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Setembro 2014 
Volume 13 | Número 2
Relatório de 
Estabilidade Financeira 
Setembro 2014 
Volume 13 | Número 2 
ISSN 2176-8102 
CNPJ 00.038.166/0001-05 
Relatório de Estabilidade Financeira Brasília v. 13 nº 2 set. 2014 p. 1-56
Relatório de Estabilidade Financeira 
Publicação semestral do Banco Central do Brasil (BCB) 
É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Estabilidade Financeira, volume 13, nº 2. 
Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos. 
Não são citadas as fontes das tabelas e dos gráfi cos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil. 
Divisão de Atendimento ao Cidadão 
Banco Central do Brasil 
Deati/Diate 
SBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício-Sede – 2º subsolo 
70074-900 Brasília – DF 
DDG: 0800 9792345 
Fax: (61) 3414-2553 
Internet: <http://www.bcb.gov.br/?FALECONOSCO>
Sumário 
Prefácio 5 
Sumário executivo 6 
1 Ambiente macroeconômico e financeiro 7 
1.1 Introdução ___________________________________________________________________ 7 
1.2 Mercados fi nanceiros internacionais _______________________________________________ 7 
1.3 Mercado fi nanceiro nacional ____________________________________________________ 11 
2 Sistema bancário 15 
2.1 Introdução __________________________________________________________________ 15 
2.2 Liquidez ____________________________________________________________________ 15 
2.3 Crédito _____________________________________________________________________ 17 
2.4 Rentabilidade ________________________________________________________________ 21 
2.5 Solvência ___________________________________________________________________ 22 
2.6 Testes de estresse de capital _____________________________________________________ 24 
2.6.1 Análise de cenário – Testes de estresse nas condições macroeconômicas ____________ 25 
2.6.2 Análise de sensibilidade __________________________________________________ 26 
3 Sistema de Pagamentos Brasileiro 31 
3.1 Desempenho dos sistemas de transferência de fundos ________________________________ 31 
3.2 Desempenho dos sistemas de compensação e de liquidação de títulos, 
valores mobiliários, derivativos e câmbio __________________________________________ 32 
4 Organização do Sistema Financeiro Nacional 36 
4.1 Introdução __________________________________________________________________ 36 
4.2 Instituições bancárias __________________________________________________________ 36 
4.3 Níveis de concentração no Sistema Financeiro Nacional ______________________________ 37 
4.4 Instituições não bancárias ______________________________________________________ 39 
4.5 Participação estrangeira no Sistema Financeiro Nacional ______________________________ 39 
4.6 Participação de instituições fi nanceiras brasileiras no exterior __________________________ 40
5 Regulação do Sistema Financeiro Nacional 41 
5.1 Introdução ________________________________________________________________ 41 
5.2 Demonstrações consolidadas do conglomerado prudencial ____________________________ 41 
5.3 Responsabilidade socioambiental das instituições do sistema fi nanceiro __________________ 42 
5.4 Comitê de auditoria ___________________________________________________________ 43 
5.5 Letras Financeiras como instrumento de capital _____________________________________ 43 
5.6 Movimentações em contas de depósito em moeda nacional tituladas por organismos 
internacionais acreditados pelo Governo brasileiro para operações de captação e 
fi nanciamento em reais; aperfeiçoamentos na classifi cação estatística ____________________ 44 
Boxes 
Evolução do Endividamento das Empresas não Financeiras após a Crise Internacional de 2008 ___ 27 
Trabalho para discussão que versa sobre estabilidade fi nanceira ____________________________ 45 
Apêndice 46 
Anexo 51
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 5 
Prefácio 
O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) é uma 
publicação semestral do Banco Central do Brasil (BCB) 
destinada a apresentar, com foco no risco sistêmico, 
os principais resultados das análises sobre o Sistema 
Financeiro Nacional (SFN), especialmente com respeito 
a sua dinâmica recente, às perspectivas e ao grau de 
resiliência a eventuais choques na economia brasileira ou 
no próprio sistema. Esta edição concentra-se nos eventos 
ocorridos no primeiro semestre de 2014. 
O relatório é constituído por cinco capítulos. No primeiro 
– Ambiente macroeconômico e financeiro –, é realizada 
a análise dos principais mercados internacionais e seu 
reflexo no mercado financeiro nacional. O segundo 
capítulo – Sistema bancário – apresenta um panorama 
da exposição a riscos, da rentabilidade e da solvência 
das instituições e dos conglomerados que compõem o 
sistema bancário brasileiro. Os testes de estresse de risco 
de mercado e de crédito e seus reflexos sobre a situação 
de solvência das instituições estão incluídos nesse 
capítulo. No terceiro capítulo – Sistema de Pagamentos 
Brasileiro –, são descritos os resultados da avaliação 
acerca do funcionamento do Sistema de Pagamentos 
Brasileiro (SPB) e do desempenho dos sistemas de 
liquidação, as principais atividades e os avanços 
ocorridos no período, o comportamento da liquidez 
intradia e o resultado dos testes de estresse dos sistemas 
de compensação e de liquidação de títulos e valores 
mobiliários, de derivativos e de câmbio interbancário. 
O quarto capítulo – Organização do Sistema Financeiro 
Nacional – analisa as principais alterações ocorridas no 
controle acionário de instituições financeiras. O quinto 
capítulo – Regulação do Sistema Financeiro Nacional 
– trata das principais normas aprovadas pelo Conselho 
Monetário Nacional (CMN) e pelo BCB para regular o 
funcionamento do SFN. 
Esta edição apresenta, também, boxes tratando da evolução 
do endividamento das empresas não financeiras após a 
crise internacional de 2008 e uma seleção de trabalhos 
para discussão que versam sobre estabilidade financeira. 
O relatório em PDF está disponível no endereço eletrônico 
<www.bcb.gov.br/?relestab>. Também está disponível 
nesse mesmo endereço a base de dados utilizada para a 
elaboração dos gráficos e tabelas do relatório, além de 
outros dados de interesse, como a matriz de migração de 
classificação de crédito e comparativos internacionais 
dos principais Financial Soundness Indicators (FSIs). 
Adicionalmente, as séries temporais relacionadas à 
estabilidade financeira podem ser encontradas em <http:// 
www4.bcb.gov.br/pec/series/port/aviso.asp>.
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 6 
Sumário executivo 
A despeito do crescimento econômico moderado nas 
principais áreas econômicas, os mercados financeiros 
se caracterizaram pela diminuição da volatilidade, em 
especial na segunda metade do primeiro semestre de 
2014. Verificou-se abrandamento nas condições de 
financiamento para as economias emergentes e periféricas 
da Área do Euro e a melhora generalizada na precificação 
de seus ativos financeiros, ainda que tenham ocorrido 
períodos de aumento da volatilidade nos mercados 
cambiais ao longo do semestre. 
No Brasil, em maio de 2014, o BCB interrompeu o ciclo 
de aumento da taxa de juros iniciado em abril de 2013 e, 
em junho, anunciou a manutenção, com modificações, 
do programa de leilões de swap cambial e de venda de 
dólares com compromisso de recompra, com o objetivo 
de prover proteção cambial aos agentes econômicos e 
proporcionar liquidez ao mercado de câmbio. 
Ao final do semestre, os juros domésticos futuros 
apresentaram trajetória de queda, o mercado bursátil 
exibiu tendência de alta e, no mercado de câmbio, 
houve redução da volatilidade da cotação do real frente 
à moeda norte-americana. Nesse cenário, o sistema 
bancário brasileiro manteve-se apresentando baixo risco 
de liquidez e elevada solvência. 
O risco de liquidez continua baixo, apesar do aumento 
no período em razão do movimento de alocação de 
recursos para crédito, principalmente em financiamentos 
habitacionais, que provoca redução da participação dos 
ativos líquidos no balanço das instituições e alongamento 
de prazo nas carteiras de crédito. 
As provisões para o risco de crédito apresentam-se 
adequadas a um novo cenário que aponta para leve 
aumento do risco de crédito, decorrente da elevação 
das taxas de juros, do provável fim do ciclo de redução 
da inadimplência e da redução no índice de cobertura. 
Compõem também esse ambiente o menor ritmo de 
crescimento do crédito e a manutenção de práticas e 
de critérios saudáveis na concessão de novas operações 
de crédito. 
O retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) do sistema 
avançou no semestre, impulsionado por ganhos com 
tesouraria, os quais compensaram a queda na margem 
líquida de crédito. 
A solvência do sistema bancário apresentou estabilidade 
e mantém-se em patamar elevado. Os índices de 
capitalização permanecem em níveis superiores aos 
requerimentos regulatórios, o que, associado aos 
resultados da simulação da plena implementação do 
arcabouço de Basileia III e da introdução do futuro 
requerimento de razão de alavancagem, confirma a 
confortável solvência do sistema bancário. 
Nas simulações de situações de estresse, o sistema 
bancário brasileiro apresentou adequada capacidade 
de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários 
macroeconômicos adversos ou de mudanças abruptas nas 
taxas de juros, de câmbio ou de inadimplência. 
O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) funcionou 
de forma eficiente e segura no primeiro semestre de 
2014. As análises de backtesting, periodicamente 
realizadas para os sistemas de compensação e 
de liquidação de transações com títulos, valores 
mobiliários, derivativos e moeda estrangeira, nos quais 
há uma entidade atuando como contraparte central 
(CPC), apresentaram resultados satisfatórios ao longo 
do semestre. Nos sistemas de transferência de fundos, 
a liquidez intradia agregada disponível continuou 
acima das necessidades das instituições financeiras 
participantes, o que garante que as liquidações ocorram 
com tranquilidade, sobretudo no que diz respeito ao 
Sistema de Transferência de Reservas (STR).
Ambiente macroeconômico e financeiro 1 
1.1 Introdução 
No ambiente internacional, prevalecem perspectivas 
de atividade global mais intensa no médio prazo, não 
obstante o dinamismo aquém do esperado em importantes 
economias maduras e emergentes no primeiro semestre de 
2014. Em contexto de ritmo oscilante de crescimento e de 
inflação moderada nos Estados Unidos da América (EUA) 
e de recuperação lenta no Japão e na Europa (com risco de 
deflação na Área do Euro), fortaleceram-se expectativas 
de manutenção do ambiente de alta liquidez global. Para 
tal percepção, contribuíram o gradualismo sinalizado pelo 
banco central dos EUA (Fed) na execução do tapering1 e 
a disposição do Banco Central Europeu (BCE)2, do Banco 
do Japão (BoJ) e de autoridades chinesas em manter e/ou 
aprofundar suas políticas expansionistas, caso necessário. 
Nesse cenário, a demanda por ativos financeiros de 
risco foi impulsionada ao longo do semestre, enquanto 
indicadores de volatilidade declinaram para patamares 
historicamente reduzidos. 
Em consonância com esse quadro, verificaram-se alívio 
das condições de financiamento para as economias 
emergentes e periféricas da Área do Euro e a melhora 
generalizada na precificação de seus ativos financeiros3, 
ainda que tenham ocorrido períodos de aumento da 
volatilidade nos mercados cambiais ao longo do semestre. 
Os índices de mercados acionários de economias 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 7 
1/ Tapering: redução do volume de compras mensais de ativos pelo Fed 
iniciada em janeiro de 2014. Trata-se do estágio inicial do processo de 
normalização da política monetária dos EUA, importante fator para a 
consolidação da estabilidade financeira global. O Fed sinalizou que pretende 
encerrar as compras mensais de títulos em outubro de 2014, mantendo, 
porém, a política monetária acomodatícia por tempo considerável. 
2/ Em junho, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou conjunto amplo 
de medidas de política monetária não convencional para impulsionar a 
concessão de crédito no bloco europeu, com o objetivo de alavancar o 
crescimento econômico e mitigar os riscos de deflação. 
3/ Destaque-se a melhora na classificação de risco soberano da Espanha 
(Standard & Poor’s), da Grécia (Fitch) e de Portugal (Moody’s), que 
concluiu o seu programa de assistência financeira internacional. 
maduras (com recordes históricos de alta) e de economias 
emergentes também foram beneficiados pela redução das 
taxas de juros de longo prazo em nível global. 
1.2 Mercados financeiros 
internacionais 
A despeito do crescimento econômico moderado nas 
principais áreas econômicas, os mercados financeiros 
se caracterizaram pela diminuição da volatilidade, 
em especial na segunda metade do semestre. Entre 
os fatores que contribuíram para essa redução, estão 
a maior previsibilidade sobre a gradual retirada dos 
estímulos monetários nos EUA; a decisão do comitê de 
política monetária do BCE, que reduziu as taxas anuais 
das principais operações de refinanciamento, depósito 
e empréstimo, além de tomar medidas adicionais de 
aumento da liquidez; e a percepção de diminuição do risco 
sistêmico e da ocorrência de eventos extremos no sistema 
financeiro, com o setor bancário de economias maduras 
reduzindo seu grau de alavancagem e melhorando os 
níveis e a qualidade de seu capital próprio. 
Essa conjunção de fatores permitiu a elevação nos 
preços dos ativos financeiros de maior risco nos 
mercados acionários e de dívidas, tanto soberanas 
quanto de empresas de classificação de risco menos 
favorável. Desde março de 2014, as emissões de títulos 
soberanos e corporativos de economias emergentes e em 
desenvolvimento atingiram recordes históricos de alta, 
evidenciando condições internacionais de financiamento 
mais favoráveis4. O Institute of International Finance 
(IIF), no relatório Global Economic Monitor de junho de 
2014, avaliou que há tendência de aumento dos fluxos de 
4/ Global Economic Prospects – Financial Markets Outlook, Banco Mundial, 
junho de 2014.
650 
520 
390 
260 
130 
Gráfico 1.2.2 – CDS soberanos (5 anos) 
350 
290 
230 
170 
110 
Gráfico 1.2.3 – CDS soberanos (5 anos) 
Gráfico 1.2.4 – Taxas de câmbio de economias avançadas 
135 
125 
115 
105 
95 
Euro/Dólar Libra/Dólar Iene/Dólar 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 8 
capital para as economias emergentes, principalmente a 
partir do segundo trimestre do ano. 
Esse cenário propiciou redução nos rendimentos anuais 
dos títulos soberanos de economias maduras. No primeiro 
semestre, os rendimentos anuais dos títulos de 10 anos 
dos EUA recuaram de 3,03% para 2,53%, e os da 
Alemanha, de 1,93% para 1,25% (gráfi co 1.2.1). 
Gráfico 1.2.1 – Rendimento de títulos soberanos (10 anos) 
8,0 
6,4 
4,8 
3,2 
1,6 
Com a redução da aversão ao risco, verifi cou-se o declínio 
dos prêmios dos Credit Default Swaps (CDS) de cinco 
anos (expressos em pontos-base [p.b]) das principais 
economias da Europa: Itália, de 168 para 95; Espanha, de 
157 para 66; França, de 54 para 40; e Alemanha, de 25 
para 20 (gráfi co 1.2.2). Na mesma base de comparação, os 
prêmios dos CDS de cinco anos de economias emergentes 
também declinaram, com destaque para a Turquia, de 245 
para 177, e para o Brasil, de 194 para 145 (gráfi co 1.2.3). 
Os prêmios respectivos da África do Sul, do México e do 
Chile reduziram-se para 177, 67 e 64, de 204, 92 e 80, na 
ordem. Destaque-se a exceção da Rússia, cujo prêmio de 
CDS elevou-se para 184, de 167, no início do período, 
repercutindo a crise na Ucrânia. Adicionalmente, o risco de 
moratória soberana na Argentina5 provocou elevação dos 
CDS do país, com contágio limitado sobre a precifi cação 
de ativos de renda fi xa de outras economias emergentes. 
No primeiro semestre de 2014, o dólar dos EUA 
desvalorizou-se 3,8% frente ao iene e 3,2% frente à libra 
esterlina, mas apreciou-se 0,4% em relação ao euro, haja 
vista a perspectiva de aprofundamento da acomodação 
monetária no bloco europeu (gráfi co 1.2.4). Evidenciando 
o ambiente de menor aversão ao risco, na mesma base 
5/ Em consequência da decisão da Corte Suprema dos EUA em favor do 
pagamento integral a grupo de investidores (holdouts) que permanecem 
em disputa judicial sobre a restruturação da dívida soberana argentina. 
de comparação, o dólar depreciou-se frente às moedas 
do Brasil (6,3%), da Índia (2,6%), da Indonésia (2,4%) 
e da Turquia (1,4%) (gráfi co 1.2.5). 
0,0 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
EUA Alemanha Itália Espanha 
Fonte: Bloomberg 
% a.a. 
0 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
Alemanha França Espanha Itália 
Fonte: Bloomberg 
p.b. 
50 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
África do Sul Rússia Turquia 
Brasil México Chile 
Fonte: Bloomberg 
p.b. 
85 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
Fonte: Bloomberg 
2.7.2012 = 100
2.7.2012 = 100 
165 
147 
129 
111 
93 
O índice Chicago Board Options Volatility Index (VIX), 
que afere o sentimento dos investidores a partir da 
volatilidade implícita de curto prazo dos preços das 
opções do índice S&P 500, que no final de 2013 situou-se 
em 13,7 pontos, alcançou 23 pontos, nível mais alto 
no semestre, em 3 de fevereiro, refletindo as incertezas 
associadas à desaceleração da economia chinesa e 
à instabilidade político-econômica na Argentina, na 
Tailândia, na Turquia e na Ucrânia. No fechamento do 
semestre, o VIX recuou para 11,6 pontos (gráfico 1.2.8), 
acumulando redução de 31,4% em doze meses. 
25 
22 
19 
16 
13 
Os índices Morgan Stanley Capital International 
(MSCI)7 para bancos dos EUA e de economias 
emergentes elevaram-se, respectivamente, 4,4% e 4,7% 
no primeiro semestre de 2014, comparativamente às 
variações de 10,7% e 2%, no semestre anterior. O índice 
MSCI para bancos europeus mostrou relativa estabilidade 
7/ Os índices refletem médias ponderadas dos preços das ações das 
respectivas indústrias bancárias. 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 9 
140 
128 
116 
104 
92 
Rúpia indonésia Rande Real Lira Baht 
Com o aumento do apetite por ativos de risco a partir do 
fim de fevereiro, as cotações das bolsas de valores de várias 
economias maduras elevaram-se, atingindo recordes ao 
longo do primeiro semestre (gráfico 1.2.6). Os índices 
S&P 500 (EUA) e DAX (Alemanha) valorizaram-se 6,5% 
e 2,9%, na ordem. O FTSE 100 (Reino Unido) apresentou 
relativa estabilidade, avançando 0,2% no período. O 
índice Nikkei (Japão), após valorizar-se 51% em 2013, 
declinou 6,9%, refletindo os efeitos da valorização do 
iene frente ao dólar no período. Mercados acionários de 
importantes economias emergentes também apresentaram 
ganhos expressivos, favorecidos, especialmente, pelo 
realinhamento das expectativas referentes às taxas de 
juros futuras nas economias centrais: Índia (20,2%), 
África do Sul (10,4%), Tailândia (14,4%), Indonésia 
(14,1%) e Brasil (3,2%)6 (gráfico 1.2.7). Na China, o 
mercado acionário recuou 2,3%, no mesmo período. 
200 
176 
152 
128 
104 
6/ Em contraste com os índices acionários nos EUA e na Área do Euro, ressalte-se 
que os índices acionários de mercados emergentes relevantes ainda se 
situam em patamares inferiores aos observados no início de 2013, refletindo 
o menor dinamismo da atividade econômica e dos lucros corporativos. 
Título em 7,8 pontos para caber no Gráfico. 
80 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
Fonte: Bloomberg 
2.7.2012 = 100 
Gráfico 1.2.5 – Taxas de câmbio de economias 
emergentes versus dólar dos EUA 
80 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
Gráfico 1.2.6 – Bolsas de valores 
Economias desenvolvidas 
EUA – S&P 500 Reino Unido – FTSE 100 
Alemanha – DAX Japão – NIKKEI 225 
Fonte: Bloomberg 
2.7.2012 = 100 
75 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
Gráfico 1.2.7 – Bolsas de valores 
Economias emergentes 
África do Sul Brasil Índia 
Indonésia Tailândia Turquia 
Fonte: Bloomberg 
10 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
Fonte: Bloomberg 
pontos 
Gráfico 1.2.8 – CBOE Volatility Index – VIX 
Índice de volatilidade
600 
480 
360 
240 
120 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 10 
no primeiro semestre, após elevar-se 22,9% no segundo 
semestre de 2013 (gráfico 1.2.9). 
165 
149 
133 
117 
101 
Os custos médios de proteção contra default (CDS) de 
bancos relevantes dos EUA e da Europa declinaram 
significativamente ao longo do primeiro semestre de 
2014, refletindo a percepção de maior resiliência dos 
sistemas bancários em nível global, o ambiente de 
recuperação do crescimento, a redução da fragmentação 
financeira na Área do Euro e a atuação expansionista 
do BCE8. Nesse sentido, os prêmios médios dos CDS 
de cinco anos de bancos declinaram na Itália (33%), na 
Espanha (27,8%), no Reino Unido (24,9%), na Alemanha 
(17,2%)%, na França (11,5%) e nos EUA (13%) (gráfico 
1.2.10)9. Destaque-se que na Área do Euro a avaliação da 
qualidade dos ativos do sistema bancário e a realização 
de testes de estresse têm encorajado a recapitalização 
voluntária dos bancos, favorecendo a elevação da 
confiança no sistema financeiro do bloco. 
De forma prospectiva, não obstante o cenário 
macrofinanceiro relativamente benigno vigente ao longo 
do primeiro semestre de 2014, importa destacar que os 
riscos para a estabilidade financeira global permanecem 
elevados, uma vez que as condições prevalecentes 
nos mercados financeiros nos últimos meses têm 
encorajado eventual subprecificação do risco e aumento 
da alavancagem financeira, enquanto fragilidades 
estruturais relevantes persistem em economias avançadas 
e emergentes. Uma eventual reversão na percepção de 
8/ A fragmentação financeira se manifesta pela migração de fluxos de não 
residentes dos países mais vulneráveis da Área do Euro (Espanha, Grécia, 
Irlanda, Itália e Portugal) para seus mercados domésticos, assim como 
a transferência de depósitos de residentes dessas economias para outras 
consideradas mais seguras. 
9/ Média aritmética dos dois maiores bancos de cada país pelo critério de 
capitalização de mercado. 
risco ou no ritmo de normalização da política monetária 
em economias maduras pode dificultar as condições de 
financiamento de empresas e de mercados emergentes, 
com riscos à estabilidade financeira. Na Área do Euro, 
a despeito do compromisso das autoridades com o 
aprofundamento da união bancária, importantes avanços 
ainda são necessários para a desvinculação entre os 
riscos do sistema bancário e o risco soberano10 e para a 
contenção da fragmentação financeira. 
Em relação às economias emergentes, as perspectivas 
de redução da liquidez internacional no médio prazo e 
de moderação de seu ritmo de crescimento econômico 
permanecem demandando, de forma geral, esforços de 
reequilíbrio macrofinanceiro, ainda que considerada a 
elevada diversidade nos fundamentos dessas economias. 
Notadamente, os investidores permanecem atentos ao 
ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do 
endividamento público e privado, embora a maioria dos 
sistemas bancários de economias emergentes mantenha 
reservas de capital sólidas, significativamente acima das 
recomendadas pelo Acordo de Basileia III. Ajustes mais 
abruptos das expectativas sobre a trajetória das taxas de 
juros globais, contudo, podem provocar desequilíbrios 
financeiros associados ao descasamento entre ativos 
e passivos em moedas diferentes e à sensibilidade de 
portfólios a mudanças nas taxas de juros, comprometendo 
a solidez dos balanços de bancos e famílias, em particular 
em economias com alto grau de alavancagem. 
10/ Nesse sentido, o BCE assumirá efetivamente responsabilidades de 
supervisão bancária no último trimestre de 2014. Em março deste ano, o 
Parlamento, a Comissão e o Conselho Europeus decidiram que o próximo 
passo para o aprofundamento da união bancária deve ser a implementação 
de mecanismo único de resolução bancária. 
85 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
Gráfico 1.2.9 – MSCI bancos 
EUA Europa Economias emergentes 
Fonte: Bloomberg 
2.7.2012 = 100 
0 
Jul 
2012 
Set Nov Fev 
2013 
Abr Jul Set Nov Fev 
2014 
Abr Jun 
p.b. 
Gráfico 1.2.10 – CDS de 5 anos – Bancos 
Prêmios médios de países selecionados1/ 
Espanha França Alemanha 
Reino Unido EUA Itália 
Fonte: Bloomberg 
1/ Calculados pela média aritmética dos prêmios de CDS dos dois maiores 
bancos pelo critério de capitalização de mercado de cada país. Exceção 
EUA: JPM Chase e Bank of America.
