1. Mário de Andrade
(1893-1945)
MODERNISMO – Primeira geração
→ROMANCE MODERNO
1ª publicação – 1927
2. AMAR, VERBO INTRANSITIVO – IDÍLIO
Idílio: 1. Amor terno e delicado. 2. Colóquio amoroso:
relações entre namorados. 3. Produto da fantasia;
devaneio, utopia
A perplexidade é inevitável, uma vez que idílio
implica numa forma singela de amor em que não
pairam dúvidas quanto à reciprocidade entre dois
sujeitos.
Amar, verbo intransitivo: contradição
Gramática: quem ama, ama algo: VTD
Livro: quem ama, ama: VI
3. CONTEXTO HISTÓRICO
Na Europa, o período denominado
‘entre guerras’ caracterizou-se por uma profunda
crise econômica, social e moral que atingiu os
países capitalistas na década de 20. Na Alemanha,
particularmente, a situação era pior: havia um
clima propício, como nos demais países que
perderam a guerra, ao nascimento de um violento
nacionalismo. No caso, sabemos, estava aberta a
brecha para a ascensão do nazismo.
4. CONTEXTO HISTÓRICO
No Brasil, apesar da guerra, o clima era bem
outro: havia um relativo otimismo em relação ao
futuro. Superávamos o atraso de um país agrário
num estado mesmo de euforia pelo dinheiro
proveniente da plantação e comércio do café e
vislumbrava-se a possibilidade de unir esta
riqueza à nova riqueza industrial. Fräulein,
diante de realidades tão opostas, se adapta. Aliás,
seu poder de adaptação é insistentemente
enfatizado pelo narrador:
5. CONTEXTO HISTÓRICO
“[...] tornaram a vida insuportável na Alemanha.
Mesmo antes de 14 a existência arrastava difícil lá,
Fräulein se adaptou. Veio pro Brasil, Rio de Janeiro.
Depois Curitiba onde não teve o que fazer. Rio de
Janeiro. São Paulo. Agora tinha que viver com os
Souza Costas. Se adaptou.”
6.
7. Amar, Verbo Intransitivo, chama a atenção por inúmeros
aspectos. A linguagem, provavelmente considerada “errada” na época,
pois se afasta do português castiço ao imitar (às vezes de forma
eficiente, às vezes não) o padrão coloquial brasileiro. É como se o texto
escrito imitasse a maneira de falar do nosso povo. É um livro para se
fazer de conta que se está ouvindo e, não, lendo.
Um romance modernista da primeira fase (1922 – 1930),
impregnado de um espírito de destruição até ao exagero. O espírito da
“Semana de Arte Moderna”: destruir para construir tudo de novo. A mola
real de toda a obra do autor é a pesquisa, a busca.
8. A universalidade do romance está personificada em Fräulein, pois
traz um mundo de contradições e efervescências que
caracterizavam a Alemanha (Período entre a 1ª e a 2ª Guerra
Mundial – República de Weimar);
Fräulein tem tendências autoritárias, totalitaristas. Ela acredita,
entre outras coisas, que a mulher deve casar, ter quantos filhos a
natureza prover, servir ao marido, cuidar da casa... É a
caracterização, segundo Mário de Andrade, do alemão medíocre,
alemão médio;
Intertextualidade com o Hermann e Dorotéia, de Goethe (Narra a
história de uma jovem refugiada por causa da Rev. Francesa que vaga pela Alemanha e encontra
o jovem rico, Hermann. Ele a leva para trabalhar na casa e acaba apaixonando-se por ela.
Transforma-a em patroa.);
9. Plano de Fräulein : Quer ensinar o amor e não o sexo (Como Sousa Costa
quer) e casar-se ;
Fräulein (universo racional, onde os fins justificam os meios voltada para a
mera sobrevivênvia, anônima, burguesa) X Elza (universo emocional, mais
humano, sofredor, individualizado);
Elza não traz e não precisa de sobrenome; Fräulein e Elza, sempre
mencionados separadamente, valem como um todo;
Fräulein não é solidária com as outras mulheres. É sempre severa no julgar
Laura, a esposa de Souza Costa, não se apega às meninas. A governanta
é, sim, uma eficiente professora de sexo: teórica, e, principalmente, prática.
