SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
7




          GESTÃO ESCOLAR INCLUSIVA




                                 Dra. Relma Urel Carbone Carneiro                  FAAG - Faculdade de
                                                                                   Agudos

                                     Dra. Enicéia Gonçalves Mendes                 UFSCar - Universidade
                                                                                   Federal de São Carlos




                                                                                                              Tema Destaque / Subject Stands out
Resumo
Vivemos em um contexto de uma so-         como aspecto fundamental para a ga-
ciedade globalizada em que mudanças       rantia de transformação que a escola
são exigidas em todos os âmbitos na       necessita, e a pesquisa nacional sobre
busca da melhoria da qualidade de         inclusão escolar tem atentado para o
vida das pessoas. Paralelamente au-       problema da formação e atuação de
menta a parcela dos excluídos e com       professores. Entretanto, é preciso
isso o discurso da inclusão social toma   considerar que um papel de liderança
conta dos debates políticos e educa-      por parte do diretor escolar tem sido
cionais. A escola, como um segmento       identificado como um fator primordial
da sociedade, também tem se depara-       na construção de escolas que sejam
do com a tarefa de oferecer uma edu-      cada vez mais inclusivas. Consid-
cação de melhor qualidade a todas as      erando, portanto, que este papel do
crianças. No caso específico da edu-      diretor requer novos conhecimentos,
cação de crianças com necessidades        atitudes e habilidades para lidar com
educacionais especiais o debate tam-      as condições atuais e as tendências
bém vem sendo inserido neste novo         emergentes na educação geral e espe-
conceito de escola inclusiva, que seja    cial, o presente artigo tem como ob-
                                                                                           Palavras-chave:
mais aberta às diferenças. Diante das     jetivo discutir as questões referentes        Educação Especial;
demandas atuais aponta-se a melho-        à gestão escolar e sua influência na            Inclusão Escolar;
ria na qualificação da equipe escolar     construção de escolas inclusivas.                 Gestão Escolar.

FAAG - Faculdade de Agudos
8



                                           Introdução
                                           Estamos no século XXI. Vivemos em              tentando se modificar, a exemplo de
                                           um contexto de uma sociedade global-           outros países, partindo das instituições
                                           izada, em que mudanças são exigidas            especializadas que em sua maioria
                                           em todos os âmbitos na busca da mel-           tinham objetivos predominantemente
                                           horia da qualidade de vida das pes-            terapêuticos ou assistencialistas (que
                                           soas. Discutimos mundialmente sobre            ainda subsistem) e, caminhando para
                                           a preservação do meio ambiente, o              uma forma de atendimento educacio-
                                           desenvolvimento sustentável, políti-           nal que se afina com as propostas de
                                           cas econômicas, sociais, de saúde etc.         uma escola única para todos, que seja
                                           Discutimos também como fazer políti-           aberta às diferenças e que as entenda
                                           cas educacionais mais justas. Enfim,           como forma de enriquecimento cole-
                                           no mundo todo discute-se uma forma             tivo (Carneiro, 2006).
                                           de organização da sociedade em que
                                           seus cidadãos possam viver plena-              Estamos vivendo um momento de
                                           mente sua cidadania, com todos os              transição na tentativa de deixar o
                                           deveres e direitos que tal plenitude           paradigma da integração, fracassado
                                           abarca.                                        principalmente por centrar no defi-
                                                                                          ciente as dificuldades, e por pressupor
                                           Dentro deste contexto, o discurso da           a sua reinserção na estrutura normal
                                           inclusão social tomou conta dos de-            da sociedade após um período de nor-
                                           bates políticos e educacionais. Como           malização e, começando a criar o par-
                                           desenvolver e manter esta sociedade            adigma da inclusão, que pressupõe a
                                           globalizada e igualitária consideran-          inclusão de todos, independentemente
                                           do tantas minorias diferenciadas e             de seu talento, deficiência, origem só-
                                           desigualdades sociais que a compõe?            cio-econômica ou origem cultural em
                                                                                          ambientes comuns nos quais terão to-
                                           Neste artigo vamos nos ater à dis-             das as suas necessidades satisfeitas
                                           cussão da inclusão no âmbito escolar,          (Aranha, 2001, Stainback e Stainback,
                                           entendendo que este é apenas um dos            1999).
                                           caminhos que leva a grande meta da
                                           inclusão social. No entanto, este é um         Conforme aponta Prieto (2002), com a
                                           caminho essencial a ser trilhado, pois         promulgação da Constituição Federal,
                                           na escola podemos desfazer mitos               em 1988, foi reafirmado na legislação
                                           e construir imagens, de forma con-             maior do país o direito dos portadores
                                           sciente e consistente.                         de deficiência à educação, preferen-
Revista SER - Saber, Educação e Reflexão




                                                                                          cialmente na rede regular de ensino e
                                           Fazendo mais um recorte, vamos dis-            a garantia do atendimento educacio-
                                           cutir mais detalhadamente a inclusão           nal especializado (Artigo 201, Inciso
                                           de crianças com deficiência na es-             III da CF/88).
                                           cola, entendendo também que este
                                           é apenas um dos grupos minoritários            Ao tratar da educação especial, a nova
                                           que compõem esta grande sociedade.             LDB (BRASIL, 1996) em seu artigo 59
                                           Porém, um grupo que ainda tem pou-             assegura aos educandos com necessi-
                                           ca voz e muita urgência.                       dades especiais, currículos, métodos,
                                                                                          técnicas, recursos educativos e orga-
                                           Na atualidade constatamos que a edu-           nização específica, para atender às
                                           cação de crianças com deficiência vive         suas necessidades educacionais.
                                           um momento polêmico, tanto no que
                                           se refere às melhores estratégias met-         Podemos perceber a partir de então,
                                           odológicas como também sobre qual              que entre outros aspectos, é crucial
                                           a melhor modalidade de ensino a ser            o papel do diretor da unidade escolar
                                           utilizada com eles - se ensino regular         no estabelecimento de adequações,
                                           ou ensino especial.                            visando à inclusão de alunos com de-
                                                                                          ficiência.
                                           De forma global discute-se a necessi-
                                           dade de se construir uma sociedade             A escola do ensino regular já vem re-
                                           inclusiva, em que entre outros, o dire-        cebendo alunos com deficiência, mas
                                           ito à educação seja garantido a todos,         muitas questões precisam ser coloca-
                                           deficientes ou não.                            das sobre a efetividade do processo
                                                                                          ensino-aprendizagem, pois a inclusão
                                           A educação especial brasileira está            vai além da mera inserção para pro-

                                                   Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
9



duzir socialização. Ela pressupõe mod-    nas mais variadas áreas de ação políti-
ificações na dinâmica escolar para que    ca, social e educacional.
as necessidades de todos os alunos
sejam satisfeitas.                        Na administração da educação, surgiu
                                          um novo conceito associado à idéia
Nas Diretrizes Nacionais para a Edu-      de democratização do ensino, que é
cação Especial na Educação Básica         a gestão escolar. Com esse novo con-
(BRASIL, 2001, p.40), encontramos         ceito, que é extensivo a todos os seg-
a seguinte definição de escola inclu-     mentos do sistema educacional, en-
siva:                                     tende-se o papel do diretor, não como
                                          responsável único pelas decisões que
        O conceito de escola inclusiva    envolvem a escola, mas como um ar-
        implica uma nova postura da       ticulador que envolve toda a equipe
        escola comum, que propõe no       escolar em busca da melhoria do pro-
        projeto pedagógico – no cur-      cesso educacional. Assim,
        rículo, na metodologia de ensi-
        no, na avaliação e na atitude            O termo gestão democráti-
        dos educadores – ações que               ca ganhou destaque no con-
        favoreçam a interação social             texto educacional brasileiro
        e sua opção por práticas het-            por intermédio da nova LDB
        erogêneas. A escola capacita             (Lei de Diretrizes e Bases da
        seus professores, prepara-se,            Educação Nacional – Lei no.
        organiza-se e adapta-se para             9394/96). Quando se fala em
        oferecer educação de quali-              gestão, não se trata apenas
        dade para todos, inclusive para          de controlar recursos, coorde-
        os educandos que apresentem              nar funcionários e assegurar o
        necessidades especiais. In-              cumprimento dos dias letivos
        clusão, portanto, não significa          e horas-aula. O conceito de
        simplesmente matricular todos            gestão está associado ao for-
        os educandos com necessi-                talecimento da democratização
        dades educacionais especiais             do processo pedagógico, à par-
        na classe comum, ignorando               ticipação responsável de todos
        suas necessidades específicas,           nas decisões necessárias e na
        mas significa dar ao professor           sua efetivação mediante um
        e à escola o suporte necessário          compromisso coletivo com re-
        a sua ação pedagógica.                   sultados educacionais cada vez
                                                 mais positivos e significativos.
Ao se discutir a inclusão escolar é              (VIEIRA E GARCEZ, 2004).




                                                                                     Tema Destaque / Subject Stands out
necessário considerar, entre outros el-
ementos, a formação de recursos hu-       Essa concepção de gestão engloba
manos, políticas públicas, a necessi-     vários aspectos do processo educa-
dade de uma mudança importante nos        tivo, permeando as questões políticas
sistemas, etc. Considerando a forma-      e pedagógicas.
ção de recursos humanos, observamos
a partir da pesquisa bibliográfica na     Conforme autores como Romão e
literatura nacional, uma maior preocu-    Padilha (2001), muitas vezes a ad-
pação com a formação dos professores      ministração escolar se envolve muito
(CARVALHO, 2000, PRIETO, 2003,            mais com os aspectos burocráticos da
CAPELLINE, 2004, ZANATA, 2004) e          escola e acaba se distanciando das
poucos estudos envolvendo o diretor       questões educacionais.
(TEZANI, 2004, BITES, 2005, BITAR,
2006) nesses estudos embora citado,       A afirmação de que é difícil adminis-
o diretor não era o foco do estudo.       trar a escola sozinho, feita por muitos
Stainback & Stainback (1999), falam       diretores denuncia o isolamento do di-
da ambigüidade da expectativa dos         rigente escolar enquanto responsável
diretores escolares, porque embora        único e último pela instituição educati-
se espere que eles liderem o processo     va, o que, muitas vezes, independe de
de mudança, também se espera que          sua vontade, mas não de seu cargo.
mantenham a estabilidade dos siste-       Este formato de administração levou
mas.                                      ao distanciamento as questões propri-
                                          amente administrativas das pedagógi-
A sociedade brasileira, a exemplo de      cas, e os diretores administradores a
outras sociedades, está vivendo uma       se distanciarem da função primordial
mudança de paradigmas existentes          da escola, a saber, o processo de ensi-

