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I
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU – FECLI
LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DAMIÃO VIANA LIMA
AGROFLORESTA E ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO E
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO
ADAHIL BARRETO, MUNICÍPIO DE CARIÚS, CEARÁ
IGUATU – CE,
2014
II
DAMIÃO VIANA LIMA
AGROFLORESTA E ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO E
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO
ADAHIL BARRETO, MUNICÍPIO DE CARIÚS, CEARÁ
Monografia submetida à Coordenação do Curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas, da
Faculdade de Educação, Ciências e Letras de
Iguatu (FECLI), como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de graduação.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marlete M. de Sousa
Mendes.
IGUATU – CE,
2014
III
L732a Lima, Damião Viana.
Agrofloresta e Escola: uma experiência de educação e
sustentabilidade ambiental na escola de ensino médio Adahil
Barreto, município de Cariús, Ceará / Damião Viana Lima.
[Orientado por] Marlete M. de Sousa Mendes. – Iguatu, 2014.
69 p.
Monografia (Graduação) – Universidade Estadual do Ceará,
Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em Ciências
Biológicas, Iguatu, 2014.
1. Semiárido 2. Desenvolvimento Sustentável 3. Agricultura
Alternativa 4. Contexto Socioambiental
I. Mendes, Marlete M. de Sousa (Orient.) II. Universidade Estadual
do Ceará – UECE – Graduação (Licenciatura) em Ciências
Biológicas
III. Título
CDD: 630
CDD: 363.1
IV
V
Aos meus familiares e amigos,
razão da minha alegria.
VI
AGRADECIMENTOS
Ao Deus da Vida, que é Caminho e Verdade por nos permitir o dom da
Ciência, da Inteligência e da Sabedoria, mediados pelo Seu Divino Espírito.
Aos meus pais (Geralda Viana e Aldenor Lima) pelo companheirismo e
bons conselhos. À minha irmã (Cosma Viana) por sempre estar perto.
Aos amigos da Graduação, pelo compromisso da unidade em todos os
momentos.
À coordenação da Cáritas Diocesana de Iguatu, na pessoa do técnico
agropecuário, Oneci Angelim, pelo acolhimento na transmissão de experiências e
conhecimentos. Ao seu Raimundo Albanir, proprietário da Agrofloresta Baixa Verde.
À minha Orientadora Prof.ª Dr.ª Marlete Mendes pela dedicação e
eficiência com que realiza o seu trabalho. À professora Mayle Bezerra pela
generosidade com que atua no seu ministério, transmitindo o saber com
simplicidade e objetividade.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o bom êxito desta
pesquisa.
VII
Juntemos os nossos passos no mesmo ritmo.
Juntos, estendamos as nossas mãos para que recolham os mesmos
bens. Juntos pulsem os nossos corações.
O mesmo sentimento penetre o nosso íntimo.
O mesmo pensamento proceda do nosso espírito.
Os nossos ouvidos escutem o mesmo silêncio.
Os nossos olhares se encontrem e se fundam num só olhar.
Nossos lábios peçam juntos: Misericórdia, ao Pai Eterno!
(Oração, Elizabeth Kindelmann)
VIII
RESUMO
Buscando-se soluções para os problemas ambientais atuais, as agroflorestas
despontam no contexto do semiárido como alternativa viável à agricultura tradicional,
conciliando produtividade e sustentabilidade ambiental, podendo também constituir-
se como um recurso pedagógico para abordar a Educação Ambiental em aulas de
campo. Este trabalho objetivou verificar o nível de informação em Educação
Ambiental dos alunos do 3º Ano do Ensino Médio da escola Adahil Barreto,
município de Cariús, CE, a partir do conhecimento obtido, principalmente, por meio
de excursão ao sistema agroflorestal (SAF) Agrofloresta Baixa Verde, localizado no
município de Saboeiro-CE e através da análise de questionários aplicados antes e
depois da visita ao SAF. Participaram da pesquisa 25 alunos, dos quais a maioria é
residente na zona rural (64%), com renda mensal de um ou mais salários mínimos
(93%), cujos progenitores apresentam escolaridade inferior ao 5º Ano do Ensino
Fundamental e sobrevivem da agricultura. Com relação às questões sobre meio
ambiente, a maioria dos alunos considerou que são recursos naturais “tudo que a
natureza nos oferece”, sobressaindo-se a flora e água (43%, após a visita).
Destacaram posteriormente à excursão, como principais problemas ambientais do
semiárido as queimadas e desmatamentos (93%) e o uso de agrotóxicos (29%), o
que lhes permitiu comparações com sua própria realidade socioambiental.
Percebendo-se que os entrevistados entendem mais facilmente ideias relacionadas
à Educação Ambiental quando estas são veiculadas através de situações e
instrumentos próprios da sua realidade socioambiental, faz-se necessário o maior
incentivo a práticas educativas mais contextualizadas tendo em vista a
sustentabilidade ambiental.
Palavras–chave: semiárido, desenvolvimento sustentável, agricultura
alternativa, contexto socioambiental.
IX
ABSTRACT
Searching solutions to current environmental problems, agroforestry emerge in the
context of semi-arid as a viable alternative to traditional agriculture, reconciling
productivity and environmental sustainability, and may also constitute as an
educational resource to address the Environmental Education in field lessons. This
study aimed to determine the level of information on environmental education of
students of the 3rd year of high school from Adahil Barreto School, municipality of
Carius-CE, from the knowledge obtained mainly through tour of the agroforestry
system (AFS) Agrofloresta Baixa Verde, located in the municipality of Saboeiro-CE,
and through analysis of questionnaires before and after the visit to the AFS. 25
students participated in the survey, the majority of whom are residing in rural areas
(64%), with a monthly income of one or more minimum wages (93%), whose parents
studied until the 5th year of basic education or less and survive on agriculture. With
regard to questions about the environment, most students considered that natural
resources are "all that nature offers us", standing out the flora and water (43% after
the visit). Burning and deforestation (93%) and the use of pesticides (29%) were
highlighted after the visit to the AFS as main environmental problems of the semiarid,
which allowed them to comparisons with their own socio-environmental reality. The
respondents more easily understand ideas related to environmental education when
these are transmitted through situations and instruments of their own socio-
environmental reality, thus it is necessary the greatest incentive to more
contextualized educational practices in view of environmental sustainability.
Key words: semiarid, sustainable development, alternative agriculture, socio-
environmental context.
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Vista parcial da Agrofloresta Baixa Verde, sendo visitada por pesquisado-
res e educadores ambientais (período chuvoso)..............................................................
26
Figura 2 – Distribuição dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto quanto à
localização........................................................................................................................
31
Figura 3 – Ocupação dos pais dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto................... 32
Figura 4 – Ocupação das mães dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto................. 33
Figura 5 – Nível de escolaridade dos pais dos alunos da Escola de EM Adahil
Barreto..............................................................................................................................
34
Figura 6 – Nível de escolaridade das mães dos alunos da Escola de EM Adahil
Barreto..............................................................................................................................
35
Figura 7 – Renda familiar mensal das famílias dos alunos da Escola Adahil Barreto..... 36
Figura 8 – Trilha para Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE, percorrida pelos alunos
considerados na pesquisa................................................................................................
37
Figura 9 – Indicação de recursos considerados naturais pelos alunos antes e após a
visita à agrofloresta...........................................................................................................
38
Figura 10 – Vista da entrada da Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE........................ 40
Figura 11 – Indicação de recursos considerados naturais no semiárido nordestino
antes e após a visita à agrofloresta.................................................................................
41
Figura 12 – Vista parcial de parede da barragem subterrânea e poço construídos na
Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE, captação, retenção e reserva hídrica...............
42
Figura 13 – Entendimento dos alunos sobre problema ambiental antes e após a visita
à agrofloresta....................................................................................................................
43
Figura 14 – Entendimento dos alunos sobre problema ambiental no semiárido
brasileiro antes e após a visita à agrofloresta...................................................................
44
Figura 15 – Entendimento sobre Educação Ambiental antes e após a visita à
agrofloresta.......................................................................................................................
48
Figura 16 – Sugestões dos alunos sobre medidas de preservação dos recursos
naturais do semiárido nordestino antes e após a visita a agrofloresta.............................
49
Figura 17 – Laranjeira com seus frutos (A) e plantação de palma, cactácea típica do
semiárido, usada para complementar a alimentação animal forrageira (B)......................
50
Figura 18 – A poda de galhos secos e envelhecidos produz uma grossa cobertura
orgânica que protege o solo da erosão, retém sua umidade por mais tempo, favore-
cendo a ciclagem de nutriente..........................................................................................
51
Figura 19 – Irrigação por gotejamento com garrafa PET atada à planta (A) e
canudinhos de pirulito inseridos em canos de PVC (B) otimizam a distribuição de água
no período de estiagem....................................................................................................
52
Figura 20 – Respostas dos alunos sobre as práticas agrícolas mais conhecidas por 54
XI
eles antes e após a visita à agrofloresta...........................................................................
Figura 21 – Respostas dos alunos com relação a escolherem para si mesmos a
profissão de agricultor antes e após a visita à agrofloresta..............................................
55
Figura 22 – Em roda de conversa, o proprietário da Agrofloresta Baixa Verde, o
senhor Raimundo Albanir (chapéu), o técnico agropecuário da Cáritas-Iguatu, Oneci
Angelim (boné branco), e jovens discutem sustentabilidade no semiárido......................
58
Figura 23 – Sugestões dos alunos para sustentabilidade dos recursos naturais atuais
antes e após a visita à agrofloresta..................................................................................
59
XII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Opinião dos alunos sobre realização de queimadas na prática
agrícola.............................................................................................................................
53
Tabela 2 – Opinião dos alunos sobre uso de agrotóxicos na prática agrícola................. 57
XIII
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 14
2 OBJETIVOS.......................................................................................... 15
2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................... 15
3 REFERENCIAL TEÓRICO 16
3.1 QUESTÃO AMBIENTAL.......................................................................... 16
3.1.1 QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL.............................................. 17
3.1.2 QUESTÃO AMBIENTAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO................ 18
3.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL......................................................................... 19
3.2.1 ESCOLA: ESPAÇO PRIVILEGIADO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL.............................................................................................
20
3.3 AGROFLORESTA 21
3.3.1 AGROFLORESTA NO SEMIÁRIDO: UMA PERSPECTIVA
SUSTENTÁVEL........................................................................................
21
3.3.2 A RELAÇÃO AGROFLORESTA E ESCOLA.................................... 22
3.3.3 AGROFLORESTA BAIXA VERDE: UM EXEMPLO DE
EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL...........................
23
4 METODOLOGIA 24
4.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................... 25
4.2 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA......................................... 25
4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA......................................................................... 25
4.4 LOCAL DE ESTUDO................................................................................... 26
4.5 COLETA DE DADOS................................................................................... 26
4.6 ANÁLISE DE DADOS.................................................................................. 26
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 27
5.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONOMICA DOS ENTREVISTADOS........ 27
5.2 RESPOSTAS AOS QUESTIONAMENTOS SOBRE MEIO AMBIENTE
APLICADOS ANTES E DEPOIS DA VISITA À AGROFLORESTA...................
32
6 CONCLUSÃO...................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 58
APÊNDICES............................................................................................................. 64
APÊNDICE A............................................................................................................... 65
APÊNDICE B............................................................................................................... 66
APÊNDICE C............................................................................................................... 68
14
1 INTRODUÇÃO
Durante muito tempo prevaleceram, no senso comum, ideias referentes
ao processo de ensino-aprendizagem baseadas numa relação unidirecional
professor-aluno, sob o enfoque tradicionalista. Tal concepção, que mantém
resquícios nos dias atuais, tende a retardar o desenvolvimento da autonomia do
educando na apreensão do conhecimento.
Inversamente a tal abordagem, estão os esquemas de aprendizagem
construtivista, nos quais professor e alunos estão ativos e integrados na procura do
sentido desta aprendizagem, a partir de sua compreensão holística e mais
contextualizada. Nestes pressupostos, incluem-se a utilização de métodos de ensino
alternativos, pelos quais o professor e o aluno organizam suas ações para atingir
determinados objetivos.
Dentre estes métodos, estão as aulas de campo, que longe de
constituírem-se apenas em passeios, complementam as outras metodologias,
objetivando a assimilação dos conteúdos e ampliando os espaços de aprendizagem
além da sala de aula (LIBÂNEO, 1994).
Tratando-se de Educação Ambiental no contexto do semiárido, as aulas
de campo permitem que a escola amplie os seus espaços educacionais às
diferentes realidades socioambientais, gerando co-responsabilização dos indivíduos
e tornando-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de
desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2003).
Diante do problema da prática da agricultura de subsistência itinerante,
convencionalmente realizada no semiárido a adoção de práticas alternativas no
manejo agrícola, a exemplo dos Sistemas Agroflorestais (SAFs), constituiria uma
saída viável para atingir a sustentabilidade.
Com essa base que alia teoria e prática, oportuniza-se a ampliação das
percepções socioambientais dos alunos sobre a problemática ambiental de
atividades insustentáveis no semiárido, em vista do conhecimento de algumas de
suas potencialidades naturais consorciadas ao manejo agroecológico. A
possibilidade de acesso a essas informações e conhecimentos pode ajudar no
desenvolvimento dos alunos que estão diretamente inseridos nesse contexto.
15
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
 Verificar o nível de informação dos alunos do 3º ano da Escola de
Ensino de Médio Adahil Barreto do município de Carius, Ceará, sobre
os conceitos essenciais de Educação Ambiental, a partir de uma
vivência de agrofloresta no semiárido nordestino.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Apresentar os elementos e mecanismos constituintes de uma
agrofloresta e a sua importância no contexto do semiárido.
 Caracterizar socioeconomicamente os alunos da escola de ensino
médio Adahil Barreto.
 Verificar se houve melhoria no nível de conhecimento a respeito de
técnicas de convivência com o semiárido.
 Estimular a percepção sobre as potencialidades do semiárido,
consorciado às intervenções antrópicas.
16
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 QUESTÃO AMBIENTAL
A abordagem sob o enfoque ambiental é apresentada como uma forma
interventiva de ver o meio ambiente, compreendendo as inter-relações e a
interdependência dos diversos elementos que o constituem na geração e
manutenção da vida e consequentemente, agindo a favor da permanência contínua
e saudável de seus recursos (BRASIL, 1998a). A crescente industrialização com sua
forma de produção de bens e o consumo em larga escala, bem como a
mecanização da agricultura, o uso intensivo de agrotóxicos e a concentração
populacional nas cidades nos últimos séculos, têm causado uma crescente
demanda dos recursos naturais e comprometido drasticamente a sua qualidade e
disponibilidade para as futuras populações (LIMA, 1999).
A rapidez nos avanços tecnológicos e científicos proporciona formas de
produção e consumo com consequências indesejáveis que tem se acentuado sobre
o meio ambiente com igual rapidez. Os desmatamentos e as queimadas
descontroladas e sem fiscalização ocasionam profundos desequilíbrios ecológicos,
ameaçando a sobrevivência de espécies animais e vegetais, prejudicando a
fertilidade dos solos, além de poluírem os recursos hídricos e atmosfera
(CAVALCANTI, 1994).
A produção industrial baseada na extração desmedida e inconsequente
dos recursos naturais gera um modelo econômico que propicia a concentração de
renda na mão de poucos e um grande numero de pessoas ainda em condições
miseráveis. Alguns dos principais efeitos são os desequilíbrios ecológicos da vida
vegetal e animal, a contaminação da água, o aumento das desigualdades sociais e a
crescente violência nos centros urbanos (MEDEIROS, 2011).
Com isso, o meio ambiente tem sido gravemente impactado, resultando
em alterações climáticas, potencialização do efeito estufa e o aumento do
aquecimento global, cujas consequências são desastrosas, especialmente nos
países industrializados (HAMMES, 2004). Lucci (1999) destaca que à medida que se
17
agravaram os efeitos negativos advindos do sistema econômico estabelecido
baseado na lucratividade a todo custo, surgiram preocupações e reflexão sobre os
prejuízos causados pelo homem ao meio ambiente natural e sobre o relacionamento
sociedade-natureza.
Existe, desde 1995, conferências nas quais representantes dos países de
Primeiro Mundo se reúnem anualmente para tomar decisões no contexto da
Organização das Nações Unidas (ONU), sobre os problemas ambientais mais
urgentes e a redução da emissão de gases potencializadores do efeito estufa e, por
conseguinte do aquecimento global. Como decorrência destas conferências, por
exemplo, obteve-se a elaboração e aprovação do Protocolo de Kyoto em 1997,
documento considerado uma das mais importantes iniciativas para reverter os danos
ambientais provocados pelo aquecimento global, que entrou em vigor em 2005 com
a adesão da Rússia.
3.1.1 QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL
Os processos de formação histórico-econômica dos países emergentes
inclusive o Brasil, estão caracterizados, em sua maioria, pela produção e consumo
em larga escala a partir da exploração desenfreada dos recursos naturais numa
lógica capitalista impregnada na maior parte dos segmentos sociais (BRASIL, 2008).
Para Reis et al. (2005) o desenvolvimento praticado pelo homem é sustentado por
valores que visam apenas o crescimento econômico.
A biodiversidade brasileira, de acordo com o IBAMA é dividida em sete
ecossistemas denominados Biomas. Dos quais os mais importantes pela área que
ocupam e pela biodiversidade são: a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o
Cerrado e a Caatinga. Os aspectos problemáticos da relação homem-natureza têm
gerado impactos ambientais danosos a estes biomas (AMABIS, 2004). A excessiva
liberação de poluentes (lixo, fumaça e resíduos industriais, gases de escapamento
de veículos, etc.), o avanço dos desmatamentos e das queimadas devido à
expansão da agropecuária, ao crescimento das cidades e ao intenso extrativismo
vegetal configuram um quadro caótico da situação ambiental brasileira, pois ampliam
18
as desigualdades sociais e comprometem a sadia manutenção da vida e de sua
sustentabilidade (FAVALLI, 2009).
3.1.2 QUESTÃO AMBIENTAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
O semiárido brasileiro, que corresponde a aproximadamente 69,2% da
região Nordeste e ocupa um total de 982.563,3 km², abrangendo, de forma parcial,
oito estados da região e o Norte de Minas Gerais, apresenta situações-problema, do
ponto de vista ambiental, muito semelhantes aos problemas ambientais do
panorama nacional (NOGUEIRA, 1999). Tem como bioma predominante a Caatinga,
que abriga grande variedade de paisagens e espécies da flora e da fauna que não
existem em nenhum outro lugar do mundo e uma população humana de cerca de 17
milhões de habitantes em uma área de 736.000 km2
(BONILLA, 2010).
No semiárido nordestino acentuam-se os problemas ambientais,
principalmente na estação seca do ano, uma vez que a taxa de evapotranspiração é
muito alta e não há precipitações pluviométricas nesse período, acarretando a
escassez parcial ou absoluta de água nos reservatórios naturais. Aliado a isso está a
realização de práticas inadequadas na agricultura convencional, baseadas na
realização de extensas queimadas para o cultivo de monoculturas (que provocam
desequilíbrios ecológicos), práticas inadequadas de irrigação (que salinizam o solo)
e uso de agrotóxicos e produtos químicos fertilizantes (que poluem o solo, água e o
ar e envenenam os seres vivos), comprometendo seriamente a segurança alimentar
de quem consome os produtos dessa procedência (SILVA, 2011).
Apesar das riquezas naturais, o semiárido é marcado por grandes
desigualdades sociais. Historicamente, o governo investiu na construção de grandes
obras hídricas como forma de prolongar a disponibilidade de água ao longo do ano.
Estima-se que o Nordeste abriga mais de 70 mil açudes que acumulam 37 bilhões
de metros cúbicos de água. Logo, há água suficiente, mas esse bem está
concentrado em propriedades particulares e não é compartilhado com a população
difusa do semiárido (NOGUEIRA, 1999).
Dessa forma, as famílias precisam se preparar para a chegada das
19
chuvas, que, por sua vez, estão distribuídas muito irregularmente. Ter reservatórios
para captar e armazenar a água é fundamental para garantir segurança hídrica no
período de estiagem. Para isso são praticadas algumas tecnologias sociais simples,
como por exemplo, as cisternas domésticas, cisternas calçadão, barragens
subterrâneas e tanques de pedra.
1.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O tema da Educação Ambiental, amplamente debatido nos vários campos
sociais e divulgado nos principais meios de comunicação, tem sido apresentado
como uma das soluções mais promissoras para os principais problemas ambientais
da atualidade, que emperram o desenvolvimento sustentável do meio ambiente e a
sadia qualidade de vida nos seus mais variados segmentos.
A Educação Ambiental surge no cenário mundial de 1970, como uma
reação à crise ambiental deflagrada pelo modelo de uso insustentável dos recursos
naturais (CRIVELLARO et al. 2008). No Brasil, em 1998, foi proposta a inclusão de
temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os quais
norteiam a educação para uma abordagem mais crítica das problemáticas sociais,
buscando suas possíveis soluções.
Abordada diretamente sob o enfoque do tema Meio Ambiente, a
Educação Ambiental é caracterizada como processo educativo, que contempla tanto
o saber científico como os aspectos subjetivos da vida, incluindo as representações
sociais, assim como, o imaginário acerca da relação sociedade-natureza. (BRASIL,
1998b)
A lei 9.795, sancionada em 27 de Abril de 1999, instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA), que define Educação Ambiental como:
“os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade
de vida e a sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999).
