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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
            HOSPITAL DE PEDIATRIA PROF. HERIBERTO FERREIRA BEZERRA

                         Sessão Anátomo - Clínica

Dia: 24 de agosto de 2012.
Local: - Hora: Auditório Profº Mariano Coelho, 4º Subsolo do HUOL - 7 h.
Residente: Tatiana Puppio Querido - Residente de Pediatria (R2)




      Pré-escolar de 3 anos e 11 meses, do sexo feminino, aparentemente
saudável, apresentou quadro de choro, após ter sido contrariada, seguido de
cianose e parada cardiorrespiratória irreversível a manobras de ressuscitação,
tendo sido encaminhada para necropsia.
      Filha única de pais jovens não-consanguíneos, nasceu de gestação a
termo, com sorologias para sífilis, HIV e hepatite B negativas, IgG positiva para
rubéola e toxoplasmose. Parto cesárea, com Apgar de 8/9, peso: 2930g,
comprimento: 49 cm, perímetro cefálico: 36cm. Triagens auditiva, oftalmológica
e metabólica neonatais negativas. Permaneceu em aleitamento materno
exclusivo    até   6   meses,   com    introdução   oportuna   da   alimentação
complementar. Desenvolvimento neuropsicomotor dentro da normalidade e
pondoestatural no percentil 50. Esquema vacinal completo, incluindo vacinas
especiais (hepatite A, pneumococo, meningococo C, varicela, influenza B e A).
Nos antecedentes familiares, avó materna hipertensa e com carcinoma
basocelular de face. Avô materno hipertenso. Avó paterna com diabetes. Pais
saudáveis.
      Dos 6 aos 11 meses de vida, apresentou quadro de constipação
funcional que melhorou com o incremento de fibra na dieta. Aos 12 meses,
procurou o ortopedista pediátrico devido a possível desvio postural em membro
superior esquerdo, tendo sido diagnosticada, após exame radiológico, “ulna
minor”(ulna esquerda 1cm menor que a direita). Durante reavaliação ortopédica
com 1ano e 8 meses de idade, foi solicitado exame de tomografia do antebraço
esquerdo, que evidenciou imagem osteolítica na diáfise distal da ulna, com
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         HOSPITAL DE PEDIATRIA PROF. HERIBERTO FERREIRA BEZERRA

