Sistema Imunitário: Defesa Contra Agentes Patogênicos
1.
2. Sistema Imunitário
• No nosso quotidiano somos confrontados com os
mais diversos tipos de ataques ao nosso organismo;
• A função do sistema imunitário é proteger o nosso
organismo desses ataques distinguido aquilo que é
próprio daquilo que é estranho ao organismo;
• O sistema imunitário é constituído pelos diversos
tipos de células e órgãos, que protegem o nosso
organismo dos potenciais agressores, os quais podem
ser biológicos (microrganismos) ou químicos (toxinas).
• É ainda responsável pela vigilância e destruição de
células envelhecidas e anormais (cancerosas), do
próprio organismo.
3. Agentes Patogénicos
• São agentes biológicos que possuem a
capacidade de infectar os animais
causando-lhes doenças;
• Podem ser bactérias, vírus, fungos, e
animais parasitas.
4. Bactérias
• Existem bactérias que se revelam nocivas ao nosso
organismo uma vez que atacam e destroem as nossas células
de diversas formas como por exemplo:
• Parasitam o citoplasma das células onde se alimentam e
multiplicam, levando à destruição das células hospedeiras.
• Existem bactérias que produzem toxinas potentes, que
provocam a alteração do metabolismo normal das células
e/ou a sua morte.
Alguns exemplos de doenças causadas pelas baterias são:
– Cólera (bactéria - Vibrio cholerae)
– Tuberculose (bactéria - Mycobacterium tuberculosis)
5. Vírus
Alguns exemplos de doenças causadas
por vírus são:
• Gripe (vírus -Influenza)
• Sida (vírus -HIV)
• Hepatites (vírus -HBV, HCV)
6. Fungos
Os fungos podem originar desde uma suave
comichão, até à morte do organismo
infectado.
Algumas das doenças causadas por fungos
parasitas são:
• Envenenamento (fungo - Amanita phaloides);
• Candidíase (fungo - Candida albicans);
7. Animais parasitas
Seres vivos de pequenas dimensões como
por exemplo os protozoários.
Podem ser encontrados em locais diversos
como o solo, animais ou plantas e podem
infectar os organismos causado doenças
como por exemplo:
• Doença do sono (Trypanossoma);
• Malária (Plasmodium);
8. Constituintes do
Sistema Imunitário
• O sistema imunitário
humano é constituído
pelos vasos linfáticos,
órgãos e tecidos
linfóides e pelas
células efectoras.
9. Vasos Linfáticos
• São os vasos
linfáticos, em
colaboração com a
circulação
sanguínea, que
desempenham a
função de
transportador de
antigénios e
linfócitos.
10. Órgão Linfóides
Os órgãos linfóides podem ser classificados em órgãos linfóides primários e
órgãos linfóides secundários.
Órgãos Linfóides Primários:
Timo
•Localiza-se na parte superior do tórax;
•O timo tem como função promover a maturação dos linfócitos T, oriundos da
medula óssea ;
Medula Óssea
•A medula óssea é constituída por um tecido mole e adiposo, o qual está localizado
nas cavidades ósseas;
•Tem como função a produção de linfócitos a partir das suas células estaminais;
• Do linfócitos produzidos os T vão migrar em direcção ao timo, permanecendo na
medula apenas os linfócitos B os quais irão aqui sofrer maturação antes de migrarem
para os órgãos linfóides secundários.
11. Órgãos Linfóides Secundários
Gânglios Linfáticos
• Possuem uma forma semelhante a um feijão;
• No seu interior existem duas áreas ricas em linfócitos:
- Uma muito rica em linfócitos T, “área T”,
- Outra muito rica em linfócitos B, “área B”
• Encontram-se principalmente na zona das axilas, região
inguinal, no pescoço, no abdómen, nas virilhas e ao longo da
aorta
• função destes órgãos é filtrar a linfa que chega até eles,
removendo bactérias, vírus e restos celulares, entre outros.