20
1.1.1 ESCOLA: ESPAÇO PRIVILEGIADO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Nos PCNs definem-se os principais critérios para a escolha de um tema
transversal, dentre eles, destacam-se: a sua urgência social, a abrangência nacional
e o favorecimento da compreensão da realidade e a participação social. O tema
meio ambiente, assim como os demais temas transversais, tem natureza diferente
das áreas convencionais ministradas na escola. Aborda processos que estão sendo
intensamente vividos na sociedade e debatidos nos mais diferentes espaços sociais,
em busca de soluções e de alternativas, confrontando as diferentes formas de
pensar e agir, individual e coletivamente (BRASIL, 1998b).
Mais que uma prática disciplinar nas escolas, a PNEA reforça no artigo 10
que a Educação Ambiental deverá ser desenvolvida como uma prática educativa
integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do processo
ensino-aprendizagem.
Nas várias disciplinas ou matérias do currículo escolar existem, implícita
ou explicitamente, ensinamentos ou ideias a respeito do tema Meio Ambiente. Por
exemplo, estudando-se as grandes civilizações antigas em História pode-se fazer
um destaque para as formas de produção dos povos antigos, com base na sua
relação com os recursos naturais. Ou ainda, considerando o estudo do corpo
humano, sua fisiologia e anatomia básicas em Ciências Naturais, analisam-se as
principais doenças decorrentes dos problemas ambientais de uma realidade
particular.
A escola desempenha um papel fundamental na formação ética e cidadã
dos indivíduos, motivando-os a uma consciência crítica a respeito dos problemas
ambientais do seu contexto local e das possíveis formas de intervenção ambiental
para a garantia da qualidade de vida com desenvolvimento sustentável.
21
1.2 AGROFLORESTA
Para Young (1990, apud ABDO et al. 2008), agroflorestas ou sistemas
agroflorestais (SAFs) são sistemas de uso da terra em que plantas lenhosas perenes
(árvores arbustos, palmeira, bambus) são cultivadas em associação com plantas
herbáceas (culturas agrícolas e/ou pastagens) e/ou animais em uma mesma unidade
de manejo de acordo com um arranjo espacial e temporal, nos quais deve haver
interações ecológicas e econômicas entre componentes lenhosos e cultivos. Os
sistemas agroflorestais visam aperfeiçoar o uso da terra, conciliando a produção
florestal com a produção de alimentos, conservando o solo, a água e a
biodiversidade, diminuindo a pressão do uso da terra para a produção agrícola.
1.2.1 AGROFLORESTA NO SEMIÁRIDO: UMA
PERSPECTIVA SUSTENTÁVEL.
A convivência com o semiárido nordestino, embora difícil, não é
impossível. No nordeste brasileiro é necessário assegurar condições para que
habitantes tenham uma vida digna e os seus direitos básicos assegurados, além de
estimulo de trabalho e participação na vida social para debater sobre os valores e
princípios que norteiam a organização e o desenvolvimento comunitário (SILVA,
2011).
A implantação dos SAFs em várias áreas do semiárido nordestino tem-se
apresentado como mecanismo inteligente das populações que o habitam, para
mobilizar a convivência com o fenômeno natural e recorrente da estiagem no sertão.
Inúmeras experiências exitosas de convivência harmoniosa com os elementos do
semiárido são relatadas por agricultores de alguns Estados nordestinos, em um
documentário produzido pela Cáritas Brasileira, uma organização católica, associada
à Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Tais práticas de agricultura
alternativas têm gerado segurança alimentar e nutricional sem o comprometimento
da qualidade e estabilidade do solo, da água, da vegetação nativa e dos seres vivos
22
para as posteriores gerações (SOUSA, 2004).
Na natureza várias espécies de vegetais e animais convivem em equilíbrio
ecológico, a agrofloresta visa copiar o que normalmente acontece nos sistemas
naturais. A prática da agricultura diversificada neste sistema de produção promove,
além da variabilidade produtiva de alimentos para o homem e animais, o
enriquecimento e fortalecimento do solo para a sua maior produção (SOUSA, 2007).
Desenvolvem-se paralelamente às espécies comuns da agricultura (arroz,
feijão e milho), espécies nativas adaptadas do bioma Caatinga (aroeira, mulungu,
juazeiro e outras), além das frutíferas nativas ou que sejam adaptadas à região
(mamão, banana, graviola, manga, dentre outras).
No manejo da agrofloresta, métodos como a realização de queimadas ou
desmatamentos irregulares e a manipulação com agrotóxicos para combater as
eventuais “pragas” da agricultura são rejeitados, uma vez que empobrecem o solo,
causam erosão e contaminam a produção, os seres vivos, o solo e a água (SOUSA,
2007). Nesse sistema são usados defensivos agrícolas naturais baseados na
introdução de culturas de plantas repelentes de insetos fitófagos ou insetos pragas
e/ou utilização de controle biológico com insetos predadores.
Para garantir segurança hídrica na estação seca e continuidade na
produção agrícola são integrados ao sistema alguns instrumentos de captação e
armazenamento da água da chuva através de cisternas de placa, cisterna-calçadão,
barragens subterrâneas, tanques de pedra, dentre outras tecnologias sociais.
Delineia-se assim, uma perspectiva de convivência sustentável em vários aspectos
da vida humana com o semiárido nordestino, com o qual o homem mantém uma
relação de interdependência.
1.2.2 A RELAÇÃO AGROFLORESTA E ESCOLA
A escola tem papel relevante como instituição capaz de informar e formar
consciências para a convivência com o semiárido. O domínio de muitas áreas do
currículo pode ser fortalecido através do pleno envolvimento em atividades
ambientais fora da sala de aula. Para Nutall (1999) a agrofloresta possibilita ao
23
Educando aprender sobre natureza através do contato direto com os elementos de
seu ambiente natural – os animais, as plantas, o solo, o fluxo da água e do vento, o
sol, as estações, etc.
São inúmeras as possibilidades educativas, ultrapassando a
interdisciplinaridade e permitindo a construção do conhecimento de forma
transdisciplinar, contextualizada, problematizadora, integral e propositiva para a
transformação socioambiental desejada (TORRES SANTOMÉ, 1998).
1.2.3 AGROFLORESTA BAIXA VERDE: UM EXEMPLO DE
EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL
Situada a cerca de 30 km da zona urbana, a agrofloresta da comunidade
de Baixa Verde, município de Saboeiro, região dos Inhamuns, no Estado do Ceará, é
uma dentre várias experiências de convivência sustentável com o semiárido que
surge da combinação de força de vontade da comunidade para o trabalho coletivo,
com conhecimentos técnicos sobre produção agrícola sustentável e tecnologias
sociais de manejo dos recursos hídricos (Fig. 1).
Figura 1: Vista parcial da Agrofloresta Baixa Verde, visita realizada por
pesquisadores e educadores ambientais (período chuvoso).
Fonte: Cáritas-Iguatu
24
Com aproximadamente seis anos de sua implantação na comunidade,
numa área com cerca de quatro hectares, o sistema produtivo comporta espécies
vegetais agrícolas, frutíferas nativas e adaptadas – como banana, macaxeira,
mamão, imbu, feijão e milho – e preserva as espécies nativas como - mandacaru,
aroeira, palma, angico, jucá, sabiá dentre muitas outras – além das práticas de
ovinocaprinocultura, avicultura e apicultura.
Notadamente, a agrofloresta é referência comunitária e regional da
convivência sustentável com o semiárido para a formação ambiental e ecológica,
fornecendo subsídios sólidos para estudantes da própria comunidade e para
pesquisadores até mesmo de outros estados brasileiros.
Nutall (1999), abordando agrofloresta no trabalho docente com crianças,
chega a caracterizar o sistema com a expressão “sala de aula ao ar livre”, fazendo
alusão às potencialidades da agrofloresta que correspondem às muitas facetas do
processo de ensino-aprendizagem.
É relevante que a escola, como instituição que exerce intervenção social
e cultural esteja intimamente comprometida com a questão ambiental
contextualizada, em vista da sustentabilidade das presentes e futuras gerações nos
mais variados espaços do semiárido brasileiro, sendo que os projetos que se
estendem às agroflorestas são um bom começo para alcançar este objetivo.
25
2 METODOLOGIA
2.1TIPO DE PESQUISA
Foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório, com uma abordagem
do tipo qualitativa participativa. Peneireiro (2002) considera que ao se trabalhar
pesquisa participativa, o conhecimento é gerado pelo próprio educando, que passa a
usá-lo porque compreende, uma vez que este conhecimento não é alienígena, e
sabe, inclusive, multiplicá-lo para outros.
2.2ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA
A legislação vigente do Brasil sobre as questões éticas que envolvem as
pesquisas com seres humanos está contida na Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. Dentre os aspectos éticos a resolução refere-se ao respeito ao
indivíduo pesquisado através do consentimento livre e esclarecido. O pesquisador
deverá garantir o desejo dos participantes referente ao sigilo das informações
fornecidas e o direito de desistir de participar do estudo. Aspectos como a
confidencialidade, a privacidade, o anonimato, a proteção de imagem devem ser
assegurados aos participantes no decorrer de todo o processo de pesquisa. O Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi utilizado com os sujeitos
pesquisados, resguardando os mesmos dos preceitos éticos de acordo com a
Resolução 196/96 (APÊNDICE C).
2.3POPULAÇÃO E AMOSTRA
O público-alvo considerado foram os alunos da Escola de Ensino Médio
26
Adahil Barreto dentre os quais compuseram o perfil para amostra 25 alunos do 3º
Ano, que participaram ativamente das atividades e eventos pedagógicos propostos
na pesquisa.
2.4LOCAL DE ESTUDO
O presente estudo exploratório foi realizado na Escola de Ensino Médio
Adahil Barreto, localizada na Rua Edwirgens Vigário, S/N, Bairro Centro no
município de Cariús, Ceará, a 420 km da capital (Fortaleza), onde foram aplicados
os questionários antes e depois da excursão e na agrofloresta da comunidade Baixa
Verde, município de Saboeiro, região dos Inhamuns, no estado do Ceará a,
aproximadamente 433 km da capital. O deslocamento do município de Cariús ao
município de Saboeiro compreendido em 61,2 km, foi previamente autorizado via
Termo de Autorização para realização da Pesquisa (APÊNDICE A).
2.5COLETA DE DADOS
Os dados foram extraídos das respostas dos questionários aplicados,
coletados durante o período de agosto a outubro de 2013 (APÊNDICE B). Foi
apresentado um documentário e realizada uma excursão. Aplicou-se o questionário
foi aplicado em dois momentos: antes e depois dessas práticas.
2.6 ANÁLISE DE DADOS
Os dados obtidos foram analisados comparando-se as respostas dadas
dos questionários antes e depois da excursão à agrofloresta e os registros das
observações pertinentes ao processo de ensino–aprendizagem, a partir dos quais foi
esboçado um perfil dos alunos referente aos conhecimentos adquiridos sobre
Educação Ambiental e desenvolvimento sustentável com agroflorestas.
27
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS ENTREVISTADOS
Os alunos do 3º ano da Escola de Ensino Médio Adahil Barreto residem
em sua maioria (64%) na zona rural (Fig. 2). Este percentual não está muito distante
do apresentado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
(IPECE), segundo o qual, dos 18.567 habitantes do município de Cariús, onde está
inserida a escola, 55,24% estão alocados na zona rural (BARRETO, 2011). Tal fato
dispende maior esforço de deslocamento dos alunos da zona rural para acessar a
escola na zona urbana, devido à ausência de escolas na zona rural ou à baixa
qualidade da educação que se desenvolve em tais instituições. Qualquer que seja o
motivo, o importante é que esses não ficam em desvantagem em seu aprendizado
com relação aos companheiros de escola que residem na zona urbana (BACHA et
al., 2006).
Figura 2 – Distribuição dos alunos da EM Adahil Barreto quanto à localização
de sua moradia.
A maioria dos alunos é composta por filhos de pais cuja ocupação
principal é a agricultura (72%), a qual constitui sua principal fonte de renda. Além de
28
agricultores, os pais dos alunos também se ocupam no trabalho comercial, público
ou são profissionais autônomos, representando estes dois últimos os menores
percentuais (Fig. 3).
Figura 3 – Ocupação dos pais dos alunos da Escola de Ensino Médio Adahil
Barreto
Assim, nota-se que há uma maior gama de opções de atividades
econômicas para o grupo masculino quando comparado às atividades femininas, o
que pode ser entendido quando se admite o fator da diferença de gênero no que
tange à entrada no mercado de trabalho (Fig. 4).
Figura 4 – Ocupação das mães dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto
29
Em 2003, a partir da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio
(PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pode-se
constatar acentuadas desigualdades sociais, principalmente de gênero e raça,
radicadas na sociedade brasileira, em que mulheres negras apresentavam renda
média mensal de apenas R$ 279,70 contra R$ 554,60 para mulheres brancas; R$
428,30 para homens negros e R$ 931,10 para homens brancos (PINHEIRO, 2013).
Dados de estudos sobre as desigualdades de gênero e raça no Brasil do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstraram que pouco mais de
50% das mulheres encontram-se empregadas ou à procura de emprego, enquanto
que esse percentual sobe para quase 73% quando se analisa o grupo masculino,
evidenciando, assim, dentre outros fatores, uma propagação histórica da não
consideração das donas de casa entre a população economicamente ativa
(PINHEIRO, 2013).
Números mais recentes sobre o perfil básico municipal, segundo o IPECE,
mostram que em relação aos empregos formais existentes no município de Cariús,
no ano de 2011, as mulheres detinham a grande maioria dos setores de trabalho
com 85,8% das atividades formais exercidas, incluindo as áreas da indústria de
transformação, dos serviços, da administração pública e do comércio, perdendo para
o grupo masculino apenas no setor agropecuário, em que a cada dez empregos
formais neste setor apenas um era ocupado por mulher (BARRETO, 2011). Tais
atividades limitam-se quase que totalmente às áreas urbanas, o que explica o fato
de apenas 14% das mães apresentarem trabalho formal no serviço público, uma vez
que a maioria dos jovens considerados na pesquisa vem da zona rural, onde a
maioria das mulheres ocupa-se das atividades domésticas, enquanto seus
companheiros da agricultura.
Esta maior participação das mulheres no trabalho urbano e na economia
pode estar relacionada com o seu nível de escolaridade (superior aos homens)
tendendo à conclusão da educação básica e continuidade nos estudos. A relação
entre o número de meninas e meninos no Ensino Médio, em 2006, era de 119
meninas para cada 100 meninos, números que, praticamente se invertem quando se
analisa o Ensino Fundamental no mesmo ano, evidenciando que mais mulheres
prosseguem com seus estudos e concluem o Ensino Médio do que os homens. Além
disso, o percentual de mulheres e homens alfabetizados na faixa etária de 15 a 24
anos era de 103,6% em 2010. Sempre que o percentual deste indicador for superior
30
a 100%, significa que existe maior número de mulheres para cada 100 homens
(PORTALODM, 2013).
A análise de escolaridade do pai mostra que 72% apresentaram grau de
estudo inferior ao 5º ano do ensino fundamental, e apenas 14% completaram o
ensino médio. Esse baixo índice de escolaridade pode estar relacionado à condição
socioeconômica do município, o qual apresenta atualmente uma renda per capita de
R$ 239,39 (Fig. 5).
Figura 5 – Nível de escolaridade dos pais dos alunos da escola de EM Adahil
Barreto
Curi e Menezes-Filho (2006) ressaltam que há uma relação direta entre
baixa renda e baixa escolaridade e da baixa escolaridade com os salários da
população. É notório, por exemplo, que os baixos níveis educacionais da população
encontram-se entre os principais determinantes da insuficiência de renda das
pessoas. Além disso, a falta de acesso à educação pela população, bem como a má
qualidade da educação oferecida à população mais pobre, faz com que as
desigualdades sociais e a pobreza sejam fortemente agravadas (BARROS et al,
2007).
A respeito da escolaridade da mãe, percebe-se que 57% possuem estudo
inferior ao 5º ano do ensino fundamental e apenas 29% têm ensino médio completo
(Fig. 6). Apesar de baixos, esses percentuais mostram maior tendência da
população feminina em completar seus estudos na educação básica do que os
homens. Estudos divulgados pelo IPECE revelam que há um percentual relevante
31
de analfabetos masculinos provindos de zona rural e de baixa renda, além disso, a
maior porcentagem de responsáveis analfabetos se encontra no semiárido brasileiro
e é do sexo masculino, tanto em 2000 (44,4%), quanto em 2007 (34,4%) segundo
dados do IBGE, 2000 e da Prova Brasil, 2007 (RIBEIRO e SILVA, 2010).
Figura 6 – Nível de escolaridade das mães dos alunos da escola de EM Adahil
Barreto.
Pesquisas feitas pelo IPECE, 2006 mostram que 11 municípios cearenses
apresentam taxa de escolarização no ensino médio inferior à média do Estado.
Cariús apresenta o número mais crítico dentre os municípios da mesorregião Centro-
Sul com uma taxa de escolarização no ensino médio em torno de 10,66%,
(BARRETO, 2011). Esses dados nos ajudam a entender os resultados obtidos na
pesquisa, uma vez que a conclusão do ensino médio e permanência nos estudos
dependem, dentre outros fatores, da conclusão do ensino fundamental na idade
certa.
Sobre a renda dos familiares dos alunos, nota-se que a maioria (93%)
vive com um ou mais salários mínimos, enquanto que ainda uma pequena parte
(7%) tem menos do que isso para sua sobrevivência (Fig. 7). Quanto à situação
econômica das famílias do município de Cariús, de acordo com dados do CadÚnico
(Cadastro único) do Governo Federal relacionados ao ano de 2007,
aproximadamente 81,7% da população possuía renda familiar per capita inferior a ¼
de salário mínimo (PROARES, 2010); percentual que foi reduzido para 35,4% no
ano de 2010 (BARRETO, 2011). Destes dados infere-se que houve um considerável
32
aumento dos proventos familiares, o que pode ser atribuído, dentre outras causas,
aos programas de transferência direta de renda com condicionalidades, que
beneficia famílias com um rendimento mensal domiciliar per capita de até R$ 70,00
numa linha de extrema pobreza ou miséria, adotada pelo Ministério do
Desenvolvimento Social (MEDEIROS; NETO, 2011).
Figura 7 – Renda familiar mensal das famílias dos alunos da escola de EM
Adahil Barreto.
Com relação ao percentual observado para as famílias com menos de um
salário mínimo (7%), tem-se que a maioria reside na zona rural, sobrevivendo
diretamente da agricultura e apresentando irregularidade no tempo de estudos, com
apenas o ensino fundamental incompleto, como é possível inferir de figuras
anteriores. O fator localização da moradia é importante uma vez que pode influenciar
diretamente as relações de trabalho e renda, além da facilidade de acesso à escola
e formações profissionalizantes, que promovem a mais rápida admissão no mercado
de trabalho.
3.2 RESPOSTAS AOS QUESTIONAMENTOS SOBRE MEIO
AMBIENTE APLICADOS ANTES E DEPOIS DA VISITA À
AGROFLORESTA
33
Os alunos foram levados para a agrofloresta a fim de conhecer na prática
algumas maneiras mais sustentáveis de se utilizar os recursos naturais para
produção de alimentos (Fig. 8). As respostas estão divididas em antes e depois da
visita e revelam como uma aula de campo pode mudar a visão dos alunos sobre
algum tema.
Figura 8 – Trilha para Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE, percorrida pelos
alunos considerados na pesquisa.
Fonte: Damião Viana Lima.
Sobre a ideia de recursos naturais, expressa pelos alunos (Fig. 9), antes
da visita, 29% citaram a água como principal exemplo de recurso natural, seguido
pela flora (21%), fauna (14%), solo e ar (7%), ao lado de definições mais gerais do
tipo: “recurso natural é tudo que a natureza nos oferece”, ou “tudo que, sendo
próprio da natureza, consiste em um bem utilizável” (7%). Na aplicação posterior à
visita ao sistema agroflorestal (SAF) notou-se que um maior número de alunos
passou a considerar como recurso natural “tudo que a natureza nos oferece”
enquanto que pouco mais de 40% especificaram a água e a flora como sendo
constituintes de tais recursos.
34
Figura 9 – Indicação de recursos considerados naturais pelos alunos antes e
após a visita à agrofloresta.
TNO: Tudo que a natureza nos oferece; TPNB: Tudo que sendo próprio da natureza consiste em um
bem utilizável.
Esta variação da resposta sobre recurso natural conceituado como sendo
tudo que a natureza oferece ao ser humano para a sua sobrevivência reflete a noção
comum que temos dessa íntima dependência do homem para com os recursos de
que a natureza dispõe e a própria capacidade desta de suster as necessidades
humanas e das demais espécies. Tal relação de dependência, segundo Morin
(1988), é um processo de construção que se dá inicialmente no contexto de um
ambiente natural do indivíduo, e ao mesmo tempo num contexto sociocultural.
Segundo Portugal (1992) “A palavra recurso significa algo a que se possa
recorrer para a obtenção de alguma coisa”. O homem, segundo o autor, recorre aos
recursos naturais, isto é, aqueles que estão na natureza, para satisfazer alguma
necessidade. Pensando em conceitos correlatos a este, foi que a legislação
brasileira recente adotou preferencialmente o termo recursos ambientais para
substituir recursos naturais, termo este bastante utilizado em tempos pretéritos
(PORTUGAL, 1992).
Nas entrelinhas da legislação pode-se verificar a presença de resquícios
que indicam o conceito de recursos naturais ainda presente. O exemplo mais
patente está nos termos que compõem a sigla do IBAMA que parece ser apenas
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, mas cujo nome completo inclui também o
termo “Recursos Naturais Renováveis”. Pode-se, entretanto, verificar que, no corpo
35
da legislação pertinente, o termo recursos naturais praticamente desaparece sendo
substituído por outros. Um claro exemplo disso é o inciso VI do artigo 4º da Lei
Federal n. 6.938/81, o qual determina “a imposição, ao poluidor e ao predador, da
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos” (BRASIL,
1981). Ou seja, descarta recursos naturais, trocando por recursos ambientais.