FAAG - Faculdade de Agudos
10



                                           no/aprendizagem. Neste sentido:                 pedagógica. Em sua gestão, deve ser
                                                                                           um articulador dos diferentes seg-
                                                  Se o administrador da educação           mentos escolares em torno do projeto
                                                  já não se identifica necessari-          político-pedagógico da escola. Quan-
                                                  amente com a própria condição            to maior for essa articulação, melhor
                                                  de educador, ou seja, se ele é           poderão ser desempenhadas as suas
                                                  “da administração” e não “da             próprias tarefas, seja no aspecto or-
                                                  educação”, suas decisões não             ganizacional da escola, seja em rela-
                                                  serão inspiradas nem pela                ção à responsabilidade social daquela
                                                  “ciência prática da educação”,           com sua comunidade.
                                                  que desconhece, e nem pela               Falar, portanto, na construção de uma
                                                  “práxis educacional”, em que             escola inclusiva significa considerar
                                                  não se reconhece. Não haverá             todos esses aspectos e sua relevância,
                                                  como concretizar em sua es-              e traçar novos caminhos de busca.
                                                  cola a dialética da Pedagogia e
                                                  da Educação, se ele como “ad-            A construção da escola inclusiva en-
                                                  ministrador” não dominar os              globa uma variedade de vertentes.
                                                  elementos do “par dialético” a           Vários aspectos precisam ser consid-
                                                  partir do qual deveria orientar          erados. Conforme Aranha (2001), a
                                                  sua ação administrativa. (SIL-           inclusão é o processo de garantia do
                                                  VA JÚNIOR, 1990).                        acesso imediato e contínuo da pessoa
                                                                                           com necessidades especiais ao espaço
                                           Este modelo de administração passa              comum na vida em sociedade, inde-
                                           a ser questionado com o surgimento              pendente do tipo de deficiência e do
                                           do movimento de crítica política ao             grau de comprometimento apresen-
                                           sistema educacional e à escola, por             tado. Ela amplia tal conceito consid-
                                           entender que desta forma a escola               erando que este processo tem que es-
                                           estaria reproduzindo as relações so-            tar fundamentado no reconhecimento
                                           ciais capitalistas. Em contraste a esta         e aceitação da diversidade na vida em
                                           forma de administração escolar, surge           sociedade e na garantia do acesso a
                                           o período de busca da transformação             todas as oportunidades.
                                           desta forma de administração em uma
                                           gestão participativa e democrática da           Mendes (2002), ressalta que uma
                                           educação.                                       tomada de posição consciente diante
                                                                                           da várias possibilidades deve começar
                                           Ao comentar a proposta de gestão                pelo entendimento que se tem so-
                                           participativa e democrática como um             bre educação inclusiva, pois diante
                                           princípio assegurado pela LDB, Lima             do contexto da educação esse termo
Revista SER - Saber, Educação e Reflexão




                                           (2005) complementa:                             “educação inclusiva” pode admitir sig-
                                                                                           nificados diversos, que vão desde a
                                                  A proposta da Lei é a de que             manutenção do que já existe, até uma
                                                  a gestão da escola esteja a              reorganização geral do sistema edu-
                                                  serviço do trabalho pedagógi-            cacional.
                                                  co, e não o contrário. Assim,
                                                  as funções administrativas               Para Tezani (2004), a inclusão escolar
                                                  passam a servir como subsídio            é a aceitação da diversidade em sala
                                                  para que a escola invista na             de aula, mas isso só ocorrerá mediante
                                                  qualidade do processo educa-             a reestruturação pedagógica e admin-
                                                  tivo.                                    istrativa da escola. A falta de uma pro-
                                                                                           posta pedagógica e administrativa que
                                           O termo gestão participativa, como a            realmente priorize a inclusão é um dos
                                           palavra já diz, significa a participação        obstáculos com que se depara e que
                                           de todos os envolvidos no gerencia-             dificultam a implementação qualita-
                                           mento do processo. Na escola significa          tiva deste princípio.
                                           dizer, que o gerenciamento é função
                                           não só do diretor, mas dos profes-              Mendes (2002, p. 71), fala de alguns
                                           sores, funcionários, alunos, pais de            aspectos importantes para a con-
                                           alunos e comunidade.                            strução da escola inclusiva tais como
                                                                                           :
                                           O diretor de escola é, antes de tudo,
                                           um educador. Enquanto tal possui uma                    Os caminhos cabíveis que
                                           função primordialmente pedagógica e                     sejam trilhados para a con-
                                           social, que lhe exige o desenvolvimen-                  strução da escola inclusiva per-
                                           to de competência técnica, política e                   passam pelas adaptações cur-

                                                    Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
11



        riculares, pela gestão escolar,     essa implementação. Um movimento
        pelos princípios norteadores        sistemático em direção à inclusão de
        desse paradigma educacional e       crianças com necessidades educacion-
        com a construção da sua pro-        ais especiais na escola comum requer
        posta pedagógica. A escola in-      atenção às necessidades dos diretores
        clusiva requer a efetivação de      de escolas. Os autores salientam ain-
        currículos adequados (adapta-       da que o diretor pouco tem sido re-
        dos ou modificados, quando          sponsável por fornecer os apoios que
        necessário) e uma prática ped-      as crianças precisam. Para tal reforma
        agógica flexível com arranjos       da escola, a liderança do diretor é vis-
        e adaptações que favoreçam          ta como fator chave para o sucesso.
        tanto o bom aproveitamento          Entretanto, para garantir o sucesso
        quanto o ajuste socioeducacio-      da inclusão, é importante que o dire-
        nal do indivíduo com necessi-       tor apresente conhecimentos e ha-
        dades educacionais especiais.       bilidades que favoreçam a integração,
                                            aceitação, e sucesso de estudantes
O alcance de todos esses aspectos en-       com necessidades educacionais es-
globará a participação de todos os en-      peciais em classes comuns de escolas
volvidos no processo educacional.           regulares. Como um líder da escola, o
                                            diretor influencia diretamente na “alo-
O professor enquanto um dos mem-            cação de recursos, equipes, estrutu-
bros da equipe escolar é fundamental        ras, fluxo de informação, e a operação
sim, mas não único agente respon-           de processos que determina o que de-
sável, pois o diretor escolar, dentro de    veria e o que não deveria ser feito pela
uma perspectiva de gestão participati-      organização”. (NANUS, 1992).
va, tem um importante papel a desem-
penhar nessa construção das escolas         Devido a sua posição de liderança, a
inclusivas. Conforme apontado na leg-       atitude do diretor acerca da inclusão
islação brasileira (BRASIL, 2000) cabe      poderá resultar em aumento de opor-
à Direção das Unidades Escolares, a         tunidades para estudantes na classe
responsabilidade de:                        comum ou para limitar a segrega-
                                            ção em serviços de ensino especial.
        1- Permitir e prover suporte        Entretanto, para a inclusão ser bem
        administrativo, técnico e cientí-   sucedida primeiro, e antes de tudo, o
        fico para a flexibilização do       diretor escolar deve mostrar confiança
        processo de ensino, de modo a       e atitude positiva frente ao princípio
        atender à diversidade;              da inclusão escolar.
        2- Adotar propostas curricu-




                                                                                       Tema Destaque / Subject Stands out
        lares diversificadas e abertas,     Vários caminhos são possíveis e
        em vez de adotar concepções         necessários no trabalho escolar bus-
        rígidas e homogeneizadoras do       cando a construção de um modelo
        currículo;                          inclusivo. Em outros países, temos
        3- Flexibilizar a organização e     acompanhado o estudo e a prática
        o funcionamento da escola, de       de formas de colaboração dentro da
        forma a atender à demanda di-       escola, com o objetivo de unir o tra-
        versificada dos alunos;             balho já existente que chamamos de
        4- Viabilizar a atuação de pro-     comum, ao trabalho específico, que
        fessores especializados e de        chamamos de especial, a fim de ga-
        serviços de apoio para favore-      rantir a inclusão, a permanência e o
        cer o processo educacional.         sucesso de alunos com necessidades
                                            educacionais especiais na escola.
Portanto, a inclusão escolar só se
efetivará com qualidade, se medidas         Conforme aponta Maia (2000), para
administrativas e pedagógicas forem         que a participação em grupo traga
tomadas pela equipe de gestão do            benefícios para a escola, é imprescind-
sistema e da escola.                        ível a presença de um líder que mobi-
                                            lize os agentes da organização nesse
Brotherson et al (2001), discutem que       sentido, que suscite o bom relaciona-
a falta de atenção do contexto sócio-       mento entre eles e que esteja direta-
político tem sido um problema central       mente envolvido com o processo em
na implementação de programas in-           busca da qualidade de ensino.
clusivos. Para estes autores os dire-
tores escolares são peças-chave no          Vários autores têm discutido que o
contexto sócio-político para garantir       apoio administrativo é o maior fator

FAAG - Faculdade de Agudos
12



                                           para o sucesso de programas inclusi-            amente pela ação do gerenciamento
                                           vos nos quais a colaboração é alme-             da mesma. Esse gerenciamento esco-
                                           jada. (RIPLEY, 1997).                           lar diferente só acontecerá através de
                                                                                           práticas reais diferenciadas.
                                           Conforme aponta Boscardin (2004),
                                           o papel do administrador em intro-              Este papel de agente de modifica-
                                           duzir, guiar, selecionar e apoiar o uso         ção de uma escola tradicionalmente
                                           de intervenções apropriadas é impor-            excludente, não vai ser assumido de
                                           tante para o sucesso de estudantes              forma tranqüila pelo diretor escolar e
                                           com necessidades educacionais es-               sua equipe de gestão. As mudanças
                                           peciais na aprendizagem. Embora                 necessárias não são simples nem fá-
                                           freqüentemente se pense que esta                ceis, é preciso que haja interesse pes-
                                           área de domínio é exclusiva dos pro-            soal e coletivo em mudar o rumo e
                                           fessores, os administradores precisam           seguir para o desconhecido.
                                           ser instrumentalizados para apoiar a
                                           implementação de práticas instrucion-           A escola inclusiva que se pretende criar
                                           ais científicas de professores para que         não tem metas e padrões previamente
                                           melhorem os resultados educacionais             estabelecidos como acontece na esco-
                                           dos alunos. No entanto, transformar o           la tradicional. Ela tem clareza do que
                                           papel administrativo de forma que ele           precisa ser eliminado, como qualquer
                                           se torne um apoio à inclusão escolar            tipo de discriminação que impeça um
                                           não será fácil e irá requerer o uso de          aluno de ter sucesso, no entanto, suas
                                           diferentes estratégias.                         metas e objetivos específicos precisam
                                                                                           ser construídos paulatinamente dentro
                                           A autora aponta dois caminhos de                de cada unidade escolar, considerando
                                           transformação do papel administrativo.          suas características e especificidades
                                           Um deles considera a importância de             únicas.
                                           incluir em legislação futura o conheci-
                                           mento do papel dos administradores              Estamos no momento de criar projetos
                                           na reforma escolar. O outro focaliza            novos de trabalho escolar, implemen-
                                           o estabelecimento de uma agenda de              tá-los e avaliá-los, para aos poucos ir-
                                           pesquisas nacionais tratando da lider-          mos descobrindo os caminhos a serem
                                           ança e educação especial. Estas duas            seguidos e os caminhos a serem aban-
                                           vertentes, segundo a autora, poderão            donados.
                                           ajudar a identificar e melhor entender
                                           o uso de evidência baseada em práti-            O trabalho com alunos com necessi-
                                           cas administrativas em educação es-             dades educacionais especiais na escola
                                           pecial que devem melhorar os resul-             regular é algo que podemos considerar
Revista SER - Saber, Educação e Reflexão




                                           tados educacionais de estudantes com            relativamente novo, se considerarmos
                                           necessidades educacionais especiais             o longo período de exclusão escolar
                                           através da melhoria das habilidades             que tais indivíduos viveram durante
                                           do professor e da transformação na              séculos. No Brasil, falamos de inclusão
                                           missão de liderança.                            escolar há pouco mais de dez anos,
                                                                                           mais especificamente após a Declara-
                                           De acordo com Lashley e Boscardin               ção de Salamanca, o que nos retrata
                                           (2003), o desafio do administrador              um tempo curto para as grandes mu-
                                           será promover colaboração entre pro-            danças conceituais que tal perspectiva
                                           fessores de educação especial e geral           requer.
                                           e, administradores para garantir que
                                           programas de educação de alta quali-            O profissional da educação capacitado
                                           dade sejam acessíveis a todos os estu-          para gerenciar tal realidade não se faz
                                           dantes. O que precisa na prática é que          de uma hora para outra, nem do dia
                                           diretores escolares comecem a pensar            para a noite, nem tão pouco sozinho.
                                           como líderes instrucionais de todos os          A vivência de um cotidiano escolar in-
                                           estudantes, incluindo os com necessi-           clusivo, as trocas com os colegas, às
                                           dades educacionais especiais, e não             informações e sugestões advindas da
                                           somente como diretores da educação              busca de soluções, a observação de
                                           geral.                                          outros modelos, enfim, vários são os
                                                                                           caminhos que deverão ser trilhados.
                                           A transformação da nossa escola em
                                           uma escola inclusiva ou a criação de            Carregamos uma carga sócio-cultural
                                           uma nova escola que seja inclusiva,             diante da diferença, que justifica ati-
                                           que aceite a diversidade e a entenda            tudes de incoerência entre o discurso
                                           como fator positivo, passa obrigatori-          e a prática, fruto de uma concepção