12. Baço
• O baço é um órgão altamente vascularizado localizado acima
do abdomén;
• A função imunológica do baço é a libertação de linfócitos B, T,
plasmócitos e outras células linfóides maduras, exclusivamente
para o sangue;
Tecidos Linfóides Associados às Mucosas
• Estes órgãos desempenham um importante papel na produção de
anticorpos específicos, assim como na recolha dos antigénios que
se encontram nas superfícies epiteliais do organismo, uma vez
que os captam logo que estes atravessam a barreira mucosa.
Exemplo de tecidos linfóides associados às mucosas:
- Placas de Peyer;
- Amígdalas;
- Adenóides
13. Células Efectoras do Sistema Imunitário
• As células efectoras do nosso sistema
imunitário são designadas de leucócitos;
• Os leucócitos, tendo em conta as
granulações presentes no seu
citoplasma, podem ser divididos em dois
grandes grupos os granolócitos, e os
agranulócitos.
14. Tipo Designação Abundância Constituição /Função Imagem
Possuem um núcleo polilobado e um
tempo de vida é curto (cerca de 24-48
3000 a 7000 horas).
Neutrófilos mm3 São células fagocíticas capazes de destruir
organismos intracelulares e extracelulares
desfavoráveis ao organismo.
Possuem um núcleo geralmente bilobado.
São células com uma fraca capacidade
fagocítica. Actuam libertando as enzimas
Granulócitos Eosinófilos
100 a 400 mm3 dos seus grânulos para o meio extracelular,
as quais irão assim destruir os parasitas.
São células não fagociticas. Estão
envolvidas em respostas alérgicas uma vez
Basófilos 20 a 50 mm3 que libertam substâncias alérgicas como a
histamina.
Apresentam um núcleo com forma de um
ferradura, e têm a capacidade de migrar
para os tecidos onde evoluem para células
Monócitos 100 a 700 mm3 de maior tamanho e com grande
capacidade fagocitica designadas de
macrófagos
Agranulócitos Possuem um núcleo esférico e volumoso.
Resultam da diferenciação de células da
medula óssea e podem ser de diferentes
1500 a 3000
Linfócitos mm3
tipos:
- Linfócitos B
- Linfócitos T
- Linfócitos NK
15. Conjunto de genes ligados que se localizam no cromossoma 6
Codificam um conjunto de glicoproteinas que permitem distinguir aquilo que é
próprio daquilo que é estranho ao organismo
No caso humano
Antigénios de Leucócitos Humanos (HLA)
MHC – CLASSE I MHC – CLASSE II MHC – CLASSE III
Encontra-se apenas nas Codificam um conjunto de
Presente em quase todas as células que apresentam proteínas com função
antigénios (APC); imunitária, incluindo
células do organismo; componentes do sistema
complemento e moléculas
envolvidas na resposta
inflamatória.
17. Mecanismos de defesa não
específicos
Os agentes patogénicos são impedidos
de entrar no organismo pelos
mecanismos de defesa não específica,
também designados por imunidade
inata ou natural, ou são destruídos
quando conseguem penetrar. Estes
mecanismos desempenham uma acção
geral contra corpos estranhos e
exprimem-se sempre da mesma forma.
23. Fagocitose
• A fagocitose é um dos principais mecanismos de
suporte da imunidade inata. Trata-se do processo
pelo qual microrganismos, tal como bactérias,
são ingeridos pelas células fagocíticas e, depois,
destruídos ou neutralizados.
26. Interferão:
• Os interferões são proteínas produzidas pelas células
infectadas por um vírus e que protegem outras
células de serem infectadas pelo mesmo ou outro
vírus (criando um estado de resistência antiviral).
27. Sistema de complemento
• O Sistema Complemento é composto por
proteínas de membrana plasmáticas solúveis
no sangue e participam nas defesas inatas.
Essas proteínas reagem entre si
desencadeando uma cascata de reacções para
facilitar a destruição dos agentes patogénicos
e induzir uma série de respostas inflamatórias
que auxiliam no combate à infecção.
30. Mecanismos de Defesa
Específicos
Fig.1 Linfócito
• Os mecanismos de defesa específicos, ou imunidade
adquirida, intervêm na defesa e protecção do nosso
organismo apenas alguns dias após a invasão deste último
por parte de agentes patogénicos.