Aos termos “bens utilizáveis” ou “bens extraídos” a que se referem os
alunos nas respostas, pode-se ainda aplicar a mesma noção que eles têm sobre
relação de dependência do homem com a natureza, já mencionada. Convém
enfocar o termo “bens extraídos” que abrange os elementos bióticos e abióticos não
produzíveis pelo homem, mas dos quais depende a sua sobrevivência.
Randall (1987) e Rees (1990) apud Antonius (1999) estabelecem duas
condições para classificar determinado material como sendo um recurso: primeiro,
que esse material seja útil aos seres humanos, devendo existir, portanto,
conhecimento técnico e ferramentas que permitam sua extração e utilização; e,
segundo, haver demanda para esse material como para os produtos produzidos a
partir dele, ou seja, que tenha valor ou adquira valor no processo produtivo.
De acordo com esta classificação, nem “tudo que é próprio da natureza”,
pode ser considerado um recurso, pois uma vez que de determinado elemento
natural não são conhecidas suas propriedades e utilidades, logo, não se pode lhe
atribuir valor, visto que não se tem nenhuma necessidade deste elemento. Flora,
fauna, água, ar e solo são os exemplos mais específicos de recursos naturais
apontados nas respostas, principalmente, na segunda aplicação do questionário.
Sobre este fato não é de estranhar ver que o trabalho nos SAFs possa proporcionar
maior valoração destes recursos, uma vez que lá estão todos inter-relacionados, ora
subsidiando a prática agropecuária, ora fornecendo matéria orgânica e favorecendo
a ciclagem de nutrientes.
A fauna nos sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris inclui as espécies
animais domesticadas, empregadas com a finalidade de produção de alimentos de
origem animal. Eventualmente, são atraídas ao sistema espécies silvestres, que já
existiam na área antes da implantação do SAF, ou vindas de outros hábitats.
Diversas aves, alguns répteis, pequenos roedores, inúmeras espécies de insetos, e
até mamíferos de pequeno porte típicos do bioma Caatinga compõem a
36
biodiversidade faunística na Agrofloresta Baixa Verde, o que fica evidente na fala do
proprietário, Raimundo Albanir (Fig. 10).
Moraes-Ornellas (2009), ao pesquisar a fauna associada a sistemas
agroflorestas na zona de entorno do Parque Nacional da Serra da Bocaina (RJ),
constatou um considerável número de espécies de aves e de mamíferos presentes
no SAF em comum com as áreas naturais circundantes, o que aponta a importância
desses agroecossistemas na manutenção da biodiversidade local e como corredor
ecológico facilitando o fluxo dos mesmos entre fragmentos de biomas.
Figura 10 - Vista da entrada da Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE.
Fonte: Damião Viana Lima.
Considerando as respostas que representam para os alunos exemplos de
recursos naturais do semiárido nordestino antes e depois da visita à agrofloresta
Baixa Verde (Fig. 11), observa-se que na primeira aplicação, a maioria dos alunos
considerou a flora como principal exemplo de recurso natural presente no semiárido,
aproximadamente 30% deles mencionaram os recursos hídricos (rios, lagos,
barragens, açudes, etc.), pouco mais de 20%, os produtos da agricultura, e menos
de 15% citaram a fauna. Já na segunda aplicação houve uma mudança de opinião
para muitos entrevistados, os quais destacam a flora e a água como importantes
recursos naturais do semiárido e aumento para 21% dos alunos que destacam a
37
fauna como parte desses recursos. A quantidade de respostas que afirmam serem
recursos naturais do semiárido nordestino os produtos advindos da agricultura não
foi alterada entre o primeiro e o segundo questionário.
Figura 11 – Indicação de recursos considerados naturais no semiárido
nordestino antes e após a visita à agrofloresta.
Observa-se que os recursos naturais citados nas respostas abertas são,
no contexto do bioma Caatinga, de modo geral, os mais alterados, devido a sua
exploração inadequada, o que, por conseguinte, gera desequilíbrios ambientais
desastrosos e irreparáveis (LUCENA, SILVA e MATOS, 2009). No âmbito
agroflorestal, no entanto, tais recursos estão preservados pelo e para o homem, o
que favorece a sustentabilidade do seu meio ambiente e do ambiente de outras
espécies vegetais e animais. Por exemplo, quando da segunda aplicação do
questionário, quase 80% destacaram os recursos florísticos do semiárido,
representados pelas matas nos estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo. Isso se deve
ao fato de que eles puderam perceber – de modo mais concreto através da
diversidade vegetal do SAF – o grau de importância ambiental de tais recursos.
Segundo Sousa (2005), as espécies animais e vegetais domesticadas ou
mesmo vindas de outros biomas e introduzidas no bioma Caatinga necessitam de
condições especiais, geradas pelo homem, para a sua sobrevivência. Os SAFs que,
de um modo geral, representam ecossistemas minimamente agredidos pelo homem,
figuram tais condições (Fig. 12), possibilitando uma harmoniosa convivência com a
fauna e a flora nativas do bioma, que por sua vez, apresentam adaptações
38
específicas às suas características físicas e climáticas.
Figura 12 – Vista parcial de parede da barragem subterrânea e poço
construídos na Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE, instrumentos de
captação, retenção e reserva hídrica
Fonte: Damião Viana Lima.
O fato de pouco mais de 40% citarem a água na segunda aplicação do
questionário deve ser atribuído primeiramente à noção comum e predominante que
se tem de que o semiárido é drasticamente afetado pela escassez deste recurso, o
que se agrava em longos períodos sem chuva, como é o caso atual – 2012-2013 –
na maior parte do Nordeste, inclusive na região dos Inhamuns, onde está situado o
SAF Baixa Verde. Tal fato pode ainda ser considerado, principalmente, uma
consequência da observância do correto manejo dos recursos hídricos no SAF
integrados com algumas tecnologias sociais de reserva de água, corroborando seu
grande valor no bioma, uma vez que apenas 3% da quantidade total de água no
Brasil, encontra-se na região Nordeste (FREITAS, 1999).
Com relação ao questionamento referente ao conceito pessoal de
problema ambiental, a maioria dos alunos que respondeu ao questionário em sua
primeira aplicação considerou como sendo uma consequência da ação irresponsável
do homem sobre o seu espaço. Mais de 20% citaram as queimadas e os
desmatamentos, e um percentual de 7% destacaram as secas, o lixo e a poluição
(da água e do ar) como exemplos de problemas ambientais (Fig. 13).
39
Figura 13 – Entendimento dos alunos sobre Problema Ambiental antes e após
a visita à agrofloresta.
CH: Consequência da ação humana; Q: Queimadas; D: Desmatamento; S: Seca; L: Lixo e P:
Poluição.
Os resultados da segunda aplicação mostraram um padrão majoritário
nas respostas indicando que problema ambiental é decorrência da ação antrópica, o
que foi exemplificado pelas queimadas e os desmatamentos como sendo os
problemas mais manifestos. A poluição ambiental é citada por 14% dos alunos nesta
nova análise, enquanto que o nível de respostas que consideraram a seca no
semiárido e o lixo em locais inadequados manteve-se constante (7%). Para Barbieri
(1997), os problemas ambientais provocados pelos humanos decorrem do uso do
meio ambiente para obter os recursos necessários para produzir os bens e serviços
que estes necessitam e dos despejos de materiais e energia não aproveitados no
meio ambiente.
Nota-se nas respostas, que o entendimento leigo e predominante sobre
problema ambiental é decorrente das próprias observações sobre as ações
antrópicas que agridem a ordem ecológica do ambiente ao entorno local dos sujeitos
considerados. A maioria dos alunos sendo residente na zona rural e vindo de
famílias agricultoras (Fig. 2 e Fig. 3) está mais frequentemente em contato com
práticas de queimadas e desmatamentos, empreendidos com a finalidade de “limpar”
o terreno para o cultivo agrícola ou extração de lenha. Por este motivo, o
questionamento que aborda o conceito de problema ambiental na visão dos alunos
(Fig. 13) será discutido de modo unificado e comparativo à questão sobre o
40
entendimento dos alunos com relação aos problemas ambientais do semiárido
brasileiro (Fig. 14), considerando que são respostas abertas muito semelhantes
entre si.
Figura 14 – Entendimento dos alunos sobre problema ambiental no semiárido
brasileiro antes e após a visita à agrofloresta.
Q/D: Queimadas/Desmatamentos; P: Poluição; S: Seca; L: Lixo; UA: Uso de Agrotóxicos e CP: Caça
Predatória.
Ao serem questionados sobre quais problemas ambientais afetariam mais
fortemente o semiárido (Fig. 14) a grande maioria mencionou em suas respostas,
antes (64%) e depois da visita à Agrofloresta Baixa Verde (93%), as queimadas e os
desmatamentos de certa forma reforçando e reafirmando as respostas evidenciadas
na percepção global sobre problema ambiental (Fig. 13).
O principal motivo para as queimadas, notadamente ainda é a agricultura
de broca-e-queima empreendida pelo homem devido ao baixo custo para a sua
realização e ao efeito rápido no processo de limpeza do terreno. Ainda em 2012, o
município de Cariús ocupou a segunda posição dentre os municípios cearenses com
maior número de queimadas realizadas: em torno de 141 incêndios, sendo a lista
liderada pelo município vizinho, Jucás, com cerca de 210 casos (FUNCEME, 2012).
Percebe-se nas respostas dos alunos sobre o problema das queimadas que eles
não estão alheios à sua realidade ambiental, sendo eles próprios vítimas das
consequências das frequentes queimadas. Mesmo os alunos residentes na zona
urbana destacam com frequência o fato de se realizarem queimadas, principalmente
para fazer agricultura, mas também para outros fins.
41
A mesma relação homem-meio ambiente, verificada como fator explicativo
das respostas anteriores pode também ter influenciado as respostas “poluição” e
“lixo”, nos questionamentos sobre o conceito de problema ambiental (Fig. 13) e a
problemática ambiental do semiárido brasileiro (Fig. 14) uma vez que muitos são
filhos de agricultores, que por sua vez são obrigados a fazer a tríplice lavagem das
embalagens dos produtos químicos e não mais jogá-los nos rios, como era muito
comum até bem pouco tempo atrás. Além disso, pode ter motivado estas respostas o
fato de que no município de Cariús não ocorre coleta seletiva do lixo, pois ainda que
53,33 % dos domicílios particulares permanentes urbanos disponham de coleta de
lixo de acordo com o IPECE no ano de 2010, isso não acontece na zona rural
(BARRETO, 2011). Na maioria dos casos, o lixo é despejado em locais impróprios,
acumulado e queimado nos lixões, liberando, assim, grande quantidade de
poluentes atmosféricos e contaminantes dos solos. Outro motivo possível, é que os
alunos podem ter sido influenciados pelo constante apelo ambiental da mídia, uma
vez que tais problemas são muito comentados nos meios de comunicação e até
mesmo em sala de aula.
Os dados referentes às perguntas sobre poluição ambiental no semiárido
brasileiro (Fig. 14) destacam esse tema como o segundo maior problema ambiental,
sendo citado por aproximadamente 60% dos alunos na primeira aplicação e mais de
70% na segunda, confirmando, assim uma informação importante do IBGE de 2008
sobre o perfil municipal de Cariús, segundo o qual o município apresentara a
poluição dos recursos hídricos e a contaminação do solo, além das queimadas e
desmatamentos nos anos de 2006 a 2007, como principais ocorrências impactantes
(PORTALODM, 2013).
Sobre a seca no semiárido nordestino nota-se que aproximadamente 36%
dos alunos mantiveram invariável sua resposta também na segunda aplicação do
questionário (Fig. 14). Vê-se, assim, uma constante preocupação, principalmente por
parte dos alunos que vivem em comunidades rurais e dependem das chuvas para o
sucesso da prática agrícola. Ainda, porque de 2012 para 2013 houve uma drástica
redução na precipitação pluviométrica, com uma diminuição de 741 mm para 475
mm nos meses de janeiro a abril dos respectivos anos, sendo que a média anual de
pluviosidade no município de Cariús é de 865,6 mm (FUNCEME, 2013),
caracterizando, assim, um intenso período de estiagem, que tem debilitado a
42
situação financeira das famílias agricultoras, gerando diminuição em suas rendas
mensais e elevação dos preços dos produtos agrícolas no mercado.
Estudo comparativo entre as percepções ambientais de docentes e
discentes de uma escola pública do semiárido paraibano, relacionando a percepção
predominante com as características do bioma Caatinga e sua abordagem no
ambiente escolar (SANTOS et al., 2011) constatou que docentes e discentes
percebem prioritariamente problemas relacionados à escassez de água na região do
semiárido, confirmando o proposto por Melazo (2005) de que o ser humano
compreende o ambiente de acordo com as relações desenvolvidas nele.
Foram citados ainda o uso de agrotóxicos – 7% na primeira aplicação e
aproximadamente 30% na segunda – e a caça predatória, 7% apenas na segunda
aplicação, como problemas ambientais do semiárido (Fig. 14). Assim é relevante
considerar o abuso de agroquímicos como potencial agravante ambiental da
contaminação dos solos.
Referente a isso se destacam dados importantes sobre a comercialização
de agrotóxicos na região Nordeste, responsável por aproximadamente 6% do
consumo destes produtos, concentrado principalmente nas áreas de agricultura
intensiva (SPADOTTO; GOMES, 2013). O Ceará, por sua vez, segundo estudo
sobre os prejuízos à saúde humana a partir do uso de agroquímicos numa
comunidade de Maracanaú, apoiado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), no
ano de 2011, destacou-se como maior consumidor de agrotóxicos na região
nordeste, dobrando, em cinco anos, a venda de veneno e ampliando em 963,3% a
venda de ingredientes ativos para os venenos (COLARES, 2011). Isso significa um
gradativo aumento nas compras destes produtos não só pelos grandes proprietários
agrícolas, mas também pelos pequenos agricultores, que por vezes abusam de tais
produtos sem orientação técnica adequada, comprometendo a qualidade alimentar
dos seus consumidores e dos recursos ambientais. O uso de produtos químicos na
agricultura citado por cerca de 30% dos alunos na segunda aplicação do
questionário (Fig. 14) evidenciam, além do entendimento concernente a esta
problemática ambiental e o seu abuso na prática agrícola – que se pode comprovar
pelas referências estatísticas supracitadas – também o permanente contato com tais
produtos a que estes jovens estão submetidos diariamente.
Estas evidências estatísticas supracitadas comparadas às respostas dos
43
alunos permitem inferir que há uma percepção e uma análise dos adolescentes,
mesmo que mínima, da realidade socioambiental à sua volta, e que essa percepção
se amplia a partir da interação com os SAFs nos quais o jovem pode relacionar seu
contexto ambiental, reeducação ambiental e possíveis soluções sustentáveis aos
problemas ambientais que são percebidos ao seu redor (RIBASKI, 1982). Nota-se
ainda uma grande admiração dos jovens durante a visita ao SAF e durante a
exposição do técnico agropecuário sobre o funcionamento do sistema e de como
eventualmente espécies silvestres típicas da Caatinga são atraídas ao local, sem
que haja a mínima interferência predatória humana, fato que pode explicar que
tenham mencionado a caça apenas na segunda aplicação do questionário. Da
mesma forma, indagam sobre o fato de não serem usados defensivos agrícolas no
SAF para combater as pragas da vegetação, o que certamente evidenciou a
desnecessidade do seu uso na agricultura.
A respeito das concepções pessoais dos alunos sobre Educação
Ambiental (EA) nota-se que a maioria deles em ambas as aplicações a considera um
processo atitudinal de preservação da natureza. Vinte e nove por cento dos alunos
na primeira aplicação afirmam que EA consiste no estudo dos recursos naturais e
7% dizem não entender nada sobre o assunto. Na segunda aplicação do
questionário, no entanto, apenas 7% alegam que EA é o estudo dos recursos
naturais, e 14% que é um ato de educação para preservação da natureza (Fig. 15).
Figura 15 – Entendimento dos alunos sobre Educação Ambiental antes e após
a visita à agrofloresta.
APN: Ato de preservação da natureza; ERN: Estudo dos recursos naturais; AEP: Ato de educação
para preservação da natureza e NS: Não sei.
44
Os alunos inseridos em uma área ecologicamente preservada, ao
participarem de uma experiência de manejo sustentável dos recursos naturais no
semiárido, parecem, de fato, entender que estão envolvidos em uma atividade de
Educação Ambiental, porque podem se surpreender (e eles expressam isso por meio
de gestos, fisionomia) com os conhecimentos transmitidos pelo técnico e pelo
proprietário da agrofloresta através de sua própria experiência. Assim, eles
entendem que a consciência e a sensibilidade que motivam as ações protecionistas
e conservativas do meio ambiente dependem inicialmente de um ato educativo, de
uma ação cidadã de ensino e de aprendizagem. É isto que consecutivamente
promove um “ato de preservação da natureza”.
Em um questionamento aberto sobre o que se deve fazer para preservar
os recursos naturais do semiárido, a grande maioria dos alunos sugeriu em ambas
as aplicações, que o melhor seria não desmatar nem queimar a vegetação. Como
segunda resposta mais indicada pelos alunos está a “preservação dos recursos
naturais” em ambas as aplicações, enquanto que na segunda aplicação 36%
optaram por evitar o uso de agrotóxicos, como medida de preservação ambiental e
apenas um pequeno percentual de alunos aponta a reciclagem do lixo como
principal ação de preservação ambiental, tanto antes quanto depois da visita ao SAF
(Fig. 16).
Figura 16 – Sugestões dos alunos sobre medidas de preservação dos recursos
naturais do semiárido nordestino antes e após a visita a agrofloresta.
ND: Não desmatar/queimar; FA: Fazer agrofloresta; EAG: Evitar agrotóxicos; CRA: construir
reservatórios de água; PRN: Preservar os recursos naturais; RL: Reciclar o lixo e DCP: Denunciar a
caça predatória.
45
Desmatamento, queimada e utilização de agrotóxicos no cultivo agrícola
são problemas muito atuais e frequentemente apontados nas respostas dos alunos,
uma vez que, além de serem práticas altamente nocivas ao equilíbrio ecológico de
qualquer bioma – e ainda mais, quando se trata do semiárido brasileiro, que
apresenta grande complexidade física e biológica – são práticas desprezíveis dentro
do método agroflorestal.
Pela observância do SAF, através de contato direto, os estudantes
puderam deduzir que “fazer uma agrofloresta”, possibilitaria amenizar problemas
clássicos da complexa região semiárida, que mesmo apresentando extensas áreas
de solos razoavelmente férteis, oriundos de rochas cristalinas e rico em minerais,
ainda apresentam uma baixíssima produtividade agrícola, devido à prática da
agricultura de subsistência itinerante, caracterizada, principalmente pelo uso
frequente de queimadas, sobrepastejo, desmatamento e extração de lenha sem
reposição (ARAÚJO-FILHO, 2010).
Um estudo avaliativo dos impactos de quatro SAFs e um sistema
convencional agrícola sobre a qualidade do solo, comparativamente à condição
natural (caatinga nativa) após cinco anos de uso na região semiárida cearense, foi
realizado no município de Sobral, no ano de 2006, possibilitando analisar a
composição química e aspectos físicos dos solos em diferentes sistemas agrícolas
(ARAÚJO-FILHO et al., 2006). O trabalho permitiu concluir que os tratamentos
agrossilvipastoril e silvipastoril mostraram que, de modo mais eficiente, ocorreu
maior ciclagem de nutrientes, baixa ou nenhuma diminuição nos teores de carbono
orgânico total (COT) e maior estado de estabilidade dos agregados do solo, o que
torna segura a recomendação de tais manejos para a manutenção da qualidade do
solo e a produção de alimentos na região do semiárido cearense.
Ainda que não sejam elementos que identificam os SAFs, as tecnologias
sociais de captação e armazenamento de água ou retenção da umidade já fazem
parte das estratégias de convivência do sertanejo com o semiárido (SOUSA, 2007).
Acessórios como cisternas de placa, cisterna calçadão e barragem subterrânea,
como os presentes na agrofloresta Baixa Verde, aumentam o aproveitamento da
água das chuvas que caem na região. Mesmo enfrentando o longo período de seca
e tendo perdido o aspecto verdejante, característico do período chuvoso, na maior
parte de sua extensão, o SAF Baixa Verde apresenta sinais de vitalidade, expressos
46
na vegetação frutífera, nas hortaliças e tubérculos – irrigados através da técnica do
gotejamento, que permite uma distribuição mais eficiente da água – e plantas nativas
e forrageiras (Fig. 17).
Figura 17 – Laranjeira com seus frutos (A) e plantação da palma, cactácea
típica do semiárido, usada para complementar a alimentação animal forrageira
(B).
Fonte: Damião Viana Lima
Em relação aos 7% que sugeriram a reciclagem do lixo como medida de
preservação dos recursos naturais do semiárido (Fig. 16) verifica-se uma
preocupação (referida também na discussão das Fig. 13 e 14) sobre o modo como
são tratados os materiais não aproveitados pelo homem, gerados pelos processos
de produção de bens e serviços, a partir dos recursos ambientais. Embora com a
mesma quantidade de respostas nas duas aplicações, é imprescindível destacar o
processo de reciclagem natural que ocorre na Baixa Verde (como em outros SAFs),
a partir do acúmulo superficial de matéria orgânica proveniente de plantas secas,
capina seletiva, restos de alimento e esterco (ARAÚJO-FILHO et al., 2006) (Fig. 18).
