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Doença Pulmonar
Obstrutiva Crónica
Estudo de Caso
1
Doença Pulmonar
Obstrutiva Crónica
Frederico Brandão
Enfermeiro Especialista Reabilitação
UCIPSU
por
2
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 3
CAPÍTULO 1 – ESTUDO DE CASO 5
1.1- DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DA ESCOLHA DO ESTUDO DE CASO 6
1.2- DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA (DPOC) 8
1.2.1- ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 9
1.2.2- SINAIS E SINTOMAS DA DPOC 10
1.2.3- PRINCIPAIS FACTORES DE RISCO 11
1.2.4- FISIOPATOLOGIA 12
1.2.5- EPIDEMIOLOGIA DA DPOC NO MUNDO 12
1.2.6- EPIDEMIOLOGIA DA DPOC EM PORTUGAL 18
1.2.7- DIAGNÓSTICO DA DPOC 23
1.2.7.1- ESPIROMETRIA 23
1.2.7.2- CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DA DPOC 24
1.2.7.3- APRESENTAÇÃO CLÍNICA TIPICA DO UTENTE COM DPOC 26
1.2.7.4- CARATERISTICAS ADICIONAIS DO UTENTE COM DPOC 27
1.2.7.5- ACHADOS NO EXAME FISICO 27
1.2.8- TRATAMENTO DA DPOC 28
1.2.8.1- TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 29
1.2.8.2- TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 30
1.2.9- INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM 37
CAPÍTULO 2 – PROCESSO DE ENFER MAGEM 39
2.1- RESUMO DO CASO CLÍNICO 42
2.2- COLHEITA DE DADOS – AVALIAÇÃO INICIAL DE ENFERMAGEM 47
2.3- ANAMNESE – DIÁRIO MÉDICO 53
2.4- PLANO DE TRABALHO 62
2.4.1- ATITUDES TERAPÊUTICAS 62
2.4.2- PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM 64
2.4.2.1- DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 64
2.4.2.2- INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM 69
2.5- REAVALIAÇÃO E REAJUSTE DO PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM 76
2.5.1- ANÁLISE DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 77
2.5.2- ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM 80
2.5.3- SUGESTÕES DE REAJUSTE DO PROCESSO DE ENFERMAGEM 81
2.6- ANÁLISE DA EFICÁCIA DO PLANO 85
CAPÍTULO 3 - CONCLUSÃO 87
BIBLIOGRAFIA 89
ANEXOS 92
ANEXO A - CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DA DPOC 93
ANEXO B - CLASSIFICAÇÃO DA NEW YORK HEART ASSOCIATION 95
ANEXO C - ACUTE PHYSIOLOGY AND CHRONIC HEALTH EVALUATION II 96
ANEXO D - SEQUENTIAL ORGAN FAILURE ASSESSEMENT SCORE 97
ANEXO E - ESCALA DE LONDON CHEST ACTIVITY OF DAILY LIVING 98
3
INTRODUÇÃO
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um estado de doença caracterizado pela
limitação do fluxo aéreo (ventilação), geralmente progressiva e com reduzida reversibilidade.
A sua origem está normalmente associada a uma resposta inflamatória anómala dos pulmões e
à inalação de partículas ou gases nocivos.
A DPOC pode incluir doenças que causam obstrução do fluxo de ar (por exemplo, bronquite,
enfisema crónica) ou qualquer combinação destas desordens. Outras doenças como a fibrose
cística, bronquiectasias e asma que foram anteriormente classificadas como tipos de doença
pulmonar obstrutiva crônica são agora classificados como doenças crônicas pulmonares. No
entanto, a asma é hoje considerada como um transtorno separado e é classificado como uma
condição anormal das vias aéreas caracterizada principalmente por uma inflamação reversível.
A DPOC pode coexistir com a asma. Ambas estas doenças têm os mesmos sintomas
principais, no entanto, os sintomas são geralmente mais variáveis em asmáticos do que em
doentes com DPOC.
Atualmente a DPOC, segundo dados da Direção Geral de Saúde atinge 5,42% da população e
é uma das principais causas de morbilidade crónica, responsável por uma grande perda de
qualidade de vida e de mortalidade em Portugal, tendo um índice de mortalidade de 8,7 por
100.000 habitantes.
As pessoas com DPOC geralmente tornam-se sintomáticas durante a idade adulta,
aumentando a sua incidência à medida que a idade aumenta.
Neste sentido, e na procura continua de melhores cuidados de enfermagem, este trabalho visa
contribuir para aumentar os ganhos em saúde nomeadamente através da introdução de
cuidados especializados com vista à diminuição da demora média de internamento na
UCIPSU e dos custos que lhe estão associados, aumentar o nível de independência dos utentes
com DPOC, e diminuição da morbilidade, entre outros.
4
A presente dissertação, após uma introdução geral do tema proposto, apresenta-se dividida em
duas partes distintas.
A primeira parte consiste numa conceptualização teórica acerca da temática em estudo,
nomeadamente anatomia e fisiologia, fisiopatologia, sintomatologia, diagnóstico, tratamento e
complicações.
A segunda parte desta dissertação consiste ao estudo propriamente dito sendo composto pelo
processo de enfermagem onde é abordado todo o processo de tratamento desde o seu
internamento, até ao momento da alta.
No final do estudo apresenta-se uma conclusão do mesmo, bibliografia e anexos.
5
CAPITULO 1 - ESTUDO DE CASO
Os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo
“como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos; e quando o
foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real.
A clara necessidade pelos estudos de caso surge do desejo de se compreender fenômenos
sociais complexos. Ou seja, o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as
características holísticas e significativas dos eventos da vida real.
“a essência de um estudo de caso é tentar esclarecer uma decisão ou um conjunto de
decisões: o motivo pelos quais foram tomadas, como foram implementadas e com quais
resultados” (Schramm, 1971).
Uma falha comum é considerar o estudo de caso como o estágio exploratório de algum outro
tipo de estratégia de pesquisa e o estudo de caso em si era apenas mencionado em uma ou
duas linhas do texto.
O estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que abrange tudo –
com a lógica de planeamento incorporando abordagens específicas à colheita e análise de
dados.
Nesse sentido, o estudo de caso não é nem uma tática para a colheita de dados nem
meramente uma característica do planeamento em si, mas uma estratégia de pesquisa
abrangente.
6
1.1– DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DA ESCOLHA DO ESTUDO DE CASO
Este trabalho faz parte dos objetivos delineados pelo Enfermeiro Chefe do Serviço de
Urgência /UCIPSU do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa E.P.E., para a minha avaliação de
desempenho através do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na
Administração Pública (SIADAP).
O tema escolhido “Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica”, vai de encontro a uma
necessidade real do Serviço, uma vez que temos uma elevada taxa de internamento de doentes
com DPOC e ao mesmo tempo permitir demonstrar a importância da existência de
Enfermeiros de Reabilitação na nossa unidade, como forma de garantir ganhos em saúde
adicionais, nomeadamente:
• Diminuição da necessidade de recurso aos cuidados de saúde, nomeadamente aos
serviços de urgência;
• Diminuição do número de episódios de internamento;
• Diminuição da demora média de internamento e dos custos que lhe estão associados;
• Aumento do nível de independência das pessoas e das famílias;
• Diminuição da incidência e prevalência de problemas de saúde associados à
inatividade, como úlceras de pressão, infeções respiratórias, infeções urinárias,
deformidades osteoarticulares e hipotonicidade muscular;
• Diminuição do consumo de medicamentos;
• Aumento da adesão ao regime terapêutico;
• Diminuição da dependência funcional e social;
• Diminuição da morbilidade;
• Diminuição dos gastos em apoios sociais e de saúde na comunidade/domicílio.
• Adequação do ambiente, habilitação, com menor dependência socioeconómica;
• Otimização da reintegração do utente no seio familiar e social.
7
Tudo isto pode ser atingido com a criação e o desenvolvimento de programas de reabilitação,
incluindo o treino pelo exercício, que melhoram entre outros, a sintomatologia, reduzem a
incapacidade, melhoram a qualidade de vida e promovem a adaptação e reintegração social
dos doentes.
A reabilitação respiratória é uma intervenção terapêutica global e multidisciplinar podendo e
devendo englobar diversos profissionais incluindo médicos (nomeadamente pneumologistas
mas também fisiatras, psiquiatras, clínicos gerais), enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais no sentido de intervir na totalidade da
envolvência da doença. O exercício ou treino de esforço é contudo nuclear sendo responsável
pela readaptação ao esforço e estando na base da grande e crescente evidência científica dos
benefícios da reabilitação.
Também os programas educacionais permitem um melhor controlo da doença, podendo os
mesmos modificar a história natural da mesma com menor número e/ou menos graves
agudizações ou exacerbações (por exemplo reduzem os dias de hospitalização).
Estes programas promovem, entre outros, a adesão e correta administração da medicação, e
ensinam técnicas de controlo da ventilação, controlo da falta de ar, atividade física,
relaxamento e ensinam ao doente o reconhecimento atempado dos sintomas e sinais de
agravamento e o plano de ação a efetuar-se atempadamente.
Em conclusão, este trabalho visa ir de encontro a um objetivo de avaliação, contudo será
também um instrumento de demonstração para a importância da existência de Enfermeiros de
Reabilitação na UCIPSU, como forma de garantir ganhos em Saúde para o Doente bem como
ganhos económicos para a Instituição.
8
1.2– DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
(DPOC), é um estado patológico que se
caracteriza por uma limitação do débito aéreo
(ventilação), geralmente progressiva e com
reduzida reversibilidade. A sua origem está
normalmente associada a uma resposta
inflamatória anómala dos pulmões à inalação
de partículas ou gases nocivos.
As alterações patológicas pulmonares conduzem a alterações fisiológicas características,
como a hipersecreção de muco, disfunção ciliar, limitação do débito aéreo, hiperinsuflação
pulmonar, anomalias das trocas gasosas, hipertensão pulmonar e cor pulmonale. Estas
alterações desenvolvem-se em função do processo de evolução da doença.
Essa definição, como pode ser visto, não faz referência aos termos bronquite crônica e
enfisema que eram frequentemente colocados em outras definições de DPOC. O termo
bronquite crônica descreve as características clínicas da doença, enquanto enfisema descreve
as características estruturais da doença, apresentando-se em graus variados em diferentes
utentes e não definindo a doença com relação ao seu especto mais importante, e que traz o
maior impacto na morbidade e na mortalidade, que é a obstrução do fluxo aéreo. Daí a
exclusão destes termos nessa nova definição.
Do ponto de vista clínico, podemos usar uma definição de DPOC como sendo uma condição
pulmonar crônica, caracterizada pela presença de tosse produtiva e/ou dispneia aos esforços,
geralmente progressiva, determinada na maioria das vezes pela exposição ao fumo do cigarro
ou, eventualmente, a outras substâncias inaladas. No início da doença os sintomas não são
constantes e geralmente são de baixa intensidade, mas a sua intensificação pode ocorrer em
intervalos variáveis, principalmente nos meses frios, caracterizando as exacerbações. Com o
progredir da doença os sintomas ficam mais intensos e frequentes e as exacerbações mais
comuns.
9
1.2.1- Anatomia e Fisiologia do Sistema Respiratório
O sistema respiratório é composto por todos os órgãos
envolvidos no mecanismo da respiração. Estes incluem o
nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. E no
seu todo são responsáveis pela realização da ventilação, ou
seja entrada de oxigénio (que permite garantir o normal
funcionamento das células), e eliminação de dióxido de
carbono (que é um subproduto da função celular), do
organismo humano.
Este processo decorre em duas fases destintas, a inspiração e
a expiração.
A inspiração corresponde à entrada do ar nos pulmões e a expiração corresponde à saída do ar
dos pulmões.
O nariz, faringe, laringe, traqueia e brônquios funcionam como um sistema de tubos através
dos quais o ar é canalizado do exterior para os pulmões, onde pequenos sacos de ar chamados
alvéolos realizam trocas gasosas com a corrente sanguínea, graças a uma rede de milhares de
capilares. Desta forma o oxigénio é transferido dos pulmões para a corrente sanguínea e o
inverso acontece ao dióxido de carbono permitindo a sua eliminação através da boca/nariz.
10
Quando este sistema apresenta alguma alteração
associada por exemplo a uma infeção como uma
pneumonia ou doenças pulmonares obstrutivas
crónicas, torna-se mais difícil a realização da
ventilação, dificultando as trocas gasosas e assim a
obtenção de oxigénio e a eliminação de dióxido de
carbono.
Os sintomas respiratórios mais comuns incluem falta
de ar, tosse e dor torácica.
1.2.2- Sinais e Sintomas da DPOC
A maioria dos pacientes que desenvolvem DPOC apresenta um histórico de hábitos tabágicos
prolongado, pelo menos 1 maço de cigarros por dia durante 20 anos.
A doença começa normalmente a manifestar-se após os 40 anos de idade, e o primeiro
sintoma percetível costuma ser tosse matinal com expetoração. Porém, um sinal que costuma
passar despercebido ao paciente e aos seus familiares é o sedentarismo progressivo, isto
porque devido ao cansaço e a falta de ar que os esforços começam a produzir, o paciente vai
progressivamente limitando suas atividades diárias, até o ponto em que, depois de alguns
anos, a doença está tão avançada que mesmo em repouso sente-se cansado e com falta de ar.
11
Como a DPOC está muito associada pessoas mais velhas, o cansaço e a falta de ar aos
esforços são normalmente atribuídos ao envelhecimento e ao cigarro, não despertando muita
atenção inicialmente.
Conforme a doença progride, a tosse e a expetoração começam a ficar cada vez mais
frequentes. A falta de ar tornar-se limitante. A produção de muco e a destruição dos tecidos
pulmonares favorecem o aparecimento de infeções, como pneumonia. O broncoespasmo
(chiado no peito) começa a ocorrer com frequência.
Dependendo do tipo de DPOC predominante (bronquite crônica ou enfisema), o paciente
costuma apresentar duas aparências distintas.
 O enfisematoso é muito magro, desnutrido, com a caixa torácica aumentada, chamada
de tórax em barril. É um doente com importante hiperinsuflação do pulmão e
dificuldade para pôr o ar para fora, respirando como se estivesse sempre assoprando.
 O bronquítico crônico costuma ser mais para o obeso, cianótico (tom arroxeado da
pele por falta de oxigenação adequada), com tosse frequente e grande produção de
catarro.
1.2.3- Principais Fatores de Risco
Os fatores de risco já identificados para a DPOC têm a ver predominantemente com os
hábitos tabágicos, sendo este responsável em 80 a 90% do risco de desenvolvimento de
DPOC. Quanto ao sexo, idade e raça, verifica-se que a DPOC é mais prevalente no sexo
masculino e em idades avançadas. A mortalidade por DPOC parece ser mais elevada na raça
caucasiana.
A poluição urbana poderá contribuir para o desenvolvimento de DPOC, bem como a poluição
doméstica resultante de sistemas de aquecimento, entre outros. A presença de hiperatividade
brônquica e o aparecimento de enfisema são também considerados como fatores de risco.
12
1.2.4- Fisiopatologia
Na DPOC, a limitação do fluxo aéreo é progressiva e associada a uma resposta inflamatória
anormal dos pulmões a partículas ou gases nocivos. A resposta inflamatória ocorre ao longo
das vias aéreas, parênquima e vasculatura pulmonar. Por causa da inflamação crônica e as
tentativas do corpo para repará-lo, o estreitamento ocorre em pequenas vias aéreas periféricas.
Ao longo do tempo, este processo de lesão e reparação-provoca a formação de tecido
cicatricial e estreitamento do lúmen das vias aéreas.
Obstrução do fluxo de ar pode também ser causada pela destruição do parênquima, como é
visto com enfisema, uma doença dos alvéolos ou unidades de troca de gás.
Além da inflamação, os processos relacionados com os desequilíbrios de proteinases e
antiproteinases no pulmão pode ser responsável por limitação do fluxo de ar. Quando ativado
por uma inflamação crônica, proteiness e outras substâncias podem ser disseminadas,
danificar o parênquima do pulmão. As alterações do parênquima podem ocorrer como
consequência de inflamação ou fatores ambientais ou genéticos (por exemplo, deficiência de
alfa1-antitripsina).
1.2.5- Epidemiologia da DPOC no Mundo
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença largamente disseminada pelo
mundo, caracterizada por uma obstrução brônquica persistente, só parcialmente reversível,
com pesados custos económicos e sociais. É uma doença prevenivel, que ameaça a duração e
a qualidade de vida.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a
doença atinja 210 milhões de pessoas em todo o
mundo, sendo cerca de 64 milhões casos sintomáticos
(Quadro 1). A prevalência da doença é muito
diferente nas diferentes regiões do mundo. No mesmo
quadro mostram-se também os números da Asma,
outra doença respiratória crónica, cujo quadro clínico
muitas vezes se sobrepõe ao da DPOC, não havendo
uma clara fronteira entre as duas entidades.
13
Quadro 1 – Prevalência de doenças respiratórias crónicas nas diferentes Regiões da
OMS em 2004 (em milhões), (Global Burden of Disease, up-date 2004, WHO 2008).
É do conhecimento geral, que o principal facto desencadeante da DPOC é o fumo de tabaco,
tanto para fumadores ativos, como para os que a ele estão expostos passivamente. Há um
dramático sinergismo entre DPOC e tabagismo, levando a que, quer a prevalência da doença,
quer a mortalidade, estejam aumentadas nos fumadores, havendo uma relação dose
dependente. Ao tabaco são atribuíveis mais de 85% dos casos de DPOC.
Infelizmente, o tabagismo continua a ser altamente prevalente em muitos países, sobretudo
nos de baixo e médio rendimento per capita.
Existem outros fatores extrínsecos que também contribuem para o eclodir da doença. A
poluição no interior das habitações é um deles, particularmente se são usados combustíveis
sólidos para cozinhar e para o aquecimento. Este fator é de grande relevância, sobretudo em
países de baixo rendimento per capita.
Claro que a poluição exterior também é relevante, particularmente no que concerne às
pequenas partículas e aos dióxidos de enxofre e de azoto, sendo as grandes fontes de produção
destes poluentes o trânsito automóvel e as chaminés industriais.
Igualmente, a poluição no ambiente de trabalho, quer por poeiras, quer por vapores, irritantes
e fumos, pode contribuir para o aparecimento de casos de DPOC.
As infeções frequentes das vias aéreas inferiores, particularmente nas crianças, são outro fator
potencialmente desencadeante de DPOC, bem como fatores genéticos, tais como as
deficiências da alfa um anti tripsina.
14
A DPOC é uma doença altamente prevalente a nível mundial, mas é também uma doença
grave, condicionando graus de incapacidade relevantes e com elevada mortalidade. De facto,
é responsável por 3 milhões de mortes anuais (Quadro 2), o que a coloca em 4º lugar como
causa de morte, responsável por 5,1% dos óbitos no mundo.
A DPOC é um pouco mais prevalente no homem do que na mulher. Assim, do total de
3.025.000 óbitos anuais, 1.620.000 ocorrem em homens (53,5%) e 1.405.000 na mulher
(46,5%). Esta diferença é contudo inferior à que habitualmente se imagina, o que será em
parte explicável pela subida da prevalência de tabagismo na mulher e pela maior exposição à
poluição interior nas atividades domésticas (combustíveis sólidos).
Como se vê no Quadro 3, há assinaláveis variações de mortalidade nos diversos países, sendo
menor nos países de alto rendimento, onde é a 5ª causa de morte, responsável por 287.000
óbitos (3,4% do total), sendo 162.000 nos homens e 125.000 nas mulheres.
Quadro 2 – Principais causas de morte em países de alto rendimento
(Global Burden of Disease – 2004 – WHO, 2008)
Quadro 3 – Causas de morte nos países de Alto Rendimento per capita
15
A Prevalência da DPOC na Europa, segundo o European Lung White Book (mapa em baixo)
oscila entre os 2 e os 10% – diferentes tonalidades de verde. A amarelo, países dos quais não
havia dados em 2003.
A mortalidade, estimada pela mesma fonte (European Lung White Book, 2003) oscilava entre
os mais de 75/ 100.000 (tons mais carregados), os mais de 50/100.000, os mais de 25/100.000
e os menos de 25/100.000 como Portugal, Itália, Alemanha, Escandinávia, entre outros.
16
No Relatório da OMS Burden of Disease, up-date 2004, publicado em 2008, o número de
mortes estimadas no mundo e na Europa é relacionado com o rendimento per capita, estando
os dados mais relevantes sintetizados no Quadro 4.
Quadro 4 – Mortes estimadas por doenças respiratórias crónicas, na Europa e no
Mundo em 2004 (OMS)
A DPOC não é só uma doença com elevada mortalidade. É também uma doença que acarreta,
com frequência incapacidade de grau moderado ou grave, como se pode verificar no Quadro
5, retirado da publicação da OMS Burden of Disease, up-date 2004.
Quadro 5 – Grau de Incapacidade em doentes com DPOC
17
*10ª Causa de incapacidade a nível mundial
5ª Causa de incapacidade nos países de alto rendimento, a partir dos 60 anos
7ª Causa de incapacidade entre os 0 e os 59 anos
Vemos pois que a DPOC causa frequentemente incapacidade, o que ocorre sobretudo no
homem. Dados do Relatório da OMS Burden of Disease, Up-date 2004 apontam para os
seguintes valores:
Homem:
 A DPOC é responsável por 6.9 milhões de anos
(2,4% da totalidade), constituindo a 8ª causa de
incapacidade.
 A Asma é responsável por 6,6 milhões de anos (2,2%
da totalidade), constituindo a 9ª causa de
incapacidade.
Mulher: Nem a DPOC, nem a Asma aparecem nas 10
principais causas de incapacidade nos Países de alto
rendimento:
 A DPOC é responsável por 1,8 milhões de anos de
incapacidade (3,5% da totalidade, constituindo a 7ª
causa de incapacidade.
 A Asma é responsável por 1,8 milhões de anos (2,6%
da totalidade), constituindo a 9ª causa de
incapacidade.
18
1.2.6- Epidemiologia da DPOC em Portugal
Os dados da prevalência da DPOC conhecidos têm
sido publicados entre nós por João Cardoso et all e
referidos em pormenor nos diversos Relatórios do
ONDR, nomeadamente, o 3º e o 4º (respetivamente, de
2007 e 2008).
A prevalência apontada por João Cardoso indica 5,4% ,
calculada a partir duma amostra de 1348 indivíduos,
representativa da população portuguesa.
Fica a sensação de que a doença poderá estar subvalorizada e sub-diagnosticada, sendo
também relevantes as estimativas apresentadas no trabalho Carga de Doença Atribuível ao
Tabagismo de Miguel Gouveia, Margarida Borges, António Vaz Carneiro et all. Essa
estimativa foi calculada usando o DisModel II e os dados das estatísticas de saúde do INSA e
a base de dados Pneumobil 2001, aponta para uma prevalência de 5,267 no homem e de 4,031
na mulher e encontra-se sintetizada no Quadro 6:
Quadro 6 – Prevalência da DPOC em Portugal, por grupos etários
19
Outros indicadores do peso da DPOC em Portugal são os internamentos hospitalares, medidos
através dos doentes que tiveram alta com esse diagnóstico (Bases de dados dos Grupos de
Diagnóstico Homogéneo da Administração Central dos Serviços de Saúde).
É uma base de dados credível que nos permite a análise da evolução da situação em Portugal.
Como se vê no Quadro 7, os doentes que tiveram alta com esse diagnóstico passaram de 4.333
em 1994 par 9.143 em 2007 (+ 110%), desenhando-se uma linha tendencialmente crescente,
com algumas oscilações nalguns anos.
Quadro 7 – Internamentos por DPOC nos hospitais portugueses
A DPOC constitui a 2ª causa de internamento por doença respiratória e a mortalidade nos
doentes internados tem um valor relevante. Contudo, tem vindo a decrescer, tendo passado de
8,7% em 2002 para 7,2% em 2007 (-13,7%), o que é um indicador favorável, podendo
indiciar um melhor controlo da doença.
20
Quadro 8 - Mortalidade nos doentes internados por DPOC
A distribuição dos internamentos por DPOC por 100.000 habitantes, não é homogénea,
encontrando-se maior incidência de internamentos nas Regiões de Lisboa e Vale do Tejo,
Norte e Centro (Quadro 9):
Quadro 9 – Internamentos por DPOC por Região de Saúde
Estas variações regionais estão de acordo com os dados encontrados no estudo do ONSA
(Observatório Nacional de Saúde), no âmbito do Projeto GeoFases, em que foram analisadas
as taxas de mortalidade e de internamento nível de concelho, no período de 2000 a 2004, no
qual se notou alguma concordância na distribuição espacial das taxas relativas a
internamentos e mortalidade em três distritos: Porto, Braga e Vila Real.
Nos quadros seguintes, extraídos no trabalho já referido Carga de Doença em Portugal
Atribuível ao Tabaco de Miguel Gouveia, Margarida Borges, António Vaz Carneir et all fica
bem saliente o peso da DPOC, responsável em Portugal por 61,3% dos DALYs nas doenças
relacionadas com o tabaco, num total de 74.547 DALYs.
21
O peso do tabaco fica também bem saliente na DPOC. De facto, desses DALYs são
atribuíveis ao tabaco 89,9% dos DALYS por DPOC no homem e 63,8% na Mulher.
Quanto ao custo estimado dos doentes com DPOC, atingirá os 242 milhões de euros, 197 dos
quais atribuíveis ao tabaco.
Quadro 10 – DALYS nas doenças relacionadas com o tabaco: a DPOC
Quadro 11 – DALYS por DPOC, atribuíveis ao tabaco e potencialmente redutíveis
Quadro 12 – Custos no ambulatório dos doentes com DPOC
Quanto à mortalidade por DPOC em Portugal os últimos dados disponíveis referem-se a 2003
(INE, Mortality Statistics WHO) e com 2682 óbitos, colocam a DPOC como 5ª causa de
mortalidade, a seguir às doenças cardio cerebrovasculares (25.941 óbitos, à diabetes (4.551
óbitos), às pneumonias (384 óbitos) e ao cancro do pulmão, traqueia e brônquios (3161
óbitos).