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 11 
Nesse sentido, as condições de financiamento de 
economias emergentes, apuradas pelo IIF, pioraram no 
primeiro trimestre de 2014, principalmente na Europa 
emergente e na América Latina, refletindo o desempenho 
econômico mais fraco que o esperado, com impacto 
negativo sobre a demanda por crédito e elevação das 
taxas de inadimplência. Pelo lado da oferta, as restrições 
para a concessão de crédito mantiveram-se estáveis11. 
Riscos adicionais advêm de eventual deterioração da 
estabilidade financeira e do ritmo de atividade econômica 
na China, como possível efeito colateral das ações 
governamentais destinadas a disciplinar o mercado de 
crédito. Nesse sentido, a transição ordenada no mercado 
de crédito chinês demanda a conjugação de várias 
iniciativas, tais como a elevação da capacidade de o banco 
central lidar com alterações repentinas na demanda por 
liquidez, a implantação de sistema de seguro de depósitos, 
a liberalização das taxas de juros e a consolidação de 
arcabouço de resolução bancária12. 
Eventos recentes nos mercados financeiros da Argentina 
e da Turquia mostraram, até o momento, limitado efeito 
de contágio nos principais mercados emergentes, que 
mantêm bons fundamentos macroeconômicos, com 
níveis confortáveis de reservas internacionais e políticas 
fiscais sustentáveis. Adicionalmente, o aumento da 
volatilidade nesses países entre maio e dezembro de 2013 
desencadeou diversas ações, tais como ajustes das taxas 
básicas de juros, acordos bilaterais de swaps de moedas 
e medidas de caráter prudencial destinadas a limitar a 
exposição a moedas estrangeiras, o que contribuiu para 
elevar o grau de confiança dos mercados relativamente 
a essas economias. 
Ressalte-se, por fim, que os principais fatores de risco 
para a estabilidade financeira internacional têm sido 
os ajustes abruptos na inclinação da curva de juros em 
economias maduras, em especial nos EUA; a deterioração 
do contexto geopolítico, com os conflitos na Ucrânia 
e no Oriente Médio, cujos efeitos podem impactar 
o preço de importantes commodities, em especial as 
energéticas; e desdobramentos políticos e financeiros 
adversos em economias maduras e emergentes, com 
potenciais impactos em economias consideradas de maior 
vulnerabilidade. Tais condições seguem demandando 
11/ IIF, Emerging Markets Bank Lending Conditions Survey (Apr/14) <http:// 
www.iif.com/emr/resources+3470.php>. 
12/ Conforme <http://www.imf.org/External/Pubs/FT/GFSR/2014/01/pdf/ 
text.pdf>. 
monitoramento contínuo e coordenado por parte das 
autoridades reguladoras em nível mundial. 
1.3 Mercado financeiro nacional 
No início do primeiro semestre de 2014, a perspectiva 
de recuperação da economia norte-americana e a 
consequente expectativa de que o Fed retirasse os 
estímulos monetários mais cedo que o esperado 
contribuíram para a elevação da volatilidade nos 
mercados financeiros internacionais, com efeitos sobre 
o mercado financeiro nacional. Posteriormente, com a 
reversão dessa expectativa, as taxas de juros domésticas 
futuras exibiram trajetória de queda, e o mercado bursátil 
passou a operar em alta, encerrando o semestre no 
mesmo patamar de outubro de 2013. No âmbito interno, 
as sucessivas revisões para baixo das estimativas de 
crescimento econômico13 também contribuíram para a 
redução das taxas de juros domésticas. Além disso, a 
depreciação do real frente ao dólar norte-americano no 
início do ano foi revertida, e o risco-país voltou a exibir 
trajetória declinante14. 
O BCB interrompeu em maio de 2014 o ciclo de 
aumento da taxa de juros iniciado em abril de 2013, 
totalizando elevação de 3,75 pontos percentuais (p.p.) 
ao longo do período. Em janeiro, diante de uma inflação 
cuja resistência se mostrava ligeiramente acima da 
antecipada15, o Comitê de Política Monetária (Copom) 
manteve o ritmo de elevação da meta para a taxa básica 
de juros em 0,5 p.p., reduzindo-o para 0,25 p.p. em 
fevereiro e em abril. A partir de então, a estabilidade da 
meta para a taxa Selic em 11,0% foi acompanhada, no 
mercado futuro de taxas de juros, de redução das taxas 
referentes aos demais prazos. Isso ocorreu em razão da 
desaceleração do nível de atividade econômica e redução 
das taxas mensais de inflação16 (gráfico 1.3.1). 
13/ A taxa estimada para o crescimento do PIB em 2014, nos relatórios de 
inflação do BCB de março e de junho era de 2,0% e 1,6% respectivamente. 
14/ O Embi+Brasil subiu de 221 para 279 pontos, em 3 de março. Depois 
apresentou tendência de queda até atingir 205 pontos no final do primeiro 
semestre, retornando ao patamar do primeiro semestre de 2013. 
15/ A mediana das expectativas de inflação (Índice Nacional de Preços ao 
Consumidor Amplo [IPCA]) acumulada para os próximos doze meses 
(suavizada) ao final de dezembro de 2013 foi de 6,01% e oscilou em torno 
desse patamar ao longo do semestre seguinte, encerrando-o em 5,90%. 
A meta de inflação foi fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) 
em 4,5% para 2014, 2015 e 2016 e os intervalos de tolerância em 2,0 p.p. 
abaixo e acima da meta. 
16/ O IPCA referente ao mês de dezembro foi de 0,92%. Após recuo para 
0,55% em janeiro, voltou a subir, retornando a 0,92% em março. No 
segundo trimestre, o IPCA apresentou declínio e, em junho, já estava em 
0,4%. O acumulado em doze meses, entretanto, manteve-se em elevação 
desde março e registrou 6,34% em junho de 2014.
4,0 
3,2 
2,4 
1,6 
0,8 
Gráfico 1.3.2 – Volatilidade das taxas de juros 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 12 
% a.a. 
13,5 
12,3 
11,1 
9,9 
8,7 
Gráfico 1.3.1 – Evolução das taxas de juros 
Taxa Selic e swap de 3 e 6 meses, 1 ano e 2 e 5 anos 
No início de 2014, as taxas no mercado futuro de juros 
no Brasil acompanharam o comportamento ascendente 
da taxa básica, oscilando, em seguida, em torno do 
novo patamar alcançado, particularmente as de prazos 
mais longos. A partir de março, entretanto, em razão 
da expectativa do fim do ciclo de aperto monetário, as 
taxas de prazos mais longos assumiram uma trajetória 
de queda. Os agentes de mercado esperavam que a meta 
para a taxa básica se mantivesse constante por algum 
tempo ao término desse ciclo, o que levou as taxas de 
curto prazo a convergirem para a taxa básica. Embora 
tenha ocorrido acentuada perda de inclinação da curva de 
juros, o processo não foi contínuo ao longo do semestre. 
Em janeiro, a intensidade do aumento da meta para a taxa 
Selic e o sell-off dos mercados emergentes, com a crise 
cambial na Argentina e na Turquia, contribuíram para o 
ganho de inclinação da curva de juros. Ao final do mês, 
o Tesouro Nacional anunciou um leilão extraordinário de 
recompra de títulos, realizado no início de fevereiro, o 
que favoreceu o processo de flattening da curva de juros. 
Entretanto, para a maioria dos participantes de mercado, 
as incertezas quanto à condução da política fiscal17 
contribuíram para que as expectativas inflacionárias se 
mantivessem em patamares elevados e as taxas de juros, 
em alta. No âmbito externo, a continuidade da redução 
dos estímulos monetários nos EUA e a possibilidade 
de que o aumento das taxas de juros pudesse ocorrer 
antes do esperado adicionaram pressão às taxas de juros 
no mercado doméstico. No entanto, a partir do final 
17/ As soluções para os problemas do setor elétrico e a defasagem acumulada 
dos preços administrados adicionam incertezas à condução da política 
fiscal. No ano, até junho, o superavit acumulado do setor público alcançou 
R$29,4 bilhões, ante R$52,2 bilhões no mesmo período do ano anterior. 
Considerando-se os fluxos acumulados em doze meses, o superavit 
primário atingiu R$68,5 bilhões, totalizando 1,36% do PIB, 0,52 p.p. 
abaixo do registrado no ano de 2013. 
de março18, registrou-se forte queda nas taxas longas 
até meados de junho, impulsionadas pela redução 
dos yields dos Treasuries, que ampliou a entrada de 
recursos estrangeiros em operações de carry trade e 
levou à valorização do real e à redução das taxas de 
juros futuros. Além disso, a perspectiva de manutenção 
da política monetária acomodatícia nas principais 
economias desenvolvidas19 contribuiu para o recuo das 
curvas de juros nessas economias e em países emergentes. 
Internamente, a queda nas taxas foi impulsionada 
pelo arrefecimento da atividade econômica20 e pela 
desaceleração dos índices de inflação. Em junho, o BCB 
anunciou que estenderia, até o final do ano, o programa de 
leilões de câmbio que se encerraria no final daquele mês e, 
embora a taxa de câmbio tenha se mantido relativamente 
estável, as taxas de juros subiram na segunda quinzena, 
acompanhando o aumento dos Treasuries. 
As taxas de juros domésticas apresentaram baixa 
volatilidade no primeiro semestre de 2014. As volatilidades 
das taxas de médio e de longo prazo mantiveram-se no 
patamar registrado no último trimestre de 2013. Ao final 
de março, o recrudescimento da inflação doméstica, as 
oscilações dos Treasuries e as incertezas sobre o prazo 
para o fim dos estímulos do Fed resultaram em aumento 
pontual da volatilidade na parte longa. A partir do final 
de maio, a volatilidade voltou a subir ligeiramente, 
inicialmente em função da incerteza quanto à manutenção 
18/ Deve-se observar que não se verificou impacto expressivo do rebaixamento 
do rating soberano do Brasil pela S&P em 24 de março, que mantém, 
entretanto, a classificação de grau de investimento. 
19/ No início de junho, o BCE cortou em 0,10 p.p. a taxa de refinanciamento, 
para 0,15%; reduziu a taxa para depósitos bancários para -0,10% e 
diminuiu a taxa de juros de empréstimo marginal para 0,40%. 
20/ Na série dessazonalizada, após aumento de 1,1% em janeiro, o IBC-Br 
manteve-se praticamente estável até abril, recuando 2,3% no acumulado 
de maio e junho. 
7,5 
Jul 
2013 
Ago Set Out Nov Dez Jan 
2014 
Fev Mar Abr Mai Jun 
Taxa Selic 3 meses 6 meses 
1 ano 2 anos 5 anos 
Fontes: BM&FBovespa e BCB 
0,0 
Jul 
2013 
Ago Set Out Nov Dez Jan 
2014 
Fev Mar Abr Mai Jun 
Curto Médio Longo 
Fontes: BM&FBovespa e BCB 
% a.a.
Gráfico 1.3.3 – Taxa de câmbio 
R$/US$ EUR/US$ 
0,79 
0,77 
0,76 
0,74 
0,73 
0,71 
Jul 
2013 
Ago Set Out Nov Dez Jan 
2014 
Fev Mar Abr Mai Jun 
R$/US$ EUR/US$ 
Pontos (mil) 
59 
56 
53 
49 
46 
43 
Gráfico 1.3.4 – Índice Bovespa 
Ago Set Out Nov Dez Jan 
2014 
Fev Mar Abr Mai Jun 
Fonte: BM&FBovespa 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 13 
do programa de leilões de câmbio, que expiraria no final 
de junho, e, em seguida, com a inversão do movimento de 
flattening da curva de juros, acompanhando o movimento 
dos Treasuries. A volatilidade das taxas de curto prazo, 
por seu turno, apresentou um pequeno repique apenas 
em meados de janeiro, em razão de o aumento na taxa 
Selic ter superado as expectativas do mercado. A partir 
daí, ancorada na maior homogeneidade das expectativas 
quanto à evolução da taxa básica de juros, a volatilidade 
declinou e, ao final do semestre, já se encontrava próximo 
às mínimas históricas (gráfico 1.3.2). 
Até o final de janeiro, a taxa de câmbio continuou a 
trajetória de alta iniciada no semestre anterior, mas 
reverteu o movimento a partir de fevereiro. Desde então, 
a volatilidade das taxas retomou a trajetória de queda. A 
expectativa com a redução dos estímulos monetários pelo 
Fed havia gerado realocação de portfólio nos mercados 
internacionais num movimento de flight to quality, 
afetando, nesse caso, os países emergentes. A partir de 
fevereiro, o Fed sinalizou que essa redução seria mais 
suave, desencadeando demanda por maior rentabilidade 
por parte dos investidores e, consequentemente, a queda 
da divisa norte-americana ante o real, em razão do 
decorrente aumento do fluxo de recursos para o país. 
Em 8 de abril, a cotação21 atingiu R$2,20/USD e, até 
o final do semestre, passou a oscilar entre esse valor e 
R$2,25/USD, na maior parte do período. No início de 
junho, a expectativa de descontinuidade do programa de 
leilões de swap cambial gerou pressão nas cotações, que 
apresentaram tendência de alta. Entretanto, a autoridade 
monetária, ao comunicar a extensão do programa, 
realinhou as expectativas dos agentes, o que contribuiu 
para amenizar a volatilidade no mercado de câmbio22. 
No semestre, o BCB efetuou leilões de swap cambial 
tradicional23 no valor nocional de US$70,2 bilhões 
(incluídas as rolagens de vencimentos), terminando 
o período com posição líquida em swap passiva em 
21/ Cotação da taxa de câmbio real/dólar divulgada pelo BCB (PTAX) 
calculada segundo metodologia divulgada pela Circular BCB nº 3.506, 
de 23 de setembro de 2010, e atualizada conforme Circular BCB nº 3.537, 
de 25 de maio de 2011. 
22/ De fato, em 24 de junho, o BCB estendeu o programa de leilões de swap 
cambial e de venda de dólares com compromisso de recompra para o 
segundo semestre de 2014, com o intuito de prover hedge cambial e 
liquidez ao mercado de câmbio com as seguintes condições: realização de 
leilões de swap de segunda a sexta-feira, com oferta de US$200 milhões 
por dia; realização de leilões de venda de dólares com compromisso de 
recompra em função das condições de liquidez do mercado de câmbio; 
e, sempre que necessário, realização de operações adicionais de venda 
de dólares por meio dos instrumentos ao alcance do BCB. 
23/ Leilões de swap cambial realizados pelo Banco Central referenciados 
à taxa Selic nos quais o BCB assume a parte passiva em câmbio mais 
cupom cambial e a parte ativa em taxa de juros. 
câmbio de US$89,9 bilhões. O real encerrou o mês de 
junho cotado a R$2,20/USD, com valorização de 6,0% 
no semestre. Em relação ao euro, no mesmo período, a 
valorização do real foi de 6,3% (gráfico 1.3.3). 
2,50 
2,42 
2,34 
2,26 
2,18 
2,10 
O saldo de câmbio contratado registrou fluxo positivo de 
US$4,1 bilhões no primeiro semestre de 2014, composto 
por US$2,9 bilhões no comercial e por US$1,3 bilhão no 
financeiro. O volume líquido de investimento estrangeiro 
direto (IED) totalizou US$29,3 bilhões no mesmo período. 
Já as reservas internacionais, no conceito de caixa, 
encerraram o semestre em US$373,5 bilhões, acréscimo 
de 4,1% em relação ao final de dezembro de 2013. 
Jul 
2013 
No mercado acionário, o Índice da Bolsa de Valores 
de São Paulo (Ibovespa) continuou o movimento de 
queda iniciado em outubro do ano anterior até meados 
de março, quando reverteu e iniciou trajetória de alta, 
encerrando o primeiro semestre de 2014 com alta de 
3,2% (gráfico 1.3.4). Externamente, a dispersão das 
expectativas com relação à intensidade na redução 
dos estímulos à economia norte-americana pelo Fed 
influenciou o mercado. No âmbito interno, a divulgação 
do PIB de 2013 acima do esperado ajudou a impulsionar
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 14 
a BM&FBovespa no final de março e contribuiu para 
melhorar a percepção em relação ao Brasil. A partir de 
abril, as cotações oscilaram com maior volatilidade e 
foram influenciadas, positivamente, pelo forte fluxo 
financeiro dos investidores estrangeiros e, negativamente, 
pela desaceleração do nível de atividade. No semestre, o 
ingresso líquido dos investimentos estrangeiros somou 
R$12,2 bilhões, com destaque para o mês de maio, que 
registrou entrada de R$5,5 bilhões.
Sistema bancário 2 
2.1 Introdução 
No primeiro semestre de 2014, manteve-se a avaliação 
de baixo risco de liquidez e de elevada resiliência do 
sistema bancário brasileiro. 
O risco de liquidez continua baixo, apesar do aumento 
no período decorrente do movimento de alocação de 
recursos para crédito, principalmente em financiamentos 
habitacionais, o que provoca redução da participação dos 
ativos líquidos no balanço das instituições e alongamento 
de prazo nas carteiras de crédito. 
No que se refere ao risco de crédito, num cenário de menor 
ritmo de crescimento das carteiras e de manutenção de 
práticas e critérios saudáveis na concessão, as provisões 
apresentam-se adequadas para um novo ambiente, que 
aponta para leve aumento do risco. Esse aumento decorre 
da elevação das taxas de juros, do provável fim do ciclo 
de redução da inadimplência e da redução no índice de 
cobertura (IC), ainda que este último apresente-se em 
níveis elevados para os padrões internacionais. 
O retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) do sistema 
avançou no semestre, impulsionado por ganhos com 
tesouraria, os quais compensaram a queda na margem 
liquida de crédito. 
A solvência do sistema bancário apresentou estabilidade 
e permanece em patamar elevado. Os índices de 
capitalização permanecem em níveis superiores aos 
requerimentos regulatórios, o que, associado aos 
resultados da simulação da plena implementação 
antecipada do arcabouço de Basileia III e da introdução 
do futuro requerimento de razão de alavancagem, 
confirma a confortável solvência do sistema bancário. 
Nas simulações de situações de estresse, o sistema 
bancário brasileiro apresentou adequada capacidade 
de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários 
macroeconômicos adversos, ou de mudanças abruptas nas 
taxas de juros, de câmbio ou de inadimplência. 
Destaque-se que, para efeito deste capítulo, o sistema 
bancário é constituído pelas instituições banco comercial, 
banco múltiplo, caixa econômica, banco de câmbio e 
banco de investimento, e pelos conglomerados financeiros 
compostos ao menos por uma dessas modalidades de 
instituições. Os bancos de desenvolvimento não estão 
incluídos nas análises, exceto na seção 2.3 – Crédito, na 
qual as análises envolvem todo o SFN. 
2.2 Liquidez 
O risco de liquidez de curto prazo do sistema bancário 
brasileiro continua baixo, não obstante o pequeno 
aumento no período, reflexo da pressão por rentabilidade 
que motivou as instituições financeiras (IF) a alocar 
mais recursos do estoque de captações em carteira de 
crédito e menos em ativos líquidos24. O risco de liquidez 
estrutural25 também continua baixo, pois o estoque de 
recursos estáveis26 tem sido suficiente para suportar 
o crescimento do crédito, ainda que pressionado pelo 
alongamento no prazo médio dessa carteira. 
24/ Para definição de ativos líquidos e de fluxo de caixa estressado, vide 
“Conceitos e Metodologias”, itens a e e. 
25/ Liquidez estrutural de uma IF refere-se à relação entre operações ativas 
de prazos mais longos e as fontes de recursos suficientemente estáveis 
para suportá-las. Quanto maior a estabilidade dos recursos, menor o risco 
futuro de insuficiência de recursos. 
26/ Recursos estáveis são aqueles com risco reduzido de corrida bancária 
em situação de estresse: a) primeiramente, pela perspectiva do aplicador 
(principal), são estáveis as captações de varejo (detentores não 
institucionais); e b) de forma complementar, pela perspectiva do prazo 
efetivo do instrumento de captação, sendo estável quando maior que um 
ano. Indicador modificado e adaptado do conceito do Financial Soundness 
Indicator FSI I22, preconizado pelo Fundo Monetário Internacional 
(FMI). Detalhes da definição, ver “Conceitos e Metodologias”, letra b 
(sob “captações estáveis”). 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 15
ativos mais rentáveis em contrapartida à menor liquidez 
(gráfico 2.2.3). 
R$ bilhões un. 
3.200 
2.560 
1.920 
1.280 
640 
0,40 
0,35 
0,30 
0,25 
0,20 
Esse crescimento do crédito foi acompanhado no período 
pelo aumento do estoque de recursos estáveis, mantendo 
o risco de liquidez estrutural baixo (gráfico 2.2.4). Por 
sua vez, o prazo médio da carteira de crédito elevou-se 
de 24,6 para 34,9 meses, desde 2010, influenciado 
principalmente pelo aumento da participação de 
financiamentos habitacionais (gráfico 2.2.5). 
140 
112 
84 
56 
28 
Meses 
35 
29 
23 
17 
11 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 16 
0 
0,15 
Jan 
2012 
Jul Jan 
2013 
Jul Jan 
2014 
Jun 
Gráfico 2.2.3 – Ativos líquidos sobre crédito 
Ativos líquidos 
Carteira de crédito doméstica 
Ativos líquidos/crédito 
Estoque de captações líquido de compulsório 
O aumento de ativos líquidos em menor proporção que o de 
fluxo de caixa estressado (FCE) reduziu levemente o índice 
de liquidez (IL)27 do sistema de 1,58 para 1,51 no semestre 
(gráfico 2.2.1). Em que pese a redução do IL do sistema, 
merece destaque a melhora na distribuição da liquidez 
entre as instituições, com redução da representatividade 
para o sistema das IF com IL abaixo de 1 (gráfico 2.2.2). 
R$ bilhões un. 
2,4 
1,9 
1,4 
1,0 
0,5 
% dos ativos do sistema 
50 
40 
30 
20 
10 
800 
640 
480 
320 
160 
0 
Gráfico 2.2.2 – Distribuição de frequência para o 
índice de liquidez1/ 
Índice de liquidez 
A pressão por rentabilidade tem levado as IF a alterar 
suas políticas de alocação de recursos. O quociente 
entre ativos líquidos e crédito segue em tendência de 
queda nos últimos anos, evidenciando a escolha por 
27/ O IL relaciona o volume de ativos líquidos disponíveis para a instituição 
com o fluxo de caixa estressado (desembolso dos 30 dias/21 dias úteis 
subsequentes em cenário de estresse). O fluxo de caixa estressado simula 
desembolsos em padrões bem acima dos esperados, tendo por parâmetro 
o histórico de crises passadas. Instituições com IL superior a 1,0 (100%) 
possuem ativos líquidos suficientes para suportar esse cenário de estresse. 
Como a metodologia simula um cenário de trinta dias em que os ativos 
líquidos teriam de ser convertidos em dinheiro, eles são marcados a 
mercado e/ou sofrem ponderação que simula redução de preço no caso de 
venda forçada. Essa métrica de liquidez tem por base os mesmos conceitos 
subjacentes ao Liquidity Coverage Ratio (LCR), índice introduzido por 
Basileia III. O LCR tem sua implementação prevista a partir de janeiro 
de 2015. 
0 
Jun 
2009 
Dez Jun 
2010 
Dez Jun 
2011 
Dez Jun 
2012 
Dez Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
% 
Gráfico 2.2.4 – Captações de recursos estáveis 
sobre crédito 
5 
Dez 
2010 
Jun 
2011 
Dez Jun 
2012 
Dez Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
Gráfico 2.2.5 – Prazo médio dos estoques de 
crédito e de captações 
Prazo médio do estoque de captações 
Prazo médio da carteira de crédito 
18 
6 
11 
6 
7 
11 7 
64 
22 5 
9 
11 
5 8 9 
62 
0 
<0,8 0,8-1,0 1,0-1,2 1,2-1,4 1,4-1,6 1,6-1,8 1,8-2,0 ≥2,0 
Dezembro 2013 Junho 2014 
1/ Os valores sobre as barras referem-se ao número de instituições financeiras 
com índice de liquidez pertencente ao intervalo correspondente. 
0,0 
Jan 
2012 
Jul Jan 
2013 
Jul Jan 
2014 
Jun 
Gráfico 2.2.1 – Índice de liquidez 
Ativos líquidos 
Fluxo de caixa estressado 
Índice de liquidez
% 
50 
40 
30 
20 
10 
% 
15 
12 
9 
6 
3 
Gráfico 2.2.7 – Perfil das captações externas como 
percentual da captação total 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 17 
O aumento de recursos estáveis foi possível com oferta 
de instrumentos de longo prazo e sem possibilidade de 
resgate antecipado, tais como Letras Financeiras (LF) 
e Letras Financeiras Subordinadas (LFS), ampliando a 
estabilidade do funding (gráfico 2.2.6). 