sinais de baixa agressividade, relacionada a lesão benigna ou fratura. Foi
suspeitado de osteocondroma e recomendado tratamento conservador.
      Evoluía bem, com infecções de vias aéreas esporádicas, que se
resolviam com sintomáticos. Aos 2 anos e 3 meses, voltou a apresentar
constipação funcional, que novamente melhorou com incremento de fibras e o
uso de hidróxido de magnésio. Aos 2 anos e 5 meses, apresentou quadro de
febre, oligúria e hiporexia por 4 dias, sem outros sintomas. O exame físico foi
normal, exceto por distensão abdominal moderada, com fígado de consistência
normal, bordos finos, palpável a 3 cm do apêndice xifoide e   3 cm do recordo
costal direito. Baço impalpável. Exame anorretal normal. No início do quadro, o
hemograma evidenciou: Ht 33, Hb - 11, leucócitos 12.100 (B-5/S-69/ E-2/LT-
21/M3), plaquetas de 322.000, glicemia normal. Foi reforçada dieta rica em
fibras, mantido hidróxido de magnésio e solicitada urocultura que foi negativa.
Aos 2 anos e 6 meses, apresentou quadro de infecção de vias aéreas
superiores (IVAS) e otalgia. Procurou o pronto socorro, tendo sido medicada
com dipirona, anti-inflamatório não esteroide e antibiótico tópico (gotas
otológicas), com melhora do quadro. Na ocasião, apresentava hábito intestinal
a cada 2 dias, com fezes macias, sem esforço. Havia queixa de prurido anal e
visualização de oxiúrus, tendo sido prescrito palmoato de pirvínio, com
remissão dos sintomas. Foi suspenso o hidróxido de magnésio. Exame físico
sem anormalidades. Evoluía bem, sem constipação, mantendo quadros
esporádicos de IVAS. Aos 3 anos e 4 meses, apresentou quadro de amigdalite
purulenta, tendo sido medicada no pronto socorro com amoxicilina oral.      Na
consulta de puericultura aos 3 anos e 8 meses (Peso: 16,7Kg, Estatura: 101
cm) a criança estava bem, com recorrência da queixa de prurido anal, tendo
sido novamente prescrito palmoato de pirvínio. Havia referência de reavaliação
recente da ortopedia que reafirmou conduta expectante para o possível
osteocondroma em diáfise ulnar.Exames na ocasião evidenciaram: Ht 34,4%,
Hb 11,1, (VCM 73, HCM 23,6, CHCM 32,3, leuc – 6800 (B- 1/S – 50/E- 1/LT –
47/M-1), plaquetas 353.000; VSH – 10mm, glicose 75, exame de urina com 8
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leucócitos/campo, raros cristais de oxalato de cálcio e exame parasitológico de
fezes negativo. Foram prescritos ferro polimaltosado e dieta rica em ferro e
fibras.
          Aos 3 anos e 10 meses, um mês e 15 dias antes do óbito, a criança veio
à consulta pediátrica com história de que estava bem, brincando, sem qualquer
queixa, quando apresentou queda sem diferença de nível, com trauma no
mento, seguida de perda de consciência e parada cardiorrespiratória, tendo
sido reanimada por familiares. A mãe referiu que durante o socorro, percebeu
elevação importante da frequência cardíaca. A paciente foi levada ao pronto-
socorro, onde deu entrada consciente e aparentemente bem, tendo sido
posteriormente liberada após realização de tomografia de crânio normal e
encaminhada ao pediatra. Ao exame físico na consulta, paciente ativa, corada,
exame neurológico e ausculta cardiopulmonar normais, abdome com leve
distensão, fígado a 2 cm do recordo costal, consistência normal. Baço
impalpável. Foi encaminhada para avaliação do neuropediatra, que afastou
possível causa neurológica, baseado na história clínica, exame físico e
resultado da tomografia. Igualmente foram considerados normais o exame
clínico cardiológico e eletrocardiograma. Foi solicitado ecocardiograma que não
houve tempo para ser realizado.

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Relato de caso de parada cardiorrespiratória fatal em pré-escolar

