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10 livros essenciais da
literatura brasileira
Nome:Camila Silva Palaro
N°:12
Série: 1EMA
1. Augusto dos Anjos: Eu
2. Caio Fernando Abreu: Morangos Mofados
3. Carlos Drummond de Andrade :Claro Enigma
4. Clarice Lispector: A Paixão Segundo G.H.
5. Dias Gomes: O Pagador de Promessas
6. Fernando Gabeira: O que é Isso, Companheiro?
7. Haroldo de Campos: Galáxias
8. Lygia Fagundes Telles: As Meninas
9. Mário Quintana: Nova Antologia Poética
10. Monteiro Lobato: O Sítio do Pica-pau Amarelo
Eu
Uma fantástica coleção de poesias simbolistas do poeta paraibano Augusto dos Anjos
Eu, única obra de Augusto dos Anjos, reúne sua obra poética. De linguagem cientificista, o
poeta mostra uma obsessão com a morte simultânea a sua aversão a ela. Fala de si mesmo,
da doença que o vitimou (tuberculose), da humanidade, dos sentimentos, do banal; tudo
pessimismo, linguagem e técnica impecável.
O vocabulário e as imagens poéticas, que incluem expressões como "escarra esta boca que te
beija", levaram os críticos da época a considerá-lo um poeta de mau gosto; não é verdade.
Augusto dos Anjos em Eu demonstra uma visão de mundo como a de Machado que não se
manifesta do mesmo modo sutil, mas é igualmente poderosa. Parnasiano na forma e simbolista
nas imagens, Augusto dos Anjos é um pré-modernista e mostra nesta obra por seu estilo único
e inconfundível.
Morangos Mofados
O livro de contos de Caio Fernando Abreu foi um dos maiores sucessos editoriais dos anos 1980
Utilizando linguagem e temáticas próprias, o escritor especializou-se em explorar os sentimentos
humanos, muitas vezes proibidos. Seus escritos, em geral breves e repletos de significado, tendem a
deixar uma sensação de vazio interior após a leitura, um silêncio que o inconsciente do leitor luta para
eliminar, em busca de palavras ou idéias que ficaram perdidas nas entrelinhas.
Publicado em 1982, como continuação a Pedras de Calcutá (1977), Morangos Mofados foi um dos
maiores sucessos editoriais da década. Nesta coletânea de contos, focalizam-se personagens
socialmente excluídos ou marginalizados por seu comportamento. A obra é dividida em duas partes. A
primeira, intitulada "O Mofo", é constituída de nove histórias que contemplam a ditadura militar e a
repressão à liberdade e ao direito de opinião, escarafunchando sentimentos rejeitados pela sociedade e
reprimidos nos indivíduos. Na segunda parte, "Morangos", o autor mostra que há solução para os traumas
impostos pelas circunstâncias sociais e fornece, em oito contos, um fio de esperança aos personagens,
que encontram um sentido para viver.
O mérito de Caio Fernando Abreu, em Morangos Mofados, foi ter revelado, num período em que o
Brasil não tinha retomado a democracia, o que faziam e o que sentiam os loucos, os
homossexuais e a própria juventude brasileira diante do preconceito da sociedade e da repressão
a seus ideais. "Morangos não deixa de revelar uma enorme perplexidade diante da falência de um
sonho e da certeza de que é fundamental encontrar uma saída capaz de absorver, agora sem a
antiga fé, a riqueza de toda essa experiência", observou a crítica cultural Heloísa Buarque de
Hollanda em texto publicado no Jornal do Brasil.
Fragmento:
“Poderia talvez ser internado no próximo minuto, mas era realmente um pouco assim como se
ouvisse as notas iniciais de A sagração da primavera. O gosto mofado de morangos tinha
desaparecido. Como uma dor de cabeça, de repente. Tinha cinco anos mais que trinta. Estava na
metade, supondo que setenta fosse sua conta. Mas era um homem recém-nascido quando voltou-
se
devagar, num giro de cento e oitenta graus sobre os próprios pés, para deslizar as costas pela
sacada
até ficar de joelhos sobre os ladrilhos escuros, as mãos postas sobre o sexo.
Abriu os dedos. Absolutamente calmo, absolutamente claro, absolutamente só enquanto
considerava atento, observando os canteiros de cimento: será possível plantar morangos aqui?