• Estes mecanismos de defesa específicos correspondem aos
processos já iniciados na resposta não específica, mas são
agora amplificados, mais eficazes e dirigidos a um micróbio
específico.
• A imunidade adquirida assenta, essencialmente, na acção
de um tipo de leucócitos: os linfócitos.
31. Maturação dos Linfócitos
• Nos vertebrados, os linfócitos são inicialmente produzidos a partir de
células estaminais da medula óssea (designadas linfoblastos) ou então no
fígado (durante o período fetal).
• Posteriormente são submetidos a um processo de maturação sendo que,
no fim deste, são originados dois tipos de linfócitos: os linfócitos T e os
linfócitos B.
• A maturação destas células consiste:
- na obtenção da capacidade de reconhecimento do que é estranho
(nonself) e do que é próprio ao organismo (self).
- na obtenção de moléculas específicas, os receptores de antigénios, que
vão possibilitar o reconhecimento destes últimos.
• Concluído o amadurecimento, os linfócitos deslocam-se para os diversos
órgãos e tecidos do sistema imunitário, como, por exemplo, as amígdalas,
o baço, os gânglios linfáticos, o sangue e a linfa.
33. Antigénios
• Os antigénios, ou antigenes, podem ser moléculas pertencentes a vírus, bactérias
ou protozoários, moléculas existentes no pólen ou no pêlo dos animais, células de
outras pessoas (tecidos transplantados) ou ainda moléculas solúveis, como as
toxinas.
• Estruturalmente, os antigenes possuem várias zonas capazes de serem
reconhecidas pelo sistema imunitário, sendo estas denominadas determinantes
antigénicos ou epítopos.
Fig.3 Antigénio
34. Linfócitos B e Imunidade Humoral
• Os linfócitos B constituem uma parte essencial do sistema imunitário, uma
vez que são responsáveis pela imunidade humoral, uma componente vital dos
mecanismos de defesa específicos, que confere protecção imediata e de
longo prazo contra uma série de agentes infecciosos.
• Os linfócitos B, no geral, caracterizam-se por possuir, à sua superfície, um
complexo multiproteico denominado receptor da célula B ou apenas BCR (B
Cell Receptor). É este complexo que vai permitir aos linfócitos fazer o
reconhecimento dos vários antigénios existentes.
Fig.4 Linfócito B Fig.5 Receptor da Célula B
35. • Assim, os receptores das células B, quando identificam um antigénio específico,
ligam-se a ele e é desta ligação que vai resultar a activação dos linfócitos B.
• Estes, depois de activados, vão ser estimulados por citocinas a multiplicarem-se,
dando origem a dois grupos de clones de células: um dos grupos vai diferenciar-se
em plasmócitos e o outro grupo em células B de memória.
Fig.6 Diferenciação de Linfócitos B em Plasmócitos e Células B Memória
36. Anticorpos
• Os anticorpos são moléculas solúveis,
também denominadas imunoglobulinas,
que se difundem pelo organismo através
do sangue e da linfa, e que são fulcrais
para a neutralização e destruição dos
antigénios.
•Possuem a forma de um “Y” e são
constituídos por quatro cadeias
polipeptídicas ligadas por pontes
dissulfito. Contêm também uma região
constante e duas regiões variáveis.
•É nas regiões variáveis que se estabelece
a ligação entre o anticorpo e um
antigénio que lhe seja complementar.
Assim, pelo facto de possuírem duas
regiões variáveis, cada anticorpo tem
duas regiões de ligação a um antigénio.
Fig.7 Estrutura química de um anticorpo
37. • Quando um anticorpo se liga a um antigénio, estas duas
moléculas vão formar um complexo antigénio-anticorpo que vai
desencadear vários processos que vão conduzir à neutralização e
destruição dos corpos estranhos que invadiram o nosso organismo.
Fig.8 Complexo antigénio-anticorpo
• O processo de destruição dos antigénios resulta de um conjunto de mecanismos que
podem ser divididos em cinco fases: neutralização, aglutinação, precipitação de
antigénios solúveis, activação do sistema de complemento e estimulação da fagocitose.