                                                    Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
13



equivocada. Em tese é fácil adotar o     neos integrando conhecimentos de
discurso do direito à educação para      educação especial, habilidades e dis-
todos, porém na prática acreditamos      posições em seus currículos.
não ser possível fazer, pois nos falta
a segurança que achamos que temos        Delors (2003), afirma que um dos
que ter.                                 principais fatores de eficácia escolar,
                                         conforme apontam as pesquisas e ob-
Práticas escolares rotineiras não se     servações empíricas, é a direção dos
transformam num passe de mágica.         estabelecimentos de ensino. Um bom
É preciso que a equipe escolar reflita   administrador capaz de trabalhar em
sobre essa nova condição, de trans-      equipe, competente e aberto, conseg-
formação da escola em inclusiva, de      ue introduzir grandes melhorias nas
como esse processo vem acontecendo,      escolas. Para tanto, é preciso confiar
e onde queremos chegar. Neste ponto      a direção das escolas a profissionais
temos que falar de formação inicial e    qualificados, com formação específica,
também em serviço e não dá para se       sobretudo em matéria de gestão. Esta
pensar na construção da escola inclu-    qualificação deve conferir maior pod-
siva sem pensar em instrumentalizar      er de decisão e melhor remuneração,
seus construtores.                       valorizando assim essa que é de muita
                                         responsabilidade.
Temos uma legislação que contempla
avanços nesta área, porém não ga-        No material instrucional publicado pelo
rante o entendimento de seu signifi-     MEC (BRASIL, 1997, p.333), aparece
cado à população interessada. Faz-se     o depoimento do diretor de uma es-
necessária a preparação dos líderes      cola com alunos surdos em classes
escolares para lidar com as mudanças     comuns, que diz que considera esse
necessárias.                             período como o mais gratificante em
                                         sua vida profissional, embora tenha
A liderança firme por parte do dire-     sido também o período de maiores di-
tor escolar tem sido identificada como   ficuldades. Ao finalizar seu depoimento
um fator crítico para apoiar progra-     o diretor afirma que o maior problema
mas educacionais efetivos. O papel do    que a educação enfrenta é a falta de
diretor requer novos conhecimentos,      formação profissional adequada dos
atitudes e habilidades para lidar com    diretores e professores, e conclui: “se
as condições atuais e as tendências      eu tivesse mais informações poderia
emergentes na educação especial e        ter realizado um trabalho melhor”.
geral e, para conduzir a continuidade
da melhoria educacional para todos os    Entendemos que a formação em




                                                                                   Tema Destaque / Subject Stands out
estudantes.                              serviço do diretor escolar é fator fun-
                                         damental e urgente no nosso cenário
Entretanto, o conhecimento sobre as      educacional. A liderança firme e desa-
características do aluno, as necessi-    fiadora que a literatura aponta como
dades específicas de aprendizagem,       necessária para o diretor da escola in-
as técnicas instrucionais, e o apoio     clusiva, requer investigação.
requerido por educadores especiais
pode direcionar ações de administra-     A educação brasileira está anunciando
dores para serem mais efetivas.          reformas, e a exemplo de muitos out-
                                         ros países, tem buscado no princípio
O papel do diretor tem evoluído nos      da educação inclusiva a proposta de
últimos 30 anos, e a liderança instru-   uma escola para todos, que respeite e
cional tem emergido como um compo-       esteja aberta às diferenças, entendida
nente essencial de seu papel. Dentro     como forma de enriquecimento tanto
da demanda atual de responsabilidade     do coletivo da escola como fundamen-
educacional, a preparação de líderes     tal para a construção de uma socie-
instrucionais para trabalhar com pop-    dade democrática.
ulações escolares academicamente di-
versas é um imperativo.                  A transformação necessária se apre-
                                         senta como algo processual e que
As instituições de educação e os         deve abranger diferentes segmentos
órgãos públicos educacionais têm pa-     ligados à escola. Não é algo simples,
péis chave na preparação de diretores    nem rápido, pois requer primeiramente
para tais complexas responsabilidades    mudança de concepção de sociedade,
e devem preparar futuros administra-     de pessoa, de escola, de direito etc.
dores para seus papéis contemporâ-       Lima (2005, p. 90), comenta que esta

FAAG - Faculdade de Agudos
14



                                           dificuldade de transformação da escola          Praisner (2003) realizou uma pesquisa
                                           que está aí, em uma escola inclusiva,           com 408 diretores de escolas elemen-
                                           pode ser comparada a uma conexão                tares para investigar a relação entre
                                           no meio de uma viagem. No entanto,              atitudes frente à inclusão, e variáveis
                                           não é como descer de um avião com               tais como treinamento e experiência
                                           destino certo e entrar num segundo              e percepção sobre colocação de alu-
                                           avião com outro destino definido, mas           nos com necessidades educacionais
                                           sim uma alteração de rota dentro do             especiais. Os resultados indicaram
                                           mesmo avião, com a mesma tripula-               que cerca de um em cada cinco dire-
                                           ção, mas sem que a torre de controle            tores tinham atitudes positivas a re-
                                           possa dar indicações claras e precisas          speito da inclusão, embora a maioria
                                           para onde se deve seguir.                       manifestasse também incerteza sobre
                                                                                           essa política. Experiências positivas
                                           Entretanto, se há a figura de um                com estudantes com deficiências e
                                           gestor da escola, que é o principal             exposição anterior a conceitos de edu-
                                           elemento de articulação entre a es-             cação especial apareceram associados
                                           cola e o sistema, seria esperado, con-          com atitudes mais positivas a respeito
                                           forme apontam Stainback e Stainback             da inclusão. Além disso, diretores com
                                           (1999), que ele liderasse os processos          mais experiências e/ou atitudes posi-
                                           de mudança, e talvez esteja no papel            tivas são mais prováveis de colocar
                                           e na função deste profissional uma das          estudantes em ambientes inclusivos.
                                           estratégias para alavancar a transfor-
                                           mação pretendida.                               A fala de uma diretora de escola apon-
                                                                                           ta a importância da convivência com
                                           O que a literatura sobre gestão esco-           alunos com necessidades especiais
                                           lar vem apontando é a necessidade de            para se buscar novos caminhos e a
                                           consolidar a autonomia da escola e de           necessidade de interlocução da equipe
                                           qualificar diretores tanto para desem-          escolar com profissionais especializa-
                                           penhar uma forte e efetiva liderança,           dos:
                                           quanto para dividir o poder de decisão
                                           sobre os assuntos escolares com pro-                    Na verdade o ideal era que es-
                                           fessores, funcionários, pais de alunos,                 tivesse tudo pronto, mas se
                                           alunos e comunidade escolar, criando                    a criança não chega a gente
                                           e estimulando a participação de todos                   não sabe nem o que deve es-
                                           nas instâncias da unidade (por exem-                    tar pronto, então é importante
                                           plo, conselhos ou comitês represen-                     o que a gente já sabe de an-
                                           tativos de pais, professores, alunos,                   temão que é necessário tem
                                           comunidade, etc.) (ver, por exemplo,                    que estar, porque é difícil se é
Revista SER - Saber, Educação e Reflexão




                                           LIBÂNEO, 2004; DOURADO, 2004;                           uma criança por exemplo que
                                           BITES, 2005).                                           usa cadeira de rodas, ou algu-
                                                                                                   ma coisa assim então precisa
                                           No âmbito da escola a estratégia para                   ter adaptação de rampa e tudo
                                           se construir o planejamento partici-                    mais, mas tem outras que tem
                                           pativo e democrático, mais defendi-                     que acontecer para a gente es-
                                           da, tem sido a construção coletiva do                   tar sentindo.
                                           projeto político pedagógico da escola,
                                           entendido como um elemento de or-               Tradicionalmente a educação especial
                                           ganização e integração da atividade             não tem sido enfatizada em programas
                                           prática da instituição neste processo           de preparação de diretores (SIROTNIK
                                           de transformação (BARROSO, 1995;                E KIMBALL, 1994), mas diante da per-
                                           MARÇAL, 2001; SILVA JÚNIOR, 2002.               spectiva da inclusão escolar a prepa-
                                           VASCONCELLOS, 2005).                            ração de gestores para trabalhar com
                                                                                           populações escolares academicamente
                                           Entretanto, a construção coletiva               diversas vem se tornando um impera-
                                           deste projeto não é suficiente, pois            tivo e deve ser assunto para muitas
                                           será necessário colocá-lo em práti-             outras pesquisas no futuro.
                                           ca consolidando assim a prática de
                                           gestão participativa e democrática na           Ao iniciarmos este artigo falamos so-
                                           escola, a autonomia da equipe esco-             bre a necessidade de se construir uma
                                           lar e a oportunidade permanente de              sociedade, em que todos os seus ci-
                                           desenvolvimento profissional dos pro-           dadãos tenham direito a exercer sua
                                           fessores (SILVA JR, 2002; LIBÂNEO,              cidadania plenamente com todos os
                                           2004; TEZANI, 2004).                            direitos e deveres que tal plenitude
                                                                                           abarca.

                                                    Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
15



Observamos, no entanto, que o cum-         la. Apesar de um recente discurso de
primento de tais metas está muito além     escola inclusiva, aberta a todos, sejam
da nossa realidade. Uma sociedade ig-      quais forem suas características, o que
ualitária tem que garantir eqüidade,       temos na verdade é uma escola de-
pois a igualdade tem que aparecer nas      spreparada para assumir essa trans-
oportunidades de acesso, mesmo que         formação, a começar pela sua gestão.
para isto tenhamos que diferenciar os      A nós parece evidente que a construção
caminhos.                                  da escola inclusiva tem que investir na
                                           consolidação de uma outra cultura,
Discutir a construção de uma socie-        capaz de incutir na clientela escolar,
dade inclusiva, que aceita e respeita as   desde a mais tenra idade, a aceitação
diferenças, abrange uma enormidade         e valorização da pessoa humana, in-
de aspectos, nem sempre visíveis,          dependente de qualquer diferença.
nem sempre sentidos, nem sempre            Essa construção, não simples, deve
desejados, pois temos arraigada uma        ser o objetivo primeiro das institu-
cultura que valoriza a competitividade,    ições escolares na busca da melhoria
a dominação, o mais forte.                 da qualidade de ensino-aprendizagem
                                           para todos, transformando a escola
Como um segmento desta sociedade           para que cumpra verdadeiramente
está a escola que se obriga a repro-       seu papel social.
duzir esta cultura, de forma a mantê-


Referências Bibliográficas
ARANHA, M. S. F. Inclusão Social e         a Integração da Pessoa Portadora de
Municipalização. In: Novas Diretrizes      Deficiência (CORDE). Declaração de
da Educação especial. São Paulo: Sec-      Salamanca e Linha de Ação sobre Ne-
retaria Estadual de Educação, 2001.        cessidades Educativas Especiais. Bra-
                                           sília, 1994.
BARROSO, J. Para uma abordagem
teórica da reforma da administração        BRASIL. Secretaria de Educação Espe-
escolar: a distinção entre direcção e      cial- Deficiência Auditiva/ organizado
gestão. In: Revista Portuguesa de          por Giuseppe Rinaldi et al. – Brasília:
Educação. Portugal: Universidade do        SEESP, 1997. V.II. – (Série Atualidades
Minho, v. 8, n.1, p. 33-56, 1995           Pedagógicas; n.4).