47
Figura 18 – A poda de galhos secos e envelhecidos produz uma grossa
cobertura orgânica que protege o solo da erosão, retém sua umidade por mais
tempo, aumentando a ciclagem de nutrientes.
Fonte: Damião Viana Lima
É relevante ressaltar também uma forma peculiar de irrigação presente no
SAF Baixa Verde feita a partir da reutilização de canudinhos de pirulito, que,
segundo o proprietário é uma forma de distribuir racionalmente a água (Fig. 19).
Figura 19 – Irrigação por gotejamento com garrafa PET atada à planta (A) e
canudinhos de pirulito em canos de PVC (B) otimizam a distribuição de água
no período de estiagem.
Fonte: Damião Viana Lima.
48
Na resposta do tipo: “devemos denunciar a caça e matança de animais”,
os alunos ressaltam a necessidade de uma fiscalização mais efetiva sobre a fauna
do semiárido. Provavelmente o que os motivou a tal resposta foi o fato de
observarem em suas comunidades a prática indiscriminada da caça de animais
silvestres para o consumo como alimento, tráfico ou para mantê-los em cativeiros, o
que, devido à falta de fiscalização dos órgãos competentes tornou-se um evento
corriqueiro.
Analisando as respostas sobre o questionamento relacionado à prática da
agricultura de broca-e-queima obteve-se que a grande maioria dos alunos considera
inadequada a prática de queimadas para o plantio por diversas razões que se
complementam entre si (Tabela 1). Cerca de 90% dos alunos na primeira aplicação
consideraram imprópria a realização de queimadas para o cultivo agrícola, citando
diferentes argumentos como o empobrecimento do solo, promoção da erosão e
desertificação, a destruição da fauna e da flora nativas e a poluição do ar e dos
recursos hídricos. Enquanto que apenas 14% alegaram que é uma prática aceitável,
mas só quando a finalidade for a “limpa do mato” para fazer o plantio, quando, na
realidade sabe-se que é justamente a própria agricultura que fica comprometida
devido às queimadas. Na segunda aplicação, 93% dos alunos foram contra a prática
das queimadas apresentando as justificativas já mencionadas anteriormente, e 7%
foram a favor, quando estas forem feitas com o objetivo de plantar na área
desmatada.
Tabela 1 – Opinião dos alunos sobre realização de queimadas na prática
agrícola
RESPOSTAS ANTES DA VISITA (%) APÓS A VISITA (%)
INCORRETA, POIS
EMPOBRECE O SOLO.
30 50
INCORRETA, POIS
DESTRÓI A FAUNA.
21 22
INCORRETA, POIS POLUI O
AR E OS RIOS.
14 7
INCORRETA, POIS CAUSA
DESERTIFICAÇÃO.
21 14
CORRETA, QUANDO É
FEITO PARA PLANTAR.
14 7
Fonte: Dados da pesquisa.
49
O fato dos 14% dos alunos na primeira aplicação concordarem com a
prática de queimada para “limpar o terreno” para o cultivo agrícola se explica, por ser
uma prática de baixo custo que despende pouco esforço humano. Esta resposta, no
entanto teve uma redução para 7% na aplicação posterior ao conhecimento do SAF,
onde se pode verificar a apreensão positiva de saberes agroecológicos, orientando
uma postura ambientalmente sustentável.
Ao serem indagados sobre quais métodos e práticas agrícolas eram mais
conhecidos por eles, observou-se que a maioria dos alunos tanto na primeira quanto
na segunda aplicação do questionário (Fig. 20), respondeu que conheciam práticas
agrícolas baseadas na queimada da área a ser cultivada, com irrigação e uso de
agrotóxicos como controle de pragas. Enquanto que a capinagem do terreno, sem a
prática das queimadas, irrigação ou uso de agrotóxicos era conhecida por uma
minoria dos alunos, na primeira aplicação, mas que se tornou mais conhecida após
a visita, de forma que quase 44% dos alunos referiram-se a tais práticas após a
visita ao SAF.
Figura 20 – Respostas dos alunos sobre as práticas agrícolas mais conhecidas
por eles antes e após a visita à agrofloresta.
QPI: Queimadas para o plantio, com irrigação e uso de agrotóxicos e CSQ: Capinagem, sem
queimadas, sem irrigação nem uso de agrotóxico.
É notório, que a partir do conhecimento do SAF, surjam mais respostas
considerando práticas agrícolas mais sustentáveis, principalmente com relação ao
solo e à vegetação, uma vez que sua valoração é muito comum neste
agroecossistema. É compreensível também que a maioria dos alunos conheça mais
50
práticas agrícolas pautadas na realização de queimadas para a “limpa do mato” na
área a ser cultivada, irrigação intensiva e abuso de agrotóxicos, sendo métodos tão
antigos e arraigados na cultura agrária do semiárido, desde a colonização, sendo
repassadas até as gerações atuais.
“O Nordeste brasileiro é uma região composta de
terras (...), que produzem tudo que se plantar. Por
outro lado existem terras semiáridas, isto é, terras
que precisam de água, de irrigação e de muitos
instrumentos de trabalho para que se consiga a sua
produção, isto significa dizer, tenha boa viabilidade.
Para tanto, é preciso que haja um interesse
governamental quanto à eliminação das dificuldades
que os habitantes do semiárido passam na sua
sobrevivência, quanto aos tipos de cultura a trabalhar
e a manutenção no seu processo de crescimento até
a sua ida ao consumo final.” (SOUSA, 2006).
Segundo o autor supracitado, perduram ainda práticas arcaicas de
manejo agrário pouco rentáveis ao pequeno agricultor, que se vê inserido em uma
lógica capitalista exclusivista. Esta, por sua vez, enriquece o latifúndio industrial,
gerando grandes desigualdades sociais. Para o mesmo autor falta uma política séria
e comprometida em promover condições viáveis de sobrevivência no campo, o que
a tornaria uma região produtiva e promissora para seus habitantes.
Dentre as respostas ao questionamento sobre se escolheriam
futuramente trabalhar na agricultura obteve-se que a grande maioria respondeu que
não almejava seguir a profissão de agricultor, argumentando sobre as dificuldades
próprias da profissão, potencializadas pelo clima quente e seco. 21% afirmaram que
escolheriam a profissão pelo fato de já pertencerem a famílias de agricultores ou,
simplesmente, por gostar de trabalhar em atividades agrícolas. Ambas as respostas
mantiveram-se com os mesmos percentuais entre a primeira e a segunda aplicação
do questionário (Fig. 21).
51
Figura 21 – Respostas dos alunos com relação a escolherem para si mesmos a
profissão de agricultor antes e após a visita à agrofloresta.
“Sim, apesar de ser um trabalho pesado, gosto de trabalhar na terra”. F,
sexo masculino, 17 anos, zona urbana (primeira aplicação).
“Não, apesar de ser obrigado a destruir a natureza é um trabalho muito
cansativo” (primeira aplicação). E “ainda não, pois a gente sofre muito com o sol e o
calor” (segunda aplicação). T, sexo masculino, 19 anos, zona rural.
“Não, admiro muito a profissão, mas quero investir em outro ramo. Entrar na
universidade” (primeira aplicação) e “não, não tenho conhecimento total para realizar a
profissão de agricultor” (segunda aplicação). L, sexo feminino, 20 anos, zona rural.
“Provavelmente sim, porque o estudo depende muito das suas condições
para estudar” (primeira aplicação) e “sim, porque minha família é todos tem a ver com a
agricultura” (segunda aplicação). E, sexo masculino, 18 anos, zona rural.
“Sim” (primeira aplicação) e “acho que sim, pela preservação da natureza”
(segunda aplicação). FE, sexo masculino, 17 anos, zona rural.
“Não, pois não me adaptaria a esta atividade” (primeira aplicação) e “não,
porque essas pessoas sofrem muito” (segunda aplicação). A. sexo feminino, 18 anos,
zona urbana.
Como se nota, há um alto teor de negatividade na maioria das respostas
com relação à profissão, o que pode ser resultado de toda uma história de
degradação ambiental causada por procedimentos agrícolas insustentáveis e pouco
produtivos. Por outro lado, os esforços físicos dos agricultores, em meio a
complexos fatores sociais, políticos, econômicos e ambientais que potencializam os
efeitos da seca, parecem não ser recompensados pela produtividade, desgastando o
trabalhador.
52
Outro fator para o descrédito da profissão é a busca por melhores
condições educativas e por uma maior abrangência no mercado de trabalho, o que
acaba gerando um fluxo migratório para as áreas urbanas e, consequentemente a
diminuição da mão-de-obra agrícola.
Nos últimos anos, o IBGE, através dos censos realizados, constatou
diminuição do total de habitantes no meio rural. Em 2000, o Brasil contava com
6.134.639 de jovens no campo, o que representava 18% do total do número de
pessoas residentes no meio rural. Porém, o último censo, o de (2010) registrou
5.493.845 pessoas nas mesmas localidades e na mesma faixa etária, entre 15 e 24
anos, o equivalente a 16% da população total de jovens do país, sendo que,
segundo as estatísticas, a maioria dos emigrantes vai das regiões semiáridas do
Nordeste brasileiro em direção aos grandes centros urbanos e metrópoles
(TOLEDO, 2011).
Bourdieu (2000) apud Battestin (2009) ressalta que o difícil acesso às
políticas públicas básicas como educação, lazer e cultura, também tem peso
significativo na saída desses jovens. O desejo de continuidade dos estudos, de
cursos profissionalizantes, que possibilitem oportunidades fora de seu espaço de
origem, é valorizado tanto pelos jovens como pelos próprios pais, pois estes
carregam em si a imagem de inferioridade do campo em relação à cidade.
Evangelista et al. (2001) aponta sérias implicações sociais advindas do
êxodo rural que compreendem, dentre outros problemas: a redução da produção
agrícola com o consequente aumento dos custos dos alimentos; a adoção de
tecnologias para substituir a mão-de-obra migrante, acarretando sérios impactos
ambientais; o crescimento das favelas, aumento da marginalidade, precarização das
condições de saúde e habitação nas cidades, e aumento do desemprego, uma vez
que a competição comercial entre as empresas, as tem obrigado a se modernizarem
e adotarem elevado nível de automação, com investimentos intensivos em capital e
poupadores de mão-de-obra.
Diante desta realidade, se não forem empreendidas políticas sociais de
incentivo à permanência do jovem no campo, como linhas de crédito para aquisição
de terras e equipamentos e alternativas de prosseguimento de seus estudos
correlacionados às práticas agrícolas nas chamadas 'escolas de alternância', é
possível que num futuro próximo haja escassez de profissionais para a agricultura.
53
Considerando as respostas da questão que indaga sobre o uso de
agrotóxicos no combate às pragas da agricultura, mais da metade dos alunos, na
aplicação inicial concordou que o uso é incorreto, pois prejudica os alimentos e,
consequentemente a saúde humana e os animais, e também porque poluem o solo
e os reservatórios naturais de água. Porém, 43% ainda defendiam seu uso no
controle das pragas da plantação. Na última aplicação o percentual de entrevistados
que é contra o uso de agrotóxicos subiu para 86%, e apenas 14% mantiveram-se
favoráveis à aplicação (Tabela 2).
Tabela 2 – Opinião dos alunos sobre uso de agrotóxicos na prática agrícola
RESPOSTAS ANTES DA VISITA (%) APÓS A VISITA (%)
INCORRETO, POIS POLUI O
SOLO E OS RIOS.
29 22
INCORRETO, POIS
PREJUDICA OS ALIMENTOS
E A SAÚDE HUMANA.
28 57
INCORRETO, POIS AFETA
OS INSETOS
POLINIZADORES.
0 7
CORRETO, POIS EVITA
PRAGAS NA
AGRICULTURA.
43 14
Fonte: Dados da pesquisa.
Deduz-se que a maioria passou a entender sobre os malefícios que os
agrotóxicos promovem ao ser humano e ao meio ambiente, poluindo os solos e os
rios e prejudicando a própria fauna nativa, uma vez que, apenas na segunda
aplicação, 7% afirmaram que o abuso destas substâncias pode afetar os insetos
polinizadores, que por sua vez desempenham um importante papel nos espaços
agrícolas. Isto se pode atribuir ao fato de que no SAF visitado desenvolvem-se
atividades de apicultura para fins de consumo da própria comunidade, e como forma
de complemento da renda das famílias, obtido com a venda do excedente.
Estudos feitos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (MACHADO, 2012) comprovaram o efeito nocivo de alguns
componentes de agrotóxicos sobre populações de abelhas, levando-as à morte ou a
alterações comportamentais. As avaliações da pesquisa culminaram na proibição da
aplicação aérea de produtos químicos que contenham tais compostos, consistindo
em crime ambiental o descumprimento de tal medida.
54
O Brasil é o campeão mundial de consumo de agrotóxicos desde 2008.
Naquele ano, foram 673 mil toneladas consumidas, mas em 2010 ultrapassou a casa
de 1,0 milhão de toneladas. O Ceará apareceu no Censo Agropecuário do IBGE de
2006 como o quarto estado brasileiro em número de estabelecimentos que utilizam
agrotóxicos (COLARES, 2011).
Demonstrações feitas no SAF visitado permitiram aos jovens
compreenderem como é feito o combate aos insetos prejudiciais à agricultura (Fig.
22). Soluções preparadas com fumo, urina de vaca ou ainda extratos preparados de
certas plantas constituem-se como possíveis repelentes naturais.
Figura 22 – E m roda de conversa, o proprietário da agrofloresta Baixa Verde, o
senhor Raimundo Albanir (chapéu), o técnico agropecuário da Cáritas, Iguatu-
CE, Oneci Angelim (boné branco), e jovens discutem sustentabilidade no
semiárido.
Fonte: Damião Viana Lima
Com relação ao percentual de 43% dos alunos na primeira aplicação do
questionário e 14% na segunda aplicação que foram a favor ao uso de agrotóxicos,
explicando a sua necessidade no combate às pragas da lavoura, fica evidente como
a falta de informação pode subsidiar escolhas erradas. Esta falta de informação
pode ser vista como resultado da pouca ou nenhuma assistência técnica prestada
55
pelos órgãos ambientais e de extensão rural aos pequenos agricultores e, é uma
observação que deve motivar reflexões pedagógicas mais contextualizadas à
vivência do educando, despertando sua sensibilidade crítica sobre o abuso de
produtos químicos na agricultura.
Quando foram questionados sobre como promover a sustentabilidade dos
recursos naturais para as futuras gerações, a maioria respondeu simplesmente que
os mesmos devem ser preservados, tanto na primeira quanto na segunda aplicação
do questionário. Cuidar, prioritariamente da vegetação e promover o incentivo à
educação ambiental foram algumas das respostas apresentadas, mas em número
reduzido. Sete por cento responderam, mas somente na primeira aplicação, que,
simplesmente deveríamos continuar usando os recursos naturais, pois como sempre
existiram, continuarão existindo na Terra e adicionalmente, 7% também citaram na
primeira aplicação que nada deve ser feito para a conservação dos recursos
naturais, posicionamento que não se repetiu na segunda aplicação do questionário
(Fig. 23).
Figura 23 – Sugestões dos alunos para sustentabilidade dos recursos naturais
atuais antes e após a visita à agrofloresta.
PRN: Preservar os recursos naturais; CV: Cuidar da vegetação; IEA: Incentivo à educação ambiental;
CURN: Continuar usando os recursos naturais e N: Nada deve ser feito.
Analisando a quantidade e o tipo de respostas observa-se que houve uma
mudança no modo pelo qual os alunos passaram a perceber o valor dos recursos
naturais e a sua continuidade para as futuras gerações. Ao passo que se evidencia
este valor intrínseco do solo, da água, do ar, da fauna e da flora se impõe uma
necessidade urgente de preservá-los. Respostas do tipo “continuar usando os
56
recursos” ou “nada deve ser feito para preservá-los” não reaparecem na segunda
aplicação após a visita ao SAF. Por outro lado, a resposta: “incentivo à educação
ambiental” confirma fortemente o papel da educação e da escola na geração do
conhecimento dos recursos naturais do semiárido e sua sustentabilidade.
Há uma grande disposição da maioria dos alunos no que tange à proteção
dos recursos naturais em vista da sua sustentabilidade, uma motivação
conservacionista que se deve conferir às experiências vivenciadas e observadas no
agroecossistema visitado. Para Gliessman (2009) há uma urgente necessidade de
mais conhecimento sobre como aplicar os princípios da sustentabilidade aos
sistemas que se dizem sustentáveis e em função da própria conversão da
agricultura ao modelo sustentável.
Segundo o autor, pensando sobre a insustentabilidade da agricultura industrial, as
razões para esta falta de conhecimento são bem definidas:
“... uma razão importante para esta carência de
conhecimento, é que os recursos e esforços em
investigação agrícola, durante muito tempo, se têm
concentrado em outras preocupações. A investigação
se tem enfocado a maximizar a produção, estudar os
componentes do sistema, avaliar os resultados
obtidos, no retorno econômico em curto prazo,
contestar as perguntas que envolvem o retorno
imediato da produção, e a servir às necessidades e
demandas imediatas da agricultura como uma
indústria independente. O resultado tem sido o
desenvolvimento de uma agricultura industrial de
altos rendimentos, que está experimentando grande
dificuldade para responder às inquietudes sobre
qualidade ambiental, a conservação dos recursos, os
alimentos confiáveis, a qualidade da vida rural, e a
sustentabilidade da agricultura em si.” (GLIESSMAN,
2009).
57
4 CONCLUSÃO
Os entrevistados entendem mais facilmente ideias relacionadas à
Educação Ambiental quando estas são veiculadas através de situações e
instrumentos próprios da sua realidade socioambiental e que convergem para a
melhoria ambiental desta.
Os elementos naturais mais citados como exemplos de recursos
ambientais na pesquisa, antes e depois da visita ao SAF Baixa Verde, englobaram
os recursos hídricos e florísticos, os quais, não coincidentemente, são os mais
alterados pelas queimadas, desmatamentos, poluição, seca e o abuso de
agrotóxicos na prática agrícola de subsistência itinerante gerada pela falta de
conhecimentos adequados por parte dos pequenos agricultores e pela ambição
capitalista do latifundiário no semiárido brasileiro.
Os entrevistados não estão alheios ao meio onde vivem, mas são
capazes de percebê-lo em suas vulnerabilidades e potencialidades ambientais,
sendo capazes de intervir sustentavelmente.
Verificou-se, que as agroflorestas, muito mais que sistemas de uso
agroecológico dos recursos naturais, têm potencial educativo no que se relaciona à
questão ambiental, favorecendo a apreensão de conhecimentos essenciais
vinculados ao tema transversal da Educação Ambiental. Além de permitir o maior
conhecimento a respeito dos recursos naturais do semiárido brasileiro e de meios
antrópicos sustentáveis para sua maior valoração.
A visita à agrofloresta Baixa Verde como instrumento pedagógico da
Educação Ambiental no contexto do semiárido possibilitou aos alunos perceberem
as possibilidades de se obter os produtos da agricultura a partir do manejo adequado
e sustentável dos recursos ambientais, mesmo na época de estiagem.
Dessa forma, por meio da prática pedagógica contextualizada à realidade
do alunado, é possível a transmissão de conhecimentos científico-sociais pertinentes
a uma sala de aula, ao passo que são inseridos valores ambientais essenciais à
formação do cidadão da presente e futura gerações.
58
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Agrofloresta e escola uma experiência de educação e sustentabilidade ambiental na escola de ensino médio adahil barreto, município de cariús, ceará

  • 1. I UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU – FECLI LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DAMIÃO VIANA LIMA AGROFLORESTA E ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO ADAHIL BARRETO, MUNICÍPIO DE CARIÚS, CEARÁ IGUATU – CE, 2014
  • 2. II DAMIÃO VIANA LIMA AGROFLORESTA E ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO ADAHIL BARRETO, MUNICÍPIO DE CARIÚS, CEARÁ Monografia submetida à Coordenação do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iguatu (FECLI), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de graduação. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marlete M. de Sousa Mendes. IGUATU – CE, 2014
  • 3. III L732a Lima, Damião Viana. Agrofloresta e Escola: uma experiência de educação e sustentabilidade ambiental na escola de ensino médio Adahil Barreto, município de Cariús, Ceará / Damião Viana Lima. [Orientado por] Marlete M. de Sousa Mendes. – Iguatu, 2014. 69 p. Monografia (Graduação) – Universidade Estadual do Ceará, Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Iguatu, 2014. 1. Semiárido 2. Desenvolvimento Sustentável 3. Agricultura Alternativa 4. Contexto Socioambiental I. Mendes, Marlete M. de Sousa (Orient.) II. Universidade Estadual do Ceará – UECE – Graduação (Licenciatura) em Ciências Biológicas III. Título CDD: 630 CDD: 363.1
  • 4. IV
  • 5. V Aos meus familiares e amigos, razão da minha alegria.
  • 6. VI AGRADECIMENTOS Ao Deus da Vida, que é Caminho e Verdade por nos permitir o dom da Ciência, da Inteligência e da Sabedoria, mediados pelo Seu Divino Espírito. Aos meus pais (Geralda Viana e Aldenor Lima) pelo companheirismo e bons conselhos. À minha irmã (Cosma Viana) por sempre estar perto. Aos amigos da Graduação, pelo compromisso da unidade em todos os momentos. À coordenação da Cáritas Diocesana de Iguatu, na pessoa do técnico agropecuário, Oneci Angelim, pelo acolhimento na transmissão de experiências e conhecimentos. Ao seu Raimundo Albanir, proprietário da Agrofloresta Baixa Verde. À minha Orientadora Prof.ª Dr.ª Marlete Mendes pela dedicação e eficiência com que realiza o seu trabalho. À professora Mayle Bezerra pela generosidade com que atua no seu ministério, transmitindo o saber com simplicidade e objetividade. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o bom êxito desta pesquisa.