100% 
80% 
60% 
40% 
20% 
Por fim, manteve-se inalterada a tendência, iniciada no 
segundo semestre de 2012, de queda da exposição do 
SFN a captações externas diretas que ingressam no país28. 
Nessas, a pequena redução da participação de recursos 
externos livres29 confere maior estabilidade ao funding. 
Por sua vez, os recursos externos captados por empresas 
ou aqueles aplicados diretamente em carteiras de ações 
e títulos no país têm crescido quando comparados com 
o porte do sistema bancário. 
Já o peso dos recursos captados e mantidos no exterior, 
que era crescente desde 2011, e que evidencia o 
processo de internacionalização dos bancos brasileiros, 
estabilizou-se no semestre (gráfico 2.2.7). 
Em suma, o risco de liquidez de curto prazo permanece 
baixo e o aumento do volume de recursos estáveis 
continua suficiente para suportar o crescimento da 
carteira de crédito. O risco de liquidez estrutural, por sua 
vez, também não é elevado, embora esteja pressionado 
pelo movimento de alocação de recursos para crédito e 
alongamento dessa carteira. 
28/ Captações realizadas no exterior diretamente pelos bancos sediados 
no Brasil ou redirecionados para esses quando captados por agências e 
subsidiárias no exterior. 
29/ São considerados recursos externos livres aqueles que ingressam no país 
e não estão necessariamente vinculados a operações de comércio exterior 
(importações, exportações e repasses). 
2.3 Crédito 
As provisões para o risco de crédito apresentam-se 
adequadas para um novo cenário que aponta para leve 
aumento do risco de crédito, decorrente da elevação das 
taxas de juros, do provável fim do ciclo de redução da 
inadimplência iniciado no segundo semestre de 2012 e 
da redução no índice de cobertura (IC)30. Completam 
esse cenário o menor ritmo de crescimento do crédito e a 
manutenção de práticas e critérios saudáveis na concessão 
de novas operações. 
A queda no ritmo do crescimento do crédito doméstico 
acentuou-se no período, principalmente por causa da 
redução da taxa de crescimento da carteira dos bancos 
públicos (gráfico 2.3.1). Não obstante, esses bancos 
mantiveram expansão maior do que a dos bancos 
privados, aumentando sua participação no crédito 
doméstico total para 52,7% em junho de 2014. 
30/ O índice de cobertura mede a razão entre a provisão contabilizada e o 
saldo total das operações vencidas há mais de noventa dias. 
0% 
Jun 
2008 
Dez Jun 
2009 
Dez Jun 
2010 
Dez Jun 
2011 
Dez Jun 
2012 
Dez Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
Gráfico 2.2.6 – Perfil das captações 
Depósitos a vista Depósitos a prazo 
Depósitos de poupança Empréstimos e repasses 
Compromissadas (títulos privados) LCA + LCI 
IHCD + LFS + LF Outros 
0 
Dez 
2008 
Jun 
2009 
Dez Jun 
2010 
Dez Jun 
2011 
Dez Jun 
2012 
Dez Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
Gráfico 2.3.1 – Crescimento anual do 
crédito por controle 
Público Privado Total 
0 
Dez 
2010 
Jun 
2011 
Dez Jun 
2012 
Dez Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
Captações externas mantidas no exterior 
Captações externas que ingressam (vinculadas a comércio exterior) 
Captações externas que ingressam (recursos livres)
6,0 
4,8 
3,6 
2,4 
1,2 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 18 
Quanto às taxas de juros, houve elevação no semestre, 
tanto para o crédito livre, quanto para o crédito 
direcionado (gráfico 2.3.2), influenciada, em parte, pela 
continuidade dos aumentos da taxa Selic31/. Aumentos 
foram observados em todas as modalidades de crédito, 
mas em maior intensidade naquelas que apresentam 
maior nível de inadimplência, como os créditos rotativos 
e o crédito pessoal não consignado. 
Gráfico 2.3.2 – Evolução das taxas de juros 
Recursos livres e direcionados, PF e PJ % a.a. 
50 
40 
30 
20 
10 
A inadimplência na carteira de crédito doméstico fechou 
em 3,0% em junho de 2014, índice estável em relação a 
dezembro de 2013, depois de três semestres consecutivos 
de redução, indicando o provável fim do ciclo de redução 
da inadimplência. Esse comportamento é explicado por 
um ritmo menos acentuado de queda da inadimplência 
nos bancos privados, cuja diminuição no semestre 
foi de apenas 0,1 p.p., e pelo aumento de 0,2 p.p. nos 
bancos públicos (gráfico 2.3.3). Constatam-se também 
comportamentos diferentes na análise por pessoa jurídica 
e pessoa física. No primeiro caso, houve aumento de 0,2 
p.p.; no segundo, redução de 0,1 p.p. 
6,0 
4,8 
3,6 
2,4 
1,2 
31/ No segundo semestre de 2013, a meta para a taxa Selic variou de 8,00% 
para 10,00%; no primeiro semestre de 2014, variou de 10,00% para 
11,00%. 
Embora tenha ficado estável como proporção da carteira 
de crédito, a inadimplência elevou-se em termos 
absolutos, movimento não acompanhado na mesma 
magnitude pelas provisões. Como consequência, houve 
diminuição da folga do índice de cobertura (IC), que 
passou de 1,75 em dezembro de 2013 para 1,65 em 
junho de 2014. Esse nível continua a ser adequado para 
fazer frente a potenciais perdas, mesmo em um cenário 
conservador, sendo superior ao mantido pelas instituições 
da maioria dos países.32 
A avaliação de suficiência da cobertura de provisões 
também é corroborada por outras métricas, como a 
relação entre as provisões constituídas e os créditos 
baixados para prejuízo nos doze meses seguintes, ou as 
provisões constituídas e o total da carteira de maior risco 
(operações de crédito classificadas nos níveis de E a H) 
(gráfico 2.3.4). 
Uma análise da dispersão do IC por banco33 (gráfico 
2.3.5) em dezembro de 2013 e junho de 2014 evidencia 
que o movimento mais expressivo no período foi sua 
redução no grupo de bancos com maior folga, ou seja, 
naqueles em que o IC era igual ou superior a 1,9. Assim, a 
redução desse índice para o total do SFN foi influenciada 
por esse fator, e não pelo aumento da relevância de bancos 
com IC menor do que 1,0. Ainda que índices inferiores 
a 1,0 sejam relativamente comuns na comparação 
32/ Global Financial Stability Report publicado em abril de 2014, página 31, 
disponível no sítio do FMI: <http://www.imf.org/external/pubs/ft/GFSR/ 
index.htm>. 
33/ O termo “banco” utilizado aqui engloba tanto as instituições financeiras 
pertencentes a conglomerados, quanto instituições financeiras 
independentes. Nesse teste, as cooperativas de crédito e as instituições 
financeiras não bancárias não foram consideradas, pois, apesar de serem 
em grande número, respondiam somente por 2,9% do crédito doméstico 
total em junho de 2014. 
0 
Mar 
2011 
Jun Set Dez Mar 
2012 
Jun Set Dez Mar 
2013 
Jun Set Dez Mar 
2014 
Jun 
Livre PJ Livre PF Direcionado PJ Direcionado PF 
0,0 
Mar 
2011 
Jun Set Dez Mar 
2012 
Jun Set Dez Mar 
2013 
Jun Set Dez Mar 
2014 
Jun 
Público Privado Total 
% 
Gráfico 2.3.3 – Inadimplência por controle 
0,0 
Mar 
2011 
Jun Set Dez Mar 
2012 
Jun Set Dez Mar 
2013 
Jun Set Dez Mar 
2014 
Jun 
% 
Gráfico 2.3.4 – Inadimplência, provisões e baixas 
para prejuízo 
Carteira de crédito classificada nos níveis de E até H 
Provisões 
Inadimplência 
Créditos baixados nos doze meses seguintes
40 
30 
20 
10 
0 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 19 
internacional34, cabe salientar que, em junho de 2014, 
93% da carteira de crédito no SFN encontrava-se no ativo 
de instituições com IC superior a 1,3. 
Gráfico 2.3.5 – Distribuição de frequência para o índice 
de cobertura1/ 
25 
8 11 23 12 
12 8 
11 
57 
4 12 
60% 
48% 
36% 
24% 
12% 
Passando a focalizar especificamente no crédito à pessoa 
física, cabe destacar que a expansão do mercado de 
crédito, embora em menor ritmo, não foi acompanhada 
de alterações significativas no comprometimento de 
renda dos tomadores de crédito no SFN35. Apesar do 
aumento registrado no primeiro semestre de 2014 em 
todas as faixas de renda, os valores ainda se encontram 
em patamares inferiores aos observados em junho de 
2013 (gráfico 2.3.6). 
Gráfico 2.3.6 – CR dos tomadores de crédito no SFN 
Pessoa física % 
25 
20 
15 
10 
5 
34/ Financial Soundness Indicators – FSI Tables, de abril de 2014, tabela 4, 
disponível no sítio do FMI: <http://fsi.imf.org/fsitables.aspx>. 
35/ O comprometimento de renda dos tomadores de crédito considera apenas 
a renda das pessoas físicas que possuem endividamento no SFN. Não 
se confunde com o comprometimento de renda das famílias, divulgado 
no Sistema Gerenciador de Séries Temporais – Série 19.881, que 
computa a renda de toda a população conforme metodologia utilizada 
internacionalmente. Para mais detalhes sobre o comprometimento de renda 
dos tomadores de crédito no SFN, ver seção “Conceitos e metodologias”, 
item d. 
Vale notar que o financiamento imobiliário e o crédito 
pessoal consignado correspondem às modalidades 
com maiores participações (29,5% e 18,1% em junho 
de 2014), explicitando a estratégia das instituições 
financeiras de dar maior ênfase em modalidades de baixo 
risco no crédito à pessoa física. Em relação à velocidade 
de crescimento desses saldos no semestre (gráfico 2.3.7), 
à exceção do financiamento para aquisição de veículos, 
todas as carteiras continuaram apresentando índice 
de crescimento superior à variação do PIB. Mesmo 
com a desaceleração no período recente, as carteiras 
de financiamento imobiliário e de financiamento rural 
mantiveram o crescimento expressivo, com variações de 
28,9% e 27,2%, respectivamente, na comparação anual. 
A retração no montante da carteira de veículos prosseguiu 
no período, com redução de 4,5% no semestre ou 6,9% 
na comparação anual36. No entanto, há na margem uma 
pequena aceleração nas concessões, as quais cresceram 
3,6% no primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo 
período do ano anterior. O cartão de crédito apresentou 
crescimento da ordem de 14%, mas, quando avaliada 
sua composição, nota-se forte crescimento do crédito 
a vista em detrimento do crédito rotativo, o que sugere 
a utilização dessa modalidade principalmente como 
meio de pagamento diferido, e não como empréstimo 
propriamente dito. 
A inadimplência de algumas modalidades de crédito 
a pessoas físicas voltadas ao consumo sem destinação 
36/ O saldo da carteira de veículos foi mensurado a partir das séries temporais 
número 20581 e 20581, divulgadas no SGS, as quais se referem ao 
financiamento e ao arrendamento mercantil de veículos, respectivamente, 
adotando metodologia distinta para apuração do saldo daquela apresentada 
na Nota para a Imprensa sobre Política Monetária e Operações de Crédito 
do SFN. 
0 
Até 3 s.m. 3 a 5 s.m. 5 a 10 s.m. > 10 s.m. SFN 
Junho 2013 Dezembro 2013 Junho 2014 
55 
0% 
<0,7 0,7≤IC<1 1≤IC<1,3 1,3≤IC<1,6 1,6≤IC<1,9 ≥1,9 
Dezembro 2013 Junho 2014 
1/ As colunas indicam a representatividade da carteira, e os valores sobre elas 
referem-se ao número de instituições financeiras com índice de cobertura 
no intervalo correspondente. 
-10 
Dez 
2012 
Mar 
2013 
Jun Set Dez Mar 
2014 
Jun 
Gráfico 2.3.7 – Crescimento anual do crédito 
Principais modalidades – PF 
Imobiliário Financiamento rural 
Consignado Cartão de crédito 
Sem consignação Veículos 
%
tanto públicas quanto privadas, preservando critérios 
prudentes de concessão, uma vez que as PME apresentam 
inadimplência mais elevada41. 
30 
24 
18 
12 
6 
0 
A inadimplência das pessoas jurídicas aumentou em 
0,2 p.p. no semestre, para 2,0% em junho de 2014. 
O acréscimo ocorreu em ambas as classificações de 
portes, sendo que o incremento dos atrasos das PME 
ficou concentrado nos bancos públicos e o das grandes 
empresas, nas instituições privadas. Apesar dessa 
elevação, a inadimplência encontra-se abaixo das 
máximas observadas em períodos anteriores recentes 
(gráfico 2.3.10). A redução da oferta de crédito para as 
PME poderia ocasionar limitações na rolagem de suas 
necessidades de financiamento, causando eventuais 
impactos na inadimplência do segmento. Visando 
evitar a materialização desses riscos, no mês de agosto 
o Banco Central atuou preventivamente por meio de 
medidas macroprudenciais com o objetivo de reduzir 
restrições à oferta de crédito às PMEs42. Nas grandes 
empresas, avalia-se que eventual aumento de créditos 
inadimplentes apresentaria impactos apenas pontuais, 
determinados mais em função da dinâmica adversa de 
setores localizados do que de fatores generalizáveis. 
41/ A Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito no Brasil de junho de 2014, 
realizada pelo BCB, indica uma oferta menor de crédito para as pessoas 
jurídicas no próximo trimestre, embora menos restritiva que a observada 
no trimestre anterior. Os principais fatores, no caso das PME, são os 
níveis de tolerância ao risco e da inadimplência, e no caso das grandes 
empresas, as condições gerais da economia e específicas da indústria/setor 
da empresa, bem como a percepção do risco do tomador de crédito. 
42/ A Circular BCB 3.714, de 20 de agosto de 2014, entre outras medidas 
visando à convergência da regulação da exigência de capital aos padrões 
internacionais e considerando a fase atual do ciclo de crédito, elevou 
os critérios de exposição e receita máximas que definem operações 
contratadas com empresas como elegíveis para a carteira de varejo, 
ampliando o rol de operações classificáveis no fator de ponderação de 
risco (Fpr) de 75%. 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 20 
Jun 
2011 
Jun 
2012 
Jun 
2013 
Jun 
2014 
PME Grande Total 
% 
Gráfico 2.3.9 – Crescimento anual do crédito 
Pessoa jurídica 
específica37 apresentou sinais de elevação no semestre, 
revertendo o ciclo de redução que vinha ocorrendo 
desde o segundo semestre de 2012 (gráfico 2.3.8). Os 
empréstimos sem consignação e as operações com 
cartão de crédito38 – modalidades mais arriscadas, per 
se – apresentaram, entre fevereiro e junho, aumento na 
inadimplência de 6,7% para 7,0% e de 6,4% para 6,7%, 
respectivamente. 
A carteira de financiamento de veículos, por sua vez, 
manteve a trajetória de redução na inadimplência 
observada nos últimos três semestres, fato esse explicado 
tanto pelo expressivo fluxo de baixa para prejuízo das 
operações inadimplidas39, quanto pela manutenção de 
critérios mais conservadores nas concessões. 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
Mar 
2011 
Jun Set Dez Mar 
2012 
Jun Set Dez Mar 
2013 
Jun Set Dez Mar 
2014 
Jun 
Imobiliário Financiamento rural 
Consignado Sem consignação 
Veículos Cartão de crédito 
% 
Gráfico 2.3.8 – Inadimplência de PF por modalidade 
No que tange ao crédito à pessoa jurídica, a análise por 
porte aponta que pequenas e médias empresas (PME)40 
continuaram perdendo participação no estoque total de 
crédito, de 46,6% em dezembro de 2013 para 45,0% 
em junho de 2014, consequência de um crescimento 
cada vez menor da carteira de crédito com essas 
empresas, em comparação com as grandes empresas 
(gráfico 2.3.9). Esse fato reflete a manutenção de uma 
postura mais conservadora das instituições financeiras, 
37/ Entenda-se crédito ao consumo sem destinação específica como todo 
crédito voltado a pessoa física, exceto o financiamento imobiliário, o 
financiamento rural e o financiamento de veículos. 
38/ A inadimplência em cartões de crédito refere-se à soma ponderada das 
operações em atraso superior a noventa dias nas modalidades cartão a 
vista, rotativo e parcelado. Trata-se de metodologia distinta de apuração 
da inadimplência do produto cartão de crédito daquela apresentada na 
Nota para a Imprensa sobre Política Monetária e Operações de Crédito 
do SFN e publicada no SGS. 
39/ O fluxo de baixas para prejuízo se concentrou especialmente nas operações 
concedidas durante o período de maior apetite ao risco das instituições 
financeiras. 
40/ A segregação por porte utilizou como proxy o valor devido das operações 
de crédito doméstico. As PME são aquelas cujas dívidas são inferiores a 
R$100 milhões, e as grandes, iguais ou superiores a R$100 milhões.
Gráfico 2.4.1 – Retorno sobre o patrimônio líquido anual 
Acumulado nos últimos doze meses 
Unidades % 
18 
15 
12 
9 
6 
150 
120 
90 
60 
30 
Gráfico 2.4.2 – Composição do resultado, antes de 
tributos sobre faturamento e lucro 
R$ bilhões 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 21 
Gráfico 2.3.10 – Inadimplência 
Pessoa jurídica % 
5 
4 
3 
2 
1 
Por fim, os principais fatores que marcaram o 
comportamento do crédito doméstico no primeiro 
semestre de 2014, como a desaceleração do crescimento 
e a relativa estabilidade da inadimplência, tendem 
a continuar presentes no segundo semestre. Mesmo 
em cenário que apresente algum grau de elevação da 
inadimplência, ainda assim o SFN apresenta adequados 
fundamentos para fazer frente a esse ambiente, 
notadamente, a manutenção tanto do nível adequado de 
provisões para perdas quanto de políticas saudáveis na 
concessão de crédito. 
2.4 Rentabilidade 
O RSPL do sistema bancário atingiu 13,7% ao ano (a.a.) 
em junho de 2014. Desconsiderando os efeitos de uma 
operação não recorrente43, houve avanço de 0,8 p.p. em 
relação a dezembro de 2013, alargando a distância entre 
o RSPL bancário e a Selic, utilizada como proxy para 
taxa livre de risco44 (gráfico 2.4.1). 
O resultado líquido de intermediação financeira avançou 
cerca de R$8 bilhões em relação a dezembro de 2013, 
em razão da melhora significativa do resultado com 
tesouraria. A elevação da taxa Selic contribuiu para o 
aumento das receitas com títulos de renda fixa, ao passo 
que, com a redução das taxas de juros de longo prazo, o 
ajuste a valor de mercado de títulos, que vinha gerando 
perdas desde o início de 2013, voltou a ser positivo no 
43/ Em abril de 2013, o Banco do Brasil (BB) alienou parte de sua participação 
no BB Seguridade, gerando um acréscimo de aproximadamente R$4,7 
bilhões no lucro líquido (LL) do sistema bancário. No acumulado de doze 
meses, esse valor afetou o LL até março de 2014. 
44/ Para efeito de comparação com o RSPL, utilizou-se como proxy para 
taxa livre de risco a média anual da Selic acumulada nos últimos 36 
meses, multiplicada por 0,85 para minimizar efeitos tributários. O prazo 
de 36 meses foi definido com base no prazo médio da carteira de crédito, 
principal fonte de receita do sistema bancário. 
primeiro semestre de 2014. O resultado de crédito, por 
outro lado, recuou pelo segundo semestre seguido, em 
decorrência da redução da margem, a qual não vem sendo 
compensada pelo crescimento da carteira (gráfico 2.4.2). 
2,2 
2,0 
1,8 
1,6 
1,4 
200 
160 
120 
80 
40 
A margem de crédito ainda estará pressionada no curto 
prazo. O aumento nas taxas de concessão em algumas 
modalidades colaborou, até junho de 2014, apenas para 
estabilizar a rentabilidade bruta das operações. O custo 
de captação, por sua vez, deve permanecer em elevação 
até o final de 2014, porém em ritmo mais moderado. 
Ademais, como não se espera redução na inadimplência 
média do sistema bancário, o recuo nas despesas de 
provisão45 observado nos últimos semestres não deverá 
se repetir (gráfico 2.4.3). 
45/ Considera-se o resultado de despesas de provisão, líquido de reversões e 
de recuperação de crédito. 
0 
Jun 
2011 
Jun 
2012 
Jun 
2013 
Jun 
2014 
PME Grande Total 
1,2 
Dez 
2009 
Jun 
2010 
Dez Jun 
2011 
Dez Jun 
2012 
Dez Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
3 
RSPL anual do sistema bancário (SB) 
RSPL anual do SB ajustado (sem efeito da venda do BB Seguridade) 
Proxy para taxa livre de risco 
RSPL anual do SB / (0,85 * Selic) (eixo da esquerda) 
RSPL anual do SB ajustado / (0,85 * Selic) (eixo da esquerda) 
0 
0 
Dez 
2012 
Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
R$ bilhões 
Resultado com crédito 
Resultado com tesouraria 
Receitas com serviços 
Outros resultados operacionais e não operacionais 
Despesas administrativas (eixo da esquerda)
Gráfico 2.4.5 – Distribuição de frequência do RSPL anual1/ 
% dos ativos do sistema 
100 
80 
60 
40 
20 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 22 
Gráfico 2.4.3 – Margem de crédito 
Acumulado nos últimos doze meses % 
20 
16 
12 
8 
4 
0 
As receitas de serviços continuam aumentando, 
sustentadas pelo mercado de cartões de crédito. Contudo, 
com a redução do avanço de fontes importantes, como 
tarifas bancárias, o ritmo de crescimento das receitas de 
serviços tem se reduzido gradativamente e está no menor 
nível desde meados de 2010. A taxa de crescimento das 
despesas administrativas, por sua vez, que apresentava 
declínio desde abril de 2012, estabilizou-se a partir do 
final de 2013 (gráfico 2.4.4). 
20 
16 
12 
8 
4 
Gráfico 2.4.4 – Taxa anual de crescimento 
Considerando as IF individualmente, a melhora do 
RSPL levou a um aumento de 51 para 58 no número 
de IF com RSPL anual acima da proxy para a taxa livre 
de risco. Contudo, 35 IF, ou 26,5% das instituições, 
que representam 4,0% dos ativos do sistema, ainda 
permanecem com prejuízo no acumulado dos últimos 
doze meses (gráfico 2.4.5). 
Para o próximo semestre, não há expectativa de retomada 
expressiva do crédito, tampouco de redução de despesas 
de provisão e, sem movimentos relevantes na Selic e nas 
taxas de longo prazo, os ganhos adicionais com tesouraria 
tendem a ser menores. Ademais, o ritmo de crescimento 
das receitas de serviços tem desacelerado. Assim, 
desconsiderando fontes não recorrentes de resultado, o 
ganho de rentabilidade dependerá, em grande parte, da 
capacidade de os bancos ganharem eficiência por meio 
de contenção de despesas. 
2.5 Solvência 
A solvência do sistema bancário apresentou estabilidade 
e permanece em patamar elevado, apesar da redução 
absoluta registrada no Índice de Basileia quando se 
compara o mês de novembro46 de 2013 com junho 
de 2014. Os índices de capitalização permanecem 
em níveis superiores aos requerimentos regulatórios, 
o que, associado aos resultados da simulação da 
plena implementação do arcabouço de Basileia III 
e da introdução do futuro requerimento de razão de 
alavancagem, confirma a situação confortável da 
solvência do sistema. 
Em junho de 2014, o IB atingiu 15,5% (gráfico 2.5.1), 
queda absoluta de 1,1 p.p. em relação a novembro de 
2013, influenciada por mudanças regulatórias advindas 
dos ajustes prudenciais progressivos de Basileia III e 
alteração no cálculo47 dos ativos ponderados por risco 
(RWA). Mesmo com a redução do IB, o capital principal 
(CP), isoladamente, seria suficiente para atender aos três 
46/ Em decorrência da introdução do arcabouço regulatório de Basileia III e 
do calendário para envio de informações ao Banco Central, definido pela 
Circular BCB nº 3.686, de 29 de novembro de 2013, a edição anterior 
da seção de solvência do REF analisou o período de junho a novembro 
de 2013, razão pela qual se analisa nesta edição o período compreendido 
entre novembro de 2013 e junho de 2014. 
47/ Em dezembro de 2013, passaram a produzir efeito as circulares BCB nº 
3.679, de 31 de outubro de 2013, e nº 3.696, de 3 de janeiro de 2014, que 
alteram procedimentos para o cálculo do RWA referente às exposições ao 
risco de crédito sujeitas ao cálculo do requerimento de capital mediante 
abordagem padronizada. 
