SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  12
Télécharger pour lire hors ligne
ESTEREÓTIPOS FEMININOS FOMENTADOS PELOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO DE MASSA
Teresa Cristina Bruel dos Santos
Psicóloga, Doutora em Psicologia Social e Metodologia pela Universidade Autônoma
de Madri, pesquisadora colaboradora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher
e Gênero (NIEM) da UFRGS.
crisbruel@hotmail.com

Introdução
A importância do estudo das Representações Sociais1 de gênero radica em
visibilizar as crenças, os valores, os supostos ideológicos que estabelecem, com base
nas diferenças biológicas, a atribuição diferenciada de características e papéis sociais
que situam a mulheres e homens e posições distintas. O conceito “gênero” evidencia a
relação desigual entre mulheres e homens enquanto sujeitos sociais.
A definição social de mulher e homem, como a definição social dos padrões de
comportamento, considerados próprios a cada um, não se limita a estabelecer uma
diferenciação binária entres estas categorias sociais senão que estabelece também uma
diferença assimétrica entre elas. Os estudos de gênero revelam, pois, a relação desigual
entre mulheres e homens, existente e evidente no terreno social. Dita desigualdade é
devido a uma construção social de gênero, papéis e características diferenciadas e
valorizadas de acordo ao sexo das pessoas, construções que se erigem em prescrições
sociais através das quais se tenta regular a convivência.
Ainda que tenha se tornado mais visível o debate social acerca das conseqüências
destas desigualdades, cremos que o problema ainda dista muito de estar resolvido e que,
todavia temos muito caminho por percorrer. As diferenças construídas e reproduzidas
entre mulheres e homens é uma brutal expressão de um sistema baseado no poder de
dominação (desigualdade, opressão, discriminação). Tradicionalmente foi considerado
um sistema que excluía as mulheres dos processos de produção e as submetia a um
exclusivo papel de reprodução dentro do marco familiar. Daí que a divisão do trabalho
tenha confinado a mulher durante séculos dentro de casa e, para justificá-lo, o
1

Utilizarei RS para referir-me as Representações Sociais.
capitalismo e os organismos religiosos levantaram um grande mecanismo ideológico
que potenciava a idéia de que a mulher era inferior ao homem.
Entendo que a triangulação: a) representações sociais acerca do feminino e do
masculino, b) papéis sociais atribuídos a mulheres e homens e os c) estereótipos sexistas
assumem um papel importante no momento de formar universos de opinião, crenças e
atitudes compartilhadas que justificam e fixam as relações desiguais entre mulheres e
homens. Neste sentido, as RS podem ser entendidas como um sistema interpretativo
para os membros de um determinado grupo, um sistema que induz processos de
classificação social (PÉREZ, MOSCOVICI y CHULVI, 2002). Tais processos são
determinantes no momento de delimitar crenças compartilhadas, imagens, sentimentos e
comportamentos considerados adequados ou não para as pessoas.
SPINK (em GUARESCHI e JOVCHELOVITCH, 1995) aponta que o estudo das
RS abarca dois aspectos centrais: “a construção de conhecimentos, que inclui as
condições sócio-históricas que os engendram e a sua elaboração socio-cognitiva; e a
funcionalidade destes conhecimentos na instauração, ou manutenção, das práticas
sociais” (p.201).
As RS circulam, se cruzam e se cristalizam sem cessar no nosso universo
cotidiano trazendo consigo a identidade, a cultura e a história de um grupo de pessoas,
forma com a qual os sujeitos apreendem os acontecimentos da vida diária, as
características do meio ambiente, as informações e o conhecimento do “senso comum”
(MOSCOVICI, 1981). Os processos de comunicação social jogam um papel elementar
na construção de um universo consensuado, pois nos remetem ao âmbito das relações de
influência e de pertencimento social, determinante na criação das representações.
Acredito que as RS de um grupo são fundamentais para entender a estrutura e o
conteúdo sobre diferentes objetos sociais. Considerando que as RS incluem visões
estereotipadas acerca de ditos objetos esperamos colocar em evidência o conjunto de
princípios organizadores e posições tanto individuais como grupais, relacionadas com o
saber comum, sobre a imagem da mulher, fomentada através dos meios de comunicação
de massa.
Pretendo enfatizar aqui, a constituição e repercussão de um “núcleo semântico e
imagético”, de concepções generalizadas no campo social ou de temas propostos ou
impostos pelos meios de comunicação acerca da construção e perpetuação de modelos
que definem a vida das pessoas, mais especificamente das mulheres, através de uma
normativa que aponta os direitos e deveres, proibições e privilégios que cada pessoa tem
por pertencer a um sexo ou a outro.
Estes temas, também chamado de tematha, são entendidos como temas gerais que
conferem sentido à pluralidade social ao mesmo tempo em que difundem uma determinada
RS acerca de determinados objetos. “As relações temáticas estão fundamentadas nos
elementos que constituem nossas representações mentais dos acontecimentos. Assumo
como algo indiscutível que há uma correspondência entre nossa representação mental dos
acontecimentos e o sentido de frases empregadas para expressá-los” (CULICOVER, 1988).
Cada vez que entramos em contato com objetos ou pessoas se mobilizam conteúdos
mentais, imagens, idéias que codificam ou categorizam a situação atribuindo-lhe certo

significado. A informação que provém do real é percebida através de códigos, valores e
ideologias que se associam a posições sociais específicas. As representações mentais
têm, portanto uma construção social que as antecede e que são ao mesmo tempo
representações individuais e sociais.
À primeira vista os temas ou themata parecem inofensivos, mas é preciso levar em
consideração que os processos de tematização objetivam, através dos discursos e das
imagens, a estabilização, consolidação dos sentidos na medida em que induzem as
formas de ser das coisas e do mundo, ao mesmo tempo em que regulam e limitam
nossas práticas dentro de uma lógica discursivamente construída. Se pensarmos então
que a realidade é socialmente construída e o saber é uma construção das pessoas, mas
que estas não estão desligadas da sua inscrição social podemos entender que os meios
de comunicação (enquanto parte deste social), abrem caminhos para suas incursões e
difundem seus temas dando a estes os sentidos que melhor lhes convêm.
Os meios de comunicação de massa formam parte do nosso universo cotidiano e
nos oferecem informações fragmentadas, cheias de imagens com intenções subliminares
e persuasivas que, através da comunicação e da linguagem, cerne da themata, servem
para desempenhar um papel importante na formação e manutenção das pessoas com
relação ao seu mundo social. Neste sentido, estamos pensando nos meios de
comunicação que desenvolvem ações conjuntas ao escolher uma linguagem que prima
por uma visão estereotipada e preconceituosa acerca das mulheres, sem sequer levar em
consideração a instabilidade, a dialogicidade e o dinamismo que esta “categoria”
carrega consigo. Como refere DELEUZE (1997, p.15), a linguagem é comunicativa e
não informativa. “Essa intersubjetividade e subjetivação linguística que explica o resto.
Enfim, tudo aquilo que fazemos existir ao dizê-lo”. As themata influenciam as RS,
através de seus pressupostos pragmáticos carregam consigo a intenção de cristalizar RS
totalitárias que impedem, assim, novas construções e formas de pensar.
Ao longo da nossa existência aprendemos uma série de definições culturais e
sociais a respeito da masculinidade e da feminilidade. A aquisição dos estereótipos, dos
roles e da identidade comporta o aprendizado de algumas normas preestabelecidas que
informam a pessoa acerca do que é obrigatório, proibido e permitido, normas que se
transmitem nas mais diversas instituições sociais e, sobretudo nos meios de
comunicação.
De acordo com David Hamilton, o estereótipo deve ser entendido como uma
estrutura cognitiva que influi de diversas maneiras em como se processa a informação
sobre os grupos sociais e as pessoas pertencentes a estes (HAMILTON, STROESSNER
y MACKIE, 1993, p. 39). Trata-se, pois, de uma imagem mental simplificada das
pessoas, compartilhada socialmente. Um estereótipo é uma idéia, uma imagem que se
fixa e se perpetua, se estende a todos os membros de um grupo (OLMEDA VALLE y
FRUTOS, 2001).
De acordo Walter Lippman, considerado como seu criador, “o estereótipo é uma
estratégia de simplificação da realidade, um atalho que tomamos para poder
compreendê-la e analisá-la. E é algo mais: é a expressão e a projeção de opiniões e
sentimentos de determinados coletivos a respeito de outros; é a expressão de nossas
tradições socioculturais, e é finalmente um baluarte para defender nossas posições”
(LIPPMAN, 1922, citado em HAMILTON y MACKIE, 1993, p. 5).
TAJFEL (1982) formula que um estereótipo é uma construção mental muito
simplificada (geralmente) de um determinado grupo de pessoas, instituições ou
acontecimentos que é compartilhada, em suas características fundamentais, por um
grande número de pessoas. Para TAJFEL o estereótipo é uma conseqüência imediata da
categorização: existe uma estreita correspondência entre pertencer a uma categoria e a
posse de determinados traços e características. “Um estereótipo comporta a atribuição
comum de certos traços aos indivíduos que são membros de um grupo, e também a
atribuição em comum de certas diferenças com relação aos membros de outros grupos
(TAJFEL, 1984, p. 142). Considera que os estereótipos vão, ainda que não
necessariamente, acompanhados de preconceitos, quer dizer, de uma predisposição
favorável ou desfavorável em relação a qualquer membro de uma categoria em questão.
Os estereótipos são atribuídos aos grupos sociais ou as pessoas por pertencer a um
determinado sexo, nacionalidade, cultura, etnia, classe social. São assimilados no
espaço da interação social, são generalizadores na medida em que homogeneízam as
pessoas de um determinado grupo. Tem sua origem, em grande medida, no processo
cognoscitivo geral de categorização. A principal função deste processo é a de resumir
ou ordenar para conseguir a adaptação cognoscitiva, ou da conduta frente à abundância
de estímulos e de informação que provê o meio ambiente ao organismo humano. Os
estereótipos podem ser de gênero ou sexuais dentre outros (OLMEDA VALLE y
FRUTOS, 2001; FERNÁNDEZ, 1988; FERNÁNDEZ, 1983).
Em outras palavras, os estereótipos são as RS compartilhadas (imagens mentais
elaboradas socialmente) e os esquemas cognitivos e coletivos acerca da conduta
habitual, os traços e os roles atribuídos a cada sexo/gênero (MOYA, 1993; MINGOTE
ADÁN y LÓPEZ-DORIGA, 2000).
Minhas inquietações têm me levado a desconfiar das certezas definidas e
definitivas. Tenho aprendido a me movimentar com o transitório, com o que não está
fixado, com possibilidades que não encerram em si posicionamentos inquestionáveis.
Acredito na necessidade de transpor as barreiras dos conhecimentos que asseguram, mas
que também aprisionam. É relevante pensar a respeito dos modos de regulação e
normatização que vigiam e constroem representações que, através de discurso e imagens
estereotipadas, interpelam e tentam constituir a “verdadeira mulher”.
A nossa volta, através dos diversos meios de comunicação se estende, a cada dia,
uma enorme e infindável quantidade de mensagens que tentam transmitir algum tipo de
idéia, de visão de mundo, de compreensão da “realidade” acerca das mulheres. Quando
falo de realidade, me refiro aqui a esta realidade socialmente construída derivada de
uma perspectiva patriarcal hegemônica que prima por regular as relações sociais, e que
se generaliza, mas que precisa ser tensionada sempre que pensarmos nos vários
significados que uma realidade pode assumir a partir dela mesma.
Muitas destas mensagens nos oferecem diversas maneiras de entender como são,
pensam, sentem e se comportam as mulheres, assim como exercem algum tipo de
pressão para que se configure uma construção subjetiva que dê conta de determinadas
características que seriam esperadas no cumprimento do rol adequado de ser mulher.
Neste sentido os valores relativos a esta categoria são construídos no entorno social e
conformam a identidade de diferentes mulheres determinando as posições a serem
assumidas por estas.
É claro que a posição que as mulheres devem ou podem assumir, se levarmos em
consideração as relações entre homens e mulheres, não somente são diferentes senão
que hierarquizadas, principalmente no que diz respeito ao acesso a recursos sociais, ao
exercício de direitos e de sua cidadania, a ocupação de postos de tomada de decisões, a
não submissão a nenhum tipo de tortura, ao exercício livre e pleno de seus direitos civis,
políticos, econômicos, sociais e culturais.
A informação periodística, o cinema, a produção musical, a publicidade de
maneira geral exercem uma enorme influência na construção da percepção que temos de
nós mesmas/os e como nos desenvolvemos em todas as atividades do cotidiano. As
explicações que reduzem as mulheres a algo “natural”, são tacitamente aceitas, toleradas
e servem para justificar a ordem social existente. Como ressalta WITTIG (em
CASTILHOS e PESSAH, 2009).
“Em nossas mentes e em nossos corpos, somos levadas a corresponder,
característica a característica, a idéia da natureza que foi estabelecida para
nós; tão pervertida que nosso corpo deformado é o que eles chamam
“natural”, o que supostamente existia antes da opressão; tão distorcido que
no final das contas a opressão parece ser uma conseqüência dessa
“natureza”, dentro de nós mesmas uma natureza que é somente uma idéia”.
(p. 91)