22
Este número de óbitos representa 2,5% da totalidade dos óbitos, sendo 3,2% no homem e
1,7% na mulher. Estes números sugerem que em Portugal as mulheres têm menor risco de
morrer de DPOC do que noutros pontos do mundo, o que poderá ser em parte explicável por
uma relativa baixa prevalência de mulheres fumadoras (dado que parece tender a modificar-
se) e pelo facto da maioria das mulheres portuguesas não estar exposta a combustíveis sólidos,
no ambiente doméstico.
O número de óbitos anuais por DPOC cifra-se nos 25,5/ 100.000 habitantes, sendo 35,4% no
homem e 16,5% na mulher. Estes dados colocam Portugal entre os países europeus com baixa
mortalidade por DPOC e estão de acordo com os dados publicados no European Lung White
Book, já referidos.
Por fim, no Quadro 13, em que se mostra a distribuição dos óbitos por DPOC, por idades, fica
bem patente que os óbitos só atingem números significativos a partir dos 60 anos de idade.
Quadro 13 – Mortalidade em Portugal por DPOC em 2003 (WHO, Mortality Satistics)
Em conclusão, a DPOC em Portugal é uma doença de elevada prevalência, com significativa
mortalidade e morbilidade e responsável por grande número de doentes com incapacidade
significativa.
23
1.2.7- Diagnóstico da DPOC
O diagnóstico de DPOC deve ser considerado em todos os doentes que apresentem tosse ou
produção de expetoração frequentes, ou dispneia, ou história de exposição a fatores de risco
para a doença.
O diagnóstico exige a realização de
espirometria, a fim de confirmar a
presença de limitação obstrutiva do
fluxo aéreo. Esta limitação
ventilatória não é completamente
reversível após administração de um
broncodilatador.
Considera-se que existe obstrução
brônquica e, portanto, DPOC quando após a administração de um broncodilatador a relação
FEV1 (Volume Expiratório Máximo no 1º segundo) / FVC (Capacidade Vital Forçada) é
menor do que 70%.
Os doentes que sofrem de tosse crónica e de produção de expetoração e têm história de
exposição a fatores de risco, devem ser examinados para avaliação da limitação das vias
aéreas, mesmo na ausência de dispneia.
A espirometria é, assim, fundamental no diagnóstico e na avaliação da DPOC, por ser o meio
mais objetivo, padronizado e facilmente reprodutível de medir o grau de obstrução das vias
aéreas.
1.2.7.1- Espirometria
Espirometria é a medida dos volumes pulmonares. A palavra é escrita
com s e não com x, porque vem do latim spirare, que significa respirar
+ metrum, que significa medida. Durante o exame são realizadas
manobras de inspiração e expiração forçadas que são registradas pelo
24
espirómetro, fornecendo os valores de alguns volumes e fluxos pulmonares, entre eles o VEF1
(volume expiratório forçado no primeiro segundo), CVF (capacidade vital forçada), dos quais
se calcula a relação VEF1/CVF. O uso do termo Índice de Tiffeneau para esta relação é
empregado erradamente, pois este índice se refere à relação VEF1/CV (capacidade vital
lenta).
Do ponto de vista da definição fisiopatológica da
DPOC, a espirometria é considerada como um
exame primordial, pois nos permite assegurar a
existência de limitação do fluxo aéreo, fator
considerado como indispensável na definição de
DPOC.
A espirometria auxilia ainda na condução dos
pacientes ao permitir-nos atribuir um estadiá-los, de
acordo com a gravidade da obstrução, e seguir condutas específicas conforme tal
estadiamento.
A espirometria é o único instrumento para o diagnóstico precoce da DPOC. Nos pacientes que
apresentam sintomas iniciais e leves e que tem um nexo causal, como tabagismo ou ter
trabalhado em locais poluídos por pó ou gases, a espirometria é fundamental para o
diagnóstico.
1.2.7.2- Classificação de Gravidade da DPOC
A classificação da DPOC baseada na espirometria provou ser útil para inferir o estado de
saúde do doente, a utilização de recursos de cuidados de saúde, o risco de exacerbações e o
prognóstico da doença.
As alterações patológicas pulmonares conduzem a
alterações fisiológicas que são características da
DPOC, como hipersecreção de muco, disfunção ciliar,
limitação do débito aéreo, hiperinsuflação pulmonar,
anomalias das trocas gasosas, hipertensão pulmonar e
25
cor pulmonale. As alterações referidas desenvolvem-se, geralmente, por ordem no processo
de evolução da doença. Ou seja, a gravidade da DPOC é classificada em quatro estádios
(Anexo A):
 Estadio 0: Risco de DPOC
o Caracteriza-se por tosse crónica e produção de expetoração, em indivíduos
expostos à inalação de partículas ou gases nocivos. A função pulmonar,
avaliada através de espirometria, é normal.
 Estadio I: DPOC Ligeira
o Caracteriza-se por liitação ligeira do débito aéreo e, em regra mas nem
sempre, acompanha-se de sintomas. A espirometria revela uma relação
FEV1/FVC <70% e um FEV1 ≥ a 80% do predito.
 Estadio II: DPOC Moderada
o Caracteriza-se por agravamento da limitação ventilatória e, geralmente, por
progressão de sintomas, desenvolvendo-se dispneia em situação de esforço.
A espirometria revela uma relação FEV1/FVC < 70% e um FEV1 < 80% do
predito, mas ≥ 50%.
 Estadio III: DPOC Grave
o Caracteriza-se por uma limitação ventilatória mais grave. A repetição de
exacerbações tem impacto negativo na qualidade de vida do doente e requer
controlo apropriado, podendo colocar a vida em risco. A espirometria revela
uma relação FEV1/FVC <70% e um FEV1 <50% do predito, mas ≥ 30%.
 Estadio IV: DPOC Muito Grave
o Caracteriza-se por limitação ventilatória muito grave, frequentemente
associada a insuficiência respiratória crónica ou falência do coração direito. A
espirometria revela uma relação FEV1/FVC < 70% e umFEV1 < 30% do predito
26
ou, então, sendo maior que este valor desde que exista insuficiência
respiratória associada.
1.2.7.3- Apresentação Clínica Típica do utente com DPOC
O estereótipo do portador de DPOC é aquele indivíduo
com idade superior a 40 anos e tabagista de longa data
(fumou, em média, mais de um maço/dia por 20 anos ou
equivalente) que apresenta sintomas respiratórios
crônicos. Esses sintomas são:
Tosse: Inicialmente o paciente apresenta tosse pela manhã, que pode ser produtiva ou
não. Com o passar dos anos passa a ser produtiva e constante, sendo que na maior
parte do tempo o especto da secreção é mucoide. Eventualmente a secreção pode ser
purulenta, de pequena a moderada quantidade, com duração de vários dias,
caracterizando a exacerbação. Nesta fase inicial da doença, em que a tosse é
predominantemente pela manhã após o despertar, o paciente a rotula de “pigarro” e
não lhe dá muita importância
Dispneia: Apresenta-se inicialmente aos grandes esforços, como subir escada ou
ladeira ou andar depressa. Nessa fase, em função do sedentarismo, é comum o
paciente atribuir a sua falta a de ar “à idade”. A dispneia costuma ser progressiva e
com o passar do tempo ela pode estar presente aos esforços das atividades da vida
diária, como trocar de roupa, nas relações sexuais ou carregar uma sacola. Somente
nesta fase é que ele valoriza a falta de ar e vai ao médico, fato que contribui para o
atraso do diagnóstico da enfermidade.
Sibilância: É relatada em intensidade variável, podendo estar ausente em alguns
pacientes.
27
Em resumo, deve-se destacar que no início da doença todos os sintomas são leves e não
constantes. Nas exacerbações, existe uma intensificação dos mesmos. Pode também ocorrer
em intervalos variáveis. No entanto, com o progredir da doença os sintomas ficam mais
intensos e frequentes e as exacerbações ocorrem mais frequentemente.
1.2.7.4- Características adicionais do Utente com DPOC grave
Perda de peso e anorexia são
problemas comuns na DPOC
avançada. Eles são importantes em
relação ao prognóstico, mas podem
ser um sinal de outras doenças
(p.ex.: tuberculose, tumor
brônquico) e devem, portanto,
sempre ser investigados. A síncope
da tosse ocorre devido ao aumento
rápido da pressão intratorácica
durante ataques de tosse. Acessos de tosse podem também causar fraturas de costela que, às
vezes, são assintomáticas. Inchaço no tornozelo pode ser o único sinal sintomático do
desenvolvimento de cor pulmonale. Finalmente, morbidade psiquiátrica, especialmente
sintomas de depressão e/ou ansiedade, é comum na DPOC avançada e merece investigação
específica na história clínica.
1.2.7.5- Achados no exame físico
O exame físico do paciente com DPOC pode variar de normal, ou quase normal, a
acentuadamente alterado, dependendo da fase em que se encontra a doença. No paciente com
DPOC em estádio inicial da doença são poucas as alterações observadas no seu exame.
28
A inspeção, a palpação e a percussão são normais na grande maioria dos casos. Podem ser
observados sibilos, principalmente à expiração forçada (é importante não se esquecer deste
recurso propedêutico no exame de pacientes com doenças obstrutivas). A ausculta sem
expiração forçada pode ser completamente normal. Roncos também podem estar presentes.
Aquele exame classicamente descrito de tórax
em tonel, com redução do espaço da fúrcula à
cartilagem cricoide, com hipersonoridade à
percussão e murmúrio respiratório diminuído à
ausculta, só vai estar presente nos pacientes em
fase avançada da doença. Nas fases avançadas
da DPOC podemos observar, ainda, sinais de
cor pulmonale, ou seja, sinais de insuficiência cardíaca direita: turgência jugular,
hepatomegalia e edema de membros inferiores.
No paciente com sintomas respiratórios crônicos e com estertores crepitantes bilaterais com
predomínio em bases, pense sempre na hipótese de insuficiência cardíaca congestiva ou
doença intersticial pulmonar.
1.2.8- Tratamento da DPOC
Os objetivos do tratamento da DPOC são:
1) Evitar uma maior deterioração da função pulmonar,
2) Aliviar os sintomas,
3) Melhorar o desempenho das atividades diárias e qualidade de vida.
As estratégias de tratamento incluem:
1) Deixar de fumar.
2) Administração de terapêutica para dilatar as vias aéreas (broncodilatadores) e diminuir
a inflamação das vias aéreas.
3) A vacinação contra a gripe.
4) A suplementação de oxigênio regular.
5) Reabilitação pulmonar.
29
Um passo fundamental no tratamento da DPOC é eliminar ou reduzir ainda mais a irritação
pulmonar. Os dois agentes irritantes mais comuns que contribuem para a progressão da DPOC
são o tabagismo e os poluentes ambientais. A exposição a estes fatores de risco deve ser
reduzida ou eliminada.
Demonstrou-se que a simples
abstenção tabágica (e, em
alguns casos avançados de
DPOC, a terapia com oxigénio)
reduz a mortalidade. As
pessoas que deixam de fumar
conseguem abrandar a taxa de
declínio da função pulmonar,
mas nunca conseguem
readquirir a já perdida.
Além de se evitarem os fatores de risco conhecidos, existem disponíveis tratamentos
farmacêuticos e não farmacológicos para a DPOC e seus sintomas mais vulgares. Os
tratamentos mais comuns incluem:
1.2.8.1- Tratamentos Farmacológicos
Broncodilatadores
Os broncodilatadores são considerados a pedra angular do tratamento sintomático da DPOC.
Os grupos principais de broncodilatadores utilizados no tratamento da DPOC incluem:
 Anticolinérgicos: atuam contrariando a Ação broncoconstrictora do sistema nervoso
parassimpático, através do bloqueio dos recetores colinérgicos. Isto provoca
broncodilatação;
 Agonistas beta (Ação curta ou prolongada): atuam estimulando diretamente os
recetores beta2 no músculo liso das vias aéreas, o que leva à broncodilatação. Os
agonistas beta2 (AB) estão subdivididos em duas subcategorias baseadas na sua
duração de Ação (Acão curta - SABA - e ação prolongada - LABA);
30
 Metilxantinas: a teofilina, um dos mais antigos broncodilatadores, é o membro mais
conhecido desta classe. É mais frequentemente prescrito como parte de uma
terapêutica de combinação.
Corticosteróides
Estes fármacos anti-inflamatórios são utilizados como terapêutica de manutenção no estádio
inicial da asma. Contudo, o seu uso habitual na DPOC não é, geralmente, recomendado nas
normas de tratamento em estadios de menor gravidade da doença. Os CSI (corticosteróides
inalados) podem ajudar os doentes com DPOC grave e muito grave, que sofram de
exacerbações frequentes.
1.2.8.2- Tratamentos Não Farmacológicos
Incluem-se neste item a reabilitação respiratória (que deverá ser iniciada o mais precocemente
possível, antes da progressão para estádios mais avançados da DPOC e tem como objetivo
recuperar o doente para a máxima capacidade funcional possível), a oxigenioterapia de longa
duração (para doentes no estádio IV), a assistência ventilatória (e.g. para doentes no estádio
IV com hipercapnia crónica) e a cirurgia (e.g. cirurgia de redução de volume no enfisema,
transplante do pulmão).
Suporte ventilatório
Garantir uma oxigenação adequada é o ponto inicial do
tratamento na descompensação da DPOC. Isto deve ser
feito ainda no setor de emergência através de máscaras de
oxigênio, ventilação não invasiva com pressão positiva ou
nos casos mais graves ventilação mecânica convencional
com intubação oro traqueal.
A ventilação não invasiva (VNI) sob máscara tem-se
demonstrado eficaz, quando utilizada precocemente,
diminuindo a ventilação mecânica invasiva o que determina
31
menor incidência de complicações como pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV)
determinando impacto direto na diminuição da mortalidade nesses pacientes.
A ventilação mecânica tem como
principais objetivos: promover o
repouso muscular respiratório, diminuir
a hiperinsuflação pulmonar e melhorar a
troca gasosa com correção da acidose
respiratória quando presente.
O repouso muscular pode ser alcançado
através da utilização de modo
ventilatório assistido-controlado, acompanhado de sedação e analgesia tituladas para
supressão ou ao menos diminuição da atividade muscular respiratória, nas primeiras 24 a 48h.
Oxigenioterapia
Oxigenioterapia é um recurso comprovadamente eficaz para pacientes com doenças que
determinem hipoxemia crônica, sobretudo a DPOC avançada.
A oferta contínua de oxigênio
(idealmente> 15 horas/dia) está indicada
para os pacientes com PaO2 basal ≤ 55
mmHg. Indivíduos com policitemia,
hipertensão arterial pulmonar e
insuficiência cardíaca direita, podem e
devem ter seu limiar para indicação de
oxigênio suplementar estendido para
valores de PaO2 < 60mmHg.
Os benefícios da oxigenioterapia são maiores quanto maior o número de horas em que ela for
utilizada. Estudos demonstraram que a sobrevida de pacientes que utilizaram oxigênio por
pelo menos 18 horas/dias foi superior quando comparada aqueles que utilizaram por menos de
15 horas/dia.
32
O oxigênio suplementar parece melhorar a qualidade de vida dos indivíduos que apresentam
desaturação importante (SatO2 ≤ 88%) durante atividades. Outros pacientes possivelmente
beneficiados seriam aqueles em programa de reabilitação pulmonar e pacientes com
oxigenação basal limítrofe durante viagens aéreas.
Reabilitação Pulmonar
A reabilitação pulmonar é
definida como um programa
multidisciplinar desenvolvido
para melhorar a capacidade e
autonomia física e social de
indivíduos com doenças
respiratórias crônicas.
Uma vez que a reabilitação não
aumenta de forma significativa
os volumes e fluxos
pulmonares, os seus benefícios
sugerem a existência de fatores, além da perda de função pulmonar, envolvidos no
agravamento funcional observada nos pacientes com DPOC moderada/grave. Dentre estes
fatores podemos destacar a disfunção muscular, perda de massa óssea e muscular e baixa
capacidade cárdio pulmonar. A reabilitação pode e deve ser iniciada em qualquer fase da
doença e obrigatoriamente nos indivíduos mais graves.
Nutrição
A diminuição do peso corporal e da massa muscular é observada na
doença pulmonar obstrutiva crônica independente do grau de
obstrução.
Isto é importante uma vez que a desnutrição é um fator isolado de
aumento de mortalidade nesta população. Uma avaliação nutricional
deve ser realizada em todos os pacientes com diagnóstico de DPOC,
33
sobretudo nos casos mais graves. Esta análise inclui o cálculo do índice de massa corporal,
considerando valores normais de 21 a 25 kg/m². Perda de peso de > 10% em seis meses ou
>5% no último mês deve ser considerada relevante.
As reduções do peso e da massa muscular decorrem do balanço negativo entre ingesta e gasto
calórico e síntese e quebra proteica respetivamente. Na DPOC avançada estes processos
precisam ser revertidos ou ao menos controlados com acompanhamento nutricional
individualizado, associado à reabilitação física e em alguns casos estímulos anabólicos.
Terapias Cirúrgicas
Bulectomia
Bolhas gigantes (> 1/3 hemitórax) podem comprometer o parênquima pulmonar adjacente e
levar a dispneia com diminuição da capacidade ao exercício e piora das trocas gasosas.
Este procedimento deve ser reservado para pacientes
com sintomas importantes apesar da terapia
medicamentosa otimizada. Indivíduos com bolha
única e bem delimitada e com parênquima
relativamente normal em outras áreas também são
consideráveis elegíveis para o procedimento.
Apesar de estudos não controlados demonstrarem aumento do VEF1, CPT e capacidade ao
exercício medida pela pelo teste de caminhada de 6 minutos, apenas 50% dos doentes
parecem apresentar melhora significativa a longo prazo.
Cirurgia redutora de volume pulmonar
A técnica cirúrgica atualmente aceita na cirurgia redutora
de volume pulmonar (CRVP) consiste na ressecção de 25
a 30% das áreas mais afetadas pelo enfisema.
Ressecção bilateral geralmente é indicada por apresentar
melhores resultados em relação a sintomas (dispneia) e
34
VEF1, com taxas de complicação semelhantes à cirurgia unilateral.
Em 2003, foi publicado o National Emphysema Treatment
Trial (NETT) com o objetivo de comparar a CRVP com o
tratamento medicamentoso padrão em pacientes com DPOC
de moderado a grave. Os resultados deste trabalho
demonstraram uma mortalidade inicial (< 90 dias) cerca de
seis vezes maior no grupo cirúrgico. De certo modo esta
informação era esperada uma vez que a comparação foi feita entre terapias de diferente
natureza (clínico versus cirúrgico). No entanto, no acompanhamento de longo prazo os
indivíduos do braço cirúrgico tiveram uma mortalidade 6,6% menor em comparação ao grupo
clínico.
Pacientes com VEF1 < 20%, difusão do monóxido de
carbono (DLCO) < 20% e padrão de enfisema homogêneo
(não predominando nos lobos superiores) apresentam risco
de morte quatro vezes maior ao final de um ano. Pacientes
com estas características, portanto não devem ser
considerados candidatos para CRVP.
A decisão final pela opção de CRVP deve ser tomada em
conjunto com o paciente, salvo a presença de contraindicações, uma vez que a incidência de
morbidade e mortalidade não é desprezível. Dentre as complicações no pós-operatório
podemos destacar a fuga aérea prolongada, arritmias e pneumonias.
Transplante pulmonar
O transplante pulmonar teve sua história iniciada na década de 1960, porém com o primeiro
resultado de sucesso alcançado apenas em 1981, com um transplante coração-pulmão em um
caso de hipertensão pulmonar. Em 1989, ocorreu o primeiro transplante unilateral bem-
sucedido em paciente com DPOC, realizado por Mal e sua equipe. Desde então, a DPOC
passou a liderar a lista de indicações, perfazendo aproximadamente metade (46%) das
cirurgias realizadas entre 1995 e 2005.
35
Os candidatos a transplante pulmonar devem ter doença avançada, não responsiva a terapia
medicamentosa otimizada e contraindicação ou falha em outras abordagens cirúrgicas (p. ex.,
CRVP).
O momento certo para a indicação da operação é também alvo de dúvidas já que as possíveis
complicações são inúmeras no pós-operatório inicial e a longo prazo, exigindo dos pacientes
uma total reestruturação do estilo de vida. As contraindicações para o transplante pulmonar
podem ser dívidas em absolutas e relativas
• Absolutas: doença maligna nos últimos dois anos. Exceção para carcinoma de pele
basocelular e escamoso; disfunção orgânica extrapulmonar intratável; infeção
extrapulmonar crônica incurável (p. ex., hepatite C, HIV); deformidade grave de
coluna ou parede torácica; dependência química nos últimos 6 meses (álcool, tabaco,
drogas ilícitas); doença psiquiátrica grave; ausência de estrutura social de apoio; não
aceitação documentada de tratamento e/ou acompanhamento médico.
• Relativas: idade superior a 65 anos; doença aguda instável (p. ex., sepse); ventilação
mecânica; obesidade mórbida (IMC > 30); limitação funcional grave; infeção por
germes resistentes; osteoporose grave; doenças crônicas com baixa expectativa de
vida.
Segundo o artigo de 2006, da International Society for Heart and Lung Transplantation
(ISHLT), as taxas de sobrevida nos pacientes submetidos a transplante pulmonar em 1, 5 e 10
anos foram respetivamente de 82%, 49% e 19%. Apesar da baixa mortalidade no primeiro
ano, a sobrevida ao fim de uma década ainda é muito ruim. Imputa-se a este fato a idade
avançada da maioria dos recetores e a progressão de outras comorbidades pré-existentes.
36
Tratamento Endoscópico
O conceito de remoção de áreas hipoventiladas e não funcionantes, somado aos resultados
positivos obtidos com os modelos cirúrgicos descritos acima, fizeram com que novas técnicas
utilizando broncoscopia fossem desenvolvidas com os mesmos intuitos, porém sem o trauma
cirúrgico.
O primeiro estudo multicêntrico que avaliou a colocação de válvulas endobrônquicas em
indivíduos com DPOC avançado, com 98 pacientes, foi publicado em 2006.
Os critérios de exclusão foram:
VEF1 < 20%, PaCO2 > 55
mmHg, DLCO < 25%,
hipertensão pulmonar e infeção
respiratória em atividade. O
procedimento consiste na
implantação de uma válvula
unidirecional através de
broncoscopia flexível realizada
em centro cirúrgico e geralmente
sob anestesia geral. A escolha dos
locais para inserção das válvulas
foi feita com base na análise de
tomografias e cintilografias de
ventilação / perfusão. Alguns
centros inicialmente optaram pela
colocação de válvulas bilaterais baseando-se nos mesmos princípios da CRVP.
Após alguns relatos de pneumotórax com exclusão lobar completa, a maioria dos centros
passaram a adotar formas mais conservadoras com válvulas unilaterais.
Os resultados demonstraram uma melhora significativa do VEF1 em mais da metade dos
pacientes (55%) e acréscimo de 15% no teste de caminhada de 6 minutos em 46% dos
indivíduos. A mortalidade foi de 1% ao final de 90 dias com ocorrência de oito complicações
graves e um caso de óbito. Dentre as complicações, foram consideradas: óbito, pneumonia ou
37
empiema, hemoptise necessitando intervenção, pneumonia obstrutiva, pneumotórax com
indicação de drenagem, fuga aérea superior a sete dias e insuficiência respiratória.
Outra técnica descrita na literatura é a instilação de substâncias biocompatíveis e
biodegradáveis por via broncoscopia com colapso de áreas específicas da árvore respiratória.
Este método descrito como “redução biológica do volume pulmonar” foi descrita inicialmente
por Reilly e colaboradores em 2007.
O estudo avaliou seis pacientes com enfisema heterogêneo avançado com instilação de uma
solução a base de fibrinogênio e trombina a nível subsegmentar, com o objetivo de promover
uma resposta inflamatória local. O processo cicatricial decorrente levaria a redução do volume
pulmonar nas áreas tratadas. Todos os pacientes do estudo toleraram bem o procedimento sem
efeitos adversos maiores.
Apesar da segurança do método não foi observada melhora significativa no VEF1. Dentre os
seis pacientes selecionados, dois apresentaram melhoria com significância estatística da CVF.
Protocolos futuros com números maiores de indivíduos necessitam ser feitos para uma melhor
avaliação sobre a real eficácia do método.
1.2.9- Intervenções de Enfermagem
Vigilância e Monitorização
1. Vigiar possíveis efeitos adversos de broncodilatadores nomeadamente tremores,
taquicardia, arritmias cardíacas, estimulação do sistema nervoso central, hipertensão.
2. Vigiar a eficácia do tratamento após a administração de broncodilatadores em aerossol,
redução de ruídos adventícios, dispneia reduzido.
3. Monitorizar e vigiar a saturação de oxigênio em repouso e com a atividade.
Tratamento de suporte
1. Eliminar todos os irritantes pulmonares, particularmente o fumo de cigarro. A cessação dos
hábitos tabágicos tabagismo geralmente reduz a irritação pulmonar, produção de
expetoração e tosse.
38
2. Executar posições de drenagem postural para facilitar a eliminação das secreções
responsáveis pela obstrução das vias aéreas.
3. Ensinar tosse controlada.
4. Encorajar a ingestão de fluidos (2 a 2,5 litros por dia) dentro do nível de reserva cardíaca.
5. Executar inaloterapia com NaCl 0,9%, para umidificar árvore brônquica e liquefazer as
secreções.
6. Evitar produtos lácteos, se estes aumentos de produção de expetoração.
7. Incentivar o paciente a assumir posição confortável para diminuir a dispneia.
8. Instruir e supervisionar o paciente na realização de exercícios de reciclagem.
9. Ensinar o uso da respiração freno labial em intervalos e durante os períodos de dispneia
para controlar a frequência e profundidade da respiração e melhorar a coordenação dos
músculos respiratórios.