Ou
se não aqui, procurar algum lugar em outro lugar? Frescos morangos vivos vermelhos.
Achava que sim.
Que sim.
Sim.”
Claro Enigma
Carlos Drummond de Andrade se afasta do coloquialismo e recorre à métrica rigorosa para falar da
melancolia e do desencanto
Entre os poemas que compõem o livro, A Máquina do Mundo é considerado por muitos o maior da
literatura brasileira. O título faz alusão ao trecho de Os Lusíadas em que a Vasco da Gama é revelado o
funcionamento da máquina do mundo, após o navegador ter conquistado o caminho para as Índias. Todo
composto em tercetos, a versão do poeta mineiro mostra o eu-lírico que, durante um fim de tarde, recebe
a visita da máquina. Circunspecto, ele a desdenha friamente. Então a experiência, que a princípio parecia
grandiosa, se desfaz: "(...) baixei os olhos, incurioso, lasso,/ desdenhando colher a coisa oferta/ que se
abria gratuita a meu engenho". Revela-se aí o conflito fundamental eu-mundo, presente em toda a obra
de Drummond, a recusa que faz da tentativa de entender a história, tal como experimenta em A Rosa do
Povo. "É o clímax da trajetória do gauche, quando sujeito e objeto se fundem, a aparência e a essência se
integram", diz o crítico Affonso Romano de Sant’ anna.
Este sombrio retrato é feito do sentimento de culpa que oprime o poeta e da visão crepuscular que dá o
tom da obra: a noção da impossibilidade, estabelecida entre o transitório e o definitivo, a essência das
coisas e seu fracasso diante do tempo. Marca-se, também, a volta definitiva de um tema fundamental: o
amor, descrito sempre como vivência dolorosa. "Mas o que antes aparecia travestido de ironia, nesse
momento cede lugar a recorrentes imagens de violência e mutilação", diz o crítico Vagner Camillo.
Fragmento:
“Mas há, claro, espaço para o lirismo do amor, como no célebre poema “Amar”, que começa com
os versos: “Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”. A lira romântica de Drummond
está bem afinada neste livro, como pode ser comprovado pela leitura de poemas como “Rapto” e
“Tarde de maio”. A mineiridade também é lembrada no livro, em poemas vazados pela nostalgia ou
que recontam episódios antigos da terra natal do autor.”
A Paixão Segundo G.H.
Introspectiva ou existencial por excelência, a obra de Clarice Lispector supera a classificação de
"psicológica" para questionar a própria narrativa
Em A Paixão Segundo G.H., o enredo trata de uma mulher, identificada apenas pelas iniciais G.H., que -
depois de demitir a empregada e tentar limpar o quarto desta - relata a perda da individualidade após ter
esmagado uma barata na porta de um guarda-roupa.
No dia seguinte, ela narra a própria impotência de descrever o episódio. A história se organiza em
capítulos de seqüência sistemática - cada um começa com a mesma frase que serve de fechamento ao
anterior. A interrupção, assim, é elemento de continuidade, numa representação simbólica do que é a
experiência de G.H.
Assim como em outras obras de Clarice, em A Paixão Segundo G.H. os fluxos de consciência permeiam o
livro. Espécie de romance-enigma, fornece o lugar de sujeito à linguagem, que constrói ao redor de si um
labirinto cuja saída está na essência do ser: trata-se de um longo monólogo em primeira pessoa, que se
dá pelo que a professora Emília Amaral, autora de um estudo sobre o livro, chamou de "jorro turbilhante e
ininterrupto de linguagem".
Fragmento: ...estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender Tentando dar a
alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quem ficar como que vivi. Não sei o que fazer do que
vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio „lo que me aconteceu. Aconteceu-me
alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar
desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para
a organização anterior A isso prefiro chamar desorganização pois não quero não me confirmar no
que vivi — na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho
capacidade para outro.
O Pagador de Promessas
Maior sucesso do dramaturgo Dias Gomes, a peça trata da miscigenação religiosa e dos limites da
tolerância
A obra conta a história trágica de Zé do Burro, que viaja de sua aldeia no interior da Bahia até Salvador
carregando uma cruz. Seu objetivo era depositá-la no altar a fim de agradecer a Santa Bárbara (lansã)
pela salvação de seu burro Nicolau, que estava doente. Chegando à cidade, porém, é impedido pelo
vigário de cumprir a promessa. O que parecia ser uma demonstração trivial de fé torna-se uma polêmica
de proporções assustadoras na cidade e o fim inevitável do protagonista.