  • 7. VII Juntemos os nossos passos no mesmo ritmo. Juntos, estendamos as nossas mãos para que recolham os mesmos bens. Juntos pulsem os nossos corações. O mesmo sentimento penetre o nosso íntimo. O mesmo pensamento proceda do nosso espírito. Os nossos ouvidos escutem o mesmo silêncio. Os nossos olhares se encontrem e se fundam num só olhar. Nossos lábios peçam juntos: Misericórdia, ao Pai Eterno! (Oração, Elizabeth Kindelmann)
  • 8. VIII RESUMO Buscando-se soluções para os problemas ambientais atuais, as agroflorestas despontam no contexto do semiárido como alternativa viável à agricultura tradicional, conciliando produtividade e sustentabilidade ambiental, podendo também constituir- se como um recurso pedagógico para abordar a Educação Ambiental em aulas de campo. Este trabalho objetivou verificar o nível de informação em Educação Ambiental dos alunos do 3º Ano do Ensino Médio da escola Adahil Barreto, município de Cariús, CE, a partir do conhecimento obtido, principalmente, por meio de excursão ao sistema agroflorestal (SAF) Agrofloresta Baixa Verde, localizado no município de Saboeiro-CE e através da análise de questionários aplicados antes e depois da visita ao SAF. Participaram da pesquisa 25 alunos, dos quais a maioria é residente na zona rural (64%), com renda mensal de um ou mais salários mínimos (93%), cujos progenitores apresentam escolaridade inferior ao 5º Ano do Ensino Fundamental e sobrevivem da agricultura. Com relação às questões sobre meio ambiente, a maioria dos alunos considerou que são recursos naturais “tudo que a natureza nos oferece”, sobressaindo-se a flora e água (43%, após a visita). Destacaram posteriormente à excursão, como principais problemas ambientais do semiárido as queimadas e desmatamentos (93%) e o uso de agrotóxicos (29%), o que lhes permitiu comparações com sua própria realidade socioambiental. Percebendo-se que os entrevistados entendem mais facilmente ideias relacionadas à Educação Ambiental quando estas são veiculadas através de situações e instrumentos próprios da sua realidade socioambiental, faz-se necessário o maior incentivo a práticas educativas mais contextualizadas tendo em vista a sustentabilidade ambiental. Palavras–chave: semiárido, desenvolvimento sustentável, agricultura alternativa, contexto socioambiental.
  • 9. IX ABSTRACT Searching solutions to current environmental problems, agroforestry emerge in the context of semi-arid as a viable alternative to traditional agriculture, reconciling productivity and environmental sustainability, and may also constitute as an educational resource to address the Environmental Education in field lessons. This study aimed to determine the level of information on environmental education of students of the 3rd year of high school from Adahil Barreto School, municipality of Carius-CE, from the knowledge obtained mainly through tour of the agroforestry system (AFS) Agrofloresta Baixa Verde, located in the municipality of Saboeiro-CE, and through analysis of questionnaires before and after the visit to the AFS. 25 students participated in the survey, the majority of whom are residing in rural areas (64%), with a monthly income of one or more minimum wages (93%), whose parents studied until the 5th year of basic education or less and survive on agriculture. With regard to questions about the environment, most students considered that natural resources are "all that nature offers us", standing out the flora and water (43% after the visit). Burning and deforestation (93%) and the use of pesticides (29%) were highlighted after the visit to the AFS as main environmental problems of the semiarid, which allowed them to comparisons with their own socio-environmental reality. The respondents more easily understand ideas related to environmental education when these are transmitted through situations and instruments of their own socio- environmental reality, thus it is necessary the greatest incentive to more contextualized educational practices in view of environmental sustainability. Key words: semiarid, sustainable development, alternative agriculture, socio- environmental context.
  • 10. X LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Vista parcial da Agrofloresta Baixa Verde, sendo visitada por pesquisado- res e educadores ambientais (período chuvoso).............................................................. 26 Figura 2 – Distribuição dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto quanto à localização........................................................................................................................ 31 Figura 3 – Ocupação dos pais dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto................... 32 Figura 4 – Ocupação das mães dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto................. 33 Figura 5 – Nível de escolaridade dos pais dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto.............................................................................................................................. 34 Figura 6 – Nível de escolaridade das mães dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto.............................................................................................................................. 35 Figura 7 – Renda familiar mensal das famílias dos alunos da Escola Adahil Barreto..... 36 Figura 8 – Trilha para Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE, percorrida pelos alunos considerados na pesquisa................................................................................................ 37 Figura 9 – Indicação de recursos considerados naturais pelos alunos antes e após a visita à agrofloresta........................................................................................................... 38 Figura 10 – Vista da entrada da Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE........................ 40 Figura 11 – Indicação de recursos considerados naturais no semiárido nordestino antes e após a visita à agrofloresta................................................................................. 41 Figura 12 – Vista parcial de parede da barragem subterrânea e poço construídos na Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE, captação, retenção e reserva hídrica............... 42 Figura 13 – Entendimento dos alunos sobre problema ambiental antes e após a visita à agrofloresta.................................................................................................................... 43 Figura 14 – Entendimento dos alunos sobre problema ambiental no semiárido brasileiro antes e após a visita à agrofloresta................................................................... 44 Figura 15 – Entendimento sobre Educação Ambiental antes e após a visita à agrofloresta....................................................................................................................... 48 Figura 16 – Sugestões dos alunos sobre medidas de preservação dos recursos naturais do semiárido nordestino antes e após a visita a agrofloresta............................. 49 Figura 17 – Laranjeira com seus frutos (A) e plantação de palma, cactácea típica do semiárido, usada para complementar a alimentação animal forrageira (B)...................... 50 Figura 18 – A poda de galhos secos e envelhecidos produz uma grossa cobertura orgânica que protege o solo da erosão, retém sua umidade por mais tempo, favore- cendo a ciclagem de nutriente.......................................................................................... 51 Figura 19 – Irrigação por gotejamento com garrafa PET atada à planta (A) e canudinhos de pirulito inseridos em canos de PVC (B) otimizam a distribuição de água no período de estiagem.................................................................................................... 52 Figura 20 – Respostas dos alunos sobre as práticas agrícolas mais conhecidas por 54
  • 11. XI eles antes e após a visita à agrofloresta........................................................................... Figura 21 – Respostas dos alunos com relação a escolherem para si mesmos a profissão de agricultor antes e após a visita à agrofloresta.............................................. 55 Figura 22 – Em roda de conversa, o proprietário da Agrofloresta Baixa Verde, o senhor Raimundo Albanir (chapéu), o técnico agropecuário da Cáritas-Iguatu, Oneci Angelim (boné branco), e jovens discutem sustentabilidade no semiárido...................... 58 Figura 23 – Sugestões dos alunos para sustentabilidade dos recursos naturais atuais antes e após a visita à agrofloresta.................................................................................. 59
  • 12. XII LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Opinião dos alunos sobre realização de queimadas na prática agrícola............................................................................................................................. 53 Tabela 2 – Opinião dos alunos sobre uso de agrotóxicos na prática agrícola................. 57
  • 13. XIII SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 14 2 OBJETIVOS.......................................................................................... 15 2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................. 15 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................... 15 3 REFERENCIAL TEÓRICO 16 3.1 QUESTÃO AMBIENTAL.......................................................................... 16 3.1.1 QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL.............................................. 17 3.1.2 QUESTÃO AMBIENTAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO................ 18 3.2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL......................................................................... 19 3.2.1 ESCOLA: ESPAÇO PRIVILEGIADO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL............................................................................................. 20 3.3 AGROFLORESTA 21 3.3.1 AGROFLORESTA NO SEMIÁRIDO: UMA PERSPECTIVA SUSTENTÁVEL........................................................................................ 21 3.3.2 A RELAÇÃO AGROFLORESTA E ESCOLA.................................... 22 3.3.3 AGROFLORESTA BAIXA VERDE: UM EXEMPLO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL........................... 23 4 METODOLOGIA 24 4.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................... 25 4.2 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA......................................... 25 4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA......................................................................... 25 4.4 LOCAL DE ESTUDO................................................................................... 26 4.5 COLETA DE DADOS................................................................................... 26 4.6 ANÁLISE DE DADOS.................................................................................. 26 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 27 5.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONOMICA DOS ENTREVISTADOS........ 27 5.2 RESPOSTAS AOS QUESTIONAMENTOS SOBRE MEIO AMBIENTE APLICADOS ANTES E DEPOIS DA VISITA À AGROFLORESTA................... 32 6 CONCLUSÃO...................................................................................................... 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 58 APÊNDICES............................................................................................................. 64 APÊNDICE A............................................................................................................... 65 APÊNDICE B............................................................................................................... 66 APÊNDICE C............................................................................................................... 68
  • 14. 14 1 INTRODUÇÃO Durante muito tempo prevaleceram, no senso comum, ideias referentes ao processo de ensino-aprendizagem baseadas numa relação unidirecional professor-aluno, sob o enfoque tradicionalista. Tal concepção, que mantém resquícios nos dias atuais, tende a retardar o desenvolvimento da autonomia do educando na apreensão do conhecimento. Inversamente a tal abordagem, estão os esquemas de aprendizagem construtivista, nos quais professor e alunos estão ativos e integrados na procura do sentido desta aprendizagem, a partir de sua compreensão holística e mais contextualizada. Nestes pressupostos, incluem-se a utilização de métodos de ensino alternativos, pelos quais o professor e o aluno organizam suas ações para atingir determinados objetivos. Dentre estes métodos, estão as aulas de campo, que longe de constituírem-se apenas em passeios, complementam as outras metodologias, objetivando a assimilação dos conteúdos e ampliando os espaços de aprendizagem além da sala de aula (LIBÂNEO, 1994). Tratando-se de Educação Ambiental no contexto do semiárido, as aulas de campo permitem que a escola amplie os seus espaços educacionais às diferentes realidades socioambientais, gerando co-responsabilização dos indivíduos e tornando-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento: o desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2003). Diante do problema da prática da agricultura de subsistência itinerante, convencionalmente realizada no semiárido a adoção de práticas alternativas no manejo agrícola, a exemplo dos Sistemas Agroflorestais (SAFs), constituiria uma saída viável para atingir a sustentabilidade. Com essa base que alia teoria e prática, oportuniza-se a ampliação das percepções socioambientais dos alunos sobre a problemática ambiental de atividades insustentáveis no semiárido, em vista do conhecimento de algumas de suas potencialidades naturais consorciadas ao manejo agroecológico. A possibilidade de acesso a essas informações e conhecimentos pode ajudar no desenvolvimento dos alunos que estão diretamente inseridos nesse contexto.
  • 15. 15 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL  Verificar o nível de informação dos alunos do 3º ano da Escola de Ensino de Médio Adahil Barreto do município de Carius, Ceará, sobre os conceitos essenciais de Educação Ambiental, a partir de uma vivência de agrofloresta no semiárido nordestino. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS  Apresentar os elementos e mecanismos constituintes de uma agrofloresta e a sua importância no contexto do semiárido.  Caracterizar socioeconomicamente os alunos da escola de ensino médio Adahil Barreto.  Verificar se houve melhoria no nível de conhecimento a respeito de técnicas de convivência com o semiárido.  Estimular a percepção sobre as potencialidades do semiárido, consorciado às intervenções antrópicas.
  • 16. 16 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 QUESTÃO AMBIENTAL A abordagem sob o enfoque ambiental é apresentada como uma forma interventiva de ver o meio ambiente, compreendendo as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos que o constituem na geração e manutenção da vida e consequentemente, agindo a favor da permanência contínua e saudável de seus recursos (BRASIL, 1998a). A crescente industrialização com sua forma de produção de bens e o consumo em larga escala, bem como a mecanização da agricultura, o uso intensivo de agrotóxicos e a concentração populacional nas cidades nos últimos séculos, têm causado uma crescente demanda dos recursos naturais e comprometido drasticamente a sua qualidade e disponibilidade para as futuras populações (LIMA, 1999). A rapidez nos avanços tecnológicos e científicos proporciona formas de produção e consumo com consequências indesejáveis que tem se acentuado sobre o meio ambiente com igual rapidez. Os desmatamentos e as queimadas descontroladas e sem fiscalização ocasionam profundos desequilíbrios ecológicos, ameaçando a sobrevivência de espécies animais e vegetais, prejudicando a fertilidade dos solos, além de poluírem os recursos hídricos e atmosfera (CAVALCANTI, 1994). A produção industrial baseada na extração desmedida e inconsequente dos recursos naturais gera um modelo econômico que propicia a concentração de renda na mão de poucos e um grande numero de pessoas ainda em condições miseráveis. Alguns dos principais efeitos são os desequilíbrios ecológicos da vida vegetal e animal, a contaminação da água, o aumento das desigualdades sociais e a crescente violência nos centros urbanos (MEDEIROS, 2011). Com isso, o meio ambiente tem sido gravemente impactado, resultando em alterações climáticas, potencialização do efeito estufa e o aumento do aquecimento global, cujas consequências são desastrosas, especialmente nos países industrializados (HAMMES, 2004). Lucci (1999) destaca que à medida que se
  • 17. 17 agravaram os efeitos negativos advindos do sistema econômico estabelecido baseado na lucratividade a todo custo, surgiram preocupações e reflexão sobre os prejuízos causados pelo homem ao meio ambiente natural e sobre o relacionamento sociedade-natureza. Existe, desde 1995, conferências nas quais representantes dos países de Primeiro Mundo se reúnem anualmente para tomar decisões no contexto da Organização das Nações Unidas (ONU), sobre os problemas ambientais mais urgentes e a redução da emissão de gases potencializadores do efeito estufa e, por conseguinte do aquecimento global. Como decorrência destas conferências, por exemplo, obteve-se a elaboração e aprovação do Protocolo de Kyoto em 1997, documento considerado uma das mais importantes iniciativas para reverter os danos ambientais provocados pelo aquecimento global, que entrou em vigor em 2005 com a adesão da Rússia. 3.1.1 QUESTÃO AMBIENTAL NO BRASIL Os processos de formação histórico-econômica dos países emergentes inclusive o Brasil, estão caracterizados, em sua maioria, pela produção e consumo em larga escala a partir da exploração desenfreada dos recursos naturais numa lógica capitalista impregnada na maior parte dos segmentos sociais (BRASIL, 2008). Para Reis et al. (2005) o desenvolvimento praticado pelo homem é sustentado por valores que visam apenas o crescimento econômico. A biodiversidade brasileira, de acordo com o IBAMA é dividida em sete ecossistemas denominados Biomas. Dos quais os mais importantes pela área que ocupam e pela biodiversidade são: a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga. Os aspectos problemáticos da relação homem-natureza têm gerado impactos ambientais danosos a estes biomas (AMABIS, 2004). A excessiva liberação de poluentes (lixo, fumaça e resíduos industriais, gases de escapamento de veículos, etc.), o avanço dos desmatamentos e das queimadas devido à expansão da agropecuária, ao crescimento das cidades e ao intenso extrativismo vegetal configuram um quadro caótico da situação ambiental brasileira, pois ampliam
  • 18. 18 as desigualdades sociais e comprometem a sadia manutenção da vida e de sua sustentabilidade (FAVALLI, 2009). 3.1.2 QUESTÃO AMBIENTAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO O semiárido brasileiro, que corresponde a aproximadamente 69,2% da região Nordeste e ocupa um total de 982.563,3 km², abrangendo, de forma parcial, oito estados da região e o Norte de Minas Gerais, apresenta situações-problema, do ponto de vista ambiental, muito semelhantes aos problemas ambientais do panorama nacional (NOGUEIRA, 1999). Tem como bioma predominante a Caatinga, que abriga grande variedade de paisagens e espécies da flora e da fauna que não existem em nenhum outro lugar do mundo e uma população humana de cerca de 17 milhões de habitantes em uma área de 736.000 km2 (BONILLA, 2010). No semiárido nordestino acentuam-se os problemas ambientais, principalmente na estação seca do ano, uma vez que a taxa de evapotranspiração é muito alta e não há precipitações pluviométricas nesse período, acarretando a escassez parcial ou absoluta de água nos reservatórios naturais. Aliado a isso está a realização de práticas inadequadas na agricultura convencional, baseadas na realização de extensas queimadas para o cultivo de monoculturas (que provocam desequilíbrios ecológicos), práticas inadequadas de irrigação (que salinizam o solo) e uso de agrotóxicos e produtos químicos fertilizantes (que poluem o solo, água e o ar e envenenam os seres vivos), comprometendo seriamente a segurança alimentar de quem consome os produtos dessa procedência (SILVA, 2011). Apesar das riquezas naturais, o semiárido é marcado por grandes desigualdades sociais. Historicamente, o governo investiu na construção de grandes obras hídricas como forma de prolongar a disponibilidade de água ao longo do ano. Estima-se que o Nordeste abriga mais de 70 mil açudes que acumulam 37 bilhões de metros cúbicos de água. Logo, há água suficiente, mas esse bem está concentrado em propriedades particulares e não é compartilhado com a população difusa do semiárido (NOGUEIRA, 1999). Dessa forma, as famílias precisam se preparar para a chegada das
  • 19. 19 chuvas, que, por sua vez, estão distribuídas muito irregularmente. Ter reservatórios para captar e armazenar a água é fundamental para garantir segurança hídrica no período de estiagem. Para isso são praticadas algumas tecnologias sociais simples, como por exemplo, as cisternas domésticas, cisternas calçadão, barragens subterrâneas e tanques de pedra. 1.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL O tema da Educação Ambiental, amplamente debatido nos vários campos sociais e divulgado nos principais meios de comunicação, tem sido apresentado como uma das soluções mais promissoras para os principais problemas ambientais da atualidade, que emperram o desenvolvimento sustentável do meio ambiente e a sadia qualidade de vida nos seus mais variados segmentos. A Educação Ambiental surge no cenário mundial de 1970, como uma reação à crise ambiental deflagrada pelo modelo de uso insustentável dos recursos naturais (CRIVELLARO et al. 2008). No Brasil, em 1998, foi proposta a inclusão de temas transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os quais norteiam a educação para uma abordagem mais crítica das problemáticas sociais, buscando suas possíveis soluções. Abordada diretamente sob o enfoque do tema Meio Ambiente, a Educação Ambiental é caracterizada como processo educativo, que contempla tanto o saber científico como os aspectos subjetivos da vida, incluindo as representações sociais, assim como, o imaginário acerca da relação sociedade-natureza. (BRASIL, 1998b) A lei 9.795, sancionada em 27 de Abril de 1999, instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), que define Educação Ambiental como: “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e a sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999).
  • 20. 20 1.1.1 ESCOLA: ESPAÇO PRIVILEGIADO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL Nos PCNs definem-se os principais critérios para a escolha de um tema transversal, dentre eles, destacam-se: a sua urgência social, a abrangência nacional e o favorecimento da compreensão da realidade e a participação social. O tema meio ambiente, assim como os demais temas transversais, tem natureza diferente das áreas convencionais ministradas na escola. Aborda processos que estão sendo intensamente vividos na sociedade e debatidos nos mais diferentes espaços sociais, em busca de soluções e de alternativas, confrontando as diferentes formas de pensar e agir, individual e coletivamente (BRASIL, 1998b). Mais que uma prática disciplinar nas escolas, a PNEA reforça no artigo 10 que a Educação Ambiental deverá ser desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do processo ensino-aprendizagem. Nas várias disciplinas ou matérias do currículo escolar existem, implícita ou explicitamente, ensinamentos ou ideias a respeito do tema Meio Ambiente. Por exemplo, estudando-se as grandes civilizações antigas em História pode-se fazer um destaque para as formas de produção dos povos antigos, com base na sua relação com os recursos naturais. Ou ainda, considerando o estudo do corpo humano, sua fisiologia e anatomia básicas em Ciências Naturais, analisam-se as principais doenças decorrentes dos problemas ambientais de uma realidade particular. A escola desempenha um papel fundamental na formação ética e cidadã dos indivíduos, motivando-os a uma consciência crítica a respeito dos problemas ambientais do seu contexto local e das possíveis formas de intervenção ambiental para a garantia da qualidade de vida com desenvolvimento sustentável.
