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Curso de Formação
Continuada
Língua Portuguesa - 2013
Situação de Aprendizagem
PAUSA
Moacyr Scliar
O que a palavra Pausa sugere”?
(ativar o conhecimento prévio)
Que tipo de assunto você acha
que o texto abordará?
Você acha que será uma
história, uma notícia, um
poema...?
Sabendo que foi publicado em um
livro cujo título é O conto
brasileiro contemporâneo que
hipóteses levantadas até agora
você mantém?
Por que você acha que esse título
foi escolhido?
Você conhece o autor Moacyr
Scliar?
Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom
Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de
março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua
mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a
partir de 1943, a Escola de Educação e Cultura, daquela
cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em
1948, para o Colégio Rosário, uma escola católica.
Em 1955, passou a cursar a faculdade de medicina da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre
(RS), onde se formou em 1962. Em 1963, inicia sua vida
como médico, fazendo residência em clínica médica.
Trabalhou junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e
de Urgência (SAMDU), daquela capital.
Publica seu primeiro livro em 1962. A partir daí, não parou
mais. São mais de 67 livros abrangendo o romance, a
crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais
recebeu inúmeros prêmios literários.
Faleceu no dia 27/02/2011, em Porto Alegre (RS), vítima de
falência múltipla de órgãos.
Sabendo quem o escreveu, você
mantém suas respostas
anteriores ou as modifica?" Por
quê?
Você se lembra de outros títulos
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escreveu?
Ira! E Pitty
EU QUERO SEMPRE MAIS
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Leitura compartilhada.
Exemplo: “- Todos os domingos tu
sais cedo – observou a mulher com
azedume na voz”. Por que a mulher
muda o seu tom de voz?
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Por que será houve essa troca?
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último andar?
- O que será chambre? Por que as
mulheres estavam vestidas assim?
- Como será que acaba esta narrativa?
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba
e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando
a mulher apareceu, bocejando:
_ Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram
espessas, a barba, embora recém feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era
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_ Todos os domingos tu sais cedo - observou a mulher com azedume na voz.
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As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava
vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o
carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou
apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os
lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves no balcão, acordando um homenzinho que
dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
_ Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
_ Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.
_ Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas
mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
_ Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento
pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia
d´água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um
despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e
examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os
sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches.
Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Dormir. Em
pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os
jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou-se
um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma
planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o
galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam.
Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas
costas.
Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança.
Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito
soturno de um vapor. Depois silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da
cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa
poltrona, o gerente lia uma revista.
_ Já vai, seu Isidoro?
_ Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
_ Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
_ Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
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Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os
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SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo:
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Quais as características do texto
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Relatar impressões pessoais sobre o
autor e sobre a leitura do texto.
Como a história é formada em torno de um
círculo, de uma rotina; seria interessante o
aluno produzir um pequeno relato sobre sua
rotina diária: a que horas acorda, aonde
costuma ir, o que costuma fazer, a que
horas almoça, em que horário costuma
dormir etc.
Trocar o seu relato com o colega a fim de
que o avalie. Depois, o colega fará o
registro de suas impressões: se gostou do
que leu, achou ou não algo de
especial, esperava alguma coisa a
Lembrando a fuga do personagem
na história, percebemos que ele
construiu outra rotina que era
praticada aos domingos. E você?
O que faz nos finais de semana
para dar uma pausa em sua rotina
diária?
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Agora é hora do bate-papo:
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modo parecido com o personagem da
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mudar de nome? Em quais situações
isto é necessário? Você acha esta uma
atitude correta?
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ponto você julga correta?
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narrativa em 3ª. pessoa onde o
personagem tem um comportamento
suspeito ou estranho.
Desafio:
- Você deverá criar dois desfechos:
. o primeiro deverá ser
inusitado, cômico;
. o segundo, trágico, mostrando que
atitudes como esta não é correta e pode
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Carlos Drummond de Andrade
Reformulação e formatação:
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Telma Mara Cavelanha
Flábia Aleixo Angelucci Gregório

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Situação de aprendizagem

  • 3. O que a palavra Pausa sugere”? (ativar o conhecimento prévio) Que tipo de assunto você acha que o texto abordará? Você acha que será uma história, uma notícia, um poema...?