0 
Jun 
2010 
Dez Jun 
2011 
Dez Jun 
2012 
Dez Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
Receita de serviços Despesas administrativas 
% 
Dez 
2009 
Jun 
2010 
Dez Jun 
2011 
Dez Jun 
2012 
Dez Jun 
2013 
Dez Jun 
2014 
Rentabilidade bruta das operações 
Despesa de provisões/operações de crédito 
Custo de captação 
Margem líquida de crédito 
44 36 
51 
35 
39 
58 
0 
RSPL < 0 0 < RSPL < 0,85 * Selic RSPL > 0,85 * Selic 
Dezembro 2013 Junho 2014 
1/ Os valores dentro das colunas referem-se ao número de IFs com RSPL 
anual pertencente ao intervalo correspondente.
Gráfico 2.5.2 – Distribuição de frequência para o capital 
principal/RWA ponderado por ativos1/ 
0 0 0 
% dos ativos do sistema 
14 117 
1 0 
3 
10 
118 
60 
48 
36 
24 
12 
0 
0 - 4,5 4,5-5,125 5,125-7 7-10,5 >10,5 
Novembro 2013 Junho 2014 
1/ Os valores dentro das barras referem-se ao número de IFs com índice 
de capital principal pertencente ao intervalo correspondente. 
Gráfico 2.5.3 – Evolução da necessidade de capital com 
regras de 2019 
0,4 
0,3 
- 
0,6 
1,4 
0,1 
0,3 
0,9 0,8 0,8 
R$ bilhões 
4,0 
3,2 
2,4 
1,6 
0,8 
0,0 
Nov 
2013 
Jun 
2014 
Nov 
2013 
Jun 
2014 
Público comercial Privado 
Capital principal Capital complementar PR_II 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 23 
requerimentos regulatórios. O índice de capitalização 
teria apresentado estabilidade, caso não houvesse 
alterações regulatórias. 
Gráfico 2.5.1 – Índices de capitalização e 
exigência regulatória1/ 
16,6 15,5 
12,9 12,2 
5,5 
18 
15 
12 
8 
5 
O Patrimônio de Referência (PR) atingiu R$619,5 bilhões 
em junho de 2014, aumento de R$0,5 bilhão em relação 
a novembro de 2013, influenciado pela progressividade 
dos ajustes prudenciais de Basileia III, os quais passaram 
de R$8,7 bilhões em novembro para R$29,5 bilhões em 
junho de 2014. Contribuíram positivamente para o PR o 
lucro líquido retido de R$17,0 bilhões e o ganho de R$8,4 
bilhões em marcação a mercado de títulos disponíveis 
para venda e em obrigações referentes a planos de 
previdência de benefício definido de funcionários. 
O RWA, influenciado principalmente pela elevação do 
fator de ponderação de risco das exposições, avançou 
7,2%, para R$4.001,1 bilhões, em junho de 2014, montante 
do qual 89,4% correspondem ao risco de crédito. 
Em linha com os dados agregados do sistema, verifica-se 
pouca alteração na capitalização de instituições 
financeiras entre novembro de 2013 e junho de 
2014 (gráfico 2.5.2), ficando apenas uma instituição, 
responsável por menos de 0,01% dos ativos do sistema, 
com nível de capital principal inferior ao mínimo exigido, 
que atualmente é de 4,5% do RWA. 
A estabilidade no nível de capitalização também é 
evidenciada quando se simula a aplicação dos ajustes 
regulatórios de Basileia III em sua totalidade aos dados 
de novembro de 2013 e de junho de 2014. 
O IB projetado, caso as regras que entrarão em vigor 
até 2019 estivessem válidas, ficaria estável em 13,2%, 
tomando por base o mesmo conjunto de regras48 e os 
dados de novembro de 2013 e de junho de 201449. 
Ainda dentro do exercício de projeção, a necessidade 
total de capital do sistema (gráfico 2.5.3) para atender os 
requerimentos futuros50 se reduziu de R$3,4 bilhões em 
novembro de 2013 para R$2,1 bilhões em junho de 2014, 
equivalente a 0,3% do PR do SFN. Os bancos privados 
reduziram a necessidade projetada de R$2,7 bilhões para 
R$1,2 bilhão, ao passo que a necessidade dos bancos 
públicos comerciais elevou-se de R$0,7 para R$0,9 bilhão. 
48/ Nesse exercício, as alterações normativas promovidas pelas circulares 
BCB nº 3.696, nº 3.711 e nº 3.714, de 3 de janeiro de 2014, 24 de julho 
de 2014 e 20 agosto de 2014, respectivamente, são consideradas. Elas 
afetam os índices de capitalização e realinham o requerimento de capital 
para algumas modalidades de exposição. 
49/ O presente exercício, por se tratar de uma simulação, já considera como 
capital principal os instrumentos híbridos de capital e dívida adquiridos 
pela União e emitidos pelos bancos públicos comerciais, em função de 
readequação das cláusulas e nova autorização do BCB, nos termos da 
Resolução CMN nº 4.192, de 1º de março de 2013. 
50/ Em 2019, considera-se requerimento de 7% do RWA constituído sob a 
forma de capital principal, 8,5% do RWA sob a forma de capital nível I 
e 10,5% do RWA sob a forma de PR, contemplando o limite inferior do 
adicional de capital principal, conforme a Resolução CMN nº 4.193, de 
1º de março de 2013. 
11,8 
11,0 
4,5 
2 
Nov 
2013 
Jan 
2014 
Mar Jun 
% 
Índice de capital principal 
Índice de patrimônio de referência nível I 
Índice de Basileia 
1/ As linhas pontilhadas representam os requerimentos regulatórios para 
os diferentes níveis de capital.
Gráfico 2.5.6 – Capital/ativos e IB 
Últimos dados disponíveis1/ 
KO 
15 
12 
9 
6 
3 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 24 
Ainda com base nas simulações de Basileia III, verificam-se 
alterações pontuais no nível de capitalização das 
instituições financeiras (gráfico 2.5.4), em linha com o 
dado agregado do sistema. 
Gráfico 2.5.4 – Distribuição de frequência para o capital 
principal/RWA projetado para 2019 ponderado por ativos1/ 
2 0 1 
16 
% dos ativos do sistema 
75 
60 
45 
30 
15 
A sólida situação de solvência do SFN é também 
constatada quando se analisa a situação brasileira em 
relação ao futuro requerimento regulatório, a Razão 
de Alavancagem (gráfico 2.5.5), que entrará em vigor 
em janeiro de 2018, segundo o Comitê da Basileia de 
Supervisão Bancária. 
A propósito, em 25 de julho de 2014, o BCB disponibilizou 
para consulta pública a minuta de normativo referente 
à razão de alavancagem51. Os cálculos preliminares 
reforçam a percepção de solidez do sistema, obtendo-se 
o valor de 7,3% para o SFN em junho de 2014, frente ao 
requerimento inicial de 3%. 
Gráfico 2.5.5 – Distribuição de frequência para a razão de 
alavancagem ponderado por ativos1/ 
% dos ativos do sistema 
80 
64 
48 
32 
16 
51/ Para mais informações, ver <https://www3.bcb.gov.br/audpub/Anexos/ 
Download?caminho=/editais/edt_60/EditalConsultaPublica44.pdf> e 
<http://www.bis.org/publ/bcbs270.htm>. 
Outros indicadores de solidez como o IB e a relação 
Capital/Ativos, uma medida mais simples de alavancagem, 
também corroboram a percepção da robustez do SFN, 
quando comparado a outras jurisdições. (gráfico 2.5.6). 
Concluindo, a solvência do sistema bancário continua 
elevada, com níveis de capitalização adequados para 
suportar os riscos assumidos. Grande parte da variação 
nominal dos referidos índices é resultado do cronograma 
progressivo de implementação de Basileia III e de 
alteração no método de cálculo do RWA. Simulações 
desconsiderando alterações na metodologia de cálculo 
reforçam a conclusão acerca da estabilidade da solvência 
em patamar elevado. 
2.6 Testes de estresse de capital52 
Com a finalidade de mensurar a resistência, bem como 
a capacidade de absorção de perdas do sistema bancário 
à materialização dos principais riscos a que se encontra 
exposto, foram simuladas alterações extremas e adversas 
nas principais variáveis econômicas e financeiras. 
Apesar de a necessidade de capitalização na análise de 
cenário ter aumentado em relação ao teste realizado 
em dezembro de 2013, os resultados obtidos permitem 
concluir que o sistema bancário brasileiro apresenta 
adequada capacidade de suportar tanto os efeitos de 
choques decorrentes de cenários adversos por seis 
trimestres consecutivos, quanto de mudanças abruptas 
nas taxas de juros e de câmbio ou na inadimplência. 
52/ Para detalhes sobre o conceito de “testes de estresse” e a metodologia 
relacionada aos testes e cenários, refira-se ao anexo “Conceitos e 
Metodologias – Estresse de capital”. 
2 
5 
13 
16 96 
0 
0-3 3-5 5-7 7-9 >9 
Junho 2014 
1/ Os valores dentro das barras referem-se ao número de IFs com índice 
% 
de alavancagem pertencente ao intervalo correspondente. 
111 
3 0 
1 
12 116 
0 
0 - 4,5 4,5-5,125 5,125-7 7-10,5 >10,5 
Novembro 2013 – Proj. 2019 Junho 2014 – Proj. 2019 
1/ Os valores dentro das barras referem-se ao número de IFs com índice de 
capital principal pertencente ao intervalo correspondente. 
AU 
FR 
IN 
CH 
IT 
RU 
JP 
USA 
UK 
SA 
CA 
AR 
MX 
BR/2 
ID 
TU GE 
0 
10 12 14 16 18 20 
Fonte: FMI. 
1/ As siglas acima correspondem a: 
Capital/ativos (%) 
IB (%) 
AR = Argentina; AU = Austrália; BR = Brasil; CA = Canadá; CH = China; FR = 
França; GE = Alemanha; ID = Indonésia; IN = Índia; IT = Itália; JP = Japão; KO = 
Coreia do Sul; MX = México; RU = Rússia; SA = África do Sul; TU = Turquia; UK 
= Reino Unido; e USA = Estados Unidos da América. 
2/ As informações divergem dos dados encontrados em <http://fsi.imf.org>, em 
razão de serem utilizados dados de junho de 2014 do BCB, ainda não 
disponíveis no referido sítio.
base, VAR estressado, quebra estrutural e pior histórico. 
As inadimplências projetadas podem ser vistas no 
gráfico 2.6.1. 
Os resultados do VAR Estressado revelam que a 
inadimplência projetada atingiria o pico de 5,4%, 
superando as provisões constituídas em junho de 2014 
em 0,9 p.p. Para o cenário de quebra estrutural, o pico 
seria de 5,5%. Ambos seriam atingidos em dezembro 
de 2015. 
Apesar de a necessidade de capital apresentar um leve 
aumento em relação aos testes efetuados em dezembro 
de 2013 (gráfico 2.6.2), em todos os cenários o sistema 
bancário permaneceria com seus índices de capitalização 
acima dos mínimos regulamentares. 
Gráfico 2.6.2 – Necessidades de capital 
VAR estressado – Evolução % do PR 
3,0 
2,4 
1,8 
1,2 
0,6 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 25 
2.6.1 Análise de cenário – Testes de estresse 
nas condições macroeconômicas 
A análise de cenário baseia-se em modelo estatístico 
que relaciona cenários macroeconômicos ao risco de 
crédito da carteira de empréstimos e financiamentos dos 
bancos. Essa análise contempla quatro cenários para 
um horizonte de tempo de seis trimestres consecutivos 
e projeta a inadimplência e o crescimento da carteira de 
crédito a partir desses cenários. Todos eles são baseados 
na projeção do produto e das taxas de juros, de câmbio 
e de inflação, além de choques externos medidos pelo 
prêmio de risco Brasil e pelos juros americanos. 
Na tabela 2.6.1, podem ser observados os valores das 
variáveis que compõem cada um dos cenários: cenário 
Tabela 2.6.1 – Cenários de estresse macroeconômico (dezembro de 2015) 
Cenários Jun/14 Cenário base1/ VAR estressado (α = 5%) Quebra estrutural Pior histórico 
Produto 
(IBC-Br) 1,4% 1,2% -1,7% -1,7% -0,2% 
Juros 
(Selic) 10,9% 12,0% 8,8% 19,7% 12,1% 
Câmbio 
(R$/US$) 2,23 2,49 3,57 3,75 2,89 
Inflação 
(IPCA) 6,3% 6,0% 4,7% 16,5% 10,8% 
Desemprego 
(PME-IBGE) 4,4% 4,4% 8,9% 8,9% 5,0% 
Prêmio de risco 
(EMBI Brasil+)2/ 209 209 209 209 302 
Juros americanos 
(Treasury 10 anos) 2,6% 2,6% 5,1% 5,1% 2,4% 
constantes por todo o período de projeção. 
dez./2015. 
Adversos 
1/ As variáveis obtidas da pesquisa Focus são a previsão para o PIB, a Selic, o câmbio e a inflação. As demais variáveis são mantidas 
2/ Para o VAR estressado e quebra estrutural, o prêmio máximo, igual a 401, é atingido em dez./2014, retornando gradativamente ao valor inicial em 
0,0 
0 1 2 3 4 5 6 
Trimestres 
Dezembro 2013 Junho 2014 
Gráfico 2.6.1 – Estresse macroeconômico 
Inadimplência projetada % 
6,0 
4,8 
3,6 
2,4 
1,2 
0,0 
Jun 
2014 
Set Dez Mar 
2015 
Jun Set Dez 
Cenário base 
VAR estressado (α = 5%) 
Quebra estrutural 
Pior histórico 
Provisões constituídas (jun./2014)
Gráfico 2.6.4 – Análise de sensibilidade 
Risco de taxa de juros 
4,2 
2,1 
44 
0,0 0,0 
15,4 14,3 
Máx. variação em 21 dias desde jan./1999 
Negativa Positiva 
USADO ESTE 2.6.3 NO REF201406 
13,0 
4,6 
0,9 
0,6 0,1 
40 
36 
32 
28 
24 
Nível II 
Complementar 
Bancos desenquadrados (% do ativo total) 
2,3 
160 
156 
152 
148 
144 
140 
136 
132 
128 
124 
120 
116 
112 
108 
104 
Gráfico 2.6.5 – Análise de sensibilidade 
Risco de crédito 
15,4 11,7 
4,1 
0,2 
Bancos desenquadrados (% do ativo total) 
Nível II 
Complementar 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 26 
Após seis trimestres de deterioração macroeconômica, 
a necessidade estimada de capitalização do sistema para 
que nenhum banco ficasse desenquadrado53 seria de 2,5% 
do patrimônio de referência atual do sistema, quase toda 
ela formada por capital de nível 2 (gráfico 2.6.3). 
Gráfico 2.6.3 – Necessidades de capital 
VAR estressado 
Índice de Basileia (%) % do PR 
18,0 
14,4 
10,8 
7,2 
3,6 
6 
5 
4 
2 
1 
2.6.2 Análise de sensibilidade 
A análise de sensibilidade consiste na aplicação de 
variações incrementais nas taxas de juros e de câmbio 
e na inadimplência, bem como na mensuração do efeito 
isolado das variações de cada uma dessas variáveis 
sobre o capital e os índices de capitalização dos bancos, 
mantendo-se os demais fatores de risco inalterados. 
No pior caso, se a taxa de juros fosse reduzida para 
algo próximo a 1,0% a.a., dezesseis instituições 
bancárias, detentoras de 4,2% do total de ativos do 
sistema, ficariam desenquadradas. Essas instituições 
necessitariam de um aporte equivalente a 6,0% do 
capital do sistema para evitar um desenquadramento 
(gráfico 2.6.4). Nos choques simulados, nenhuma 
instituição bancária ficaria insolvente. 
Os testes de sensibilidade às taxas de câmbio revelam que 
os impactos seriam irrelevantes para o sistema. 
O resultado relativo aos testes de sensibilidade à 
materialização do risco de crédito, sumarizados no gráfico 
2.6.5, indica que, caso se repita a maior inadimplência já 
observada no sistema bancário brasileiro desde dezembro 
de 2000, próxima a 7%, a representatividade dos ativos 
53/ Uma instituição é considerada desenquadrada se não atender a qualquer 
um dos três índices de exigência de capital: Índice de Basileia (IB), Índice 
de Capital Nível 1 (IPR1) e Índice de Capital Principal (ICP). 
das instituições bancárias desenquadradas seria de 0,7% 
do total de ativos do sistema bancário. 
10 
8 
6 
4 
2 
Em uma situação de inadimplência extrema, próxima de 
14,5%, as instituições desenquadradas necessitariam de 
um aporte de capital de 6,6% do patrimônio de referência 
do sistema para evitar o desenquadramento. 
Os resultados das análises de sensibilidade confirmam que 
o sistema bancário brasileiro apresenta elevada capacidade 
de suportar situações adversas, uma vez que os índices 
de capitalização do conjunto de instituições bancárias se 
mantêm sempre acima dos mínimos regulamentares. 
0,0 
0 
Jun 
2014 
Set Dez Mar 
2015 
Jun Set Dez 
Capital principal (dir.) Complementar (dir.) 
Nível 2 (dir.) Índice de Basileia 
0,8 0,2 
0 
20 
1% 4% 7% 10% 13% 16% 19% 22% 
Taxa de juros de 6 meses 
Necessidade de capital 
(% do capital total): 
Principal 
Bancos em insolvência (% do ativo total) 
IB estressado (%) 
2,3 
0,0 
48,1 
16 
14 
12 
10 
8 
6 
4 
2 
0 
100 
96 
92 
88 
84 
80 
76 
72 
68 
64 
60 
56 
52 
48 
44 
40 
36 
32 
28 
24 
20 
16 
12 
8 
4 
0 
3 6 9 12 
Inadimplência média do sistema (%) 
Provisão 
constituída 
atual 
Bancos em insolvência (% do ativo total) 
IB estressado (%) 
Necessidade de capital 
(% do capital total): 
Principal
Evolução do Endividamento das Empresas não Financeiras 
após a Crise Internacional de 2008 
1 Alavancagem das empresas no Brasil 
O endividamento das pessoas jurídicas triplicou entre 
junho de 2008 e junho de 2014 (gráfico 1), com aumento 
efetivo do total de recursos captados nos mercados de 
capitais e externo, mas com maior destaque ao crédito 
bancário com recursos direcionados. Observa-se, no 
período, que o crédito bancário doméstico com recursos 
livres continuou sendo a principal fonte de recursos, 
perdendo porém representatividade frente ao mercado 
externo e ao crédito bancário doméstico com recursos 
direcionados (gráfico 2). 
400 
340 
280 
220 
160 
Importante notar, entretanto, que o crédito à pessoa 
jurídica cresceu no período a uma taxa superior à do 
PIB. A alavancagem das empresas, representada pela 
razão crédito corporativo sobre PIB (gráfico 3), subiu 
para 49,2% em junho de 2014, o que significa um 
nível ainda confortável em comparação aos demais 
países. Segundo dados do Relatório de Estabilidade 
Financeira Global (GFSR, 2014), esta relação no 
Brasil estaria na mediana dos países emergentes e 
abaixo das economias desenvolvidas. 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 27 
No cenário de baixas taxas de juros e abundante 
liquidez que predominou no mercado internacional 
após a crise financeira de 2008, diversas empresas do 
setor não financeiro de economias emergentes, como o 
Brasil, beneficiaram-se das condições mais favoráveis 
de financiamento para intensificar as captações no 
mercado externo. Em termos globais, os movimentos 
de emissões corporativas e o consequente aumento no 
endividamento trouxeram preocupações associadas à 
estabilidade financeira e têm sido objeto de discussão 
nos principais fóruns relacionados a esse tema (ver, 
por exemplo, GFSR1, 2014 e BIS2, 2014). 
De fato, em tese, o aumento do endividamento e a 
maior exposição ao mercado internacional implicam 
potencial sensibilidade a mudanças nos cenários 
interno e externo, especialmente com o processo 
de normalização gradual das políticas monetárias 
dos países desenvolvidos, principalmente dos 
Estados Unidos. Nesse contexto, esta nota apresenta 
sucintamente uma avaliação dos riscos relacionados 
à estrutura de financiamento das empresas no Brasil. 
Destaca-se que uma eventual transição de cenário 
apontaria para riscos em níveis controlados, em razão 
das características da estrutura de financiamento das 
empresas que operam no país, as quais apresentam 
alavancagem agregada confortável, comprometimento 
de renda estável e endividamento em moeda 
estrangeira proporcionalmente baixo. 
1/ Fundo Monetário Internacional, “Chapter 1 – Making the transition 
from liquidity to growth-driven markets”, Global Financial Stability 
Report, 2014. 
2/ Bank for International Settlements, “Chapter IV - Debt and the 
financial cycle: domestic and global”, 84th BIS Annual Report, 
2013/2014. 
100 
Jun 
2008 
Jun 
2009 
Jun 
2010 
Jun 
2011 
Jun 
2012 
Jun 
2013 
Jun 
2014 
Crédito livre Crédito direcionado 
Merc. de capitais Merc. externo – R$ 
Merc. externo – US$ Total PJ 
% 
Gráfico 1 – Endividamento PJ 
Base jun./2008 = 100 
Fontes: BCB e Cetip
100 
84 
68 
52 
36 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 28 
Gráfico 2 – Participação no endividamento PJ 
Por fonte de recursos 
24 29 
100 
80 
60 
40 
20 
% 
50 
40 
30 
20 
10 
Se, por um lado, a alavancagem em termos agregados 
é limitada, por outro, deve ser considerada a 
maior sensibilidade a mudanças nos cenários 
interno e externo em decorrência do aumento do 
endividamento e da exposição ao mercado externo. 
Notadamente, as duas principais questões a serem 
avaliadas em relação ao setor não financeiro em 
um hipotético cenário de reversão das condições 
de financiamento seriam os potenciais impactos 
na capacidade de pagamento das empresas e no 
montante do endividamento, decorrente da exposição 
cambial. Tais questões são avaliadas a seguir3. 
2 Capacidade de pagamento 
Apesar do aumento do endividamento, não 
foram observadas variações significativas no 
3/ Nas análises foram utilizadas informações detalhadas das bases de 
dados de monitoramento do SFN, entre elas as informações de dívida 
bancária doméstica do Sistema de Informações de Crédito (SCR), de 
dívida externa, de debêntures e das operações de derivativos cambiais 
das câmaras de registro. 
comprometimento de renda4. Tal comportamento é 
reflexo de uma melhora no perfil de endividamento 
do setor não financeiro, em termos de maturidade e 
custo, influenciada pelo aumento da participação do 
crédito com recursos direcionados, da dívida externa 
e do mercado de capitais, que têm prazos mais longos 
e taxas mais baixas. 
Após a estabilidade observada no semestre anterior, 
em 2014 o comprometimento de renda voltou a 
registrar leve elevação, porém encontrando-se 
atualmente em patamares relativamente semelhantes 
aos observados em períodos anteriores (gráfico 4). 
Além disso, eventuais variações nas taxas de juros tem 
efeito limitado na capacidade de pagamento, tendo 
em conta que aproximadamente 30% do crédito à 
pessoa jurídica origina-se com recursos direcionados, 
contratados com taxas e indexadores regulados, 
menos sensíveis a alterações nos juros. 
3 Risco cambial 
Não obstante o aumento do endividamento no 
mercado externo, a representatividade da dívida 
corporativa referenciada em moeda estrangeira não 
sofreu alteração em relação ao período pré-crise, 
mantendo-se em aproximadamente um terço da dívida 
total. A participação da dívida em moeda estrangeira 
das empresas no Brasil é relativamente baixa, pois se 
encontra entre as menores em comparação aos demais 
países emergentes, conforme mostra o GFSR (2014). 
4/ Para mais detalhes sobre o comprometimento de renda pessoa jurídica, 
ver seção “Conceitos e metodologias”, item c. 
43 
31 
25 
30 
8 
10 
0 
Jun 
2008 
Jun 
2014 
Crédito 
livre 
Crédito 
direcionado 
Merc. de 
capitais 
Merc. 
externo 
% 
Fontes: BCB e Cetip 
0 
Jun 
2008 
Jun 
2009 
Jun 
2010 
Jun 
2011 
Jun 
2012 
Jun 
2013 
Jun 
2014 
Gráfico 3 – Endividamento PJ sobre PIB 
20 
Jun 
2011 
Jun 
2012 
Jun 
2013 
Jun 
2014 
Gráfico 4 – Comprometimento de renda PJ 
%
Gráfico 5 – Dívida em moeda estrangeira 
Por tipo de devedor 
16,8% 
16,0% 
Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 29 
Além disso, as exposições em moeda estrangeira 
concentram-se em um conjunto limitado de empresas 
de grande porte, dado que menos de 1% dos devedores 
possuem alguma dívida em moeda estrangeira, ainda 
que respondam por mais de 60% da dívida total5. 