38. Linfócitos T e Imunidade Celular
• Os linfócitos T têm um papel muito importante na imunidade do nosso organismo
pois são elas as principais responsáveis pelos processos da imunidade celular. A
imunidade mediada por células é particularmente efectiva no combate a agentes
patogénicos intracelulares, na destruição de células afectadas e no reconhecimento e
destruição de células cancerosas.
• A característica que melhor define este tipo de linfócitos é a expressão, nas suas
membranas plasmáticas, de uma estrutura polimórfica responsável pela capacidade
de reconhecimento de um antigénio: o receptor da célula T ou simplesmente TCR (T
Cell Receptor).
Fig.9 Linfócito T Fig.10 Receptor da célula T
39. - Os linfócitos intervenientes nos mecanismos da imunidade
celular são:
Fig.11 Linfócito NK
• Linfócito TH – responsáveis pelo reconhecimento dos antigénios específicos e pela
segregação de mensageiros químicos, as citoquinas ou citocinas, hormonas que
estimulam a fagocitose, a produção de interferão e a produção de anticorpos pelos
linfócitos B.
• Linfócitos TC - capazes de reconhecer e destruir células infectadas ou cancerosas.
• Linfócitos TS - têm como função ajudar a moderar ou a extinguir a resposta imunitária
quando a infecção se encontra controlada.
• Linfócitos T de memória - permanecem num estado inactivo durante bastante tempo,
respondendo de forma imediata e eficaz aquando do segundo contacto com um
determinado antigénio.
•Linfócitos NK –responsáveis pela produção de citocinas que regulam respostas
imunitárias inatas (como por exemplo a fagocitose) e adaptativas (como por exemplo a
diferenciação de linfócitos T e B), e pela eliminação de células tumorais através de
processos citotóxicos, que podem envolver a produção de grânulos citotóxicos, assim
como a agregação de receptores que induzem a morte celular.
40. • Os mecanismos da imunidade celular têm
início com a apresentação do antigénio aos
linfócitos TH.
• Os macrófagos, sendo células do sistema
imunitário, apresentam também à sua
superfície proteínas do complexo maior de
histocompatibilidade (MHC-II). Além disso, após
a fagocitose e digestão de agentes patogénicos
por parte destes macrófagos, formam-se
porções de moléculas com poder antigénico,
que vão ser inseridas nas suas membranas
celulares. Deste modo, vai formar-se um
complexo antigénio-MHC-II, que será Fig. 12 Activação de um Linfócito T
apresentado aos linfócitos TH (que vão auxiliar por um Macrófago.
reconhecer o antigénio através do seu TCR),
activando-os.
41. • Os linfócitos T auxiliares, depois de activados, vão estimular a activação de outras
células, como linfócitos B, fagócitos e mesmo outros linfócitos T. Além disso, estas
células podem também sofrer divisão, originando vários clones, que se vão
diferenciar em linfócitos TC, linfócitos TS e linfócitos T de memória.
Fig.13 Estimulação de um Linfócito B por um Linfócito T auxiliar.
42. • Os linfócitos T citotóxicos vão, por sua vez, ligar-se a células estranhas ou
infectadas e libertar perforina, proteína que provocará a formação de poros
na membrana citoplasmática destas células, causando a sua lise celular.
Fig.16 Acção destrutiva dos Linfócitos T citotóxicos.
43. Implantes/Transplantes
• A imunidade mediada por células é também responsável pela rejeição do
organismo quando são efectuados implantes de tecidos e transplantes de
órgãos.
• Os tecidos ou órgãos são tomados por corpos estranhos, levando o sistema
imunitário a desenvolver uma resposta imunitária no sentido de os eliminar,
através da activação dos linfócitos T e das substâncias produzidas pelos
mesmos.
• Esta rejeição pode ser minimizada se o dador possuir uma identidade
bioquímica bastante semelhante à do receptor.