Dias Gomes mostra, através dos diálogos, as contradições que o homem e suas instituições trazem
dentro de si, revelando seu amplo poder crítico e criativo, que lhe valeu o reconhecimento internacional
da obra.
O Que é Isso, Companheiro?
Neste clássico sobre os anos 60, Fernando Gabeira conta sua experiência com a luta armada
Com a anistia em 1979, voltou ao Brasil e lançou O que É Isso, Companheiro?, em que conta sua
experiência com a luta armada. Numa prosa fluida e competente, Gabeira relata todo o processo de
seqüestro do embaixador americano, desde o planejamento da ação até o seu desfecho. A narrativa
autobiográfica permite que o leitor se sinta na pele do autor e testemunhe os horrores ocorridos nos anos
de 1960 e 1970 no país. Elevado à condição de documento histórico, O que É Isso, Companheiro?
tornou-se uma espécie de símbolo dos anos de luta contra a ditadura e pelo retorno da democracia. A
obra foi adaptada para o cinema em 1997, em filme dirigido por Bruno Barreto.
Curiosidades do autor: Nesse cenário desesperador, um jovem e talentoso jornalista se junta a um
grupo guerrilheiro para realizar um feito ousado: seqüestrar o embaixador americano no Brasil,
Charles Elbrick, em troca da libertação de prisioneiros políticos. Esse jovem idealista era Fernando
Gabeira, nascido em 1941, em Juiz de Fora.
Galáxias
Livro-poema de Haroldo de Campos que marca sua ruptura com o concretismo
Prosa ou poesia? Talvez "proesia", como já foi sugerido sobre esta obra de Haroldo de Campos (1929-
2003). Ou, nas palavras do próprio autor, "audiovideotexto, videotextogame". Galáxias (1984) é de difícil
classificação. Na literatura brasileira, constitui projeto único.
Trata-se de um conglomerado de palavras, referências e recursos barrocos, dispostos num longo
encadeamento de imagens e significantes que deixam entrever alguns resquícios de narração. Não há
pontuação ou letras maiúsculas. Também não há interrupções, exceto pelo branco da página, que se
opõe ao que nela está registrado. A unidade temática, segundo o artista-acadêmico-tradutor, está
somente na "viagem como livro e o livro como viagem". Para construí-la, ele transcendeu os valores do
Concretismo que ajudou a erigir para impulsionar a convergência entre literatura nacional e universal.
Diferentes línguas e influências atuam no e sobre o texto, arrancando dele a unidade cultural que
costumeiramente cercearia suas liberdades.
Fragmento: “(…) e o mar converte pois de mar se trata do mar que bate sua nata de escuma se eu
lhe disser que o mar começa você dirá que ele cessa se eu lhe disser que ele avança você dirá
que ele cansa se eu lhe disser que fala você dirá que ele cala e tudo será mar e nada será o mar o
mar mesmo aberto atrás da popa como uma fruta roxa uma vulva frouxa no seu mel orgasmo no
seu mal espasmo o mar gárgulo e gargáreo gorjeando gárrulo esse mar esse mar livro esse livro
mar marcado e vário murchado e flóreo multitudinoso mar purpúreo marúleo mar azúleo e mas e
pois e depois e agora e se e embora e quando e outrora e mais e ademais mareando marujando
marlunando marlevando marsoando polúphloisbos sem página.”
As Meninas
Com um romance de vários narradores, Lygia Fagundes Telles se consolidou como um dos principais
nomes da prosa contemporânea
No livro, três narradoras predominantemente se alternam, produzindo a polifonia de vozes: as de Lorena,
Lião e Ana Clara. São estudantes universitárias que moram em uma pensão. Sempre insegura e
desiludida com a vida sentimental, Lorena, aluna de direito e de família classe-média, sonha um romance
com um homem mais velho e casado. Lião estuda sociologia e, politicamente engajada, tem ligações com
organizações de esquerda. Ana Clara faz psicologia, mas abandona a faculdade: tem problemas com a
família e envolve-se com drogas. A obra explora o universo dessas jovens durante uma greve
estudantil. Obra de grande coragem na época de seu lançamento (1973), por descrever uma sessão de
tortura numa época em que o assunto era rigorosamente proibido, As meninas acabou por se tornar, ao
longo do tempo, um dos livros mais aplaudidos pela crítica e também um dos mais populares entre os
leitores da autora.