BITAR, J. A. Inclusão Escolar na Per-      BRASIL. Secretaria de Educação Espe-




                                                                                      Tema Destaque / Subject Stands out
spectiva de Gestores e Professores em      cial. Projeto Escola Viva - Garantindo
uma Diretoria Regional Paulista. 2006.     o acesso e permanência de todos os
Dissertação (Mestrado) - Centro Uni-       alunos na escola- Alunos com necessi-
versitário Moura Lacerda, Programa         dades educacionais especiais. Brasília,
de Pós-Graduação em Educação, Ri-          c327, 2000.
beirão Preto. 2006.
                                           BOSCARDIN, M. L. Transforming Ad-
BITES, M. F. S. C. Participação dos        ministration to Support Science in the
professores na política educacional de     Schoolhouse for Students with Dis-
inclusão em Goiás. 2005. Tese (Dou-        abilities. Journal of Learning Disabili-
torado). Faculdade de Ciências Huma-       ties. v. 37, no.3, p. 262-269, May/
nas da Universidade Metodista de Pi-       June 2004.
racicaba. 2005.
                                           BROTHERSON, M. J., SHERIFF, G.,
BRASIL. Lei no. 9.394, de 20 de            MILBURN, P., & SCHERTZ, M. Elemen-
dezembro de 1996. Estabelece as            tary school principals and their needs
Diretrizes e Bases da Educação Nacio-      for inclusive early childhood programs.
nal. Diário Oficial da União. Brasília.    Topics in Early Childhood Special Edu-
23 dez. 1996. p. 27.833-27.841.            cation, v. 21, p. 31-45, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Dire-      CAPELLINE, V. L. M. F. Possibilidades
trizes Nacionais para Educação Es-         da colaboração entre professores do
pecial na Educação Básica. Brasília:       ensino comum e especial para o pro-
MEC/SEESP, 2001a.                          cesso de inclusão escolar. 2004. Tese
                                           (doutorado). Universidade Federal de
BRASIL. Coordenadoria Nacional para        São Carlos. 2004.

FAAG - Faculdade de Agudos
16



                                           CARNEIRO R. U. C. Formação em                   Brasília: CONSED – Conselho Nacional
                                           serviço sobre gestão de escolas inclu-          de Secretários de Educação, 2001.
                                           sivas para diretores de escolas de edu-
                                           cação infantil. 2006. Tese (Doutorado           MENDES, E. G. Perspectivas para a
                                           em Educação Especial) - Programa de             construção da escola inclusiva no Bra-
                                           Pós-Graduação em Educação Especial:             sil. In: PALHARES, M. S.& MARINS, S.
                                           UFSCar, São Carlos, 2006.                       (Org.).Escola inclusiva. São Carlos:
                                                                                           EdUFSCar, 2002.
                                           CARVALHO, R. E. Removendo barrei-
                                           ras para a aprendizagem. Porto alegre:          NANUS, B. (1992). Visionary leader-
                                           Editora Mediação, 2000.                         ship: Creating a compelling sense of
                                                                                           directions for your organization. San
                                           DELORS, J. Educação: Um tesouro a               Francisco: Jossey-Bass.
                                           descobrir. São Paulo: Cortez, 2003.
                                                                                           PRAISNER, C. L. Attitudes of Elemen-
                                           DOURADO, L. F. Progestão: Como pro-             tary School Principals Toward the
                                           mover, articular e envolver a ação das          Inclusion of Students With Disabili-
                                           pessoas no processo de gestão es-               ties. Excepcional Children. no. 69, p.
                                           colar? Módulo II. Brasília: CONSED –            135-45, 2003.
                                           Conselho Nacional de Secretários de
                                           Educação, 2004.                                 PRIETO, R. G. A construção de políti-
                                                                                           cas públicas de educação para todos.
                                           GONÇALVES, A.K.S. Estratégias ped-              In: PALHARES, M. S.& MARINS, S.
                                           agógicas inclusivas para crianças               (Org.).Escola inclusiva. São Carlos:
                                           com paralisia cerebral na perspectiva           EdUFSCar, 2002.
                                           na educação infantil. Dissertação de
                                           Mestrado. Universidade Federal de               PRIETO, R. G. Formação de profes-
                                           São Carlos. 2005.                               sores para o atendimento de alunos
                                                                                           com necessidades educacionais es-
                                           LASHLEY, C., BOSCARDIN, M. L.                   peciais: diretrizes nacionais para a
                                           (2003). Special education adminis-              educação básica e a educação espe-
                                           tration at a crossroads: availability,          cial. In: SILVA, S. e VIZIM, M. (Org.).
                                           licensure, and preparation of special           Políticas Públicas: Educação, Políticas
                                           education administrators (COPSSE                Públicas e Pessoas com deficiências.
                                           Document No. IB-8). Gainesville: Uni-           Campinas: Mercado das Letras, 2003.
                                           versity of Florida, Center on Personnel
                                           Studies in Special Education.                   RIPLEY, S. (1997). Collaboration be-
                                                                                           tween general and special education
Revista SER - Saber, Educação e Reflexão




                                           LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão             teachers. ERIC Digest, #ED409317.
                                           da escola: teoria e prática. Goiânia:
                                           Editora Alternativa, 2004.                      ROMÃO, J. E. e PADILHA, P. R. Dire-
                                                                                           tores Escolares e Gestão Democrática
                                           LIMA, S. A. S. C. Organização da es-            da Escola. In: GADOTTI, M., ROMÂO,
                                           cola e do ensino e atuação do diretor.          J. E. Autonomia da Escola: princípios
                                           1995. 212fs. Dissertação (Mestra-               e Propostas. 4.ed. São Paulo: Corterz,
                                           do). Faculdade de Educação da UFG,              2001. cap.7, p. 91-102.
                                           1995.
                                                                                           ROSA, L. C. S. 2003. Formação con-
                                           LIMA, L. Apertem os cintos, a direção           tinuada de atendentes para inclusão
                                           (as) sumiu! Os desafios da gestão nas           de crianças com necessidades educa-
                                           escolas inclusivas. In: RODRIGUES,              cionais especiais em creches. Disser-
                                           D., KREBS, R. e FREITAS, S. N. (orgs).          tação (Mestrado). São Carlos: UFSCar,
                                           Educação Inclusiva e Necessidades               2003.
                                           Educacionais Especiais. Santa Ma-
                                           ria: Ed. UFSM, 2005. MAIA, G. Z. A.             SILVA JUNIOR, C. A. A Escola Pública
                                           Contexto atual, gestão e qualidade de           como local de trabalho. São Paulo:
                                           ensino. In: MACHADO, L. M. e MAIA,              Cortez, 1990.
                                           G. Z. A. Administração e Supervisão
                                           Escolar: questões para o novo milênio.          SILVA JUNIOR, C. A. O espaço da ad-
                                           São Paulo: Pioneira, 2000. cap. 6.              ministração no tempo da gestão. In:
                                                                                           MACHADO, Lourdes M. e FERREIRA,
                                           MARÇAL, J. C. Progestão: Como pro-              Naura Syria C. (Orgs.). Política e
                                           mover a construção coletiva do pro-             gestão da educação: dois olhares. Rio
                                           jeto pedagógico da escola? Módulo III.          de janeiro: DP&A/ANPAE, p. 199-211,

                                                    Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
17



2002.                                     São Carlos. 2004. VASCONCELLOS, C.
                                          S. Planejamento: Projeto de Ensino-
SIROTNIK, K. A., KIMBALL, K. (1994).      Aprendizagem e Projeto Político-Ped-
The unspecial place of special educa-     agógico. São Paulo: Libertad Editora,
tion in programs that prepare school      2005.
administrators. Journal of School
Leadership, v. 4, p. 598-630.             VIEIRA, K. R. C. F e GARCEZ, E. S.
                                          Avaliação compartilhada da aprendiza-
STAINBACK, S. e STAINBACK, W. In-         gem: uma proposta de gestão. Abc-
clusão: Um guia para educadores. Art-     educatio. São Paulo, no. 35, p. 30-33,
med editora, Porto Alegre, 1999.          junho 2004.

TEZANI, T. C. R. Os caminhos para a       ZANATTA, E. M. Práticas pedagógicas
construção da escola inclusiva: a rela-   inclusivas para alunos surdos numa
ção entre a gestão escolar e o pro-       perspectiva colaborativa. 2004. Tese
cesso de inclusão. 2004. Dissertação      (Doutorado). Universidade Federal de
(Mestrado). Universidade Federal de       São Carlos. 2004.




                                                                                   Tema Destaque / Subject Stands out




FAAG - Faculdade de Agudos

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Deficiência múltipla
Deficiência múltiplaDeficiência múltipla
Deficiência múltiplaVeronica Cruz
 
Tracando caminhos para a educacao inclusiva
Tracando caminhos para a educacao inclusivaTracando caminhos para a educacao inclusiva
Tracando caminhos para a educacao inclusivatanilenatic
 
Unidade 5 -_ ativ. 14 deficiencia_multipla
Unidade 5 -_ ativ. 14 deficiencia_multiplaUnidade 5 -_ ativ. 14 deficiencia_multipla
Unidade 5 -_ ativ. 14 deficiencia_multiplaeurenicedosreis
 
Aula 01 inclusão escolar-pontos e contrapontos - matoan-prieto-amorim
Aula 01   inclusão escolar-pontos e contrapontos - matoan-prieto-amorimAula 01   inclusão escolar-pontos e contrapontos - matoan-prieto-amorim
Aula 01 inclusão escolar-pontos e contrapontos - matoan-prieto-amorimValeria Faria
 
Pedagogia da educação inclusiva
Pedagogia da educação inclusivaPedagogia da educação inclusiva
Pedagogia da educação inclusivaCarina Zandonai
 
Cartilha inclusao escolar
Cartilha inclusao escolarCartilha inclusao escolar
Cartilha inclusao escolarSA Asperger
 
Multideficiencia
MultideficienciaMultideficiencia
MultideficienciaFilipAna
 
Inclusao escolar
Inclusao escolarInclusao escolar
Inclusao escolaryalomo
 
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especial
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especialSlides educacao inclusiva-e_educacao_especial
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especialDirce Cristiane Camilotti
 
Sustentabilidade educacao margarete_ronaldo
Sustentabilidade educacao margarete_ronaldoSustentabilidade educacao margarete_ronaldo
Sustentabilidade educacao margarete_ronaldoProfFernandaBraga
 
Integração e inclusão 2 formas de olhar
Integração e inclusão    2 formas de olharIntegração e inclusão    2 formas de olhar
Integração e inclusão 2 formas de olharisamota
 
Educação inclusiva: feitos e efeitos
Educação inclusiva: feitos e efeitosEducação inclusiva: feitos e efeitos
Educação inclusiva: feitos e efeitosThiago de Almeida
 
Palestra emanoele inclusão ou integração
Palestra emanoele   inclusão ou integraçãoPalestra emanoele   inclusão ou integração
Palestra emanoele inclusão ou integraçãoEmanoele freitas
 
Inclusao integracao
Inclusao integracaoInclusao integracao
Inclusao integracaoprofeducar
 

Mais procurados (19)

Educação especial
Educação especialEducação especial
Educação especial
 
Deficiência múltipla
Deficiência múltiplaDeficiência múltipla
Deficiência múltipla
 
Tracando caminhos para a educacao inclusiva
Tracando caminhos para a educacao inclusivaTracando caminhos para a educacao inclusiva
Tracando caminhos para a educacao inclusiva
 
Unidade 5 -_ ativ. 14 deficiencia_multipla
Unidade 5 -_ ativ. 14 deficiencia_multiplaUnidade 5 -_ ativ. 14 deficiencia_multipla
Unidade 5 -_ ativ. 14 deficiencia_multipla
 
Aula 01 inclusão escolar-pontos e contrapontos - matoan-prieto-amorim
Aula 01   inclusão escolar-pontos e contrapontos - matoan-prieto-amorimAula 01   inclusão escolar-pontos e contrapontos - matoan-prieto-amorim
Aula 01 inclusão escolar-pontos e contrapontos - matoan-prieto-amorim
 