A idéia de que as mulheres são, essencialmente, um produto da natureza socava a
ação e independência daquelas que não desejam seguir o paradigma da normalidade
imposta pela cultura patriarcal, impedindo assim, a expressão de uma pluralidade
necessária acerca das diferenças entre as pessoas. Neste sentido, continuo tomando
emprestadas as palavras de WITTIG (em CASTILHOS e PESSAH, 2009.) quando diz
que “a divisão com relação aos homens, dos quais as mulheres tem sido objeto, é
política e mostra que temos sido ideologicamente reconstituídas como um “grupo
natural”. No caso das mulheres, a ideologia vai longe já que nossos corpos, assim como
nossas mentes, são o produto desta manipulação (p. 93).
Problematizar as construções que os meios de comunicação de massas fazem
sobre as mulheres significa colocar em evidência os valores que tais meios adotam e a
opressão que difundem. Neste sentido não podemos cair na ingenuidade de pensar que o
que escutamos e lemos, não está permeado, também, de interesses subliminares.
Nas propagandas, nas revistas, nas telenovelas, no cinema etc. é comum
encontrarmos alguns temas através dos quais as mulheres respondem a determinados
estereótipos vinculados à beleza, ao cuidado, a maternidade, ao espaço da casa, a uma
sexualidade heteronormativa, aspectos estes que tem como base uma cultura patriarcal
ratificada como paradigma da normalidade social (LOURO,1997). A força que
assumem estas construções é implacável!
Se pensarmos de forma alheia e alienada no poder descomunal da mídia e na sua
capacidade de construir subjetividades, nem sequer nos daremos conta das armadilhas
existentes por trás de cada idéia que esta comunica.

A estética, o cuidado, a

maternidade, o privado, a sensualidade, servem de núcleo central das grandes
instituições midiáticas para, antes de mais nada, criar um ideal de existência possível.
Além do que, ao desprezar as diferentes pluralidades existentes entre as mulheres,
constrói identidades fraturadas, desejos inatingíveis, a higienização dos corpos, através
de códigos que imprimem valores e marcas que subordinam, negam ou recusam outras
identidades e práticas consideradas divergentes e contraditórias (LOURO, 2001).
Assim, os meios de comunicação elaboram e difundem um discurso voltado à
representação de conceitos e valores que possam atingir o maior número de pessoas,
mas que de forma alguma as atinge. As mulheres que se atrevem, por exemplo, a
expressar de forma livre sua sexualidade, sexualidade que não condiz com o imperativo
evidenciado e fomentado pela mídia, são fortemente invisibilizadas, silenciadas e
marginalizadas sem ao menos formarem parte da agenda midiática. De acordo com
FOUCAULT (1988) "a sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo
histórico" e que "não se deve concebê-la como uma espécie de dado da natureza que o
poder é tentado a pôr em xeque, ou como um domínio obscuro que o saber tentaria,
pouco a pouco, desvelar" (p. 100).
Seguindo a lógica da normalidade impressa pelos meios de comunicação,
pensemos naquelas mulheres que não querem seguir a natureza como se esta fosse o
destino, e que não desejam ser mães, fazem outras escolhas que não estão relacionadas
com o tão desejado ideal de família. Compreender o sentido que a maternidade assume
na vida das mulheres é uma via possível para entender este modelo de construção que
entende a existência da mulher a partir de um corpo essencializado, corpo construído
para assumir um determinado papel e espaço: maternal e doméstico. Como nos diz
COLLING (em STREY; CABEDA; PREHN, 2004) “o corpo é o primeiro lugar da