"Que beleza, que força, que matéria viva e lancinante em As meninas." -Carlos Drummond de
Andrade
"Lygia Fagundes Telles tem realmente algo da delicadeza atmosférica de uma Katherine Mansfield.
A diferença é apenas a seguinte: ela também sabe escrever romance e As meninas é mesmo um
romance de alta categoria." - Otto Maria Carpeaux
Entrevista: Sobre As Meninas, Lygia disse certa vez ao jornal O Globo: "Quis dar meu depoimento
sobre a ditadura militar. Cada uma das meninas era testemunha da situação a partir de um ponto
de vista: a drogada, a guerrilheira e a burguesinha. Mas as personalidades iam se misturando. É o
inesperado da natureza humana. Me deu muito trabalho".
Nova Antologia Poética
Coletânea comprova maestria de Mário Quintana nas diversas formas poéticas de expressão e sua
apurada sensibilidade para as coisas do cotidiano
Nova Antologia Poética, lançada em 1981, incluindo 40 poemas novos à antologia anterior (sem o
"nova"), coligida pelo poeta em 1966, com o auxílio dos colegas Paulo Mendes Campos e Rubem Braga.
A nova coletânea contempla toda a evolução artística do poeta. Independentemente da forma de
expressão escolhida (poema em prosa, composições breves, soneto), percebe-se um poeta sempre fiel a
si mesmo; seja no seu amor à terra ("Na mais profunda treva eu sonharei contigo / minha terra em flor"),
seja no acolhimento da morte ("Morrer é simplesmente esquecer as palavras"), seja nos acordes
autobiográficos ("O outono toca realejo / no pátio de minha vida"). Aos 60 anos, lançou Antologia Poética,
que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia de Melhor Livro do Ano. Em 1986, o poeta recebu uma
consagração raramente vista na vida literária brasileira, com lançamento da coletânea Oitenta Anos de
Poesia e abertura de exposição sobre sua vida, entre outras homenagens. Morreu em 1994, aos 87 anos.
“É uma barbaridade o que a gente tem de lutar com as palavras, para obrigar as palavras a dizerem o que
a gente quer.”
Mario Quintana, nova antologia poética.
“Lá dentro apenas sopra um ar, de morte.”
Mario Quintana, nova antologia poética.
O Sítio do Pica-pau Amarelo
Com imaginação poderosa e orientação didática, Monteiro Lobato criou a melhor saga infantil da
literatura brasileira
A versão de O Picapau Amarelo de 1939 ocupa um lugar de destaque. É nessa obra que se narra como
os personagens de várias histórias fabulosas passam a morar no Sítio do Picapau Amarelo.
Lá já estavam Dona Benta e outros protagonistas: os netos Pedrinho e Narizinho, a boneca de pano
falante Emília, o Visconde de Sabugosa, Tia Anastácia, Tio Barnabé, o Marquês de Rabicó, o sábio burro
Conselheiro e o rinoceronte Quindim. No contrato de compra de uma propriedade vizinha, destinada a
abrigar mais personagens, havia uma cláusula segundo a qual deveriam vir também todos os
"personagens do Mundo-da-Fábula para as Terras Novas de dona Benta". A saga do Sítio do Picapau
Amarelo começou em 1921, com a publicação de Narizinho Arrebitado. Outros viriam, como O Saci
(1921), Fábulas de Narizinho (1921), O Marquês de Rabicó (1922), O Noivado de Narizinho (1927),
Reinações de Narizinho (1931), As Caçadas de Pedrinho (1933), Emília no País da Gramática (1934),
Geografia de Dona Benta (1935), Histórias de Tia Anastácia (1937). Nessas obras, percebe-se -além de
uma imaginação poderosa -um sentimento de nacionalismo e de apego ao rural. Havia também uma clara
orientação didática a guiar Lobato na composição desses textos. Por meio de fabulações, o autor
educava e incentivava nas crianças o gosto pela leitura. Há até remissões de um livro para outro, que
serviam assim não apenas como apontamento de uma coerência interna de toda essa produção.