“Professora de amor... porém não nascera pra isso, sabia. As circunstâncias
é que tinham feito dela a professora de amor. Se adaptara...” (Pág. 71)
10. Constante emprego das digressões, boa parte
delas metalinguísticas, outra parte sociológicas,
que fazem lembrar o estilo machadiano. Mais uma
vez, a obra apresenta elementos formais que a
colocam à frente de seu tempo, caracterizando-a,
portanto, como moderna.
11. Dentro do aspecto sociológico, há que se entender uma
posição meio ambígua de Mário de Andrade, como se ele
mostrasse uma “paixão crítica” por seu povo, principalmente o
paulistano. Note-se que critica valores brasileiros, ao mesmo
tempo que diz que é a nossa forma de comportamento, deixando
subentendido um certo ar de “não tem jeito”, “somos assim
mesmo”.
Além disso, ao mesmo tempo em que elogia o estrangeiro,
principalmente a força dos alemães, desmerece-os ao mostrá-los
como extremamente metódicos, ineptos para o calor latino. Sem
mencionar que reconhece que o imigrante está sendo como que
simpaticamente absorvido por nossa cultura.
12. O que mais chama a
atenção é a utilização da
teoria freudiana (grande
paixão do autor) como
embasamento da trama.
13. Foco narrativo
A narrativa é feita na terceira pessoa, por um narrador
que não faz parte do romance. É o narrador tradicional, um
narrador onisciente e onipresente. Mas há ainda um outro
ponto de vista: o autor se coloca dentro do livro para
fazer suas numerosas observações marginais. Para
comentar, criticar, expor ideias, concordar ou discordar... É
uma velha mania do romance tradicional. E os comentários
são feitos na primeira pessoa.
Isto não sei se é bem se é mal, mas a culpa é toda de Elza.
Isto sei e afirmo...
Volto a afirmar que o meu livro tem 50 leitores. Comigo 51.
14. Linguagem e Estrutura
A narrativa corre sem divisões de capítulos. Mário de Andrade usa as
formas conhecidas de discurso. É mais frequente o discurso direto,
nos diálogos, mas em algumas vezes, usa também o discurso
indireto e o discurso indireto livre.
Mário de Andrade transgride a norma culta em aspectos como
pontuação e concordância (Ver posfácio!).
A narrativa segue, de modo geral, uma linha linear: princípio, meio e
fim. Começa com a chegada de Fräulein, se estende em episódios e
incidentes, acaba com a saída de Fräulein. Quando termina o idílio, o
autor escreve “Fim” e, depois, ainda narra um pequeno episódio:
Um encontro de longe entre Carlos e Fräulein, num corso de carnaval.
Freqüentemente a narrativa fica retardada pelos comentários marginais
do autor: algumas vezes exposição de tese.
15. A pontuação da frase é muito liberal. Conscientemente liberal. O ritmo de
leitura depende muito da capacidade de cada leitor. Abandona a pontuação
quando as frases se amontoam, acavalando-se umas sobre as outras,
polifônicas, simultâneas, fugindo das regrinhas escolares de pontos e vírgulas.
É preciso lembrar que Mário de Andrade é sempre um experimentador em
busca de soluções novas para a linguagem. Para alcançar ou tentar suas
inovações ele trabalhou suadamente: fazia e refazia suas redações em versões
diferentes. Assim em Amar, Verbo Intransitivo e mais ainda em Macunaíma.
Sobre Fräulein : Agora primeiro vou deixar o livro descansar uma semana ou
mais sem pegar nele, depois principiarei a corrigir e a escrever o livro na forma
definitiva. Definitiva? Não posso garantir nada, não. Fräulein teve quatro
redações diferentes! (Carta a Manuel Bandeira, pág. 184).
16. LINGUAGEM E ESTRUTURA
Apesar de certos alongamentos em seus comentários
marginais, o autor escreve com rapidez, dinamicamente,
em frases e palavras com jeito cinematográfico.