inscrição, a sociedade sempre leu, encarou a mulher a partir de seu corpo e de suas
produções, fechando-a na reprodução e na afetividade. A natureza – menstruação,
gravidez, parto, etc., - destinava as mulheres ao silêncio e à obscuridade,
impossibilitando-as de outras formas de criação” (p.16).
Assim, de acordo com os padrões de socialização estabelecidos por cada
sociedade, as pessoas aprendem quais são as tarefas que podem ou devem desenvolver e
também passam a entender esta ordem como um fato natural. Naturalizam as normas
que prescrevem os comportamentos aceitáveis para uns e para outras e os mecanismos
de controle para impedir os desvios nas condutas individuais.
Ao subverter este ideal, muitas mulheres não são e não se sentem contempladas
pela invasão de comerciais que oferecem diariamente, mas, sobretudo no “dia das
mães”, os mais diversos aparatos vinculados à beleza, ao espaço da casa, especialmente
ao espaço da cozinha. Além disto, a mídia cria um ideal de mulher digno de ser louvado
e santificado, uma mulher que ocupa um lugar de cuidadora e mantenedora do bemestar da família e do lar.
Por outro lado, o ideal do corpo perfeito imprime marcas nos corpos e nas mentes
das mulheres que são impelidas diariamente a corresponder com os estereótipos que as
degradam. Corpos estes que transpõem a barreira do que consideramos corpos
saudáveis. Num mundo onde a aparência é sinônimo de legitimação social, o corpo deve
estar impecável. Os meios de comunicação contribuem a um investimento significativo
e continuado que constrói a imagem do ser mulher, colaborando assim para a edificação
de um modelo de corpo ideal. Os produtos veiculados/difundidos/vendidos na mídia
ressaltam uma estética unilateral vinculada à idéia de estar ou não na moda.
O termo moda indica modelos normativos que impelem aos corpos das mulheres
um “dever de boa aparência” que pressupõe estar de acordo aos cânones de beleza e
juventude. A busca pelos signos identificatórios do que se considera ser feminino acaba
produzindo uma obsessão em direção à imagem ideal em um número significativo de
mulheres (SANT’ANNA, 1995).
A mulher retratada é geralmente alta, magra, bonita e branca. Esta imagem
contrasta com uma realidade que reflete que não todos os corpos têm esta fisionomia,
por outro lado, o objetivo é consegui-la custe o que custar. Através de tentativas
incansáveis e fatigantes as mulheres tentam seguir um determinado padrão em busca da
tão desejada “legitimação social”.
Por meio da temática de um corpo “possível” temos criada a necessidade de não
poder ultrapassar o tamanho 38 e, para lograr este objetivo, muitas vezes nos vemos
acometidas por doenças como a bulimia e anorexia sendo estes apenas alguns dos
problemas (sem deixar de mencionar a baixa auto-estima e a constante frustração) que
afetam as mulheres jovens e nem tão jovens da sociedade global.
Neste sentido, entendo que todas estas práticas discursivas e imagéticas que usam
de themata canônicos, no sentido de matriz ou unidades cognoscitivas muito resistentes
e estáveis, também modelam a ação das pessoas no que diz respeito às relações sexuais
e sentimentais. O modelo de sexualidade oferecido pela mídia evidência uma matriz de
referência que influencia as formas de relações entre as pessoas. Aqui me refiro ao amor
e a sexualidade idealizadas, este amor e sexualidade que não admitem outra forma de
expressão que não aquela normatizada e que, portanto, se adapta aos estereótipos
dominantes.
A mulher aparece também como protagonista, na mídia, no mês de março, em
função do “dia Internacional da Mulher”. Ainda assim, aparece sob esta mesma lógica
que promove a construção da “verdadeira mulher”. COLLING (em STREY;
CABEDA; PREHN, 2004) sentencia “verdadeira” e “mulher” “são conceitos que foram
criados por um outro, e unicamente como aparência, como superfície, como produção.
Sob os conceitos, não há nada que possa ser chamado mulher, mas somente relações de
poder e hierarquia socialmente construídas” (p.24).
As generalizações com base em idéias pré-concebidas são muito resistentes às
mudanças e cumprem a função de preservar e defender interesses ocultos. Interesses
diretamente vinculados à reprodução do capital e do mundo de dominação patriarcal
(PESSAH, 2004). Continuo questionando: Como é possível tamanha manipulação?
Como é possível mudar a estrutura dessas representações naturalmente incorporadas por
toda uma sociedade, no sentido coletivo?
Como romper então com esta visão universalizada e universalmente válida acerca
do thema mulher? Como romper com formas de pensar da classe dominante sem levar
em consideração o papel da resistência, consciência e ação das mulheres como
possibilidade de mudanças destas representações consolidadas? Como é possível
romper com a estrutura da mensagem estereotipada que a mídia nos vende a cada dia?
Como abandonar a legitimidade desses temas que anulam e invizibilizam as mulheres a
partir de idéias, imagens, linguagens que constantemente produzem e reproduzem a
mulher verdadeira? Como analisar os operadores de produção simbólica que delimitam
as fronteiras da vida social?
Como possibilidade para tensionar estas representações é necessário, por não
dizer vital, assumir um posicionamento crítico, talvez como condição primeira, diante
desses processos midiáticos que homogeneízam identidades e produzem subjetividades
fixas. Pensar criticamente a mídia (analisando seus, discursos, imagens, agendas) nos
ajuda a perceber a dimensão de não neutralidade e imparcialidade que está por trás deste
aparato tão fortalecido em tempos globais.
É importante conhecer e reconhecer o poder da mídia para poder desmontá-lo,
para poder acreditar que outras representações que sim representem de outras formas as
mulheres, são possíveis. Ao considerarmos imprescindível que desapareçam as
hierarquias, impostas pelo o sistema patriarcal, se faz necessário, então, continuar
sonhando com outro mundo, outras lógicas, outras possibilidades diferentes destas que
controlam nossos corpos, nossos afetos, nossa liberdade. É necessário a não
conformidade, a reflexão, a desacomodação, a denúncia, para citar apenas algumas das
maneiras pelas quais poderemos construir alternativas existenciais mais flexíveis e
realmente plurais. Nesse sentido, e sem a pretensão de acabar aqui este debate, creio que
devemos seguir investindo esforços na progressiva dissolução das categorias
totalizadoras que dão um sentido unitário à construção do que se considera “ser
mulher”.
O esforço de análise crítica da mídia é, sem dúvida, uma estratégia de
questionamento, mas também de localização de outras RS. Opiniões divergentes
(rupturas) acontecem todos os dias nos diferentes grupos que compõem uma sociedade.
Os debates sobre a mídia e seu papel na construção de subjetividades são uma estratégia
interessante para identificar aquelas representações periféricas, ou seja, que não ocupam
um lugar central nos discursos sociais mas existem. O papel dos grupos sociais
inovadores é justamente, operar a partir de “idéias novas”, idéias emergentes e
questionadoras que lutam ante o poder das crenças já fixadas. Segundo Moscovici
(1981) é o poder das idéias novas o que pode gerar novos estilos de comportamento
sociais.
Questionar o uso da linguagem, de estereótipos e papéis que explicitam as
mulheres, através da mídia, como dependentes, complementos, objetos se faz necessário
para entender a lógica hegemônica que está por trás de cada discurso, que de forma
explícita ou nem tanto, promove maneiras de pensar e logo de agir no mundo.
Referências Bibliográficas
CASTILHOS, C., PESSAH, M. Em rebeldia. Porto Alegre: Libertaria, 2009.
FERNÁNDEZ, J. Nuevas perspectivas en el desarrollo del sexo y del género. Madrid:
Pirámide, 1988.
FERNÁNDEZ, J. Nuevas perspectivas en la medida de masculinidad y feminidad.
Madrid: Editorial de la Universidad Complutense, 1983.
FOUCAULT, M.. História da sexualidade. V.1: A vontade de saber. 11ª. Ed. Rio de
Janeiro: Graal, 1988.
GUARESCHI, P.A.; JOVCHELOVITCH, S. (orgs.) Textos em representações sociais.
Rio de Janeiro: Vozes, 1995.
HAMILTON, D.; STROESSNER, S.; MACKIE, D. “The Influence of Afffect on
Stereotyping: the case of illusory correlations”. En: MACKIE, D.M.; HAMILTON,
D.L. (eds.) Affect, Cognition, and Stereotyping- interactive processes in group
perception. San Diego: Academic Press, 1993.
HAMILTON, D.L., MACKIE, D.M. “Cognitive and affective processes in intergroup
perception: the developing interface”. En: MACKIE, D.M.; HAMILTON, D.L. (eds.)
Affect, Cognition, and Stereotyping- interactive processes in group perception. San
Diego: Academic Press, 1993.
LOURO, G. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista.
Petrópolis: Vozes, 1997.
LOURO, G. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica,
2001.
MINGOTE ADÁN, C.; LÓPEZ-DORIGA ALONSO, B. (coord.) Salud mental y
género: aspectos psicosociales diferenciales en la salud de las mujeres. Madrid:
Instituto de la Mujer (Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales), 29, 2000.
MOSCOVICI, S. Psicología de las minorías activas. Madrid: Morata, 1981.
MOYA, M.C. “Categorías de género: consecuencias cognitivas sobre la identidad”.
Revista de Psicologia social, 1993, 8, 2, p. 171-187.
OLMEDA VALLE, A.; FRUTOS FRUTOS, I. Teoría y análisis de género: Guía
metodológica para trabajar con grupos. Madrid: Asociación Mujeres Jóvenes, 2001.
PÉREZ, J.A.; MOSCOVICI, S.; CHULVI, B. “Natura o cultura como principio de
clasificación social. Anclaje de representaciones sociales sobre minorías étnicas”.
Revista de Psicología Social, 2002, 17, 1, p. 51-67.
SANT’ANNA, D. B. Políticas do corpo. São Paulo: Estação Liberdade, 1995.
SPINK, M. J. Qualitative research on social representations: the delightful world of
paradoxs. Ongoing Productions on Social Representations, 1993 p.48-54.
STREY, M., CABEDA, S., PREHN, D. Gênero e cultura: questões contemporânea.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
TAJFEL, H. (ed.). Social identity and intergroup relations. Cambridge: Cambridge
University Press, 1982.
TAJFEL, H. Grupos humanos y categorías sociales. Barcelona: Herder, 1984.

Contenu connexe

Tendances

Representações sociais mentais e proposicionais
Representações sociais mentais e proposicionaisRepresentações sociais mentais e proposicionais
Representações sociais mentais e proposicionaisGracieli Henicka
 
Dicionario de sociologia
Dicionario de sociologiaDicionario de sociologia
Dicionario de sociologiaandre barbosa
 
as relações entre indivíduo e sociedade a partir das teorias sociológicas
as relações entre indivíduo e sociedade a partir das teorias sociológicasas relações entre indivíduo e sociedade a partir das teorias sociológicas
as relações entre indivíduo e sociedade a partir das teorias sociológicasDennis De Oliveira Sinnedos
 
Psicologia institucional e procesos grupais
Psicologia institucional e procesos grupaisPsicologia institucional e procesos grupais
Psicologia institucional e procesos grupaisMichelle Mariana
 
O método dialético como possível metodologia para o Ensino Médio
O método dialético como possível metodologia para o Ensino MédioO método dialético como possível metodologia para o Ensino Médio
O método dialético como possível metodologia para o Ensino MédioViviane Silveira Batista
 
Representação social e Generalização do Particular
Representação social e Generalização do ParticularRepresentação social e Generalização do Particular
Representação social e Generalização do ParticularHenriqueZimer
 
Além da sociedade os dramas e os conflitos do espaço social
Além da sociedade   os dramas e os conflitos do espaço socialAlém da sociedade   os dramas e os conflitos do espaço social
Além da sociedade os dramas e os conflitos do espaço socialAlexandre Nicácio
 