Educação Inclusiva
Educação Inclusiva Educação Inclusiva
Educação Inclusiva
 
Pedagogia da educação inclusiva
Pedagogia da educação inclusivaPedagogia da educação inclusiva
Pedagogia da educação inclusiva
 
Cartilha inclusao escolar
Cartilha inclusao escolarCartilha inclusao escolar
Cartilha inclusao escolar
 
Multideficiencia
MultideficienciaMultideficiencia
Multideficiencia
 
Inclusao escolar
Inclusao escolarInclusao escolar
Inclusao escolar
 
Comunicação e uso de midias
Comunicação e uso de midiasComunicação e uso de midias
Comunicação e uso de midias
 
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especial
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especialSlides educacao inclusiva-e_educacao_especial
Slides educacao inclusiva-e_educacao_especial
 
Sustentabilidade educacao margarete_ronaldo
Sustentabilidade educacao margarete_ronaldoSustentabilidade educacao margarete_ronaldo
Sustentabilidade educacao margarete_ronaldo
 
Integração e inclusão 2 formas de olhar
Integração e inclusão    2 formas de olharIntegração e inclusão    2 formas de olhar
Integração e inclusão 2 formas de olhar
 
Educação inclusiva: feitos e efeitos
Educação inclusiva: feitos e efeitosEducação inclusiva: feitos e efeitos
Educação inclusiva: feitos e efeitos
 
Daexclusoaincluso
DaexclusoainclusoDaexclusoaincluso
Daexclusoaincluso
 
Tecnologias inteligentes certa
Tecnologias inteligentes   certaTecnologias inteligentes   certa
Tecnologias inteligentes certa
 
Palestra emanoele inclusão ou integração
Palestra emanoele   inclusão ou integraçãoPalestra emanoele   inclusão ou integração
Palestra emanoele inclusão ou integração
 
Inclusao integracao
Inclusao integracaoInclusao integracao
Inclusao integracao
 

Semelhante a Gestao

Tcc pos ok educação especial
Tcc pos ok   educação especialTcc pos ok   educação especial
Tcc pos ok educação especialCarla Camilo
 
Tcc pos ok educação especial
Tcc pos ok   educação especialTcc pos ok   educação especial
Tcc pos ok educação especialCarla Camilo
 
Cartilha eliezer final (1)
Cartilha eliezer final (1)Cartilha eliezer final (1)
Cartilha eliezer final (1)tamyris24
 
Adeus_professor_Adeus_professora_J.C._Li.pdf
Adeus_professor_Adeus_professora_J.C._Li.pdfAdeus_professor_Adeus_professora_J.C._Li.pdf
Adeus_professor_Adeus_professora_J.C._Li.pdfDenise De Ramos
 
A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI
A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXIA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI
A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXILuana Couto
 
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazemEducadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazemsandrinavalente
 
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i as funções sociais da
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i   as funções sociais da Sacristan, josé e gomes, peres, a.i   as funções sociais da
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i as funções sociais da marcaocampos
 
O uso responsável do celular na sala de aula
O uso responsável do celular na sala de aulaO uso responsável do celular na sala de aula
O uso responsável do celular na sala de aulaEdison Paulo
 
EDUCAÇÃO INTEGRAL: desenvolvimento integral e a aprendizagem. Semana Pedagóg...
EDUCAÇÃO  INTEGRAL: desenvolvimento integral e a aprendizagem. Semana Pedagóg...EDUCAÇÃO  INTEGRAL: desenvolvimento integral e a aprendizagem. Semana Pedagóg...
EDUCAÇÃO INTEGRAL: desenvolvimento integral e a aprendizagem. Semana Pedagóg...EducaAo
 
Psicologia Escolar e Educacional história compromissos.pptx
Psicologia Escolar e Educacional história compromissos.pptxPsicologia Escolar e Educacional história compromissos.pptx
Psicologia Escolar e Educacional história compromissos.pptxFabricia Aride
 
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfSimoneHelenDrumond
 
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfSimoneHelenDrumond
 
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfSimoneHelenDrumond
 

Semelhante a Gestao (20)

Tcc pos ok educação especial
Tcc pos ok   educação especialTcc pos ok   educação especial
Tcc pos ok educação especial
 
Tcc pos ok educação especial
Tcc pos ok   educação especialTcc pos ok   educação especial
Tcc pos ok educação especial
 
Cartilha eliezer final (1)
Cartilha eliezer final (1)Cartilha eliezer final (1)
Cartilha eliezer final (1)
 
Adeus_professor_Adeus_professora_J.C._Li.pdf
Adeus_professor_Adeus_professora_J.C._Li.pdfAdeus_professor_Adeus_professora_J.C._Li.pdf
Adeus_professor_Adeus_professora_J.C._Li.pdf
 
A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI
A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXIA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI
A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI
 
2420 8302-1-pb
2420 8302-1-pb2420 8302-1-pb
2420 8302-1-pb
 
V20n3a14
V20n3a14V20n3a14
V20n3a14
 
V20n3a14
V20n3a14V20n3a14
V20n3a14
 
V20n3a14
V20n3a14V20n3a14
V20n3a14
 
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazemEducadores Sociais - Quem são e o que fazem
Educadores Sociais - Quem são e o que fazem
 
Entre as diferenças
Entre as diferençasEntre as diferenças
Entre as diferenças
 
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i as funções sociais da
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i   as funções sociais da Sacristan, josé e gomes, peres, a.i   as funções sociais da
Sacristan, josé e gomes, peres, a.i as funções sociais da
 
O uso responsável do celular na sala de aula
O uso responsável do celular na sala de aulaO uso responsável do celular na sala de aula
O uso responsável do celular na sala de aula
 
Keila01 projeto
Keila01 projetoKeila01 projeto
Keila01 projeto
 
EDUCAÇÃO INTEGRAL: desenvolvimento integral e a aprendizagem. Semana Pedagóg...
EDUCAÇÃO  INTEGRAL: desenvolvimento integral e a aprendizagem. Semana Pedagóg...EDUCAÇÃO  INTEGRAL: desenvolvimento integral e a aprendizagem. Semana Pedagóg...
EDUCAÇÃO INTEGRAL: desenvolvimento integral e a aprendizagem. Semana Pedagóg...
 
Tecnologias inteligentes certa
Tecnologias inteligentes   certaTecnologias inteligentes   certa
Tecnologias inteligentes certa
 
Psicologia Escolar e Educacional história compromissos.pptx
Psicologia Escolar e Educacional história compromissos.pptxPsicologia Escolar e Educacional história compromissos.pptx
Psicologia Escolar e Educacional história compromissos.pptx
 
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
 
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
 
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdfARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
ARTIGO 2 PRATICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA .pdf
 

Último

Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISVitor Vieira Vasconcelos
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOMarcosViniciusLemesL
 
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASQUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASEdinardo Aguiar
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024Sandra Pratas
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfAnaGonalves804156
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosAntnyoAllysson
 
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOVALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOBiatrizGomes1
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 anoAdelmaTorres2
 
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxBaladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxacaciocarmo1
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAlexandreFrana33
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfEyshilaKelly1
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfErasmo Portavoz
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfaulasgege
 
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...Martin M Flynn
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxIsabellaGomes58
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveaulasgege
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPanandatss1
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasRicardo Diniz campos
 
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaA Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaFernanda Ledesma
 

Último (20)

Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGISPrática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
 
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANOInvestimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
Investimentos. EDUCAÇÃO FINANCEIRA 8º ANO
 
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNASQUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
QUIZ DE MATEMATICA SHOW DO MILHÃO PREPARAÇÃO ÇPARA AVALIAÇÕES EXTERNAS
 
treinamento brigada incendio 2024 no.ppt
treinamento brigada incendio 2024 no.ppttreinamento brigada incendio 2024 no.ppt
treinamento brigada incendio 2024 no.ppt
 
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
HORA DO CONTO5_BECRE D. CARLOS I_2023_2024
 
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdfPPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
PPT _ Módulo 3_Direito Comercial_2023_2024.pdf
 
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteirosBingo da potenciação e radiciação de números inteiros
Bingo da potenciação e radiciação de números inteiros
 
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSOVALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
VALORES HUMANOS NA DISCIPLINA DE ENSINO RELIGIOSO
 
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
637743470-Mapa-Mental-Portugue-s-1.pdf 4 ano
 
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptxBaladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
Baladão sobre Variação Linguistica para o spaece.pptx
 
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptxAs Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
As Viagens Missionária do Apostolo Paulo.pptx
 
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdfGuia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
Guia completo da Previdênci a - Reforma .pdf
 
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdfO guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
O guia definitivo para conquistar a aprovação em concurso público.pdf
 
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdfCultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
Cultura e Sociedade - Texto de Apoio.pdf
 
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
DIGNITAS INFINITA - DIGNIDADE HUMANA -Declaração do Dicastério para a Doutrin...
 
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptxQUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
QUARTA - 1EM SOCIOLOGIA - Aprender a pesquisar.pptx
 
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chaveAula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
Aula - 2º Ano - Cultura e Sociedade - Conceitos-chave
 
Educação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SPEducação São Paulo centro de mídias da SP
Educação São Paulo centro de mídias da SP
 
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecasMesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
Mesoamérica.Astecas,inca,maias , olmecas
 
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão LinguísticaA Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
A Inteligência Artificial na Educação e a Inclusão Linguística
 

