O documento discute a evolução da antropologia contemporânea e como seus objetos de estudo e abordagens teóricas mudaram ao longo do tempo. A antropologia abandonou paradigmas estruturalistas e funcionalistas em favor de uma abordagem hermenêutica e interpretativa, focada na construção de identidades culturais. Também analisa como a globalização e padronização cultural desafiam a manutenção de identidades distintas, e como minorias passaram a reivindicar o reconhecimento de suas diferenças.
2. Introdução
Antropologia – está relacionada à expansão do capitalismo
europeu.
Contato com povos étnica e culturalmente diferentes.
Antropologia e a lógica do distanciamento:
Pesquisador- pesquisado.
Civilizações - culturas.
Tempo – espaço
Europeu – Não europeu.
3. Introdução
História e crescente internacionalização do
capitalismo encurtaram as distâncias.
A indústria se universalizou assim como o estado
nação, a democracia, a tecnologia e os meios de
comunicação.
Processo hegemônico de uniformização aproximou
povos e etnias. (cultura de massas e consumo).
Movimento migratório que transfere de um lado para
o outro gerações de pessoas de origem longínqua.
Que ao mesmo tempo gera nacionalismos
extremados.
4. Introdução
Será que o objeto da antropologia desapareceu por
conta destes processos?
Interdisciplinaridade, e menos particularismos.
Aproximação entre as Ciências Sociais/Humanas:
História, Sociologia, Antropologia, Psicanálise,
Semiótica.
Perda do universalismo das “escolas teóricas”
Crise de paradigmas (maior flexibilidade,
interdisciplinaridade e fragiliade).
6. Introdução
Essa nova proposta abandona a inspiração
naturalista das ciências humanas, muito ligada a
ideia de objetividade das ciências biológicas.
Michel Foucault: As ciências do homem só
podem apreender seu objeto pelo discurso e
portanto, pela interpretação simbólica.
Homem ser de linguagem (decifração das
formas de expressão)
7. Introdução
Hermenêutica: ciência da interpretação do dito,
do não dito e da entrelinhas.
Modelo decifrativo que se apoia em sinais, em
vestígios, para descobrir na expressão simbólica
conteúdos profundamente significativos.
Ênfase nas formulações narrativas, nas
perspectivas históricas e nas relações
intersubjetivas.
O sujeito deixa de ser visto como uma
objetividade para ganhar toda a riqueza de sua
capacidade simbólica.
8. Introdução
Michel Foucault e Cliffort Geertz.
Diante desmaterialização da cultura temos que
adotar um conceito de cultura semiótico e
interpretativo.
A interpretação das culturas: “o conceito de
cultura que eu defendo, e cuja utilidade os
ensaios abaixo tentam demonstrar, é
essencialmente semiótico.”
Weber e o conceito de teia de significados.
9. Introdução
Ciência experimental em busca de leis x ciência
interpretativa à procura de significados.
Mas se é outro o paradigma das ciências humanas
na atualidade,
se ela deixa de mirar para as ciências exatas como
modelo,
se elas assumem a especificidade do ser humano
como ser de linguagem,
Se ela assume submete os modelos explicativos às
possibilidades interpretativas da hemenêutica...
10. Também é outro seu objeto
Não trata o homem como organismo, material e
concreto
Mas sim como um ser que se caracteriza pela
subjetividade e pela consciência de si próprio
como indivíduo.
Modelos universais x formas mais particulares e
individuais de ação e comportamento.
O EU e o OUTRO
11. A complexa questão da
identidade
EU e o OUTRO.
O pesquisado encarado como entidades
diferentes autônomas.
Questão da Antropologia é a alteridade:
Identificar os outros (aquele que ela estuda)
E entender a relação deste outro com a
alteridade. (como estes concebem sua relação
com o outro próximo ou distante)
12. A complexa questão da
identidade
A grande questão da antropologia é a construção
das identidades.
Identidades: mecanismos que fazem o outro ser
quem é e como é, além do desvendamento dos
mecanismos pelos quais o comportamento, o
sentimento e os códigos de ação permitem
essas formas de ser se constituam, tornem–se
identificáveis e se reproduzam.