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_settonRbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_settonsamispl
 
Os Estabelecidos e os Outsiders de Norbert Elias
Os Estabelecidos e os Outsiders de Norbert EliasOs Estabelecidos e os Outsiders de Norbert Elias
Os Estabelecidos e os Outsiders de Norbert EliasFernanda Vasconcelos Dias
 
2014 conceitos básicos sociologia
2014 conceitos básicos sociologia2014 conceitos básicos sociologia
2014 conceitos básicos sociologiaFelipe Hiago
 
Teoria das Representações Sociais e Cidadania, pelo viés da Comunicação Política
Teoria das Representações Sociais e Cidadania, pelo viés da Comunicação PolíticaTeoria das Representações Sociais e Cidadania, pelo viés da Comunicação Política
Teoria das Representações Sociais e Cidadania, pelo viés da Comunicação PolíticaMarcos Marinho Queiroz
 
UMA LEITURA DO CAMPO JURÍDICO EM BOURDIEU -
UMA LEITURA DO CAMPO JURÍDICO EM BOURDIEU - UMA LEITURA DO CAMPO JURÍDICO EM BOURDIEU -
UMA LEITURA DO CAMPO JURÍDICO EM BOURDIEU - Gustavo Batista
 
Sociologia Capítulo 3
Sociologia Capítulo 3Sociologia Capítulo 3
Sociologia Capítulo 3Miro Santos
 
O que é a psicologia social silvia t. maurer lane
O que é a psicologia social   silvia t. maurer laneO que é a psicologia social   silvia t. maurer lane
O que é a psicologia social silvia t. maurer laneLeandro Santos da Silva
 
Indivíduo e sociedade
Indivíduo e sociedadeIndivíduo e sociedade
Indivíduo e sociedadeSilvia Cintra
 

Tendances (20)

Representações Sociais
Representações SociaisRepresentações Sociais
Representações Sociais
 
Representações sociais mentais e proposicionais
Representações sociais mentais e proposicionaisRepresentações sociais mentais e proposicionais
Representações sociais mentais e proposicionais
 
Apresentação Teoria Sociocultural
Apresentação Teoria SocioculturalApresentação Teoria Sociocultural
Apresentação Teoria Sociocultural
 
Dicionario de sociologia
Dicionario de sociologiaDicionario de sociologia
Dicionario de sociologia
 
as relações entre indivíduo e sociedade a partir das teorias sociológicas
as relações entre indivíduo e sociedade a partir das teorias sociológicasas relações entre indivíduo e sociedade a partir das teorias sociológicas
as relações entre indivíduo e sociedade a partir das teorias sociológicas
 
Psicologia institucional e procesos grupais
Psicologia institucional e procesos grupaisPsicologia institucional e procesos grupais
Psicologia institucional e procesos grupais
 
O método dialético como possível metodologia para o Ensino Médio
O método dialético como possível metodologia para o Ensino MédioO método dialético como possível metodologia para o Ensino Médio
O método dialético como possível metodologia para o Ensino Médio
 
Para uma ontologia do ser social
Para uma ontologia do ser socialPara uma ontologia do ser social
Para uma ontologia do ser social
 
Silvia lane
Silvia laneSilvia lane
Silvia lane
 
Representação social e Generalização do Particular
Representação social e Generalização do ParticularRepresentação social e Generalização do Particular
Representação social e Generalização do Particular
 
Etica profissional
Etica profissionalEtica profissional
Etica profissional
 
Além da sociedade os dramas e os conflitos do espaço social
Além da sociedade   os dramas e os conflitos do espaço socialAlém da sociedade   os dramas e os conflitos do espaço social
Além da sociedade os dramas e os conflitos do espaço social
 
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_settonRbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
Rbde20 06 maria_da_graca_jacintho_setton
 
Os Estabelecidos e os Outsiders de Norbert Elias
Os Estabelecidos e os Outsiders de Norbert EliasOs Estabelecidos e os Outsiders de Norbert Elias
Os Estabelecidos e os Outsiders de Norbert Elias
 
2014 conceitos básicos sociologia
2014 conceitos básicos sociologia2014 conceitos básicos sociologia
2014 conceitos básicos sociologia
 
Teoria das Representações Sociais e Cidadania, pelo viés da Comunicação Política
Teoria das Representações Sociais e Cidadania, pelo viés da Comunicação PolíticaTeoria das Representações Sociais e Cidadania, pelo viés da Comunicação Política
Teoria das Representações Sociais e Cidadania, pelo viés da Comunicação Política
 
UMA LEITURA DO CAMPO JURÍDICO EM BOURDIEU -
UMA LEITURA DO CAMPO JURÍDICO EM BOURDIEU - UMA LEITURA DO CAMPO JURÍDICO EM BOURDIEU -
UMA LEITURA DO CAMPO JURÍDICO EM BOURDIEU -
 
Sociologia Capítulo 3
Sociologia Capítulo 3Sociologia Capítulo 3
Sociologia Capítulo 3
 
O que é a psicologia social silvia t. maurer lane
O que é a psicologia social   silvia t. maurer laneO que é a psicologia social   silvia t. maurer lane
O que é a psicologia social silvia t. maurer lane
 
Indivíduo e sociedade
Indivíduo e sociedadeIndivíduo e sociedade
Indivíduo e sociedade
 

En vedette

Historia da sexualidade I - A vontade de saber
Historia da sexualidade I - A vontade de saberHistoria da sexualidade I - A vontade de saber
Historia da sexualidade I - A vontade de saberRodrigo Bastos
 
A figura feminina como argumento de venda na linguagem publicitária
A figura feminina como argumento de venda na linguagem publicitáriaA figura feminina como argumento de venda na linguagem publicitária
A figura feminina como argumento de venda na linguagem publicitáriaCassia Barbosa
 
Publicicast - Pauta #003 - A Mulher e a Publicidade
Publicicast - Pauta #003 - A Mulher e a PublicidadePublicicast - Pauta #003 - A Mulher e a Publicidade
Publicicast - Pauta #003 - A Mulher e a PublicidadeJeferson Freiry
 
Conceito e breve histórico sobre a sexualidade
Conceito e breve histórico sobre a sexualidadeConceito e breve histórico sobre a sexualidade
Conceito e breve histórico sobre a sexualidadeSimoneHelenDrumond
 
A sexualidade no tempo
A sexualidade no tempoA sexualidade no tempo
A sexualidade no tempocresac
 
A Historia da propaganda no mundo
A Historia da propaganda no mundoA Historia da propaganda no mundo
A Historia da propaganda no mundorenatofrigo
 
Estereótipos, preconceitos e discriminação
Estereótipos, preconceitos e discriminaçãoEstereótipos, preconceitos e discriminação
Estereótipos, preconceitos e discriminaçãomafertoval
 

En vedette (10)

Historia da sexualidade I - A vontade de saber
Historia da sexualidade I - A vontade de saberHistoria da sexualidade I - A vontade de saber
Historia da sexualidade I - A vontade de saber
 
A figura feminina como argumento de venda na linguagem publicitária
A figura feminina como argumento de venda na linguagem publicitáriaA figura feminina como argumento de venda na linguagem publicitária
A figura feminina como argumento de venda na linguagem publicitária
 
Publicicast - Pauta #003 - A Mulher e a Publicidade
Publicicast - Pauta #003 - A Mulher e a PublicidadePublicicast - Pauta #003 - A Mulher e a Publicidade
Publicicast - Pauta #003 - A Mulher e a Publicidade
 
Conceito e breve histórico sobre a sexualidade
Conceito e breve histórico sobre a sexualidadeConceito e breve histórico sobre a sexualidade
Conceito e breve histórico sobre a sexualidade
 
Bourdieu
BourdieuBourdieu
Bourdieu
 
A sexualidade no tempo
A sexualidade no tempoA sexualidade no tempo
A sexualidade no tempo
 
A Historia da propaganda no mundo
A Historia da propaganda no mundoA Historia da propaganda no mundo
A Historia da propaganda no mundo
 
Estereótipos, preconceitos e discriminação
Estereótipos, preconceitos e discriminaçãoEstereótipos, preconceitos e discriminação
Estereótipos, preconceitos e discriminação
 
A Trajetória do poder da mulher: do lar ao mercado de trabalho
A Trajetória do poder da mulher: do lar ao mercado de trabalho A Trajetória do poder da mulher: do lar ao mercado de trabalho
A Trajetória do poder da mulher: do lar ao mercado de trabalho
 
Mulheres na História
Mulheres na HistóriaMulheres na História
Mulheres na História
 

Similaire à Estereótipos femininos fomentados pelos meios de comunicação

Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisJhonata Andrade
 
Mídia e Trabalho Doméstico: quando a lei expõe desigualdades.
Mídia e Trabalho Doméstico: quando a lei expõe desigualdades. Mídia e Trabalho Doméstico: quando a lei expõe desigualdades.
Mídia e Trabalho Doméstico: quando a lei expõe desigualdades. Janaína Jordão
 
Espaço Midiático: Comportamento Social face as Representações e Estereótipos...
Espaço Midiático: Comportamento Social face as Representações  e Estereótipos...Espaço Midiático: Comportamento Social face as Representações  e Estereótipos...
Espaço Midiático: Comportamento Social face as Representações e Estereótipos...Pâmela Guimarães
 
Psicologia Social e Gênero
Psicologia Social e GêneroPsicologia Social e Gênero
Psicologia Social e GêneroEstef74
 
Psicologia, subjetividade e políticas públicas
Psicologia, subjetividade e políticas públicasPsicologia, subjetividade e políticas públicas
Psicologia, subjetividade e políticas públicasLOCIMAR MASSALAI
 
Texto 8 sócio histórica
Texto 8 sócio históricaTexto 8 sócio histórica
Texto 8 sócio históricaPsicologia_2015
 
Espaço Publicitário: Comportamento Social face às Representações e Estereótip...
Espaço Publicitário: Comportamento Social face às Representações e Estereótip...Espaço Publicitário: Comportamento Social face às Representações e Estereótip...
Espaço Publicitário: Comportamento Social face às Representações e Estereótip...Pâmela Guimarães
 

Similaire à Estereótipos femininos fomentados pelos meios de comunicação (20)

Teoria das representações sociais
Teoria das representações sociaisTeoria das representações sociais
Teoria das representações sociais
 
Mídia e Trabalho Doméstico: quando a lei expõe desigualdades.
Mídia e Trabalho Doméstico: quando a lei expõe desigualdades. Mídia e Trabalho Doméstico: quando a lei expõe desigualdades.
Mídia e Trabalho Doméstico: quando a lei expõe desigualdades.
 