  • 4.
  • 5. Sabendo que foi publicado em um livro cujo título é O conto brasileiro contemporâneo que hipóteses levantadas até agora você mantém? Por que você acha que esse título foi escolhido?
  • 6. Você conhece o autor Moacyr Scliar?
  • 7. Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a partir de 1943, a Escola de Educação e Cultura, daquela cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para o Colégio Rosário, uma escola católica. Em 1955, passou a cursar a faculdade de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS), onde se formou em 1962. Em 1963, inicia sua vida como médico, fazendo residência em clínica médica. Trabalhou junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU), daquela capital. Publica seu primeiro livro em 1962. A partir daí, não parou mais. São mais de 67 livros abrangendo o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais recebeu inúmeros prêmios literários. Faleceu no dia 27/02/2011, em Porto Alegre (RS), vítima de falência múltipla de órgãos.
  • 8. Sabendo quem o escreveu, você mantém suas respostas anteriores ou as modifica?" Por quê? Você se lembra de outros títulos de histórias que esse autor escreveu?
  • 9. Ira! E Pitty EU QUERO SEMPRE MAIS
  • 10. Durante a leitura Leitura compartilhada. Exemplo: “- Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz”. Por que a mulher muda o seu tom de voz?
  • 11. - O que sugere a palavra “CAIS”? - Por que ele parou duas quadras antes de seu destino? - Perceberam que há troca de nomes? Por que será houve essa troca? - Por que ele escolhe um quarto no último andar? - O que será chambre? Por que as mulheres estavam vestidas assim? - Como será que acaba esta narrativa?
  • 12. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando: _ Vais sair de novo, Samuel? Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. _ Todos os domingos tu sais cedo - observou a mulher com azedume na voz. _ Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: _ Por que não vens almoçar? _ Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu: _ Volto de noite. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé: _ Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... _ Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel. _ Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
  • 13. _ Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d´água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Dormir. Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou-se um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista. _ Já vai, seu Isidoro? _ Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio. _ Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente. _ Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía. _ O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo. Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa. SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo:
  • 14. Após a Leitura Quais as características do texto “Pausa” para que ele possa ser considerado um conto? Qual é o tema tratado no texto? Relatar impressões pessoais sobre o autor e sobre a leitura do texto.
  • 15. Como a história é formada em torno de um círculo, de uma rotina; seria interessante o aluno produzir um pequeno relato sobre sua rotina diária: a que horas acorda, aonde costuma ir, o que costuma fazer, a que horas almoça, em que horário costuma dormir etc. Trocar o seu relato com o colega a fim de que o avalie. Depois, o colega fará o registro de suas impressões: se gostou do que leu, achou ou não algo de especial, esperava alguma coisa a
  • 16. Lembrando a fuga do personagem na história, percebemos que ele construiu outra rotina que era praticada aos domingos. E você? O que faz nos finais de semana para dar uma pausa em sua rotina diária? Relacionar esse conto a alguma história real.
  • 17. Agora é hora do bate-papo: - Você conhece alguém que age de modo parecido com o personagem da história? - Por que alguém tem a necessidade de mudar de nome? Em quais situações isto é necessário? Você acha esta uma atitude correta? - E a atitude do personagem? Até que ponto você julga correta?
  • 18. Para finalizar: - O escritor agora é você. Crie uma narrativa em 3ª. pessoa onde o personagem tem um comportamento suspeito ou estranho. Desafio: - Você deverá criar dois desfechos: . o primeiro deverá ser inusitado, cômico; . o segundo, trágico, mostrando que atitudes como esta não é correta e pode trazer consequências trágicas.
  • 20. Reformulação e formatação: Juliana Perinoto Vânia Amorim Telma Mara Cavelanha Flábia Aleixo Angelucci Gregório