10. Discutir e demonstrar os exercícios de relaxamento para reduzir o stress, tensão e
ansiedade.
11. Manter o estado nutricional ótimo do paciente.
12. Enfatizar a importância do exercício físico progressivo e programas de condicionamento
físico.
13. Incentivar o uso do sistema de oxigênio portátil para a deambulação para os pacientes com
hipoxemia e deficiência acentuada.
14. Treinar o paciente na técnica de conservação de energia.
Educação e manutenção da saúde
1. Rever com o paciente os objetivos do tratamento e gestão em enfermagem.
2. Aconselhar o doente a evitar irritantes respiratórios. Sugerir que a alta eficiência do filtro
de ar de partículas pode ter algum benefício.
3. Avisar paciente a ficar de fora do clima extremamente quente ou frio e, para evitar
obstrução brônquica e obstrução agravante escarro.
4. Avisar paciente para evitar pessoas com infeções respiratórias, e para evitar as multidões e
áreas com pouca ventilação.
5. Ensinar o paciente a reconhecer e relatar evidências de infeção respiratória, tais como: dor
no peito, mudanças nas características do escarro (cor, quantidade e consistência),
dificuldade crescente na obtenção de escarro, tosse e chiado no peito aumentando,
aumento da falta de ar.
39
CAPITULO 2 – PROCESSO DE ENFERMAGEM
Entende-se que o processo de enfermagem é a base científica que dá sustentação às ações de
enfermagem, sendo considerado uma forma ordenada e sistemática do agir do enfermeiro para
identificar e resolver problemas levantados junto dos utentes.
Representa e representará, cada vez mais, à medida da sua
implantação e implementação, uma conquista para a prática
profissional. A sua implementação tem como vantagens: facilitar a
documentação de dados, subsidiar o levantamento de problemas e a
elaboração das intervenções de enfermagem de forma sistemática,
elaborar uma linguagem comum de enfermagem que facilite a
comunicação com a restante da equipa e desenvolver meios de avaliação da assistência
prestada (Aquino, 2004).
A procura de aperfeiçoamento dos cuidados de saúde
foi, gradativamente, aprimorada, vinculando-se a
estruturas conceituais para que se pudessem direcionar
as ações, organizando-se como um processo e
apresentando-se em diferentes etapas ou fases.
Esse processo deve ser dinâmico, com as fases inter-
relacionadas e interdependentes. Inicia-se sempre pela
investigação, que inclui a colheita de dados e a sua análise. Depois, é realizado o
levantamento de problemas e, então, elaborado o diagnóstico de enfermagem.
Através do diagnóstico, é efetuado o planeamento dos cuidados e implementado o plano,
analisando-se a efetividade das ações, modificando-se ou não o planeamento (Gordon, 2002,
cit. in George, 2003).
O processo de enfermagem permite-lhe organizar e prestar os cuidados de enfermagem de que
o utente necessita. Para que haja uma aplicação satisfatória do processo de enfermagem,
40
necessita de integrar elementos do pensamento crítico para fazer juízos de valor e
implementar ações racionais. O processo de enfermagem é usado para identificar, diagnosticar
e tratar reações humanas à saúde e à doença (Associação dos Enfermeiros Americanos, 1995,
cit. in George, 2003).
De acordo com Lyer, Taptich e Bernocchi-Losey
(1986, cit. in Phaneuf, 2001, p. 92), as ciências de
enfermagem baseiam-se numa enorme base teórica e
“o processo de enfermagem representa o meio de
aplicar conceitos na prática”. É um processo lógico e
deliberado, utilizado para a planificação das
intervenções de enfermagem.
O processo abarca cinco fases/etapas interligadas, visando essencialmente a planificação de
cuidados personalizados, segundo Potter e Perry (2006), apreciação inicial, diagnóstico de
enfermagem, planeamento, implementação e avaliação.
Trata-se de um processo contínuo e dinâmico, que lhe
possibilita alterar os cuidados, à medida que se alteram as
necessidades do utente. A utilização do processo de
enfermagem promove cuidados de enfermagem
individualizados e ajuda o enfermeiro a dar respostas às
necessidades do utente, de forma atempada e consciente, para
melhorar ou manter o nível de saúde do utente.
O processo de enfermagem evoluiu como ferramenta essencial e
imprescindível para o desempenho das funções diárias do enfermeiro, em
todos os locais de prestação de cuidados de saúde, facultando o
enquadramento organizacional para a avaliação inicial, diagnóstico,
planeamento, implementação e avaliação dos cuidados prestados ao doente
(Macphail, 2001). Por conseguinte, é através deste enquadramento que o
enfermeiro se socorre dos seus conhecimentos teóricos e práticos para
prestar cuidados adequados e personalizados à variedade de doentes.
A proficiência com que o enfermeiro usa o processo de enfermagem faculta a base de todos os
cuidados, que se pretendem eficientes e abrangentes em todas as áreas da prática quotidiana.
O enfermeiro tem de assimilar dados relevantes para proceder à elaboração do plano de
41
cuidados junto do doente, pelo que se torna indispensável ser especialista clínico e de
diagnóstico, a fim de poder prestar cuidados ao doente (Sheehy’s, 2001).
Para que o enfermeiro possa efetuar, de forma
adequada, o processo tem de ter
conhecimentos clínicos, técnicas psicomotoras
diversificadas, conhecimentos científicos,
criatividade e ter a capacidade de ser volátil.
Isto porque “a natureza dinâmica do processo
de enfermagem exige que o enfermeiro esteja
continuamente a par das alterações no estado do doente, bem como atento a novos indícios
que possam surgir no decurso da prestação de cuidados” (Sheehy’s, 2001, p. 9).
42
2.1- RESUMO DO CASO CLÍNICO
Identificação:
O Sr. JS, é um individuo de raça caucasiana, do sexo masculino com 79 anos de idade.
Encontra-se reformado, tendo desempenhado as funções de trabalhador agrícola, não
qualificado. Vive atualmente com uma filha e uma neta desde a morte da esposa, tendo como
estado civil viúvo. È natural e reside atualmente na Lixa
História da Doença Atual
O Sr. JS, recorreu ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa E.P.E., na
Unidade Hospitalar de Amarante, por agravamento do padrão habitual de dispneia. Apresenta
um quadro de febre desde há 4 dias com tosse produtiva. Doente presentemente sonolento e
confuso no tempo e no Espaço.
Realizada Gasometria Arterial, com FiO2 de 21%, revelando:
 Pondus hydrogenii (Ph)-7,16;
 Pressão Parcial de Dióxido de Carbono no Sangue Arterial (PaCO2) – 132 mmHg;
 Pressão Parcial de Oxigénio no Sangue Arterial (PaO2) - 56 mmHg;
 Bicarbonato (HCO3) - 47 mEq/L;
 Saturação de Oxigênio (SpO2) - 87%;
 Lactatos- 1,1mmol/L.
Perante este quadro clínico foi decidida a transferência do doente para a Unidade Hospitalar
de Penafiel.
No Serviço de Urgência da Unidade Hospitalar de Penafiel, iniciou Ventilação não Invasiva
(VNI)- Bilevel Positive Airway Pressure (BIPAP), com melhoria muito lenta das trocas
respiratórios pelo que foi decidido internamento na Unidade de Cuidados Intermédios
Polivalentes do Serviço de Urgência (UCIPSU), para otimização da terapêutica.
43
Antecedentes Pessoais
Doente de 79 anos com antecedentes de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), não
estadiada. Ex fumador, com história de Hipertensão Arterial (HTA), operado a neoplasia da
próstata e pólipos da bexiga em 1997, mantendo-se a ser seguido em vigilância no Instituto
Português de Oncologia (IPO), do Porto.
Referência a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) classe II (Limitação ligeira das
atividades físicas: assintomático em repouso mas atividades comuns causam fadiga, dispneia
ou palpitações), segundo a classificação da New York Heart Association (NYHA), (Anexo
B), com internamento em Fevereiro de 2011 na Medicina. Apresenta também, antecedentes de
Fibrilação Auricular (FA), contudo apresenta-se atualmente em Ritmo elétrico sinusal.
Medicação Crónica
 Adalat 5 - Anti-hipertensor, Bloqueador da entrada do cálcio;
 Aprovel 150 – Anti-hipertensor, modificador do eixo renina angiotensina, antagonista
dos recetores da angiotensina;
 Atrovent - Antiasmático e broncodilatador, Antagonista colinérgico;
 Brisomax 50/250 - Antiasmático e broncodilatador, Anti-inflamatório,
Glucocorticóide;
 Espironolactona 25 - Anti-hipertensor, Diurético poupador de potássio;
 Filotempo - Antiasmáticos e broncodilatadores, Xantinas;
 Lanoxin MD – Cardiotónico, Digitálico;
 Lasix - Anti-hipertensor, Diurético da ansa;
 Sinvastatina – Antidislipidémico, Estatinas;
 Spiriva - Antiasmático e broncodilatador, antagonista colinérgico
 Tromalyt - Anticoagulante e antitrombótico, Antiagregante plaquetário.
Estado à Admissão
Doente sonolento mas facilmente despertável à chamada. BIPAP configurado com: Inpiration
Positive Airway Pressure (IPAP) 26 cmH2O/ Expiration Positive Airway Pressure(EPAP) 6
44
cmH2O com fluxo de Oxigénio (FiO2) a 5 l/min. À auscultação cardíaca apresenta,
hipofonese (Redução da sonoridade dos ruídos cardíacos) dos tons cardíacos. À auscultação
pulmonar, apresenta MV globalmente diminuído com sibilos ligeiros expiratórios.
Abdómen Globoso sem dores a palpação. Sem edemas nos membros inferiores.
Pressão Arterial (PA) - 123/80 mmHg; Frequência Cardíaca (Fc)- 96 bpm; Ritmo Sinusal;
Saturações de Oxigénio (SPO2)- 90-92%; Gasometria Arterial (GSA), demonstra a existência
de um quadro clínico de Acidose respiratória.
Escala de Gravidade
Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II (APACHE II), É um sistema de
classificação da gravidade da doença. O APACHE II foi concebido para medir a gravidade da
doença em pacientes adultos internados em unidades de terapia intensiva, e só deve ser
utilizado em doentes com 15 ou mais anos de idade (Anexo C).
APACHE II pode também ser usado para descrever a morbidade de um paciente quando se
comparam os resultados com outros pacientes. Mortalidades previstas são calculadas para
grupos de pacientes, a fim de especificar a morbidade do grupo
Assim o Sr JS tem uma Mortalidade prevista de 38,9%.
O Sequential Organ Failure Assessment Score (SOFA), é usado para controlar o status de um
paciente durante o seu internamento numa unidade de terapia intensiva (Anexo D).
O SOFA é um sistema de pontuação para determinar a extensão da função de uma pessoa,
órgão ou taxa de falha. A pontuação é baseada em seis pontos diferentes: Sistema
Respiratório, Sistema Nervoso, Sistema Cardio vascular, Sistema Hepático, Sistema da
Coagulação e Sistema Renal.
As tabelas de pontuação abaixo apenas descrevem pontos de uma dada condição. Nos casos
em que os parâmetros fisiológicos não correspondem a nenhuma linha, é atribuído o valor
Zero (0). Nos casos em que os parâmetros fisiológicos correspondem a mais de uma linha, a
linha com maior número de pontos é a selecionada.
45
Sistema Respiratório
Sistema Nervoso
Sistema Cardio vascular
Sistema Hepático
Sistema de coagulação
Sistema Renal
Assim, o Sr. JS tem na escala de SOFA, o seguinte score:
 Sistema Respiratório - 2;
 Sistema Neurológico.- 1;
 Sistema Renal-1;
 Sistema Hepático- 1.
46
Lista de Problemas
 Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica agudizada por infeção respiratória com
Insuficiência respiratória tipo 2 e com acidemia.
 Insuficiência Cardíaca Congestiva, interrogada.
 Hipertensão Arterial.
Plano de Terapêutico
 Protocolo UCIPSU;
o Monitorização Continua;
 Tensão arterial;
 Frequência Cardíaca;
 Frequência Respiratória
 Saturação de Oxigénio;
 Monitorização do Ritmo Cardíaco.
o Balanço Hídrico;
o Monitorização da Glicémia Capilar;
o Vigilância do Estado de Consciência;
o Oxigenoterapia.
 Antibioterapia;
 Fluidoterapia;
 Ventilação não invasiva.
47
2.2- COLHEITA DE DADOS – AVALIAÇÃO INICIAL DE ENFERMAGEM
O processo de enfermagem começa com a avaliação inicial, que acontece logo no primeiro
contacto entre enfermeiro/doente e prossegue durante todo ao atendimento. Esta fase abrange
outras duas: em primeiro lugar, colhem-se os dados de uma fonte primária (o utente) e de
fontes secundárias (a família e profissionais de saúde); em segundo lugar, analisam-se esses
dados para a elaboração do diagnóstico de enfermagem e para a realização do plano
individual de cuidados de enfermagem (Potter e Perry, 2005).
Os registos elaborados, no momento da admissão do doente,
para além da informação sobre dados biográficos e problemas
de saúde anteriores e atuais, devem contemplar a identificação
de problemas que requerem intervenção de enfermagem, assim
como o planeamento dos cuidados a prestar (Horta, 1979).
Estes registos são realizados, habitualmente, nas chamadas
folhas de colheita de dados adaptadas e adotadas pelas
diferentes Instituições/Serviços, tendo em conta,
essencialmente, o modelo teórico de enfermagem adotado.
Partilhando da mesma opinião, Sheehy’s (2001) refere que o objetivo da avaliação inicial é a
elaboração da base de dados acerca das necessidades efetivas do utente, os problemas de
saúde e as reações que este possa ter face ao problema.
O enfermeiro, nesta fase, deverá reunir os dados em
grupos, denominados de pistas de diagnóstico, que o
orientarão para a elaboração do diagnóstico de
enfermagem adequado. No decorrer do atendimento, o
enfermeiro faz uma avaliação progressiva, visando a
confirmação da eficácia das intervenções, se estão a
surgir novos problemas ou que serão necessárias outras
intervenções. Assim, os dados da avaliação do doente voltam a ser integrados no processo de
enfermagem, tornando todo este procedimento cíclico.
Contudo, a experiência dos enfermeiros permitem-lhe reunir e processar dados com
celeridade, no momento da prestação de cuidados junto do doente (Vaz e Catita, 2001).
48
Este primeiro passo do processo de enfermagem consiste num roteiro sistematizado para o
levantamento de dados, significativos para o enfermeiro, acerca do ser humano que tornam
possível a identificação de seus problemas (Horta, 1979).
Importa também referir que se deve aplicar o pensamento crítico
àquilo que se avalia. Deve igualmente determinar-se qual o
momento certo para uma pergunta ou medição, com base nos
conhecimentos clínicos e experiências e na reação do doente.
Assim, no primeiro contacto com o utente traça-se uma primeira panorâmica da situação. Por
norma, é feito com base na situação do tratamento (Potter e Perry, 2005).
A primeira observação da situação do utente permite ao enfermeiro usar dados chave de
avaliação em resposta a prioridades, como o início da dor. É importante também que o
enfermeiro reconheça que a situação do utente pode alterar-se durante qualquer momento na
apreciação inicial. E que a recolha de dados deve ser rigorosa, relevante e adequada. Assim,
deve avaliar permanentemente e interpretar as pistas que o utente lhe possa dar (Gomes,
1996).
Neste sentido, Carvenali e Thomas (1993, cit. in Carpenitto, 2002) referem que há alturas em
que a avaliação inicial deve ser mais alargada. Assim, Carpenitto (2002) sugere duas
abordagens: uma mais lata, por exemplo, os padrões funcionais de saúde de acordo com os
seguintes padrões: padrão da perceção da saúde – gestão da saúde, padrão nutricional-
metabólico; padrão de eliminação; padrão de atividade e exercício; padrão cognitivo e
percetual; padrão de auto-perceção; padrão de papéis relacionais; padrão de sexualidade;
padrão de coping – tolerância ao stresse; padrão de valores. O modelo de apreciação inicial
segundo o padrão funcional de saúde confere uma visão holística à avaliação e possibilita uma
base de dados da qual se podem colher
muitos diagnósticos de enfermagem.
Partilhando da mesma opinião, Potter e Perry
(2005) mencionam que este modelo de
apreciação inicial é uma abordagem centrada
no problema. Uma apreciação inicial
detalhada e rigorosa permite a identificação
de diagnósticos de enfermagem exatos e a
49
elaboração de objetivos adequados, resultados e intervenções de enfermagem junto do utente.
Nesta fase, ganha muita relevância a interação enfermeiro/utente, fomentando uma relação de
confiança, que se deve estender também à família, o que ajuda a fazer-se uma apreciação
inicial eficiente e abrangente.
Partilhando da mesma opinião, Potter e Perry (2005) mencionam que este modelo de
apreciação inicial é uma abordagem centrada no problema. Uma apreciação inicial detalhada e
rigorosa permite a identificação de diagnósticos de enfermagem exatos e a elaboração de
objetivos adequados, resultados e intervenções de enfermagem junto do utente. Nesta fase,
ganha muita relevância a interação enfermeiro/utente, fomentando uma relação de confiança,
que se deve estender também à família, o que ajuda a fazer-se uma apreciação inicial eficiente
e abrangente.
Avaliação Inicial do Utente JS
Motivo de Admissão:
 DPOC agudizado por infeção respiratória.
Antecedentes:
 Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) agudizado;
 Insuficiência cardíaca Congestiva (ICC);
 Fibrilação Auricular (FA).
Respiração:
 Frequência: 27 ciclos/minutos.
 Amplitude: Normal.
 Ritmo: Regular.
 Tipo: Mista.
 Outros dados: SpO2 de 87% com BIPAP: IPAP - 18,0 cmH2O; EPAP – 8,0 cmH2O
e FiO2 de 60%;
Circulação:
 Frequência cardíaca: 97 bpm.
50
 Amplitude: Normal.
 Ritmo: Rítmico.
 Tensão arterial máxima: 105 mmHg.
 Tensão arterial mínima: 66 mmHg.
Temperatura corporal:
 Temperatura corporal: 36 ºC.
Volume de líquidos:
 Peso corporal: 65 Kg.
 Outros dados: Sem edemas.
Eliminação:
 Hábitos de elimina. Intestinal: 2/2 dias.
 Hábitos de elimina. Urinária: Sem problemas.
 Medidas adaptativas: Não utiliza.
Tegumentos:
 Dados/tegumentos: Pele integra.
Risco de úlcera de pressão:
 Presente: baixo risco.
 Score na Escala de Braden: 19.
Reparação:
 Hábitos de sono: 8 horas por noite.
 Medidas adaptativas: Não utiliza.
Atividade motora:
 Dados/Atividade Motora: Sem défices.
 Força muscular diminuída: Sem alteração.
 Movimento articular diminuído: Sem alteração.
 Fala: Sem alteração aparente.
Sensações:
 Nível de consciência (ECG): 15.
51
 Alimentos preferidos: Gosta de tudo.
 Alimentos de que não gosta: Não tem.
 Medidas adaptativas à dor: Não utiliza.
Dor:
 Presença: Ausente.
Razões para a ação:
 Dados/razões para a ação: Doente calmo, colaborante, consciente e orientado no
tempo e no espaço.
Auto cuidado:
 Hábitos de higiene: Banho geral 1 vez por semana
 Hábitos alimentares: Cerca de 5-6 refeições dia.
 Hábitos de atividade física: Não pratica.
 Hábitos de lazer: TV.
Algália/cateter urinário:
 Tipo: PVC – Folley.
 Calibre: CH - 16.
 Inserção: 13 de Maio de 2012.
Cateter venoso:
 Localização: Membro Superior Esquerdo e Membro Superior Direito.
 Calibre: 20 G.
 Inserção: 13 de Maio de 2012.
Risco de Queda:
 Presença: Baixo Risco.
 Score Escala Morse: 20.
Interação de papéis:
 Convivente significativo: Viúvo vive com uma filha (M. C. C.) e com uma neta.
 Telemóvel: 91X XXX XXX.
 Prestador de cuidados informais: Filha – 92X XXX XXX.
52
Dados Antropométricos:
 Peso (kg): 65 Kg.
 Altura (m): 1,66 m.
 IMC (score): Normal 2.
Dados Bioquímicos:
 Glicose: 172 mg/dl.
Exame Físico:
 Cabelo: Liso.
 Pele: Integra.
 Boca: Sem alterações.
 Extremidades: Sem alterações.
Estado Psico-emocional:
 Ansiedade: Ausente.
 Medo: Ausente.
 Tristeza: Ausente.
 Sem alteração aparente: Presente.
Estado Sócio-económico:
 Reformado: Presente.
 Desempregado: Ausente.
 Sem profissão: Ausente.
 Vive só: Ausente.
 Dependência: Ausente.
 Sem problema aparente: Presente.
53
2.3 – ANAMNESE – DIÁRIO MEDICO
A palavra anamnese, deriva da palavra latim “anámnesis”, que significa “recordação”, ou seja
a anamnese faz parte do exame clínico, realizado pelo médico em que se reúnem os dados
pessoais e familiares do utente, anteriores à doença atual, assim como do seu trabalho,
ambiente envolvente e condições socioeconómicas.
Nº Episódio: xxxx Data internamento: 13-Mai-2012 Episódio Prov: xxxx
Proveniência: URGENCIA - MEDICINA INTERNA UPA (URG)
Tipo Admissão:
Médico Responsável: J P T
Data Alta: 23-Mai-2012 Médico: RUI LOPES
Data Saída: 23-Mai-2012 Resultado: MELHORADO
Destino: ARS/ CENTRO DE SAUDE -
13-Mai-2012 Urgente J P T - UCIPSU UPA (INT) - Transferência
19-Mai-2012 Transferência H Q - MEDICINA INTERNA UPA (INT) ( UF2 )
54
19-Mai-2012 / 09:44 - A M
D6 internamento por:
# DPOC agudizada por infecção respiratória (acidemia na admissão)
# ICC
# HT
Sem febre ou sinais aparentes dificuldade em repouso. Sem qualquer sintomatologia álgica
E0: consciente, colaborante e orientado no T/E; discurso coerente e ajustado; AP MV globalmente
diminuído, com raros roncos e sibilos expiratórios; AC sobreponível; abdómen - mole, sem organomegalias;
m. Inferiores - sem edemas. Equimose ao nível do MSD.
TA 146/86 mmHg FC 73 bpm Sat (02 a 35 %) 89 %
GSA ( 02 35 % por VM) ph 7.47; p02 52; pC02 61; HC03 44.4; lact 0.8; sat. 89 %
Hemograma: sem anemia ou leucocitose com neutrofilia 88.1 %
Bioquímica: glucose 202 mg/dL; ureia 62 mg/dL; creatinina normal; Na e K normais; TGO normal; TGP 43
UI/L; DHL 509 UI/L; PCR 14.9 mg/L
Plano:
Suspende soro heminormal;
18-Mai-2012 / 17:03 - H Q
Reavaliação:
Doente sente-se melhorado.
55
Com VM 35% sem evidência de distress respiratório.
T. axilar: 37,1ºC
TA: 135/86 mmHG
FC: 73 ppm (sinusal)
Sat O2 (VM 35%): 92%
Débito urinário: 110 ml/h
AC: sopro audível em todo pré-cordio.
AP: sons pulmonares presentes bilateralmente; raros sibilos em ambas as bases; expiração prolongada.
Gasimetria com VM 35% pH 7,46; pCO2 64; pO2 58; sat O2 91%; HCo3 45,5; BE 21,7; lac 1,0; ca++ 1,09.
Mantém VM.
18-Mai-2012 / 12:32 - M M R
D5 INTERNAMENTO DA UCIPSU
D5 Ceftriaxone + claritromicina
# DPOC agudizada por infecção respiratória
- Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia.
# ICC
# HTA
Doente bem acordado, colaborante, orientado.
Sem queixas.
Sem agravamento da dispneia.
Corado, hidratado, anictérico.
Sem cianose.
TA 143/84 mmHg FC 80 bpm SpO2 93%
Diurese: 2660 mL/24h
BH: - 235 mL/24h
AP: MV globalmente diminuído, aumento do tempo expiratório.
AC: sopro sistólico já conhecido.
ABD: mole e depressível, indolor.
Sem edemas.
GSA (BiPAP 22/9 com O2 6L/min) pH 7,46; pCO2 64; pO2 52; SaO2 88%; HCO3 45; BE 21,7; lactatos
0,9.
GSA (O2 35%) pH 7,45; pCO2 66; pO2 51; SaO2 87%; HCO3 45; BE 21,9; lactatos 0,9.
Analiticamente: Hb 15,1; sem leucocitose, neutrofilia relativa; PLT 268 000; glicose 197; ureia 57;
creatinina 0,6; Na 143; K+ 5,0; Cl 94; cálcio 4,2; fosforo 4,6; Mg 2,3; Bil T 0,80; TGO 26; TGP 55; G-GT
18; fv alcalina 52; DHL 639; CPK 37; albumina 2,5; proteínas 5,9; PCR 25,7; mioglobina 62.
56
Plano:
Mantem-se com VM.
17-Mai-2012 / 18:06 - A R
Reavaliação:
Períodos de 1-2h sem VNI
Neste momento bem acordado, colaborante e orientado. Refere melhoria sintomática.
Com VM 35% e SEM SDR
TA 148/82 mmHg. FC 67/min. So2 89% com Fio2 0.35. DU 220/2h. T 37ºC
GSA com Fio2 0.35: pH 7.44, Pco2 61, pO2 54, So2 89, Hco3 41.4, BE 17.2, lact 1, ca 1.06
Mantem-se sem VNI, a reavaliar
17-Mai-2012 / 10:43 - A R
D4 DE INTERNAMENTO DA UCIPSU
D4 Ceftriaxone + claritromicina
# DPOC agudizada por infecção respiratória
- Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia.
# ICC
# HTA
Bem adaptado a VNI.
Vígil, colaborante e orientado. Refere melhoria da dispneia, tosse escassa, sem dor torácica. Obstipação,
sem outras queixas.