13. A complexa questão da
identidade
No começo da antropologia estudos eram mais
objetivos, pois as diferenças eram mas drásticas.
Com a expansão colonialista, o capitalismo e a
globalização, os modos de vida são aproximados
abalando o processo identitários.
Essa crise de identidade passa a fazer parte do
que chamamos cultura contemporânea ou pós
modernidade.
14. A complexa questão da
identidade
Os autores Giddens, Virillio e Castells analisam :
Enfraquecimento substancial das instituições
(Estado, a Igreja, os partidos políticos e as
organizações profissionais).
Padronização do imaginário das pessoas de
forma global gera dificuldade de construções de
identidades pessoais e coletivas.
15. A complexa questão da
identidade
Estes processos que até pouco tempo tinham a função de localizar o
EU e OUTRO e as relações de pertencimento dos sujeitos na
cultura.
Reações a pós modernidade:
Ex:hispânicos nos EUA, mantendo estruturas gramaticais latinas
incorporadas ao inglês.
Miseráveis e seus jargões.
Consumo enquanto processo identitário importante. (Canclini).
Princípio comum de todos estas críticas é que as culturas
tradicionais foram solapadas pelas sociedades contemporâneas.
Uma crítica a sociedade do trabalho.
16. A complexa questão da
identidade
Cada vez que consumimos músicas, roupa ou
alimento, estamos redefinindo nossa forma de ser e
informando a respeito do grupo.
Na sociedade contemporânea, tornou-se ineficazes
as formas tradicionais da cultura pelas quais se
construíram as identidades de grupos e individuais.
Ofício ou profissão.
Regionalismo
nacionalismo
17. A complexa questão da
identidade
Sai de cena as identidades normativas,
regulares ou institucionais. (família, nação etc.)
Entra em cena mecanismos identitários
emergentes (natureza cultural e política, como a
organização de minorias)
18. Identidade, igualdade e
diferença
Igualdade não é uma ideia fácil de ser aceita na
cultura humana.
Desde as mais antigas civilizações o homem
buscou suas diferenças: de origem, de
nacionalidade, de classe social.
Hindus – e as partes diferentes do deus Brama,
dando origem as diferenças.
Roma - Patrícios e Plebeus, e não-romanos
eram tratados como Bárbaros.
19. Identidade, igualdade e
diferença
Estabelecer diferenças parece ter sido sempre uma
tendência da humanidade.
Foi o cristianismo que trouxe a noção de igualdade.
(bondade, caridade e vontade divina)
No Iluminismo novos aspectos da igualdade:
vontade, liberdade, igualdade jurídica e civil.
No Socialismo o entendimento era de que a
sociedade de classe gerava a diferença entre os
homens, causa de todas as outras desigualdades( de
educação, de interesses, de consciência). Logo
numa sociedade sem classes reinaria a igualdade.
20. Identidade, igualdade e
diferença
No capitalismo responsáveis pro inúmeras novas
diferenças, desenvolveu a indústria de massa,
geradora de homogeneização, diluindo as
diferenças e padronizando estilos de vida e
consumo.
21. Complexidade e
diferenciação
Porém nessa sociedade que massifica, se
padroniza e se assemelha, surgiram grupos que
começaram a se distinguir.
1º Por que essa sociedade passou a abrigar em
seu interior, em um mesmo espaço geográfico,
pessoas provenientes das mais diferentes
culturas.
Todas competindo elas competindo pelo
mercado de trabalho e por bens que nunca
parecem aumentar na mesma proporção que o
número de consumidores.
22. Complexidade e
diferenciação
Grupos passam a concorrer e desenvolver
rivalidades extremas e se opor entre si:
Homens x mulheres
Negros x brancos
Nativos x estrangeiro
Citadinos x campesinatos
Orientais e ocidentais.
23. Complexidade e
diferenciação
Cada um desses setores procurou definir sua própria
história, criou suas justificativas e elaborou formas de
organização e um rol de e reivindicações.
Cada um querendo criar e afirmar sua própria
identidade imprimindo diferença marcantes na
realidade social.