Usa uma linguagem sincopada, cheia de elipses que
obrigam o leitor a ligar e completar os pensamentos. Em
vez de dizer e de explicar tudo, apenas sugere em frases
curtas, mínimas.
17. PERSONAGENS
Em geral, são fabricadas, artificiais, sem
muita vida ou substância humana. As
personagens são bem parecidas e
socialmente domesticadas.
A ação principal está em Fräulein : seu
domínio sexual, com imperturbável
serenidade bem alemã, contrasta com a
espontaneidade sexual, com a
impetuosidade bem brasileira do
excelente aluno (em sexo), Carlos.
18. PERSONAGENS
Felisberto Sousa Costa - pai de
Carlos. É o centro, não afetivo, mas
administrativo da casa em que
mantém, mais ou menos, o regime
patriarcalista. Deve-se notar que o
comportamento de Sousa Costa,
acerca de sua atitude de contratar uma
profissional do amor para realizar os
serviços debaixo do seu próprio teto,
revela determinados valores da
O narrador mostra-se bastante
burguesia da época. Ele se comporta
cruel. Ficaram claras as suas críticas à
como um ‘novo rico’ que acha que o
rico
burguesia paulistana e à sua mania de
dinheiro pode tomar posse de tudo, até
tudo
tentar ser o que não é ou esconder o que
da iniciação sexual. São ricos que
no fundo é. Observa-se a genialidade do
ainda não têm, no entender de Mário
narrador ao descrever Sousa Costa
de Andrade, estrutura para merecer
usando brilhantina até no bigode.
seu presente status.
Assemelha-se à esposa, que também usa
produto para alisar o cabelo. Querem
esconder que são tão mestiços quanto o
resto do país.
19. D. Laura - mãe de Carlos, esposa
de Felisberto. Como devia, sempre
obedece ao marido. É uma senhora
bem composta, acomodada,
burguesa. Uma senhora da
sociedade e que mantém todas as
aparências de seriedade religiosa e
familiar. Concorda com os
argumentos tão convincentes... do
marido, na educação do único filho-
homem.
20. Carlos Alberto – filho,
entre 15 e 16 anos. Uma
espécie de “enfant gaté”
(um queridinho da família,
porque único) e que,
certamente, deverá ser o
principal herdeiro do nome,
da fortuna e das realizações
paternas. Como era
costume, possivelmente,
deveria ser a projeção do
pai, a sua continuação.
Centraliza a narrativa, é
personagem do pequeno
drama amoroso do livro, ao
lado da governanta alemã,
Elza.
21. Elza – Fräulein
(= senhorita), governanta
alemã. Tão importante que ela
dava nome ao romance. Como é
Fräulein? Ela é a mais humana e
real, mais de carne e osso.
Talvez arrancada da vida. Ela,
sem muito interesse, cuida
também da educação ou
instrução das meninas:
principalmente para ensinar
alemão e piano. São três
meninas que, apenas, completam
a família burguesa. São três
meninas que brincam de casinha.
22. Maria Luísa - irmã de Carlos, tem 12 anos. Ela vai ser o centro de uma
narrativa dentro do romance: a sua doença e a viagem ao Rio de Janeiro,
para um clima mais saudável em oposição ao frio paulistano.
Laurita - irmã de Carlos, tem 7 anos.
Aldina - irmã caçula de Carlos. Tem 5 anos.
Tanaka - mordomo.
23. Enredo
Felisberto Souza Costa, um novo-rico, um homem burguês, bem
posto na vida, contrata uma governanta alemã, de 35 anos, para a
educação do filho, principalmente para a sua educação sexual: “Não me
agradaria ser tomada por aventureira, sou séria, e tenho 35 anos,
senhor. Certamente não irei se sua esposa não souber o que vou
fazer lá”.
Elza vai ficar conhecida e será chamada sempre pela palavra
alemã Fräulein (senhorita). Chegou à mansão de Souza Costa, numa
terça-feira: “Ganharia algum dinheiro... Voltaria para a Alemanha... Se
casaria com um moço ‘comprido, magro’, muito alvo, quase
transparente...”).