Desse conjunto de empresas com exposição à 
moeda estrangeira, foram mapeadas aquelas que 
apresentariam maior vulnerabilidade a choques na 
taxa de câmbio, uma vez que parte estaria protegida 
por possuir algum tipo de hedge, de natureza 
operacional ou financeira. 
Nesse sentido, observa-se que as empresas 
exportadoras6, ou seja, aquelas que possuem hedge 
natural relativo à sua atividade operacional7, 
respondem por mais de um terço da dívida total em 
moeda estrangeira. Além disso, a participação das 
empresas não exportadoras que usam o mercado 
de derivativos local para proteger suas exposições 
à moeda estrangeira corresponde a quase 20% do 
total do endividamento em moeda estrangeira das 
empresas não financeiras. Após essa filtragem inicial, 
tem-se que as empresas não exportadoras sem hedge8 
representam quase metade da dívida total em moeda 
estrangeira (gráfico 5). 
5/ O padrão metodológico internacional para a compilação das 
estatísticas do setor externo, incluindo as de dívida externa, adota 
o conceito de residência e não o de nacionalidade. Dessa forma, 
as estatísticas do endividamento externo brasileiro, compiladas 
pelo Banco Central do Brasil, não incluem os títulos no exterior 
emitidos por subsidiárias não residentes (isto é, residentes no 
exterior) de empresas residentes. No entanto, a grande maioria dos 
recursos provenientes dessas emissões é, em seguida, internalizada 
no país, na forma de empréstimo intercompanhia, da subsidiária no 
exterior para a residente no Brasil. Nesse momento, a dívida externa 
brasileira é sensibilizada, havendo, portanto, perda pouco relevante 
de informação. 
6/ Definiu-se como exportadora, para fins desta análise, a empresa que 
tenha exportado em 2013, segundo a Secretaria de Comércio Exterior, 
e que possua pelo menos 50% da dívida vinculada a alguma linha de 
crédito ao comércio exterior. 
7/ Um aumento do custo da dívida em um hipotético cenário de 
depreciação do real seria compensado por um acréscimo das receitas 
advindas do exterior. 
8/ Uma empresa foi considerada como sem hedge se não é exportadora 
e se o percentual da dívida em moeda estrangeira menos a dívida 
vinculada à exportação menos a posição comprada em derivativo 
cambial no mercado doméstico é maior que 20% da dívida total. 
Cabe ainda ressaltar que mesmo uma empresa aqui considerada 
como sem hedge pode estar totalmente protegida no mercado de 
derivativos no exterior. 
35,6% 
17,5% 
14,1% 
Exportadora 
Não exportadora com hedge 
Não exportadora sem hedge – matriz no exterior 
Não exportadora sem hedge – com ativo no exterior 
Não exportadora sem hedge – outros 
Alguns outros fatores mitigadores de risco podem 
ser considerados na análise, como, por exemplo, se a 
empresa fizer parte de um grupo econômico com sede 
no exterior, o que aumentaria a possibilidade de suporte 
financeiro intra-grupo. Ou ainda, a empresa possuir 
ativos no exterior em montante relevante que possam 
compensar ou justificar economicamente a exposição 
em moeda estrangeira9. Ao excluir estes grupos, a 
participação das empresas não exportadoras sem hedge 
cai para 16,8% da dívida total em moeda estrangeira. 
Assim, sem considerar exposições de natureza 
especulativa, o grupo de empresas que não possui 
proteção cambial relevante e conhecida é bastante 
restrito em relação ao total das pessoas jurídicas com 
endividamento sujeito a riscos cambiais. A exposição 
em moeda estrangeira desse grupo de empresas 
representa 2,9% do PIB (gráfico 6) e corresponde a 
5,8% da dívida total das empresas não financeiras. 
Considerando, ainda, instrumentos de proteção 
cambial10, esse percentual cai a 5,1% da dívida total 
das empresas não financeiras, o que sugere tratar-se 
de conjunto bastante limitado de empresas sujeito a 
impactos decorrentes do risco cambial. 
9/ Para definir o critério de relevância, considerou-se que os ativos no 
exterior devem representar pelo menos 70% da dívida em moeda 
estrangeira sem hedge. Devido à limitação de dados, passivos 
no exterior de empresas brasileiras não residentes que não foram 
internalizados, mesmo através de empréstimos intercompanhia, não 
foram considerados. 
10/ Mesmo empresas consideradas sem hedge para fins desta análise 
podem ter algum tipo de proteção à variação cambial, ainda que 
abaixo do ponto de corte de relevância definido na nota de rodapé 
número 8.
Setembro 2014
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  • 1. Setembro 2014 Volume 13 | Número 2
  • 2. Relatório de Estabilidade Financeira Setembro 2014 Volume 13 | Número 2 ISSN 2176-8102 CNPJ 00.038.166/0001-05 Relatório de Estabilidade Financeira Brasília v. 13 nº 2 set. 2014 p. 1-56
  • 3. Relatório de Estabilidade Financeira Publicação semestral do Banco Central do Brasil (BCB) É permitida a reprodução das matérias, desde que mencionada a fonte: Relatório de Estabilidade Financeira, volume 13, nº 2. Eventuais divergências entre dados e totais ou variações percentuais são provenientes de arredondamentos. Não são citadas as fontes das tabelas e dos gráfi cos de autoria exclusiva do Banco Central do Brasil. Divisão de Atendimento ao Cidadão Banco Central do Brasil Deati/Diate SBS – Quadra 3 – Bloco B – Edifício-Sede – 2º subsolo 70074-900 Brasília – DF DDG: 0800 9792345 Fax: (61) 3414-2553 Internet: <http://www.bcb.gov.br/?FALECONOSCO>
  • 4. Sumário Prefácio 5 Sumário executivo 6 1 Ambiente macroeconômico e financeiro 7 1.1 Introdução ___________________________________________________________________ 7 1.2 Mercados fi nanceiros internacionais _______________________________________________ 7 1.3 Mercado fi nanceiro nacional ____________________________________________________ 11 2 Sistema bancário 15 2.1 Introdução __________________________________________________________________ 15 2.2 Liquidez ____________________________________________________________________ 15 2.3 Crédito _____________________________________________________________________ 17 2.4 Rentabilidade ________________________________________________________________ 21 2.5 Solvência ___________________________________________________________________ 22 2.6 Testes de estresse de capital _____________________________________________________ 24 2.6.1 Análise de cenário – Testes de estresse nas condições macroeconômicas ____________ 25 2.6.2 Análise de sensibilidade __________________________________________________ 26 3 Sistema de Pagamentos Brasileiro 31 3.1 Desempenho dos sistemas de transferência de fundos ________________________________ 31 3.2 Desempenho dos sistemas de compensação e de liquidação de títulos, valores mobiliários, derivativos e câmbio __________________________________________ 32 4 Organização do Sistema Financeiro Nacional 36 4.1 Introdução __________________________________________________________________ 36 4.2 Instituições bancárias __________________________________________________________ 36 4.3 Níveis de concentração no Sistema Financeiro Nacional ______________________________ 37 4.4 Instituições não bancárias ______________________________________________________ 39 4.5 Participação estrangeira no Sistema Financeiro Nacional ______________________________ 39 4.6 Participação de instituições fi nanceiras brasileiras no exterior __________________________ 40
  • 5. 5 Regulação do Sistema Financeiro Nacional 41 5.1 Introdução ________________________________________________________________ 41 5.2 Demonstrações consolidadas do conglomerado prudencial ____________________________ 41 5.3 Responsabilidade socioambiental das instituições do sistema fi nanceiro __________________ 42 5.4 Comitê de auditoria ___________________________________________________________ 43 5.5 Letras Financeiras como instrumento de capital _____________________________________ 43 5.6 Movimentações em contas de depósito em moeda nacional tituladas por organismos internacionais acreditados pelo Governo brasileiro para operações de captação e fi nanciamento em reais; aperfeiçoamentos na classifi cação estatística ____________________ 44 Boxes Evolução do Endividamento das Empresas não Financeiras após a Crise Internacional de 2008 ___ 27 Trabalho para discussão que versa sobre estabilidade fi nanceira ____________________________ 45 Apêndice 46 Anexo 51
  • 6. Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 5 Prefácio O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) é uma publicação semestral do Banco Central do Brasil (BCB) destinada a apresentar, com foco no risco sistêmico, os principais resultados das análises sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN), especialmente com respeito a sua dinâmica recente, às perspectivas e ao grau de resiliência a eventuais choques na economia brasileira ou no próprio sistema. Esta edição concentra-se nos eventos ocorridos no primeiro semestre de 2014. O relatório é constituído por cinco capítulos. No primeiro – Ambiente macroeconômico e financeiro –, é realizada a análise dos principais mercados internacionais e seu reflexo no mercado financeiro nacional. O segundo capítulo – Sistema bancário – apresenta um panorama da exposição a riscos, da rentabilidade e da solvência das instituições e dos conglomerados que compõem o sistema bancário brasileiro. Os testes de estresse de risco de mercado e de crédito e seus reflexos sobre a situação de solvência das instituições estão incluídos nesse capítulo. No terceiro capítulo – Sistema de Pagamentos Brasileiro –, são descritos os resultados da avaliação acerca do funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e do desempenho dos sistemas de liquidação, as principais atividades e os avanços ocorridos no período, o comportamento da liquidez intradia e o resultado dos testes de estresse dos sistemas de compensação e de liquidação de títulos e valores mobiliários, de derivativos e de câmbio interbancário. O quarto capítulo – Organização do Sistema Financeiro Nacional – analisa as principais alterações ocorridas no controle acionário de instituições financeiras. O quinto capítulo – Regulação do Sistema Financeiro Nacional – trata das principais normas aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo BCB para regular o funcionamento do SFN. Esta edição apresenta, também, boxes tratando da evolução do endividamento das empresas não financeiras após a crise internacional de 2008 e uma seleção de trabalhos para discussão que versam sobre estabilidade financeira. O relatório em PDF está disponível no endereço eletrônico <www.bcb.gov.br/?relestab>. Também está disponível nesse mesmo endereço a base de dados utilizada para a elaboração dos gráficos e tabelas do relatório, além de outros dados de interesse, como a matriz de migração de classificação de crédito e comparativos internacionais dos principais Financial Soundness Indicators (FSIs). Adicionalmente, as séries temporais relacionadas à estabilidade financeira podem ser encontradas em <http:// www4.bcb.gov.br/pec/series/port/aviso.asp>.
  • 7. Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 6 Sumário executivo A despeito do crescimento econômico moderado nas principais áreas econômicas, os mercados financeiros se caracterizaram pela diminuição da volatilidade, em especial na segunda metade do primeiro semestre de 2014. Verificou-se abrandamento nas condições de financiamento para as economias emergentes e periféricas da Área do Euro e a melhora generalizada na precificação de seus ativos financeiros, ainda que tenham ocorrido períodos de aumento da volatilidade nos mercados cambiais ao longo do semestre. No Brasil, em maio de 2014, o BCB interrompeu o ciclo de aumento da taxa de juros iniciado em abril de 2013 e, em junho, anunciou a manutenção, com modificações, do programa de leilões de swap cambial e de venda de dólares com compromisso de recompra, com o objetivo de prover proteção cambial aos agentes econômicos e proporcionar liquidez ao mercado de câmbio. Ao final do semestre, os juros domésticos futuros apresentaram trajetória de queda, o mercado bursátil exibiu tendência de alta e, no mercado de câmbio, houve redução da volatilidade da cotação do real frente à moeda norte-americana. Nesse cenário, o sistema bancário brasileiro manteve-se apresentando baixo risco de liquidez e elevada solvência. O risco de liquidez continua baixo, apesar do aumento no período em razão do movimento de alocação de recursos para crédito, principalmente em financiamentos habitacionais, que provoca redução da participação dos ativos líquidos no balanço das instituições e alongamento de prazo nas carteiras de crédito. As provisões para o risco de crédito apresentam-se adequadas a um novo cenário que aponta para leve aumento do risco de crédito, decorrente da elevação das taxas de juros, do provável fim do ciclo de redução da inadimplência e da redução no índice de cobertura. Compõem também esse ambiente o menor ritmo de crescimento do crédito e a manutenção de práticas e de critérios saudáveis na concessão de novas operações de crédito. O retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) do sistema avançou no semestre, impulsionado por ganhos com tesouraria, os quais compensaram a queda na margem líquida de crédito. A solvência do sistema bancário apresentou estabilidade e mantém-se em patamar elevado. Os índices de capitalização permanecem em níveis superiores aos requerimentos regulatórios, o que, associado aos resultados da simulação da plena implementação do arcabouço de Basileia III e da introdução do futuro requerimento de razão de alavancagem, confirma a confortável solvência do sistema bancário. Nas simulações de situações de estresse, o sistema bancário brasileiro apresentou adequada capacidade de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários macroeconômicos adversos ou de mudanças abruptas nas taxas de juros, de câmbio ou de inadimplência. O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) funcionou de forma eficiente e segura no primeiro semestre de 2014. As análises de backtesting, periodicamente realizadas para os sistemas de compensação e de liquidação de transações com títulos, valores mobiliários, derivativos e moeda estrangeira, nos quais há uma entidade atuando como contraparte central (CPC), apresentaram resultados satisfatórios ao longo do semestre. Nos sistemas de transferência de fundos, a liquidez intradia agregada disponível continuou acima das necessidades das instituições financeiras participantes, o que garante que as liquidações ocorram com tranquilidade, sobretudo no que diz respeito ao Sistema de Transferência de Reservas (STR).
  • 8. Ambiente macroeconômico e financeiro 1 1.1 Introdução No ambiente internacional, prevalecem perspectivas de atividade global mais intensa no médio prazo, não obstante o dinamismo aquém do esperado em importantes economias maduras e emergentes no primeiro semestre de 2014. Em contexto de ritmo oscilante de crescimento e de inflação moderada nos Estados Unidos da América (EUA) e de recuperação lenta no Japão e na Europa (com risco de deflação na Área do Euro), fortaleceram-se expectativas de manutenção do ambiente de alta liquidez global. Para tal percepção, contribuíram o gradualismo sinalizado pelo banco central dos EUA (Fed) na execução do tapering1 e a disposição do Banco Central Europeu (BCE)2, do Banco do Japão (BoJ) e de autoridades chinesas em manter e/ou aprofundar suas políticas expansionistas, caso necessário. Nesse cenário, a demanda por ativos financeiros de risco foi impulsionada ao longo do semestre, enquanto indicadores de volatilidade declinaram para patamares historicamente reduzidos. Em consonância com esse quadro, verificaram-se alívio das condições de financiamento para as economias emergentes e periféricas da Área do Euro e a melhora generalizada na precificação de seus ativos financeiros3, ainda que tenham ocorrido períodos de aumento da volatilidade nos mercados cambiais ao longo do semestre. Os índices de mercados acionários de economias Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 7 1/ Tapering: redução do volume de compras mensais de ativos pelo Fed iniciada em janeiro de 2014. Trata-se do estágio inicial do processo de normalização da política monetária dos EUA, importante fator para a consolidação da estabilidade financeira global. O Fed sinalizou que pretende encerrar as compras mensais de títulos em outubro de 2014, mantendo, porém, a política monetária acomodatícia por tempo considerável. 2/ Em junho, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou conjunto amplo de medidas de política monetária não convencional para impulsionar a concessão de crédito no bloco europeu, com o objetivo de alavancar o crescimento econômico e mitigar os riscos de deflação. 3/ Destaque-se a melhora na classificação de risco soberano da Espanha (Standard & Poor’s), da Grécia (Fitch) e de Portugal (Moody’s), que concluiu o seu programa de assistência financeira internacional. maduras (com recordes históricos de alta) e de economias emergentes também foram beneficiados pela redução das taxas de juros de longo prazo em nível global. 1.2 Mercados financeiros internacionais A despeito do crescimento econômico moderado nas principais áreas econômicas, os mercados financeiros se caracterizaram pela diminuição da volatilidade, em especial na segunda metade do semestre. Entre os fatores que contribuíram para essa redução, estão a maior previsibilidade sobre a gradual retirada dos estímulos monetários nos EUA; a decisão do comitê de política monetária do BCE, que reduziu as taxas anuais das principais operações de refinanciamento, depósito e empréstimo, além de tomar medidas adicionais de aumento da liquidez; e a percepção de diminuição do risco sistêmico e da ocorrência de eventos extremos no sistema financeiro, com o setor bancário de economias maduras reduzindo seu grau de alavancagem e melhorando os níveis e a qualidade de seu capital próprio. Essa conjunção de fatores permitiu a elevação nos preços dos ativos financeiros de maior risco nos mercados acionários e de dívidas, tanto soberanas quanto de empresas de classificação de risco menos favorável. Desde março de 2014, as emissões de títulos soberanos e corporativos de economias emergentes e em desenvolvimento atingiram recordes históricos de alta, evidenciando condições internacionais de financiamento mais favoráveis4. O Institute of International Finance (IIF), no relatório Global Economic Monitor de junho de 2014, avaliou que há tendência de aumento dos fluxos de 4/ Global Economic Prospects – Financial Markets Outlook, Banco Mundial, junho de 2014.
  • 9. 650 520 390 260 130 Gráfico 1.2.2 – CDS soberanos (5 anos) 350 290 230 170 110 Gráfico 1.2.3 – CDS soberanos (5 anos) Gráfico 1.2.4 – Taxas de câmbio de economias avançadas 135 125 115 105 95 Euro/Dólar Libra/Dólar Iene/Dólar Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 8 capital para as economias emergentes, principalmente a partir do segundo trimestre do ano. Esse cenário propiciou redução nos rendimentos anuais dos títulos soberanos de economias maduras. No primeiro semestre, os rendimentos anuais dos títulos de 10 anos dos EUA recuaram de 3,03% para 2,53%, e os da Alemanha, de 1,93% para 1,25% (gráfi co 1.2.1). Gráfico 1.2.1 – Rendimento de títulos soberanos (10 anos) 8,0 6,4 4,8 3,2 1,6 Com a redução da aversão ao risco, verifi cou-se o declínio dos prêmios dos Credit Default Swaps (CDS) de cinco anos (expressos em pontos-base [p.b]) das principais economias da Europa: Itália, de 168 para 95; Espanha, de 157 para 66; França, de 54 para 40; e Alemanha, de 25 para 20 (gráfi co 1.2.2). Na mesma base de comparação, os prêmios dos CDS de cinco anos de economias emergentes também declinaram, com destaque para a Turquia, de 245 para 177, e para o Brasil, de 194 para 145 (gráfi co 1.2.3). Os prêmios respectivos da África do Sul, do México e do Chile reduziram-se para 177, 67 e 64, de 204, 92 e 80, na ordem. Destaque-se a exceção da Rússia, cujo prêmio de CDS elevou-se para 184, de 167, no início do período, repercutindo a crise na Ucrânia. Adicionalmente, o risco de moratória soberana na Argentina5 provocou elevação dos CDS do país, com contágio limitado sobre a precifi cação de ativos de renda fi xa de outras economias emergentes. No primeiro semestre de 2014, o dólar dos EUA desvalorizou-se 3,8% frente ao iene e 3,2% frente à libra esterlina, mas apreciou-se 0,4% em relação ao euro, haja vista a perspectiva de aprofundamento da acomodação monetária no bloco europeu (gráfi co 1.2.4). Evidenciando o ambiente de menor aversão ao risco, na mesma base 5/ Em consequência da decisão da Corte Suprema dos EUA em favor do pagamento integral a grupo de investidores (holdouts) que permanecem em disputa judicial sobre a restruturação da dívida soberana argentina. de comparação, o dólar depreciou-se frente às moedas do Brasil (6,3%), da Índia (2,6%), da Indonésia (2,4%) e da Turquia (1,4%) (gráfi co 1.2.5). 0,0 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun EUA Alemanha Itália Espanha Fonte: Bloomberg % a.a. 0 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun Alemanha França Espanha Itália Fonte: Bloomberg p.b. 50 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun África do Sul Rússia Turquia Brasil México Chile Fonte: Bloomberg p.b. 85 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun Fonte: Bloomberg 2.7.2012 = 100
  • 10. 2.7.2012 = 100 165 147 129 111 93 O índice Chicago Board Options Volatility Index (VIX), que afere o sentimento dos investidores a partir da volatilidade implícita de curto prazo dos preços das opções do índice S&P 500, que no final de 2013 situou-se em 13,7 pontos, alcançou 23 pontos, nível mais alto no semestre, em 3 de fevereiro, refletindo as incertezas associadas à desaceleração da economia chinesa e à instabilidade político-econômica na Argentina, na Tailândia, na Turquia e na Ucrânia. No fechamento do semestre, o VIX recuou para 11,6 pontos (gráfico 1.2.8), acumulando redução de 31,4% em doze meses. 25 22 19 16 13 Os índices Morgan Stanley Capital International (MSCI)7 para bancos dos EUA e de economias emergentes elevaram-se, respectivamente, 4,4% e 4,7% no primeiro semestre de 2014, comparativamente às variações de 10,7% e 2%, no semestre anterior. O índice MSCI para bancos europeus mostrou relativa estabilidade 7/ Os índices refletem médias ponderadas dos preços das ações das respectivas indústrias bancárias. Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 9 140 128 116 104 92 Rúpia indonésia Rande Real Lira Baht Com o aumento do apetite por ativos de risco a partir do fim de fevereiro, as cotações das bolsas de valores de várias economias maduras elevaram-se, atingindo recordes ao longo do primeiro semestre (gráfico 1.2.6). Os índices S&P 500 (EUA) e DAX (Alemanha) valorizaram-se 6,5% e 2,9%, na ordem. O FTSE 100 (Reino Unido) apresentou relativa estabilidade, avançando 0,2% no período. O índice Nikkei (Japão), após valorizar-se 51% em 2013, declinou 6,9%, refletindo os efeitos da valorização do iene frente ao dólar no período. Mercados acionários de importantes economias emergentes também apresentaram ganhos expressivos, favorecidos, especialmente, pelo realinhamento das expectativas referentes às taxas de juros futuras nas economias centrais: Índia (20,2%), África do Sul (10,4%), Tailândia (14,4%), Indonésia (14,1%) e Brasil (3,2%)6 (gráfico 1.2.7). Na China, o mercado acionário recuou 2,3%, no mesmo período. 200 176 152 128 104 6/ Em contraste com os índices acionários nos EUA e na Área do Euro, ressalte-se que os índices acionários de mercados emergentes relevantes ainda se situam em patamares inferiores aos observados no início de 2013, refletindo o menor dinamismo da atividade econômica e dos lucros corporativos. Título em 7,8 pontos para caber no Gráfico. 80 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun Fonte: Bloomberg 2.7.2012 = 100 Gráfico 1.2.5 – Taxas de câmbio de economias emergentes versus dólar dos EUA 80 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun Gráfico 1.2.6 – Bolsas de valores Economias desenvolvidas EUA – S&P 500 Reino Unido – FTSE 100 Alemanha – DAX Japão – NIKKEI 225 Fonte: Bloomberg 2.7.2012 = 100 75 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun Gráfico 1.2.7 – Bolsas de valores Economias emergentes África do Sul Brasil Índia Indonésia Tailândia Turquia Fonte: Bloomberg 10 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun Fonte: Bloomberg pontos Gráfico 1.2.8 – CBOE Volatility Index – VIX Índice de volatilidade
  • 11. 600 480 360 240 120 Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 10 no primeiro semestre, após elevar-se 22,9% no segundo semestre de 2013 (gráfico 1.2.9). 165 149 133 117 101 Os custos médios de proteção contra default (CDS) de bancos relevantes dos EUA e da Europa declinaram significativamente ao longo do primeiro semestre de 2014, refletindo a percepção de maior resiliência dos sistemas bancários em nível global, o ambiente de recuperação do crescimento, a redução da fragmentação financeira na Área do Euro e a atuação expansionista do BCE8. Nesse sentido, os prêmios médios dos CDS de cinco anos de bancos declinaram na Itália (33%), na Espanha (27,8%), no Reino Unido (24,9%), na Alemanha (17,2%)%, na França (11,5%) e nos EUA (13%) (gráfico 1.2.10)9. Destaque-se que na Área do Euro a avaliação da qualidade dos ativos do sistema bancário e a realização de testes de estresse têm encorajado a recapitalização voluntária dos bancos, favorecendo a elevação da confiança no sistema financeiro do bloco. De forma prospectiva, não obstante o cenário macrofinanceiro relativamente benigno vigente ao longo do primeiro semestre de 2014, importa destacar que os riscos para a estabilidade financeira global permanecem elevados, uma vez que as condições prevalecentes nos mercados financeiros nos últimos meses têm encorajado eventual subprecificação do risco e aumento da alavancagem financeira, enquanto fragilidades estruturais relevantes persistem em economias avançadas e emergentes. Uma eventual reversão na percepção de 8/ A fragmentação financeira se manifesta pela migração de fluxos de não residentes dos países mais vulneráveis da Área do Euro (Espanha, Grécia, Irlanda, Itália e Portugal) para seus mercados domésticos, assim como a transferência de depósitos de residentes dessas economias para outras consideradas mais seguras. 9/ Média aritmética dos dois maiores bancos de cada país pelo critério de capitalização de mercado. risco ou no ritmo de normalização da política monetária em economias maduras pode dificultar as condições de financiamento de empresas e de mercados emergentes, com riscos à estabilidade financeira. Na Área do Euro, a despeito do compromisso das autoridades com o aprofundamento da união bancária, importantes avanços ainda são necessários para a desvinculação entre os riscos do sistema bancário e o risco soberano10 e para a contenção da fragmentação financeira. Em relação às economias emergentes, as perspectivas de redução da liquidez internacional no médio prazo e de moderação de seu ritmo de crescimento econômico permanecem demandando, de forma geral, esforços de reequilíbrio macrofinanceiro, ainda que considerada a elevada diversidade nos fundamentos dessas economias. Notadamente, os investidores permanecem atentos ao ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do endividamento público e privado, embora a maioria dos sistemas bancários de economias emergentes mantenha reservas de capital sólidas, significativamente acima das recomendadas pelo Acordo de Basileia III. Ajustes mais abruptos das expectativas sobre a trajetória das taxas de juros globais, contudo, podem provocar desequilíbrios financeiros associados ao descasamento entre ativos e passivos em moedas diferentes e à sensibilidade de portfólios a mudanças nas taxas de juros, comprometendo a solidez dos balanços de bancos e famílias, em particular em economias com alto grau de alavancagem. 10/ Nesse sentido, o BCE assumirá efetivamente responsabilidades de supervisão bancária no último trimestre de 2014. Em março deste ano, o Parlamento, a Comissão e o Conselho Europeus decidiram que o próximo passo para o aprofundamento da união bancária deve ser a implementação de mecanismo único de resolução bancária. 85 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun Gráfico 1.2.9 – MSCI bancos EUA Europa Economias emergentes Fonte: Bloomberg 2.7.2012 = 100 0 Jul 2012 Set Nov Fev 2013 Abr Jul Set Nov Fev 2014 Abr Jun p.b. Gráfico 1.2.10 – CDS de 5 anos – Bancos Prêmios médios de países selecionados1/ Espanha França Alemanha Reino Unido EUA Itália Fonte: Bloomberg 1/ Calculados pela média aritmética dos prêmios de CDS dos dois maiores bancos pelo critério de capitalização de mercado de cada país. Exceção EUA: JPM Chase e Bank of America.
