentação do aleitamento ma- terno. Entretanto, ao se rever as quatro estraté- gias da Declaração de Inoccenti vê-se que a me- nos executada no nosso país é a referente ao incentivo à amamentação de mães trabalhado- ras; ações dirigidas a esse grupo populacional necessitam de estudos cuidadosos que de- monstrem o que seria mais custo-efetivo. Refletindo sobre todos os estudos publica- dos nesse período e as ações realizadas, desta- camos como desafio a avaliação de todo o pro- cesso recente e o impacto das ações de aleita- mento do país sobre a morbi-mortalidade e o crescimento infantil, o que acreditamos ser uma lacuna de pesquisa a ser preenchida, dan- do respostas especialmente àqueles que ainda questionam sobre o porquê dos grandes esfor- ços desenvolvidos por diversas pessoas e insti- tuições neste tema. Agradecimentos A Maria de Fátima Moura Araújo, responsável pela Coordenação do Aleitamento Materno da Área de Saúde da Criança, Secretaria de Políticas de Saúde, Ministério da Saúde.
  • 9. REFLEXÕES SOBRE A AMAMENTAÇÃO NO BRASIL S45 Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(Sup. 1):S37-S45, 2003 Referências BEMFAM (Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil)/DHS (Demographic and Health Survey)/ IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)/MS (Ministério da Saúde)/UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), 1997. Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde. Rio de Janeiro: BEMFAM/DHS/IBGE/MS/UNICEF. BERQUÓ, E.; CUKIER, R.; SPINDEL, C. R. & REA, M. F., 1984. Caracterização e determinantes do aleita- mento materno na Grande São Paulo e na Grande Recife. Cadernos CEBRAP, 2. BIDDULPH, J., 1981. Promotion of breastfeeding in Papua New Guinea. In: Advances in Maternal and Child Health (D. B. Jelliffe & E. F. P. Jelliffe, ed.), v. 1, pp. 169-174, New York: Oxford University Press. BIRCH, E. E.; BIRCH, D. G.; HOFFMAN, D. R.; HALE, L.; EVERETT, M. & UAUY, R., 1993. Breastfeeding and optimal visual development. Journal of Pedi- atric Ophtalmology and Strabismus, 30:33-38. CBBA (Castelo Branco, Borges e Associados), 1980. Re- latório de Pesquisa sobre Aleitamento. São Paulo: CBBA/Fundo das Nações Unidas para a Infância. (mimeo.) CÉSAR, J. A.; VICTORA, C. G.; BARROS, F. C.; SANTOS, I. S. & FLORES, J. A., 1999. Impact of breastfeed- ing on admission for pneumonia during post- neonatal period in Brazil: Nested case-control study. BMJ, 318:1316-1320. FEACHEM, R. G. & KOBLINSKY, M. A., 1984. Interven- tions for the control of diarrhoea diseases among young children: Promotion of breastfeeding. Bul- letin of the World Health Organization, 62:271- 291. GOLDENBERG, P., 1988. Repensando a Desnutrição como Questão Social. Campinas: Editora Unicamp. GWINN, M. L.; LEE, N. C.; RHODES, P. H.; LAYDE, P. M. & RUBIN, G. L., 1990. Pregnancy, breast feed- ing, and oral contraceptives and the risk of ep- ithelial ovarian cancer. Journal of Clinical Epi- demiology, 43:559-568. JELLIFFE, D. B. & JELLIFFE, E. F. P. (ed.), 1988. Pro- grammes to Promote Breastfeeding. New York: Ox- ford University Press. JELLIFFE, E. F. P. & JELLIFFE, D. B., 1983. The Brazil- ian National Breastfeeding Program. Report of a Visit. Brasília: Ministério da Saúde. (mimeo.) KARJALAINEN, J.; MARTIN, J. M.; KNIP, M.; ILONEN, J.; ROBINSON, B. H.; SAVILAHTI, E.; AKERBLOM, H. K. & DOSCH, H. M., 1992. A bovine albumin peptide as a possible trigger of insulin-depen- dent diabetes mellitus. New England Journal of Medicine, 327:302-307. KRAMER, M. S. & KAKUMA, R., 2002. Optimal dura- tion of exclusive breastfeeding (Cochrane Re- view). In: The Cochrane Library, v. 4, CD003517. Oxford: Update Software. LUCAS, A. & COLE, T. J., 1990. Breast milk and neona- tal necrotizing enterocolitis. Lancet, 336:1519- 1523. LUCAS, A.; MORLEY, R.; COLE, T. J.; LISTER, G. & LEESON-PAYNE, C., 1992. Breast milk and subse- quent intelligence quotient in children born preterm. Lancet, 339:261-264. MICHELS, K. B.; WILLETT, W. C.; ROSNER, B. A.; MANSON, J. E.; HUNTER, D. J.; COLDITZ, G. A.; HANKINSON, S. E. & SPEIZER, F. E., 1996. Prospec- tive assessment of breastfeeding and breast can- cer incidence among 89,887 women. Lancet, 347: 431-436. OMS (Organização Mundial da Saúde)/UNICEF (Fun- do das Nações Unidas para a Infância), 1989. De- claração Conjunta: O Papel Especial dos Serviços Materno-Infantis. Brasília: OMS/UNICEF. REA, M. F. & TOMA, T. S., 1997. Rótulos de alimentos in- fantis: Alguns aspectos das práticas de marketing no Brasil. Revista de Nutrição da PUCCAMP, 10: 127-135. REA, M. F., 1989. As Políticas de Alimentação Infantil e a Prática de Amamentar: O Caso de São Paulo. Te- se de Doutorado, São Paulo: Faculdade de Medi- cina, Universidade de São Paulo. REA, M. F., 1990.The Brazilian National Breastfeeding Program: A success story. International Journal of Gynaecology and Obstetrics, 31(Sup. 1):79-82. SAARINEN, U. M. & KAJOSAARI, M., 1995. Breast- feeding as prophylaxis against atopic disease: Prospective follow-up study until 17 years old. Lancet, 346:1065-1069. SIQUEIRA, S. R. & TOMA, T. S., 2001. As Semanas Mun- diais de Amamentação. In: Aleitamento Materno (J. D. Rego, org.), pp. 367-384, Rio de Janeiro: Edi- tora Atheneu. VENANCIO, S. I. & MONTEIRO, C. A., 1998. A tendên- cia da prática da amamentação no Brasil nas dé- cadas de 70 e 80. Revista Brasileira de Epidemi- ologia, 1:40-49. VICTORA, C. G.; SMITH, P. G.; VAUGHAN, J. P.; NO- BRE, L. C.; LOMBARDI, C.; TEIXEIRA, A. M.; FUCHS, S. M.; MOREIRA, L. B.; GIGANTE, L. P. & BARROS, F. C., 1987. Evidence for protection by breastfeeding against Infant deaths from infec- tions diseases in Brazil. Lancet, 2:319-321. Recebido em 4 de junho de 2002 Versão final reapresentada em 28 de outubro de 2002 Aprovado em 11 de dezembro de 2002