Moderadamente corado e hidratado, sem SDR.
Diurese 2490/24h. BH 513. DU 200/2h
TA 150/74 mmHg. FC 67/min. So2 92% com BIPAP. Apirético
AC sopros holossistolico audível em todo o precordio IV/VI
AP sons respiratórios + bilateralmente, diminuídos em ambas as bases pulmonares, TE lig. prolongado
Abdómen distendido, mole e depressível, sem sinais de irritação peritoneal
57
Sem edemas MI
GSA com Fio2 35%: pH 7.44, pCo2 75, pO2 56, So2 90, Hco350.9, BE 26.7, ca 1.04, lact 0.8
Analiticamente:
- Hg 14.6 g/dl
- Leuc. 9800
- PLQ 245000
- Ureia 66 mg/dl, creat. 0.8 mg/d
- Hipernatremia 148 mEq/L
- PCR 42.3 mg/L, perfil DESCENDENTE
Plano:
- Tentativa de desmame de BIPAP
- Revejo terapêutica
- Peço ecocardiograma TT
16-Mai-2012 / 19:05 - H Q
Reavaliação:
Doente consciente, discurso verbal adequado.
Sente-se melhorado.
T. axilar: 37,1 ºC
TA: 149/79 mmHG
FC: 77 ppm
Sat O2 (BIPAP): 90%
AP: sons pulmonares presentes bilateralmente, expiração prolongada.
Gasimetria com BIPAP 21/9; O2 8l/min: pH 7,44; pCo2 73; pO2 57; sat O2 90%; HCo3 49,6; Be 25,4; lac
0,9; ca++ 1,01.
Mantém BIPAP.
58
16-Mai-2012 / 11:13 - J H
D3 DE INTERNAMENTO DA UCIPSU
D3 Ceftriaxone + claritromicina
# DPOC agudizada por infecção respiratória
- Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia.
# ICC ?
# HTA
Hoje:
Subjectivamente melhor.
A fazer BPAP (I: 21/ E: 9; O2 a 8l/min) - parâmetros ajustados esta manhã.
Vígil, colaborante e orientado.
Mucosas coradas e algo desidratadas. Apirético.
FC: 80/min; TA: 141/84 mmHg
FR: 24 c/min; sem SDR; Sat.O2 - 93%
AC: S1 e S2 normais; sem sopros
AP: MV audível bilateralmente e simétrico; crepitações inspiratórias finas dispersas bilateralmente
Abdómen: algo distendido e timpanicp; sem sinais de irritação peritoneal
Sem edemas periféricos
D.U.: 100cc/2h; BH: + 385cc/24h
Análises:
- Hgb: 14.5 g/dL
- leucocitose (11.600/uL) e neutrofilia (89.5%)
- PCR: 84.9 mg/L (a descer)
- Ureia: 67 mg/dL (ligeira subida); Creat. - 0.8 mg/dL)
- hipocloremia (92 mEq/L)
- hipocalcemia total (4.1 mEq/L) com Ca++ = 1.0 mmol/L na GSA
- hipermagnesemia (2.6 mg/dL), a melhorar
- hipoproteinemia (5.9 g/dL) e hipoalbuminemia (2.5 g/dL)
GSA (BPAP 23/10; O2 a 8l/min): PH - 7.41; PaCO2 - 81 mmHg; PaO2 - 58 mmHg; HCO3: 51.3 mmol/L;
Lac - 1.0 mmol/L; Sat.O2 - 90%
Plano:
- Ajuste da terapêutica
- Repete-se GSA ao fim da tarde.
59
16-Mai-2012 / 00:43 - A R
Repito GSA com BIPAP 20/10, O2 8l/min: pH 7.38, Pco2 84, Po2 56, So2 88, Hco3 49.7, BE 24.6, lact 1.4,
ca 1
Ajustada terapêutica e parâmetros de VNI
15-Mai-2012 / 10:59 - A R
D2 DE INTERNAMENTO DA UCIPSU
D2 Ceftriaxone + claritromicina
# DPOC agudizada por infeção respiratória
- Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia.
# ICC ?
# HTA
Hoje:
Sob VNI.
Melhoria sintomática. Polipneico, sem tiragem.
TA 133/73 mmHg. FC 86/min. So2 89% com VNI. Debito urinário 140cc/2h. BH + 1920cc. Apirético
AC s1 s2 + ensurdecidos
AP sons respiratórios + bilateralmente, diminuídos em ambas as bases pulmonares, TE prolongado
Abdómen mole e depressível, sem sinais de irritação peritoneal
Edemas maleolares
GSA com BIPAP 26/9, O2 8l/min: pH 7.36, Pco2 80, po2 50, Hco3 45.2, BE 19.8, So2 83, lact 1, ca 1.01
Analiticamente:
- Hg 14.2 g/dl
- leuc. 14800
- PLQ 237000
- Ureia 63 mg/dl, creatinina 0.8 mg/dl
-PCR 191.5 mg/l, perfil descendente
Plano: revejo terapêutica
60
14-Mai-2012 / 17:26 - I G
Sob VNI , bem adaptado.
Doente bem acordado, colaborante e orientado.
Apirético; TA: 121/77 mmHg; FC: 84 cpm RS; SPO2: 92%( Em BIPAP 26/9 com fluxo de O2 a 7l/min.)
Diurese:60cc/h
AC- hipofonese tons cardíacos.
AP- MV globalmente diminuído, sem ruídos adventicos
Abdómen: Globoso sem dores a palpação.
Sem edemas membros inferiores.
14-Mai-2012 / 15:20 - I G
GSA(BIPAP 26/9 com fluxo de O2 a 7l/min): pH 7,32, pCO2 947, pO2 58,HCO3 48,9, BE 22, SatO2 87%,
Lact 0,8, Ca++ 0,98
14-Mai-2012 / 12:05 - I G
D1 DE INTERNAMENTO DA UCIPSU
# DPOC agudizada por infeção respiratória
- Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia.
# ICC ?
# HTA
Sob VNI , bem adaptado.
Doente bem acordado, colaborante e orientado.
Apirético; TA: 123/65 mmHg; FC: 96 cpm RS; SPO2: 92%( Em BIPAP 26/9 com fluxo de O2 a 7l/min.)
Diurese:700/ BH: 1162 desde entrada
AC- hipofonese tons cardíacos.
61
AP- MV globalmente diminuído, roncos dispersos, com sibilos ligeiros expiratórios.
Abdómen Globoso sem dores a palpação.
Sem edemas membros inferiores.
GSA(BIPAP 26/6 com fluxo de O2 a 5l/min): pH 7,33, pCO2 87, pO2 51,HCO3 45,9, BE 20, SatO2 83%,
Lact 1,0, Ca++ 0,97
- Hg:15,1g/dl
- Leucocitose com neutrofilia/ PCR 349 em perfil ascendente
- Ureia 84, creat 0,9 mg/dl
- Hipermagnesemia
- Função hepática normal
- INR 1,09
# Faço revisão terapêutica
# Reavaliação gasimetrica
62
2.4- PLANO DE TRABALHO
2.4.1 – Atitudes Terapêuticas
Inicio Terapêutica Dose Via Horário Termo
13/05/2012 IPRATROPIO 520 MCG +
SALBUTAMOL 3 MG
1 amp. Inalatória 4/4 Horas 19/05/2012
13/05/2012 AMINOFILINA 240 mg Intravenosa 12/12 Horas
13/05/2012 GLUCOSE 5% 2000 ml Intravenosa 84 ml/h 14/05/2012
13/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,9% 1000 ml Intravenosa 42 ml/h 14/05/2012
13/05/2012 SULFATO DE MAGNESIO 2 % 2 gr Intravenosa Nos Soros 14/05/2012
13/05/2012 CEFTRIAXONA 1 gr Intravenosa 12/12 Horas 21/05/2012
12/05/2012 CLARITROMICINA 500 mg Intravenosa 12/12 Horas 21/05/2012
13/05/2012 GLUCONATO DE CALCIO 2 gr Intravenosa Nos Soros 15/05/2012
13/05/2012 METILPREDNISOLONA
SUCCINATO
20 mg Intravenosa 8/8 Horas 16/05/2012
13/05/2012 ENOXAPARINA SODICA
SERINGA
40 mg Subcutânea 18 Horas
13/05/2012 ESOMEPRAZOL 40 mg Intravenosa 6 Horas
13/05/2012 PARACETAMOL 1 gr Intravenosa S.O.S.
13/05/2012 METAMIZOL MAGNÉSICO 2 GR Intravenosa S.O.S. 14/05/2012
13/05/2012 INSULINA ACTRAPID 2º esq. Serviço Subcutânea 6/6 Horas 14/05/2012
14/05/2012 GLUCOSE 5% E CLORETO DE 2000 ml Intravenosa 84 ml/h 15/05/2012
63
SODIO
0,9%
15/05/2012 FUROSEMIDA 20 mg Intravenosa 8/8 Horas 16/05/2012
15/05/2012 GLUCONATO DE CALCIO 3 gr Intravenosa Nos Soros 15/05/2012
15/05/2012 GLUCOSE 5% E CLORETO DE
SODIO
0,9%
1500 ml Intravenosa 63 ml/h 16/05/2012
15/05/2012 GLUCONATO DE CALCIO 3 gr Intravenosa Nos Soros 21/05/2012
16/05/2012 FUROSEMIDA 10 mg Intravenosa 8/8 Horas 17/05/2012
16/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,9% 2000 ml Intravenosa 84 ml/h 17/05/2012
16/05/2012 METILPREDNISOLONA
SUCCINATO
20 mg Intravenosa 12/12 Horas
17/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,45% 1000 ml Intravenosa 42 ml/h 17/05/2012
17/05/2012 FUROSEMIDA 10 mg Intravenosa 12/12 Horas
17/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,45% 1500 ml Intravenosa 63 ml/h 19/05/2012
17/05/2012 LACTULOSE SOL ORAL 10 mg Intrabucal 9/13/19 Horas
19/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,9% 1500 ml Intravenosa 63 ml/h 21/05/2012
19/05/2012 PRATROPIO 520 MCG +
SALBUTAMOL
3 MG
1 amp. Inalatória 6/6 Horas
19/05/2012 AC ACETILSALICILICO 100
MG
100 mg Intrabucal 13 Horas
64
2.4.2- Plano de Cuidados de Enfermagem
O Plano de Cuidados de Enfermagem, ou Processo de Enfermagem: é um método que
direciona e organiza de forma sistematizada o trabalho do enfermeiro. Ele é considerado o
instrumento e a metodologia da profissão, ajudando desta forma o enfermeiro a tomar
decisões, predizer e avaliar o cuidado, satisfazendo as necessidades das pessoas de forma
global e eficaz. (Iyer; Taptich & Bernocchi-Losey, 1993)
Para Nóbrega (1995), o processo de enfermagem pode ainda ser definido como uma atividade
intelectual pré-meditada, por meio da qual a prática de enfermagem é dirigida dentro de uma
ordem e um método sistemático.
2.4.2.1 – Diagnósticos de Enfermagem
É com base nos fenómenos de enfermagem, que o enfermeiro elabora os diagnósticos de
enfermagem, sendo estes o nome que o enfermeiro dá à decisão relativa ao fenómeno, o qual
é o foco das intervenções de enfermagem. Sendo composto pelos conceitos contidos nos eixos
da classificação de fenómenos
Assim, um diagnóstico de Enfermagem, de acordo com a CIPE®, é um “rótulo” atribuído por
um enfermeiro que toma uma decisão acerca do doente ou cliente após a avaliação
SERVIÇO UCIPSU
Processo nº: xxxxx Idade: 79 anos
Nome: JC
Cama: xxx
Data de Internamento: 13/05/2012
65
Inicio
DIAGNÓSTICOS DE
ENFERMAGEM
Termo
Data Hora Enf. Data Hora Enf.
13/05/2012 18:56 xxx Dispneia Funcional
13/05/2012 18:56 xxx Dispneia Funcional Crónica
13/05/2012 18:56 xxx Ortopneia
13/05/2012 18:56 xxx Ortopneia aguda
13/05/2012 23:33 xxx Metabolismo Energético
13/05/2012 23:33 xxx
Risco de alteração do
metabolismo energético
17/05/2012 23:43 xxx
17/05/2012 23:43 xxx
Alteração no metabolismo
energético
13/05/2012 23:34 xxx Auto Cuidado: Higiene
13/05/2012 23:34 xxx
Dependência no auto cuidado:
higiene, em grau reduzido
14/05/2012 19:36 xxx
66
14/05/2012 19:36 xxx
Dependência no auto cuidado:
higiene, em grau elevado
17/05/2012 23:44 xxx
17/05/2012 23:44 xxx
Dependência no auto cuidado:
higiene, em grau moderado
xxx
13/05/2012 23:34 xxx
Auto Cuidado: Uso do
Sanitário
13/05/2012 23:34 xxx
Dependência no auto cuidado:
uso do sanitário, em grau
reduzido
14/05/2012 19:36 xxx
14/05/2012 19:36 xxx
Dependência no auto cuidado:
uso do sanitário, em grau
elevado
15/05/2012 08:53 xxx
15/05/2012 08:53 xxx
Dependência no auto cuidado:
uso do sanitário, em grau
moderado
18/05/2012 23:39 xxx
18/05/2012 23:39 xxx
Dependência no auto cuidado:
uso do sanitário, em grau
reduzido
13/05/2012 23:34 xxx Infecção 23/05/2012 12:18 xxx
13/05/2012 23:34 xxx Risco de infeção por presença
de cateter venoso periférico +
21/05/2012 21:01 xxx
67
cateter vesical
21/05/2012 21:01 xxx
Risco de infeção por presença
de cateter venoso periférico
23/05/2012 12:18 xxx
13/05/2012 23:36 xxx Membrana Mucosa 23/05/2012 10:20 xxx
13/05/2012 23:36 xxx
Risco de alteração da
membrana mucosa
14/05/2012 19:30 xxx Alimentar-se
14/05/2012 19:30 xxx
Dependência no alimentar-se,
em grau reduzido
14/05/2012 22:47 xxx Obstipação
14/05/2012 22:47 xxx Risco de obstipação 19/05/2012 10:42 xxx
19/05/2012 10:42 xxx Obstipação 23/05/2012 10:20 xxx
23/05/2012 10:20 xxx Risco de obstipação
15/05/2012 08:53 xxx Posicionar-se 23/05/2012 10:21 xxx
68
15/05/2012 08:53 xxx
Dependência no posicionar-se,
em grau moderado
18/05/2012 23:40 xxx
18/05/2012 23:40 xxx
Dependência no posicionar-se,
em grau reduzido
23/05/2012 10:21 xxx
17/05/2012 03:41 xxx Edema
17/05/2012 03:41 xxx Edema braço bilateral
19/05/2012 15:50 xxx Queda
19/05/2012 15:50 xxx Queda algum risco de queda
21/05/2012 07:46 xxx Confusão
21/05/2012 07:46 xxx Confusão
21/05/2012 20:59 xxx Retenção Urinária 23/05/2012 12:19 xxx
21/05/2012 20:59 xxx Risco de retenção urinária 23/05/2012 12:19 xxx
69
2.4.2.2- Intervenções de Enfermagem
Intervenção de Enfermagem, define-se como a ação realizada em resposta ao diagnóstico de
enfermagem, visando a produção de resultados sensíveis aos cuidados prestados ou seja, de
modo a originar um resultado de Enfermagem.
SERVIÇO UCIPSU
Processo nº: xxxxx Idade: 79 anos
Nome: JC
Cama: xxx
Data de Internamento: 13/05/2012
Inicio INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM Termo
Data Hora Enf. Horário Data Hora Enf.
Atender
15/05/2012 08:54 xxx Assistir a pessoa no posicionamento M/T/N 23/05/2012 12:20 xxx
15/05/2012 08:54 xxx Incentivar a pessoa a posicionar-se M/T/N 23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 15:53 xxx Assistir a pessoa a alimentar-se
9/12/16/1
9/22 h
Executar
13/05/2012 19:00 xxx Baixar cama M/T/N 23/02/2012 10:22 xxx
70
13/05/2012 19:00 xxx Colocar BIPAP M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Dar banho na cama M 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Elevar a cabeceira da cama M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Elevar grades da cama M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Executar cinesiterapia respiratória SOS 23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 19:01 xxx
Executar tratamento ao local de
inserção do cateter
M 23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Lavar a boca M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Lavar o períneo M 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Massajar partes do corpo M/T/N 13/05/2012 23:41 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Posicionar a pessoa 4/4 h 13/05/2012 23:41 xxx
13/05/2012 19:01 xxx
Posicionar doente otimizando a
limpeza das vias aéreas
M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx
Posicionar doente otimizando a
respiração
M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Remover BIPAP M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Trocar catéter urinário 10/10 Dias 23/05/2012 10:22 xxx
13/05/2012 19:01 xxx Trocar cateter venoso periférico SOS
13/05/2012 23:37 xxx Remover cateter venoso periférico SOS 23/05/2012 12:20 xxx
13/05/2012 23:40 xxx Inserir cateter venoso periférico SOS 23/05/2012 12:20 xxx
71
14/05/2012 19:36 xxx Alimentar a pessoa
10/13/16/1
9 h
19/05/2012 15:54 xxx
17/05/2012 03:41 xxx Elevar os braços M/T/N
19/05/2012 15:54 xxx Dar banho no chuveiro M
21/05/2012 21:01 xxx Remover cateter urinário / algália Agora 21/05/2012 21:01 xxx
23/05/2012 10:22 xxx Baixar cama SOS 23/05/2012 12:20 xxx
Gerir
13/05/2012 18:58 xxx Aplicar creme M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 18:59 xxx Gerir a comunicação
Sem
Horário
13/05/2012 19:03 xxx
13/05/2012 18:59 xxx Gerir oxigenoterapia M/T/N
13/05/2012 18:59 xxx
Iniciar medidas de prevenção da
contaminação
Agora 13/05/2012 19:03 xxx
13/05/2012 18:59 xxx Manter grades da cama M/T/N 23/05/2012 10:22 xxx
13/05/2012 18:59 xxx
Manter medidas de prevenção de
contaminação
M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 18:59 xxx Manter repouso na cama M/T/N 213/05/2012 10:22 xxx
13/05/2012 18:59 xxx Otimizar BIPAP M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 18:59 xxx Otimizar a comunicação M/T/N xxx
72
13/05/2012 18:59 xxx Otimizar a fralda M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 18:59 xxx Otimizar cateter urinário M/T/N 21/05/2012 20:59 xxx
13/05/2012 18:59 xxx Otimizar cateter venoso periférico M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 19:00 xxx Otimizar o vestuário M/T/N 23/05/2012 10:22 xxx
13/05/2012 19:00 xxx Otimizar roupas de cama M/T/N 23/05/2012 10:22 xxx
13/05/2012 19:00 xxx Providenciar arrastadeira / urinol SOS /
13/05/2012 19:03 xxx Gerir a comunicação M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 23:39 xxx Gerir o ambiente físico
Sem
Horário
23/05/2012 12:20 xxx
13/05/2012 23:39 xxx Interromper ingestão de alimentos
Sem
Horário
14/05/2012 19:36 xxx
13/05/2012 08:54 xxx
Providenciar equipamento adaptativo
para o posicionar-se
M/T/N 23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 10:12 xxx
Aplicar trombocid no membro
superior direito
M 19/05/2012 15:53 xxx
Observar
13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar a consciência através da
escala de Comas de Glasgow
10/16/22 h 19/05/2012 15:50 xxx
13/05/2012 18:56 xxx
Monitorizar a dor através de escala de
dor
10/16/22 h 19/05/2012 15:50 xxx
73
13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar a SatO2 4/4 Horas 19/05/2012 15:50 xxx
13/05/2012 18:56 xxx
Monitorizar entrada e saída de
líquidos
2/2 Horas 19/05/2012 15:51 xxx
13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar frequência cardíaca 4/4 Horas 19/05/2012 15:51 xxx
13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar glicemia capilar 6/6 Horas 19/05/2012 15:51 xxx
13/05/2012 18:56 xxx
Monitorizar risco de queda através da
"Escala de Morse"
3/3 Dias 23/05/2012 10:21 xxx
13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar risco de úlcera de pressão
através da "escala de Braden"
2/2 Dias 23/05/2012 10:22 xxx
13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar temperatura corporal
10/16/22
Horas
19/05/2012 15:51 xxx
13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar tensão arterial 4/4 Horas 19/05/2012 15:51 xxx
13/05/2012 18:56 xxx Supervisar as atividades da pessoa
Sem
Horário
19/05/2012 15:52 xxx
13/05/2012 18:57 xxx Vigiar a Acão do doente
Sem
Horário
23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 18:58 xxx Vigiar a eliminação intestinal
Sem
Horário
13/05/2012 18:58 xxx Vigiar a respiração
Sem
Horário
13/05/2012 18:58 xxx
Vigiar membrana mucosa da cavidade
oral
Sem
Horário
23/05/2012 12:19 xxx
13/05/2012 18:58 xxx Vigiar sinais de infeção urinária 3/3 Dias 19/05/2012 15:52 xxx
74
13/05/2012 18:58 xxx
Vigiar sinais inflamatórios no local de
inserção do cateter
Sem
Horário
23/05/2012 12:19 xxx
17/05/2012 03:41 xxx Vigiar extensão do edema
Sem
Horário
23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a consciência através da
escala de Comas de Glasgow
SOS 19/05/2012 15:50 xxx
19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a consciência através da
escala de Comas de Glasgow
15/22
Horas
19/05/2012 15:50 xxx
19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a consciência através da
escala de Comas de Glasgow
Sem
Horário
23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 15:50 xxx
Monitorizar a dor através de escala de
dor
Sem
Horário
23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a SatO2
15/22
Horas
23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar frequência cardíaca
15/22
Horas
23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar glicemia capilar 6/12/18/22 23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar temperatura corporal SOS 19/05/2012 15:51 xxx
19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar temperatura corporal 6/15 Horas 23/05/2012 12:20 xxx
19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar tensão arterial
15/22
Horas
23/05/2012 12:20 xxx
21/05/2012 20:59 xxx Vigiar sinais de retenção urinária
Sem
Horário
23/05/2012 12:20 xxx
23/05/2012 10:21 xxx Monitorizar risco de queda através da SOS 23/05/2012 10:21 xxx
75
"Escala de Morse
23/05/2012 10:21 xxx
Monitorizar risco de queda através da
"Escala de Morse"
3/3 Dias 23/05/20012 12:20 xxx
23/05/2012 10:22 xxx Monitorizar risco de úlcera de pressão
através da "escala de Braden"
SOS 23/05/20012 10:22 xxx
23/05/2012 10:22 xxx Monitorizar risco de úlcera de pressão
através da "escala de Braden"
2/2 Dias 23/05/20012 12:20 xxx
23/05/2012 12:20 xxx Monitorizar glicemia capilar SOS
76
2.5 – REAVALIAÇÃO E REAJUSTE DO PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Após uma cuidada análise e reflecção sobre o plano de
cuidados de enfermagem, é notória que este, apesar de
bastante rico e completo, apresenta pequenas lacunas que
poderão colocar em causa a qualidade dos cuidados de
enfermagem prestados, nomeadamente em relação aos
cuidados diretamente direcionados ao doente com DPOC.
Esta análise vai de encontro ao discutido e proposto em reunião de serviço, pelo grupo de
formação em Abril de 2012, em que, os registos devem traduzir de forma fiel o estado clínico
do utente num determinado momento e devem ser realizados atendendo às seguintes
características:
1. Pela exceção.
2. Por antecipação.
3. Serem auto-explícitos.
4. Adequados à população a que se destinam.
5. Terem um sentido holístico e dinâmico.
6. Traduzir um verdadeiro impacto nos cuidados de saúde nas pessoas.
Devem também atender, a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE),
pois trata-se do instrumento que permite dar visibilidade à prática de enfermagem nos
sistemas de informação da saúde através de:
1. Estabelecimento de uma linguagem comum;
2. Permitirem descrever de forma fiel, os cuidados de Enfermagem;
3. Permitirem comparar dados de Enfermagem;
4. Demonstrar as tendências em Enfermagem;
5. Estimular a investigação e por fim;
6. Fornecer informações à tomada de decisão política.
Assim em forma de resumo, no âmbito do processo de enfermagem, é importante:
1. Ter uma visão holística do doente e do processo de enfermagem;
77
2. Identificar apenas os diagnósticos de enfermagem, para as quais possamos ter uma
atitude interventiva;
3. Programar as intervenções de Enfermagem com um timing adequado às mesmas;
4. Evitar o uso do timing “SOS”;
5. Consultar as vigilâncias do doente para proceder à atualização frequente (3/3 dias no
mínimo e sempre que seja necessário), do processo de Enfermagem.
Desta forma dividiu-se esta análise em três partes, iremos inicialmente analisar os
diagnósticos de enfermagem identificados e de seguida as intervenções prescritas, para esses
mesmos diagnósticos. Por fim vai-se apresentar novas as propostas de Diagnósticos de
Enfermagem e Intervenções, que julgo que irão de encontro às reais necessidades de cuidados
deste utente e assim garantir ganhos em saúde.
2.5.1- Análise dos Diagnósticos de Enfermagem
Da análise deste ponto, pode-se detetar que á primeira
vista, os diagnósticos levantados vão de encontro ao
caso clínico analisado, no entanto uma análise mais
cuidada coloca a nu, pequenos incongruências que
deverão ser corrigidos para garantir uma melhoria nos
registos das nossas atividades, e assim, garantir que o
utente receba os melhores cuidados de Enfermagem. Entre eles paço a referir:
a) Diagnósticos identificados de forma incompleta:
a. São visíveis diagnósticos com estas características, estando este facto
associado às limitações que o Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem
(SAPE), manifesta atualmente e ao não respeito, por parte dos enfermeiros do
preconizado pela CIPE de incluir um termo do EIXO de Foco e um termo do
eixo do Juízo, podendo também ser adicionados, como forma de especificação
termos dos restantes eixos.