  • 12. Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 11 Nesse sentido, as condições de financiamento de economias emergentes, apuradas pelo IIF, pioraram no primeiro trimestre de 2014, principalmente na Europa emergente e na América Latina, refletindo o desempenho econômico mais fraco que o esperado, com impacto negativo sobre a demanda por crédito e elevação das taxas de inadimplência. Pelo lado da oferta, as restrições para a concessão de crédito mantiveram-se estáveis11. Riscos adicionais advêm de eventual deterioração da estabilidade financeira e do ritmo de atividade econômica na China, como possível efeito colateral das ações governamentais destinadas a disciplinar o mercado de crédito. Nesse sentido, a transição ordenada no mercado de crédito chinês demanda a conjugação de várias iniciativas, tais como a elevação da capacidade de o banco central lidar com alterações repentinas na demanda por liquidez, a implantação de sistema de seguro de depósitos, a liberalização das taxas de juros e a consolidação de arcabouço de resolução bancária12. Eventos recentes nos mercados financeiros da Argentina e da Turquia mostraram, até o momento, limitado efeito de contágio nos principais mercados emergentes, que mantêm bons fundamentos macroeconômicos, com níveis confortáveis de reservas internacionais e políticas fiscais sustentáveis. Adicionalmente, o aumento da volatilidade nesses países entre maio e dezembro de 2013 desencadeou diversas ações, tais como ajustes das taxas básicas de juros, acordos bilaterais de swaps de moedas e medidas de caráter prudencial destinadas a limitar a exposição a moedas estrangeiras, o que contribuiu para elevar o grau de confiança dos mercados relativamente a essas economias. Ressalte-se, por fim, que os principais fatores de risco para a estabilidade financeira internacional têm sido os ajustes abruptos na inclinação da curva de juros em economias maduras, em especial nos EUA; a deterioração do contexto geopolítico, com os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, cujos efeitos podem impactar o preço de importantes commodities, em especial as energéticas; e desdobramentos políticos e financeiros adversos em economias maduras e emergentes, com potenciais impactos em economias consideradas de maior vulnerabilidade. Tais condições seguem demandando 11/ IIF, Emerging Markets Bank Lending Conditions Survey (Apr/14) <http:// www.iif.com/emr/resources+3470.php>. 12/ Conforme <http://www.imf.org/External/Pubs/FT/GFSR/2014/01/pdf/ text.pdf>. monitoramento contínuo e coordenado por parte das autoridades reguladoras em nível mundial. 1.3 Mercado financeiro nacional No início do primeiro semestre de 2014, a perspectiva de recuperação da economia norte-americana e a consequente expectativa de que o Fed retirasse os estímulos monetários mais cedo que o esperado contribuíram para a elevação da volatilidade nos mercados financeiros internacionais, com efeitos sobre o mercado financeiro nacional. Posteriormente, com a reversão dessa expectativa, as taxas de juros domésticas futuras exibiram trajetória de queda, e o mercado bursátil passou a operar em alta, encerrando o semestre no mesmo patamar de outubro de 2013. No âmbito interno, as sucessivas revisões para baixo das estimativas de crescimento econômico13 também contribuíram para a redução das taxas de juros domésticas. Além disso, a depreciação do real frente ao dólar norte-americano no início do ano foi revertida, e o risco-país voltou a exibir trajetória declinante14. O BCB interrompeu em maio de 2014 o ciclo de aumento da taxa de juros iniciado em abril de 2013, totalizando elevação de 3,75 pontos percentuais (p.p.) ao longo do período. Em janeiro, diante de uma inflação cuja resistência se mostrava ligeiramente acima da antecipada15, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve o ritmo de elevação da meta para a taxa básica de juros em 0,5 p.p., reduzindo-o para 0,25 p.p. em fevereiro e em abril. A partir de então, a estabilidade da meta para a taxa Selic em 11,0% foi acompanhada, no mercado futuro de taxas de juros, de redução das taxas referentes aos demais prazos. Isso ocorreu em razão da desaceleração do nível de atividade econômica e redução das taxas mensais de inflação16 (gráfico 1.3.1). 13/ A taxa estimada para o crescimento do PIB em 2014, nos relatórios de inflação do BCB de março e de junho era de 2,0% e 1,6% respectivamente. 14/ O Embi+Brasil subiu de 221 para 279 pontos, em 3 de março. Depois apresentou tendência de queda até atingir 205 pontos no final do primeiro semestre, retornando ao patamar do primeiro semestre de 2013. 15/ A mediana das expectativas de inflação (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo [IPCA]) acumulada para os próximos doze meses (suavizada) ao final de dezembro de 2013 foi de 6,01% e oscilou em torno desse patamar ao longo do semestre seguinte, encerrando-o em 5,90%. A meta de inflação foi fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 4,5% para 2014, 2015 e 2016 e os intervalos de tolerância em 2,0 p.p. abaixo e acima da meta. 16/ O IPCA referente ao mês de dezembro foi de 0,92%. Após recuo para 0,55% em janeiro, voltou a subir, retornando a 0,92% em março. No segundo trimestre, o IPCA apresentou declínio e, em junho, já estava em 0,4%. O acumulado em doze meses, entretanto, manteve-se em elevação desde março e registrou 6,34% em junho de 2014.
  • 13. 4,0 3,2 2,4 1,6 0,8 Gráfico 1.3.2 – Volatilidade das taxas de juros Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 12 % a.a. 13,5 12,3 11,1 9,9 8,7 Gráfico 1.3.1 – Evolução das taxas de juros Taxa Selic e swap de 3 e 6 meses, 1 ano e 2 e 5 anos No início de 2014, as taxas no mercado futuro de juros no Brasil acompanharam o comportamento ascendente da taxa básica, oscilando, em seguida, em torno do novo patamar alcançado, particularmente as de prazos mais longos. A partir de março, entretanto, em razão da expectativa do fim do ciclo de aperto monetário, as taxas de prazos mais longos assumiram uma trajetória de queda. Os agentes de mercado esperavam que a meta para a taxa básica se mantivesse constante por algum tempo ao término desse ciclo, o que levou as taxas de curto prazo a convergirem para a taxa básica. Embora tenha ocorrido acentuada perda de inclinação da curva de juros, o processo não foi contínuo ao longo do semestre. Em janeiro, a intensidade do aumento da meta para a taxa Selic e o sell-off dos mercados emergentes, com a crise cambial na Argentina e na Turquia, contribuíram para o ganho de inclinação da curva de juros. Ao final do mês, o Tesouro Nacional anunciou um leilão extraordinário de recompra de títulos, realizado no início de fevereiro, o que favoreceu o processo de flattening da curva de juros. Entretanto, para a maioria dos participantes de mercado, as incertezas quanto à condução da política fiscal17 contribuíram para que as expectativas inflacionárias se mantivessem em patamares elevados e as taxas de juros, em alta. No âmbito externo, a continuidade da redução dos estímulos monetários nos EUA e a possibilidade de que o aumento das taxas de juros pudesse ocorrer antes do esperado adicionaram pressão às taxas de juros no mercado doméstico. No entanto, a partir do final 17/ As soluções para os problemas do setor elétrico e a defasagem acumulada dos preços administrados adicionam incertezas à condução da política fiscal. No ano, até junho, o superavit acumulado do setor público alcançou R$29,4 bilhões, ante R$52,2 bilhões no mesmo período do ano anterior. Considerando-se os fluxos acumulados em doze meses, o superavit primário atingiu R$68,5 bilhões, totalizando 1,36% do PIB, 0,52 p.p. abaixo do registrado no ano de 2013. de março18, registrou-se forte queda nas taxas longas até meados de junho, impulsionadas pela redução dos yields dos Treasuries, que ampliou a entrada de recursos estrangeiros em operações de carry trade e levou à valorização do real e à redução das taxas de juros futuros. Além disso, a perspectiva de manutenção da política monetária acomodatícia nas principais economias desenvolvidas19 contribuiu para o recuo das curvas de juros nessas economias e em países emergentes. Internamente, a queda nas taxas foi impulsionada pelo arrefecimento da atividade econômica20 e pela desaceleração dos índices de inflação. Em junho, o BCB anunciou que estenderia, até o final do ano, o programa de leilões de câmbio que se encerraria no final daquele mês e, embora a taxa de câmbio tenha se mantido relativamente estável, as taxas de juros subiram na segunda quinzena, acompanhando o aumento dos Treasuries. As taxas de juros domésticas apresentaram baixa volatilidade no primeiro semestre de 2014. As volatilidades das taxas de médio e de longo prazo mantiveram-se no patamar registrado no último trimestre de 2013. Ao final de março, o recrudescimento da inflação doméstica, as oscilações dos Treasuries e as incertezas sobre o prazo para o fim dos estímulos do Fed resultaram em aumento pontual da volatilidade na parte longa. A partir do final de maio, a volatilidade voltou a subir ligeiramente, inicialmente em função da incerteza quanto à manutenção 18/ Deve-se observar que não se verificou impacto expressivo do rebaixamento do rating soberano do Brasil pela S&P em 24 de março, que mantém, entretanto, a classificação de grau de investimento. 19/ No início de junho, o BCE cortou em 0,10 p.p. a taxa de refinanciamento, para 0,15%; reduziu a taxa para depósitos bancários para -0,10% e diminuiu a taxa de juros de empréstimo marginal para 0,40%. 20/ Na série dessazonalizada, após aumento de 1,1% em janeiro, o IBC-Br manteve-se praticamente estável até abril, recuando 2,3% no acumulado de maio e junho. 7,5 Jul 2013 Ago Set Out Nov Dez Jan 2014 Fev Mar Abr Mai Jun Taxa Selic 3 meses 6 meses 1 ano 2 anos 5 anos Fontes: BM&FBovespa e BCB 0,0 Jul 2013 Ago Set Out Nov Dez Jan 2014 Fev Mar Abr Mai Jun Curto Médio Longo Fontes: BM&FBovespa e BCB % a.a.
  • 14. Gráfico 1.3.3 – Taxa de câmbio R$/US$ EUR/US$ 0,79 0,77 0,76 0,74 0,73 0,71 Jul 2013 Ago Set Out Nov Dez Jan 2014 Fev Mar Abr Mai Jun R$/US$ EUR/US$ Pontos (mil) 59 56 53 49 46 43 Gráfico 1.3.4 – Índice Bovespa Ago Set Out Nov Dez Jan 2014 Fev Mar Abr Mai Jun Fonte: BM&FBovespa Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 13 do programa de leilões de câmbio, que expiraria no final de junho, e, em seguida, com a inversão do movimento de flattening da curva de juros, acompanhando o movimento dos Treasuries. A volatilidade das taxas de curto prazo, por seu turno, apresentou um pequeno repique apenas em meados de janeiro, em razão de o aumento na taxa Selic ter superado as expectativas do mercado. A partir daí, ancorada na maior homogeneidade das expectativas quanto à evolução da taxa básica de juros, a volatilidade declinou e, ao final do semestre, já se encontrava próximo às mínimas históricas (gráfico 1.3.2). Até o final de janeiro, a taxa de câmbio continuou a trajetória de alta iniciada no semestre anterior, mas reverteu o movimento a partir de fevereiro. Desde então, a volatilidade das taxas retomou a trajetória de queda. A expectativa com a redução dos estímulos monetários pelo Fed havia gerado realocação de portfólio nos mercados internacionais num movimento de flight to quality, afetando, nesse caso, os países emergentes. A partir de fevereiro, o Fed sinalizou que essa redução seria mais suave, desencadeando demanda por maior rentabilidade por parte dos investidores e, consequentemente, a queda da divisa norte-americana ante o real, em razão do decorrente aumento do fluxo de recursos para o país. Em 8 de abril, a cotação21 atingiu R$2,20/USD e, até o final do semestre, passou a oscilar entre esse valor e R$2,25/USD, na maior parte do período. No início de junho, a expectativa de descontinuidade do programa de leilões de swap cambial gerou pressão nas cotações, que apresentaram tendência de alta. Entretanto, a autoridade monetária, ao comunicar a extensão do programa, realinhou as expectativas dos agentes, o que contribuiu para amenizar a volatilidade no mercado de câmbio22. No semestre, o BCB efetuou leilões de swap cambial tradicional23 no valor nocional de US$70,2 bilhões (incluídas as rolagens de vencimentos), terminando o período com posição líquida em swap passiva em 21/ Cotação da taxa de câmbio real/dólar divulgada pelo BCB (PTAX) calculada segundo metodologia divulgada pela Circular BCB nº 3.506, de 23 de setembro de 2010, e atualizada conforme Circular BCB nº 3.537, de 25 de maio de 2011. 22/ De fato, em 24 de junho, o BCB estendeu o programa de leilões de swap cambial e de venda de dólares com compromisso de recompra para o segundo semestre de 2014, com o intuito de prover hedge cambial e liquidez ao mercado de câmbio com as seguintes condições: realização de leilões de swap de segunda a sexta-feira, com oferta de US$200 milhões por dia; realização de leilões de venda de dólares com compromisso de recompra em função das condições de liquidez do mercado de câmbio; e, sempre que necessário, realização de operações adicionais de venda de dólares por meio dos instrumentos ao alcance do BCB. 23/ Leilões de swap cambial realizados pelo Banco Central referenciados à taxa Selic nos quais o BCB assume a parte passiva em câmbio mais cupom cambial e a parte ativa em taxa de juros. câmbio de US$89,9 bilhões. O real encerrou o mês de junho cotado a R$2,20/USD, com valorização de 6,0% no semestre. Em relação ao euro, no mesmo período, a valorização do real foi de 6,3% (gráfico 1.3.3). 2,50 2,42 2,34 2,26 2,18 2,10 O saldo de câmbio contratado registrou fluxo positivo de US$4,1 bilhões no primeiro semestre de 2014, composto por US$2,9 bilhões no comercial e por US$1,3 bilhão no financeiro. O volume líquido de investimento estrangeiro direto (IED) totalizou US$29,3 bilhões no mesmo período. Já as reservas internacionais, no conceito de caixa, encerraram o semestre em US$373,5 bilhões, acréscimo de 4,1% em relação ao final de dezembro de 2013. Jul 2013 No mercado acionário, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) continuou o movimento de queda iniciado em outubro do ano anterior até meados de março, quando reverteu e iniciou trajetória de alta, encerrando o primeiro semestre de 2014 com alta de 3,2% (gráfico 1.3.4). Externamente, a dispersão das expectativas com relação à intensidade na redução dos estímulos à economia norte-americana pelo Fed influenciou o mercado. No âmbito interno, a divulgação do PIB de 2013 acima do esperado ajudou a impulsionar
  • 15. Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 14 a BM&FBovespa no final de março e contribuiu para melhorar a percepção em relação ao Brasil. A partir de abril, as cotações oscilaram com maior volatilidade e foram influenciadas, positivamente, pelo forte fluxo financeiro dos investidores estrangeiros e, negativamente, pela desaceleração do nível de atividade. No semestre, o ingresso líquido dos investimentos estrangeiros somou R$12,2 bilhões, com destaque para o mês de maio, que registrou entrada de R$5,5 bilhões.