Livros essenciais da literatura brasileira

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Livros essenciais da literatura brasileira

  • 1. 10 livros essenciais da literatura brasileira Nome:Camila Silva Palaro N°:12 Série: 1EMA
  • 2. 1. Augusto dos Anjos: Eu 2. Caio Fernando Abreu: Morangos Mofados 3. Carlos Drummond de Andrade :Claro Enigma 4. Clarice Lispector: A Paixão Segundo G.H. 5. Dias Gomes: O Pagador de Promessas 6. Fernando Gabeira: O que é Isso, Companheiro? 7. Haroldo de Campos: Galáxias 8. Lygia Fagundes Telles: As Meninas 9. Mário Quintana: Nova Antologia Poética 10. Monteiro Lobato: O Sítio do Pica-pau Amarelo
  • 3. Eu Uma fantástica coleção de poesias simbolistas do poeta paraibano Augusto dos Anjos Eu, única obra de Augusto dos Anjos, reúne sua obra poética. De linguagem cientificista, o poeta mostra uma obsessão com a morte simultânea a sua aversão a ela. Fala de si mesmo, da doença que o vitimou (tuberculose), da humanidade, dos sentimentos, do banal; tudo pessimismo, linguagem e técnica impecável. O vocabulário e as imagens poéticas, que incluem expressões como "escarra esta boca que te beija", levaram os críticos da época a considerá-lo um poeta de mau gosto; não é verdade. Augusto dos Anjos em Eu demonstra uma visão de mundo como a de Machado que não se manifesta do mesmo modo sutil, mas é igualmente poderosa. Parnasiano na forma e simbolista nas imagens, Augusto dos Anjos é um pré-modernista e mostra nesta obra por seu estilo único e inconfundível. Morangos Mofados O livro de contos de Caio Fernando Abreu foi um dos maiores sucessos editoriais dos anos 1980 Utilizando linguagem e temáticas próprias, o escritor especializou-se em explorar os sentimentos humanos, muitas vezes proibidos. Seus escritos, em geral breves e repletos de significado, tendem a deixar uma sensação de vazio interior após a leitura, um silêncio que o inconsciente do leitor luta para eliminar, em busca de palavras ou idéias que ficaram perdidas nas entrelinhas. Publicado em 1982, como continuação a Pedras de Calcutá (1977), Morangos Mofados foi um dos maiores sucessos editoriais da década. Nesta coletânea de contos, focalizam-se personagens
  • 4. socialmente excluídos ou marginalizados por seu comportamento. A obra é dividida em duas partes. A primeira, intitulada "O Mofo", é constituída de nove histórias que contemplam a ditadura militar e a repressão à liberdade e ao direito de opinião, escarafunchando sentimentos rejeitados pela sociedade e reprimidos nos indivíduos. Na segunda parte, "Morangos", o autor mostra que há solução para os traumas impostos pelas circunstâncias sociais e fornece, em oito contos, um fio de esperança aos personagens, que encontram um sentido para viver. O mérito de Caio Fernando Abreu, em Morangos Mofados, foi ter revelado, num período em que o Brasil não tinha retomado a democracia, o que faziam e o que sentiam os loucos, os homossexuais e a própria juventude brasileira diante do preconceito da sociedade e da repressão a seus ideais. "Morangos não deixa de revelar uma enorme perplexidade diante da falência de um sonho e da certeza de que é fundamental encontrar uma saída capaz de absorver, agora sem a antiga fé, a riqueza de toda essa experiência", observou a crítica cultural Heloísa Buarque de Hollanda em texto publicado no Jornal do Brasil. Fragmento: “Poderia talvez ser internado no próximo minuto, mas era realmente um pouco assim como se ouvisse as notas iniciais de A sagração da primavera. O gosto mofado de morangos tinha desaparecido. Como uma dor de cabeça, de repente. Tinha cinco anos mais que trinta. Estava na metade, supondo que setenta fosse sua conta. Mas era um homem recém-nascido quando voltou- se devagar, num giro de cento e oitenta graus sobre os próprios pés, para deslizar as costas pela sacada até ficar de joelhos sobre os ladrilhos escuros, as mãos postas sobre o sexo. Abriu os dedos. Absolutamente calmo, absolutamente claro, absolutamente só enquanto considerava atento, observando os canteiros de cimento: será possível plantar morangos aqui? Ou se não aqui, procurar algum lugar em outro lugar? Frescos morangos vivos vermelhos. Achava que sim. Que sim. Sim.”