Paper sociologia urbana
Paper sociologia urbanaPaper sociologia urbana
Paper sociologia urbana
 
Sociologia iii
Sociologia iiiSociologia iii
Sociologia iii
 
Apostila sociologia
Apostila sociologiaApostila sociologia
Apostila sociologia
 
Apostila sociologia (1)
Apostila sociologia (1)Apostila sociologia (1)
Apostila sociologia (1)
 
Espaço Midiático: Comportamento Social face as Representações e Estereótipos...
Espaço Midiático: Comportamento Social face as Representações  e Estereótipos...Espaço Midiático: Comportamento Social face as Representações  e Estereótipos...
Espaço Midiático: Comportamento Social face as Representações e Estereótipos...
 
Psicologia Comunitária
Psicologia Comunitária    Psicologia Comunitária
Psicologia Comunitária
 
Psicologia Social e Gênero
Psicologia Social e GêneroPsicologia Social e Gênero
Psicologia Social e Gênero
 
Introdução ao Estudo do Indivíduo nos Grupos
Introdução ao Estudo do Indivíduo nos GruposIntrodução ao Estudo do Indivíduo nos Grupos
Introdução ao Estudo do Indivíduo nos Grupos
 
Psicologia, subjetividade e políticas públicas
Psicologia, subjetividade e políticas públicasPsicologia, subjetividade e políticas públicas
Psicologia, subjetividade e políticas públicas
 
Texto 8 sócio histórica
Texto 8 sócio históricaTexto 8 sócio histórica
Texto 8 sócio histórica
 
Artigo - A psicologia social
Artigo - A psicologia socialArtigo - A psicologia social
Artigo - A psicologia social
 
Apostila sociologia - eja fácil
Apostila sociologia - eja fácilApostila sociologia - eja fácil
Apostila sociologia - eja fácil
 
Preconceito Na Escola
Preconceito Na EscolaPreconceito Na Escola
Preconceito Na Escola
 
Preconceito Na Escola
Preconceito Na EscolaPreconceito Na Escola
Preconceito Na Escola
 
Espaço Publicitário: Comportamento Social face às Representações e Estereótip...
Espaço Publicitário: Comportamento Social face às Representações e Estereótip...Espaço Publicitário: Comportamento Social face às Representações e Estereótip...
Espaço Publicitário: Comportamento Social face às Representações e Estereótip...
 
Psicologia social
Psicologia socialPsicologia social
Psicologia social
 
Fund.filosofia e sociologia
Fund.filosofia e sociologiaFund.filosofia e sociologia
Fund.filosofia e sociologia
 
A Sociologia no Cotidiano.ppt
A Sociologia no Cotidiano.pptA Sociologia no Cotidiano.ppt
A Sociologia no Cotidiano.ppt
 

Plus de Cassia Barbosa

SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS
SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOSSEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS
SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOSCassia Barbosa
 
1346326699 arquivo umaquestaodegenero_moisese_nataliafinal
1346326699 arquivo umaquestaodegenero_moisese_nataliafinal1346326699 arquivo umaquestaodegenero_moisese_nataliafinal
1346326699 arquivo umaquestaodegenero_moisese_nataliafinalCassia Barbosa
 
A (des)construção das identidades femininas
A (des)construção das identidades femininasA (des)construção das identidades femininas
A (des)construção das identidades femininasCassia Barbosa
 
A ausência de categorias que incomoda uma vivência trans representada na no...
A ausência de categorias que incomoda   uma vivência trans representada na no...A ausência de categorias que incomoda   uma vivência trans representada na no...
A ausência de categorias que incomoda uma vivência trans representada na no...Cassia Barbosa
 
A conjugalidade nas antenas da tv
A conjugalidade nas antenas da tvA conjugalidade nas antenas da tv
A conjugalidade nas antenas da tvCassia Barbosa
 
Conjugalidades, parentalidades e
Conjugalidades, parentalidades eConjugalidades, parentalidades e
Conjugalidades, parentalidades eCassia Barbosa
 
Consumidoras e heroinas genero na telenovela
Consumidoras e heroinas genero na telenovelaConsumidoras e heroinas genero na telenovela
Consumidoras e heroinas genero na telenovelaCassia Barbosa
 
Dualismo de papéis da mulher moderna
Dualismo de papéis da mulher modernaDualismo de papéis da mulher moderna
Dualismo de papéis da mulher modernaCassia Barbosa
 
Revista Faeba Educação e contemporaneidade
Revista Faeba Educação e contemporaneidadeRevista Faeba Educação e contemporaneidade
Revista Faeba Educação e contemporaneidadeCassia Barbosa
 
Elementos para a conformação da identidade feminina
Elementos para a conformação da identidade femininaElementos para a conformação da identidade feminina
Elementos para a conformação da identidade femininaCassia Barbosa
 
Entre a emancipa ca o e a dependencia as mulheres na revisa o Cruzeiro
Entre a emancipa ca o e a dependencia as mulheres na revisa o Cruzeiro Entre a emancipa ca o e a dependencia as mulheres na revisa o Cruzeiro
Entre a emancipa ca o e a dependencia as mulheres na revisa o Cruzeiro Cassia Barbosa
 
De gabriela a juma – imagens eróticas femininas nas telenovelas brasileiras
De gabriela a juma – imagens eróticas femininas nas telenovelas brasileirasDe gabriela a juma – imagens eróticas femininas nas telenovelas brasileiras
De gabriela a juma – imagens eróticas femininas nas telenovelas brasileirasCassia Barbosa
 
Feminino & masculino programa infantil
Feminino & masculino   programa infantilFeminino & masculino   programa infantil
Feminino & masculino programa infantilCassia Barbosa
 
Feminino na beira uma análise do conto “barba de arame“, de
Feminino na beira uma análise do conto “barba de arame“, deFeminino na beira uma análise do conto “barba de arame“, de
Feminino na beira uma análise do conto “barba de arame“, deCassia Barbosa
 
Feminino velado recepção da telenovela por mãe e filhas das classes populares
Feminino velado recepção da telenovela por mãe e filhas das classes popularesFeminino velado recepção da telenovela por mãe e filhas das classes populares
Feminino velado recepção da telenovela por mãe e filhas das classes popularesCassia Barbosa
 
Gênero, sexualidade e meios de
Gênero, sexualidade e meios deGênero, sexualidade e meios de
Gênero, sexualidade e meios deCassia Barbosa
 
Lección de cocina a ironia como desconstrução da submissão feminina
Lección de cocina a ironia como desconstrução da submissão femininaLección de cocina a ironia como desconstrução da submissão feminina
Lección de cocina a ironia como desconstrução da submissão femininaCassia Barbosa
 

Plus de Cassia Barbosa (20)

SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS
SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOSSEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS
SEXUALIDADE E DIREITOS HUMANOS
 
inscrição engenero
inscrição engeneroinscrição engenero
inscrição engenero
 
1346326699 arquivo umaquestaodegenero_moisese_nataliafinal
1346326699 arquivo umaquestaodegenero_moisese_nataliafinal1346326699 arquivo umaquestaodegenero_moisese_nataliafinal
1346326699 arquivo umaquestaodegenero_moisese_nataliafinal
 
A (des)construção das identidades femininas
A (des)construção das identidades femininasA (des)construção das identidades femininas
A (des)construção das identidades femininas
 
A ausência de categorias que incomoda uma vivência trans representada na no...
A ausência de categorias que incomoda   uma vivência trans representada na no...A ausência de categorias que incomoda   uma vivência trans representada na no...
A ausência de categorias que incomoda uma vivência trans representada na no...
 