• Além disso, são também administradas ao indivíduo receptor determinadas
drogas que actuam sobre a resposta imunitária, conduzindo à sua supressão.
• Estas drogas estão, actualmente, a ser melhoradas pela comunidade
científica, com o objectivo de as tornar mais específicas, de modo a inibirem
apenas linfócitos que se encontrem envolvidos no processo de rejeição.
44. Memória Imunitária
• A memória imunitária é a capacidade do
sistema imunitário reconhecer um
antigénio com o qual estabeleceu
contacto anteriormente.
• A resposta imunitária primária é
desencadeada aquando da invasão do
organismo por parte de um agente
patogénico desconhecido para as células
de memória.
• Esta primeira resposta tem uma curta
duração. Quando o agente patogénico em
causa é expulso do organismo, verifica-se
o desaparecimento dos anticorpos e dos
linfócitos T efectores No entanto, as
células de memória permanecem no
organismo.
Fig.17 Memória Imunitária
45. • São estas células de memória as
responsáveis pela resposta
imunitária secundária, pois se o
organismo for invadido por um
antigénio que já o tenha feito antes,
elas vão ser capazes de reconhecer
as suas características,
desenvolvendo, consequentemente,
uma resposta muito mais rápida,
eficaz, intensa e prolongada.
• Assim, devido ao facto de num
segundo contacto a resposta
imunitária se desencadear muito
rapidamente com uma rápida
multiplicação e diferenciação das
células, a doença, geralmente, não
se manifesta, pois o corpo estranho
é imediatamente eliminado.
Fig.17 Memória Imunitária
46. Interacção entre as Células do
Sistema Imunitário
Fig.18 Interacção das células do Sistema Imunitário
47. Imunização
Imunidade
pode desenvolver-se de forma
Natural Artificial
(Imunidade Natural) (Imunidade Induzida)
Memória Imunitária Imunidade Activa Imunidade Passiva
Vacinas Soros Imunes
48. Imunidade Activa – Vacinas
• As vacinas são substâncias, geralmente sob a forma de solução, que contêm agentes
patogénicos mortos ou atenuados, de modo a que estes estimulem o sistema imunitário,
sem se desenvolverem.
• Após a administração da vacina verifica-se a ocorrência de uma
resposta imunitária primária, havendo, deste modo, a produção de
células efectoras e de células de memória, sendo que estas últimas
possibilitam uma melhor resposta caso o organismo seja de novo
invadido pelo mesmo agente patogénico.
• Quanto à duração das vacinas, estas podem permitir uma imunidade
prolongada (até mesmo vitalícia), ou então necessitar de ser
administradas de forma periódica de modo a reforçar a imunização.
Fig.19 Vacina
• Este reforço da imunização pode dever-se ao desaparecimento das células
memória ou a mutações do agente patogénico, sendo o vírus da gripe um exemplo
de agente patogénico que apresenta uma elevada e constante taxa de mutação.
49. • Em Portugal, as vacinas começaram a ser utilizadas a partir do século XIX e a
primeira vacina a ser administrada foi a anti-variólica, que chegou a Portugal dentro
de um pequeno frasco e foi utilizada por D. Pedro, futuro imperador do Brasil, e pelo
seu irmão.
• Só a partir de 1965 é que se desenvolveu um Programa Nacional de Vacinação (PVN),
que contribuiu largamente para o controlo da vacinação e para uma maior prevenção
de doenças, por parte de toda a população.
Tabela I. Vacinas que fazem parte do PNV.
50. Imunidade Passiva – Soros Imunes
• Os soros imunes são soluções constituídas por anticorpos retirados do plasma de
indivíduos (ou mesmo de animais) que já tenham estado em contacto com um
determinado antigénio.
• Os soros são administrados quando um indivíduo é invadido por um antigénio com uma
rápida acção destrutiva sobre o organismo, não conseguindo este último reagir de forma
suficientemente rápida.
• Estes soros só podem ser utilizados num número limitado de infecções, uma vez que esta
técnica pode ter alguns riscos.