Gestao

  • 1. 7 GESTÃO ESCOLAR INCLUSIVA Dra. Relma Urel Carbone Carneiro FAAG - Faculdade de Agudos Dra. Enicéia Gonçalves Mendes UFSCar - Universidade Federal de São Carlos Tema Destaque / Subject Stands out Resumo Vivemos em um contexto de uma so- como aspecto fundamental para a ga- ciedade globalizada em que mudanças rantia de transformação que a escola são exigidas em todos os âmbitos na necessita, e a pesquisa nacional sobre busca da melhoria da qualidade de inclusão escolar tem atentado para o vida das pessoas. Paralelamente au- problema da formação e atuação de menta a parcela dos excluídos e com professores. Entretanto, é preciso isso o discurso da inclusão social toma considerar que um papel de liderança conta dos debates políticos e educa- por parte do diretor escolar tem sido cionais. A escola, como um segmento identificado como um fator primordial da sociedade, também tem se depara- na construção de escolas que sejam do com a tarefa de oferecer uma edu- cada vez mais inclusivas. Consid- cação de melhor qualidade a todas as erando, portanto, que este papel do crianças. No caso específico da edu- diretor requer novos conhecimentos, cação de crianças com necessidades atitudes e habilidades para lidar com educacionais especiais o debate tam- as condições atuais e as tendências bém vem sendo inserido neste novo emergentes na educação geral e espe- conceito de escola inclusiva, que seja cial, o presente artigo tem como ob- Palavras-chave: mais aberta às diferenças. Diante das jetivo discutir as questões referentes Educação Especial; demandas atuais aponta-se a melho- à gestão escolar e sua influência na Inclusão Escolar; ria na qualificação da equipe escolar construção de escolas inclusivas. Gestão Escolar. FAAG - Faculdade de Agudos
  • 2. 8 Introdução Estamos no século XXI. Vivemos em tentando se modificar, a exemplo de um contexto de uma sociedade global- outros países, partindo das instituições izada, em que mudanças são exigidas especializadas que em sua maioria em todos os âmbitos na busca da mel- tinham objetivos predominantemente horia da qualidade de vida das pes- terapêuticos ou assistencialistas (que soas. Discutimos mundialmente sobre ainda subsistem) e, caminhando para a preservação do meio ambiente, o uma forma de atendimento educacio- desenvolvimento sustentável, políti- nal que se afina com as propostas de cas econômicas, sociais, de saúde etc. uma escola única para todos, que seja Discutimos também como fazer políti- aberta às diferenças e que as entenda cas educacionais mais justas. Enfim, como forma de enriquecimento cole- no mundo todo discute-se uma forma tivo (Carneiro, 2006). de organização da sociedade em que seus cidadãos possam viver plena- Estamos vivendo um momento de mente sua cidadania, com todos os transição na tentativa de deixar o deveres e direitos que tal plenitude paradigma da integração, fracassado abarca. principalmente por centrar no defi- ciente as dificuldades, e por pressupor Dentro deste contexto, o discurso da a sua reinserção na estrutura normal inclusão social tomou conta dos de- da sociedade após um período de nor- bates políticos e educacionais. Como malização e, começando a criar o par- desenvolver e manter esta sociedade adigma da inclusão, que pressupõe a globalizada e igualitária consideran- inclusão de todos, independentemente do tantas minorias diferenciadas e de seu talento, deficiência, origem só- desigualdades sociais que a compõe? cio-econômica ou origem cultural em ambientes comuns nos quais terão to- Neste artigo vamos nos ater à dis- das as suas necessidades satisfeitas cussão da inclusão no âmbito escolar, (Aranha, 2001, Stainback e Stainback, entendendo que este é apenas um dos 1999). caminhos que leva a grande meta da inclusão social. No entanto, este é um Conforme aponta Prieto (2002), com a caminho essencial a ser trilhado, pois promulgação da Constituição Federal, na escola podemos desfazer mitos em 1988, foi reafirmado na legislação e construir imagens, de forma con- maior do país o direito dos portadores sciente e consistente. de deficiência à educação, preferen- Revista SER - Saber, Educação e Reflexão cialmente na rede regular de ensino e Fazendo mais um recorte, vamos dis- a garantia do atendimento educacio- cutir mais detalhadamente a inclusão nal especializado (Artigo 201, Inciso de crianças com deficiência na es- III da CF/88). cola, entendendo também que este é apenas um dos grupos minoritários Ao tratar da educação especial, a nova que compõem esta grande sociedade. LDB (BRASIL, 1996) em seu artigo 59 Porém, um grupo que ainda tem pou- assegura aos educandos com necessi- ca voz e muita urgência. dades especiais, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e orga- Na atualidade constatamos que a edu- nização específica, para atender às cação de crianças com deficiência vive suas necessidades educacionais. um momento polêmico, tanto no que se refere às melhores estratégias met- Podemos perceber a partir de então, odológicas como também sobre qual que entre outros aspectos, é crucial a melhor modalidade de ensino a ser o papel do diretor da unidade escolar utilizada com eles - se ensino regular no estabelecimento de adequações, ou ensino especial. visando à inclusão de alunos com de- ficiência. De forma global discute-se a necessi- dade de se construir uma sociedade A escola do ensino regular já vem re- inclusiva, em que entre outros, o dire- cebendo alunos com deficiência, mas ito à educação seja garantido a todos, muitas questões precisam ser coloca- deficientes ou não. das sobre a efetividade do processo ensino-aprendizagem, pois a inclusão A educação especial brasileira está vai além da mera inserção para pro- Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
  • 3. 9 duzir socialização. Ela pressupõe mod- nas mais variadas áreas de ação políti- ificações na dinâmica escolar para que ca, social e educacional. as necessidades de todos os alunos sejam satisfeitas. Na administração da educação, surgiu um novo conceito associado à idéia Nas Diretrizes Nacionais para a Edu- de democratização do ensino, que é cação Especial na Educação Básica a gestão escolar. Com esse novo con- (BRASIL, 2001, p.40), encontramos ceito, que é extensivo a todos os seg- a seguinte definição de escola inclu- mentos do sistema educacional, en- siva: tende-se o papel do diretor, não como responsável único pelas decisões que O conceito de escola inclusiva envolvem a escola, mas como um ar- implica uma nova postura da ticulador que envolve toda a equipe escola comum, que propõe no escolar em busca da melhoria do pro- projeto pedagógico – no cur- cesso educacional. Assim, rículo, na metodologia de ensi- no, na avaliação e na atitude O termo gestão democráti- dos educadores – ações que ca ganhou destaque no con- favoreçam a interação social texto educacional brasileiro e sua opção por práticas het- por intermédio da nova LDB erogêneas. A escola capacita (Lei de Diretrizes e Bases da seus professores, prepara-se, Educação Nacional – Lei no. organiza-se e adapta-se para 9394/96). Quando se fala em oferecer educação de quali- gestão, não se trata apenas dade para todos, inclusive para de controlar recursos, coorde- os educandos que apresentem nar funcionários e assegurar o necessidades especiais. In- cumprimento dos dias letivos clusão, portanto, não significa e horas-aula. O conceito de simplesmente matricular todos gestão está associado ao for- os educandos com necessi- talecimento da democratização dades educacionais especiais do processo pedagógico, à par- na classe comum, ignorando ticipação responsável de todos suas necessidades específicas, nas decisões necessárias e na mas significa dar ao professor sua efetivação mediante um e à escola o suporte necessário compromisso coletivo com re- a sua ação pedagógica. sultados educacionais cada vez mais positivos e significativos. Ao se discutir a inclusão escolar é (VIEIRA E GARCEZ, 2004). Tema Destaque / Subject Stands out necessário considerar, entre outros el- ementos, a formação de recursos hu- Essa concepção de gestão engloba manos, políticas públicas, a necessi- vários aspectos do processo educa- dade de uma mudança importante nos tivo, permeando as questões políticas sistemas, etc. Considerando a forma- e pedagógicas. ção de recursos humanos, observamos a partir da pesquisa bibliográfica na Conforme autores como Romão e literatura nacional, uma maior preocu- Padilha (2001), muitas vezes a ad- pação com a formação dos professores ministração escolar se envolve muito (CARVALHO, 2000, PRIETO, 2003, mais com os aspectos burocráticos da CAPELLINE, 2004, ZANATA, 2004) e escola e acaba se distanciando das poucos estudos envolvendo o diretor questões educacionais. (TEZANI, 2004, BITES, 2005, BITAR, 2006) nesses estudos embora citado, A afirmação de que é difícil adminis- o diretor não era o foco do estudo. trar a escola sozinho, feita por muitos Stainback & Stainback (1999), falam diretores denuncia o isolamento do di- da ambigüidade da expectativa dos rigente escolar enquanto responsável diretores escolares, porque embora único e último pela instituição educati- se espere que eles liderem o processo va, o que, muitas vezes, independe de de mudança, também se espera que sua vontade, mas não de seu cargo. mantenham a estabilidade dos siste- Este formato de administração levou mas. ao distanciamento as questões propri- amente administrativas das pedagógi- A sociedade brasileira, a exemplo de cas, e os diretores administradores a outras sociedades, está vivendo uma se distanciarem da função primordial mudança de paradigmas existentes da escola, a saber, o processo de ensi- FAAG - Faculdade de Agudos
  • 4. 10 no/aprendizagem. Neste sentido: pedagógica. Em sua gestão, deve ser um articulador dos diferentes seg- Se o administrador da educação mentos escolares em torno do projeto já não se identifica necessari- político-pedagógico da escola. Quan- amente com a própria condição to maior for essa articulação, melhor de educador, ou seja, se ele é poderão ser desempenhadas as suas “da administração” e não “da próprias tarefas, seja no aspecto or- educação”, suas decisões não ganizacional da escola, seja em rela- serão inspiradas nem pela ção à responsabilidade social daquela “ciência prática da educação”, com sua comunidade. que desconhece, e nem pela Falar, portanto, na construção de uma “práxis educacional”, em que escola inclusiva significa considerar não se reconhece. Não haverá todos esses aspectos e sua relevância, como concretizar em sua es- e traçar novos caminhos de busca. cola a dialética da Pedagogia e da Educação, se ele como “ad- A construção da escola inclusiva en- ministrador” não dominar os globa uma variedade de vertentes. elementos do “par dialético” a Vários aspectos precisam ser consid- partir do qual deveria orientar erados. Conforme Aranha (2001), a sua ação administrativa. (SIL- inclusão é o processo de garantia do VA JÚNIOR, 1990). acesso imediato e contínuo da pessoa com necessidades especiais ao espaço Este modelo de administração passa comum na vida em sociedade, inde- a ser questionado com o surgimento pendente do tipo de deficiência e do do movimento de crítica política ao grau de comprometimento apresen- sistema educacional e à escola, por tado. Ela amplia tal conceito consid- entender que desta forma a escola erando que este processo tem que es- estaria reproduzindo as relações so- tar fundamentado no reconhecimento ciais capitalistas. Em contraste a esta e aceitação da diversidade na vida em forma de administração escolar, surge sociedade e na garantia do acesso a o período de busca da transformação todas as oportunidades. desta forma de administração em uma gestão participativa e democrática da Mendes (2002), ressalta que uma educação. tomada de posição consciente diante da várias possibilidades deve começar Ao comentar a proposta de gestão pelo entendimento que se tem so- participativa e democrática como um bre educação inclusiva, pois diante princípio assegurado pela LDB, Lima do contexto da educação esse termo Revista SER - Saber, Educação e Reflexão (2005) complementa: “educação inclusiva” pode admitir sig- nificados diversos, que vão desde a A proposta da Lei é a de que manutenção do que já existe, até uma a gestão da escola esteja a reorganização geral do sistema edu- serviço do trabalho pedagógi- cacional. co, e não o contrário. Assim, as funções administrativas Para Tezani (2004), a inclusão escolar passam a servir como subsídio é a aceitação da diversidade em sala para que a escola invista na de aula, mas isso só ocorrerá mediante qualidade do processo educa- a reestruturação pedagógica e admin- tivo. istrativa da escola. A falta de uma pro- posta pedagógica e administrativa que O termo gestão participativa, como a realmente priorize a inclusão é um dos palavra já diz, significa a participação obstáculos com que se depara e que de todos os envolvidos no gerencia- dificultam a implementação qualita- mento do processo. Na escola significa tiva deste princípio. dizer, que o gerenciamento é função não só do diretor, mas dos profes- Mendes (2002, p. 71), fala de alguns sores, funcionários, alunos, pais de aspectos importantes para a con- alunos e comunidade. strução da escola inclusiva tais como : O diretor de escola é, antes de tudo, um educador. Enquanto tal possui uma Os caminhos cabíveis que função primordialmente pedagógica e sejam trilhados para a con- social, que lhe exige o desenvolvimen- strução da escola inclusiva per- to de competência técnica, política e passam pelas adaptações cur- Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