Os movimentos étnicos, raciais e sexuais, deram a
noção de cidadania outro sentido.
O coletivo encobre diferenças e e discriminações,
passa por cima de perseguições e injustiças, cuja
a superação torna necessária uma ação
particular, dirigida e organizada.
24. Complexidade e
diferenciação
Partidos políticos não atendem estas demandas.
Nenhuma teoria ou projeto que representasse toda a
sociedade poderia contentar estes grupos que se
sentem especialmente excluídos de certos benefícios
sociais.
As soluções políticas e religiosas que se pretendem
globais descontentam esses grupos que buscam
formas próprias de pensamento e atuação.
Saem das sombras as diferenças e particularidades.
Membros de uma mesma categoria sexual ou etária
unem-se, reivindicam, denunciam e ocupam
espaços.
25. Complexidade e
diferenciação
São Gays, que reivindicam casamento
homossexual.
As mulheres que exigem igualdade de condições
de trabalho.
Os sem-terra que pedem assentamento.
As minorias- religiosas, profissionais, sexuais,
passam do discurso à ação política, reafirmando
o princípio da diferenciação com base de uma
sociedade que só aparentemente se
homogeneíza.
26. Maioria, minoria,
normalidade e dissidência
O princípio da maioria como uma força política
nasceu com a democracia grega, no qual o sistema
de votação direta submetiam a aprovação das leis
ao referendo da maioria numérica dos cidadãos.
Maioria correspondia a esta superioridade numérica,
que legitimava politicamente as decisões da
Assembléia.
Expressava a vontade de uma elite e não os anseios
majoritários da população como um todo.
Assim, aos poucos, a “maioria” deixou de representar
a quantidade para representar um princípio de força
política:
27. Maioria, minoria,
normalidade e dissidência
É majoritária a decisão que representa a vontade
das elites e dos governantes instituídos.
Em oposição, minoritárias são as reivindicações
que representam justamente os grupos que não
estão no poder e não conseguem aprovar seus
projetos e nem transformar em leis seus anseios.
Questões femininas são minoritárias.
28. Maioria ou normalidade.
Esse princípio da maioria enquanto força política
dominante e a quantidade passa a significar poder,
tem contrapartida nas ciências sociais, que a
associam ao comportamento dominante e ao
princípio da normalidade.
Durkheim e o fato social.
Positivistas e consenso social.
Consenso= saúde
Conflitos=patológico ou mórbido.
29. Maioria ou normalidade.
Assim ao mesmo tempo que a maioria garante
legitimidade, por menor que fossem o grupo que
representasse, a ideia de consenso, associada à de
maioria e unanimidade, dava as instituições sociais um
sentido de normalidade e saúde.
Ex: Eleições em dois turnos.
Análise quantitativa leva a deformação da realidade.
Muitos outros usos inadequados das noções de maioria e
minoria tendem a mascarar resultados, esconder
diferenças substanciais e a criar semelhanças
inexistentes. Atualmente, com a multiplicidade de casos
desviantes, com a complexidade da vida social, fica cada
vez mais difícil estabelecer maiorias reais. Predomina
assim o uso político e ideológico desse conceito.
30. Maioria ou normalidade.
Hoje já se reconhece que em casos desviantes estão
muitas vezes manifestas tendências sociais emergentes.
Representam aspectos importantes da vida social,
sintomas de transformações que podem ser vislumbrados
pelo cientista social.
As minorias hoje saem a campo, organizam-se, fazem
reivindicações e manifestações e acabam, algumas vezes
por mudar certas formas de comportamento e por
denunciar antigos preconceitos.
É a força política que torna as questões majoritárias ou
minoritárias.
Ex: do vagão especial para mulheres.
31. Maioria ou normalidade.
Democracia participativa.
A antropologia que sempre se dedicou a grupos
subalternos ou em extinção, tem oferecido
modelos apropriados de estudo de análise das
minorias.
Advento de novos modelos explicativos e novas
metodologias de pesquisa, relação diversa com
as demais ciências da sociedade e diferentes
objetos para análise científica.