Passo a referir o seguinte exemplo:
78
Estando este diagnóstico de enfermagem bem identificado, este apresenta-se
segundo as diretrizes da CIPE incompleto, pois não apresenta no seu status,
um termo do eixo de FOCO e um termo do eixo de JUIZO. Assim a forma
correta de identificar este diagnóstico seria: “Confusão atual”. O mesmo
acontece com outro diagnóstico como “Obstipação”.
b) Diagnósticos identificados de forma incorreta:
a. Não são visíveis diagnósticos com estas características, estando este facto
associado á utilização do Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE),
que padroniza os diagnósticos identificados, impossibilitando que estes sejam
gerados de forma errada.
b. Outra forma de classificar diagnósticos mal identificados, é através da
identificação indevida de diagnósticos que não se enquadrem no doente, ou
seja, diagnósticos de enfermagem que em determinado momento específico,
não se enquadram no estado clínico real do doente. Esta situação não foi
detetada, neste estudo de caso, o que demonstra uma preocupação entre os
Enfermeiros em identificar de forma correta os diagnósticos reais do utente.
Demonstra também uma grande experiência da parte dos elementos da equipa
de enfermagem na prestação de cuidados de enfermagem de qualidade.
c) Diagnósticos não identificados:
a. Para ir de encontro ao apresentado inicialmente e no sentido de ter uma visão
mais holística do doente e assim do processo de enfermagem, foi detetada a
ausência dos seguintes diagnósticos:
i. Risco de Hipoxia por ventilação comprometida;
ii. Trocas Gasosas Comprometidas;
Estudo de caso Frederico Brandão_dpoc_2012
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  • 2. 1 Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica Frederico Brandão Enfermeiro Especialista Reabilitação UCIPSU por
  • 3. 2 ÍNDICE INTRODUÇÃO 3 CAPÍTULO 1 – ESTUDO DE CASO 5 1.1- DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DA ESCOLHA DO ESTUDO DE CASO 6 1.2- DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA (DPOC) 8 1.2.1- ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 9 1.2.2- SINAIS E SINTOMAS DA DPOC 10 1.2.3- PRINCIPAIS FACTORES DE RISCO 11 1.2.4- FISIOPATOLOGIA 12 1.2.5- EPIDEMIOLOGIA DA DPOC NO MUNDO 12 1.2.6- EPIDEMIOLOGIA DA DPOC EM PORTUGAL 18 1.2.7- DIAGNÓSTICO DA DPOC 23 1.2.7.1- ESPIROMETRIA 23 1.2.7.2- CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DA DPOC 24 1.2.7.3- APRESENTAÇÃO CLÍNICA TIPICA DO UTENTE COM DPOC 26 1.2.7.4- CARATERISTICAS ADICIONAIS DO UTENTE COM DPOC 27 1.2.7.5- ACHADOS NO EXAME FISICO 27 1.2.8- TRATAMENTO DA DPOC 28 1.2.8.1- TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 29 1.2.8.2- TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 30 1.2.9- INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM 37 CAPÍTULO 2 – PROCESSO DE ENFER MAGEM 39 2.1- RESUMO DO CASO CLÍNICO 42 2.2- COLHEITA DE DADOS – AVALIAÇÃO INICIAL DE ENFERMAGEM 47 2.3- ANAMNESE – DIÁRIO MÉDICO 53 2.4- PLANO DE TRABALHO 62 2.4.1- ATITUDES TERAPÊUTICAS 62 2.4.2- PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM 64 2.4.2.1- DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 64 2.4.2.2- INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM 69 2.5- REAVALIAÇÃO E REAJUSTE DO PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM 76 2.5.1- ANÁLISE DOS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 77 2.5.2- ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM 80 2.5.3- SUGESTÕES DE REAJUSTE DO PROCESSO DE ENFERMAGEM 81 2.6- ANÁLISE DA EFICÁCIA DO PLANO 85 CAPÍTULO 3 - CONCLUSÃO 87 BIBLIOGRAFIA 89 ANEXOS 92 ANEXO A - CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE DA DPOC 93 ANEXO B - CLASSIFICAÇÃO DA NEW YORK HEART ASSOCIATION 95 ANEXO C - ACUTE PHYSIOLOGY AND CHRONIC HEALTH EVALUATION II 96 ANEXO D - SEQUENTIAL ORGAN FAILURE ASSESSEMENT SCORE 97 ANEXO E - ESCALA DE LONDON CHEST ACTIVITY OF DAILY LIVING 98
  • 4. 3 INTRODUÇÃO A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um estado de doença caracterizado pela limitação do fluxo aéreo (ventilação), geralmente progressiva e com reduzida reversibilidade. A sua origem está normalmente associada a uma resposta inflamatória anómala dos pulmões e à inalação de partículas ou gases nocivos. A DPOC pode incluir doenças que causam obstrução do fluxo de ar (por exemplo, bronquite, enfisema crónica) ou qualquer combinação destas desordens. Outras doenças como a fibrose cística, bronquiectasias e asma que foram anteriormente classificadas como tipos de doença pulmonar obstrutiva crônica são agora classificados como doenças crônicas pulmonares. No entanto, a asma é hoje considerada como um transtorno separado e é classificado como uma condição anormal das vias aéreas caracterizada principalmente por uma inflamação reversível. A DPOC pode coexistir com a asma. Ambas estas doenças têm os mesmos sintomas principais, no entanto, os sintomas são geralmente mais variáveis em asmáticos do que em doentes com DPOC. Atualmente a DPOC, segundo dados da Direção Geral de Saúde atinge 5,42% da população e é uma das principais causas de morbilidade crónica, responsável por uma grande perda de qualidade de vida e de mortalidade em Portugal, tendo um índice de mortalidade de 8,7 por 100.000 habitantes. As pessoas com DPOC geralmente tornam-se sintomáticas durante a idade adulta, aumentando a sua incidência à medida que a idade aumenta. Neste sentido, e na procura continua de melhores cuidados de enfermagem, este trabalho visa contribuir para aumentar os ganhos em saúde nomeadamente através da introdução de cuidados especializados com vista à diminuição da demora média de internamento na UCIPSU e dos custos que lhe estão associados, aumentar o nível de independência dos utentes com DPOC, e diminuição da morbilidade, entre outros.
  • 5. 4 A presente dissertação, após uma introdução geral do tema proposto, apresenta-se dividida em duas partes distintas. A primeira parte consiste numa conceptualização teórica acerca da temática em estudo, nomeadamente anatomia e fisiologia, fisiopatologia, sintomatologia, diagnóstico, tratamento e complicações. A segunda parte desta dissertação consiste ao estudo propriamente dito sendo composto pelo processo de enfermagem onde é abordado todo o processo de tratamento desde o seu internamento, até ao momento da alta. No final do estudo apresenta-se uma conclusão do mesmo, bibliografia e anexos.
  • 6. 5 CAPITULO 1 - ESTUDO DE CASO Os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos; e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. A clara necessidade pelos estudos de caso surge do desejo de se compreender fenômenos sociais complexos. Ou seja, o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real. “a essência de um estudo de caso é tentar esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelos quais foram tomadas, como foram implementadas e com quais resultados” (Schramm, 1971). Uma falha comum é considerar o estudo de caso como o estágio exploratório de algum outro tipo de estratégia de pesquisa e o estudo de caso em si era apenas mencionado em uma ou duas linhas do texto. O estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um método que abrange tudo – com a lógica de planeamento incorporando abordagens específicas à colheita e análise de dados. Nesse sentido, o estudo de caso não é nem uma tática para a colheita de dados nem meramente uma característica do planeamento em si, mas uma estratégia de pesquisa abrangente.
  • 7. 6 1.1– DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DA ESCOLHA DO ESTUDO DE CASO Este trabalho faz parte dos objetivos delineados pelo Enfermeiro Chefe do Serviço de Urgência /UCIPSU do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa E.P.E., para a minha avaliação de desempenho através do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação do Desempenho na Administração Pública (SIADAP). O tema escolhido “Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica”, vai de encontro a uma necessidade real do Serviço, uma vez que temos uma elevada taxa de internamento de doentes com DPOC e ao mesmo tempo permitir demonstrar a importância da existência de Enfermeiros de Reabilitação na nossa unidade, como forma de garantir ganhos em saúde adicionais, nomeadamente: • Diminuição da necessidade de recurso aos cuidados de saúde, nomeadamente aos serviços de urgência; • Diminuição do número de episódios de internamento; • Diminuição da demora média de internamento e dos custos que lhe estão associados; • Aumento do nível de independência das pessoas e das famílias; • Diminuição da incidência e prevalência de problemas de saúde associados à inatividade, como úlceras de pressão, infeções respiratórias, infeções urinárias, deformidades osteoarticulares e hipotonicidade muscular; • Diminuição do consumo de medicamentos; • Aumento da adesão ao regime terapêutico; • Diminuição da dependência funcional e social; • Diminuição da morbilidade; • Diminuição dos gastos em apoios sociais e de saúde na comunidade/domicílio. • Adequação do ambiente, habilitação, com menor dependência socioeconómica; • Otimização da reintegração do utente no seio familiar e social.
  • 8. 7 Tudo isto pode ser atingido com a criação e o desenvolvimento de programas de reabilitação, incluindo o treino pelo exercício, que melhoram entre outros, a sintomatologia, reduzem a incapacidade, melhoram a qualidade de vida e promovem a adaptação e reintegração social dos doentes. A reabilitação respiratória é uma intervenção terapêutica global e multidisciplinar podendo e devendo englobar diversos profissionais incluindo médicos (nomeadamente pneumologistas mas também fisiatras, psiquiatras, clínicos gerais), enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais no sentido de intervir na totalidade da envolvência da doença. O exercício ou treino de esforço é contudo nuclear sendo responsável pela readaptação ao esforço e estando na base da grande e crescente evidência científica dos benefícios da reabilitação. Também os programas educacionais permitem um melhor controlo da doença, podendo os mesmos modificar a história natural da mesma com menor número e/ou menos graves agudizações ou exacerbações (por exemplo reduzem os dias de hospitalização). Estes programas promovem, entre outros, a adesão e correta administração da medicação, e ensinam técnicas de controlo da ventilação, controlo da falta de ar, atividade física, relaxamento e ensinam ao doente o reconhecimento atempado dos sintomas e sinais de agravamento e o plano de ação a efetuar-se atempadamente. Em conclusão, este trabalho visa ir de encontro a um objetivo de avaliação, contudo será também um instrumento de demonstração para a importância da existência de Enfermeiros de Reabilitação na UCIPSU, como forma de garantir ganhos em Saúde para o Doente bem como ganhos económicos para a Instituição.
  • 9. 8 1.2– DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), é um estado patológico que se caracteriza por uma limitação do débito aéreo (ventilação), geralmente progressiva e com reduzida reversibilidade. A sua origem está normalmente associada a uma resposta inflamatória anómala dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos. As alterações patológicas pulmonares conduzem a alterações fisiológicas características, como a hipersecreção de muco, disfunção ciliar, limitação do débito aéreo, hiperinsuflação pulmonar, anomalias das trocas gasosas, hipertensão pulmonar e cor pulmonale. Estas alterações desenvolvem-se em função do processo de evolução da doença. Essa definição, como pode ser visto, não faz referência aos termos bronquite crônica e enfisema que eram frequentemente colocados em outras definições de DPOC. O termo bronquite crônica descreve as características clínicas da doença, enquanto enfisema descreve as características estruturais da doença, apresentando-se em graus variados em diferentes utentes e não definindo a doença com relação ao seu especto mais importante, e que traz o maior impacto na morbidade e na mortalidade, que é a obstrução do fluxo aéreo. Daí a exclusão destes termos nessa nova definição. Do ponto de vista clínico, podemos usar uma definição de DPOC como sendo uma condição pulmonar crônica, caracterizada pela presença de tosse produtiva e/ou dispneia aos esforços, geralmente progressiva, determinada na maioria das vezes pela exposição ao fumo do cigarro ou, eventualmente, a outras substâncias inaladas. No início da doença os sintomas não são constantes e geralmente são de baixa intensidade, mas a sua intensificação pode ocorrer em intervalos variáveis, principalmente nos meses frios, caracterizando as exacerbações. Com o progredir da doença os sintomas ficam mais intensos e frequentes e as exacerbações mais comuns.
  • 10. 9 1.2.1- Anatomia e Fisiologia do Sistema Respiratório O sistema respiratório é composto por todos os órgãos envolvidos no mecanismo da respiração. Estes incluem o nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. E no seu todo são responsáveis pela realização da ventilação, ou seja entrada de oxigénio (que permite garantir o normal funcionamento das células), e eliminação de dióxido de carbono (que é um subproduto da função celular), do organismo humano. Este processo decorre em duas fases destintas, a inspiração e a expiração. A inspiração corresponde à entrada do ar nos pulmões e a expiração corresponde à saída do ar dos pulmões. O nariz, faringe, laringe, traqueia e brônquios funcionam como um sistema de tubos através dos quais o ar é canalizado do exterior para os pulmões, onde pequenos sacos de ar chamados alvéolos realizam trocas gasosas com a corrente sanguínea, graças a uma rede de milhares de capilares. Desta forma o oxigénio é transferido dos pulmões para a corrente sanguínea e o inverso acontece ao dióxido de carbono permitindo a sua eliminação através da boca/nariz.
  • 11. 10 Quando este sistema apresenta alguma alteração associada por exemplo a uma infeção como uma pneumonia ou doenças pulmonares obstrutivas crónicas, torna-se mais difícil a realização da ventilação, dificultando as trocas gasosas e assim a obtenção de oxigénio e a eliminação de dióxido de carbono. Os sintomas respiratórios mais comuns incluem falta de ar, tosse e dor torácica. 1.2.2- Sinais e Sintomas da DPOC A maioria dos pacientes que desenvolvem DPOC apresenta um histórico de hábitos tabágicos prolongado, pelo menos 1 maço de cigarros por dia durante 20 anos. A doença começa normalmente a manifestar-se após os 40 anos de idade, e o primeiro sintoma percetível costuma ser tosse matinal com expetoração. Porém, um sinal que costuma passar despercebido ao paciente e aos seus familiares é o sedentarismo progressivo, isto porque devido ao cansaço e a falta de ar que os esforços começam a produzir, o paciente vai progressivamente limitando suas atividades diárias, até o ponto em que, depois de alguns anos, a doença está tão avançada que mesmo em repouso sente-se cansado e com falta de ar.
  • 12. 11 Como a DPOC está muito associada pessoas mais velhas, o cansaço e a falta de ar aos esforços são normalmente atribuídos ao envelhecimento e ao cigarro, não despertando muita atenção inicialmente. Conforme a doença progride, a tosse e a expetoração começam a ficar cada vez mais frequentes. A falta de ar tornar-se limitante. A produção de muco e a destruição dos tecidos pulmonares favorecem o aparecimento de infeções, como pneumonia. O broncoespasmo (chiado no peito) começa a ocorrer com frequência. Dependendo do tipo de DPOC predominante (bronquite crônica ou enfisema), o paciente costuma apresentar duas aparências distintas.  O enfisematoso é muito magro, desnutrido, com a caixa torácica aumentada, chamada de tórax em barril. É um doente com importante hiperinsuflação do pulmão e dificuldade para pôr o ar para fora, respirando como se estivesse sempre assoprando.  O bronquítico crônico costuma ser mais para o obeso, cianótico (tom arroxeado da pele por falta de oxigenação adequada), com tosse frequente e grande produção de catarro. 1.2.3- Principais Fatores de Risco Os fatores de risco já identificados para a DPOC têm a ver predominantemente com os hábitos tabágicos, sendo este responsável em 80 a 90% do risco de desenvolvimento de DPOC. Quanto ao sexo, idade e raça, verifica-se que a DPOC é mais prevalente no sexo masculino e em idades avançadas. A mortalidade por DPOC parece ser mais elevada na raça caucasiana. A poluição urbana poderá contribuir para o desenvolvimento de DPOC, bem como a poluição doméstica resultante de sistemas de aquecimento, entre outros. A presença de hiperatividade brônquica e o aparecimento de enfisema são também considerados como fatores de risco.
  • 13. 12 1.2.4- Fisiopatologia Na DPOC, a limitação do fluxo aéreo é progressiva e associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas ou gases nocivos. A resposta inflamatória ocorre ao longo das vias aéreas, parênquima e vasculatura pulmonar. Por causa da inflamação crônica e as tentativas do corpo para repará-lo, o estreitamento ocorre em pequenas vias aéreas periféricas. Ao longo do tempo, este processo de lesão e reparação-provoca a formação de tecido cicatricial e estreitamento do lúmen das vias aéreas. Obstrução do fluxo de ar pode também ser causada pela destruição do parênquima, como é visto com enfisema, uma doença dos alvéolos ou unidades de troca de gás. Além da inflamação, os processos relacionados com os desequilíbrios de proteinases e antiproteinases no pulmão pode ser responsável por limitação do fluxo de ar. Quando ativado por uma inflamação crônica, proteiness e outras substâncias podem ser disseminadas, danificar o parênquima do pulmão. As alterações do parênquima podem ocorrer como consequência de inflamação ou fatores ambientais ou genéticos (por exemplo, deficiência de alfa1-antitripsina). 1.2.5- Epidemiologia da DPOC no Mundo A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é uma doença largamente disseminada pelo mundo, caracterizada por uma obstrução brônquica persistente, só parcialmente reversível, com pesados custos económicos e sociais. É uma doença prevenivel, que ameaça a duração e a qualidade de vida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a doença atinja 210 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo cerca de 64 milhões casos sintomáticos (Quadro 1). A prevalência da doença é muito diferente nas diferentes regiões do mundo. No mesmo quadro mostram-se também os números da Asma, outra doença respiratória crónica, cujo quadro clínico muitas vezes se sobrepõe ao da DPOC, não havendo uma clara fronteira entre as duas entidades.
  • 14. 13 Quadro 1 – Prevalência de doenças respiratórias crónicas nas diferentes Regiões da OMS em 2004 (em milhões), (Global Burden of Disease, up-date 2004, WHO 2008). É do conhecimento geral, que o principal facto desencadeante da DPOC é o fumo de tabaco, tanto para fumadores ativos, como para os que a ele estão expostos passivamente. Há um dramático sinergismo entre DPOC e tabagismo, levando a que, quer a prevalência da doença, quer a mortalidade, estejam aumentadas nos fumadores, havendo uma relação dose dependente. Ao tabaco são atribuíveis mais de 85% dos casos de DPOC. Infelizmente, o tabagismo continua a ser altamente prevalente em muitos países, sobretudo nos de baixo e médio rendimento per capita. Existem outros fatores extrínsecos que também contribuem para o eclodir da doença. A poluição no interior das habitações é um deles, particularmente se são usados combustíveis sólidos para cozinhar e para o aquecimento. Este fator é de grande relevância, sobretudo em países de baixo rendimento per capita. Claro que a poluição exterior também é relevante, particularmente no que concerne às pequenas partículas e aos dióxidos de enxofre e de azoto, sendo as grandes fontes de produção destes poluentes o trânsito automóvel e as chaminés industriais. Igualmente, a poluição no ambiente de trabalho, quer por poeiras, quer por vapores, irritantes e fumos, pode contribuir para o aparecimento de casos de DPOC. As infeções frequentes das vias aéreas inferiores, particularmente nas crianças, são outro fator potencialmente desencadeante de DPOC, bem como fatores genéticos, tais como as deficiências da alfa um anti tripsina.
  • 15. 14 A DPOC é uma doença altamente prevalente a nível mundial, mas é também uma doença grave, condicionando graus de incapacidade relevantes e com elevada mortalidade. De facto, é responsável por 3 milhões de mortes anuais (Quadro 2), o que a coloca em 4º lugar como causa de morte, responsável por 5,1% dos óbitos no mundo. A DPOC é um pouco mais prevalente no homem do que na mulher. Assim, do total de 3.025.000 óbitos anuais, 1.620.000 ocorrem em homens (53,5%) e 1.405.000 na mulher (46,5%). Esta diferença é contudo inferior à que habitualmente se imagina, o que será em parte explicável pela subida da prevalência de tabagismo na mulher e pela maior exposição à poluição interior nas atividades domésticas (combustíveis sólidos). Como se vê no Quadro 3, há assinaláveis variações de mortalidade nos diversos países, sendo menor nos países de alto rendimento, onde é a 5ª causa de morte, responsável por 287.000 óbitos (3,4% do total), sendo 162.000 nos homens e 125.000 nas mulheres. Quadro 2 – Principais causas de morte em países de alto rendimento (Global Burden of Disease – 2004 – WHO, 2008) Quadro 3 – Causas de morte nos países de Alto Rendimento per capita
  • 16. 15 A Prevalência da DPOC na Europa, segundo o European Lung White Book (mapa em baixo) oscila entre os 2 e os 10% – diferentes tonalidades de verde. A amarelo, países dos quais não havia dados em 2003. A mortalidade, estimada pela mesma fonte (European Lung White Book, 2003) oscilava entre os mais de 75/ 100.000 (tons mais carregados), os mais de 50/100.000, os mais de 25/100.000 e os menos de 25/100.000 como Portugal, Itália, Alemanha, Escandinávia, entre outros.
  • 17. 16 No Relatório da OMS Burden of Disease, up-date 2004, publicado em 2008, o número de mortes estimadas no mundo e na Europa é relacionado com o rendimento per capita, estando os dados mais relevantes sintetizados no Quadro 4. Quadro 4 – Mortes estimadas por doenças respiratórias crónicas, na Europa e no Mundo em 2004 (OMS) A DPOC não é só uma doença com elevada mortalidade. É também uma doença que acarreta, com frequência incapacidade de grau moderado ou grave, como se pode verificar no Quadro 5, retirado da publicação da OMS Burden of Disease, up-date 2004. Quadro 5 – Grau de Incapacidade em doentes com DPOC
  • 18. 17 *10ª Causa de incapacidade a nível mundial 5ª Causa de incapacidade nos países de alto rendimento, a partir dos 60 anos 7ª Causa de incapacidade entre os 0 e os 59 anos Vemos pois que a DPOC causa frequentemente incapacidade, o que ocorre sobretudo no homem. Dados do Relatório da OMS Burden of Disease, Up-date 2004 apontam para os seguintes valores: Homem:  A DPOC é responsável por 6.9 milhões de anos (2,4% da totalidade), constituindo a 8ª causa de incapacidade.  A Asma é responsável por 6,6 milhões de anos (2,2% da totalidade), constituindo a 9ª causa de incapacidade. Mulher: Nem a DPOC, nem a Asma aparecem nas 10 principais causas de incapacidade nos Países de alto rendimento:  A DPOC é responsável por 1,8 milhões de anos de incapacidade (3,5% da totalidade, constituindo a 7ª causa de incapacidade.  A Asma é responsável por 1,8 milhões de anos (2,6% da totalidade), constituindo a 9ª causa de incapacidade.
  • 19. 18 1.2.6- Epidemiologia da DPOC em Portugal Os dados da prevalência da DPOC conhecidos têm sido publicados entre nós por João Cardoso et all e referidos em pormenor nos diversos Relatórios do ONDR, nomeadamente, o 3º e o 4º (respetivamente, de 2007 e 2008). A prevalência apontada por João Cardoso indica 5,4% , calculada a partir duma amostra de 1348 indivíduos, representativa da população portuguesa. Fica a sensação de que a doença poderá estar subvalorizada e sub-diagnosticada, sendo também relevantes as estimativas apresentadas no trabalho Carga de Doença Atribuível ao Tabagismo de Miguel Gouveia, Margarida Borges, António Vaz Carneiro et all. Essa estimativa foi calculada usando o DisModel II e os dados das estatísticas de saúde do INSA e a base de dados Pneumobil 2001, aponta para uma prevalência de 5,267 no homem e de 4,031 na mulher e encontra-se sintetizada no Quadro 6: Quadro 6 – Prevalência da DPOC em Portugal, por grupos etários
  • 20. 19 Outros indicadores do peso da DPOC em Portugal são os internamentos hospitalares, medidos através dos doentes que tiveram alta com esse diagnóstico (Bases de dados dos Grupos de Diagnóstico Homogéneo da Administração Central dos Serviços de Saúde). É uma base de dados credível que nos permite a análise da evolução da situação em Portugal. Como se vê no Quadro 7, os doentes que tiveram alta com esse diagnóstico passaram de 4.333 em 1994 par 9.143 em 2007 (+ 110%), desenhando-se uma linha tendencialmente crescente, com algumas oscilações nalguns anos. Quadro 7 – Internamentos por DPOC nos hospitais portugueses A DPOC constitui a 2ª causa de internamento por doença respiratória e a mortalidade nos doentes internados tem um valor relevante. Contudo, tem vindo a decrescer, tendo passado de 8,7% em 2002 para 7,2% em 2007 (-13,7%), o que é um indicador favorável, podendo indiciar um melhor controlo da doença.
  • 21. 20 Quadro 8 - Mortalidade nos doentes internados por DPOC A distribuição dos internamentos por DPOC por 100.000 habitantes, não é homogénea, encontrando-se maior incidência de internamentos nas Regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Norte e Centro (Quadro 9): Quadro 9 – Internamentos por DPOC por Região de Saúde Estas variações regionais estão de acordo com os dados encontrados no estudo do ONSA (Observatório Nacional de Saúde), no âmbito do Projeto GeoFases, em que foram analisadas as taxas de mortalidade e de internamento nível de concelho, no período de 2000 a 2004, no qual se notou alguma concordância na distribuição espacial das taxas relativas a internamentos e mortalidade em três distritos: Porto, Braga e Vila Real. Nos quadros seguintes, extraídos no trabalho já referido Carga de Doença em Portugal Atribuível ao Tabaco de Miguel Gouveia, Margarida Borges, António Vaz Carneir et all fica bem saliente o peso da DPOC, responsável em Portugal por 61,3% dos DALYs nas doenças relacionadas com o tabaco, num total de 74.547 DALYs.