  • 21. 21 1.2 AGROFLORESTA Para Young (1990, apud ABDO et al. 2008), agroflorestas ou sistemas agroflorestais (SAFs) são sistemas de uso da terra em que plantas lenhosas perenes (árvores arbustos, palmeira, bambus) são cultivadas em associação com plantas herbáceas (culturas agrícolas e/ou pastagens) e/ou animais em uma mesma unidade de manejo de acordo com um arranjo espacial e temporal, nos quais deve haver interações ecológicas e econômicas entre componentes lenhosos e cultivos. Os sistemas agroflorestais visam aperfeiçoar o uso da terra, conciliando a produção florestal com a produção de alimentos, conservando o solo, a água e a biodiversidade, diminuindo a pressão do uso da terra para a produção agrícola. 1.2.1 AGROFLORESTA NO SEMIÁRIDO: UMA PERSPECTIVA SUSTENTÁVEL. A convivência com o semiárido nordestino, embora difícil, não é impossível. No nordeste brasileiro é necessário assegurar condições para que habitantes tenham uma vida digna e os seus direitos básicos assegurados, além de estimulo de trabalho e participação na vida social para debater sobre os valores e princípios que norteiam a organização e o desenvolvimento comunitário (SILVA, 2011). A implantação dos SAFs em várias áreas do semiárido nordestino tem-se apresentado como mecanismo inteligente das populações que o habitam, para mobilizar a convivência com o fenômeno natural e recorrente da estiagem no sertão. Inúmeras experiências exitosas de convivência harmoniosa com os elementos do semiárido são relatadas por agricultores de alguns Estados nordestinos, em um documentário produzido pela Cáritas Brasileira, uma organização católica, associada à Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Tais práticas de agricultura alternativas têm gerado segurança alimentar e nutricional sem o comprometimento da qualidade e estabilidade do solo, da água, da vegetação nativa e dos seres vivos
  • 22. 22 para as posteriores gerações (SOUSA, 2004). Na natureza várias espécies de vegetais e animais convivem em equilíbrio ecológico, a agrofloresta visa copiar o que normalmente acontece nos sistemas naturais. A prática da agricultura diversificada neste sistema de produção promove, além da variabilidade produtiva de alimentos para o homem e animais, o enriquecimento e fortalecimento do solo para a sua maior produção (SOUSA, 2007). Desenvolvem-se paralelamente às espécies comuns da agricultura (arroz, feijão e milho), espécies nativas adaptadas do bioma Caatinga (aroeira, mulungu, juazeiro e outras), além das frutíferas nativas ou que sejam adaptadas à região (mamão, banana, graviola, manga, dentre outras). No manejo da agrofloresta, métodos como a realização de queimadas ou desmatamentos irregulares e a manipulação com agrotóxicos para combater as eventuais “pragas” da agricultura são rejeitados, uma vez que empobrecem o solo, causam erosão e contaminam a produção, os seres vivos, o solo e a água (SOUSA, 2007). Nesse sistema são usados defensivos agrícolas naturais baseados na introdução de culturas de plantas repelentes de insetos fitófagos ou insetos pragas e/ou utilização de controle biológico com insetos predadores. Para garantir segurança hídrica na estação seca e continuidade na produção agrícola são integrados ao sistema alguns instrumentos de captação e armazenamento da água da chuva através de cisternas de placa, cisterna-calçadão, barragens subterrâneas, tanques de pedra, dentre outras tecnologias sociais. Delineia-se assim, uma perspectiva de convivência sustentável em vários aspectos da vida humana com o semiárido nordestino, com o qual o homem mantém uma relação de interdependência. 1.2.2 A RELAÇÃO AGROFLORESTA E ESCOLA A escola tem papel relevante como instituição capaz de informar e formar consciências para a convivência com o semiárido. O domínio de muitas áreas do currículo pode ser fortalecido através do pleno envolvimento em atividades ambientais fora da sala de aula. Para Nutall (1999) a agrofloresta possibilita ao
  • 23. 23 Educando aprender sobre natureza através do contato direto com os elementos de seu ambiente natural – os animais, as plantas, o solo, o fluxo da água e do vento, o sol, as estações, etc. São inúmeras as possibilidades educativas, ultrapassando a interdisciplinaridade e permitindo a construção do conhecimento de forma transdisciplinar, contextualizada, problematizadora, integral e propositiva para a transformação socioambiental desejada (TORRES SANTOMÉ, 1998). 1.2.3 AGROFLORESTA BAIXA VERDE: UM EXEMPLO DE EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL Situada a cerca de 30 km da zona urbana, a agrofloresta da comunidade de Baixa Verde, município de Saboeiro, região dos Inhamuns, no Estado do Ceará, é uma dentre várias experiências de convivência sustentável com o semiárido que surge da combinação de força de vontade da comunidade para o trabalho coletivo, com conhecimentos técnicos sobre produção agrícola sustentável e tecnologias sociais de manejo dos recursos hídricos (Fig. 1). Figura 1: Vista parcial da Agrofloresta Baixa Verde, visita realizada por pesquisadores e educadores ambientais (período chuvoso). Fonte: Cáritas-Iguatu
  • 24. 24 Com aproximadamente seis anos de sua implantação na comunidade, numa área com cerca de quatro hectares, o sistema produtivo comporta espécies vegetais agrícolas, frutíferas nativas e adaptadas – como banana, macaxeira, mamão, imbu, feijão e milho – e preserva as espécies nativas como - mandacaru, aroeira, palma, angico, jucá, sabiá dentre muitas outras – além das práticas de ovinocaprinocultura, avicultura e apicultura. Notadamente, a agrofloresta é referência comunitária e regional da convivência sustentável com o semiárido para a formação ambiental e ecológica, fornecendo subsídios sólidos para estudantes da própria comunidade e para pesquisadores até mesmo de outros estados brasileiros. Nutall (1999), abordando agrofloresta no trabalho docente com crianças, chega a caracterizar o sistema com a expressão “sala de aula ao ar livre”, fazendo alusão às potencialidades da agrofloresta que correspondem às muitas facetas do processo de ensino-aprendizagem. É relevante que a escola, como instituição que exerce intervenção social e cultural esteja intimamente comprometida com a questão ambiental contextualizada, em vista da sustentabilidade das presentes e futuras gerações nos mais variados espaços do semiárido brasileiro, sendo que os projetos que se estendem às agroflorestas são um bom começo para alcançar este objetivo.
  • 25. 25 2 METODOLOGIA 2.1TIPO DE PESQUISA Foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório, com uma abordagem do tipo qualitativa participativa. Peneireiro (2002) considera que ao se trabalhar pesquisa participativa, o conhecimento é gerado pelo próprio educando, que passa a usá-lo porque compreende, uma vez que este conhecimento não é alienígena, e sabe, inclusive, multiplicá-lo para outros. 2.2ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA PESQUISA A legislação vigente do Brasil sobre as questões éticas que envolvem as pesquisas com seres humanos está contida na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Dentre os aspectos éticos a resolução refere-se ao respeito ao indivíduo pesquisado através do consentimento livre e esclarecido. O pesquisador deverá garantir o desejo dos participantes referente ao sigilo das informações fornecidas e o direito de desistir de participar do estudo. Aspectos como a confidencialidade, a privacidade, o anonimato, a proteção de imagem devem ser assegurados aos participantes no decorrer de todo o processo de pesquisa. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi utilizado com os sujeitos pesquisados, resguardando os mesmos dos preceitos éticos de acordo com a Resolução 196/96 (APÊNDICE C). 2.3POPULAÇÃO E AMOSTRA O público-alvo considerado foram os alunos da Escola de Ensino Médio
  • 26. 26 Adahil Barreto dentre os quais compuseram o perfil para amostra 25 alunos do 3º Ano, que participaram ativamente das atividades e eventos pedagógicos propostos na pesquisa. 2.4LOCAL DE ESTUDO O presente estudo exploratório foi realizado na Escola de Ensino Médio Adahil Barreto, localizada na Rua Edwirgens Vigário, S/N, Bairro Centro no município de Cariús, Ceará, a 420 km da capital (Fortaleza), onde foram aplicados os questionários antes e depois da excursão e na agrofloresta da comunidade Baixa Verde, município de Saboeiro, região dos Inhamuns, no estado do Ceará a, aproximadamente 433 km da capital. O deslocamento do município de Cariús ao município de Saboeiro compreendido em 61,2 km, foi previamente autorizado via Termo de Autorização para realização da Pesquisa (APÊNDICE A). 2.5COLETA DE DADOS Os dados foram extraídos das respostas dos questionários aplicados, coletados durante o período de agosto a outubro de 2013 (APÊNDICE B). Foi apresentado um documentário e realizada uma excursão. Aplicou-se o questionário foi aplicado em dois momentos: antes e depois dessas práticas. 2.6 ANÁLISE DE DADOS Os dados obtidos foram analisados comparando-se as respostas dadas dos questionários antes e depois da excursão à agrofloresta e os registros das observações pertinentes ao processo de ensino–aprendizagem, a partir dos quais foi esboçado um perfil dos alunos referente aos conhecimentos adquiridos sobre Educação Ambiental e desenvolvimento sustentável com agroflorestas.
  • 27. 27 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DOS ENTREVISTADOS Os alunos do 3º ano da Escola de Ensino Médio Adahil Barreto residem em sua maioria (64%) na zona rural (Fig. 2). Este percentual não está muito distante do apresentado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), segundo o qual, dos 18.567 habitantes do município de Cariús, onde está inserida a escola, 55,24% estão alocados na zona rural (BARRETO, 2011). Tal fato dispende maior esforço de deslocamento dos alunos da zona rural para acessar a escola na zona urbana, devido à ausência de escolas na zona rural ou à baixa qualidade da educação que se desenvolve em tais instituições. Qualquer que seja o motivo, o importante é que esses não ficam em desvantagem em seu aprendizado com relação aos companheiros de escola que residem na zona urbana (BACHA et al., 2006). Figura 2 – Distribuição dos alunos da EM Adahil Barreto quanto à localização de sua moradia. A maioria dos alunos é composta por filhos de pais cuja ocupação principal é a agricultura (72%), a qual constitui sua principal fonte de renda. Além de
  • 28. 28 agricultores, os pais dos alunos também se ocupam no trabalho comercial, público ou são profissionais autônomos, representando estes dois últimos os menores percentuais (Fig. 3). Figura 3 – Ocupação dos pais dos alunos da Escola de Ensino Médio Adahil Barreto Assim, nota-se que há uma maior gama de opções de atividades econômicas para o grupo masculino quando comparado às atividades femininas, o que pode ser entendido quando se admite o fator da diferença de gênero no que tange à entrada no mercado de trabalho (Fig. 4). Figura 4 – Ocupação das mães dos alunos da Escola de EM Adahil Barreto
  • 29. 29 Em 2003, a partir da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pode-se constatar acentuadas desigualdades sociais, principalmente de gênero e raça, radicadas na sociedade brasileira, em que mulheres negras apresentavam renda média mensal de apenas R$ 279,70 contra R$ 554,60 para mulheres brancas; R$ 428,30 para homens negros e R$ 931,10 para homens brancos (PINHEIRO, 2013). Dados de estudos sobre as desigualdades de gênero e raça no Brasil do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstraram que pouco mais de 50% das mulheres encontram-se empregadas ou à procura de emprego, enquanto que esse percentual sobe para quase 73% quando se analisa o grupo masculino, evidenciando, assim, dentre outros fatores, uma propagação histórica da não consideração das donas de casa entre a população economicamente ativa (PINHEIRO, 2013). Números mais recentes sobre o perfil básico municipal, segundo o IPECE, mostram que em relação aos empregos formais existentes no município de Cariús, no ano de 2011, as mulheres detinham a grande maioria dos setores de trabalho com 85,8% das atividades formais exercidas, incluindo as áreas da indústria de transformação, dos serviços, da administração pública e do comércio, perdendo para o grupo masculino apenas no setor agropecuário, em que a cada dez empregos formais neste setor apenas um era ocupado por mulher (BARRETO, 2011). Tais atividades limitam-se quase que totalmente às áreas urbanas, o que explica o fato de apenas 14% das mães apresentarem trabalho formal no serviço público, uma vez que a maioria dos jovens considerados na pesquisa vem da zona rural, onde a maioria das mulheres ocupa-se das atividades domésticas, enquanto seus companheiros da agricultura. Esta maior participação das mulheres no trabalho urbano e na economia pode estar relacionada com o seu nível de escolaridade (superior aos homens) tendendo à conclusão da educação básica e continuidade nos estudos. A relação entre o número de meninas e meninos no Ensino Médio, em 2006, era de 119 meninas para cada 100 meninos, números que, praticamente se invertem quando se analisa o Ensino Fundamental no mesmo ano, evidenciando que mais mulheres prosseguem com seus estudos e concluem o Ensino Médio do que os homens. Além disso, o percentual de mulheres e homens alfabetizados na faixa etária de 15 a 24 anos era de 103,6% em 2010. Sempre que o percentual deste indicador for superior
  • 30. 30 a 100%, significa que existe maior número de mulheres para cada 100 homens (PORTALODM, 2013). A análise de escolaridade do pai mostra que 72% apresentaram grau de estudo inferior ao 5º ano do ensino fundamental, e apenas 14% completaram o ensino médio. Esse baixo índice de escolaridade pode estar relacionado à condição socioeconômica do município, o qual apresenta atualmente uma renda per capita de R$ 239,39 (Fig. 5). Figura 5 – Nível de escolaridade dos pais dos alunos da escola de EM Adahil Barreto Curi e Menezes-Filho (2006) ressaltam que há uma relação direta entre baixa renda e baixa escolaridade e da baixa escolaridade com os salários da população. É notório, por exemplo, que os baixos níveis educacionais da população encontram-se entre os principais determinantes da insuficiência de renda das pessoas. Além disso, a falta de acesso à educação pela população, bem como a má qualidade da educação oferecida à população mais pobre, faz com que as desigualdades sociais e a pobreza sejam fortemente agravadas (BARROS et al, 2007). A respeito da escolaridade da mãe, percebe-se que 57% possuem estudo inferior ao 5º ano do ensino fundamental e apenas 29% têm ensino médio completo (Fig. 6). Apesar de baixos, esses percentuais mostram maior tendência da população feminina em completar seus estudos na educação básica do que os homens. Estudos divulgados pelo IPECE revelam que há um percentual relevante
  • 31. 31 de analfabetos masculinos provindos de zona rural e de baixa renda, além disso, a maior porcentagem de responsáveis analfabetos se encontra no semiárido brasileiro e é do sexo masculino, tanto em 2000 (44,4%), quanto em 2007 (34,4%) segundo dados do IBGE, 2000 e da Prova Brasil, 2007 (RIBEIRO e SILVA, 2010). Figura 6 – Nível de escolaridade das mães dos alunos da escola de EM Adahil Barreto. Pesquisas feitas pelo IPECE, 2006 mostram que 11 municípios cearenses apresentam taxa de escolarização no ensino médio inferior à média do Estado. Cariús apresenta o número mais crítico dentre os municípios da mesorregião Centro- Sul com uma taxa de escolarização no ensino médio em torno de 10,66%, (BARRETO, 2011). Esses dados nos ajudam a entender os resultados obtidos na pesquisa, uma vez que a conclusão do ensino médio e permanência nos estudos dependem, dentre outros fatores, da conclusão do ensino fundamental na idade certa. Sobre a renda dos familiares dos alunos, nota-se que a maioria (93%) vive com um ou mais salários mínimos, enquanto que ainda uma pequena parte (7%) tem menos do que isso para sua sobrevivência (Fig. 7). Quanto à situação econômica das famílias do município de Cariús, de acordo com dados do CadÚnico (Cadastro único) do Governo Federal relacionados ao ano de 2007, aproximadamente 81,7% da população possuía renda familiar per capita inferior a ¼ de salário mínimo (PROARES, 2010); percentual que foi reduzido para 35,4% no ano de 2010 (BARRETO, 2011). Destes dados infere-se que houve um considerável
  • 32. 32 aumento dos proventos familiares, o que pode ser atribuído, dentre outras causas, aos programas de transferência direta de renda com condicionalidades, que beneficia famílias com um rendimento mensal domiciliar per capita de até R$ 70,00 numa linha de extrema pobreza ou miséria, adotada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MEDEIROS; NETO, 2011). Figura 7 – Renda familiar mensal das famílias dos alunos da escola de EM Adahil Barreto. Com relação ao percentual observado para as famílias com menos de um salário mínimo (7%), tem-se que a maioria reside na zona rural, sobrevivendo diretamente da agricultura e apresentando irregularidade no tempo de estudos, com apenas o ensino fundamental incompleto, como é possível inferir de figuras anteriores. O fator localização da moradia é importante uma vez que pode influenciar diretamente as relações de trabalho e renda, além da facilidade de acesso à escola e formações profissionalizantes, que promovem a mais rápida admissão no mercado de trabalho. 3.2 RESPOSTAS AOS QUESTIONAMENTOS SOBRE MEIO AMBIENTE APLICADOS ANTES E DEPOIS DA VISITA À AGROFLORESTA
  • 33. 33 Os alunos foram levados para a agrofloresta a fim de conhecer na prática algumas maneiras mais sustentáveis de se utilizar os recursos naturais para produção de alimentos (Fig. 8). As respostas estão divididas em antes e depois da visita e revelam como uma aula de campo pode mudar a visão dos alunos sobre algum tema. Figura 8 – Trilha para Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE, percorrida pelos alunos considerados na pesquisa. Fonte: Damião Viana Lima. Sobre a ideia de recursos naturais, expressa pelos alunos (Fig. 9), antes da visita, 29% citaram a água como principal exemplo de recurso natural, seguido pela flora (21%), fauna (14%), solo e ar (7%), ao lado de definições mais gerais do tipo: “recurso natural é tudo que a natureza nos oferece”, ou “tudo que, sendo próprio da natureza, consiste em um bem utilizável” (7%). Na aplicação posterior à visita ao sistema agroflorestal (SAF) notou-se que um maior número de alunos passou a considerar como recurso natural “tudo que a natureza nos oferece” enquanto que pouco mais de 40% especificaram a água e a flora como sendo constituintes de tais recursos.
  • 34. 34 Figura 9 – Indicação de recursos considerados naturais pelos alunos antes e após a visita à agrofloresta. TNO: Tudo que a natureza nos oferece; TPNB: Tudo que sendo próprio da natureza consiste em um bem utilizável. Esta variação da resposta sobre recurso natural conceituado como sendo tudo que a natureza oferece ao ser humano para a sua sobrevivência reflete a noção comum que temos dessa íntima dependência do homem para com os recursos de que a natureza dispõe e a própria capacidade desta de suster as necessidades humanas e das demais espécies. Tal relação de dependência, segundo Morin (1988), é um processo de construção que se dá inicialmente no contexto de um ambiente natural do indivíduo, e ao mesmo tempo num contexto sociocultural. Segundo Portugal (1992) “A palavra recurso significa algo a que se possa recorrer para a obtenção de alguma coisa”. O homem, segundo o autor, recorre aos recursos naturais, isto é, aqueles que estão na natureza, para satisfazer alguma necessidade. Pensando em conceitos correlatos a este, foi que a legislação brasileira recente adotou preferencialmente o termo recursos ambientais para substituir recursos naturais, termo este bastante utilizado em tempos pretéritos (PORTUGAL, 1992). Nas entrelinhas da legislação pode-se verificar a presença de resquícios que indicam o conceito de recursos naturais ainda presente. O exemplo mais patente está nos termos que compõem a sigla do IBAMA que parece ser apenas Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, mas cujo nome completo inclui também o termo “Recursos Naturais Renováveis”. Pode-se, entretanto, verificar que, no corpo
  • 35. 35 da legislação pertinente, o termo recursos naturais praticamente desaparece sendo substituído por outros. Um claro exemplo disso é o inciso VI do artigo 4º da Lei Federal n. 6.938/81, o qual determina “a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos” (BRASIL, 1981). Ou seja, descarta recursos naturais, trocando por recursos ambientais. Aos termos “bens utilizáveis” ou “bens extraídos” a que se referem os alunos nas respostas, pode-se ainda aplicar a mesma noção que eles têm sobre relação de dependência do homem com a natureza, já mencionada. Convém enfocar o termo “bens extraídos” que abrange os elementos bióticos e abióticos não produzíveis pelo homem, mas dos quais depende a sua sobrevivência. Randall (1987) e Rees (1990) apud Antonius (1999) estabelecem duas condições para classificar determinado material como sendo um recurso: primeiro, que esse material seja útil aos seres humanos, devendo existir, portanto, conhecimento técnico e ferramentas que permitam sua extração e utilização; e, segundo, haver demanda para esse material como para os produtos produzidos a partir dele, ou seja, que tenha valor ou adquira valor no processo produtivo. De acordo com esta classificação, nem “tudo que é próprio da natureza”, pode ser considerado um recurso, pois uma vez que de determinado elemento natural não são conhecidas suas propriedades e utilidades, logo, não se pode lhe atribuir valor, visto que não se tem nenhuma necessidade deste elemento. Flora, fauna, água, ar e solo são os exemplos mais específicos de recursos naturais apontados nas respostas, principalmente, na segunda aplicação do questionário. Sobre este fato não é de estranhar ver que o trabalho nos SAFs possa proporcionar maior valoração destes recursos, uma vez que lá estão todos inter-relacionados, ora subsidiando a prática agropecuária, ora fornecendo matéria orgânica e favorecendo a ciclagem de nutrientes. A fauna nos sistemas silvipastoris e agrossilvipastoris inclui as espécies animais domesticadas, empregadas com a finalidade de produção de alimentos de origem animal. Eventualmente, são atraídas ao sistema espécies silvestres, que já existiam na área antes da implantação do SAF, ou vindas de outros hábitats. Diversas aves, alguns répteis, pequenos roedores, inúmeras espécies de insetos, e até mamíferos de pequeno porte típicos do bioma Caatinga compõem a
  • 36. 36 biodiversidade faunística na Agrofloresta Baixa Verde, o que fica evidente na fala do proprietário, Raimundo Albanir (Fig. 10). Moraes-Ornellas (2009), ao pesquisar a fauna associada a sistemas agroflorestas na zona de entorno do Parque Nacional da Serra da Bocaina (RJ), constatou um considerável número de espécies de aves e de mamíferos presentes no SAF em comum com as áreas naturais circundantes, o que aponta a importância desses agroecossistemas na manutenção da biodiversidade local e como corredor ecológico facilitando o fluxo dos mesmos entre fragmentos de biomas. Figura 10 - Vista da entrada da Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE. Fonte: Damião Viana Lima. Considerando as respostas que representam para os alunos exemplos de recursos naturais do semiárido nordestino antes e depois da visita à agrofloresta Baixa Verde (Fig. 11), observa-se que na primeira aplicação, a maioria dos alunos considerou a flora como principal exemplo de recurso natural presente no semiárido, aproximadamente 30% deles mencionaram os recursos hídricos (rios, lagos, barragens, açudes, etc.), pouco mais de 20%, os produtos da agricultura, e menos de 15% citaram a fauna. Já na segunda aplicação houve uma mudança de opinião para muitos entrevistados, os quais destacam a flora e a água como importantes recursos naturais do semiárido e aumento para 21% dos alunos que destacam a
  • 37. 37 fauna como parte desses recursos. A quantidade de respostas que afirmam serem recursos naturais do semiárido nordestino os produtos advindos da agricultura não foi alterada entre o primeiro e o segundo questionário. Figura 11 – Indicação de recursos considerados naturais no semiárido nordestino antes e após a visita à agrofloresta. Observa-se que os recursos naturais citados nas respostas abertas são, no contexto do bioma Caatinga, de modo geral, os mais alterados, devido a sua exploração inadequada, o que, por conseguinte, gera desequilíbrios ambientais desastrosos e irreparáveis (LUCENA, SILVA e MATOS, 2009). No âmbito agroflorestal, no entanto, tais recursos estão preservados pelo e para o homem, o que favorece a sustentabilidade do seu meio ambiente e do ambiente de outras espécies vegetais e animais. Por exemplo, quando da segunda aplicação do questionário, quase 80% destacaram os recursos florísticos do semiárido, representados pelas matas nos estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo. Isso se deve ao fato de que eles puderam perceber – de modo mais concreto através da diversidade vegetal do SAF – o grau de importância ambiental de tais recursos. Segundo Sousa (2005), as espécies animais e vegetais domesticadas ou mesmo vindas de outros biomas e introduzidas no bioma Caatinga necessitam de condições especiais, geradas pelo homem, para a sua sobrevivência. Os SAFs que, de um modo geral, representam ecossistemas minimamente agredidos pelo homem, figuram tais condições (Fig. 12), possibilitando uma harmoniosa convivência com a fauna e a flora nativas do bioma, que por sua vez, apresentam adaptações
  • 38. 38 específicas às suas características físicas e climáticas. Figura 12 – Vista parcial de parede da barragem subterrânea e poço construídos na Agrofloresta Baixa Verde, Saboeiro-CE, instrumentos de captação, retenção e reserva hídrica Fonte: Damião Viana Lima. O fato de pouco mais de 40% citarem a água na segunda aplicação do questionário deve ser atribuído primeiramente à noção comum e predominante que se tem de que o semiárido é drasticamente afetado pela escassez deste recurso, o que se agrava em longos períodos sem chuva, como é o caso atual – 2012-2013 – na maior parte do Nordeste, inclusive na região dos Inhamuns, onde está situado o SAF Baixa Verde. Tal fato pode ainda ser considerado, principalmente, uma consequência da observância do correto manejo dos recursos hídricos no SAF integrados com algumas tecnologias sociais de reserva de água, corroborando seu grande valor no bioma, uma vez que apenas 3% da quantidade total de água no Brasil, encontra-se na região Nordeste (FREITAS, 1999). Com relação ao questionamento referente ao conceito pessoal de problema ambiental, a maioria dos alunos que respondeu ao questionário em sua primeira aplicação considerou como sendo uma consequência da ação irresponsável do homem sobre o seu espaço. Mais de 20% citaram as queimadas e os desmatamentos, e um percentual de 7% destacaram as secas, o lixo e a poluição (da água e do ar) como exemplos de problemas ambientais (Fig. 13).