• Por fim, é de salientar que as vacinas e os soros são
bastantes vezes utilizados de forma combinada. Nestes casos,
o soro é responsável por conferir imunidade ao organismo na
primeira semana, sendo as vacinas responsáveis pelo mesmo
a partir do momento em que começam a surtir efeito,
acontecimento que é coincidente com a degradação dos
anticorpos do soro imune. Fig.20 Soro Antitetânico
52. Alergias
Uma alergia consiste numa sensibilidade
anormal do organismo a algo que se ingere
e inala ou se contacta, e que se pode
manifestar por diversos sintomas e sinais.
53. Alergias
-Cabe assim ao sistema imunitário detectar e combater as
substâncias ou microrganismos como bactérias ou vírus que
podem ser perigosos distinguindo as substâncias prejudiciais
e inofensivas.
-Quando se sofre de uma alergia o sistema imunitário pode
equivocar-se e atacar as substâncias inofensivas.
Ex: pólen, pêlos de animais, certos alimentos ou
medicamentos.
-Os sintomas de uma dada alergia, normalmente, vão se
manifestar na zona onde o alergenio fez a sua entrada.
54. Primeiro contacto com o alergénio
Alergénio
Contacta com:
Macrófago Linfócito B
Estimula
Originam
Ocorre o processo de Plasmócitos
Imunidade Celular
Produzem
Imunoglobulina E
55. Segundo contacto com o alergénio
Alergénio
Ligam-se aos anticorpos IgE da superfície
da membrana dos mastóciotos e basófilos
Ocorre uma reacção
inflamatória que conduz aos
sintomas de alergias devido a
libertação de histamina e
outras substâncias
inflamatórias
Alergia
56. Considerações
-Um em cada cinco portugueses sofre de alguma forma de alergia. As
manifestações podem variar em urticária, uma rinite e até asma que podem ser
provocadas por simples alergénios como o pó de casa, pólen penas ou pêlos de
animais e até picadas de insectos.
-Também a hereditariedade desempenha um papel relevante no âmbito das
alergias no sentido em que quem tenha na família casos de alergias tem maior
probabilidade de vir a ter a patologia. Quem tem um dos progenitores com uma
patologia alérgica tem entre 30 a 50% de probabilidade de vir a ter a mesma
alergia e se ambos os progenitores tiverem a alergia tem entre 60 a 80% de vir a
sofrer do mesmo.
-O factor ambiental e o factor psicológico são muito relevantes no que toca a estas
patologias.
-As crianças são as mais afectadas pelas alergias, no entanto esta situação tende a
melhorar no decorrer da idade.
57. Rinite
Conhecida por “Febre dos fenos”, os sintomas são o corrimento nasal
acompanhado de lacrimejo, espirros frequentes e sensação de pressão na
cabeça.
58. Alergias alimentares
Muito frequentes nas crianças, apesar de também aparecer nos adultos, manifestam-se
por diarreias, vómitos e dores abdominais gravosas nas crianças.
59. Asma
A asma é uma situação anormal das vias respiratórias a nível
pulmonar causada por uma grande variedade de factores a
onde os Alergénio desempenham um papel muito importante.
Ocorre um estreitamento das vias respiratórias dificultando a
respiração.
60. Sinusite
A sinusite é causada por alergias repetidas do nariz, nas quais,
os ossos à volta do nariz inflamam e ficam obstruídos
impedindo o ar de circular no seu interior. Esta alergia causa
dores e corrimento de pus nas zonas afectadas.
61. Urticária
Manifesta-se por zonas na pele mais elevadas e avermelhadas com
presença de comichão. Esta alergia surge com frequência e aparecem
na sequência de factores irritantes como alimentos, medicamentos,
picadas de insectos ou reacções emocionais.
62. Tipos de testes para a determinação de
alergias
Testes cutâneos
São testes praticados na pele do paciente mediante a aplicação de
várias substâncias passíveis de provocar alergia na pele do doente,
com o objectivo de saber qual a que provoca a reacção e assim se
poder instituir um tratamento preventivo e eventualmente
medicamentoso.