  • 22. 21 O peso do tabaco fica também bem saliente na DPOC. De facto, desses DALYs são atribuíveis ao tabaco 89,9% dos DALYS por DPOC no homem e 63,8% na Mulher. Quanto ao custo estimado dos doentes com DPOC, atingirá os 242 milhões de euros, 197 dos quais atribuíveis ao tabaco. Quadro 10 – DALYS nas doenças relacionadas com o tabaco: a DPOC Quadro 11 – DALYS por DPOC, atribuíveis ao tabaco e potencialmente redutíveis Quadro 12 – Custos no ambulatório dos doentes com DPOC Quanto à mortalidade por DPOC em Portugal os últimos dados disponíveis referem-se a 2003 (INE, Mortality Statistics WHO) e com 2682 óbitos, colocam a DPOC como 5ª causa de mortalidade, a seguir às doenças cardio cerebrovasculares (25.941 óbitos, à diabetes (4.551 óbitos), às pneumonias (384 óbitos) e ao cancro do pulmão, traqueia e brônquios (3161 óbitos).
  • 23. 22 Este número de óbitos representa 2,5% da totalidade dos óbitos, sendo 3,2% no homem e 1,7% na mulher. Estes números sugerem que em Portugal as mulheres têm menor risco de morrer de DPOC do que noutros pontos do mundo, o que poderá ser em parte explicável por uma relativa baixa prevalência de mulheres fumadoras (dado que parece tender a modificar- se) e pelo facto da maioria das mulheres portuguesas não estar exposta a combustíveis sólidos, no ambiente doméstico. O número de óbitos anuais por DPOC cifra-se nos 25,5/ 100.000 habitantes, sendo 35,4% no homem e 16,5% na mulher. Estes dados colocam Portugal entre os países europeus com baixa mortalidade por DPOC e estão de acordo com os dados publicados no European Lung White Book, já referidos. Por fim, no Quadro 13, em que se mostra a distribuição dos óbitos por DPOC, por idades, fica bem patente que os óbitos só atingem números significativos a partir dos 60 anos de idade. Quadro 13 – Mortalidade em Portugal por DPOC em 2003 (WHO, Mortality Satistics) Em conclusão, a DPOC em Portugal é uma doença de elevada prevalência, com significativa mortalidade e morbilidade e responsável por grande número de doentes com incapacidade significativa.
  • 24. 23 1.2.7- Diagnóstico da DPOC O diagnóstico de DPOC deve ser considerado em todos os doentes que apresentem tosse ou produção de expetoração frequentes, ou dispneia, ou história de exposição a fatores de risco para a doença. O diagnóstico exige a realização de espirometria, a fim de confirmar a presença de limitação obstrutiva do fluxo aéreo. Esta limitação ventilatória não é completamente reversível após administração de um broncodilatador. Considera-se que existe obstrução brônquica e, portanto, DPOC quando após a administração de um broncodilatador a relação FEV1 (Volume Expiratório Máximo no 1º segundo) / FVC (Capacidade Vital Forçada) é menor do que 70%. Os doentes que sofrem de tosse crónica e de produção de expetoração e têm história de exposição a fatores de risco, devem ser examinados para avaliação da limitação das vias aéreas, mesmo na ausência de dispneia. A espirometria é, assim, fundamental no diagnóstico e na avaliação da DPOC, por ser o meio mais objetivo, padronizado e facilmente reprodutível de medir o grau de obstrução das vias aéreas. 1.2.7.1- Espirometria Espirometria é a medida dos volumes pulmonares. A palavra é escrita com s e não com x, porque vem do latim spirare, que significa respirar + metrum, que significa medida. Durante o exame são realizadas manobras de inspiração e expiração forçadas que são registradas pelo
  • 25. 24 espirómetro, fornecendo os valores de alguns volumes e fluxos pulmonares, entre eles o VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo), CVF (capacidade vital forçada), dos quais se calcula a relação VEF1/CVF. O uso do termo Índice de Tiffeneau para esta relação é empregado erradamente, pois este índice se refere à relação VEF1/CV (capacidade vital lenta). Do ponto de vista da definição fisiopatológica da DPOC, a espirometria é considerada como um exame primordial, pois nos permite assegurar a existência de limitação do fluxo aéreo, fator considerado como indispensável na definição de DPOC. A espirometria auxilia ainda na condução dos pacientes ao permitir-nos atribuir um estadiá-los, de acordo com a gravidade da obstrução, e seguir condutas específicas conforme tal estadiamento. A espirometria é o único instrumento para o diagnóstico precoce da DPOC. Nos pacientes que apresentam sintomas iniciais e leves e que tem um nexo causal, como tabagismo ou ter trabalhado em locais poluídos por pó ou gases, a espirometria é fundamental para o diagnóstico. 1.2.7.2- Classificação de Gravidade da DPOC A classificação da DPOC baseada na espirometria provou ser útil para inferir o estado de saúde do doente, a utilização de recursos de cuidados de saúde, o risco de exacerbações e o prognóstico da doença. As alterações patológicas pulmonares conduzem a alterações fisiológicas que são características da DPOC, como hipersecreção de muco, disfunção ciliar, limitação do débito aéreo, hiperinsuflação pulmonar, anomalias das trocas gasosas, hipertensão pulmonar e
  • 26. 25 cor pulmonale. As alterações referidas desenvolvem-se, geralmente, por ordem no processo de evolução da doença. Ou seja, a gravidade da DPOC é classificada em quatro estádios (Anexo A):  Estadio 0: Risco de DPOC o Caracteriza-se por tosse crónica e produção de expetoração, em indivíduos expostos à inalação de partículas ou gases nocivos. A função pulmonar, avaliada através de espirometria, é normal.  Estadio I: DPOC Ligeira o Caracteriza-se por liitação ligeira do débito aéreo e, em regra mas nem sempre, acompanha-se de sintomas. A espirometria revela uma relação FEV1/FVC <70% e um FEV1 ≥ a 80% do predito.  Estadio II: DPOC Moderada o Caracteriza-se por agravamento da limitação ventilatória e, geralmente, por progressão de sintomas, desenvolvendo-se dispneia em situação de esforço. A espirometria revela uma relação FEV1/FVC < 70% e um FEV1 < 80% do predito, mas ≥ 50%.  Estadio III: DPOC Grave o Caracteriza-se por uma limitação ventilatória mais grave. A repetição de exacerbações tem impacto negativo na qualidade de vida do doente e requer controlo apropriado, podendo colocar a vida em risco. A espirometria revela uma relação FEV1/FVC <70% e um FEV1 <50% do predito, mas ≥ 30%.  Estadio IV: DPOC Muito Grave o Caracteriza-se por limitação ventilatória muito grave, frequentemente associada a insuficiência respiratória crónica ou falência do coração direito. A espirometria revela uma relação FEV1/FVC < 70% e umFEV1 < 30% do predito
  • 27. 26 ou, então, sendo maior que este valor desde que exista insuficiência respiratória associada. 1.2.7.3- Apresentação Clínica Típica do utente com DPOC O estereótipo do portador de DPOC é aquele indivíduo com idade superior a 40 anos e tabagista de longa data (fumou, em média, mais de um maço/dia por 20 anos ou equivalente) que apresenta sintomas respiratórios crônicos. Esses sintomas são: Tosse: Inicialmente o paciente apresenta tosse pela manhã, que pode ser produtiva ou não. Com o passar dos anos passa a ser produtiva e constante, sendo que na maior parte do tempo o especto da secreção é mucoide. Eventualmente a secreção pode ser purulenta, de pequena a moderada quantidade, com duração de vários dias, caracterizando a exacerbação. Nesta fase inicial da doença, em que a tosse é predominantemente pela manhã após o despertar, o paciente a rotula de “pigarro” e não lhe dá muita importância Dispneia: Apresenta-se inicialmente aos grandes esforços, como subir escada ou ladeira ou andar depressa. Nessa fase, em função do sedentarismo, é comum o paciente atribuir a sua falta a de ar “à idade”. A dispneia costuma ser progressiva e com o passar do tempo ela pode estar presente aos esforços das atividades da vida diária, como trocar de roupa, nas relações sexuais ou carregar uma sacola. Somente nesta fase é que ele valoriza a falta de ar e vai ao médico, fato que contribui para o atraso do diagnóstico da enfermidade. Sibilância: É relatada em intensidade variável, podendo estar ausente em alguns pacientes.
  • 28. 27 Em resumo, deve-se destacar que no início da doença todos os sintomas são leves e não constantes. Nas exacerbações, existe uma intensificação dos mesmos. Pode também ocorrer em intervalos variáveis. No entanto, com o progredir da doença os sintomas ficam mais intensos e frequentes e as exacerbações ocorrem mais frequentemente. 1.2.7.4- Características adicionais do Utente com DPOC grave Perda de peso e anorexia são problemas comuns na DPOC avançada. Eles são importantes em relação ao prognóstico, mas podem ser um sinal de outras doenças (p.ex.: tuberculose, tumor brônquico) e devem, portanto, sempre ser investigados. A síncope da tosse ocorre devido ao aumento rápido da pressão intratorácica durante ataques de tosse. Acessos de tosse podem também causar fraturas de costela que, às vezes, são assintomáticas. Inchaço no tornozelo pode ser o único sinal sintomático do desenvolvimento de cor pulmonale. Finalmente, morbidade psiquiátrica, especialmente sintomas de depressão e/ou ansiedade, é comum na DPOC avançada e merece investigação específica na história clínica. 1.2.7.5- Achados no exame físico O exame físico do paciente com DPOC pode variar de normal, ou quase normal, a acentuadamente alterado, dependendo da fase em que se encontra a doença. No paciente com DPOC em estádio inicial da doença são poucas as alterações observadas no seu exame.
  • 29. 28 A inspeção, a palpação e a percussão são normais na grande maioria dos casos. Podem ser observados sibilos, principalmente à expiração forçada (é importante não se esquecer deste recurso propedêutico no exame de pacientes com doenças obstrutivas). A ausculta sem expiração forçada pode ser completamente normal. Roncos também podem estar presentes. Aquele exame classicamente descrito de tórax em tonel, com redução do espaço da fúrcula à cartilagem cricoide, com hipersonoridade à percussão e murmúrio respiratório diminuído à ausculta, só vai estar presente nos pacientes em fase avançada da doença. Nas fases avançadas da DPOC podemos observar, ainda, sinais de cor pulmonale, ou seja, sinais de insuficiência cardíaca direita: turgência jugular, hepatomegalia e edema de membros inferiores. No paciente com sintomas respiratórios crônicos e com estertores crepitantes bilaterais com predomínio em bases, pense sempre na hipótese de insuficiência cardíaca congestiva ou doença intersticial pulmonar. 1.2.8- Tratamento da DPOC Os objetivos do tratamento da DPOC são: 1) Evitar uma maior deterioração da função pulmonar, 2) Aliviar os sintomas, 3) Melhorar o desempenho das atividades diárias e qualidade de vida. As estratégias de tratamento incluem: 1) Deixar de fumar. 2) Administração de terapêutica para dilatar as vias aéreas (broncodilatadores) e diminuir a inflamação das vias aéreas. 3) A vacinação contra a gripe. 4) A suplementação de oxigênio regular. 5) Reabilitação pulmonar.
  • 30. 29 Um passo fundamental no tratamento da DPOC é eliminar ou reduzir ainda mais a irritação pulmonar. Os dois agentes irritantes mais comuns que contribuem para a progressão da DPOC são o tabagismo e os poluentes ambientais. A exposição a estes fatores de risco deve ser reduzida ou eliminada. Demonstrou-se que a simples abstenção tabágica (e, em alguns casos avançados de DPOC, a terapia com oxigénio) reduz a mortalidade. As pessoas que deixam de fumar conseguem abrandar a taxa de declínio da função pulmonar, mas nunca conseguem readquirir a já perdida. Além de se evitarem os fatores de risco conhecidos, existem disponíveis tratamentos farmacêuticos e não farmacológicos para a DPOC e seus sintomas mais vulgares. Os tratamentos mais comuns incluem: 1.2.8.1- Tratamentos Farmacológicos Broncodilatadores Os broncodilatadores são considerados a pedra angular do tratamento sintomático da DPOC. Os grupos principais de broncodilatadores utilizados no tratamento da DPOC incluem:  Anticolinérgicos: atuam contrariando a Ação broncoconstrictora do sistema nervoso parassimpático, através do bloqueio dos recetores colinérgicos. Isto provoca broncodilatação;  Agonistas beta (Ação curta ou prolongada): atuam estimulando diretamente os recetores beta2 no músculo liso das vias aéreas, o que leva à broncodilatação. Os agonistas beta2 (AB) estão subdivididos em duas subcategorias baseadas na sua duração de Ação (Acão curta - SABA - e ação prolongada - LABA);
  • 31. 30  Metilxantinas: a teofilina, um dos mais antigos broncodilatadores, é o membro mais conhecido desta classe. É mais frequentemente prescrito como parte de uma terapêutica de combinação. Corticosteróides Estes fármacos anti-inflamatórios são utilizados como terapêutica de manutenção no estádio inicial da asma. Contudo, o seu uso habitual na DPOC não é, geralmente, recomendado nas normas de tratamento em estadios de menor gravidade da doença. Os CSI (corticosteróides inalados) podem ajudar os doentes com DPOC grave e muito grave, que sofram de exacerbações frequentes. 1.2.8.2- Tratamentos Não Farmacológicos Incluem-se neste item a reabilitação respiratória (que deverá ser iniciada o mais precocemente possível, antes da progressão para estádios mais avançados da DPOC e tem como objetivo recuperar o doente para a máxima capacidade funcional possível), a oxigenioterapia de longa duração (para doentes no estádio IV), a assistência ventilatória (e.g. para doentes no estádio IV com hipercapnia crónica) e a cirurgia (e.g. cirurgia de redução de volume no enfisema, transplante do pulmão). Suporte ventilatório Garantir uma oxigenação adequada é o ponto inicial do tratamento na descompensação da DPOC. Isto deve ser feito ainda no setor de emergência através de máscaras de oxigênio, ventilação não invasiva com pressão positiva ou nos casos mais graves ventilação mecânica convencional com intubação oro traqueal. A ventilação não invasiva (VNI) sob máscara tem-se demonstrado eficaz, quando utilizada precocemente, diminuindo a ventilação mecânica invasiva o que determina
  • 32. 31 menor incidência de complicações como pneumonia associada a ventilação mecânica (PAV) determinando impacto direto na diminuição da mortalidade nesses pacientes. A ventilação mecânica tem como principais objetivos: promover o repouso muscular respiratório, diminuir a hiperinsuflação pulmonar e melhorar a troca gasosa com correção da acidose respiratória quando presente. O repouso muscular pode ser alcançado através da utilização de modo ventilatório assistido-controlado, acompanhado de sedação e analgesia tituladas para supressão ou ao menos diminuição da atividade muscular respiratória, nas primeiras 24 a 48h. Oxigenioterapia Oxigenioterapia é um recurso comprovadamente eficaz para pacientes com doenças que determinem hipoxemia crônica, sobretudo a DPOC avançada. A oferta contínua de oxigênio (idealmente> 15 horas/dia) está indicada para os pacientes com PaO2 basal ≤ 55 mmHg. Indivíduos com policitemia, hipertensão arterial pulmonar e insuficiência cardíaca direita, podem e devem ter seu limiar para indicação de oxigênio suplementar estendido para valores de PaO2 < 60mmHg. Os benefícios da oxigenioterapia são maiores quanto maior o número de horas em que ela for utilizada. Estudos demonstraram que a sobrevida de pacientes que utilizaram oxigênio por pelo menos 18 horas/dias foi superior quando comparada aqueles que utilizaram por menos de 15 horas/dia.
  • 33. 32 O oxigênio suplementar parece melhorar a qualidade de vida dos indivíduos que apresentam desaturação importante (SatO2 ≤ 88%) durante atividades. Outros pacientes possivelmente beneficiados seriam aqueles em programa de reabilitação pulmonar e pacientes com oxigenação basal limítrofe durante viagens aéreas. Reabilitação Pulmonar A reabilitação pulmonar é definida como um programa multidisciplinar desenvolvido para melhorar a capacidade e autonomia física e social de indivíduos com doenças respiratórias crônicas. Uma vez que a reabilitação não aumenta de forma significativa os volumes e fluxos pulmonares, os seus benefícios sugerem a existência de fatores, além da perda de função pulmonar, envolvidos no agravamento funcional observada nos pacientes com DPOC moderada/grave. Dentre estes fatores podemos destacar a disfunção muscular, perda de massa óssea e muscular e baixa capacidade cárdio pulmonar. A reabilitação pode e deve ser iniciada em qualquer fase da doença e obrigatoriamente nos indivíduos mais graves. Nutrição A diminuição do peso corporal e da massa muscular é observada na doença pulmonar obstrutiva crônica independente do grau de obstrução. Isto é importante uma vez que a desnutrição é um fator isolado de aumento de mortalidade nesta população. Uma avaliação nutricional deve ser realizada em todos os pacientes com diagnóstico de DPOC,
  • 34. 33 sobretudo nos casos mais graves. Esta análise inclui o cálculo do índice de massa corporal, considerando valores normais de 21 a 25 kg/m². Perda de peso de > 10% em seis meses ou >5% no último mês deve ser considerada relevante. As reduções do peso e da massa muscular decorrem do balanço negativo entre ingesta e gasto calórico e síntese e quebra proteica respetivamente. Na DPOC avançada estes processos precisam ser revertidos ou ao menos controlados com acompanhamento nutricional individualizado, associado à reabilitação física e em alguns casos estímulos anabólicos. Terapias Cirúrgicas Bulectomia Bolhas gigantes (> 1/3 hemitórax) podem comprometer o parênquima pulmonar adjacente e levar a dispneia com diminuição da capacidade ao exercício e piora das trocas gasosas. Este procedimento deve ser reservado para pacientes com sintomas importantes apesar da terapia medicamentosa otimizada. Indivíduos com bolha única e bem delimitada e com parênquima relativamente normal em outras áreas também são consideráveis elegíveis para o procedimento. Apesar de estudos não controlados demonstrarem aumento do VEF1, CPT e capacidade ao exercício medida pela pelo teste de caminhada de 6 minutos, apenas 50% dos doentes parecem apresentar melhora significativa a longo prazo. Cirurgia redutora de volume pulmonar A técnica cirúrgica atualmente aceita na cirurgia redutora de volume pulmonar (CRVP) consiste na ressecção de 25 a 30% das áreas mais afetadas pelo enfisema. Ressecção bilateral geralmente é indicada por apresentar melhores resultados em relação a sintomas (dispneia) e
  • 35. 34 VEF1, com taxas de complicação semelhantes à cirurgia unilateral. Em 2003, foi publicado o National Emphysema Treatment Trial (NETT) com o objetivo de comparar a CRVP com o tratamento medicamentoso padrão em pacientes com DPOC de moderado a grave. Os resultados deste trabalho demonstraram uma mortalidade inicial (< 90 dias) cerca de seis vezes maior no grupo cirúrgico. De certo modo esta informação era esperada uma vez que a comparação foi feita entre terapias de diferente natureza (clínico versus cirúrgico). No entanto, no acompanhamento de longo prazo os indivíduos do braço cirúrgico tiveram uma mortalidade 6,6% menor em comparação ao grupo clínico. Pacientes com VEF1 < 20%, difusão do monóxido de carbono (DLCO) < 20% e padrão de enfisema homogêneo (não predominando nos lobos superiores) apresentam risco de morte quatro vezes maior ao final de um ano. Pacientes com estas características, portanto não devem ser considerados candidatos para CRVP. A decisão final pela opção de CRVP deve ser tomada em conjunto com o paciente, salvo a presença de contraindicações, uma vez que a incidência de morbidade e mortalidade não é desprezível. Dentre as complicações no pós-operatório podemos destacar a fuga aérea prolongada, arritmias e pneumonias. Transplante pulmonar O transplante pulmonar teve sua história iniciada na década de 1960, porém com o primeiro resultado de sucesso alcançado apenas em 1981, com um transplante coração-pulmão em um caso de hipertensão pulmonar. Em 1989, ocorreu o primeiro transplante unilateral bem- sucedido em paciente com DPOC, realizado por Mal e sua equipe. Desde então, a DPOC passou a liderar a lista de indicações, perfazendo aproximadamente metade (46%) das cirurgias realizadas entre 1995 e 2005.
  • 36. 35 Os candidatos a transplante pulmonar devem ter doença avançada, não responsiva a terapia medicamentosa otimizada e contraindicação ou falha em outras abordagens cirúrgicas (p. ex., CRVP). O momento certo para a indicação da operação é também alvo de dúvidas já que as possíveis complicações são inúmeras no pós-operatório inicial e a longo prazo, exigindo dos pacientes uma total reestruturação do estilo de vida. As contraindicações para o transplante pulmonar podem ser dívidas em absolutas e relativas • Absolutas: doença maligna nos últimos dois anos. Exceção para carcinoma de pele basocelular e escamoso; disfunção orgânica extrapulmonar intratável; infeção extrapulmonar crônica incurável (p. ex., hepatite C, HIV); deformidade grave de coluna ou parede torácica; dependência química nos últimos 6 meses (álcool, tabaco, drogas ilícitas); doença psiquiátrica grave; ausência de estrutura social de apoio; não aceitação documentada de tratamento e/ou acompanhamento médico. • Relativas: idade superior a 65 anos; doença aguda instável (p. ex., sepse); ventilação mecânica; obesidade mórbida (IMC > 30); limitação funcional grave; infeção por germes resistentes; osteoporose grave; doenças crônicas com baixa expectativa de vida. Segundo o artigo de 2006, da International Society for Heart and Lung Transplantation (ISHLT), as taxas de sobrevida nos pacientes submetidos a transplante pulmonar em 1, 5 e 10 anos foram respetivamente de 82%, 49% e 19%. Apesar da baixa mortalidade no primeiro ano, a sobrevida ao fim de uma década ainda é muito ruim. Imputa-se a este fato a idade avançada da maioria dos recetores e a progressão de outras comorbidades pré-existentes.
  • 37. 36 Tratamento Endoscópico O conceito de remoção de áreas hipoventiladas e não funcionantes, somado aos resultados positivos obtidos com os modelos cirúrgicos descritos acima, fizeram com que novas técnicas utilizando broncoscopia fossem desenvolvidas com os mesmos intuitos, porém sem o trauma cirúrgico. O primeiro estudo multicêntrico que avaliou a colocação de válvulas endobrônquicas em indivíduos com DPOC avançado, com 98 pacientes, foi publicado em 2006. Os critérios de exclusão foram: VEF1 < 20%, PaCO2 > 55 mmHg, DLCO < 25%, hipertensão pulmonar e infeção respiratória em atividade. O procedimento consiste na implantação de uma válvula unidirecional através de broncoscopia flexível realizada em centro cirúrgico e geralmente sob anestesia geral. A escolha dos locais para inserção das válvulas foi feita com base na análise de tomografias e cintilografias de ventilação / perfusão. Alguns centros inicialmente optaram pela colocação de válvulas bilaterais baseando-se nos mesmos princípios da CRVP. Após alguns relatos de pneumotórax com exclusão lobar completa, a maioria dos centros passaram a adotar formas mais conservadoras com válvulas unilaterais. Os resultados demonstraram uma melhora significativa do VEF1 em mais da metade dos pacientes (55%) e acréscimo de 15% no teste de caminhada de 6 minutos em 46% dos indivíduos. A mortalidade foi de 1% ao final de 90 dias com ocorrência de oito complicações graves e um caso de óbito. Dentre as complicações, foram consideradas: óbito, pneumonia ou
  • 38. 37 empiema, hemoptise necessitando intervenção, pneumonia obstrutiva, pneumotórax com indicação de drenagem, fuga aérea superior a sete dias e insuficiência respiratória. Outra técnica descrita na literatura é a instilação de substâncias biocompatíveis e biodegradáveis por via broncoscopia com colapso de áreas específicas da árvore respiratória. Este método descrito como “redução biológica do volume pulmonar” foi descrita inicialmente por Reilly e colaboradores em 2007. O estudo avaliou seis pacientes com enfisema heterogêneo avançado com instilação de uma solução a base de fibrinogênio e trombina a nível subsegmentar, com o objetivo de promover uma resposta inflamatória local. O processo cicatricial decorrente levaria a redução do volume pulmonar nas áreas tratadas. Todos os pacientes do estudo toleraram bem o procedimento sem efeitos adversos maiores. Apesar da segurança do método não foi observada melhora significativa no VEF1. Dentre os seis pacientes selecionados, dois apresentaram melhoria com significância estatística da CVF. Protocolos futuros com números maiores de indivíduos necessitam ser feitos para uma melhor avaliação sobre a real eficácia do método. 1.2.9- Intervenções de Enfermagem Vigilância e Monitorização 1. Vigiar possíveis efeitos adversos de broncodilatadores nomeadamente tremores, taquicardia, arritmias cardíacas, estimulação do sistema nervoso central, hipertensão. 2. Vigiar a eficácia do tratamento após a administração de broncodilatadores em aerossol, redução de ruídos adventícios, dispneia reduzido. 3. Monitorizar e vigiar a saturação de oxigênio em repouso e com a atividade. Tratamento de suporte 1. Eliminar todos os irritantes pulmonares, particularmente o fumo de cigarro. A cessação dos hábitos tabágicos tabagismo geralmente reduz a irritação pulmonar, produção de expetoração e tosse.