A conjugalidade nas antenas da tv
A conjugalidade nas antenas da tvA conjugalidade nas antenas da tv
A conjugalidade nas antenas da tv
 
Comunicacao e genero
Comunicacao e generoComunicacao e genero
Comunicacao e genero
 
Conjugalidades, parentalidades e
Conjugalidades, parentalidades eConjugalidades, parentalidades e
Conjugalidades, parentalidades e
 
Consumidoras e heroinas genero na telenovela
Consumidoras e heroinas genero na telenovelaConsumidoras e heroinas genero na telenovela
Consumidoras e heroinas genero na telenovela
 
Dualismo de papéis da mulher moderna
Dualismo de papéis da mulher modernaDualismo de papéis da mulher moderna
Dualismo de papéis da mulher moderna
 
Revista Faeba Educação e contemporaneidade
Revista Faeba Educação e contemporaneidadeRevista Faeba Educação e contemporaneidade
Revista Faeba Educação e contemporaneidade
 
Elementos para a conformação da identidade feminina
Elementos para a conformação da identidade femininaElementos para a conformação da identidade feminina
Elementos para a conformação da identidade feminina
 
Entre a emancipa ca o e a dependencia as mulheres na revisa o Cruzeiro
Entre a emancipa ca o e a dependencia as mulheres na revisa o Cruzeiro Entre a emancipa ca o e a dependencia as mulheres na revisa o Cruzeiro
Entre a emancipa ca o e a dependencia as mulheres na revisa o Cruzeiro
 
De gabriela a juma – imagens eróticas femininas nas telenovelas brasileiras
De gabriela a juma – imagens eróticas femininas nas telenovelas brasileirasDe gabriela a juma – imagens eróticas femininas nas telenovelas brasileiras
De gabriela a juma – imagens eróticas femininas nas telenovelas brasileiras
 
Eu compro essa mulher
Eu compro essa mulherEu compro essa mulher
Eu compro essa mulher
 
Feminino & masculino programa infantil
Feminino & masculino   programa infantilFeminino & masculino   programa infantil
Feminino & masculino programa infantil
 
Feminino na beira uma análise do conto “barba de arame“, de
Feminino na beira uma análise do conto “barba de arame“, deFeminino na beira uma análise do conto “barba de arame“, de
Feminino na beira uma análise do conto “barba de arame“, de
 
Feminino velado recepção da telenovela por mãe e filhas das classes populares
Feminino velado recepção da telenovela por mãe e filhas das classes popularesFeminino velado recepção da telenovela por mãe e filhas das classes populares
Feminino velado recepção da telenovela por mãe e filhas das classes populares
 
Gênero, sexualidade e meios de
Gênero, sexualidade e meios deGênero, sexualidade e meios de
Gênero, sexualidade e meios de
 
Lección de cocina a ironia como desconstrução da submissão feminina
Lección de cocina a ironia como desconstrução da submissão femininaLección de cocina a ironia como desconstrução da submissão feminina
Lección de cocina a ironia como desconstrução da submissão feminina
 

Dernier

atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfLuizaAbaAba
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfRavenaSales1
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxedelon1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...HELENO FAVACHO
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptssuser2b53fe
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxLusGlissonGud
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 

Dernier (20)

atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 

Estereótipos femininos fomentados pelos meios de comunicação

  • 1. ESTEREÓTIPOS FEMININOS FOMENTADOS PELOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA Teresa Cristina Bruel dos Santos Psicóloga, Doutora em Psicologia Social e Metodologia pela Universidade Autônoma de Madri, pesquisadora colaboradora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher e Gênero (NIEM) da UFRGS. crisbruel@hotmail.com Introdução A importância do estudo das Representações Sociais1 de gênero radica em visibilizar as crenças, os valores, os supostos ideológicos que estabelecem, com base nas diferenças biológicas, a atribuição diferenciada de características e papéis sociais que situam a mulheres e homens e posições distintas. O conceito “gênero” evidencia a relação desigual entre mulheres e homens enquanto sujeitos sociais. A definição social de mulher e homem, como a definição social dos padrões de comportamento, considerados próprios a cada um, não se limita a estabelecer uma diferenciação binária entres estas categorias sociais senão que estabelece também uma diferença assimétrica entre elas. Os estudos de gênero revelam, pois, a relação desigual entre mulheres e homens, existente e evidente no terreno social. Dita desigualdade é devido a uma construção social de gênero, papéis e características diferenciadas e valorizadas de acordo ao sexo das pessoas, construções que se erigem em prescrições sociais através das quais se tenta regular a convivência. Ainda que tenha se tornado mais visível o debate social acerca das conseqüências destas desigualdades, cremos que o problema ainda dista muito de estar resolvido e que, todavia temos muito caminho por percorrer. As diferenças construídas e reproduzidas entre mulheres e homens é uma brutal expressão de um sistema baseado no poder de dominação (desigualdade, opressão, discriminação). Tradicionalmente foi considerado um sistema que excluía as mulheres dos processos de produção e as submetia a um exclusivo papel de reprodução dentro do marco familiar. Daí que a divisão do trabalho tenha confinado a mulher durante séculos dentro de casa e, para justificá-lo, o 1 Utilizarei RS para referir-me as Representações Sociais.
  • 2. capitalismo e os organismos religiosos levantaram um grande mecanismo ideológico que potenciava a idéia de que a mulher era inferior ao homem. Entendo que a triangulação: a) representações sociais acerca do feminino e do masculino, b) papéis sociais atribuídos a mulheres e homens e os c) estereótipos sexistas assumem um papel importante no momento de formar universos de opinião, crenças e atitudes compartilhadas que justificam e fixam as relações desiguais entre mulheres e homens. Neste sentido, as RS podem ser entendidas como um sistema interpretativo para os membros de um determinado grupo, um sistema que induz processos de classificação social (PÉREZ, MOSCOVICI y CHULVI, 2002). Tais processos são determinantes no momento de delimitar crenças compartilhadas, imagens, sentimentos e comportamentos considerados adequados ou não para as pessoas. SPINK (em GUARESCHI e JOVCHELOVITCH, 1995) aponta que o estudo das RS abarca dois aspectos centrais: “a construção de conhecimentos, que inclui as condições sócio-históricas que os engendram e a sua elaboração socio-cognitiva; e a funcionalidade destes conhecimentos na instauração, ou manutenção, das práticas sociais” (p.201). As RS circulam, se cruzam e se cristalizam sem cessar no nosso universo cotidiano trazendo consigo a identidade, a cultura e a história de um grupo de pessoas, forma com a qual os sujeitos apreendem os acontecimentos da vida diária, as características do meio ambiente, as informações e o conhecimento do “senso comum” (MOSCOVICI, 1981). Os processos de comunicação social jogam um papel elementar na construção de um universo consensuado, pois nos remetem ao âmbito das relações de influência e de pertencimento social, determinante na criação das representações. Acredito que as RS de um grupo são fundamentais para entender a estrutura e o conteúdo sobre diferentes objetos sociais. Considerando que as RS incluem visões estereotipadas acerca de ditos objetos esperamos colocar em evidência o conjunto de princípios organizadores e posições tanto individuais como grupais, relacionadas com o saber comum, sobre a imagem da mulher, fomentada através dos meios de comunicação de massa. Pretendo enfatizar aqui, a constituição e repercussão de um “núcleo semântico e imagético”, de concepções generalizadas no campo social ou de temas propostos ou impostos pelos meios de comunicação acerca da construção e perpetuação de modelos
  • 3. que definem a vida das pessoas, mais especificamente das mulheres, através de uma normativa que aponta os direitos e deveres, proibições e privilégios que cada pessoa tem por pertencer a um sexo ou a outro. Estes temas, também chamado de tematha, são entendidos como temas gerais que conferem sentido à pluralidade social ao mesmo tempo em que difundem uma determinada RS acerca de determinados objetos. “As relações temáticas estão fundamentadas nos elementos que constituem nossas representações mentais dos acontecimentos. Assumo como algo indiscutível que há uma correspondência entre nossa representação mental dos acontecimentos e o sentido de frases empregadas para expressá-los” (CULICOVER, 1988). Cada vez que entramos em contato com objetos ou pessoas se mobilizam conteúdos mentais, imagens, idéias que codificam ou categorizam a situação atribuindo-lhe certo significado. A informação que provém do real é percebida através de códigos, valores e ideologias que se associam a posições sociais específicas. As representações mentais têm, portanto uma construção social que as antecede e que são ao mesmo tempo representações individuais e sociais. À primeira vista os temas ou themata parecem inofensivos, mas é preciso levar em consideração que os processos de tematização objetivam, através dos discursos e das imagens, a estabilização, consolidação dos sentidos na medida em que induzem as formas de ser das coisas e do mundo, ao mesmo tempo em que regulam e limitam nossas práticas dentro de uma lógica discursivamente construída. Se pensarmos então que a realidade é socialmente construída e o saber é uma construção das pessoas, mas que estas não estão desligadas da sua inscrição social podemos entender que os meios de comunicação (enquanto parte deste social), abrem caminhos para suas incursões e difundem seus temas dando a estes os sentidos que melhor lhes convêm. Os meios de comunicação de massa formam parte do nosso universo cotidiano e nos oferecem informações fragmentadas, cheias de imagens com intenções subliminares e persuasivas que, através da comunicação e da linguagem, cerne da themata, servem para desempenhar um papel importante na formação e manutenção das pessoas com relação ao seu mundo social. Neste sentido, estamos pensando nos meios de comunicação que desenvolvem ações conjuntas ao escolher uma linguagem que prima por uma visão estereotipada e preconceituosa acerca das mulheres, sem sequer levar em consideração a instabilidade, a dialogicidade e o dinamismo que esta “categoria”
  • 4. carrega consigo. Como refere DELEUZE (1997, p.15), a linguagem é comunicativa e não informativa. “Essa intersubjetividade e subjetivação linguística que explica o resto. Enfim, tudo aquilo que fazemos existir ao dizê-lo”. As themata influenciam as RS, através de seus pressupostos pragmáticos carregam consigo a intenção de cristalizar RS totalitárias que impedem, assim, novas construções e formas de pensar. Ao longo da nossa existência aprendemos uma série de definições culturais e sociais a respeito da masculinidade e da feminilidade. A aquisição dos estereótipos, dos roles e da identidade comporta o aprendizado de algumas normas preestabelecidas que informam a pessoa acerca do que é obrigatório, proibido e permitido, normas que se transmitem nas mais diversas instituições sociais e, sobretudo nos meios de comunicação. De acordo com David Hamilton, o estereótipo deve ser entendido como uma estrutura cognitiva que influi de diversas maneiras em como se processa a informação sobre os grupos sociais e as pessoas pertencentes a estes (HAMILTON, STROESSNER y MACKIE, 1993, p. 39). Trata-se, pois, de uma imagem mental simplificada das pessoas, compartilhada socialmente. Um estereótipo é uma idéia, uma imagem que se fixa e se perpetua, se estende a todos os membros de um grupo (OLMEDA VALLE y FRUTOS, 2001). De acordo Walter Lippman, considerado como seu criador, “o estereótipo é uma estratégia de simplificação da realidade, um atalho que tomamos para poder compreendê-la e analisá-la. E é algo mais: é a expressão e a projeção de opiniões e sentimentos de determinados coletivos a respeito de outros; é a expressão de nossas tradições socioculturais, e é finalmente um baluarte para defender nossas posições” (LIPPMAN, 1922, citado em HAMILTON y MACKIE, 1993, p. 5). TAJFEL (1982) formula que um estereótipo é uma construção mental muito simplificada (geralmente) de um determinado grupo de pessoas, instituições ou acontecimentos que é compartilhada, em suas características fundamentais, por um grande número de pessoas. Para TAJFEL o estereótipo é uma conseqüência imediata da categorização: existe uma estreita correspondência entre pertencer a uma categoria e a posse de determinados traços e características. “Um estereótipo comporta a atribuição comum de certos traços aos indivíduos que são membros de um grupo, e também a atribuição em comum de certas diferenças com relação aos membros de outros grupos
  • 5. (TAJFEL, 1984, p. 142). Considera que os estereótipos vão, ainda que não necessariamente, acompanhados de preconceitos, quer dizer, de uma predisposição favorável ou desfavorável em relação a qualquer membro de uma categoria em questão. Os estereótipos são atribuídos aos grupos sociais ou as pessoas por pertencer a um determinado sexo, nacionalidade, cultura, etnia, classe social. São assimilados no espaço da interação social, são generalizadores na medida em que homogeneízam as pessoas de um determinado grupo. Tem sua origem, em grande medida, no processo cognoscitivo geral de categorização. A principal função deste processo é a de resumir ou ordenar para conseguir a adaptação cognoscitiva, ou da conduta frente à abundância de estímulos e de informação que provê o meio ambiente ao organismo humano. Os estereótipos podem ser de gênero ou sexuais dentre outros (OLMEDA VALLE y FRUTOS, 2001; FERNÁNDEZ, 1988; FERNÁNDEZ, 1983). Em outras palavras, os estereótipos são as RS compartilhadas (imagens mentais elaboradas socialmente) e os esquemas cognitivos e coletivos acerca da conduta habitual, os traços e os roles atribuídos a cada sexo/gênero (MOYA, 1993; MINGOTE ADÁN y LÓPEZ-DORIGA, 2000). Minhas inquietações têm me levado a desconfiar das certezas definidas e definitivas. Tenho aprendido a me movimentar com o transitório, com o que não está fixado, com possibilidades que não encerram em si posicionamentos inquestionáveis. Acredito na necessidade de transpor as barreiras dos conhecimentos que asseguram, mas que também aprisionam. É relevante pensar a respeito dos modos de regulação e normatização que vigiam e constroem representações que, através de discurso e imagens estereotipadas, interpelam e tentam constituir a “verdadeira mulher”. A nossa volta, através dos diversos meios de comunicação se estende, a cada dia, uma enorme e infindável quantidade de mensagens que tentam transmitir algum tipo de idéia, de visão de mundo, de compreensão da “realidade” acerca das mulheres. Quando falo de realidade, me refiro aqui a esta realidade socialmente construída derivada de uma perspectiva patriarcal hegemônica que prima por regular as relações sociais, e que se generaliza, mas que precisa ser tensionada sempre que pensarmos nos vários significados que uma realidade pode assumir a partir dela mesma. Muitas destas mensagens nos oferecem diversas maneiras de entender como são, pensam, sentem e se comportam as mulheres, assim como exercem algum tipo de
  • 6. pressão para que se configure uma construção subjetiva que dê conta de determinadas características que seriam esperadas no cumprimento do rol adequado de ser mulher. Neste sentido os valores relativos a esta categoria são construídos no entorno social e conformam a identidade de diferentes mulheres determinando as posições a serem assumidas por estas. É claro que a posição que as mulheres devem ou podem assumir, se levarmos em consideração as relações entre homens e mulheres, não somente são diferentes senão que hierarquizadas, principalmente no que diz respeito ao acesso a recursos sociais, ao exercício de direitos e de sua cidadania, a ocupação de postos de tomada de decisões, a não submissão a nenhum tipo de tortura, ao exercício livre e pleno de seus direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. A informação periodística, o cinema, a produção musical, a publicidade de maneira geral exercem uma enorme influência na construção da percepção que temos de nós mesmas/os e como nos desenvolvemos em todas as atividades do cotidiano. As explicações que reduzem as mulheres a algo “natural”, são tacitamente aceitas, toleradas e servem para justificar a ordem social existente. Como ressalta WITTIG (em CASTILHOS e PESSAH, 2009). “Em nossas mentes e em nossos corpos, somos levadas a corresponder, característica a característica, a idéia da natureza que foi estabelecida para nós; tão pervertida que nosso corpo deformado é o que eles chamam “natural”, o que supostamente existia antes da opressão; tão distorcido que no final das contas a opressão parece ser uma conseqüência dessa “natureza”, dentro de nós mesmas uma natureza que é somente uma idéia”. (p. 91) A idéia de que as mulheres são, essencialmente, um produto da natureza socava a ação e independência daquelas que não desejam seguir o paradigma da normalidade imposta pela cultura patriarcal, impedindo assim, a expressão de uma pluralidade necessária acerca das diferenças entre as pessoas. Neste sentido, continuo tomando emprestadas as palavras de WITTIG (em CASTILHOS e PESSAH, 2009.) quando diz que “a divisão com relação aos homens, dos quais as mulheres tem sido objeto, é política e mostra que temos sido ideologicamente reconstituídas como um “grupo
