Este documento apresenta 4 casos clínicos de pneumonias na infância, com foco em pneumonias adquiridas na comunidade. O primeiro caso descreve uma pneumonia bacteriana aguda em uma criança de 9 meses, com consolidação alveolar no raio-x de tórax. O segundo caso trata de uma síndrome da pneumonia afebril em um lactente de 3 meses, com padrão intersticial difuso no raio-x. O terceiro caso é uma pneumonia viral em um bebê de 5 meses, também com imagem intersticial. E o quarto caso in
Pneumonias na infância: Pneumonias Adquiridas na Comunidade
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
HOSPITAL DE PEDIATRIA PROF. HERIBERTO FERREIRA BEZERRA
DEPARTAMENTO DE PEDIATRIA
INTERNATO EM PEDIATRIA I – PED I
PNEUMONIAS NA INFÂNCIA:
Pneumonias Adquiridas na Comunidade
(PAC)
Casos Clínicos
Ana Luísa Chaves
Érika Ximenes
Júlio César Melquiades
Samara Camilo
Orientador : Leonardo Moura Ferreira de Souza
3. CASO CLÍNICO 1
História Clínica:
B.R.C,9 meses, é atendido no ambulatório
do HOSPED com história de “gripe” há 1
semana.
Há 2 dias, começou a apresentar febre
(Tmáx= 39,8°C), que pouco cedia com o
uso de paracetamol.
Há 1 dia, apresentando “cansaço” e
diminuição do apetite. Mãe nega episódios
anteriores de dispnéia, bem como
familiares com sintomas semelhantes.
Cartão vacinal atualizado.
4. Exame Físico:
REG, abatido, febril (T= 39°), hidratado,
acianótico, anictérico
ACV: RCR, 2T, BNF
AP: MV diminuído com creptos em 1/3
superior do HTE. FR= 60 irpm. Sem
tiragem subcostal
Exames Complementares:
Leucograma: 15.200, com predomínio de
neutrófilos, com desvio à esquerda
8. • Qual o padrão radiológico
observado?
Consolidação Alveolar em LSE
9. • Qual a conduta terapêutica mais
apropriada?
TTT é ambulatorial
CRIANÇAS DE 2 MESES A 4 ANOS DE IDADE COM
TOSSE E DIFICULDADE PARA RESPIRAR
SEM tiragem e SEM freqüência respiratória Não é PNM
aumentada
SEM tiragem e COM frequência respiratória Pneumonia
aumentada não grave
FR > 50 ipm (2 a 12 meses)
FR > 40 ipm (12 meses a 4 anos)
Com tiragem e/ou PNM grave
FR > 50 ipm (2 a 12 meses) (internação)
FR > 40 ipm (12 meses a 4 anos)
10. Droga de escolha PNM Pneumocócica:
○ Penicilina Procaína: 50.000U/Kg/dia, IM,
1x/dia
○ Amoxicilina: 50mg/Kg/dia, VO, 8/8h, 7 a 10
dias
○ Alérgicos à Penicilina: Clindamicina ou
Cloranfenicol
Cuidados Gerais:
○ Hidratação, alimentação
Orientar a mãe sobre a importância de
voltar em 48h para reavaliação, ou antes,
se piorar.
12. CASO CLÍNICO 2
História Clínica:
• M.F.S. , 3 meses, 5 kg, nascida de parto
normal, é atendida no ambulatório da Medicina
Comunitária com história de tosse e “cansaço”
há 15 dias.
• A tosse é seca, e às vezes caracteriza-se por
acessos paroxísticos intensos, com eliminação
de secreção mucóide ao final. A mãe acha
Marina um pouco “cansadinha”, pois nota sua
respiração mais rápida. Não há relato de febre.
• A criança está em aleitamento materno
exclusivo, com boa aceitação. Inexistem
antecedentes de asma na família.
13. Ao exame físico:
BEG, hidratada, corada, afebril,
taquipnéica (FR= 60irpm).
ACV: sem alterações.
AP: MV simétrico sem ruídos
adventícios. Ausência de tiragens
Orofaringe, abdome e extremidades
normais.
14. No momento da consulta, a mãe mostra
resultado de exames que foram
solicitados na noite anterior.
No hemograma observa-se discreta
leucocitose com eosinofilia, sem
linfocitose.
O Rx de Tórax mostra o seguinte aspecto:
15. Qual o provável diagnóstico?
Síndrome da Pneumonia Afebril
(Pneumonia Afebril do Lactente)
16. Síndrome da Pneumonia Afebril
Infecção pouco comum em
neonatos e crianças menores de 6
meses.
Inicialmente descrita como doença
de transmissão vertical pelos
agente Chlamydia, CMV e
Ureaplasma urealyticum.
17. Síndrome da Pneumonia Afebril
Quadro clínico:
• Sintomas pouco específicos,
• aguda ou subaguda,
• afebril ou subfebril,
• taquipnéia,
• irritabilidade,
• pouca aceitação da dieta,
• rinorréia,
• congestão nasal,
• apnéia e cianose são menos comuns.