  • 39. 38 2. Executar posições de drenagem postural para facilitar a eliminação das secreções responsáveis pela obstrução das vias aéreas. 3. Ensinar tosse controlada. 4. Encorajar a ingestão de fluidos (2 a 2,5 litros por dia) dentro do nível de reserva cardíaca. 5. Executar inaloterapia com NaCl 0,9%, para umidificar árvore brônquica e liquefazer as secreções. 6. Evitar produtos lácteos, se estes aumentos de produção de expetoração. 7. Incentivar o paciente a assumir posição confortável para diminuir a dispneia. 8. Instruir e supervisionar o paciente na realização de exercícios de reciclagem. 9. Ensinar o uso da respiração freno labial em intervalos e durante os períodos de dispneia para controlar a frequência e profundidade da respiração e melhorar a coordenação dos músculos respiratórios. 10. Discutir e demonstrar os exercícios de relaxamento para reduzir o stress, tensão e ansiedade. 11. Manter o estado nutricional ótimo do paciente. 12. Enfatizar a importância do exercício físico progressivo e programas de condicionamento físico. 13. Incentivar o uso do sistema de oxigênio portátil para a deambulação para os pacientes com hipoxemia e deficiência acentuada. 14. Treinar o paciente na técnica de conservação de energia. Educação e manutenção da saúde 1. Rever com o paciente os objetivos do tratamento e gestão em enfermagem. 2. Aconselhar o doente a evitar irritantes respiratórios. Sugerir que a alta eficiência do filtro de ar de partículas pode ter algum benefício. 3. Avisar paciente a ficar de fora do clima extremamente quente ou frio e, para evitar obstrução brônquica e obstrução agravante escarro. 4. Avisar paciente para evitar pessoas com infeções respiratórias, e para evitar as multidões e áreas com pouca ventilação. 5. Ensinar o paciente a reconhecer e relatar evidências de infeção respiratória, tais como: dor no peito, mudanças nas características do escarro (cor, quantidade e consistência), dificuldade crescente na obtenção de escarro, tosse e chiado no peito aumentando, aumento da falta de ar.
  • 40. 39 CAPITULO 2 – PROCESSO DE ENFERMAGEM Entende-se que o processo de enfermagem é a base científica que dá sustentação às ações de enfermagem, sendo considerado uma forma ordenada e sistemática do agir do enfermeiro para identificar e resolver problemas levantados junto dos utentes. Representa e representará, cada vez mais, à medida da sua implantação e implementação, uma conquista para a prática profissional. A sua implementação tem como vantagens: facilitar a documentação de dados, subsidiar o levantamento de problemas e a elaboração das intervenções de enfermagem de forma sistemática, elaborar uma linguagem comum de enfermagem que facilite a comunicação com a restante da equipa e desenvolver meios de avaliação da assistência prestada (Aquino, 2004). A procura de aperfeiçoamento dos cuidados de saúde foi, gradativamente, aprimorada, vinculando-se a estruturas conceituais para que se pudessem direcionar as ações, organizando-se como um processo e apresentando-se em diferentes etapas ou fases. Esse processo deve ser dinâmico, com as fases inter- relacionadas e interdependentes. Inicia-se sempre pela investigação, que inclui a colheita de dados e a sua análise. Depois, é realizado o levantamento de problemas e, então, elaborado o diagnóstico de enfermagem. Através do diagnóstico, é efetuado o planeamento dos cuidados e implementado o plano, analisando-se a efetividade das ações, modificando-se ou não o planeamento (Gordon, 2002, cit. in George, 2003). O processo de enfermagem permite-lhe organizar e prestar os cuidados de enfermagem de que o utente necessita. Para que haja uma aplicação satisfatória do processo de enfermagem,
  • 41. 40 necessita de integrar elementos do pensamento crítico para fazer juízos de valor e implementar ações racionais. O processo de enfermagem é usado para identificar, diagnosticar e tratar reações humanas à saúde e à doença (Associação dos Enfermeiros Americanos, 1995, cit. in George, 2003). De acordo com Lyer, Taptich e Bernocchi-Losey (1986, cit. in Phaneuf, 2001, p. 92), as ciências de enfermagem baseiam-se numa enorme base teórica e “o processo de enfermagem representa o meio de aplicar conceitos na prática”. É um processo lógico e deliberado, utilizado para a planificação das intervenções de enfermagem. O processo abarca cinco fases/etapas interligadas, visando essencialmente a planificação de cuidados personalizados, segundo Potter e Perry (2006), apreciação inicial, diagnóstico de enfermagem, planeamento, implementação e avaliação. Trata-se de um processo contínuo e dinâmico, que lhe possibilita alterar os cuidados, à medida que se alteram as necessidades do utente. A utilização do processo de enfermagem promove cuidados de enfermagem individualizados e ajuda o enfermeiro a dar respostas às necessidades do utente, de forma atempada e consciente, para melhorar ou manter o nível de saúde do utente. O processo de enfermagem evoluiu como ferramenta essencial e imprescindível para o desempenho das funções diárias do enfermeiro, em todos os locais de prestação de cuidados de saúde, facultando o enquadramento organizacional para a avaliação inicial, diagnóstico, planeamento, implementação e avaliação dos cuidados prestados ao doente (Macphail, 2001). Por conseguinte, é através deste enquadramento que o enfermeiro se socorre dos seus conhecimentos teóricos e práticos para prestar cuidados adequados e personalizados à variedade de doentes. A proficiência com que o enfermeiro usa o processo de enfermagem faculta a base de todos os cuidados, que se pretendem eficientes e abrangentes em todas as áreas da prática quotidiana. O enfermeiro tem de assimilar dados relevantes para proceder à elaboração do plano de
  • 42. 41 cuidados junto do doente, pelo que se torna indispensável ser especialista clínico e de diagnóstico, a fim de poder prestar cuidados ao doente (Sheehy’s, 2001). Para que o enfermeiro possa efetuar, de forma adequada, o processo tem de ter conhecimentos clínicos, técnicas psicomotoras diversificadas, conhecimentos científicos, criatividade e ter a capacidade de ser volátil. Isto porque “a natureza dinâmica do processo de enfermagem exige que o enfermeiro esteja continuamente a par das alterações no estado do doente, bem como atento a novos indícios que possam surgir no decurso da prestação de cuidados” (Sheehy’s, 2001, p. 9).
  • 43. 42 2.1- RESUMO DO CASO CLÍNICO Identificação: O Sr. JS, é um individuo de raça caucasiana, do sexo masculino com 79 anos de idade. Encontra-se reformado, tendo desempenhado as funções de trabalhador agrícola, não qualificado. Vive atualmente com uma filha e uma neta desde a morte da esposa, tendo como estado civil viúvo. È natural e reside atualmente na Lixa História da Doença Atual O Sr. JS, recorreu ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa E.P.E., na Unidade Hospitalar de Amarante, por agravamento do padrão habitual de dispneia. Apresenta um quadro de febre desde há 4 dias com tosse produtiva. Doente presentemente sonolento e confuso no tempo e no Espaço. Realizada Gasometria Arterial, com FiO2 de 21%, revelando:  Pondus hydrogenii (Ph)-7,16;  Pressão Parcial de Dióxido de Carbono no Sangue Arterial (PaCO2) – 132 mmHg;  Pressão Parcial de Oxigénio no Sangue Arterial (PaO2) - 56 mmHg;  Bicarbonato (HCO3) - 47 mEq/L;  Saturação de Oxigênio (SpO2) - 87%;  Lactatos- 1,1mmol/L. Perante este quadro clínico foi decidida a transferência do doente para a Unidade Hospitalar de Penafiel. No Serviço de Urgência da Unidade Hospitalar de Penafiel, iniciou Ventilação não Invasiva (VNI)- Bilevel Positive Airway Pressure (BIPAP), com melhoria muito lenta das trocas respiratórios pelo que foi decidido internamento na Unidade de Cuidados Intermédios Polivalentes do Serviço de Urgência (UCIPSU), para otimização da terapêutica.
  • 44. 43 Antecedentes Pessoais Doente de 79 anos com antecedentes de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), não estadiada. Ex fumador, com história de Hipertensão Arterial (HTA), operado a neoplasia da próstata e pólipos da bexiga em 1997, mantendo-se a ser seguido em vigilância no Instituto Português de Oncologia (IPO), do Porto. Referência a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) classe II (Limitação ligeira das atividades físicas: assintomático em repouso mas atividades comuns causam fadiga, dispneia ou palpitações), segundo a classificação da New York Heart Association (NYHA), (Anexo B), com internamento em Fevereiro de 2011 na Medicina. Apresenta também, antecedentes de Fibrilação Auricular (FA), contudo apresenta-se atualmente em Ritmo elétrico sinusal. Medicação Crónica  Adalat 5 - Anti-hipertensor, Bloqueador da entrada do cálcio;  Aprovel 150 – Anti-hipertensor, modificador do eixo renina angiotensina, antagonista dos recetores da angiotensina;  Atrovent - Antiasmático e broncodilatador, Antagonista colinérgico;  Brisomax 50/250 - Antiasmático e broncodilatador, Anti-inflamatório, Glucocorticóide;  Espironolactona 25 - Anti-hipertensor, Diurético poupador de potássio;  Filotempo - Antiasmáticos e broncodilatadores, Xantinas;  Lanoxin MD – Cardiotónico, Digitálico;  Lasix - Anti-hipertensor, Diurético da ansa;  Sinvastatina – Antidislipidémico, Estatinas;  Spiriva - Antiasmático e broncodilatador, antagonista colinérgico  Tromalyt - Anticoagulante e antitrombótico, Antiagregante plaquetário. Estado à Admissão Doente sonolento mas facilmente despertável à chamada. BIPAP configurado com: Inpiration Positive Airway Pressure (IPAP) 26 cmH2O/ Expiration Positive Airway Pressure(EPAP) 6
  • 45. 44 cmH2O com fluxo de Oxigénio (FiO2) a 5 l/min. À auscultação cardíaca apresenta, hipofonese (Redução da sonoridade dos ruídos cardíacos) dos tons cardíacos. À auscultação pulmonar, apresenta MV globalmente diminuído com sibilos ligeiros expiratórios. Abdómen Globoso sem dores a palpação. Sem edemas nos membros inferiores. Pressão Arterial (PA) - 123/80 mmHg; Frequência Cardíaca (Fc)- 96 bpm; Ritmo Sinusal; Saturações de Oxigénio (SPO2)- 90-92%; Gasometria Arterial (GSA), demonstra a existência de um quadro clínico de Acidose respiratória. Escala de Gravidade Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II (APACHE II), É um sistema de classificação da gravidade da doença. O APACHE II foi concebido para medir a gravidade da doença em pacientes adultos internados em unidades de terapia intensiva, e só deve ser utilizado em doentes com 15 ou mais anos de idade (Anexo C). APACHE II pode também ser usado para descrever a morbidade de um paciente quando se comparam os resultados com outros pacientes. Mortalidades previstas são calculadas para grupos de pacientes, a fim de especificar a morbidade do grupo Assim o Sr JS tem uma Mortalidade prevista de 38,9%. O Sequential Organ Failure Assessment Score (SOFA), é usado para controlar o status de um paciente durante o seu internamento numa unidade de terapia intensiva (Anexo D). O SOFA é um sistema de pontuação para determinar a extensão da função de uma pessoa, órgão ou taxa de falha. A pontuação é baseada em seis pontos diferentes: Sistema Respiratório, Sistema Nervoso, Sistema Cardio vascular, Sistema Hepático, Sistema da Coagulação e Sistema Renal. As tabelas de pontuação abaixo apenas descrevem pontos de uma dada condição. Nos casos em que os parâmetros fisiológicos não correspondem a nenhuma linha, é atribuído o valor Zero (0). Nos casos em que os parâmetros fisiológicos correspondem a mais de uma linha, a linha com maior número de pontos é a selecionada.
  • 46. 45 Sistema Respiratório Sistema Nervoso Sistema Cardio vascular Sistema Hepático Sistema de coagulação Sistema Renal Assim, o Sr. JS tem na escala de SOFA, o seguinte score:  Sistema Respiratório - 2;  Sistema Neurológico.- 1;  Sistema Renal-1;  Sistema Hepático- 1.
  • 47. 46 Lista de Problemas  Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica agudizada por infeção respiratória com Insuficiência respiratória tipo 2 e com acidemia.  Insuficiência Cardíaca Congestiva, interrogada.  Hipertensão Arterial. Plano de Terapêutico  Protocolo UCIPSU; o Monitorização Continua;  Tensão arterial;  Frequência Cardíaca;  Frequência Respiratória  Saturação de Oxigénio;  Monitorização do Ritmo Cardíaco. o Balanço Hídrico; o Monitorização da Glicémia Capilar; o Vigilância do Estado de Consciência; o Oxigenoterapia.  Antibioterapia;  Fluidoterapia;  Ventilação não invasiva.
  • 48. 47 2.2- COLHEITA DE DADOS – AVALIAÇÃO INICIAL DE ENFERMAGEM O processo de enfermagem começa com a avaliação inicial, que acontece logo no primeiro contacto entre enfermeiro/doente e prossegue durante todo ao atendimento. Esta fase abrange outras duas: em primeiro lugar, colhem-se os dados de uma fonte primária (o utente) e de fontes secundárias (a família e profissionais de saúde); em segundo lugar, analisam-se esses dados para a elaboração do diagnóstico de enfermagem e para a realização do plano individual de cuidados de enfermagem (Potter e Perry, 2005). Os registos elaborados, no momento da admissão do doente, para além da informação sobre dados biográficos e problemas de saúde anteriores e atuais, devem contemplar a identificação de problemas que requerem intervenção de enfermagem, assim como o planeamento dos cuidados a prestar (Horta, 1979). Estes registos são realizados, habitualmente, nas chamadas folhas de colheita de dados adaptadas e adotadas pelas diferentes Instituições/Serviços, tendo em conta, essencialmente, o modelo teórico de enfermagem adotado. Partilhando da mesma opinião, Sheehy’s (2001) refere que o objetivo da avaliação inicial é a elaboração da base de dados acerca das necessidades efetivas do utente, os problemas de saúde e as reações que este possa ter face ao problema. O enfermeiro, nesta fase, deverá reunir os dados em grupos, denominados de pistas de diagnóstico, que o orientarão para a elaboração do diagnóstico de enfermagem adequado. No decorrer do atendimento, o enfermeiro faz uma avaliação progressiva, visando a confirmação da eficácia das intervenções, se estão a surgir novos problemas ou que serão necessárias outras intervenções. Assim, os dados da avaliação do doente voltam a ser integrados no processo de enfermagem, tornando todo este procedimento cíclico. Contudo, a experiência dos enfermeiros permitem-lhe reunir e processar dados com celeridade, no momento da prestação de cuidados junto do doente (Vaz e Catita, 2001).
  • 49. 48 Este primeiro passo do processo de enfermagem consiste num roteiro sistematizado para o levantamento de dados, significativos para o enfermeiro, acerca do ser humano que tornam possível a identificação de seus problemas (Horta, 1979). Importa também referir que se deve aplicar o pensamento crítico àquilo que se avalia. Deve igualmente determinar-se qual o momento certo para uma pergunta ou medição, com base nos conhecimentos clínicos e experiências e na reação do doente. Assim, no primeiro contacto com o utente traça-se uma primeira panorâmica da situação. Por norma, é feito com base na situação do tratamento (Potter e Perry, 2005). A primeira observação da situação do utente permite ao enfermeiro usar dados chave de avaliação em resposta a prioridades, como o início da dor. É importante também que o enfermeiro reconheça que a situação do utente pode alterar-se durante qualquer momento na apreciação inicial. E que a recolha de dados deve ser rigorosa, relevante e adequada. Assim, deve avaliar permanentemente e interpretar as pistas que o utente lhe possa dar (Gomes, 1996). Neste sentido, Carvenali e Thomas (1993, cit. in Carpenitto, 2002) referem que há alturas em que a avaliação inicial deve ser mais alargada. Assim, Carpenitto (2002) sugere duas abordagens: uma mais lata, por exemplo, os padrões funcionais de saúde de acordo com os seguintes padrões: padrão da perceção da saúde – gestão da saúde, padrão nutricional- metabólico; padrão de eliminação; padrão de atividade e exercício; padrão cognitivo e percetual; padrão de auto-perceção; padrão de papéis relacionais; padrão de sexualidade; padrão de coping – tolerância ao stresse; padrão de valores. O modelo de apreciação inicial segundo o padrão funcional de saúde confere uma visão holística à avaliação e possibilita uma base de dados da qual se podem colher muitos diagnósticos de enfermagem. Partilhando da mesma opinião, Potter e Perry (2005) mencionam que este modelo de apreciação inicial é uma abordagem centrada no problema. Uma apreciação inicial detalhada e rigorosa permite a identificação de diagnósticos de enfermagem exatos e a
  • 50. 49 elaboração de objetivos adequados, resultados e intervenções de enfermagem junto do utente. Nesta fase, ganha muita relevância a interação enfermeiro/utente, fomentando uma relação de confiança, que se deve estender também à família, o que ajuda a fazer-se uma apreciação inicial eficiente e abrangente. Partilhando da mesma opinião, Potter e Perry (2005) mencionam que este modelo de apreciação inicial é uma abordagem centrada no problema. Uma apreciação inicial detalhada e rigorosa permite a identificação de diagnósticos de enfermagem exatos e a elaboração de objetivos adequados, resultados e intervenções de enfermagem junto do utente. Nesta fase, ganha muita relevância a interação enfermeiro/utente, fomentando uma relação de confiança, que se deve estender também à família, o que ajuda a fazer-se uma apreciação inicial eficiente e abrangente. Avaliação Inicial do Utente JS Motivo de Admissão:  DPOC agudizado por infeção respiratória. Antecedentes:  Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) agudizado;  Insuficiência cardíaca Congestiva (ICC);  Fibrilação Auricular (FA). Respiração:  Frequência: 27 ciclos/minutos.  Amplitude: Normal.  Ritmo: Regular.  Tipo: Mista.  Outros dados: SpO2 de 87% com BIPAP: IPAP - 18,0 cmH2O; EPAP – 8,0 cmH2O e FiO2 de 60%; Circulação:  Frequência cardíaca: 97 bpm.
  • 51. 50  Amplitude: Normal.  Ritmo: Rítmico.  Tensão arterial máxima: 105 mmHg.  Tensão arterial mínima: 66 mmHg. Temperatura corporal:  Temperatura corporal: 36 ºC. Volume de líquidos:  Peso corporal: 65 Kg.  Outros dados: Sem edemas. Eliminação:  Hábitos de elimina. Intestinal: 2/2 dias.  Hábitos de elimina. Urinária: Sem problemas.  Medidas adaptativas: Não utiliza. Tegumentos:  Dados/tegumentos: Pele integra. Risco de úlcera de pressão:  Presente: baixo risco.  Score na Escala de Braden: 19. Reparação:  Hábitos de sono: 8 horas por noite.  Medidas adaptativas: Não utiliza. Atividade motora:  Dados/Atividade Motora: Sem défices.  Força muscular diminuída: Sem alteração.  Movimento articular diminuído: Sem alteração.  Fala: Sem alteração aparente. Sensações:  Nível de consciência (ECG): 15.
  • 52. 51  Alimentos preferidos: Gosta de tudo.  Alimentos de que não gosta: Não tem.  Medidas adaptativas à dor: Não utiliza. Dor:  Presença: Ausente. Razões para a ação:  Dados/razões para a ação: Doente calmo, colaborante, consciente e orientado no tempo e no espaço. Auto cuidado:  Hábitos de higiene: Banho geral 1 vez por semana  Hábitos alimentares: Cerca de 5-6 refeições dia.  Hábitos de atividade física: Não pratica.  Hábitos de lazer: TV. Algália/cateter urinário:  Tipo: PVC – Folley.  Calibre: CH - 16.  Inserção: 13 de Maio de 2012. Cateter venoso:  Localização: Membro Superior Esquerdo e Membro Superior Direito.  Calibre: 20 G.  Inserção: 13 de Maio de 2012. Risco de Queda:  Presença: Baixo Risco.  Score Escala Morse: 20. Interação de papéis:  Convivente significativo: Viúvo vive com uma filha (M. C. C.) e com uma neta.  Telemóvel: 91X XXX XXX.  Prestador de cuidados informais: Filha – 92X XXX XXX.
  • 53. 52 Dados Antropométricos:  Peso (kg): 65 Kg.  Altura (m): 1,66 m.  IMC (score): Normal 2. Dados Bioquímicos:  Glicose: 172 mg/dl. Exame Físico:  Cabelo: Liso.  Pele: Integra.  Boca: Sem alterações.  Extremidades: Sem alterações. Estado Psico-emocional:  Ansiedade: Ausente.  Medo: Ausente.  Tristeza: Ausente.  Sem alteração aparente: Presente. Estado Sócio-económico:  Reformado: Presente.  Desempregado: Ausente.  Sem profissão: Ausente.  Vive só: Ausente.  Dependência: Ausente.  Sem problema aparente: Presente.
  • 54. 53 2.3 – ANAMNESE – DIÁRIO MEDICO A palavra anamnese, deriva da palavra latim “anámnesis”, que significa “recordação”, ou seja a anamnese faz parte do exame clínico, realizado pelo médico em que se reúnem os dados pessoais e familiares do utente, anteriores à doença atual, assim como do seu trabalho, ambiente envolvente e condições socioeconómicas. Nº Episódio: xxxx Data internamento: 13-Mai-2012 Episódio Prov: xxxx Proveniência: URGENCIA - MEDICINA INTERNA UPA (URG) Tipo Admissão: Médico Responsável: J P T Data Alta: 23-Mai-2012 Médico: RUI LOPES Data Saída: 23-Mai-2012 Resultado: MELHORADO Destino: ARS/ CENTRO DE SAUDE - 13-Mai-2012 Urgente J P T - UCIPSU UPA (INT) - Transferência 19-Mai-2012 Transferência H Q - MEDICINA INTERNA UPA (INT) ( UF2 )
  • 55. 54 19-Mai-2012 / 09:44 - A M D6 internamento por: # DPOC agudizada por infecção respiratória (acidemia na admissão) # ICC # HT Sem febre ou sinais aparentes dificuldade em repouso. Sem qualquer sintomatologia álgica E0: consciente, colaborante e orientado no T/E; discurso coerente e ajustado; AP MV globalmente diminuído, com raros roncos e sibilos expiratórios; AC sobreponível; abdómen - mole, sem organomegalias; m. Inferiores - sem edemas. Equimose ao nível do MSD. TA 146/86 mmHg FC 73 bpm Sat (02 a 35 %) 89 % GSA ( 02 35 % por VM) ph 7.47; p02 52; pC02 61; HC03 44.4; lact 0.8; sat. 89 % Hemograma: sem anemia ou leucocitose com neutrofilia 88.1 % Bioquímica: glucose 202 mg/dL; ureia 62 mg/dL; creatinina normal; Na e K normais; TGO normal; TGP 43 UI/L; DHL 509 UI/L; PCR 14.9 mg/L Plano: Suspende soro heminormal; 18-Mai-2012 / 17:03 - H Q Reavaliação: Doente sente-se melhorado.
  • 56. 55 Com VM 35% sem evidência de distress respiratório. T. axilar: 37,1ºC TA: 135/86 mmHG FC: 73 ppm (sinusal) Sat O2 (VM 35%): 92% Débito urinário: 110 ml/h AC: sopro audível em todo pré-cordio. AP: sons pulmonares presentes bilateralmente; raros sibilos em ambas as bases; expiração prolongada. Gasimetria com VM 35% pH 7,46; pCO2 64; pO2 58; sat O2 91%; HCo3 45,5; BE 21,7; lac 1,0; ca++ 1,09. Mantém VM. 18-Mai-2012 / 12:32 - M M R D5 INTERNAMENTO DA UCIPSU D5 Ceftriaxone + claritromicina # DPOC agudizada por infecção respiratória - Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia. # ICC # HTA Doente bem acordado, colaborante, orientado. Sem queixas. Sem agravamento da dispneia. Corado, hidratado, anictérico. Sem cianose. TA 143/84 mmHg FC 80 bpm SpO2 93% Diurese: 2660 mL/24h BH: - 235 mL/24h AP: MV globalmente diminuído, aumento do tempo expiratório. AC: sopro sistólico já conhecido. ABD: mole e depressível, indolor. Sem edemas. GSA (BiPAP 22/9 com O2 6L/min) pH 7,46; pCO2 64; pO2 52; SaO2 88%; HCO3 45; BE 21,7; lactatos 0,9. GSA (O2 35%) pH 7,45; pCO2 66; pO2 51; SaO2 87%; HCO3 45; BE 21,9; lactatos 0,9. Analiticamente: Hb 15,1; sem leucocitose, neutrofilia relativa; PLT 268 000; glicose 197; ureia 57; creatinina 0,6; Na 143; K+ 5,0; Cl 94; cálcio 4,2; fosforo 4,6; Mg 2,3; Bil T 0,80; TGO 26; TGP 55; G-GT 18; fv alcalina 52; DHL 639; CPK 37; albumina 2,5; proteínas 5,9; PCR 25,7; mioglobina 62.
  • 57. 56 Plano: Mantem-se com VM. 17-Mai-2012 / 18:06 - A R Reavaliação: Períodos de 1-2h sem VNI Neste momento bem acordado, colaborante e orientado. Refere melhoria sintomática. Com VM 35% e SEM SDR TA 148/82 mmHg. FC 67/min. So2 89% com Fio2 0.35. DU 220/2h. T 37ºC GSA com Fio2 0.35: pH 7.44, Pco2 61, pO2 54, So2 89, Hco3 41.4, BE 17.2, lact 1, ca 1.06 Mantem-se sem VNI, a reavaliar 17-Mai-2012 / 10:43 - A R D4 DE INTERNAMENTO DA UCIPSU D4 Ceftriaxone + claritromicina # DPOC agudizada por infecção respiratória - Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia. # ICC # HTA Bem adaptado a VNI. Vígil, colaborante e orientado. Refere melhoria da dispneia, tosse escassa, sem dor torácica. Obstipação, sem outras queixas. Moderadamente corado e hidratado, sem SDR. Diurese 2490/24h. BH 513. DU 200/2h TA 150/74 mmHg. FC 67/min. So2 92% com BIPAP. Apirético AC sopros holossistolico audível em todo o precordio IV/VI AP sons respiratórios + bilateralmente, diminuídos em ambas as bases pulmonares, TE lig. prolongado Abdómen distendido, mole e depressível, sem sinais de irritação peritoneal
  • 58. 57 Sem edemas MI GSA com Fio2 35%: pH 7.44, pCo2 75, pO2 56, So2 90, Hco350.9, BE 26.7, ca 1.04, lact 0.8 Analiticamente: - Hg 14.6 g/dl - Leuc. 9800 - PLQ 245000 - Ureia 66 mg/dl, creat. 0.8 mg/d - Hipernatremia 148 mEq/L - PCR 42.3 mg/L, perfil DESCENDENTE Plano: - Tentativa de desmame de BIPAP - Revejo terapêutica - Peço ecocardiograma TT 16-Mai-2012 / 19:05 - H Q Reavaliação: Doente consciente, discurso verbal adequado. Sente-se melhorado. T. axilar: 37,1 ºC TA: 149/79 mmHG FC: 77 ppm Sat O2 (BIPAP): 90% AP: sons pulmonares presentes bilateralmente, expiração prolongada. Gasimetria com BIPAP 21/9; O2 8l/min: pH 7,44; pCo2 73; pO2 57; sat O2 90%; HCo3 49,6; Be 25,4; lac 0,9; ca++ 1,01. Mantém BIPAP.