  • 5. 11 riculares, pela gestão escolar, essa implementação. Um movimento pelos princípios norteadores sistemático em direção à inclusão de desse paradigma educacional e crianças com necessidades educacion- com a construção da sua pro- ais especiais na escola comum requer posta pedagógica. A escola in- atenção às necessidades dos diretores clusiva requer a efetivação de de escolas. Os autores salientam ain- currículos adequados (adapta- da que o diretor pouco tem sido re- dos ou modificados, quando sponsável por fornecer os apoios que necessário) e uma prática ped- as crianças precisam. Para tal reforma agógica flexível com arranjos da escola, a liderança do diretor é vis- e adaptações que favoreçam ta como fator chave para o sucesso. tanto o bom aproveitamento Entretanto, para garantir o sucesso quanto o ajuste socioeducacio- da inclusão, é importante que o dire- nal do indivíduo com necessi- tor apresente conhecimentos e ha- dades educacionais especiais. bilidades que favoreçam a integração, aceitação, e sucesso de estudantes O alcance de todos esses aspectos en- com necessidades educacionais es- globará a participação de todos os en- peciais em classes comuns de escolas volvidos no processo educacional. regulares. Como um líder da escola, o diretor influencia diretamente na “alo- O professor enquanto um dos mem- cação de recursos, equipes, estrutu- bros da equipe escolar é fundamental ras, fluxo de informação, e a operação sim, mas não único agente respon- de processos que determina o que de- sável, pois o diretor escolar, dentro de veria e o que não deveria ser feito pela uma perspectiva de gestão participati- organização”. (NANUS, 1992). va, tem um importante papel a desem- penhar nessa construção das escolas Devido a sua posição de liderança, a inclusivas. Conforme apontado na leg- atitude do diretor acerca da inclusão islação brasileira (BRASIL, 2000) cabe poderá resultar em aumento de opor- à Direção das Unidades Escolares, a tunidades para estudantes na classe responsabilidade de: comum ou para limitar a segrega- ção em serviços de ensino especial. 1- Permitir e prover suporte Entretanto, para a inclusão ser bem administrativo, técnico e cientí- sucedida primeiro, e antes de tudo, o fico para a flexibilização do diretor escolar deve mostrar confiança processo de ensino, de modo a e atitude positiva frente ao princípio atender à diversidade; da inclusão escolar. 2- Adotar propostas curricu- Tema Destaque / Subject Stands out lares diversificadas e abertas, Vários caminhos são possíveis e em vez de adotar concepções necessários no trabalho escolar bus- rígidas e homogeneizadoras do cando a construção de um modelo currículo; inclusivo. Em outros países, temos 3- Flexibilizar a organização e acompanhado o estudo e a prática o funcionamento da escola, de de formas de colaboração dentro da forma a atender à demanda di- escola, com o objetivo de unir o tra- versificada dos alunos; balho já existente que chamamos de 4- Viabilizar a atuação de pro- comum, ao trabalho específico, que fessores especializados e de chamamos de especial, a fim de ga- serviços de apoio para favore- rantir a inclusão, a permanência e o cer o processo educacional. sucesso de alunos com necessidades educacionais especiais na escola. Portanto, a inclusão escolar só se efetivará com qualidade, se medidas Conforme aponta Maia (2000), para administrativas e pedagógicas forem que a participação em grupo traga tomadas pela equipe de gestão do benefícios para a escola, é imprescind- sistema e da escola. ível a presença de um líder que mobi- lize os agentes da organização nesse Brotherson et al (2001), discutem que sentido, que suscite o bom relaciona- a falta de atenção do contexto sócio- mento entre eles e que esteja direta- político tem sido um problema central mente envolvido com o processo em na implementação de programas in- busca da qualidade de ensino. clusivos. Para estes autores os dire- tores escolares são peças-chave no Vários autores têm discutido que o contexto sócio-político para garantir apoio administrativo é o maior fator FAAG - Faculdade de Agudos
  • 6. 12 para o sucesso de programas inclusi- amente pela ação do gerenciamento vos nos quais a colaboração é alme- da mesma. Esse gerenciamento esco- jada. (RIPLEY, 1997). lar diferente só acontecerá através de práticas reais diferenciadas. Conforme aponta Boscardin (2004), o papel do administrador em intro- Este papel de agente de modifica- duzir, guiar, selecionar e apoiar o uso ção de uma escola tradicionalmente de intervenções apropriadas é impor- excludente, não vai ser assumido de tante para o sucesso de estudantes forma tranqüila pelo diretor escolar e com necessidades educacionais es- sua equipe de gestão. As mudanças peciais na aprendizagem. Embora necessárias não são simples nem fá- freqüentemente se pense que esta ceis, é preciso que haja interesse pes- área de domínio é exclusiva dos pro- soal e coletivo em mudar o rumo e fessores, os administradores precisam seguir para o desconhecido. ser instrumentalizados para apoiar a implementação de práticas instrucion- A escola inclusiva que se pretende criar ais científicas de professores para que não tem metas e padrões previamente melhorem os resultados educacionais estabelecidos como acontece na esco- dos alunos. No entanto, transformar o la tradicional. Ela tem clareza do que papel administrativo de forma que ele precisa ser eliminado, como qualquer se torne um apoio à inclusão escolar tipo de discriminação que impeça um não será fácil e irá requerer o uso de aluno de ter sucesso, no entanto, suas diferentes estratégias. metas e objetivos específicos precisam ser construídos paulatinamente dentro A autora aponta dois caminhos de de cada unidade escolar, considerando transformação do papel administrativo. suas características e especificidades Um deles considera a importância de únicas. incluir em legislação futura o conheci- mento do papel dos administradores Estamos no momento de criar projetos na reforma escolar. O outro focaliza novos de trabalho escolar, implemen- o estabelecimento de uma agenda de tá-los e avaliá-los, para aos poucos ir- pesquisas nacionais tratando da lider- mos descobrindo os caminhos a serem ança e educação especial. Estas duas seguidos e os caminhos a serem aban- vertentes, segundo a autora, poderão donados. ajudar a identificar e melhor entender o uso de evidência baseada em práti- O trabalho com alunos com necessi- cas administrativas em educação es- dades educacionais especiais na escola pecial que devem melhorar os resul- regular é algo que podemos considerar Revista SER - Saber, Educação e Reflexão tados educacionais de estudantes com relativamente novo, se considerarmos necessidades educacionais especiais o longo período de exclusão escolar através da melhoria das habilidades que tais indivíduos viveram durante do professor e da transformação na séculos. No Brasil, falamos de inclusão missão de liderança. escolar há pouco mais de dez anos, mais especificamente após a Declara- De acordo com Lashley e Boscardin ção de Salamanca, o que nos retrata (2003), o desafio do administrador um tempo curto para as grandes mu- será promover colaboração entre pro- danças conceituais que tal perspectiva fessores de educação especial e geral requer. e, administradores para garantir que programas de educação de alta quali- O profissional da educação capacitado dade sejam acessíveis a todos os estu- para gerenciar tal realidade não se faz dantes. O que precisa na prática é que de uma hora para outra, nem do dia diretores escolares comecem a pensar para a noite, nem tão pouco sozinho. como líderes instrucionais de todos os A vivência de um cotidiano escolar in- estudantes, incluindo os com necessi- clusivo, as trocas com os colegas, às dades educacionais especiais, e não informações e sugestões advindas da somente como diretores da educação busca de soluções, a observação de geral. outros modelos, enfim, vários são os caminhos que deverão ser trilhados. A transformação da nossa escola em uma escola inclusiva ou a criação de Carregamos uma carga sócio-cultural uma nova escola que seja inclusiva, diante da diferença, que justifica ati- que aceite a diversidade e a entenda tudes de incoerência entre o discurso como fator positivo, passa obrigatori- e a prática, fruto de uma concepção Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
  • 7. 13 equivocada. Em tese é fácil adotar o neos integrando conhecimentos de discurso do direito à educação para educação especial, habilidades e dis- todos, porém na prática acreditamos posições em seus currículos. não ser possível fazer, pois nos falta a segurança que achamos que temos Delors (2003), afirma que um dos que ter. principais fatores de eficácia escolar, conforme apontam as pesquisas e ob- Práticas escolares rotineiras não se servações empíricas, é a direção dos transformam num passe de mágica. estabelecimentos de ensino. Um bom É preciso que a equipe escolar reflita administrador capaz de trabalhar em sobre essa nova condição, de trans- equipe, competente e aberto, conseg- formação da escola em inclusiva, de ue introduzir grandes melhorias nas como esse processo vem acontecendo, escolas. Para tanto, é preciso confiar e onde queremos chegar. Neste ponto a direção das escolas a profissionais temos que falar de formação inicial e qualificados, com formação específica, também em serviço e não dá para se sobretudo em matéria de gestão. Esta pensar na construção da escola inclu- qualificação deve conferir maior pod- siva sem pensar em instrumentalizar er de decisão e melhor remuneração, seus construtores. valorizando assim essa que é de muita responsabilidade. Temos uma legislação que contempla avanços nesta área, porém não ga- No material instrucional publicado pelo rante o entendimento de seu signifi- MEC (BRASIL, 1997, p.333), aparece cado à população interessada. Faz-se o depoimento do diretor de uma es- necessária a preparação dos líderes cola com alunos surdos em classes escolares para lidar com as mudanças comuns, que diz que considera esse necessárias. período como o mais gratificante em sua vida profissional, embora tenha A liderança firme por parte do dire- sido também o período de maiores di- tor escolar tem sido identificada como ficuldades. Ao finalizar seu depoimento um fator crítico para apoiar progra- o diretor afirma que o maior problema mas educacionais efetivos. O papel do que a educação enfrenta é a falta de diretor requer novos conhecimentos, formação profissional adequada dos atitudes e habilidades para lidar com diretores e professores, e conclui: “se as condições atuais e as tendências eu tivesse mais informações poderia emergentes na educação especial e ter realizado um trabalho melhor”. geral e, para conduzir a continuidade da melhoria educacional para todos os Entendemos que a formação em Tema Destaque / Subject Stands out estudantes. serviço do diretor escolar é fator fun- damental e urgente no nosso cenário Entretanto, o conhecimento sobre as educacional. A liderança firme e desa- características do aluno, as necessi- fiadora que a literatura aponta como dades específicas de aprendizagem, necessária para o diretor da escola in- as técnicas instrucionais, e o apoio clusiva, requer investigação. requerido por educadores especiais pode direcionar ações de administra- A educação brasileira está anunciando dores para serem mais efetivas. reformas, e a exemplo de muitos out- ros países, tem buscado no princípio O papel do diretor tem evoluído nos da educação inclusiva a proposta de últimos 30 anos, e a liderança instru- uma escola para todos, que respeite e cional tem emergido como um compo- esteja aberta às diferenças, entendida nente essencial de seu papel. Dentro como forma de enriquecimento tanto da demanda atual de responsabilidade do coletivo da escola como fundamen- educacional, a preparação de líderes tal para a construção de uma socie- instrucionais para trabalhar com pop- dade democrática. ulações escolares academicamente di- versas é um imperativo. A transformação necessária se apre- senta como algo processual e que As instituições de educação e os deve abranger diferentes segmentos órgãos públicos educacionais têm pa- ligados à escola. Não é algo simples, péis chave na preparação de diretores nem rápido, pois requer primeiramente para tais complexas responsabilidades mudança de concepção de sociedade, e devem preparar futuros administra- de pessoa, de escola, de direito etc. dores para seus papéis contemporâ- Lima (2005, p. 90), comenta que esta FAAG - Faculdade de Agudos