63. Testes sanguíneos
Uma amostra de seu sangue é emitida a um laboratório
para o teste. O teste mede a quantidade de anticorpo
de IgE no sangue. Os resultados da análise mostram se o
indivíduo está a produzir anticorpos a determinados
alérgenios e assim se é alérgico aquele alérgenio.
64. Doenças auto-imunes
Doenças Auto-imunes resultam de uma
resposta imunitária dirigida contra os próprios
tecidos do organismo, ou seja, de uma reacção
de hipersensibilidade do sistema imunitário
contra antigénios próprios.
65. - As doenças auto-imunes ocorrem quando há uma quebra na
tolerância do organismo a alguns dos seus tecidos.
Consequentemente, o sistema imunitário produz um ataque, do qual
resulta a inflamação e destruição dos tecidos afectados.
Podem afectar:
-Vários órgãos e tecidos do organismo;
-Especificamente um órgão.
-Mecanismos causadores:
-Exposição a agentes químicos tóxicos;
-Infecção por patogenes;
-Hereditariedade;
-Semelhança molecular.
67. Diabetes insulino dependentes (tipo 1)
Ocorrendo mais frequentemente em crianças, envolve
uma reacção imunitária contra várias proteínas, ao
nível das células do pâncreas que produzem insulina.
68. Esclerose múltipla
Afecta, geralmente, jovens adultos, causando lesões
progressivas no sistema nervoso. Envolve reacções
mediadas por células T e por células B sobre duas das
principais proteínas da mielina.
69. Febre reumática
É considerada um surto infeccioso tardio de uma infecção
causada por uma bactéria, uma vez que, geralmente,
surge 15 dias após uma amigdalite.
70. Lúpus
O paciente desenvolve anticorpos que reagem contra as suas
células normais, podendo afectar a pele, as articulações, os
rins e outros órgãos. A pessoa torna-se «alérgica» a ela
própria.
71. Imunodeficiências
As Imunodeficiências afectam o sistema imunitário
originando falhas que podem ser aproveitadas por
organismos patogénicos oportunistas.
Inatas Imunodeficiências Adquiridas
A doença não é
Afectam a imunidade hereditária e
humoral e a imunidade desenvolve-se
celular após o contacto
Algumas resultam de com um agente
deficiências genéticas infeccioso.
Estas doenças
manifestam-se através Ex: Síndrome de
de malformações no Imunodeficiência
Adquirida.
timo, não permitindo
que ele funcione
correctamente.
Ex: imunodeficiência grave
combinada.
72. Imunodeficiências inatas
Existem diferentes tipos de imunodeficiências
inatas, cujos sintomas dependem dos
constituintes do sistema imunitário que têm
funcionamento deficiente.
A imunodeficiência grave combinada (SCID)
caracteriza-se pela ausência de linfócitos B e T.
Os doentes são extremamente vulneráveis e
apenas sobrevivem em ambientes
completamente estéreis.
Este tipo de imunodeficiências pode ser
tratado por transplante de medula óssea ou
terapia genica.
73. Imunodeficiências adquiridas
A imunodeficiência adquirida mais conhecida é a SIDA (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida):
Causada pelo vírus da imunodeficiência humana HIV.
HIV é um vírus de RNA (retrovírus) que infecta principalmente os
linfócitos T, mas também linfócitos B, macrófagos e células do
sistema nervoso.
Não existe cura nem vacina para a doença, mas a sua progressão
pode ser retardada por medicamentos inibidores da transcriptase
reversa, inibidores de protease e por inibidores da ligação do vírus às
células hospedeiras.
74. Terapia Génica
Terapia genética consiste na inserção de genes
nas células e tecidos de um indivíduo para o
tratamento de uma doença. A terapia genética
visa suplementar com alelos funcionais
aqueles que são defeituosos. Embora a
tecnologia ainda esteja em seu estado inicial,
tem sido usada com algum sucesso.
76. Biotecnologia
• É a junção entre a engenharia e as
ciências da vida;
• Pode ser aplicada no diagnóstico e
terapêutica de doenças
nomeadamente na Imunoterapia, e de
forma particular na produção de
anticorpos.