  • 39. 39 Figura 13 – Entendimento dos alunos sobre Problema Ambiental antes e após a visita à agrofloresta. CH: Consequência da ação humana; Q: Queimadas; D: Desmatamento; S: Seca; L: Lixo e P: Poluição. Os resultados da segunda aplicação mostraram um padrão majoritário nas respostas indicando que problema ambiental é decorrência da ação antrópica, o que foi exemplificado pelas queimadas e os desmatamentos como sendo os problemas mais manifestos. A poluição ambiental é citada por 14% dos alunos nesta nova análise, enquanto que o nível de respostas que consideraram a seca no semiárido e o lixo em locais inadequados manteve-se constante (7%). Para Barbieri (1997), os problemas ambientais provocados pelos humanos decorrem do uso do meio ambiente para obter os recursos necessários para produzir os bens e serviços que estes necessitam e dos despejos de materiais e energia não aproveitados no meio ambiente. Nota-se nas respostas, que o entendimento leigo e predominante sobre problema ambiental é decorrente das próprias observações sobre as ações antrópicas que agridem a ordem ecológica do ambiente ao entorno local dos sujeitos considerados. A maioria dos alunos sendo residente na zona rural e vindo de famílias agricultoras (Fig. 2 e Fig. 3) está mais frequentemente em contato com práticas de queimadas e desmatamentos, empreendidos com a finalidade de “limpar” o terreno para o cultivo agrícola ou extração de lenha. Por este motivo, o questionamento que aborda o conceito de problema ambiental na visão dos alunos (Fig. 13) será discutido de modo unificado e comparativo à questão sobre o
  • 40. 40 entendimento dos alunos com relação aos problemas ambientais do semiárido brasileiro (Fig. 14), considerando que são respostas abertas muito semelhantes entre si. Figura 14 – Entendimento dos alunos sobre problema ambiental no semiárido brasileiro antes e após a visita à agrofloresta. Q/D: Queimadas/Desmatamentos; P: Poluição; S: Seca; L: Lixo; UA: Uso de Agrotóxicos e CP: Caça Predatória. Ao serem questionados sobre quais problemas ambientais afetariam mais fortemente o semiárido (Fig. 14) a grande maioria mencionou em suas respostas, antes (64%) e depois da visita à Agrofloresta Baixa Verde (93%), as queimadas e os desmatamentos de certa forma reforçando e reafirmando as respostas evidenciadas na percepção global sobre problema ambiental (Fig. 13). O principal motivo para as queimadas, notadamente ainda é a agricultura de broca-e-queima empreendida pelo homem devido ao baixo custo para a sua realização e ao efeito rápido no processo de limpeza do terreno. Ainda em 2012, o município de Cariús ocupou a segunda posição dentre os municípios cearenses com maior número de queimadas realizadas: em torno de 141 incêndios, sendo a lista liderada pelo município vizinho, Jucás, com cerca de 210 casos (FUNCEME, 2012). Percebe-se nas respostas dos alunos sobre o problema das queimadas que eles não estão alheios à sua realidade ambiental, sendo eles próprios vítimas das consequências das frequentes queimadas. Mesmo os alunos residentes na zona urbana destacam com frequência o fato de se realizarem queimadas, principalmente para fazer agricultura, mas também para outros fins.
  • 41. 41 A mesma relação homem-meio ambiente, verificada como fator explicativo das respostas anteriores pode também ter influenciado as respostas “poluição” e “lixo”, nos questionamentos sobre o conceito de problema ambiental (Fig. 13) e a problemática ambiental do semiárido brasileiro (Fig. 14) uma vez que muitos são filhos de agricultores, que por sua vez são obrigados a fazer a tríplice lavagem das embalagens dos produtos químicos e não mais jogá-los nos rios, como era muito comum até bem pouco tempo atrás. Além disso, pode ter motivado estas respostas o fato de que no município de Cariús não ocorre coleta seletiva do lixo, pois ainda que 53,33 % dos domicílios particulares permanentes urbanos disponham de coleta de lixo de acordo com o IPECE no ano de 2010, isso não acontece na zona rural (BARRETO, 2011). Na maioria dos casos, o lixo é despejado em locais impróprios, acumulado e queimado nos lixões, liberando, assim, grande quantidade de poluentes atmosféricos e contaminantes dos solos. Outro motivo possível, é que os alunos podem ter sido influenciados pelo constante apelo ambiental da mídia, uma vez que tais problemas são muito comentados nos meios de comunicação e até mesmo em sala de aula. Os dados referentes às perguntas sobre poluição ambiental no semiárido brasileiro (Fig. 14) destacam esse tema como o segundo maior problema ambiental, sendo citado por aproximadamente 60% dos alunos na primeira aplicação e mais de 70% na segunda, confirmando, assim uma informação importante do IBGE de 2008 sobre o perfil municipal de Cariús, segundo o qual o município apresentara a poluição dos recursos hídricos e a contaminação do solo, além das queimadas e desmatamentos nos anos de 2006 a 2007, como principais ocorrências impactantes (PORTALODM, 2013). Sobre a seca no semiárido nordestino nota-se que aproximadamente 36% dos alunos mantiveram invariável sua resposta também na segunda aplicação do questionário (Fig. 14). Vê-se, assim, uma constante preocupação, principalmente por parte dos alunos que vivem em comunidades rurais e dependem das chuvas para o sucesso da prática agrícola. Ainda, porque de 2012 para 2013 houve uma drástica redução na precipitação pluviométrica, com uma diminuição de 741 mm para 475 mm nos meses de janeiro a abril dos respectivos anos, sendo que a média anual de pluviosidade no município de Cariús é de 865,6 mm (FUNCEME, 2013), caracterizando, assim, um intenso período de estiagem, que tem debilitado a
  • 42. 42 situação financeira das famílias agricultoras, gerando diminuição em suas rendas mensais e elevação dos preços dos produtos agrícolas no mercado. Estudo comparativo entre as percepções ambientais de docentes e discentes de uma escola pública do semiárido paraibano, relacionando a percepção predominante com as características do bioma Caatinga e sua abordagem no ambiente escolar (SANTOS et al., 2011) constatou que docentes e discentes percebem prioritariamente problemas relacionados à escassez de água na região do semiárido, confirmando o proposto por Melazo (2005) de que o ser humano compreende o ambiente de acordo com as relações desenvolvidas nele. Foram citados ainda o uso de agrotóxicos – 7% na primeira aplicação e aproximadamente 30% na segunda – e a caça predatória, 7% apenas na segunda aplicação, como problemas ambientais do semiárido (Fig. 14). Assim é relevante considerar o abuso de agroquímicos como potencial agravante ambiental da contaminação dos solos. Referente a isso se destacam dados importantes sobre a comercialização de agrotóxicos na região Nordeste, responsável por aproximadamente 6% do consumo destes produtos, concentrado principalmente nas áreas de agricultura intensiva (SPADOTTO; GOMES, 2013). O Ceará, por sua vez, segundo estudo sobre os prejuízos à saúde humana a partir do uso de agroquímicos numa comunidade de Maracanaú, apoiado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), no ano de 2011, destacou-se como maior consumidor de agrotóxicos na região nordeste, dobrando, em cinco anos, a venda de veneno e ampliando em 963,3% a venda de ingredientes ativos para os venenos (COLARES, 2011). Isso significa um gradativo aumento nas compras destes produtos não só pelos grandes proprietários agrícolas, mas também pelos pequenos agricultores, que por vezes abusam de tais produtos sem orientação técnica adequada, comprometendo a qualidade alimentar dos seus consumidores e dos recursos ambientais. O uso de produtos químicos na agricultura citado por cerca de 30% dos alunos na segunda aplicação do questionário (Fig. 14) evidenciam, além do entendimento concernente a esta problemática ambiental e o seu abuso na prática agrícola – que se pode comprovar pelas referências estatísticas supracitadas – também o permanente contato com tais produtos a que estes jovens estão submetidos diariamente. Estas evidências estatísticas supracitadas comparadas às respostas dos
  • 43. 43 alunos permitem inferir que há uma percepção e uma análise dos adolescentes, mesmo que mínima, da realidade socioambiental à sua volta, e que essa percepção se amplia a partir da interação com os SAFs nos quais o jovem pode relacionar seu contexto ambiental, reeducação ambiental e possíveis soluções sustentáveis aos problemas ambientais que são percebidos ao seu redor (RIBASKI, 1982). Nota-se ainda uma grande admiração dos jovens durante a visita ao SAF e durante a exposição do técnico agropecuário sobre o funcionamento do sistema e de como eventualmente espécies silvestres típicas da Caatinga são atraídas ao local, sem que haja a mínima interferência predatória humana, fato que pode explicar que tenham mencionado a caça apenas na segunda aplicação do questionário. Da mesma forma, indagam sobre o fato de não serem usados defensivos agrícolas no SAF para combater as pragas da vegetação, o que certamente evidenciou a desnecessidade do seu uso na agricultura. A respeito das concepções pessoais dos alunos sobre Educação Ambiental (EA) nota-se que a maioria deles em ambas as aplicações a considera um processo atitudinal de preservação da natureza. Vinte e nove por cento dos alunos na primeira aplicação afirmam que EA consiste no estudo dos recursos naturais e 7% dizem não entender nada sobre o assunto. Na segunda aplicação do questionário, no entanto, apenas 7% alegam que EA é o estudo dos recursos naturais, e 14% que é um ato de educação para preservação da natureza (Fig. 15). Figura 15 – Entendimento dos alunos sobre Educação Ambiental antes e após a visita à agrofloresta. APN: Ato de preservação da natureza; ERN: Estudo dos recursos naturais; AEP: Ato de educação para preservação da natureza e NS: Não sei.
  • 44. 44 Os alunos inseridos em uma área ecologicamente preservada, ao participarem de uma experiência de manejo sustentável dos recursos naturais no semiárido, parecem, de fato, entender que estão envolvidos em uma atividade de Educação Ambiental, porque podem se surpreender (e eles expressam isso por meio de gestos, fisionomia) com os conhecimentos transmitidos pelo técnico e pelo proprietário da agrofloresta através de sua própria experiência. Assim, eles entendem que a consciência e a sensibilidade que motivam as ações protecionistas e conservativas do meio ambiente dependem inicialmente de um ato educativo, de uma ação cidadã de ensino e de aprendizagem. É isto que consecutivamente promove um “ato de preservação da natureza”. Em um questionamento aberto sobre o que se deve fazer para preservar os recursos naturais do semiárido, a grande maioria dos alunos sugeriu em ambas as aplicações, que o melhor seria não desmatar nem queimar a vegetação. Como segunda resposta mais indicada pelos alunos está a “preservação dos recursos naturais” em ambas as aplicações, enquanto que na segunda aplicação 36% optaram por evitar o uso de agrotóxicos, como medida de preservação ambiental e apenas um pequeno percentual de alunos aponta a reciclagem do lixo como principal ação de preservação ambiental, tanto antes quanto depois da visita ao SAF (Fig. 16). Figura 16 – Sugestões dos alunos sobre medidas de preservação dos recursos naturais do semiárido nordestino antes e após a visita a agrofloresta. ND: Não desmatar/queimar; FA: Fazer agrofloresta; EAG: Evitar agrotóxicos; CRA: construir reservatórios de água; PRN: Preservar os recursos naturais; RL: Reciclar o lixo e DCP: Denunciar a caça predatória.
  • 45. 45 Desmatamento, queimada e utilização de agrotóxicos no cultivo agrícola são problemas muito atuais e frequentemente apontados nas respostas dos alunos, uma vez que, além de serem práticas altamente nocivas ao equilíbrio ecológico de qualquer bioma – e ainda mais, quando se trata do semiárido brasileiro, que apresenta grande complexidade física e biológica – são práticas desprezíveis dentro do método agroflorestal. Pela observância do SAF, através de contato direto, os estudantes puderam deduzir que “fazer uma agrofloresta”, possibilitaria amenizar problemas clássicos da complexa região semiárida, que mesmo apresentando extensas áreas de solos razoavelmente férteis, oriundos de rochas cristalinas e rico em minerais, ainda apresentam uma baixíssima produtividade agrícola, devido à prática da agricultura de subsistência itinerante, caracterizada, principalmente pelo uso frequente de queimadas, sobrepastejo, desmatamento e extração de lenha sem reposição (ARAÚJO-FILHO, 2010). Um estudo avaliativo dos impactos de quatro SAFs e um sistema convencional agrícola sobre a qualidade do solo, comparativamente à condição natural (caatinga nativa) após cinco anos de uso na região semiárida cearense, foi realizado no município de Sobral, no ano de 2006, possibilitando analisar a composição química e aspectos físicos dos solos em diferentes sistemas agrícolas (ARAÚJO-FILHO et al., 2006). O trabalho permitiu concluir que os tratamentos agrossilvipastoril e silvipastoril mostraram que, de modo mais eficiente, ocorreu maior ciclagem de nutrientes, baixa ou nenhuma diminuição nos teores de carbono orgânico total (COT) e maior estado de estabilidade dos agregados do solo, o que torna segura a recomendação de tais manejos para a manutenção da qualidade do solo e a produção de alimentos na região do semiárido cearense. Ainda que não sejam elementos que identificam os SAFs, as tecnologias sociais de captação e armazenamento de água ou retenção da umidade já fazem parte das estratégias de convivência do sertanejo com o semiárido (SOUSA, 2007). Acessórios como cisternas de placa, cisterna calçadão e barragem subterrânea, como os presentes na agrofloresta Baixa Verde, aumentam o aproveitamento da água das chuvas que caem na região. Mesmo enfrentando o longo período de seca e tendo perdido o aspecto verdejante, característico do período chuvoso, na maior parte de sua extensão, o SAF Baixa Verde apresenta sinais de vitalidade, expressos
  • 46. 46 na vegetação frutífera, nas hortaliças e tubérculos – irrigados através da técnica do gotejamento, que permite uma distribuição mais eficiente da água – e plantas nativas e forrageiras (Fig. 17). Figura 17 – Laranjeira com seus frutos (A) e plantação da palma, cactácea típica do semiárido, usada para complementar a alimentação animal forrageira (B). Fonte: Damião Viana Lima Em relação aos 7% que sugeriram a reciclagem do lixo como medida de preservação dos recursos naturais do semiárido (Fig. 16) verifica-se uma preocupação (referida também na discussão das Fig. 13 e 14) sobre o modo como são tratados os materiais não aproveitados pelo homem, gerados pelos processos de produção de bens e serviços, a partir dos recursos ambientais. Embora com a mesma quantidade de respostas nas duas aplicações, é imprescindível destacar o processo de reciclagem natural que ocorre na Baixa Verde (como em outros SAFs), a partir do acúmulo superficial de matéria orgânica proveniente de plantas secas, capina seletiva, restos de alimento e esterco (ARAÚJO-FILHO et al., 2006) (Fig. 18).
  • 47. 47 Figura 18 – A poda de galhos secos e envelhecidos produz uma grossa cobertura orgânica que protege o solo da erosão, retém sua umidade por mais tempo, aumentando a ciclagem de nutrientes. Fonte: Damião Viana Lima É relevante ressaltar também uma forma peculiar de irrigação presente no SAF Baixa Verde feita a partir da reutilização de canudinhos de pirulito, que, segundo o proprietário é uma forma de distribuir racionalmente a água (Fig. 19). Figura 19 – Irrigação por gotejamento com garrafa PET atada à planta (A) e canudinhos de pirulito em canos de PVC (B) otimizam a distribuição de água no período de estiagem. Fonte: Damião Viana Lima.
  • 48. 48 Na resposta do tipo: “devemos denunciar a caça e matança de animais”, os alunos ressaltam a necessidade de uma fiscalização mais efetiva sobre a fauna do semiárido. Provavelmente o que os motivou a tal resposta foi o fato de observarem em suas comunidades a prática indiscriminada da caça de animais silvestres para o consumo como alimento, tráfico ou para mantê-los em cativeiros, o que, devido à falta de fiscalização dos órgãos competentes tornou-se um evento corriqueiro. Analisando as respostas sobre o questionamento relacionado à prática da agricultura de broca-e-queima obteve-se que a grande maioria dos alunos considera inadequada a prática de queimadas para o plantio por diversas razões que se complementam entre si (Tabela 1). Cerca de 90% dos alunos na primeira aplicação consideraram imprópria a realização de queimadas para o cultivo agrícola, citando diferentes argumentos como o empobrecimento do solo, promoção da erosão e desertificação, a destruição da fauna e da flora nativas e a poluição do ar e dos recursos hídricos. Enquanto que apenas 14% alegaram que é uma prática aceitável, mas só quando a finalidade for a “limpa do mato” para fazer o plantio, quando, na realidade sabe-se que é justamente a própria agricultura que fica comprometida devido às queimadas. Na segunda aplicação, 93% dos alunos foram contra a prática das queimadas apresentando as justificativas já mencionadas anteriormente, e 7% foram a favor, quando estas forem feitas com o objetivo de plantar na área desmatada. Tabela 1 – Opinião dos alunos sobre realização de queimadas na prática agrícola RESPOSTAS ANTES DA VISITA (%) APÓS A VISITA (%) INCORRETA, POIS EMPOBRECE O SOLO. 30 50 INCORRETA, POIS DESTRÓI A FAUNA. 21 22 INCORRETA, POIS POLUI O AR E OS RIOS. 14 7 INCORRETA, POIS CAUSA DESERTIFICAÇÃO. 21 14 CORRETA, QUANDO É FEITO PARA PLANTAR. 14 7 Fonte: Dados da pesquisa.