  • 8. 14 dificuldade de transformação da escola Praisner (2003) realizou uma pesquisa que está aí, em uma escola inclusiva, com 408 diretores de escolas elemen- pode ser comparada a uma conexão tares para investigar a relação entre no meio de uma viagem. No entanto, atitudes frente à inclusão, e variáveis não é como descer de um avião com tais como treinamento e experiência destino certo e entrar num segundo e percepção sobre colocação de alu- avião com outro destino definido, mas nos com necessidades educacionais sim uma alteração de rota dentro do especiais. Os resultados indicaram mesmo avião, com a mesma tripula- que cerca de um em cada cinco dire- ção, mas sem que a torre de controle tores tinham atitudes positivas a re- possa dar indicações claras e precisas speito da inclusão, embora a maioria para onde se deve seguir. manifestasse também incerteza sobre essa política. Experiências positivas Entretanto, se há a figura de um com estudantes com deficiências e gestor da escola, que é o principal exposição anterior a conceitos de edu- elemento de articulação entre a es- cação especial apareceram associados cola e o sistema, seria esperado, con- com atitudes mais positivas a respeito forme apontam Stainback e Stainback da inclusão. Além disso, diretores com (1999), que ele liderasse os processos mais experiências e/ou atitudes posi- de mudança, e talvez esteja no papel tivas são mais prováveis de colocar e na função deste profissional uma das estudantes em ambientes inclusivos. estratégias para alavancar a transfor- mação pretendida. A fala de uma diretora de escola apon- ta a importância da convivência com O que a literatura sobre gestão esco- alunos com necessidades especiais lar vem apontando é a necessidade de para se buscar novos caminhos e a consolidar a autonomia da escola e de necessidade de interlocução da equipe qualificar diretores tanto para desem- escolar com profissionais especializa- penhar uma forte e efetiva liderança, dos: quanto para dividir o poder de decisão sobre os assuntos escolares com pro- Na verdade o ideal era que es- fessores, funcionários, pais de alunos, tivesse tudo pronto, mas se alunos e comunidade escolar, criando a criança não chega a gente e estimulando a participação de todos não sabe nem o que deve es- nas instâncias da unidade (por exem- tar pronto, então é importante plo, conselhos ou comitês represen- o que a gente já sabe de an- tativos de pais, professores, alunos, temão que é necessário tem comunidade, etc.) (ver, por exemplo, que estar, porque é difícil se é Revista SER - Saber, Educação e Reflexão LIBÂNEO, 2004; DOURADO, 2004; uma criança por exemplo que BITES, 2005). usa cadeira de rodas, ou algu- ma coisa assim então precisa No âmbito da escola a estratégia para ter adaptação de rampa e tudo se construir o planejamento partici- mais, mas tem outras que tem pativo e democrático, mais defendi- que acontecer para a gente es- da, tem sido a construção coletiva do tar sentindo. projeto político pedagógico da escola, entendido como um elemento de or- Tradicionalmente a educação especial ganização e integração da atividade não tem sido enfatizada em programas prática da instituição neste processo de preparação de diretores (SIROTNIK de transformação (BARROSO, 1995; E KIMBALL, 1994), mas diante da per- MARÇAL, 2001; SILVA JÚNIOR, 2002. spectiva da inclusão escolar a prepa- VASCONCELLOS, 2005). ração de gestores para trabalhar com populações escolares academicamente Entretanto, a construção coletiva diversas vem se tornando um impera- deste projeto não é suficiente, pois tivo e deve ser assunto para muitas será necessário colocá-lo em práti- outras pesquisas no futuro. ca consolidando assim a prática de gestão participativa e democrática na Ao iniciarmos este artigo falamos so- escola, a autonomia da equipe esco- bre a necessidade de se construir uma lar e a oportunidade permanente de sociedade, em que todos os seus ci- desenvolvimento profissional dos pro- dadãos tenham direito a exercer sua fessores (SILVA JR, 2002; LIBÂNEO, cidadania plenamente com todos os 2004; TEZANI, 2004). direitos e deveres que tal plenitude abarca. Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
  • 9. 15 Observamos, no entanto, que o cum- la. Apesar de um recente discurso de primento de tais metas está muito além escola inclusiva, aberta a todos, sejam da nossa realidade. Uma sociedade ig- quais forem suas características, o que ualitária tem que garantir eqüidade, temos na verdade é uma escola de- pois a igualdade tem que aparecer nas spreparada para assumir essa trans- oportunidades de acesso, mesmo que formação, a começar pela sua gestão. para isto tenhamos que diferenciar os A nós parece evidente que a construção caminhos. da escola inclusiva tem que investir na consolidação de uma outra cultura, Discutir a construção de uma socie- capaz de incutir na clientela escolar, dade inclusiva, que aceita e respeita as desde a mais tenra idade, a aceitação diferenças, abrange uma enormidade e valorização da pessoa humana, in- de aspectos, nem sempre visíveis, dependente de qualquer diferença. nem sempre sentidos, nem sempre Essa construção, não simples, deve desejados, pois temos arraigada uma ser o objetivo primeiro das institu- cultura que valoriza a competitividade, ições escolares na busca da melhoria a dominação, o mais forte. da qualidade de ensino-aprendizagem para todos, transformando a escola Como um segmento desta sociedade para que cumpra verdadeiramente está a escola que se obriga a repro- seu papel social. duzir esta cultura, de forma a mantê- Referências Bibliográficas ARANHA, M. S. F. Inclusão Social e a Integração da Pessoa Portadora de Municipalização. In: Novas Diretrizes Deficiência (CORDE). Declaração de da Educação especial. São Paulo: Sec- Salamanca e Linha de Ação sobre Ne- retaria Estadual de Educação, 2001. cessidades Educativas Especiais. Bra- sília, 1994. BARROSO, J. Para uma abordagem teórica da reforma da administração BRASIL. Secretaria de Educação Espe- escolar: a distinção entre direcção e cial- Deficiência Auditiva/ organizado gestão. In: Revista Portuguesa de por Giuseppe Rinaldi et al. – Brasília: Educação. Portugal: Universidade do SEESP, 1997. V.II. – (Série Atualidades Minho, v. 8, n.1, p. 33-56, 1995 Pedagógicas; n.4). BITAR, J. A. Inclusão Escolar na Per- BRASIL. Secretaria de Educação Espe- Tema Destaque / Subject Stands out spectiva de Gestores e Professores em cial. Projeto Escola Viva - Garantindo uma Diretoria Regional Paulista. 2006. o acesso e permanência de todos os Dissertação (Mestrado) - Centro Uni- alunos na escola- Alunos com necessi- versitário Moura Lacerda, Programa dades educacionais especiais. Brasília, de Pós-Graduação em Educação, Ri- c327, 2000. beirão Preto. 2006. BOSCARDIN, M. L. Transforming Ad- BITES, M. F. S. C. Participação dos ministration to Support Science in the professores na política educacional de Schoolhouse for Students with Dis- inclusão em Goiás. 2005. Tese (Dou- abilities. Journal of Learning Disabili- torado). Faculdade de Ciências Huma- ties. v. 37, no.3, p. 262-269, May/ nas da Universidade Metodista de Pi- June 2004. racicaba. 2005. BROTHERSON, M. J., SHERIFF, G., BRASIL. Lei no. 9.394, de 20 de MILBURN, P., & SCHERTZ, M. Elemen- dezembro de 1996. Estabelece as tary school principals and their needs Diretrizes e Bases da Educação Nacio- for inclusive early childhood programs. nal. Diário Oficial da União. Brasília. Topics in Early Childhood Special Edu- 23 dez. 1996. p. 27.833-27.841. cation, v. 21, p. 31-45, 2001. BRASIL. Ministério da Educação. Dire- CAPELLINE, V. L. M. F. Possibilidades trizes Nacionais para Educação Es- da colaboração entre professores do pecial na Educação Básica. Brasília: ensino comum e especial para o pro- MEC/SEESP, 2001a. cesso de inclusão escolar. 2004. Tese (doutorado). Universidade Federal de BRASIL. Coordenadoria Nacional para São Carlos. 2004. FAAG - Faculdade de Agudos
  • 10. 16 CARNEIRO R. U. C. Formação em Brasília: CONSED – Conselho Nacional serviço sobre gestão de escolas inclu- de Secretários de Educação, 2001. sivas para diretores de escolas de edu- cação infantil. 2006. Tese (Doutorado MENDES, E. G. Perspectivas para a em Educação Especial) - Programa de construção da escola inclusiva no Bra- Pós-Graduação em Educação Especial: sil. In: PALHARES, M. S.& MARINS, S. UFSCar, São Carlos, 2006. (Org.).Escola inclusiva. São Carlos: EdUFSCar, 2002. CARVALHO, R. E. Removendo barrei- ras para a aprendizagem. Porto alegre: NANUS, B. (1992). Visionary leader- Editora Mediação, 2000. ship: Creating a compelling sense of directions for your organization. San DELORS, J. Educação: Um tesouro a Francisco: Jossey-Bass. descobrir. São Paulo: Cortez, 2003. PRAISNER, C. L. Attitudes of Elemen- DOURADO, L. F. Progestão: Como pro- tary School Principals Toward the mover, articular e envolver a ação das Inclusion of Students With Disabili- pessoas no processo de gestão es- ties. Excepcional Children. no. 69, p. colar? Módulo II. Brasília: CONSED – 135-45, 2003. Conselho Nacional de Secretários de Educação, 2004. PRIETO, R. G. A construção de políti- cas públicas de educação para todos. GONÇALVES, A.K.S. Estratégias ped- In: PALHARES, M. S.& MARINS, S. agógicas inclusivas para crianças (Org.).Escola inclusiva. São Carlos: com paralisia cerebral na perspectiva EdUFSCar, 2002. na educação infantil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de PRIETO, R. G. Formação de profes- São Carlos. 2005. sores para o atendimento de alunos com necessidades educacionais es- LASHLEY, C., BOSCARDIN, M. L. peciais: diretrizes nacionais para a (2003). Special education adminis- educação básica e a educação espe- tration at a crossroads: availability, cial. In: SILVA, S. e VIZIM, M. (Org.). licensure, and preparation of special Políticas Públicas: Educação, Políticas education administrators (COPSSE Públicas e Pessoas com deficiências. Document No. IB-8). Gainesville: Uni- Campinas: Mercado das Letras, 2003. versity of Florida, Center on Personnel Studies in Special Education. RIPLEY, S. (1997). Collaboration be- tween general and special education Revista SER - Saber, Educação e Reflexão LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão teachers. ERIC Digest, #ED409317. da escola: teoria e prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2004. ROMÃO, J. E. e PADILHA, P. R. Dire- tores Escolares e Gestão Democrática LIMA, S. A. S. C. Organização da es- da Escola. In: GADOTTI, M., ROMÂO, cola e do ensino e atuação do diretor. J. E. Autonomia da Escola: princípios 1995. 212fs. Dissertação (Mestra- e Propostas. 4.ed. São Paulo: Corterz, do). Faculdade de Educação da UFG, 2001. cap.7, p. 91-102. 1995. ROSA, L. C. S. 2003. Formação con- LIMA, L. Apertem os cintos, a direção tinuada de atendentes para inclusão (as) sumiu! Os desafios da gestão nas de crianças com necessidades educa- escolas inclusivas. In: RODRIGUES, cionais especiais em creches. Disser- D., KREBS, R. e FREITAS, S. N. (orgs). tação (Mestrado). São Carlos: UFSCar, Educação Inclusiva e Necessidades 2003. Educacionais Especiais. Santa Ma- ria: Ed. UFSM, 2005. MAIA, G. Z. A. SILVA JUNIOR, C. A. A Escola Pública Contexto atual, gestão e qualidade de como local de trabalho. São Paulo: ensino. In: MACHADO, L. M. e MAIA, Cortez, 1990. G. Z. A. Administração e Supervisão Escolar: questões para o novo milênio. SILVA JUNIOR, C. A. O espaço da ad- São Paulo: Pioneira, 2000. cap. 6. ministração no tempo da gestão. In: MACHADO, Lourdes M. e FERREIRA, MARÇAL, J. C. Progestão: Como pro- Naura Syria C. (Orgs.). Política e mover a construção coletiva do pro- gestão da educação: dois olhares. Rio jeto pedagógico da escola? Módulo III. de janeiro: DP&A/ANPAE, p. 199-211, Revista Científica SER - Saber, Educação e Reflexão, Agudos/SP, v.1, n.1, Jan-Jun/2008
  • 11. 17 2002. São Carlos. 2004. VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: Projeto de Ensino- SIROTNIK, K. A., KIMBALL, K. (1994). Aprendizagem e Projeto Político-Ped- The unspecial place of special educa- agógico. São Paulo: Libertad Editora, tion in programs that prepare school 2005. administrators. Journal of School Leadership, v. 4, p. 598-630. VIEIRA, K. R. C. F e GARCEZ, E. S. Avaliação compartilhada da aprendiza- STAINBACK, S. e STAINBACK, W. In- gem: uma proposta de gestão. Abc- clusão: Um guia para educadores. Art- educatio. São Paulo, no. 35, p. 30-33, med editora, Porto Alegre, 1999. junho 2004. TEZANI, T. C. R. Os caminhos para a ZANATTA, E. M. Práticas pedagógicas construção da escola inclusiva: a rela- inclusivas para alunos surdos numa ção entre a gestão escolar e o pro- perspectiva colaborativa. 2004. Tese cesso de inclusão. 2004. Dissertação (Doutorado). Universidade Federal de (Mestrado). Universidade Federal de São Carlos. 2004. Tema Destaque / Subject Stands out FAAG - Faculdade de Agudos