77. Biotecnologia e Anticorpos
• Os anticorpos são reagentes altamente
específicos, pelo que, podem ser usados como
detectores de diversas estruturas químicas e
biológicas.
• Os anticorpos produzidos pelo nosso organismo
designam-se de anticorpos policlonais, uma vez
que possuem vários determinantes antigénicos.
• Devido à sua diversidade molecular este tipo de
anticorpos envolve riscos de rejeição e de
desencadear uma resposta imunitária por parte
do receptor.
78. Produção de Anticorpos Policlonais
Contiminação do Organismo por um agente patogénico
Estimulação de vários
clones de linfócitos B
diferentes
Formação de
plasmócitos
Sintese de anticorpos policlonais
79. Anticorpos Monoclonais
• São obtidos em laboratório a partir
da estimulação de um único
linfócito B;
• São todos iguais e específicos para
apenas um antigénio;
81. Aplicações dos Anticorpos
Monoclonais
• Testes de diagnostico (ex: gravidez);
• Tratamento de cancros;
• Controlo de doenças auto-imunes;
• Imunização passiva contra agentes
infecciosos e toxinas;
• Transplantes de tecidos ou órgão –
testes de compatibilidade
• Antídotos para venenos e drogas.
82. Bioconversão ou Biotransformação
Biotecnologia que recorre a microrganismos capazes
de realizar certas reacções químicas de transformação
de compostos estruturalmente semelhantes, com
aplicação terapêutica, produzidos em quantidades
industriais e em condições mais favoráveis que a
síntese química.
83.
84. Vantagens da Bioconversão
• Obtenção de produtos que resultam de vias
metabólicas complexas e cuja síntese in vitro é
dificil, se não mesmo impossível.
• Diminuição do número de etapas necessárias
para a obtenção do produto o que torna a sua
produção mais rápida e económica.
• Maior grau de pureza dos produtos obtidos,
diminuindo o risco de reacções alérgicas.
85. Antibióticos
• Cerca de 170 antibióticos produzidos industrialmente para
tratamento de infecções bacterianas.
• Á Biotecnologia tem permitido desenvolver antibióticos com maior
espectro de acção, diferentes vias de administração e menor risco
de provocar reacções alérgcas.
• Além dos antibióticos naturais, foram desenvolvidos em laboratório
antibióticos sintéticos, por modificação de uma substância natural
produzida por um microrganismo.
• Os antibióticos produzidos parcialmente por síntese laboratorial e
parcialmente por microrganismos são designados semissintécticos.
86. Penicilina
• Alexander Fleming, médico Inglês do
Séc XIX, observou pela 1ª vez a acção
da penicilina em 1928 e curiosamente
isso aconteceu “por acaso”.
• Pela primeira vez, a espécie humana
conseguia produzir uma substância no
combate a infecções bacterianas.
• Foi precisamente o estudo que
desenvolveu com estes produtores
naturais - os fungos, que valeu a
Fleming o Prémio Nobel da Medicina
em 1945.
87. Penicilina Semissintéctica
• A partir da penicilina é possível realizar
transformações que conduzem à produção de
penicilinas semissintécticas como a ampicilina
ou amoxicilina.
89. Esteróides
• Contraceptivos (estrogénios e progesterona).
• Anti-inflamatórios (cortisona e
hidrocortisona)
• Anabolizantes (controlam processos
metabólicos). Ex: doping
• Todos estes tipos de Esteróides são
produzidos por certos géneros de fungos e
bactérias.
90. Vitaminas
• São substâncias de natureza química diversa, obtidas a partir da
alimentação.
• Embora sejam necessárias em quantidades reduzidas, a sua
ausência pode causar graves doenças e mesmo a morte.
• Suplementos nutricionais (contendo vitaminas) são produzidos
utilizando certos géneros de fungos e bactérias.
• Algumas vitaminas são facilmente produzidas por síntese química.
Mas outras são demasiado complexas para serem obtidas desta
forma, mas são facilmente produzidas por microrganismos.
• Como exemplo, o fabrico anual de várias toneladas de vitamina B12
que integra vários medicamentos e alimentação de animais.