A família era formada pelo pai, por D. Laura, o jovem Carlos e as
meninas: Maria Luísa, com 12 anos; Laurita, com 7, e Aldinha,com 5.
Havia também na casa um criado japonês: Tanaka. A criançada toda
começou logo aprendendo alemão e chamando a governanta de Fräulein.
Carlos não está muito para o estudo. Fräulein logo se ajeitou na família,
uma família “imóvel mas feliz”. Mas o papel principal da governanta é
ensinar o “amor”.
24. Nesse idílio, nos deparamos com um lírico nostálgico voltado para o
passado, remetendo à obra de Saint-Pierre, a de Gessner, e reportando-se
também a de Wagner, músico e poeta alemão, cuja influência foi
determinante para a formação da identidade nacional.
25. Wilhelm Richard Wagner (Leipzig, Alemanha, 22 de maio de 1813 —
Veneza, Itália, 13 de fevereiro de 1883) foi um maestro, compositor,
diretor de teatro e ensaista alemão, primeiramente conhecido por suas
óperas (ou "dramas musicais", como ele posteriormente chamou). As
composições de Wagner, particularmente essas do fim do período, são
notáveis por suas texturas complexas, harmonias ricas e orquestração, e
o elaborado uso de Leitmotiv: temas musicais associados com caráter
induvidual, lugares, ideias ou outros elementos. Por não gostar da
maioria das outras óperas de compositores, Wagner escreveu
simultaneamente a música e libreto, para todos os seus trabalhos.
Wagner foi o pioneiro em avanços da linguagem musical, tais como o
cromatismo extremo e a rápica mudança dos centros tonais, que muito
influenciou no desenvolvimento da música erudita europeia. Sua Tristan
und Isolde é algumas vezes descrita como um marco do início da música
moderna. A influência de Wagner vai além da música, é também sentida
na filosofia, literatura, artes visuais e teatro. Ele teve sua própria casa de
ópera, o Bayreuth Festspielhaus. Wagner conquistou tudo isso, apesar
de viver até suas últimas décadas em um exílio político, amores
turbulentos, pobreza e a fuda de seus credores. O impacto de suas ideia
pode ser sentidas em muitas artes do longo de todo o século XX.
Tristan und Isolde ("Tristão e Isolda", em alemão) é uma ópera em três
atos com música e libreto do compositor alemão Richard Wagner,
baseada em uma lenda medieval narrada por Gottfried Von Strassburg. A
estreia da obra foi em 10 de Junho de 1865, em Munique, no Teatro da
Baviera, sob regência do maestro Hans von Bülow.A partitura de Tristan
und Isolde é um marco importantíssimo da música erudita moderna por
apontar para a dissolução da tonalidade, cuja consequência será o
atonalismo do século XX.
https://www.youtube.com/watch?v=8VEqNv6Y-DQ
26. Chegada de Fräulein à Mansão
Terça-feira o táxi parou no portão da Vila Laura. Elza apeou ajeitando o casaco, toda de
pardo, enquanto o motorista botava as duas malas, as caixas e embrulhos no chão. Era esperada. Já
carregavam as malas pra dentro. Uns olhos de 12 anos em que uma gaforinha americana enroscava a
galharia negro-azul apareceu na porta. E no silêncio pomposo do casão o xilofone tiniu:
— A governanta está aí! Mamãe! a governanta está aí!
— Já sei, menina! Não grite assim!
Elza discutia o preço da corrida.
—... e com tantas malas, a senhora...
— É muito. Aqui estão cinco. Passe bem. Ah, a gorjeta...
Deitou quinhentos réis na mão do motorista. Atravessou as roseiras festivas do jardim.
Dia primeiro ou dois de setembro, não lembro mais. Porém é fácil de saber por causa da
terça-feira.