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE HOSPITAL DE PEDIATRIA PROF. HERIBERTO FERREIRA BEZERRA Sessão Anátomo - Clínica Dia: 24 de agosto de 2012. Local: - Hora: Auditório Profº Mariano Coelho, 4º Subsolo do HUOL - 7 h. Residente: Tatiana Puppio Querido - Residente de Pediatria (R2) Pré-escolar de 3 anos e 11 meses, do sexo feminino, aparentemente saudável, apresentou quadro de choro, após ter sido contrariada, seguido de cianose e parada cardiorrespiratória irreversível a manobras de ressuscitação, tendo sido encaminhada para necropsia. Filha única de pais jovens não-consanguíneos, nasceu de gestação a termo, com sorologias para sífilis, HIV e hepatite B negativas, IgG positiva para rubéola e toxoplasmose. Parto cesárea, com Apgar de 8/9, peso: 2930g, comprimento: 49 cm, perímetro cefálico: 36cm. Triagens auditiva, oftalmológica e metabólica neonatais negativas. Permaneceu em aleitamento materno exclusivo até 6 meses, com introdução oportuna da alimentação complementar. Desenvolvimento neuropsicomotor dentro da normalidade e pondoestatural no percentil 50. Esquema vacinal completo, incluindo vacinas especiais (hepatite A, pneumococo, meningococo C, varicela, influenza B e A). Nos antecedentes familiares, avó materna hipertensa e com carcinoma basocelular de face. Avô materno hipertenso. Avó paterna com diabetes. Pais saudáveis. Dos 6 aos 11 meses de vida, apresentou quadro de constipação funcional que melhorou com o incremento de fibra na dieta. Aos 12 meses, procurou o ortopedista pediátrico devido a possível desvio postural em membro superior esquerdo, tendo sido diagnosticada, após exame radiológico, “ulna minor”(ulna esquerda 1cm menor que a direita). Durante reavaliação ortopédica com 1ano e 8 meses de idade, foi solicitado exame de tomografia do antebraço esquerdo, que evidenciou imagem osteolítica na diáfise distal da ulna, com
  • 2. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE HOSPITAL DE PEDIATRIA PROF. HERIBERTO FERREIRA BEZERRA sinais de baixa agressividade, relacionada a lesão benigna ou fratura. Foi suspeitado de osteocondroma e recomendado tratamento conservador. Evoluía bem, com infecções de vias aéreas esporádicas, que se resolviam com sintomáticos. Aos 2 anos e 3 meses, voltou a apresentar constipação funcional, que novamente melhorou com incremento de fibras e o uso de hidróxido de magnésio. Aos 2 anos e 5 meses, apresentou quadro de febre, oligúria e hiporexia por 4 dias, sem outros sintomas. O exame físico foi normal, exceto por distensão abdominal moderada, com fígado de consistência normal, bordos finos, palpável a 3 cm do apêndice xifoide e 3 cm do recordo costal direito. Baço impalpável. Exame anorretal normal. No início do quadro, o hemograma evidenciou: Ht 33, Hb - 11, leucócitos 12.100 (B-5/S-69/ E-2/LT- 21/M3), plaquetas de 322.000, glicemia normal. Foi reforçada dieta rica em fibras, mantido hidróxido de magnésio e solicitada urocultura que foi negativa. Aos 2 anos e 6 meses, apresentou quadro de infecção de vias aéreas superiores (IVAS) e otalgia. Procurou o pronto socorro, tendo sido medicada com dipirona, anti-inflamatório não esteroide e antibiótico tópico (gotas otológicas), com melhora do quadro. Na ocasião, apresentava hábito intestinal a cada 2 dias, com fezes macias, sem esforço. Havia queixa de prurido anal e visualização de oxiúrus, tendo sido prescrito palmoato de pirvínio, com remissão dos sintomas. Foi suspenso o hidróxido de magnésio. Exame físico sem anormalidades. Evoluía bem, sem constipação, mantendo quadros esporádicos de IVAS. Aos 3 anos e 4 meses, apresentou quadro de amigdalite purulenta, tendo sido medicada no pronto socorro com amoxicilina oral. Na consulta de puericultura aos 3 anos e 8 meses (Peso: 16,7Kg, Estatura: 101 cm) a criança estava bem, com recorrência da queixa de prurido anal, tendo sido novamente prescrito palmoato de pirvínio. Havia referência de reavaliação recente da ortopedia que reafirmou conduta expectante para o possível osteocondroma em diáfise ulnar.Exames na ocasião evidenciaram: Ht 34,4%, Hb 11,1, (VCM 73, HCM 23,6, CHCM 32,3, leuc – 6800 (B- 1/S – 50/E- 1/LT – 47/M-1), plaquetas 353.000; VSH – 10mm, glicose 75, exame de urina com 8
  • 3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE HOSPITAL DE PEDIATRIA PROF. HERIBERTO FERREIRA BEZERRA leucócitos/campo, raros cristais de oxalato de cálcio e exame parasitológico de fezes negativo. Foram prescritos ferro polimaltosado e dieta rica em ferro e fibras. Aos 3 anos e 10 meses, um mês e 15 dias antes do óbito, a criança veio à consulta pediátrica com história de que estava bem, brincando, sem qualquer queixa, quando apresentou queda sem diferença de nível, com trauma no mento, seguida de perda de consciência e parada cardiorrespiratória, tendo sido reanimada por familiares. A mãe referiu que durante o socorro, percebeu elevação importante da frequência cardíaca. A paciente foi levada ao pronto- socorro, onde deu entrada consciente e aparentemente bem, tendo sido posteriormente liberada após realização de tomografia de crânio normal e encaminhada ao pediatra. Ao exame físico na consulta, paciente ativa, corada, exame neurológico e ausculta cardiopulmonar normais, abdome com leve distensão, fígado a 2 cm do recordo costal, consistência normal. Baço impalpável. Foi encaminhada para avaliação do neuropediatra, que afastou possível causa neurológica, baseado na história clínica, exame físico e resultado da tomografia. Igualmente foram considerados normais o exame clínico cardiológico e eletrocardiograma. Foi solicitado ecocardiograma que não houve tempo para ser realizado.