  • 5. Claro Enigma Carlos Drummond de Andrade se afasta do coloquialismo e recorre à métrica rigorosa para falar da melancolia e do desencanto Entre os poemas que compõem o livro, A Máquina do Mundo é considerado por muitos o maior da literatura brasileira. O título faz alusão ao trecho de Os Lusíadas em que a Vasco da Gama é revelado o funcionamento da máquina do mundo, após o navegador ter conquistado o caminho para as Índias. Todo composto em tercetos, a versão do poeta mineiro mostra o eu-lírico que, durante um fim de tarde, recebe a visita da máquina. Circunspecto, ele a desdenha friamente. Então a experiência, que a princípio parecia grandiosa, se desfaz: "(...) baixei os olhos, incurioso, lasso,/ desdenhando colher a coisa oferta/ que se abria gratuita a meu engenho". Revela-se aí o conflito fundamental eu-mundo, presente em toda a obra de Drummond, a recusa que faz da tentativa de entender a história, tal como experimenta em A Rosa do Povo. "É o clímax da trajetória do gauche, quando sujeito e objeto se fundem, a aparência e a essência se integram", diz o crítico Affonso Romano de Sant’ anna. Este sombrio retrato é feito do sentimento de culpa que oprime o poeta e da visão crepuscular que dá o tom da obra: a noção da impossibilidade, estabelecida entre o transitório e o definitivo, a essência das coisas e seu fracasso diante do tempo. Marca-se, também, a volta definitiva de um tema fundamental: o amor, descrito sempre como vivência dolorosa. "Mas o que antes aparecia travestido de ironia, nesse momento cede lugar a recorrentes imagens de violência e mutilação", diz o crítico Vagner Camillo. Fragmento: “Mas há, claro, espaço para o lirismo do amor, como no célebre poema “Amar”, que começa com os versos: “Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?”. A lira romântica de Drummond está bem afinada neste livro, como pode ser comprovado pela leitura de poemas como “Rapto” e “Tarde de maio”. A mineiridade também é lembrada no livro, em poemas vazados pela nostalgia ou que recontam episódios antigos da terra natal do autor.”
  • 6. A Paixão Segundo G.H. Introspectiva ou existencial por excelência, a obra de Clarice Lispector supera a classificação de "psicológica" para questionar a própria narrativa Em A Paixão Segundo G.H., o enredo trata de uma mulher, identificada apenas pelas iniciais G.H., que - depois de demitir a empregada e tentar limpar o quarto desta - relata a perda da individualidade após ter esmagado uma barata na porta de um guarda-roupa. No dia seguinte, ela narra a própria impotência de descrever o episódio. A história se organiza em capítulos de seqüência sistemática - cada um começa com a mesma frase que serve de fechamento ao anterior. A interrupção, assim, é elemento de continuidade, numa representação simbólica do que é a experiência de G.H. Assim como em outras obras de Clarice, em A Paixão Segundo G.H. os fluxos de consciência permeiam o livro. Espécie de romance-enigma, fornece o lugar de sujeito à linguagem, que constrói ao redor de si um labirinto cuja saída está na essência do ser: trata-se de um longo monólogo em primeira pessoa, que se dá pelo que a professora Emília Amaral, autora de um estudo sobre o livro, chamou de "jorro turbilhante e ininterrupto de linguagem". Fragmento: ...estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quem ficar como que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio „lo que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior A isso prefiro chamar desorganização pois não quero não me confirmar no que vivi — na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro. O Pagador de Promessas Maior sucesso do dramaturgo Dias Gomes, a peça trata da miscigenação religiosa e dos limites da tolerância A obra conta a história trágica de Zé do Burro, que viaja de sua aldeia no interior da Bahia até Salvador carregando uma cruz. Seu objetivo era depositá-la no altar a fim de agradecer a Santa Bárbara (lansã) pela salvação de seu burro Nicolau, que estava doente. Chegando à cidade, porém, é impedido pelo vigário de cumprir a promessa. O que parecia ser uma demonstração trivial de fé torna-se uma polêmica de proporções assustadoras na cidade e o fim inevitável do protagonista. Dias Gomes mostra, através dos diálogos, as contradições que o homem e suas instituições trazem dentro de si, revelando seu amplo poder crítico e criativo, que lhe valeu o reconhecimento internacional da obra.