18. Que dados na história materna
devem ser pesquisados para
corroborar este diagnóstico?
Fatores predisponentes:
• Baixo peso ao nascer
• Prematuridade
• Mãe solteira
• Baixa idade materna
• Exposição ao tabagismo
• Baixa condição socioeconômica
• Número de parceiros sexuais
maternos
19. Qual o provável agente
etiológico?
Mais freqüentes:
1. Chlamydia Tracomatis
2. CMV
3. Ureaplasma urealyticum
4. Vírus sincicial respiratório
20. Chlamydia tracomatis
Porta de entrada: olhos, nasofaringe,
trato respiratório e vagina
Sintomas começam com 2 a 19
semanas
Quadro clínico insidioso
Sintomas inespecíficos
Conjuntivite aumenta a possibilidade
de infecção por chlamydia.
21. U. urealyticum
Associado à prematuridade, baixo
peso e doença pulmonar crônica
Quadro clinico agudo a subagudo.
22. Citomegalovírus
Associado a baixa imunidade
Maioria assintomático
Podem desenvolver pneumonia
intersticial na infância
Presença de hepatoesplenomegalia
aumenta a possibilidade de
infecção por CMV.
23. Vírus Sincicial Respiratório
Mais comum em 2 a 5 meses
Sintomas inespecíficos, duram
semanas
Geralmente não há necessidade de
hospitalização
Pior na primavera e inverno.
24. Qual o padrão radiológico
observado?
Padrão intersticial difuso
25. Síndrome da Pneumonia Afebril
Diagnóstico:
• Pode ser observado eosinofilia com ou sem
leucocitose
• Cultura de nasofaringe, hemoculturas,
cultura de secreção respiratória
• Imagem radiológica sugestiva de processo
pneumônico
• Sorologias
• Função pulmonar alterada
• Lavado broncoalveolar
• Biópsia pulmonar.
26. Qual a conduta terapêutica mais
apropriada?
CRIANÇAS DE 2 MESES A 4 ANOS DE IDADE COM
TOSSE E DIFICULDADE PARA RESPIRAR
SEM tiragem e SEM freqüência respiratória Não é PNM
aumentada
SEM tiragem e COM frequência respiratória Pneumonia
aumentada não grave
FR > 50 ipm (2 a 12 meses)
FR > 40 ipm (12 meses a 4 anos)
Com tiragem e/ou PNM grave
FR > 50 ipm (2 a 12 meses) (internação)
FR > 40 ipm (12 meses a 4 anos)
27. Tratamento
• Considerar antibioticoterapia empírica
mesmo nos quadros virais (potencial
benefício da intervenção precoce > riscos
de não tratamento)
• 1ª opção: Eritromicina 40 mg/Kg/dia,
6/6h, durante 10 a 14 dias
• 2ª opção: Azitromicina 10 mg/Kg/dia VO
1x ao dia por 5 dias
• 3ª opção: Claritromicina 15mg/Kg/dia VO
por 14 dias.
28. Prognóstico
Deve ser feito acompanhamento por 5
anos após o quadro
Mais da metade evolui com asma e
doenças pulmonares obstrutivas a partir
dos 7 anos
Diagnóstico precoce melhora o prognóstico
Associação com comorbidades piora o
prognóstico.
30. CASO CLÍNICO 3
História clínica
J.P.S. , 05 meses, em LME, é atendido no
ambulatório do HOSPED (10/06/2009) com
história de que há 01 semana iniciou quadro
de febre, coriza hialina, espirros, obstrução
nasal e tosse improdutiva. A febre durou 01
dia, mas os demais sintomas persistiram.
31. CASO CLÍNICO 3
História clínica
Há 24 horas, a febre reapareceu, com
temperatura máxima de 38,5ºC, cedendo bem
ao uso de paracetamol, sendo agora
acompanhada de “cansaço”. O apetite está um
pouco diminuído. Não há relato de cianose.
32. CASO CLÍNICO 3
Exame físico:
No exame físico, apresenta-se com BEG,
hidratado, corado, acianótico, anictérico,
taquidispneico leve. Afebril no momento do
exame. ACV: sem alterações. AP: MV rude,
com creptos em bases. FR: 55 irpm. Ausência
de retrações intercostais. Ausência de sibilos.
Não há relato de episódios de “cansaço”
anterior.
33. CASO CLÍNICO 3
O hemograma mostra 11.500 leucócitos,
com predomínio de linfócitos.
O Rx de tórax mostrou o seguinte
aspecto:
36. Pneumonia Viral
Incidência máxima entre 02 e 03 anos.
Vários dias de sintomas respiratórios.
Tosse, coriza, obstrução nasal.
Febre baixa.
Presença ou ausência de cianose e
dificuldade respiratória.
37. CASO CLÍNICO 3
Qual o provável agente etiológico?