  • 16. Sistema bancário 2 2.1 Introdução No primeiro semestre de 2014, manteve-se a avaliação de baixo risco de liquidez e de elevada resiliência do sistema bancário brasileiro. O risco de liquidez continua baixo, apesar do aumento no período decorrente do movimento de alocação de recursos para crédito, principalmente em financiamentos habitacionais, o que provoca redução da participação dos ativos líquidos no balanço das instituições e alongamento de prazo nas carteiras de crédito. No que se refere ao risco de crédito, num cenário de menor ritmo de crescimento das carteiras e de manutenção de práticas e critérios saudáveis na concessão, as provisões apresentam-se adequadas para um novo ambiente, que aponta para leve aumento do risco. Esse aumento decorre da elevação das taxas de juros, do provável fim do ciclo de redução da inadimplência e da redução no índice de cobertura (IC), ainda que este último apresente-se em níveis elevados para os padrões internacionais. O retorno sobre o patrimônio líquido (RSPL) do sistema avançou no semestre, impulsionado por ganhos com tesouraria, os quais compensaram a queda na margem liquida de crédito. A solvência do sistema bancário apresentou estabilidade e permanece em patamar elevado. Os índices de capitalização permanecem em níveis superiores aos requerimentos regulatórios, o que, associado aos resultados da simulação da plena implementação antecipada do arcabouço de Basileia III e da introdução do futuro requerimento de razão de alavancagem, confirma a confortável solvência do sistema bancário. Nas simulações de situações de estresse, o sistema bancário brasileiro apresentou adequada capacidade de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários macroeconômicos adversos, ou de mudanças abruptas nas taxas de juros, de câmbio ou de inadimplência. Destaque-se que, para efeito deste capítulo, o sistema bancário é constituído pelas instituições banco comercial, banco múltiplo, caixa econômica, banco de câmbio e banco de investimento, e pelos conglomerados financeiros compostos ao menos por uma dessas modalidades de instituições. Os bancos de desenvolvimento não estão incluídos nas análises, exceto na seção 2.3 – Crédito, na qual as análises envolvem todo o SFN. 2.2 Liquidez O risco de liquidez de curto prazo do sistema bancário brasileiro continua baixo, não obstante o pequeno aumento no período, reflexo da pressão por rentabilidade que motivou as instituições financeiras (IF) a alocar mais recursos do estoque de captações em carteira de crédito e menos em ativos líquidos24. O risco de liquidez estrutural25 também continua baixo, pois o estoque de recursos estáveis26 tem sido suficiente para suportar o crescimento do crédito, ainda que pressionado pelo alongamento no prazo médio dessa carteira. 24/ Para definição de ativos líquidos e de fluxo de caixa estressado, vide “Conceitos e Metodologias”, itens a e e. 25/ Liquidez estrutural de uma IF refere-se à relação entre operações ativas de prazos mais longos e as fontes de recursos suficientemente estáveis para suportá-las. Quanto maior a estabilidade dos recursos, menor o risco futuro de insuficiência de recursos. 26/ Recursos estáveis são aqueles com risco reduzido de corrida bancária em situação de estresse: a) primeiramente, pela perspectiva do aplicador (principal), são estáveis as captações de varejo (detentores não institucionais); e b) de forma complementar, pela perspectiva do prazo efetivo do instrumento de captação, sendo estável quando maior que um ano. Indicador modificado e adaptado do conceito do Financial Soundness Indicator FSI I22, preconizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Detalhes da definição, ver “Conceitos e Metodologias”, letra b (sob “captações estáveis”). Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 15
  • 17. ativos mais rentáveis em contrapartida à menor liquidez (gráfico 2.2.3). R$ bilhões un. 3.200 2.560 1.920 1.280 640 0,40 0,35 0,30 0,25 0,20 Esse crescimento do crédito foi acompanhado no período pelo aumento do estoque de recursos estáveis, mantendo o risco de liquidez estrutural baixo (gráfico 2.2.4). Por sua vez, o prazo médio da carteira de crédito elevou-se de 24,6 para 34,9 meses, desde 2010, influenciado principalmente pelo aumento da participação de financiamentos habitacionais (gráfico 2.2.5). 140 112 84 56 28 Meses 35 29 23 17 11 Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 16 0 0,15 Jan 2012 Jul Jan 2013 Jul Jan 2014 Jun Gráfico 2.2.3 – Ativos líquidos sobre crédito Ativos líquidos Carteira de crédito doméstica Ativos líquidos/crédito Estoque de captações líquido de compulsório O aumento de ativos líquidos em menor proporção que o de fluxo de caixa estressado (FCE) reduziu levemente o índice de liquidez (IL)27 do sistema de 1,58 para 1,51 no semestre (gráfico 2.2.1). Em que pese a redução do IL do sistema, merece destaque a melhora na distribuição da liquidez entre as instituições, com redução da representatividade para o sistema das IF com IL abaixo de 1 (gráfico 2.2.2). R$ bilhões un. 2,4 1,9 1,4 1,0 0,5 % dos ativos do sistema 50 40 30 20 10 800 640 480 320 160 0 Gráfico 2.2.2 – Distribuição de frequência para o índice de liquidez1/ Índice de liquidez A pressão por rentabilidade tem levado as IF a alterar suas políticas de alocação de recursos. O quociente entre ativos líquidos e crédito segue em tendência de queda nos últimos anos, evidenciando a escolha por 27/ O IL relaciona o volume de ativos líquidos disponíveis para a instituição com o fluxo de caixa estressado (desembolso dos 30 dias/21 dias úteis subsequentes em cenário de estresse). O fluxo de caixa estressado simula desembolsos em padrões bem acima dos esperados, tendo por parâmetro o histórico de crises passadas. Instituições com IL superior a 1,0 (100%) possuem ativos líquidos suficientes para suportar esse cenário de estresse. Como a metodologia simula um cenário de trinta dias em que os ativos líquidos teriam de ser convertidos em dinheiro, eles são marcados a mercado e/ou sofrem ponderação que simula redução de preço no caso de venda forçada. Essa métrica de liquidez tem por base os mesmos conceitos subjacentes ao Liquidity Coverage Ratio (LCR), índice introduzido por Basileia III. O LCR tem sua implementação prevista a partir de janeiro de 2015. 0 Jun 2009 Dez Jun 2010 Dez Jun 2011 Dez Jun 2012 Dez Jun 2013 Dez Jun 2014 % Gráfico 2.2.4 – Captações de recursos estáveis sobre crédito 5 Dez 2010 Jun 2011 Dez Jun 2012 Dez Jun 2013 Dez Jun 2014 Gráfico 2.2.5 – Prazo médio dos estoques de crédito e de captações Prazo médio do estoque de captações Prazo médio da carteira de crédito 18 6 11 6 7 11 7 64 22 5 9 11 5 8 9 62 0 <0,8 0,8-1,0 1,0-1,2 1,2-1,4 1,4-1,6 1,6-1,8 1,8-2,0 ≥2,0 Dezembro 2013 Junho 2014 1/ Os valores sobre as barras referem-se ao número de instituições financeiras com índice de liquidez pertencente ao intervalo correspondente. 0,0 Jan 2012 Jul Jan 2013 Jul Jan 2014 Jun Gráfico 2.2.1 – Índice de liquidez Ativos líquidos Fluxo de caixa estressado Índice de liquidez
  • 18. % 50 40 30 20 10 % 15 12 9 6 3 Gráfico 2.2.7 – Perfil das captações externas como percentual da captação total Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 17 O aumento de recursos estáveis foi possível com oferta de instrumentos de longo prazo e sem possibilidade de resgate antecipado, tais como Letras Financeiras (LF) e Letras Financeiras Subordinadas (LFS), ampliando a estabilidade do funding (gráfico 2.2.6). 100% 80% 60% 40% 20% Por fim, manteve-se inalterada a tendência, iniciada no segundo semestre de 2012, de queda da exposição do SFN a captações externas diretas que ingressam no país28. Nessas, a pequena redução da participação de recursos externos livres29 confere maior estabilidade ao funding. Por sua vez, os recursos externos captados por empresas ou aqueles aplicados diretamente em carteiras de ações e títulos no país têm crescido quando comparados com o porte do sistema bancário. Já o peso dos recursos captados e mantidos no exterior, que era crescente desde 2011, e que evidencia o processo de internacionalização dos bancos brasileiros, estabilizou-se no semestre (gráfico 2.2.7). Em suma, o risco de liquidez de curto prazo permanece baixo e o aumento do volume de recursos estáveis continua suficiente para suportar o crescimento da carteira de crédito. O risco de liquidez estrutural, por sua vez, também não é elevado, embora esteja pressionado pelo movimento de alocação de recursos para crédito e alongamento dessa carteira. 28/ Captações realizadas no exterior diretamente pelos bancos sediados no Brasil ou redirecionados para esses quando captados por agências e subsidiárias no exterior. 29/ São considerados recursos externos livres aqueles que ingressam no país e não estão necessariamente vinculados a operações de comércio exterior (importações, exportações e repasses). 2.3 Crédito As provisões para o risco de crédito apresentam-se adequadas para um novo cenário que aponta para leve aumento do risco de crédito, decorrente da elevação das taxas de juros, do provável fim do ciclo de redução da inadimplência iniciado no segundo semestre de 2012 e da redução no índice de cobertura (IC)30. Completam esse cenário o menor ritmo de crescimento do crédito e a manutenção de práticas e critérios saudáveis na concessão de novas operações. A queda no ritmo do crescimento do crédito doméstico acentuou-se no período, principalmente por causa da redução da taxa de crescimento da carteira dos bancos públicos (gráfico 2.3.1). Não obstante, esses bancos mantiveram expansão maior do que a dos bancos privados, aumentando sua participação no crédito doméstico total para 52,7% em junho de 2014. 30/ O índice de cobertura mede a razão entre a provisão contabilizada e o saldo total das operações vencidas há mais de noventa dias. 0% Jun 2008 Dez Jun 2009 Dez Jun 2010 Dez Jun 2011 Dez Jun 2012 Dez Jun 2013 Dez Jun 2014 Gráfico 2.2.6 – Perfil das captações Depósitos a vista Depósitos a prazo Depósitos de poupança Empréstimos e repasses Compromissadas (títulos privados) LCA + LCI IHCD + LFS + LF Outros 0 Dez 2008 Jun 2009 Dez Jun 2010 Dez Jun 2011 Dez Jun 2012 Dez Jun 2013 Dez Jun 2014 Gráfico 2.3.1 – Crescimento anual do crédito por controle Público Privado Total 0 Dez 2010 Jun 2011 Dez Jun 2012 Dez Jun 2013 Dez Jun 2014 Captações externas mantidas no exterior Captações externas que ingressam (vinculadas a comércio exterior) Captações externas que ingressam (recursos livres)
  • 19. 6,0 4,8 3,6 2,4 1,2 Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 18 Quanto às taxas de juros, houve elevação no semestre, tanto para o crédito livre, quanto para o crédito direcionado (gráfico 2.3.2), influenciada, em parte, pela continuidade dos aumentos da taxa Selic31/. Aumentos foram observados em todas as modalidades de crédito, mas em maior intensidade naquelas que apresentam maior nível de inadimplência, como os créditos rotativos e o crédito pessoal não consignado. Gráfico 2.3.2 – Evolução das taxas de juros Recursos livres e direcionados, PF e PJ % a.a. 50 40 30 20 10 A inadimplência na carteira de crédito doméstico fechou em 3,0% em junho de 2014, índice estável em relação a dezembro de 2013, depois de três semestres consecutivos de redução, indicando o provável fim do ciclo de redução da inadimplência. Esse comportamento é explicado por um ritmo menos acentuado de queda da inadimplência nos bancos privados, cuja diminuição no semestre foi de apenas 0,1 p.p., e pelo aumento de 0,2 p.p. nos bancos públicos (gráfico 2.3.3). Constatam-se também comportamentos diferentes na análise por pessoa jurídica e pessoa física. No primeiro caso, houve aumento de 0,2 p.p.; no segundo, redução de 0,1 p.p. 6,0 4,8 3,6 2,4 1,2 31/ No segundo semestre de 2013, a meta para a taxa Selic variou de 8,00% para 10,00%; no primeiro semestre de 2014, variou de 10,00% para 11,00%. Embora tenha ficado estável como proporção da carteira de crédito, a inadimplência elevou-se em termos absolutos, movimento não acompanhado na mesma magnitude pelas provisões. Como consequência, houve diminuição da folga do índice de cobertura (IC), que passou de 1,75 em dezembro de 2013 para 1,65 em junho de 2014. Esse nível continua a ser adequado para fazer frente a potenciais perdas, mesmo em um cenário conservador, sendo superior ao mantido pelas instituições da maioria dos países.32 A avaliação de suficiência da cobertura de provisões também é corroborada por outras métricas, como a relação entre as provisões constituídas e os créditos baixados para prejuízo nos doze meses seguintes, ou as provisões constituídas e o total da carteira de maior risco (operações de crédito classificadas nos níveis de E a H) (gráfico 2.3.4). Uma análise da dispersão do IC por banco33 (gráfico 2.3.5) em dezembro de 2013 e junho de 2014 evidencia que o movimento mais expressivo no período foi sua redução no grupo de bancos com maior folga, ou seja, naqueles em que o IC era igual ou superior a 1,9. Assim, a redução desse índice para o total do SFN foi influenciada por esse fator, e não pelo aumento da relevância de bancos com IC menor do que 1,0. Ainda que índices inferiores a 1,0 sejam relativamente comuns na comparação 32/ Global Financial Stability Report publicado em abril de 2014, página 31, disponível no sítio do FMI: <http://www.imf.org/external/pubs/ft/GFSR/ index.htm>. 33/ O termo “banco” utilizado aqui engloba tanto as instituições financeiras pertencentes a conglomerados, quanto instituições financeiras independentes. Nesse teste, as cooperativas de crédito e as instituições financeiras não bancárias não foram consideradas, pois, apesar de serem em grande número, respondiam somente por 2,9% do crédito doméstico total em junho de 2014. 0 Mar 2011 Jun Set Dez Mar 2012 Jun Set Dez Mar 2013 Jun Set Dez Mar 2014 Jun Livre PJ Livre PF Direcionado PJ Direcionado PF 0,0 Mar 2011 Jun Set Dez Mar 2012 Jun Set Dez Mar 2013 Jun Set Dez Mar 2014 Jun Público Privado Total % Gráfico 2.3.3 – Inadimplência por controle 0,0 Mar 2011 Jun Set Dez Mar 2012 Jun Set Dez Mar 2013 Jun Set Dez Mar 2014 Jun % Gráfico 2.3.4 – Inadimplência, provisões e baixas para prejuízo Carteira de crédito classificada nos níveis de E até H Provisões Inadimplência Créditos baixados nos doze meses seguintes
  • 20. 40 30 20 10 0 Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 19 internacional34, cabe salientar que, em junho de 2014, 93% da carteira de crédito no SFN encontrava-se no ativo de instituições com IC superior a 1,3. Gráfico 2.3.5 – Distribuição de frequência para o índice de cobertura1/ 25 8 11 23 12 12 8 11 57 4 12 60% 48% 36% 24% 12% Passando a focalizar especificamente no crédito à pessoa física, cabe destacar que a expansão do mercado de crédito, embora em menor ritmo, não foi acompanhada de alterações significativas no comprometimento de renda dos tomadores de crédito no SFN35. Apesar do aumento registrado no primeiro semestre de 2014 em todas as faixas de renda, os valores ainda se encontram em patamares inferiores aos observados em junho de 2013 (gráfico 2.3.6). Gráfico 2.3.6 – CR dos tomadores de crédito no SFN Pessoa física % 25 20 15 10 5 34/ Financial Soundness Indicators – FSI Tables, de abril de 2014, tabela 4, disponível no sítio do FMI: <http://fsi.imf.org/fsitables.aspx>. 35/ O comprometimento de renda dos tomadores de crédito considera apenas a renda das pessoas físicas que possuem endividamento no SFN. Não se confunde com o comprometimento de renda das famílias, divulgado no Sistema Gerenciador de Séries Temporais – Série 19.881, que computa a renda de toda a população conforme metodologia utilizada internacionalmente. Para mais detalhes sobre o comprometimento de renda dos tomadores de crédito no SFN, ver seção “Conceitos e metodologias”, item d. Vale notar que o financiamento imobiliário e o crédito pessoal consignado correspondem às modalidades com maiores participações (29,5% e 18,1% em junho de 2014), explicitando a estratégia das instituições financeiras de dar maior ênfase em modalidades de baixo risco no crédito à pessoa física. Em relação à velocidade de crescimento desses saldos no semestre (gráfico 2.3.7), à exceção do financiamento para aquisição de veículos, todas as carteiras continuaram apresentando índice de crescimento superior à variação do PIB. Mesmo com a desaceleração no período recente, as carteiras de financiamento imobiliário e de financiamento rural mantiveram o crescimento expressivo, com variações de 28,9% e 27,2%, respectivamente, na comparação anual. A retração no montante da carteira de veículos prosseguiu no período, com redução de 4,5% no semestre ou 6,9% na comparação anual36. No entanto, há na margem uma pequena aceleração nas concessões, as quais cresceram 3,6% no primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período do ano anterior. O cartão de crédito apresentou crescimento da ordem de 14%, mas, quando avaliada sua composição, nota-se forte crescimento do crédito a vista em detrimento do crédito rotativo, o que sugere a utilização dessa modalidade principalmente como meio de pagamento diferido, e não como empréstimo propriamente dito. A inadimplência de algumas modalidades de crédito a pessoas físicas voltadas ao consumo sem destinação 36/ O saldo da carteira de veículos foi mensurado a partir das séries temporais número 20581 e 20581, divulgadas no SGS, as quais se referem ao financiamento e ao arrendamento mercantil de veículos, respectivamente, adotando metodologia distinta para apuração do saldo daquela apresentada na Nota para a Imprensa sobre Política Monetária e Operações de Crédito do SFN. 0 Até 3 s.m. 3 a 5 s.m. 5 a 10 s.m. > 10 s.m. SFN Junho 2013 Dezembro 2013 Junho 2014 55 0% <0,7 0,7≤IC<1 1≤IC<1,3 1,3≤IC<1,6 1,6≤IC<1,9 ≥1,9 Dezembro 2013 Junho 2014 1/ As colunas indicam a representatividade da carteira, e os valores sobre elas referem-se ao número de instituições financeiras com índice de cobertura no intervalo correspondente. -10 Dez 2012 Mar 2013 Jun Set Dez Mar 2014 Jun Gráfico 2.3.7 – Crescimento anual do crédito Principais modalidades – PF Imobiliário Financiamento rural Consignado Cartão de crédito Sem consignação Veículos %
  • 21. tanto públicas quanto privadas, preservando critérios prudentes de concessão, uma vez que as PME apresentam inadimplência mais elevada41. 30 24 18 12 6 0 A inadimplência das pessoas jurídicas aumentou em 0,2 p.p. no semestre, para 2,0% em junho de 2014. O acréscimo ocorreu em ambas as classificações de portes, sendo que o incremento dos atrasos das PME ficou concentrado nos bancos públicos e o das grandes empresas, nas instituições privadas. Apesar dessa elevação, a inadimplência encontra-se abaixo das máximas observadas em períodos anteriores recentes (gráfico 2.3.10). A redução da oferta de crédito para as PME poderia ocasionar limitações na rolagem de suas necessidades de financiamento, causando eventuais impactos na inadimplência do segmento. Visando evitar a materialização desses riscos, no mês de agosto o Banco Central atuou preventivamente por meio de medidas macroprudenciais com o objetivo de reduzir restrições à oferta de crédito às PMEs42. Nas grandes empresas, avalia-se que eventual aumento de créditos inadimplentes apresentaria impactos apenas pontuais, determinados mais em função da dinâmica adversa de setores localizados do que de fatores generalizáveis. 41/ A Pesquisa Trimestral de Condições de Crédito no Brasil de junho de 2014, realizada pelo BCB, indica uma oferta menor de crédito para as pessoas jurídicas no próximo trimestre, embora menos restritiva que a observada no trimestre anterior. Os principais fatores, no caso das PME, são os níveis de tolerância ao risco e da inadimplência, e no caso das grandes empresas, as condições gerais da economia e específicas da indústria/setor da empresa, bem como a percepção do risco do tomador de crédito. 42/ A Circular BCB 3.714, de 20 de agosto de 2014, entre outras medidas visando à convergência da regulação da exigência de capital aos padrões internacionais e considerando a fase atual do ciclo de crédito, elevou os critérios de exposição e receita máximas que definem operações contratadas com empresas como elegíveis para a carteira de varejo, ampliando o rol de operações classificáveis no fator de ponderação de risco (Fpr) de 75%. Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 20 Jun 2011 Jun 2012 Jun 2013 Jun 2014 PME Grande Total % Gráfico 2.3.9 – Crescimento anual do crédito Pessoa jurídica específica37 apresentou sinais de elevação no semestre, revertendo o ciclo de redução que vinha ocorrendo desde o segundo semestre de 2012 (gráfico 2.3.8). Os empréstimos sem consignação e as operações com cartão de crédito38 – modalidades mais arriscadas, per se – apresentaram, entre fevereiro e junho, aumento na inadimplência de 6,7% para 7,0% e de 6,4% para 6,7%, respectivamente. A carteira de financiamento de veículos, por sua vez, manteve a trajetória de redução na inadimplência observada nos últimos três semestres, fato esse explicado tanto pelo expressivo fluxo de baixa para prejuízo das operações inadimplidas39, quanto pela manutenção de critérios mais conservadores nas concessões. 10 8 6 4 2 0 Mar 2011 Jun Set Dez Mar 2012 Jun Set Dez Mar 2013 Jun Set Dez Mar 2014 Jun Imobiliário Financiamento rural Consignado Sem consignação Veículos Cartão de crédito % Gráfico 2.3.8 – Inadimplência de PF por modalidade No que tange ao crédito à pessoa jurídica, a análise por porte aponta que pequenas e médias empresas (PME)40 continuaram perdendo participação no estoque total de crédito, de 46,6% em dezembro de 2013 para 45,0% em junho de 2014, consequência de um crescimento cada vez menor da carteira de crédito com essas empresas, em comparação com as grandes empresas (gráfico 2.3.9). Esse fato reflete a manutenção de uma postura mais conservadora das instituições financeiras, 37/ Entenda-se crédito ao consumo sem destinação específica como todo crédito voltado a pessoa física, exceto o financiamento imobiliário, o financiamento rural e o financiamento de veículos. 38/ A inadimplência em cartões de crédito refere-se à soma ponderada das operações em atraso superior a noventa dias nas modalidades cartão a vista, rotativo e parcelado. Trata-se de metodologia distinta de apuração da inadimplência do produto cartão de crédito daquela apresentada na Nota para a Imprensa sobre Política Monetária e Operações de Crédito do SFN e publicada no SGS. 39/ O fluxo de baixas para prejuízo se concentrou especialmente nas operações concedidas durante o período de maior apetite ao risco das instituições financeiras. 40/ A segregação por porte utilizou como proxy o valor devido das operações de crédito doméstico. As PME são aquelas cujas dívidas são inferiores a R$100 milhões, e as grandes, iguais ou superiores a R$100 milhões.
  • 22. Gráfico 2.4.1 – Retorno sobre o patrimônio líquido anual Acumulado nos últimos doze meses Unidades % 18 15 12 9 6 150 120 90 60 30 Gráfico 2.4.2 – Composição do resultado, antes de tributos sobre faturamento e lucro R$ bilhões Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 21 Gráfico 2.3.10 – Inadimplência Pessoa jurídica % 5 4 3 2 1 Por fim, os principais fatores que marcaram o comportamento do crédito doméstico no primeiro semestre de 2014, como a desaceleração do crescimento e a relativa estabilidade da inadimplência, tendem a continuar presentes no segundo semestre. Mesmo em cenário que apresente algum grau de elevação da inadimplência, ainda assim o SFN apresenta adequados fundamentos para fazer frente a esse ambiente, notadamente, a manutenção tanto do nível adequado de provisões para perdas quanto de políticas saudáveis na concessão de crédito. 2.4 Rentabilidade O RSPL do sistema bancário atingiu 13,7% ao ano (a.a.) em junho de 2014. Desconsiderando os efeitos de uma operação não recorrente43, houve avanço de 0,8 p.p. em relação a dezembro de 2013, alargando a distância entre o RSPL bancário e a Selic, utilizada como proxy para taxa livre de risco44 (gráfico 2.4.1). O resultado líquido de intermediação financeira avançou cerca de R$8 bilhões em relação a dezembro de 2013, em razão da melhora significativa do resultado com tesouraria. A elevação da taxa Selic contribuiu para o aumento das receitas com títulos de renda fixa, ao passo que, com a redução das taxas de juros de longo prazo, o ajuste a valor de mercado de títulos, que vinha gerando perdas desde o início de 2013, voltou a ser positivo no 43/ Em abril de 2013, o Banco do Brasil (BB) alienou parte de sua participação no BB Seguridade, gerando um acréscimo de aproximadamente R$4,7 bilhões no lucro líquido (LL) do sistema bancário. No acumulado de doze meses, esse valor afetou o LL até março de 2014. 44/ Para efeito de comparação com o RSPL, utilizou-se como proxy para taxa livre de risco a média anual da Selic acumulada nos últimos 36 meses, multiplicada por 0,85 para minimizar efeitos tributários. O prazo de 36 meses foi definido com base no prazo médio da carteira de crédito, principal fonte de receita do sistema bancário. primeiro semestre de 2014. O resultado de crédito, por outro lado, recuou pelo segundo semestre seguido, em decorrência da redução da margem, a qual não vem sendo compensada pelo crescimento da carteira (gráfico 2.4.2). 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 200 160 120 80 40 A margem de crédito ainda estará pressionada no curto prazo. O aumento nas taxas de concessão em algumas modalidades colaborou, até junho de 2014, apenas para estabilizar a rentabilidade bruta das operações. O custo de captação, por sua vez, deve permanecer em elevação até o final de 2014, porém em ritmo mais moderado. Ademais, como não se espera redução na inadimplência média do sistema bancário, o recuo nas despesas de provisão45 observado nos últimos semestres não deverá se repetir (gráfico 2.4.3). 45/ Considera-se o resultado de despesas de provisão, líquido de reversões e de recuperação de crédito. 0 Jun 2011 Jun 2012 Jun 2013 Jun 2014 PME Grande Total 1,2 Dez 2009 Jun 2010 Dez Jun 2011 Dez Jun 2012 Dez Jun 2013 Dez Jun 2014 3 RSPL anual do sistema bancário (SB) RSPL anual do SB ajustado (sem efeito da venda do BB Seguridade) Proxy para taxa livre de risco RSPL anual do SB / (0,85 * Selic) (eixo da esquerda) RSPL anual do SB ajustado / (0,85 * Selic) (eixo da esquerda) 0 0 Dez 2012 Jun 2013 Dez Jun 2014 R$ bilhões Resultado com crédito Resultado com tesouraria Receitas com serviços Outros resultados operacionais e não operacionais Despesas administrativas (eixo da esquerda)
  • 23. Gráfico 2.4.5 – Distribuição de frequência do RSPL anual1/ % dos ativos do sistema 100 80 60 40 20 Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 22 Gráfico 2.4.3 – Margem de crédito Acumulado nos últimos doze meses % 20 16 12 8 4 0 As receitas de serviços continuam aumentando, sustentadas pelo mercado de cartões de crédito. Contudo, com a redução do avanço de fontes importantes, como tarifas bancárias, o ritmo de crescimento das receitas de serviços tem se reduzido gradativamente e está no menor nível desde meados de 2010. A taxa de crescimento das despesas administrativas, por sua vez, que apresentava declínio desde abril de 2012, estabilizou-se a partir do final de 2013 (gráfico 2.4.4). 20 16 12 8 4 Gráfico 2.4.4 – Taxa anual de crescimento Considerando as IF individualmente, a melhora do RSPL levou a um aumento de 51 para 58 no número de IF com RSPL anual acima da proxy para a taxa livre de risco. Contudo, 35 IF, ou 26,5% das instituições, que representam 4,0% dos ativos do sistema, ainda permanecem com prejuízo no acumulado dos últimos doze meses (gráfico 2.4.5). Para o próximo semestre, não há expectativa de retomada expressiva do crédito, tampouco de redução de despesas de provisão e, sem movimentos relevantes na Selic e nas taxas de longo prazo, os ganhos adicionais com tesouraria tendem a ser menores. Ademais, o ritmo de crescimento das receitas de serviços tem desacelerado. Assim, desconsiderando fontes não recorrentes de resultado, o ganho de rentabilidade dependerá, em grande parte, da capacidade de os bancos ganharem eficiência por meio de contenção de despesas. 2.5 Solvência A solvência do sistema bancário apresentou estabilidade e permanece em patamar elevado, apesar da redução absoluta registrada no Índice de Basileia quando se compara o mês de novembro46 de 2013 com junho de 2014. Os índices de capitalização permanecem em níveis superiores aos requerimentos regulatórios, o que, associado aos resultados da simulação da plena implementação do arcabouço de Basileia III e da introdução do futuro requerimento de razão de alavancagem, confirma a situação confortável da solvência do sistema. Em junho de 2014, o IB atingiu 15,5% (gráfico 2.5.1), queda absoluta de 1,1 p.p. em relação a novembro de 2013, influenciada por mudanças regulatórias advindas dos ajustes prudenciais progressivos de Basileia III e alteração no cálculo47 dos ativos ponderados por risco (RWA). Mesmo com a redução do IB, o capital principal (CP), isoladamente, seria suficiente para atender aos três 46/ Em decorrência da introdução do arcabouço regulatório de Basileia III e do calendário para envio de informações ao Banco Central, definido pela Circular BCB nº 3.686, de 29 de novembro de 2013, a edição anterior da seção de solvência do REF analisou o período de junho a novembro de 2013, razão pela qual se analisa nesta edição o período compreendido entre novembro de 2013 e junho de 2014. 47/ Em dezembro de 2013, passaram a produzir efeito as circulares BCB nº 3.679, de 31 de outubro de 2013, e nº 3.696, de 3 de janeiro de 2014, que alteram procedimentos para o cálculo do RWA referente às exposições ao risco de crédito sujeitas ao cálculo do requerimento de capital mediante abordagem padronizada. 0 Jun 2010 Dez Jun 2011 Dez Jun 2012 Dez Jun 2013 Dez Jun 2014 Receita de serviços Despesas administrativas % Dez 2009 Jun 2010 Dez Jun 2011 Dez Jun 2012 Dez Jun 2013 Dez Jun 2014 Rentabilidade bruta das operações Despesa de provisões/operações de crédito Custo de captação Margem líquida de crédito 44 36 51 35 39 58 0 RSPL < 0 0 < RSPL < 0,85 * Selic RSPL > 0,85 * Selic Dezembro 2013 Junho 2014 1/ Os valores dentro das colunas referem-se ao número de IFs com RSPL anual pertencente ao intervalo correspondente.