  • 59. 58 16-Mai-2012 / 11:13 - J H D3 DE INTERNAMENTO DA UCIPSU D3 Ceftriaxone + claritromicina # DPOC agudizada por infecção respiratória - Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia. # ICC ? # HTA Hoje: Subjectivamente melhor. A fazer BPAP (I: 21/ E: 9; O2 a 8l/min) - parâmetros ajustados esta manhã. Vígil, colaborante e orientado. Mucosas coradas e algo desidratadas. Apirético. FC: 80/min; TA: 141/84 mmHg FR: 24 c/min; sem SDR; Sat.O2 - 93% AC: S1 e S2 normais; sem sopros AP: MV audível bilateralmente e simétrico; crepitações inspiratórias finas dispersas bilateralmente Abdómen: algo distendido e timpanicp; sem sinais de irritação peritoneal Sem edemas periféricos D.U.: 100cc/2h; BH: + 385cc/24h Análises: - Hgb: 14.5 g/dL - leucocitose (11.600/uL) e neutrofilia (89.5%) - PCR: 84.9 mg/L (a descer) - Ureia: 67 mg/dL (ligeira subida); Creat. - 0.8 mg/dL) - hipocloremia (92 mEq/L) - hipocalcemia total (4.1 mEq/L) com Ca++ = 1.0 mmol/L na GSA - hipermagnesemia (2.6 mg/dL), a melhorar - hipoproteinemia (5.9 g/dL) e hipoalbuminemia (2.5 g/dL) GSA (BPAP 23/10; O2 a 8l/min): PH - 7.41; PaCO2 - 81 mmHg; PaO2 - 58 mmHg; HCO3: 51.3 mmol/L; Lac - 1.0 mmol/L; Sat.O2 - 90% Plano: - Ajuste da terapêutica - Repete-se GSA ao fim da tarde.
  • 60. 59 16-Mai-2012 / 00:43 - A R Repito GSA com BIPAP 20/10, O2 8l/min: pH 7.38, Pco2 84, Po2 56, So2 88, Hco3 49.7, BE 24.6, lact 1.4, ca 1 Ajustada terapêutica e parâmetros de VNI 15-Mai-2012 / 10:59 - A R D2 DE INTERNAMENTO DA UCIPSU D2 Ceftriaxone + claritromicina # DPOC agudizada por infeção respiratória - Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia. # ICC ? # HTA Hoje: Sob VNI. Melhoria sintomática. Polipneico, sem tiragem. TA 133/73 mmHg. FC 86/min. So2 89% com VNI. Debito urinário 140cc/2h. BH + 1920cc. Apirético AC s1 s2 + ensurdecidos AP sons respiratórios + bilateralmente, diminuídos em ambas as bases pulmonares, TE prolongado Abdómen mole e depressível, sem sinais de irritação peritoneal Edemas maleolares GSA com BIPAP 26/9, O2 8l/min: pH 7.36, Pco2 80, po2 50, Hco3 45.2, BE 19.8, So2 83, lact 1, ca 1.01 Analiticamente: - Hg 14.2 g/dl - leuc. 14800 - PLQ 237000 - Ureia 63 mg/dl, creatinina 0.8 mg/dl -PCR 191.5 mg/l, perfil descendente Plano: revejo terapêutica
  • 61. 60 14-Mai-2012 / 17:26 - I G Sob VNI , bem adaptado. Doente bem acordado, colaborante e orientado. Apirético; TA: 121/77 mmHg; FC: 84 cpm RS; SPO2: 92%( Em BIPAP 26/9 com fluxo de O2 a 7l/min.) Diurese:60cc/h AC- hipofonese tons cardíacos. AP- MV globalmente diminuído, sem ruídos adventicos Abdómen: Globoso sem dores a palpação. Sem edemas membros inferiores. 14-Mai-2012 / 15:20 - I G GSA(BIPAP 26/9 com fluxo de O2 a 7l/min): pH 7,32, pCO2 947, pO2 58,HCO3 48,9, BE 22, SatO2 87%, Lact 0,8, Ca++ 0,98 14-Mai-2012 / 12:05 - I G D1 DE INTERNAMENTO DA UCIPSU # DPOC agudizada por infeção respiratória - Insuficiência respiratória tipo 2 com acidemia. # ICC ? # HTA Sob VNI , bem adaptado. Doente bem acordado, colaborante e orientado. Apirético; TA: 123/65 mmHg; FC: 96 cpm RS; SPO2: 92%( Em BIPAP 26/9 com fluxo de O2 a 7l/min.) Diurese:700/ BH: 1162 desde entrada AC- hipofonese tons cardíacos.
  • 62. 61 AP- MV globalmente diminuído, roncos dispersos, com sibilos ligeiros expiratórios. Abdómen Globoso sem dores a palpação. Sem edemas membros inferiores. GSA(BIPAP 26/6 com fluxo de O2 a 5l/min): pH 7,33, pCO2 87, pO2 51,HCO3 45,9, BE 20, SatO2 83%, Lact 1,0, Ca++ 0,97 - Hg:15,1g/dl - Leucocitose com neutrofilia/ PCR 349 em perfil ascendente - Ureia 84, creat 0,9 mg/dl - Hipermagnesemia - Função hepática normal - INR 1,09 # Faço revisão terapêutica # Reavaliação gasimetrica
  • 63. 62 2.4- PLANO DE TRABALHO 2.4.1 – Atitudes Terapêuticas Inicio Terapêutica Dose Via Horário Termo 13/05/2012 IPRATROPIO 520 MCG + SALBUTAMOL 3 MG 1 amp. Inalatória 4/4 Horas 19/05/2012 13/05/2012 AMINOFILINA 240 mg Intravenosa 12/12 Horas 13/05/2012 GLUCOSE 5% 2000 ml Intravenosa 84 ml/h 14/05/2012 13/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,9% 1000 ml Intravenosa 42 ml/h 14/05/2012 13/05/2012 SULFATO DE MAGNESIO 2 % 2 gr Intravenosa Nos Soros 14/05/2012 13/05/2012 CEFTRIAXONA 1 gr Intravenosa 12/12 Horas 21/05/2012 12/05/2012 CLARITROMICINA 500 mg Intravenosa 12/12 Horas 21/05/2012 13/05/2012 GLUCONATO DE CALCIO 2 gr Intravenosa Nos Soros 15/05/2012 13/05/2012 METILPREDNISOLONA SUCCINATO 20 mg Intravenosa 8/8 Horas 16/05/2012 13/05/2012 ENOXAPARINA SODICA SERINGA 40 mg Subcutânea 18 Horas 13/05/2012 ESOMEPRAZOL 40 mg Intravenosa 6 Horas 13/05/2012 PARACETAMOL 1 gr Intravenosa S.O.S. 13/05/2012 METAMIZOL MAGNÉSICO 2 GR Intravenosa S.O.S. 14/05/2012 13/05/2012 INSULINA ACTRAPID 2º esq. Serviço Subcutânea 6/6 Horas 14/05/2012 14/05/2012 GLUCOSE 5% E CLORETO DE 2000 ml Intravenosa 84 ml/h 15/05/2012
  • 64. 63 SODIO 0,9% 15/05/2012 FUROSEMIDA 20 mg Intravenosa 8/8 Horas 16/05/2012 15/05/2012 GLUCONATO DE CALCIO 3 gr Intravenosa Nos Soros 15/05/2012 15/05/2012 GLUCOSE 5% E CLORETO DE SODIO 0,9% 1500 ml Intravenosa 63 ml/h 16/05/2012 15/05/2012 GLUCONATO DE CALCIO 3 gr Intravenosa Nos Soros 21/05/2012 16/05/2012 FUROSEMIDA 10 mg Intravenosa 8/8 Horas 17/05/2012 16/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,9% 2000 ml Intravenosa 84 ml/h 17/05/2012 16/05/2012 METILPREDNISOLONA SUCCINATO 20 mg Intravenosa 12/12 Horas 17/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,45% 1000 ml Intravenosa 42 ml/h 17/05/2012 17/05/2012 FUROSEMIDA 10 mg Intravenosa 12/12 Horas 17/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,45% 1500 ml Intravenosa 63 ml/h 19/05/2012 17/05/2012 LACTULOSE SOL ORAL 10 mg Intrabucal 9/13/19 Horas 19/05/2012 CLORETO DE SODIO 0,9% 1500 ml Intravenosa 63 ml/h 21/05/2012 19/05/2012 PRATROPIO 520 MCG + SALBUTAMOL 3 MG 1 amp. Inalatória 6/6 Horas 19/05/2012 AC ACETILSALICILICO 100 MG 100 mg Intrabucal 13 Horas
  • 65. 64 2.4.2- Plano de Cuidados de Enfermagem O Plano de Cuidados de Enfermagem, ou Processo de Enfermagem: é um método que direciona e organiza de forma sistematizada o trabalho do enfermeiro. Ele é considerado o instrumento e a metodologia da profissão, ajudando desta forma o enfermeiro a tomar decisões, predizer e avaliar o cuidado, satisfazendo as necessidades das pessoas de forma global e eficaz. (Iyer; Taptich & Bernocchi-Losey, 1993) Para Nóbrega (1995), o processo de enfermagem pode ainda ser definido como uma atividade intelectual pré-meditada, por meio da qual a prática de enfermagem é dirigida dentro de uma ordem e um método sistemático. 2.4.2.1 – Diagnósticos de Enfermagem É com base nos fenómenos de enfermagem, que o enfermeiro elabora os diagnósticos de enfermagem, sendo estes o nome que o enfermeiro dá à decisão relativa ao fenómeno, o qual é o foco das intervenções de enfermagem. Sendo composto pelos conceitos contidos nos eixos da classificação de fenómenos Assim, um diagnóstico de Enfermagem, de acordo com a CIPE®, é um “rótulo” atribuído por um enfermeiro que toma uma decisão acerca do doente ou cliente após a avaliação SERVIÇO UCIPSU Processo nº: xxxxx Idade: 79 anos Nome: JC Cama: xxx Data de Internamento: 13/05/2012
  • 66. 65 Inicio DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM Termo Data Hora Enf. Data Hora Enf. 13/05/2012 18:56 xxx Dispneia Funcional 13/05/2012 18:56 xxx Dispneia Funcional Crónica 13/05/2012 18:56 xxx Ortopneia 13/05/2012 18:56 xxx Ortopneia aguda 13/05/2012 23:33 xxx Metabolismo Energético 13/05/2012 23:33 xxx Risco de alteração do metabolismo energético 17/05/2012 23:43 xxx 17/05/2012 23:43 xxx Alteração no metabolismo energético 13/05/2012 23:34 xxx Auto Cuidado: Higiene 13/05/2012 23:34 xxx Dependência no auto cuidado: higiene, em grau reduzido 14/05/2012 19:36 xxx
  • 67. 66 14/05/2012 19:36 xxx Dependência no auto cuidado: higiene, em grau elevado 17/05/2012 23:44 xxx 17/05/2012 23:44 xxx Dependência no auto cuidado: higiene, em grau moderado xxx 13/05/2012 23:34 xxx Auto Cuidado: Uso do Sanitário 13/05/2012 23:34 xxx Dependência no auto cuidado: uso do sanitário, em grau reduzido 14/05/2012 19:36 xxx 14/05/2012 19:36 xxx Dependência no auto cuidado: uso do sanitário, em grau elevado 15/05/2012 08:53 xxx 15/05/2012 08:53 xxx Dependência no auto cuidado: uso do sanitário, em grau moderado 18/05/2012 23:39 xxx 18/05/2012 23:39 xxx Dependência no auto cuidado: uso do sanitário, em grau reduzido 13/05/2012 23:34 xxx Infecção 23/05/2012 12:18 xxx 13/05/2012 23:34 xxx Risco de infeção por presença de cateter venoso periférico + 21/05/2012 21:01 xxx
  • 68. 67 cateter vesical 21/05/2012 21:01 xxx Risco de infeção por presença de cateter venoso periférico 23/05/2012 12:18 xxx 13/05/2012 23:36 xxx Membrana Mucosa 23/05/2012 10:20 xxx 13/05/2012 23:36 xxx Risco de alteração da membrana mucosa 14/05/2012 19:30 xxx Alimentar-se 14/05/2012 19:30 xxx Dependência no alimentar-se, em grau reduzido 14/05/2012 22:47 xxx Obstipação 14/05/2012 22:47 xxx Risco de obstipação 19/05/2012 10:42 xxx 19/05/2012 10:42 xxx Obstipação 23/05/2012 10:20 xxx 23/05/2012 10:20 xxx Risco de obstipação 15/05/2012 08:53 xxx Posicionar-se 23/05/2012 10:21 xxx
  • 69. 68 15/05/2012 08:53 xxx Dependência no posicionar-se, em grau moderado 18/05/2012 23:40 xxx 18/05/2012 23:40 xxx Dependência no posicionar-se, em grau reduzido 23/05/2012 10:21 xxx 17/05/2012 03:41 xxx Edema 17/05/2012 03:41 xxx Edema braço bilateral 19/05/2012 15:50 xxx Queda 19/05/2012 15:50 xxx Queda algum risco de queda 21/05/2012 07:46 xxx Confusão 21/05/2012 07:46 xxx Confusão 21/05/2012 20:59 xxx Retenção Urinária 23/05/2012 12:19 xxx 21/05/2012 20:59 xxx Risco de retenção urinária 23/05/2012 12:19 xxx
  • 70. 69 2.4.2.2- Intervenções de Enfermagem Intervenção de Enfermagem, define-se como a ação realizada em resposta ao diagnóstico de enfermagem, visando a produção de resultados sensíveis aos cuidados prestados ou seja, de modo a originar um resultado de Enfermagem. SERVIÇO UCIPSU Processo nº: xxxxx Idade: 79 anos Nome: JC Cama: xxx Data de Internamento: 13/05/2012 Inicio INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM Termo Data Hora Enf. Horário Data Hora Enf. Atender 15/05/2012 08:54 xxx Assistir a pessoa no posicionamento M/T/N 23/05/2012 12:20 xxx 15/05/2012 08:54 xxx Incentivar a pessoa a posicionar-se M/T/N 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 15:53 xxx Assistir a pessoa a alimentar-se 9/12/16/1 9/22 h Executar 13/05/2012 19:00 xxx Baixar cama M/T/N 23/02/2012 10:22 xxx
  • 71. 70 13/05/2012 19:00 xxx Colocar BIPAP M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Dar banho na cama M 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Elevar a cabeceira da cama M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Elevar grades da cama M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Executar cinesiterapia respiratória SOS 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Executar tratamento ao local de inserção do cateter M 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Lavar a boca M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Lavar o períneo M 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Massajar partes do corpo M/T/N 13/05/2012 23:41 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Posicionar a pessoa 4/4 h 13/05/2012 23:41 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Posicionar doente otimizando a limpeza das vias aéreas M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Posicionar doente otimizando a respiração M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Remover BIPAP M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Trocar catéter urinário 10/10 Dias 23/05/2012 10:22 xxx 13/05/2012 19:01 xxx Trocar cateter venoso periférico SOS 13/05/2012 23:37 xxx Remover cateter venoso periférico SOS 23/05/2012 12:20 xxx 13/05/2012 23:40 xxx Inserir cateter venoso periférico SOS 23/05/2012 12:20 xxx
  • 72. 71 14/05/2012 19:36 xxx Alimentar a pessoa 10/13/16/1 9 h 19/05/2012 15:54 xxx 17/05/2012 03:41 xxx Elevar os braços M/T/N 19/05/2012 15:54 xxx Dar banho no chuveiro M 21/05/2012 21:01 xxx Remover cateter urinário / algália Agora 21/05/2012 21:01 xxx 23/05/2012 10:22 xxx Baixar cama SOS 23/05/2012 12:20 xxx Gerir 13/05/2012 18:58 xxx Aplicar creme M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Gerir a comunicação Sem Horário 13/05/2012 19:03 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Gerir oxigenoterapia M/T/N 13/05/2012 18:59 xxx Iniciar medidas de prevenção da contaminação Agora 13/05/2012 19:03 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Manter grades da cama M/T/N 23/05/2012 10:22 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Manter medidas de prevenção de contaminação M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Manter repouso na cama M/T/N 213/05/2012 10:22 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Otimizar BIPAP M/T/N 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Otimizar a comunicação M/T/N xxx
  • 73. 72 13/05/2012 18:59 xxx Otimizar a fralda M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Otimizar cateter urinário M/T/N 21/05/2012 20:59 xxx 13/05/2012 18:59 xxx Otimizar cateter venoso periférico M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 19:00 xxx Otimizar o vestuário M/T/N 23/05/2012 10:22 xxx 13/05/2012 19:00 xxx Otimizar roupas de cama M/T/N 23/05/2012 10:22 xxx 13/05/2012 19:00 xxx Providenciar arrastadeira / urinol SOS / 13/05/2012 19:03 xxx Gerir a comunicação M/T/N 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 23:39 xxx Gerir o ambiente físico Sem Horário 23/05/2012 12:20 xxx 13/05/2012 23:39 xxx Interromper ingestão de alimentos Sem Horário 14/05/2012 19:36 xxx 13/05/2012 08:54 xxx Providenciar equipamento adaptativo para o posicionar-se M/T/N 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 10:12 xxx Aplicar trombocid no membro superior direito M 19/05/2012 15:53 xxx Observar 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar a consciência através da escala de Comas de Glasgow 10/16/22 h 19/05/2012 15:50 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar a dor através de escala de dor 10/16/22 h 19/05/2012 15:50 xxx
  • 74. 73 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar a SatO2 4/4 Horas 19/05/2012 15:50 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar entrada e saída de líquidos 2/2 Horas 19/05/2012 15:51 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar frequência cardíaca 4/4 Horas 19/05/2012 15:51 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar glicemia capilar 6/6 Horas 19/05/2012 15:51 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar risco de queda através da "Escala de Morse" 3/3 Dias 23/05/2012 10:21 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar risco de úlcera de pressão através da "escala de Braden" 2/2 Dias 23/05/2012 10:22 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar temperatura corporal 10/16/22 Horas 19/05/2012 15:51 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Monitorizar tensão arterial 4/4 Horas 19/05/2012 15:51 xxx 13/05/2012 18:56 xxx Supervisar as atividades da pessoa Sem Horário 19/05/2012 15:52 xxx 13/05/2012 18:57 xxx Vigiar a Acão do doente Sem Horário 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 18:58 xxx Vigiar a eliminação intestinal Sem Horário 13/05/2012 18:58 xxx Vigiar a respiração Sem Horário 13/05/2012 18:58 xxx Vigiar membrana mucosa da cavidade oral Sem Horário 23/05/2012 12:19 xxx 13/05/2012 18:58 xxx Vigiar sinais de infeção urinária 3/3 Dias 19/05/2012 15:52 xxx
  • 75. 74 13/05/2012 18:58 xxx Vigiar sinais inflamatórios no local de inserção do cateter Sem Horário 23/05/2012 12:19 xxx 17/05/2012 03:41 xxx Vigiar extensão do edema Sem Horário 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a consciência através da escala de Comas de Glasgow SOS 19/05/2012 15:50 xxx 19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a consciência através da escala de Comas de Glasgow 15/22 Horas 19/05/2012 15:50 xxx 19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a consciência através da escala de Comas de Glasgow Sem Horário 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a dor através de escala de dor Sem Horário 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 15:50 xxx Monitorizar a SatO2 15/22 Horas 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar frequência cardíaca 15/22 Horas 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar glicemia capilar 6/12/18/22 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar temperatura corporal SOS 19/05/2012 15:51 xxx 19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar temperatura corporal 6/15 Horas 23/05/2012 12:20 xxx 19/05/2012 15:51 xxx Monitorizar tensão arterial 15/22 Horas 23/05/2012 12:20 xxx 21/05/2012 20:59 xxx Vigiar sinais de retenção urinária Sem Horário 23/05/2012 12:20 xxx 23/05/2012 10:21 xxx Monitorizar risco de queda através da SOS 23/05/2012 10:21 xxx
  • 76. 75 "Escala de Morse 23/05/2012 10:21 xxx Monitorizar risco de queda através da "Escala de Morse" 3/3 Dias 23/05/20012 12:20 xxx 23/05/2012 10:22 xxx Monitorizar risco de úlcera de pressão através da "escala de Braden" SOS 23/05/20012 10:22 xxx 23/05/2012 10:22 xxx Monitorizar risco de úlcera de pressão através da "escala de Braden" 2/2 Dias 23/05/20012 12:20 xxx 23/05/2012 12:20 xxx Monitorizar glicemia capilar SOS
  • 77. 76 2.5 – REAVALIAÇÃO E REAJUSTE DO PLANO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM Após uma cuidada análise e reflecção sobre o plano de cuidados de enfermagem, é notória que este, apesar de bastante rico e completo, apresenta pequenas lacunas que poderão colocar em causa a qualidade dos cuidados de enfermagem prestados, nomeadamente em relação aos cuidados diretamente direcionados ao doente com DPOC. Esta análise vai de encontro ao discutido e proposto em reunião de serviço, pelo grupo de formação em Abril de 2012, em que, os registos devem traduzir de forma fiel o estado clínico do utente num determinado momento e devem ser realizados atendendo às seguintes características: 1. Pela exceção. 2. Por antecipação. 3. Serem auto-explícitos. 4. Adequados à população a que se destinam. 5. Terem um sentido holístico e dinâmico. 6. Traduzir um verdadeiro impacto nos cuidados de saúde nas pessoas. Devem também atender, a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE), pois trata-se do instrumento que permite dar visibilidade à prática de enfermagem nos sistemas de informação da saúde através de: 1. Estabelecimento de uma linguagem comum; 2. Permitirem descrever de forma fiel, os cuidados de Enfermagem; 3. Permitirem comparar dados de Enfermagem; 4. Demonstrar as tendências em Enfermagem; 5. Estimular a investigação e por fim; 6. Fornecer informações à tomada de decisão política. Assim em forma de resumo, no âmbito do processo de enfermagem, é importante: 1. Ter uma visão holística do doente e do processo de enfermagem;
  • 78. 77 2. Identificar apenas os diagnósticos de enfermagem, para as quais possamos ter uma atitude interventiva; 3. Programar as intervenções de Enfermagem com um timing adequado às mesmas; 4. Evitar o uso do timing “SOS”; 5. Consultar as vigilâncias do doente para proceder à atualização frequente (3/3 dias no mínimo e sempre que seja necessário), do processo de Enfermagem. Desta forma dividiu-se esta análise em três partes, iremos inicialmente analisar os diagnósticos de enfermagem identificados e de seguida as intervenções prescritas, para esses mesmos diagnósticos. Por fim vai-se apresentar novas as propostas de Diagnósticos de Enfermagem e Intervenções, que julgo que irão de encontro às reais necessidades de cuidados deste utente e assim garantir ganhos em saúde. 2.5.1- Análise dos Diagnósticos de Enfermagem Da análise deste ponto, pode-se detetar que á primeira vista, os diagnósticos levantados vão de encontro ao caso clínico analisado, no entanto uma análise mais cuidada coloca a nu, pequenos incongruências que deverão ser corrigidos para garantir uma melhoria nos registos das nossas atividades, e assim, garantir que o utente receba os melhores cuidados de Enfermagem. Entre eles paço a referir: a) Diagnósticos identificados de forma incompleta: a. São visíveis diagnósticos com estas características, estando este facto associado às limitações que o Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE), manifesta atualmente e ao não respeito, por parte dos enfermeiros do preconizado pela CIPE de incluir um termo do EIXO de Foco e um termo do eixo do Juízo, podendo também ser adicionados, como forma de especificação termos dos restantes eixos. Passo a referir o seguinte exemplo:
  • 79. 78 Estando este diagnóstico de enfermagem bem identificado, este apresenta-se segundo as diretrizes da CIPE incompleto, pois não apresenta no seu status, um termo do eixo de FOCO e um termo do eixo de JUIZO. Assim a forma correta de identificar este diagnóstico seria: “Confusão atual”. O mesmo acontece com outro diagnóstico como “Obstipação”. b) Diagnósticos identificados de forma incorreta: a. Não são visíveis diagnósticos com estas características, estando este facto associado á utilização do Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE), que padroniza os diagnósticos identificados, impossibilitando que estes sejam gerados de forma errada. b. Outra forma de classificar diagnósticos mal identificados, é através da identificação indevida de diagnósticos que não se enquadrem no doente, ou seja, diagnósticos de enfermagem que em determinado momento específico, não se enquadram no estado clínico real do doente. Esta situação não foi detetada, neste estudo de caso, o que demonstra uma preocupação entre os Enfermeiros em identificar de forma correta os diagnósticos reais do utente. Demonstra também uma grande experiência da parte dos elementos da equipa de enfermagem na prestação de cuidados de enfermagem de qualidade. c) Diagnósticos não identificados: a. Para ir de encontro ao apresentado inicialmente e no sentido de ter uma visão mais holística do doente e assim do processo de enfermagem, foi detetada a ausência dos seguintes diagnósticos: i. Risco de Hipoxia por ventilação comprometida; ii. Trocas Gasosas Comprometidas;