  • 7. O Que é Isso, Companheiro? Neste clássico sobre os anos 60, Fernando Gabeira conta sua experiência com a luta armada Com a anistia em 1979, voltou ao Brasil e lançou O que É Isso, Companheiro?, em que conta sua experiência com a luta armada. Numa prosa fluida e competente, Gabeira relata todo o processo de seqüestro do embaixador americano, desde o planejamento da ação até o seu desfecho. A narrativa autobiográfica permite que o leitor se sinta na pele do autor e testemunhe os horrores ocorridos nos anos de 1960 e 1970 no país. Elevado à condição de documento histórico, O que É Isso, Companheiro? tornou-se uma espécie de símbolo dos anos de luta contra a ditadura e pelo retorno da democracia. A obra foi adaptada para o cinema em 1997, em filme dirigido por Bruno Barreto. Curiosidades do autor: Nesse cenário desesperador, um jovem e talentoso jornalista se junta a um grupo guerrilheiro para realizar um feito ousado: seqüestrar o embaixador americano no Brasil, Charles Elbrick, em troca da libertação de prisioneiros políticos. Esse jovem idealista era Fernando Gabeira, nascido em 1941, em Juiz de Fora.
  • 8. Galáxias Livro-poema de Haroldo de Campos que marca sua ruptura com o concretismo Prosa ou poesia? Talvez "proesia", como já foi sugerido sobre esta obra de Haroldo de Campos (1929- 2003). Ou, nas palavras do próprio autor, "audiovideotexto, videotextogame". Galáxias (1984) é de difícil classificação. Na literatura brasileira, constitui projeto único. Trata-se de um conglomerado de palavras, referências e recursos barrocos, dispostos num longo encadeamento de imagens e significantes que deixam entrever alguns resquícios de narração. Não há pontuação ou letras maiúsculas. Também não há interrupções, exceto pelo branco da página, que se opõe ao que nela está registrado. A unidade temática, segundo o artista-acadêmico-tradutor, está somente na "viagem como livro e o livro como viagem". Para construí-la, ele transcendeu os valores do Concretismo que ajudou a erigir para impulsionar a convergência entre literatura nacional e universal. Diferentes línguas e influências atuam no e sobre o texto, arrancando dele a unidade cultural que costumeiramente cercearia suas liberdades. Fragmento: “(…) e o mar converte pois de mar se trata do mar que bate sua nata de escuma se eu lhe disser que o mar começa você dirá que ele cessa se eu lhe disser que ele avança você dirá que ele cansa se eu lhe disser que fala você dirá que ele cala e tudo será mar e nada será o mar o mar mesmo aberto atrás da popa como uma fruta roxa uma vulva frouxa no seu mel orgasmo no seu mal espasmo o mar gárgulo e gargáreo gorjeando gárrulo esse mar esse mar livro esse livro mar marcado e vário murchado e flóreo multitudinoso mar purpúreo marúleo mar azúleo e mas e pois e depois e agora e se e embora e quando e outrora e mais e ademais mareando marujando marlunando marlevando marsoando polúphloisbos sem página.”