Bem diferente dos quartinhos de pensão... Alegre, espaçoso. Pelas duas janelas escancaradas
entrava a serenidade rica dos jardins. O olhar torcendo para a esquerda seguia a disciplinada carreira das
árvores na avenida. Em Higienópolis os bondes passam com bulha quase grave soberbosa, macaqueando
o bem-estar dos autos particulares. É o mimetismo arisco e irônico das coisas ditas inanimadas. São
bondes que nem badalam. Procedem como o rico-de-repente que no chá da senhora Tal, família campineira
de sangue, adquire na epiderme do fraque a macieza dos tradicionais e cruza as mãos nas costas — que
importância! — pra que a gente não repare na grossura dos dedos, no quadrado das unhas chatas. Neto de
Borbas me secunda desdenhoso que badalo e mãos ásperas nem por isso deixam de existir, ora! o badalo
pode não tocar e mãos se enluvam.
Elza trouxe de novo os olhos de fora. O criado japonês botara as malas bem no meio do vazio.
Estúpidas assim. As caixas, os embrulhos perturbavam as retas legítimas. (Págs. 48 a 50)
27.
28. ATENÇÃO!
ATENÇÃO!
Descrição do corpo de Fraülein: Isso do corpo de Fräulein não ser perfeito, em nada enfraquece a história. Lhe
dá mesmo certa honestidade espiritual e não provoca sonhos. E aliás, se renascente e perfeito, o idílio seria o mesmo.
Fräulein não é bonita, não. Porém traços muito regulares, coloridos de cor real. E agora que se veste, a gente pode olhar
com mais franqueza isso que fica de fora e ao mundo pertence, agrada, não, não agrada? Não se pinta, quase nem usa pó-
de-arroz. A pele estica, discretamente polida com os arrancos da carne sã. O embate é cruento. Resiste a pele, o sangue se
alastra pelo interior e Fräulein toda se roseia agradavelmente.
O que mais atrai nela são os beiços, curtos, bastante largos, sempre encarnados. E inda bem que sabem rir:
entremostram apenas os dentinhos dum amarelo sadio mas sem frescor. Olhos castanhos, pouco fundos. Se abrem
grandes, muito claros, verdadeiramente sem expressão. Por isso duma calma quase religiosa, puros. Que cabelos
mudáveis! ora louros, ora sombrios, dum pardo em fogo interior. Ela tem esse jeito de os arranjar, que estão sempre
pedindo arranjo outra vez. As vezes as madeixas de Fräulein se apresentam embaraçadas, soltas de forma tal, que as luzes
penetram nelas e se cruzam, como numa plantação nova de eucaliptos. Ora é a mecha mais loura que Fräulein prende e
cem vezes torna a cair... (Págs. 56 a 58)
29. ATENÇÃO:
Na cena em que Fräulein e Carlos encontram-se na biblioteca, a sedução do aluno pela professora se
processa gradativamente; percebe-se uma tensão provocada pela indefinição e pelo jogo de revelar e encobrir
estabelecido tacitamente entre ambos, até o momento em que a situação se inverte, e Fräulein surpreende-se com os
próprios sentimentos.
Deitou o braço direito sobre o dele, lhe segurando a mão, soerguendo-a do papel. Assim, não é para intrigar, porém ele ficava abraçado.
Abaixou a cabeça, querendo e não querendo, que desespero! era demais! se ergueu violento. Empurrou a cadeira. Machucou Fräulein.
— Não escrevo mais!
Ela ficou branca, tomou com um golpe. Custou o:
— Que é isso? Venha escrever, Carlos!
— Desse jeito não escrevo mais!
A briu a luz da janela. Olhava pra fora, raivoso, enterrando virilmente as mãos nos bolsos do pijama, incapaz de sair daquela sala. Fräulein
não compreendia. Estava bela. Corada. Os cabelos eriçados, metálicos. Doía nela o desejo daquele ingênuo, amou-o no momento com delírio.
Revelação! (Págs. 88-90)
30. ATENÇÃO:
Carlos entrara no quarto de Fräulein. Mal tivera tempo de. Porém já machucara a amante,
cruzando as pernas sentado. Tátão, tão, tão!
- Meu Deus! Entra Sousa Costa. (Pág. 134)
31. Fräulein sacudida pelos soluços nervosos entrou no automóvel .
Partiam mesmo. Debruçou-se ainda na portinhola:
- Meu Carlos... (Pág.139)