Vírus mais freqüentes:
Vírus Respiratório Sincicial
Influenza
Parainfluenza
Adenovírus
Rinovírus
38. Vírus Sincicial Respiratório
Gênero Pneumovirus, família Paramyxoviridae.
Penetra no corpo humano através das membranas
dos olhos, do nariz e da boca atingindo a mucosa
respiratória.
Período de incubação de 3 a 5 dias.
Causa mais comum de pneumonia viral em crianças
com menos de 5 anos de idade.
Nas regiões tropicais, as epidemias pelo VSR iniciam-
se no outono e vão até a primavera.
39. Vírus Sincicial Respiratório
Fatores de risco para gravidade:
Sexo masculino;
< 6 meses;
Aglomerações e exposição passiva ao
tabaco;
Falta do aleitamento materno.
42. CASO CLÍNICO 3
Qual o padrão radiológico
observado?
Padrão intersticial difuso
43. CASO CLÍNICO 3
Qual a conduta terapêutica
mais apropriada?
CRIANÇAS DE 2 MESES A 4 ANOS DE IDADE COM TOSSE E
DIFICULDADE PARA RESPIRAR
SEM tiragem e SEM freqüência respiratória Não é PNM
aumentada
SEM tiragem e COM frequência respiratória Pneumonia não
aumentada grave
FR > 50 ipm (2 a 12 meses)
FR > 40 ipm (12 meses a 4 anos)
Com tiragem e/ou PNM grave
FR > 50 ipm (2 a 12 meses) (internação)
FR > 40 ipm (12 meses a 4 anos)
44. CASO CLÍNICO 3
Qual a conduta terapêutica
mais apropriada?
Tratamento ambulatorial
Reposição hídrica por via Oral
Uso de sintomáticos
Cuidados gerais
Reavaliar em 48h
45. CASO CLÍNICO 3
Neste caso, que importantes
diagnósticos diferenciais devem
ser feitos?
Pneumonia bacteriana
Bronquiolite viral aguda
47. CASO CLÍNICO 4
•História clínica
• A.P.S., 11 anos, vem ao ambulatório da Medicina
Comunitária com história de que há duas –três semanas
vem apresentando tosse persistente e pouco produtiva.
• Quadro se iniciou com mal estar, cefaléia , febre alta e
dor de garganta. (Temp. 39°c). No 5 dia de doença
começou apresentar tosse inicialmente seca, irritativa,
que logo depois tornou-se pouco produtiva, e vem se
acentuando na última semana. Existem outros casos
semelhantes na sua família
48. CASO CLÍNICO 4
Exame físico
No exame físico, apresenta BEG, hidratada,
acianótica, anictérica. Afebril no momento
do exame. Orofaringe: hiperemia leve de
tonsilas. ACV: RCR em 2T. AP MV
diminuído em base E, com presença de
estertores creptantes.
49. CASO CLÍNICO 4
.Foi solicitado um hemograma e um Rx de Tórax. O
hemograma mostrou leucocitose (15.000), com
neutrofilia. O Rx de tórax revelou o seguinte aspecto:
50. CASO CLÍNICO 4
Iniciado tratamento com amoxacilina, mas após o 3º
dia de tratamento, não havia nenhuma melhora
clínica.
•Diante deste quadro:
Qual o provável diagnóstico ?
Pneumonia por Mycoplasma
51. Pneumonia por Mycoplasma
Crianças 9 a 15 anos.
Início gradual
Cefaleia, mal-estar, febre, rinorreia, dor de garganta.
Rouquidão e tosse.
Remissão em 3 a 4semanas.
Leucograma geralmente normal.
Crioaglutininas elevadas (1:64).
Radiografia
Intersticial ou broncopneumonia.
Tratamento
Claritomicina 15mg/kg/dia, 02 doses diárias por 10 dias.
Azitromicina 10mg/kg/dia no 1º dia e 5mg/kg/dia nos
04 dias seguintes.
53. REFERÊNCIAS
-Lima EJF, Souza MFT, Brito RCCM in Pediatria
ambulatorial (Instituto Materno Infantil, Ed.Medbook,
2008)
- Leão E, Corrêa EJ, Mota JAC,Viana,MB in
Pediatria Ambulatorial.Ed Coopmed, 2005
- Lopez FA, Júnior DC in Tratado de Pediatria
(SBP). Ed Manole, 2007
- Rodrigues JC, Adde FV e Silva Filho LVRF in
Doenças respiratórias (Pediatria, Instituto da
Criança, Hospital das Clínicas), Ed Manole, 2008
54. REFERÊNCIAS
- Aires VLT in Práticas Pediátricas (Departamento
de Pediatria – UFRJ). Ed Atheneu, 2006
- PRONAP –PROGRAMA Nacional de Educação
Continuada em Pediatria- Ciclo XII – Nº 3
Pneumonias Adquiridas na Comunidade ,2009/2010
- Recomendação da SBP para antibioticoterapia de
crianças e adolescentes com Pneumonia
comunitária, Julho de 2002