  • 9. As Meninas Com um romance de vários narradores, Lygia Fagundes Telles se consolidou como um dos principais nomes da prosa contemporânea No livro, três narradoras predominantemente se alternam, produzindo a polifonia de vozes: as de Lorena, Lião e Ana Clara. São estudantes universitárias que moram em uma pensão. Sempre insegura e desiludida com a vida sentimental, Lorena, aluna de direito e de família classe-média, sonha um romance com um homem mais velho e casado. Lião estuda sociologia e, politicamente engajada, tem ligações com organizações de esquerda. Ana Clara faz psicologia, mas abandona a faculdade: tem problemas com a família e envolve-se com drogas. A obra explora o universo dessas jovens durante uma greve estudantil. Obra de grande coragem na época de seu lançamento (1973), por descrever uma sessão de tortura numa época em que o assunto era rigorosamente proibido, As meninas acabou por se tornar, ao longo do tempo, um dos livros mais aplaudidos pela crítica e também um dos mais populares entre os leitores da autora. "Que beleza, que força, que matéria viva e lancinante em As meninas." -Carlos Drummond de Andrade "Lygia Fagundes Telles tem realmente algo da delicadeza atmosférica de uma Katherine Mansfield. A diferença é apenas a seguinte: ela também sabe escrever romance e As meninas é mesmo um romance de alta categoria." - Otto Maria Carpeaux Entrevista: Sobre As Meninas, Lygia disse certa vez ao jornal O Globo: "Quis dar meu depoimento sobre a ditadura militar. Cada uma das meninas era testemunha da situação a partir de um ponto de vista: a drogada, a guerrilheira e a burguesinha. Mas as personalidades iam se misturando. É o inesperado da natureza humana. Me deu muito trabalho".
  • 10. Nova Antologia Poética Coletânea comprova maestria de Mário Quintana nas diversas formas poéticas de expressão e sua apurada sensibilidade para as coisas do cotidiano Nova Antologia Poética, lançada em 1981, incluindo 40 poemas novos à antologia anterior (sem o "nova"), coligida pelo poeta em 1966, com o auxílio dos colegas Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. A nova coletânea contempla toda a evolução artística do poeta. Independentemente da forma de expressão escolhida (poema em prosa, composições breves, soneto), percebe-se um poeta sempre fiel a si mesmo; seja no seu amor à terra ("Na mais profunda treva eu sonharei contigo / minha terra em flor"), seja no acolhimento da morte ("Morrer é simplesmente esquecer as palavras"), seja nos acordes autobiográficos ("O outono toca realejo / no pátio de minha vida"). Aos 60 anos, lançou Antologia Poética, que recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia de Melhor Livro do Ano. Em 1986, o poeta recebu uma consagração raramente vista na vida literária brasileira, com lançamento da coletânea Oitenta Anos de Poesia e abertura de exposição sobre sua vida, entre outras homenagens. Morreu em 1994, aos 87 anos. “É uma barbaridade o que a gente tem de lutar com as palavras, para obrigar as palavras a dizerem o que a gente quer.” Mario Quintana, nova antologia poética. “Lá dentro apenas sopra um ar, de morte.” Mario Quintana, nova antologia poética.
  • 11. O Sítio do Pica-pau Amarelo Com imaginação poderosa e orientação didática, Monteiro Lobato criou a melhor saga infantil da literatura brasileira A versão de O Picapau Amarelo de 1939 ocupa um lugar de destaque. É nessa obra que se narra como os personagens de várias histórias fabulosas passam a morar no Sítio do Picapau Amarelo. Lá já estavam Dona Benta e outros protagonistas: os netos Pedrinho e Narizinho, a boneca de pano falante Emília, o Visconde de Sabugosa, Tia Anastácia, Tio Barnabé, o Marquês de Rabicó, o sábio burro Conselheiro e o rinoceronte Quindim. No contrato de compra de uma propriedade vizinha, destinada a abrigar mais personagens, havia uma cláusula segundo a qual deveriam vir também todos os "personagens do Mundo-da-Fábula para as Terras Novas de dona Benta". A saga do Sítio do Picapau Amarelo começou em 1921, com a publicação de Narizinho Arrebitado. Outros viriam, como O Saci (1921), Fábulas de Narizinho (1921), O Marquês de Rabicó (1922), O Noivado de Narizinho (1927), Reinações de Narizinho (1931), As Caçadas de Pedrinho (1933), Emília no País da Gramática (1934), Geografia de Dona Benta (1935), Histórias de Tia Anastácia (1937). Nessas obras, percebe-se -além de uma imaginação poderosa -um sentimento de nacionalismo e de apego ao rural. Havia também uma clara orientação didática a guiar Lobato na composição desses textos. Por meio de fabulações, o autor educava e incentivava nas crianças o gosto pela leitura. Há até remissões de um livro para outro, que serviam assim não apenas como apontamento de uma coerência interna de toda essa produção.