  • 7. natural”. No caso das mulheres, a ideologia vai longe já que nossos corpos, assim como nossas mentes, são o produto desta manipulação (p. 93). Problematizar as construções que os meios de comunicação de massas fazem sobre as mulheres significa colocar em evidência os valores que tais meios adotam e a opressão que difundem. Neste sentido não podemos cair na ingenuidade de pensar que o que escutamos e lemos, não está permeado, também, de interesses subliminares. Nas propagandas, nas revistas, nas telenovelas, no cinema etc. é comum encontrarmos alguns temas através dos quais as mulheres respondem a determinados estereótipos vinculados à beleza, ao cuidado, a maternidade, ao espaço da casa, a uma sexualidade heteronormativa, aspectos estes que tem como base uma cultura patriarcal ratificada como paradigma da normalidade social (LOURO,1997). A força que assumem estas construções é implacável! Se pensarmos de forma alheia e alienada no poder descomunal da mídia e na sua capacidade de construir subjetividades, nem sequer nos daremos conta das armadilhas existentes por trás de cada idéia que esta comunica. A estética, o cuidado, a maternidade, o privado, a sensualidade, servem de núcleo central das grandes instituições midiáticas para, antes de mais nada, criar um ideal de existência possível. Além do que, ao desprezar as diferentes pluralidades existentes entre as mulheres, constrói identidades fraturadas, desejos inatingíveis, a higienização dos corpos, através de códigos que imprimem valores e marcas que subordinam, negam ou recusam outras identidades e práticas consideradas divergentes e contraditórias (LOURO, 2001). Assim, os meios de comunicação elaboram e difundem um discurso voltado à representação de conceitos e valores que possam atingir o maior número de pessoas, mas que de forma alguma as atinge. As mulheres que se atrevem, por exemplo, a expressar de forma livre sua sexualidade, sexualidade que não condiz com o imperativo evidenciado e fomentado pela mídia, são fortemente invisibilizadas, silenciadas e marginalizadas sem ao menos formarem parte da agenda midiática. De acordo com FOUCAULT (1988) "a sexualidade é o nome que se pode dar a um dispositivo histórico" e que "não se deve concebê-la como uma espécie de dado da natureza que o poder é tentado a pôr em xeque, ou como um domínio obscuro que o saber tentaria, pouco a pouco, desvelar" (p. 100).
  • 8. Seguindo a lógica da normalidade impressa pelos meios de comunicação, pensemos naquelas mulheres que não querem seguir a natureza como se esta fosse o destino, e que não desejam ser mães, fazem outras escolhas que não estão relacionadas com o tão desejado ideal de família. Compreender o sentido que a maternidade assume na vida das mulheres é uma via possível para entender este modelo de construção que entende a existência da mulher a partir de um corpo essencializado, corpo construído para assumir um determinado papel e espaço: maternal e doméstico. Como nos diz COLLING (em STREY; CABEDA; PREHN, 2004) “o corpo é o primeiro lugar da inscrição, a sociedade sempre leu, encarou a mulher a partir de seu corpo e de suas produções, fechando-a na reprodução e na afetividade. A natureza – menstruação, gravidez, parto, etc., - destinava as mulheres ao silêncio e à obscuridade, impossibilitando-as de outras formas de criação” (p.16). Assim, de acordo com os padrões de socialização estabelecidos por cada sociedade, as pessoas aprendem quais são as tarefas que podem ou devem desenvolver e também passam a entender esta ordem como um fato natural. Naturalizam as normas que prescrevem os comportamentos aceitáveis para uns e para outras e os mecanismos de controle para impedir os desvios nas condutas individuais. Ao subverter este ideal, muitas mulheres não são e não se sentem contempladas pela invasão de comerciais que oferecem diariamente, mas, sobretudo no “dia das mães”, os mais diversos aparatos vinculados à beleza, ao espaço da casa, especialmente ao espaço da cozinha. Além disto, a mídia cria um ideal de mulher digno de ser louvado e santificado, uma mulher que ocupa um lugar de cuidadora e mantenedora do bemestar da família e do lar. Por outro lado, o ideal do corpo perfeito imprime marcas nos corpos e nas mentes das mulheres que são impelidas diariamente a corresponder com os estereótipos que as degradam. Corpos estes que transpõem a barreira do que consideramos corpos saudáveis. Num mundo onde a aparência é sinônimo de legitimação social, o corpo deve estar impecável. Os meios de comunicação contribuem a um investimento significativo e continuado que constrói a imagem do ser mulher, colaborando assim para a edificação de um modelo de corpo ideal. Os produtos veiculados/difundidos/vendidos na mídia ressaltam uma estética unilateral vinculada à idéia de estar ou não na moda.
  • 9. O termo moda indica modelos normativos que impelem aos corpos das mulheres um “dever de boa aparência” que pressupõe estar de acordo aos cânones de beleza e juventude. A busca pelos signos identificatórios do que se considera ser feminino acaba produzindo uma obsessão em direção à imagem ideal em um número significativo de mulheres (SANT’ANNA, 1995). A mulher retratada é geralmente alta, magra, bonita e branca. Esta imagem contrasta com uma realidade que reflete que não todos os corpos têm esta fisionomia, por outro lado, o objetivo é consegui-la custe o que custar. Através de tentativas incansáveis e fatigantes as mulheres tentam seguir um determinado padrão em busca da tão desejada “legitimação social”. Por meio da temática de um corpo “possível” temos criada a necessidade de não poder ultrapassar o tamanho 38 e, para lograr este objetivo, muitas vezes nos vemos acometidas por doenças como a bulimia e anorexia sendo estes apenas alguns dos problemas (sem deixar de mencionar a baixa auto-estima e a constante frustração) que afetam as mulheres jovens e nem tão jovens da sociedade global. Neste sentido, entendo que todas estas práticas discursivas e imagéticas que usam de themata canônicos, no sentido de matriz ou unidades cognoscitivas muito resistentes e estáveis, também modelam a ação das pessoas no que diz respeito às relações sexuais e sentimentais. O modelo de sexualidade oferecido pela mídia evidência uma matriz de referência que influencia as formas de relações entre as pessoas. Aqui me refiro ao amor e a sexualidade idealizadas, este amor e sexualidade que não admitem outra forma de expressão que não aquela normatizada e que, portanto, se adapta aos estereótipos dominantes. A mulher aparece também como protagonista, na mídia, no mês de março, em função do “dia Internacional da Mulher”. Ainda assim, aparece sob esta mesma lógica que promove a construção da “verdadeira mulher”. COLLING (em STREY; CABEDA; PREHN, 2004) sentencia “verdadeira” e “mulher” “são conceitos que foram criados por um outro, e unicamente como aparência, como superfície, como produção. Sob os conceitos, não há nada que possa ser chamado mulher, mas somente relações de poder e hierarquia socialmente construídas” (p.24). As generalizações com base em idéias pré-concebidas são muito resistentes às mudanças e cumprem a função de preservar e defender interesses ocultos. Interesses
  • 10. diretamente vinculados à reprodução do capital e do mundo de dominação patriarcal (PESSAH, 2004). Continuo questionando: Como é possível tamanha manipulação? Como é possível mudar a estrutura dessas representações naturalmente incorporadas por toda uma sociedade, no sentido coletivo? Como romper então com esta visão universalizada e universalmente válida acerca do thema mulher? Como romper com formas de pensar da classe dominante sem levar em consideração o papel da resistência, consciência e ação das mulheres como possibilidade de mudanças destas representações consolidadas? Como é possível romper com a estrutura da mensagem estereotipada que a mídia nos vende a cada dia? Como abandonar a legitimidade desses temas que anulam e invizibilizam as mulheres a partir de idéias, imagens, linguagens que constantemente produzem e reproduzem a mulher verdadeira? Como analisar os operadores de produção simbólica que delimitam as fronteiras da vida social? Como possibilidade para tensionar estas representações é necessário, por não dizer vital, assumir um posicionamento crítico, talvez como condição primeira, diante desses processos midiáticos que homogeneízam identidades e produzem subjetividades fixas. Pensar criticamente a mídia (analisando seus, discursos, imagens, agendas) nos ajuda a perceber a dimensão de não neutralidade e imparcialidade que está por trás deste aparato tão fortalecido em tempos globais. É importante conhecer e reconhecer o poder da mídia para poder desmontá-lo, para poder acreditar que outras representações que sim representem de outras formas as mulheres, são possíveis. Ao considerarmos imprescindível que desapareçam as hierarquias, impostas pelo o sistema patriarcal, se faz necessário, então, continuar sonhando com outro mundo, outras lógicas, outras possibilidades diferentes destas que controlam nossos corpos, nossos afetos, nossa liberdade. É necessário a não conformidade, a reflexão, a desacomodação, a denúncia, para citar apenas algumas das maneiras pelas quais poderemos construir alternativas existenciais mais flexíveis e realmente plurais. Nesse sentido, e sem a pretensão de acabar aqui este debate, creio que devemos seguir investindo esforços na progressiva dissolução das categorias totalizadoras que dão um sentido unitário à construção do que se considera “ser mulher”.
  • 11. O esforço de análise crítica da mídia é, sem dúvida, uma estratégia de questionamento, mas também de localização de outras RS. Opiniões divergentes (rupturas) acontecem todos os dias nos diferentes grupos que compõem uma sociedade. Os debates sobre a mídia e seu papel na construção de subjetividades são uma estratégia interessante para identificar aquelas representações periféricas, ou seja, que não ocupam um lugar central nos discursos sociais mas existem. O papel dos grupos sociais inovadores é justamente, operar a partir de “idéias novas”, idéias emergentes e questionadoras que lutam ante o poder das crenças já fixadas. Segundo Moscovici (1981) é o poder das idéias novas o que pode gerar novos estilos de comportamento sociais. Questionar o uso da linguagem, de estereótipos e papéis que explicitam as mulheres, através da mídia, como dependentes, complementos, objetos se faz necessário para entender a lógica hegemônica que está por trás de cada discurso, que de forma explícita ou nem tanto, promove maneiras de pensar e logo de agir no mundo. Referências Bibliográficas CASTILHOS, C., PESSAH, M. Em rebeldia. Porto Alegre: Libertaria, 2009. FERNÁNDEZ, J. Nuevas perspectivas en el desarrollo del sexo y del género. Madrid: Pirámide, 1988. FERNÁNDEZ, J. Nuevas perspectivas en la medida de masculinidad y feminidad. Madrid: Editorial de la Universidad Complutense, 1983. FOUCAULT, M.. História da sexualidade. V.1: A vontade de saber. 11ª. Ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988. GUARESCHI, P.A.; JOVCHELOVITCH, S. (orgs.) Textos em representações sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. HAMILTON, D.; STROESSNER, S.; MACKIE, D. “The Influence of Afffect on Stereotyping: the case of illusory correlations”. En: MACKIE, D.M.; HAMILTON, D.L. (eds.) Affect, Cognition, and Stereotyping- interactive processes in group perception. San Diego: Academic Press, 1993. HAMILTON, D.L., MACKIE, D.M. “Cognitive and affective processes in intergroup perception: the developing interface”. En: MACKIE, D.M.; HAMILTON, D.L. (eds.)
  • 12. Affect, Cognition, and Stereotyping- interactive processes in group perception. San Diego: Academic Press, 1993. LOURO, G. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997. LOURO, G. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. MINGOTE ADÁN, C.; LÓPEZ-DORIGA ALONSO, B. (coord.) Salud mental y género: aspectos psicosociales diferenciales en la salud de las mujeres. Madrid: Instituto de la Mujer (Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales), 29, 2000. MOSCOVICI, S. Psicología de las minorías activas. Madrid: Morata, 1981. MOYA, M.C. “Categorías de género: consecuencias cognitivas sobre la identidad”. Revista de Psicologia social, 1993, 8, 2, p. 171-187. OLMEDA VALLE, A.; FRUTOS FRUTOS, I. Teoría y análisis de género: Guía metodológica para trabajar con grupos. Madrid: Asociación Mujeres Jóvenes, 2001. PÉREZ, J.A.; MOSCOVICI, S.; CHULVI, B. “Natura o cultura como principio de clasificación social. Anclaje de representaciones sociales sobre minorías étnicas”. Revista de Psicología Social, 2002, 17, 1, p. 51-67. SANT’ANNA, D. B. Políticas do corpo. São Paulo: Estação Liberdade, 1995. SPINK, M. J. Qualitative research on social representations: the delightful world of paradoxs. Ongoing Productions on Social Representations, 1993 p.48-54. STREY, M., CABEDA, S., PREHN, D. Gênero e cultura: questões contemporânea. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. TAJFEL, H. (ed.). Social identity and intergroup relations. Cambridge: Cambridge University Press, 1982. TAJFEL, H. Grupos humanos y categorías sociales. Barcelona: Herder, 1984.