  • 24. Gráfico 2.5.2 – Distribuição de frequência para o capital principal/RWA ponderado por ativos1/ 0 0 0 % dos ativos do sistema 14 117 1 0 3 10 118 60 48 36 24 12 0 0 - 4,5 4,5-5,125 5,125-7 7-10,5 >10,5 Novembro 2013 Junho 2014 1/ Os valores dentro das barras referem-se ao número de IFs com índice de capital principal pertencente ao intervalo correspondente. Gráfico 2.5.3 – Evolução da necessidade de capital com regras de 2019 0,4 0,3 - 0,6 1,4 0,1 0,3 0,9 0,8 0,8 R$ bilhões 4,0 3,2 2,4 1,6 0,8 0,0 Nov 2013 Jun 2014 Nov 2013 Jun 2014 Público comercial Privado Capital principal Capital complementar PR_II Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 23 requerimentos regulatórios. O índice de capitalização teria apresentado estabilidade, caso não houvesse alterações regulatórias. Gráfico 2.5.1 – Índices de capitalização e exigência regulatória1/ 16,6 15,5 12,9 12,2 5,5 18 15 12 8 5 O Patrimônio de Referência (PR) atingiu R$619,5 bilhões em junho de 2014, aumento de R$0,5 bilhão em relação a novembro de 2013, influenciado pela progressividade dos ajustes prudenciais de Basileia III, os quais passaram de R$8,7 bilhões em novembro para R$29,5 bilhões em junho de 2014. Contribuíram positivamente para o PR o lucro líquido retido de R$17,0 bilhões e o ganho de R$8,4 bilhões em marcação a mercado de títulos disponíveis para venda e em obrigações referentes a planos de previdência de benefício definido de funcionários. O RWA, influenciado principalmente pela elevação do fator de ponderação de risco das exposições, avançou 7,2%, para R$4.001,1 bilhões, em junho de 2014, montante do qual 89,4% correspondem ao risco de crédito. Em linha com os dados agregados do sistema, verifica-se pouca alteração na capitalização de instituições financeiras entre novembro de 2013 e junho de 2014 (gráfico 2.5.2), ficando apenas uma instituição, responsável por menos de 0,01% dos ativos do sistema, com nível de capital principal inferior ao mínimo exigido, que atualmente é de 4,5% do RWA. A estabilidade no nível de capitalização também é evidenciada quando se simula a aplicação dos ajustes regulatórios de Basileia III em sua totalidade aos dados de novembro de 2013 e de junho de 2014. O IB projetado, caso as regras que entrarão em vigor até 2019 estivessem válidas, ficaria estável em 13,2%, tomando por base o mesmo conjunto de regras48 e os dados de novembro de 2013 e de junho de 201449. Ainda dentro do exercício de projeção, a necessidade total de capital do sistema (gráfico 2.5.3) para atender os requerimentos futuros50 se reduziu de R$3,4 bilhões em novembro de 2013 para R$2,1 bilhões em junho de 2014, equivalente a 0,3% do PR do SFN. Os bancos privados reduziram a necessidade projetada de R$2,7 bilhões para R$1,2 bilhão, ao passo que a necessidade dos bancos públicos comerciais elevou-se de R$0,7 para R$0,9 bilhão. 48/ Nesse exercício, as alterações normativas promovidas pelas circulares BCB nº 3.696, nº 3.711 e nº 3.714, de 3 de janeiro de 2014, 24 de julho de 2014 e 20 agosto de 2014, respectivamente, são consideradas. Elas afetam os índices de capitalização e realinham o requerimento de capital para algumas modalidades de exposição. 49/ O presente exercício, por se tratar de uma simulação, já considera como capital principal os instrumentos híbridos de capital e dívida adquiridos pela União e emitidos pelos bancos públicos comerciais, em função de readequação das cláusulas e nova autorização do BCB, nos termos da Resolução CMN nº 4.192, de 1º de março de 2013. 50/ Em 2019, considera-se requerimento de 7% do RWA constituído sob a forma de capital principal, 8,5% do RWA sob a forma de capital nível I e 10,5% do RWA sob a forma de PR, contemplando o limite inferior do adicional de capital principal, conforme a Resolução CMN nº 4.193, de 1º de março de 2013. 11,8 11,0 4,5 2 Nov 2013 Jan 2014 Mar Jun % Índice de capital principal Índice de patrimônio de referência nível I Índice de Basileia 1/ As linhas pontilhadas representam os requerimentos regulatórios para os diferentes níveis de capital.
  • 25. Gráfico 2.5.6 – Capital/ativos e IB Últimos dados disponíveis1/ KO 15 12 9 6 3 Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 24 Ainda com base nas simulações de Basileia III, verificam-se alterações pontuais no nível de capitalização das instituições financeiras (gráfico 2.5.4), em linha com o dado agregado do sistema. Gráfico 2.5.4 – Distribuição de frequência para o capital principal/RWA projetado para 2019 ponderado por ativos1/ 2 0 1 16 % dos ativos do sistema 75 60 45 30 15 A sólida situação de solvência do SFN é também constatada quando se analisa a situação brasileira em relação ao futuro requerimento regulatório, a Razão de Alavancagem (gráfico 2.5.5), que entrará em vigor em janeiro de 2018, segundo o Comitê da Basileia de Supervisão Bancária. A propósito, em 25 de julho de 2014, o BCB disponibilizou para consulta pública a minuta de normativo referente à razão de alavancagem51. Os cálculos preliminares reforçam a percepção de solidez do sistema, obtendo-se o valor de 7,3% para o SFN em junho de 2014, frente ao requerimento inicial de 3%. Gráfico 2.5.5 – Distribuição de frequência para a razão de alavancagem ponderado por ativos1/ % dos ativos do sistema 80 64 48 32 16 51/ Para mais informações, ver <https://www3.bcb.gov.br/audpub/Anexos/ Download?caminho=/editais/edt_60/EditalConsultaPublica44.pdf> e <http://www.bis.org/publ/bcbs270.htm>. Outros indicadores de solidez como o IB e a relação Capital/Ativos, uma medida mais simples de alavancagem, também corroboram a percepção da robustez do SFN, quando comparado a outras jurisdições. (gráfico 2.5.6). Concluindo, a solvência do sistema bancário continua elevada, com níveis de capitalização adequados para suportar os riscos assumidos. Grande parte da variação nominal dos referidos índices é resultado do cronograma progressivo de implementação de Basileia III e de alteração no método de cálculo do RWA. Simulações desconsiderando alterações na metodologia de cálculo reforçam a conclusão acerca da estabilidade da solvência em patamar elevado. 2.6 Testes de estresse de capital52 Com a finalidade de mensurar a resistência, bem como a capacidade de absorção de perdas do sistema bancário à materialização dos principais riscos a que se encontra exposto, foram simuladas alterações extremas e adversas nas principais variáveis econômicas e financeiras. Apesar de a necessidade de capitalização na análise de cenário ter aumentado em relação ao teste realizado em dezembro de 2013, os resultados obtidos permitem concluir que o sistema bancário brasileiro apresenta adequada capacidade de suportar tanto os efeitos de choques decorrentes de cenários adversos por seis trimestres consecutivos, quanto de mudanças abruptas nas taxas de juros e de câmbio ou na inadimplência. 52/ Para detalhes sobre o conceito de “testes de estresse” e a metodologia relacionada aos testes e cenários, refira-se ao anexo “Conceitos e Metodologias – Estresse de capital”. 2 5 13 16 96 0 0-3 3-5 5-7 7-9 >9 Junho 2014 1/ Os valores dentro das barras referem-se ao número de IFs com índice % de alavancagem pertencente ao intervalo correspondente. 111 3 0 1 12 116 0 0 - 4,5 4,5-5,125 5,125-7 7-10,5 >10,5 Novembro 2013 – Proj. 2019 Junho 2014 – Proj. 2019 1/ Os valores dentro das barras referem-se ao número de IFs com índice de capital principal pertencente ao intervalo correspondente. AU FR IN CH IT RU JP USA UK SA CA AR MX BR/2 ID TU GE 0 10 12 14 16 18 20 Fonte: FMI. 1/ As siglas acima correspondem a: Capital/ativos (%) IB (%) AR = Argentina; AU = Austrália; BR = Brasil; CA = Canadá; CH = China; FR = França; GE = Alemanha; ID = Indonésia; IN = Índia; IT = Itália; JP = Japão; KO = Coreia do Sul; MX = México; RU = Rússia; SA = África do Sul; TU = Turquia; UK = Reino Unido; e USA = Estados Unidos da América. 2/ As informações divergem dos dados encontrados em <http://fsi.imf.org>, em razão de serem utilizados dados de junho de 2014 do BCB, ainda não disponíveis no referido sítio.
  • 26. base, VAR estressado, quebra estrutural e pior histórico. As inadimplências projetadas podem ser vistas no gráfico 2.6.1. Os resultados do VAR Estressado revelam que a inadimplência projetada atingiria o pico de 5,4%, superando as provisões constituídas em junho de 2014 em 0,9 p.p. Para o cenário de quebra estrutural, o pico seria de 5,5%. Ambos seriam atingidos em dezembro de 2015. Apesar de a necessidade de capital apresentar um leve aumento em relação aos testes efetuados em dezembro de 2013 (gráfico 2.6.2), em todos os cenários o sistema bancário permaneceria com seus índices de capitalização acima dos mínimos regulamentares. Gráfico 2.6.2 – Necessidades de capital VAR estressado – Evolução % do PR 3,0 2,4 1,8 1,2 0,6 Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 25 2.6.1 Análise de cenário – Testes de estresse nas condições macroeconômicas A análise de cenário baseia-se em modelo estatístico que relaciona cenários macroeconômicos ao risco de crédito da carteira de empréstimos e financiamentos dos bancos. Essa análise contempla quatro cenários para um horizonte de tempo de seis trimestres consecutivos e projeta a inadimplência e o crescimento da carteira de crédito a partir desses cenários. Todos eles são baseados na projeção do produto e das taxas de juros, de câmbio e de inflação, além de choques externos medidos pelo prêmio de risco Brasil e pelos juros americanos. Na tabela 2.6.1, podem ser observados os valores das variáveis que compõem cada um dos cenários: cenário Tabela 2.6.1 – Cenários de estresse macroeconômico (dezembro de 2015) Cenários Jun/14 Cenário base1/ VAR estressado (α = 5%) Quebra estrutural Pior histórico Produto (IBC-Br) 1,4% 1,2% -1,7% -1,7% -0,2% Juros (Selic) 10,9% 12,0% 8,8% 19,7% 12,1% Câmbio (R$/US$) 2,23 2,49 3,57 3,75 2,89 Inflação (IPCA) 6,3% 6,0% 4,7% 16,5% 10,8% Desemprego (PME-IBGE) 4,4% 4,4% 8,9% 8,9% 5,0% Prêmio de risco (EMBI Brasil+)2/ 209 209 209 209 302 Juros americanos (Treasury 10 anos) 2,6% 2,6% 5,1% 5,1% 2,4% constantes por todo o período de projeção. dez./2015. Adversos 1/ As variáveis obtidas da pesquisa Focus são a previsão para o PIB, a Selic, o câmbio e a inflação. As demais variáveis são mantidas 2/ Para o VAR estressado e quebra estrutural, o prêmio máximo, igual a 401, é atingido em dez./2014, retornando gradativamente ao valor inicial em 0,0 0 1 2 3 4 5 6 Trimestres Dezembro 2013 Junho 2014 Gráfico 2.6.1 – Estresse macroeconômico Inadimplência projetada % 6,0 4,8 3,6 2,4 1,2 0,0 Jun 2014 Set Dez Mar 2015 Jun Set Dez Cenário base VAR estressado (α = 5%) Quebra estrutural Pior histórico Provisões constituídas (jun./2014)
  • 27. Gráfico 2.6.4 – Análise de sensibilidade Risco de taxa de juros 4,2 2,1 44 0,0 0,0 15,4 14,3 Máx. variação em 21 dias desde jan./1999 Negativa Positiva USADO ESTE 2.6.3 NO REF201406 13,0 4,6 0,9 0,6 0,1 40 36 32 28 24 Nível II Complementar Bancos desenquadrados (% do ativo total) 2,3 160 156 152 148 144 140 136 132 128 124 120 116 112 108 104 Gráfico 2.6.5 – Análise de sensibilidade Risco de crédito 15,4 11,7 4,1 0,2 Bancos desenquadrados (% do ativo total) Nível II Complementar Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 26 Após seis trimestres de deterioração macroeconômica, a necessidade estimada de capitalização do sistema para que nenhum banco ficasse desenquadrado53 seria de 2,5% do patrimônio de referência atual do sistema, quase toda ela formada por capital de nível 2 (gráfico 2.6.3). Gráfico 2.6.3 – Necessidades de capital VAR estressado Índice de Basileia (%) % do PR 18,0 14,4 10,8 7,2 3,6 6 5 4 2 1 2.6.2 Análise de sensibilidade A análise de sensibilidade consiste na aplicação de variações incrementais nas taxas de juros e de câmbio e na inadimplência, bem como na mensuração do efeito isolado das variações de cada uma dessas variáveis sobre o capital e os índices de capitalização dos bancos, mantendo-se os demais fatores de risco inalterados. No pior caso, se a taxa de juros fosse reduzida para algo próximo a 1,0% a.a., dezesseis instituições bancárias, detentoras de 4,2% do total de ativos do sistema, ficariam desenquadradas. Essas instituições necessitariam de um aporte equivalente a 6,0% do capital do sistema para evitar um desenquadramento (gráfico 2.6.4). Nos choques simulados, nenhuma instituição bancária ficaria insolvente. Os testes de sensibilidade às taxas de câmbio revelam que os impactos seriam irrelevantes para o sistema. O resultado relativo aos testes de sensibilidade à materialização do risco de crédito, sumarizados no gráfico 2.6.5, indica que, caso se repita a maior inadimplência já observada no sistema bancário brasileiro desde dezembro de 2000, próxima a 7%, a representatividade dos ativos 53/ Uma instituição é considerada desenquadrada se não atender a qualquer um dos três índices de exigência de capital: Índice de Basileia (IB), Índice de Capital Nível 1 (IPR1) e Índice de Capital Principal (ICP). das instituições bancárias desenquadradas seria de 0,7% do total de ativos do sistema bancário. 10 8 6 4 2 Em uma situação de inadimplência extrema, próxima de 14,5%, as instituições desenquadradas necessitariam de um aporte de capital de 6,6% do patrimônio de referência do sistema para evitar o desenquadramento. Os resultados das análises de sensibilidade confirmam que o sistema bancário brasileiro apresenta elevada capacidade de suportar situações adversas, uma vez que os índices de capitalização do conjunto de instituições bancárias se mantêm sempre acima dos mínimos regulamentares. 0,0 0 Jun 2014 Set Dez Mar 2015 Jun Set Dez Capital principal (dir.) Complementar (dir.) Nível 2 (dir.) Índice de Basileia 0,8 0,2 0 20 1% 4% 7% 10% 13% 16% 19% 22% Taxa de juros de 6 meses Necessidade de capital (% do capital total): Principal Bancos em insolvência (% do ativo total) IB estressado (%) 2,3 0,0 48,1 16 14 12 10 8 6 4 2 0 100 96 92 88 84 80 76 72 68 64 60 56 52 48 44 40 36 32 28 24 20 16 12 8 4 0 3 6 9 12 Inadimplência média do sistema (%) Provisão constituída atual Bancos em insolvência (% do ativo total) IB estressado (%) Necessidade de capital (% do capital total): Principal
  • 28. Evolução do Endividamento das Empresas não Financeiras após a Crise Internacional de 2008 1 Alavancagem das empresas no Brasil O endividamento das pessoas jurídicas triplicou entre junho de 2008 e junho de 2014 (gráfico 1), com aumento efetivo do total de recursos captados nos mercados de capitais e externo, mas com maior destaque ao crédito bancário com recursos direcionados. Observa-se, no período, que o crédito bancário doméstico com recursos livres continuou sendo a principal fonte de recursos, perdendo porém representatividade frente ao mercado externo e ao crédito bancário doméstico com recursos direcionados (gráfico 2). 400 340 280 220 160 Importante notar, entretanto, que o crédito à pessoa jurídica cresceu no período a uma taxa superior à do PIB. A alavancagem das empresas, representada pela razão crédito corporativo sobre PIB (gráfico 3), subiu para 49,2% em junho de 2014, o que significa um nível ainda confortável em comparação aos demais países. Segundo dados do Relatório de Estabilidade Financeira Global (GFSR, 2014), esta relação no Brasil estaria na mediana dos países emergentes e abaixo das economias desenvolvidas. Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 27 No cenário de baixas taxas de juros e abundante liquidez que predominou no mercado internacional após a crise financeira de 2008, diversas empresas do setor não financeiro de economias emergentes, como o Brasil, beneficiaram-se das condições mais favoráveis de financiamento para intensificar as captações no mercado externo. Em termos globais, os movimentos de emissões corporativas e o consequente aumento no endividamento trouxeram preocupações associadas à estabilidade financeira e têm sido objeto de discussão nos principais fóruns relacionados a esse tema (ver, por exemplo, GFSR1, 2014 e BIS2, 2014). De fato, em tese, o aumento do endividamento e a maior exposição ao mercado internacional implicam potencial sensibilidade a mudanças nos cenários interno e externo, especialmente com o processo de normalização gradual das políticas monetárias dos países desenvolvidos, principalmente dos Estados Unidos. Nesse contexto, esta nota apresenta sucintamente uma avaliação dos riscos relacionados à estrutura de financiamento das empresas no Brasil. Destaca-se que uma eventual transição de cenário apontaria para riscos em níveis controlados, em razão das características da estrutura de financiamento das empresas que operam no país, as quais apresentam alavancagem agregada confortável, comprometimento de renda estável e endividamento em moeda estrangeira proporcionalmente baixo. 1/ Fundo Monetário Internacional, “Chapter 1 – Making the transition from liquidity to growth-driven markets”, Global Financial Stability Report, 2014. 2/ Bank for International Settlements, “Chapter IV - Debt and the financial cycle: domestic and global”, 84th BIS Annual Report, 2013/2014. 100 Jun 2008 Jun 2009 Jun 2010 Jun 2011 Jun 2012 Jun 2013 Jun 2014 Crédito livre Crédito direcionado Merc. de capitais Merc. externo – R$ Merc. externo – US$ Total PJ % Gráfico 1 – Endividamento PJ Base jun./2008 = 100 Fontes: BCB e Cetip
  • 29. 100 84 68 52 36 Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 28 Gráfico 2 – Participação no endividamento PJ Por fonte de recursos 24 29 100 80 60 40 20 % 50 40 30 20 10 Se, por um lado, a alavancagem em termos agregados é limitada, por outro, deve ser considerada a maior sensibilidade a mudanças nos cenários interno e externo em decorrência do aumento do endividamento e da exposição ao mercado externo. Notadamente, as duas principais questões a serem avaliadas em relação ao setor não financeiro em um hipotético cenário de reversão das condições de financiamento seriam os potenciais impactos na capacidade de pagamento das empresas e no montante do endividamento, decorrente da exposição cambial. Tais questões são avaliadas a seguir3. 2 Capacidade de pagamento Apesar do aumento do endividamento, não foram observadas variações significativas no 3/ Nas análises foram utilizadas informações detalhadas das bases de dados de monitoramento do SFN, entre elas as informações de dívida bancária doméstica do Sistema de Informações de Crédito (SCR), de dívida externa, de debêntures e das operações de derivativos cambiais das câmaras de registro. comprometimento de renda4. Tal comportamento é reflexo de uma melhora no perfil de endividamento do setor não financeiro, em termos de maturidade e custo, influenciada pelo aumento da participação do crédito com recursos direcionados, da dívida externa e do mercado de capitais, que têm prazos mais longos e taxas mais baixas. Após a estabilidade observada no semestre anterior, em 2014 o comprometimento de renda voltou a registrar leve elevação, porém encontrando-se atualmente em patamares relativamente semelhantes aos observados em períodos anteriores (gráfico 4). Além disso, eventuais variações nas taxas de juros tem efeito limitado na capacidade de pagamento, tendo em conta que aproximadamente 30% do crédito à pessoa jurídica origina-se com recursos direcionados, contratados com taxas e indexadores regulados, menos sensíveis a alterações nos juros. 3 Risco cambial Não obstante o aumento do endividamento no mercado externo, a representatividade da dívida corporativa referenciada em moeda estrangeira não sofreu alteração em relação ao período pré-crise, mantendo-se em aproximadamente um terço da dívida total. A participação da dívida em moeda estrangeira das empresas no Brasil é relativamente baixa, pois se encontra entre as menores em comparação aos demais países emergentes, conforme mostra o GFSR (2014). 4/ Para mais detalhes sobre o comprometimento de renda pessoa jurídica, ver seção “Conceitos e metodologias”, item c. 43 31 25 30 8 10 0 Jun 2008 Jun 2014 Crédito livre Crédito direcionado Merc. de capitais Merc. externo % Fontes: BCB e Cetip 0 Jun 2008 Jun 2009 Jun 2010 Jun 2011 Jun 2012 Jun 2013 Jun 2014 Gráfico 3 – Endividamento PJ sobre PIB 20 Jun 2011 Jun 2012 Jun 2013 Jun 2014 Gráfico 4 – Comprometimento de renda PJ %
  • 30. Gráfico 5 – Dívida em moeda estrangeira Por tipo de devedor 16,8% 16,0% Setembro 2014 | Relatório de Estabilidade Financeira | 29 Além disso, as exposições em moeda estrangeira concentram-se em um conjunto limitado de empresas de grande porte, dado que menos de 1% dos devedores possuem alguma dívida em moeda estrangeira, ainda que respondam por mais de 60% da dívida total5. Desse conjunto de empresas com exposição à moeda estrangeira, foram mapeadas aquelas que apresentariam maior vulnerabilidade a choques na taxa de câmbio, uma vez que parte estaria protegida por possuir algum tipo de hedge, de natureza operacional ou financeira. Nesse sentido, observa-se que as empresas exportadoras6, ou seja, aquelas que possuem hedge natural relativo à sua atividade operacional7, respondem por mais de um terço da dívida total em moeda estrangeira. Além disso, a participação das empresas não exportadoras que usam o mercado de derivativos local para proteger suas exposições à moeda estrangeira corresponde a quase 20% do total do endividamento em moeda estrangeira das empresas não financeiras. Após essa filtragem inicial, tem-se que as empresas não exportadoras sem hedge8 representam quase metade da dívida total em moeda estrangeira (gráfico 5). 5/ O padrão metodológico internacional para a compilação das estatísticas do setor externo, incluindo as de dívida externa, adota o conceito de residência e não o de nacionalidade. Dessa forma, as estatísticas do endividamento externo brasileiro, compiladas pelo Banco Central do Brasil, não incluem os títulos no exterior emitidos por subsidiárias não residentes (isto é, residentes no exterior) de empresas residentes. No entanto, a grande maioria dos recursos provenientes dessas emissões é, em seguida, internalizada no país, na forma de empréstimo intercompanhia, da subsidiária no exterior para a residente no Brasil. Nesse momento, a dívida externa brasileira é sensibilizada, havendo, portanto, perda pouco relevante de informação. 6/ Definiu-se como exportadora, para fins desta análise, a empresa que tenha exportado em 2013, segundo a Secretaria de Comércio Exterior, e que possua pelo menos 50% da dívida vinculada a alguma linha de crédito ao comércio exterior. 7/ Um aumento do custo da dívida em um hipotético cenário de depreciação do real seria compensado por um acréscimo das receitas advindas do exterior. 8/ Uma empresa foi considerada como sem hedge se não é exportadora e se o percentual da dívida em moeda estrangeira menos a dívida vinculada à exportação menos a posição comprada em derivativo cambial no mercado doméstico é maior que 20% da dívida total. Cabe ainda ressaltar que mesmo uma empresa aqui considerada como sem hedge pode estar totalmente protegida no mercado de derivativos no exterior. 35,6% 17,5% 14,1% Exportadora Não exportadora com hedge Não exportadora sem hedge – matriz no exterior Não exportadora sem hedge – com ativo no exterior Não exportadora sem hedge – outros Alguns outros fatores mitigadores de risco podem ser considerados na análise, como, por exemplo, se a empresa fizer parte de um grupo econômico com sede no exterior, o que aumentaria a possibilidade de suporte financeiro intra-grupo. Ou ainda, a empresa possuir ativos no exterior em montante relevante que possam compensar ou justificar economicamente a exposição em moeda estrangeira9. Ao excluir estes grupos, a participação das empresas não exportadoras sem hedge cai para 16,8% da dívida total em moeda estrangeira. Assim, sem considerar exposições de natureza especulativa, o grupo de empresas que não possui proteção cambial relevante e conhecida é bastante restrito em relação ao total das pessoas jurídicas com endividamento sujeito a riscos cambiais. A exposição em moeda estrangeira desse grupo de empresas representa 2,9% do PIB (gráfico 6) e corresponde a 5,8% da dívida total das empresas não financeiras. Considerando, ainda, instrumentos de proteção cambial10, esse percentual cai a 5,1% da dívida total das empresas não financeiras, o que sugere tratar-se de conjunto bastante limitado de empresas sujeito a impactos decorrentes do risco cambial. 9/ Para definir o critério de relevância, considerou-se que os ativos no exterior devem representar pelo menos 70% da dívida em moeda estrangeira sem hedge. Devido à limitação de dados, passivos no exterior de empresas brasileiras não residentes que não foram internalizados, mesmo através de empréstimos intercompanhia, não foram considerados. 10/ Mesmo empresas consideradas sem hedge para fins desta análise podem ter algum tipo de proteção à variação cambial, ainda que abaixo do ponto de corte de relevância definido na nota de rodapé número 8.