  • 49. 49 O fato dos 14% dos alunos na primeira aplicação concordarem com a prática de queimada para “limpar o terreno” para o cultivo agrícola se explica, por ser uma prática de baixo custo que despende pouco esforço humano. Esta resposta, no entanto teve uma redução para 7% na aplicação posterior ao conhecimento do SAF, onde se pode verificar a apreensão positiva de saberes agroecológicos, orientando uma postura ambientalmente sustentável. Ao serem indagados sobre quais métodos e práticas agrícolas eram mais conhecidos por eles, observou-se que a maioria dos alunos tanto na primeira quanto na segunda aplicação do questionário (Fig. 20), respondeu que conheciam práticas agrícolas baseadas na queimada da área a ser cultivada, com irrigação e uso de agrotóxicos como controle de pragas. Enquanto que a capinagem do terreno, sem a prática das queimadas, irrigação ou uso de agrotóxicos era conhecida por uma minoria dos alunos, na primeira aplicação, mas que se tornou mais conhecida após a visita, de forma que quase 44% dos alunos referiram-se a tais práticas após a visita ao SAF. Figura 20 – Respostas dos alunos sobre as práticas agrícolas mais conhecidas por eles antes e após a visita à agrofloresta. QPI: Queimadas para o plantio, com irrigação e uso de agrotóxicos e CSQ: Capinagem, sem queimadas, sem irrigação nem uso de agrotóxico. É notório, que a partir do conhecimento do SAF, surjam mais respostas considerando práticas agrícolas mais sustentáveis, principalmente com relação ao solo e à vegetação, uma vez que sua valoração é muito comum neste agroecossistema. É compreensível também que a maioria dos alunos conheça mais
  • 50. 50 práticas agrícolas pautadas na realização de queimadas para a “limpa do mato” na área a ser cultivada, irrigação intensiva e abuso de agrotóxicos, sendo métodos tão antigos e arraigados na cultura agrária do semiárido, desde a colonização, sendo repassadas até as gerações atuais. “O Nordeste brasileiro é uma região composta de terras (...), que produzem tudo que se plantar. Por outro lado existem terras semiáridas, isto é, terras que precisam de água, de irrigação e de muitos instrumentos de trabalho para que se consiga a sua produção, isto significa dizer, tenha boa viabilidade. Para tanto, é preciso que haja um interesse governamental quanto à eliminação das dificuldades que os habitantes do semiárido passam na sua sobrevivência, quanto aos tipos de cultura a trabalhar e a manutenção no seu processo de crescimento até a sua ida ao consumo final.” (SOUSA, 2006). Segundo o autor supracitado, perduram ainda práticas arcaicas de manejo agrário pouco rentáveis ao pequeno agricultor, que se vê inserido em uma lógica capitalista exclusivista. Esta, por sua vez, enriquece o latifúndio industrial, gerando grandes desigualdades sociais. Para o mesmo autor falta uma política séria e comprometida em promover condições viáveis de sobrevivência no campo, o que a tornaria uma região produtiva e promissora para seus habitantes. Dentre as respostas ao questionamento sobre se escolheriam futuramente trabalhar na agricultura obteve-se que a grande maioria respondeu que não almejava seguir a profissão de agricultor, argumentando sobre as dificuldades próprias da profissão, potencializadas pelo clima quente e seco. 21% afirmaram que escolheriam a profissão pelo fato de já pertencerem a famílias de agricultores ou, simplesmente, por gostar de trabalhar em atividades agrícolas. Ambas as respostas mantiveram-se com os mesmos percentuais entre a primeira e a segunda aplicação do questionário (Fig. 21).
  • 51. 51 Figura 21 – Respostas dos alunos com relação a escolherem para si mesmos a profissão de agricultor antes e após a visita à agrofloresta. “Sim, apesar de ser um trabalho pesado, gosto de trabalhar na terra”. F, sexo masculino, 17 anos, zona urbana (primeira aplicação). “Não, apesar de ser obrigado a destruir a natureza é um trabalho muito cansativo” (primeira aplicação). E “ainda não, pois a gente sofre muito com o sol e o calor” (segunda aplicação). T, sexo masculino, 19 anos, zona rural. “Não, admiro muito a profissão, mas quero investir em outro ramo. Entrar na universidade” (primeira aplicação) e “não, não tenho conhecimento total para realizar a profissão de agricultor” (segunda aplicação). L, sexo feminino, 20 anos, zona rural. “Provavelmente sim, porque o estudo depende muito das suas condições para estudar” (primeira aplicação) e “sim, porque minha família é todos tem a ver com a agricultura” (segunda aplicação). E, sexo masculino, 18 anos, zona rural. “Sim” (primeira aplicação) e “acho que sim, pela preservação da natureza” (segunda aplicação). FE, sexo masculino, 17 anos, zona rural. “Não, pois não me adaptaria a esta atividade” (primeira aplicação) e “não, porque essas pessoas sofrem muito” (segunda aplicação). A. sexo feminino, 18 anos, zona urbana. Como se nota, há um alto teor de negatividade na maioria das respostas com relação à profissão, o que pode ser resultado de toda uma história de degradação ambiental causada por procedimentos agrícolas insustentáveis e pouco produtivos. Por outro lado, os esforços físicos dos agricultores, em meio a complexos fatores sociais, políticos, econômicos e ambientais que potencializam os efeitos da seca, parecem não ser recompensados pela produtividade, desgastando o trabalhador.
  • 52. 52 Outro fator para o descrédito da profissão é a busca por melhores condições educativas e por uma maior abrangência no mercado de trabalho, o que acaba gerando um fluxo migratório para as áreas urbanas e, consequentemente a diminuição da mão-de-obra agrícola. Nos últimos anos, o IBGE, através dos censos realizados, constatou diminuição do total de habitantes no meio rural. Em 2000, o Brasil contava com 6.134.639 de jovens no campo, o que representava 18% do total do número de pessoas residentes no meio rural. Porém, o último censo, o de (2010) registrou 5.493.845 pessoas nas mesmas localidades e na mesma faixa etária, entre 15 e 24 anos, o equivalente a 16% da população total de jovens do país, sendo que, segundo as estatísticas, a maioria dos emigrantes vai das regiões semiáridas do Nordeste brasileiro em direção aos grandes centros urbanos e metrópoles (TOLEDO, 2011). Bourdieu (2000) apud Battestin (2009) ressalta que o difícil acesso às políticas públicas básicas como educação, lazer e cultura, também tem peso significativo na saída desses jovens. O desejo de continuidade dos estudos, de cursos profissionalizantes, que possibilitem oportunidades fora de seu espaço de origem, é valorizado tanto pelos jovens como pelos próprios pais, pois estes carregam em si a imagem de inferioridade do campo em relação à cidade. Evangelista et al. (2001) aponta sérias implicações sociais advindas do êxodo rural que compreendem, dentre outros problemas: a redução da produção agrícola com o consequente aumento dos custos dos alimentos; a adoção de tecnologias para substituir a mão-de-obra migrante, acarretando sérios impactos ambientais; o crescimento das favelas, aumento da marginalidade, precarização das condições de saúde e habitação nas cidades, e aumento do desemprego, uma vez que a competição comercial entre as empresas, as tem obrigado a se modernizarem e adotarem elevado nível de automação, com investimentos intensivos em capital e poupadores de mão-de-obra. Diante desta realidade, se não forem empreendidas políticas sociais de incentivo à permanência do jovem no campo, como linhas de crédito para aquisição de terras e equipamentos e alternativas de prosseguimento de seus estudos correlacionados às práticas agrícolas nas chamadas 'escolas de alternância', é possível que num futuro próximo haja escassez de profissionais para a agricultura.
  • 53. 53 Considerando as respostas da questão que indaga sobre o uso de agrotóxicos no combate às pragas da agricultura, mais da metade dos alunos, na aplicação inicial concordou que o uso é incorreto, pois prejudica os alimentos e, consequentemente a saúde humana e os animais, e também porque poluem o solo e os reservatórios naturais de água. Porém, 43% ainda defendiam seu uso no controle das pragas da plantação. Na última aplicação o percentual de entrevistados que é contra o uso de agrotóxicos subiu para 86%, e apenas 14% mantiveram-se favoráveis à aplicação (Tabela 2). Tabela 2 – Opinião dos alunos sobre uso de agrotóxicos na prática agrícola RESPOSTAS ANTES DA VISITA (%) APÓS A VISITA (%) INCORRETO, POIS POLUI O SOLO E OS RIOS. 29 22 INCORRETO, POIS PREJUDICA OS ALIMENTOS E A SAÚDE HUMANA. 28 57 INCORRETO, POIS AFETA OS INSETOS POLINIZADORES. 0 7 CORRETO, POIS EVITA PRAGAS NA AGRICULTURA. 43 14 Fonte: Dados da pesquisa. Deduz-se que a maioria passou a entender sobre os malefícios que os agrotóxicos promovem ao ser humano e ao meio ambiente, poluindo os solos e os rios e prejudicando a própria fauna nativa, uma vez que, apenas na segunda aplicação, 7% afirmaram que o abuso destas substâncias pode afetar os insetos polinizadores, que por sua vez desempenham um importante papel nos espaços agrícolas. Isto se pode atribuir ao fato de que no SAF visitado desenvolvem-se atividades de apicultura para fins de consumo da própria comunidade, e como forma de complemento da renda das famílias, obtido com a venda do excedente. Estudos feitos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (MACHADO, 2012) comprovaram o efeito nocivo de alguns componentes de agrotóxicos sobre populações de abelhas, levando-as à morte ou a alterações comportamentais. As avaliações da pesquisa culminaram na proibição da aplicação aérea de produtos químicos que contenham tais compostos, consistindo em crime ambiental o descumprimento de tal medida.
  • 54. 54 O Brasil é o campeão mundial de consumo de agrotóxicos desde 2008. Naquele ano, foram 673 mil toneladas consumidas, mas em 2010 ultrapassou a casa de 1,0 milhão de toneladas. O Ceará apareceu no Censo Agropecuário do IBGE de 2006 como o quarto estado brasileiro em número de estabelecimentos que utilizam agrotóxicos (COLARES, 2011). Demonstrações feitas no SAF visitado permitiram aos jovens compreenderem como é feito o combate aos insetos prejudiciais à agricultura (Fig. 22). Soluções preparadas com fumo, urina de vaca ou ainda extratos preparados de certas plantas constituem-se como possíveis repelentes naturais. Figura 22 – E m roda de conversa, o proprietário da agrofloresta Baixa Verde, o senhor Raimundo Albanir (chapéu), o técnico agropecuário da Cáritas, Iguatu- CE, Oneci Angelim (boné branco), e jovens discutem sustentabilidade no semiárido. Fonte: Damião Viana Lima Com relação ao percentual de 43% dos alunos na primeira aplicação do questionário e 14% na segunda aplicação que foram a favor ao uso de agrotóxicos, explicando a sua necessidade no combate às pragas da lavoura, fica evidente como a falta de informação pode subsidiar escolhas erradas. Esta falta de informação pode ser vista como resultado da pouca ou nenhuma assistência técnica prestada
  • 55. 55 pelos órgãos ambientais e de extensão rural aos pequenos agricultores e, é uma observação que deve motivar reflexões pedagógicas mais contextualizadas à vivência do educando, despertando sua sensibilidade crítica sobre o abuso de produtos químicos na agricultura. Quando foram questionados sobre como promover a sustentabilidade dos recursos naturais para as futuras gerações, a maioria respondeu simplesmente que os mesmos devem ser preservados, tanto na primeira quanto na segunda aplicação do questionário. Cuidar, prioritariamente da vegetação e promover o incentivo à educação ambiental foram algumas das respostas apresentadas, mas em número reduzido. Sete por cento responderam, mas somente na primeira aplicação, que, simplesmente deveríamos continuar usando os recursos naturais, pois como sempre existiram, continuarão existindo na Terra e adicionalmente, 7% também citaram na primeira aplicação que nada deve ser feito para a conservação dos recursos naturais, posicionamento que não se repetiu na segunda aplicação do questionário (Fig. 23). Figura 23 – Sugestões dos alunos para sustentabilidade dos recursos naturais atuais antes e após a visita à agrofloresta. PRN: Preservar os recursos naturais; CV: Cuidar da vegetação; IEA: Incentivo à educação ambiental; CURN: Continuar usando os recursos naturais e N: Nada deve ser feito. Analisando a quantidade e o tipo de respostas observa-se que houve uma mudança no modo pelo qual os alunos passaram a perceber o valor dos recursos naturais e a sua continuidade para as futuras gerações. Ao passo que se evidencia este valor intrínseco do solo, da água, do ar, da fauna e da flora se impõe uma necessidade urgente de preservá-los. Respostas do tipo “continuar usando os
  • 56. 56 recursos” ou “nada deve ser feito para preservá-los” não reaparecem na segunda aplicação após a visita ao SAF. Por outro lado, a resposta: “incentivo à educação ambiental” confirma fortemente o papel da educação e da escola na geração do conhecimento dos recursos naturais do semiárido e sua sustentabilidade. Há uma grande disposição da maioria dos alunos no que tange à proteção dos recursos naturais em vista da sua sustentabilidade, uma motivação conservacionista que se deve conferir às experiências vivenciadas e observadas no agroecossistema visitado. Para Gliessman (2009) há uma urgente necessidade de mais conhecimento sobre como aplicar os princípios da sustentabilidade aos sistemas que se dizem sustentáveis e em função da própria conversão da agricultura ao modelo sustentável. Segundo o autor, pensando sobre a insustentabilidade da agricultura industrial, as razões para esta falta de conhecimento são bem definidas: “... uma razão importante para esta carência de conhecimento, é que os recursos e esforços em investigação agrícola, durante muito tempo, se têm concentrado em outras preocupações. A investigação se tem enfocado a maximizar a produção, estudar os componentes do sistema, avaliar os resultados obtidos, no retorno econômico em curto prazo, contestar as perguntas que envolvem o retorno imediato da produção, e a servir às necessidades e demandas imediatas da agricultura como uma indústria independente. O resultado tem sido o desenvolvimento de uma agricultura industrial de altos rendimentos, que está experimentando grande dificuldade para responder às inquietudes sobre qualidade ambiental, a conservação dos recursos, os alimentos confiáveis, a qualidade da vida rural, e a sustentabilidade da agricultura em si.” (GLIESSMAN, 2009).
  • 57. 57 4 CONCLUSÃO Os entrevistados entendem mais facilmente ideias relacionadas à Educação Ambiental quando estas são veiculadas através de situações e instrumentos próprios da sua realidade socioambiental e que convergem para a melhoria ambiental desta. Os elementos naturais mais citados como exemplos de recursos ambientais na pesquisa, antes e depois da visita ao SAF Baixa Verde, englobaram os recursos hídricos e florísticos, os quais, não coincidentemente, são os mais alterados pelas queimadas, desmatamentos, poluição, seca e o abuso de agrotóxicos na prática agrícola de subsistência itinerante gerada pela falta de conhecimentos adequados por parte dos pequenos agricultores e pela ambição capitalista do latifundiário no semiárido brasileiro. Os entrevistados não estão alheios ao meio onde vivem, mas são capazes de percebê-lo em suas vulnerabilidades e potencialidades ambientais, sendo capazes de intervir sustentavelmente. Verificou-se, que as agroflorestas, muito mais que sistemas de uso agroecológico dos recursos naturais, têm potencial educativo no que se relaciona à questão ambiental, favorecendo a apreensão de conhecimentos essenciais vinculados ao tema transversal da Educação Ambiental. Além de permitir o maior conhecimento a respeito dos recursos naturais do semiárido brasileiro e de meios antrópicos sustentáveis para sua maior valoração. A visita à agrofloresta Baixa Verde como instrumento pedagógico da Educação Ambiental no contexto do semiárido possibilitou aos alunos perceberem as possibilidades de se obter os produtos da agricultura a partir do manejo adequado e sustentável dos recursos ambientais, mesmo na época de estiagem. Dessa forma, por meio da prática pedagógica contextualizada à realidade do alunado, é possível a transmissão de conhecimentos científico-sociais pertinentes a uma sala de aula, ao passo que são inseridos valores ambientais essenciais à formação do cidadão da presente e futura gerações.
  • 58. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDO, M. T. V. N.; VALERI, S. V.; MARTINS, A. L. Sistemas Agroflorestais e Agricultura Familiar: uma Parceria interessante Rev. APTA – Tecnologia e Inovação Agropecuária. . 2008. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia das populações. 2 ed. São Paulo: Moderna, 2004. ANTONIUS, P. A. J. A Exploração de Recursos Naturais face à Sustentabilidade e Gestão Ambiental: Uma Reflexão Teórico-Conceitual. Belém - PA: NAEA-UFPA, 30p, ago. de 1999. (Paper do NAEA Nº 123). ARAÚJO-FILHO, J. A. de. et al. Sistema de produção agrossilvipastoril no semiárido do Ceará. Fortaleza: Secretaria dos Recursos Hídricos, 2010. _______, Impactos de Sistemas Agroflorestais e Convencional sobre a Qualidade do Solo no Semiárido Cearense. Rev. Árvore, Viçosa-MG: SIF, Nº 5, v. 30, p. 837 – 848. abr. de 2006. BACHA, S. M. C.; BRANDÃO, C. C. R. D.; SAUER, L.; BEDNASKI, A. V.; CAMPAROTO, M. Y. Rev. CEFAC - Rendimento escolar de alunos da área rural em escola urbana. São Paulo Nº 4, vol. 8 out/dez.2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151618462006000400004&script=sci_arttext> Acesso em: 27 de out. de 2013. BARRETO, F. A. F. D. Perfil Básico Municipal de Cariús. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE) 2011 e 2012. Disponível em: http://www.ipece.ce.gov.br/categoria4/idm/; http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/textos_discussao/TD_76.pdf; http://www.ipece.ce.gov.br/publicacoes/perfil_basico/pbm-2011/Carius.pdf. Acesso em 10 de dez. de 2013. BARROS, R. FRANCO, S. MENDONÇA, R. Rev. Econômica - Uma análise das principais causas da queda recente na desigualdade brasileira. Rio de Janeiro, Nº 1. V. 8, p. 117 – 147, jun., 2006. Disponível em: http://www.uff.br/revistaeconomica/V8N1/RICARDO.PDF. Acesso em 20 de nov. de 2013. BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudança da agenda 21. Petrópolis: Vozes, 1997.
  • 59. 59 BATTESTIN, S. Ser jovem e ser agricultor: a agricultura familiar como perspectiva e projeto de vida para filhos e filhas de agricultores do município de Anchieta – ES (Dissertação). Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural, Universidade Federal de Viçosa - UFV, jul. de 2009. BONILLA, O. P. A Caatinga. Fortaleza, Edições Demócrito Rocha, 2010. 88p. BOURDIEU, P. Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983. 208 p. BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. 138 p. ________. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais/Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1998. 1ª parte: Meio Ambiente. 436 p. _______, Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e Ambiental. Departamento de Educação Ambiental. Os diferentes Matizes da Educação Ambiental no Brasil: 1997-2007. Brasília, DF: MMA, 2008. (Série Desafios da Educação Ambiental) 270 p. _______, Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educ- acaoambiental/lei9795.pdf> Acesso em 21 de jun. de 2013. _______, Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Institui a Política Nacional do Meio Ambiente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/Leis/L4771.htm> Acesso em: 10 de dez. 2013. CÁRITAS. Convivência com o Semiárido. Disponível em: <http://caritas.org.br/novo/convivencia-semiarido/> Acesso em 21 de jun. de 2013. CAVALCANTI, C. Sustentabilidade da Economia: paradigmas alternativos de realização econômica. In: A Economia da Sustentabilidade: princípios, desafios, aplicações. Fundação Joaquim Nabuco/Instituto de Pesquisas Sociais. Recife, 12-15 set. 1994. COLARES, G. Brasil é a nação que mais consome agrotóxico. Centro de Estudos de Geografia do Trabalho – UNESP, Entrevista. Agosto de 2011. Disponível em: http://www.mst.org.br/Nacao-que-mais-consome-agrotoxicos. Acesso em 10 de nov. de 2013. CRIVELLARO, C. V. L. et al. Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental – NEMA. Agroecologia: um caminho amigável de conservação da natureza e valorização da vida. Rio Grande: NEMA, 2008.
  • 60. 60 EVANGELISTA, F. R. Algumas considerações sobre o êxodo rural no Nordeste. Banco do Nordeste do Brasil, Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE. Equipe de Estudos de Sistemas Agroindustriais e de Turismo, 09 de nov. de 2001. FAVALLI, L. D. ; PESSÔA, Karina Alessandra; ANGELO, Elisangela Andrade. Projeto radix: Ciências, 7º ano. São Paulo: Scipione, 2009. FREITAS, M. A. V. O estado das águas no Brasil: perspectivas de gestão e informação de recursos hídricos. Brasília: ANEEl, SIH, MMA, SRH, MME, 1999.334p. FUNDAÇÃO CEARENSE DE METEOROLOGIA (FUNCEME), 2012. Disponível em: http://www.funceme.br/index.php/listanoticias/267-numero-de-focos-de-queimadas- no-ceara-cresce-286-em-2012. Acesso em 17 de dez. de 2013. ______, 2013. Disponível em: http://www.funceme.br/index.php/areas/tempo/grafico-de- chuvas-dos-postos-pluviometricos. Acesso em 17 de dez. de 2013. GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. – 4.ed. – Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2009. 658p.; il.; 16x23cm. HAMMES, V. S. Julgar – percepção do impacto ambiental. São Paulo: Editora Técnica. Globo, 2004. JACOBI, P. Educação Ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118, p. 189-205, março/ 2003. LIBÂNEO, J. Carlos. Didática. SP: Cortez, 1994. LIMA, G. F. C. "Questão ambiental e educação: Contribuições para o debate". Ambiente e Sociedade, NEPAM/UNICAMP, Campinas, ano II, nº 5, 135-153, 1999. LUCENA, E. M. P.; SILVA, T. L.; MATOS, R. P. Manual de aula de campo de morfologia e anatomia de espermatófitas. Fortaleza: UECE, 2009. 11p. LUCCI, E. A. Geografia: o homem no espaço global. 4. ed. , 2º grau, Editora Saraiva, SP, 400 p., 1999. MACHADO, N. S. Insetos polinizadores na agricultura e uso de agrotóxicos. Biologia/artigos, São Paulo, julho de 2012. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/14881/insetos-polinizadores-na- agricultura-e-uso-de-agrotoxicos#ixzz2v6GdUvax. Acesso em 17 de nov. de 2013. MEDEIROS, J. B. L. P.; CRAVEIRO, A. C. Mudanças Climáticas e desenvolvimento sustentável. Edição única. Fortaleza: FDR, 2011. MEDEIROS, C. N. NETO, V. R. P. Texto Para Discussão Nº 97. Os Determinantes
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