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Prof. Dr. Eduardo Chaves
Tema: Tecnologia aplicada a Educação
por: Arlete Embacher
MiniWeb Educação -O Sr. vem atuando na
área de Tecnologia Aplicada à Educação há 20
anos, desde que, em 1981, enquanto Diretor
da Faculdade de Educação da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), o Sr. tomou
a

iniciativa

pioneira

de

criar,

dentro

da

Universidade, o Núcleo de Informática Aplicada
à

Educação

(NIED),

primeiro

núcleo

de

pesquisa verdadeiramente interdisciplinar a ser oficialmente
criado nessa área dentro da Universidade brasileira. Miniweb
pergunta: Como criador do NIED, como o Senhor avalia a
evolução que o Núcleo teve dentro da Unicamp?
EDUARDO CHAVES: É difícil fazer o que você pede porque não
venho acompanhando de perto o trabalho do NIED desde que
deixei

sua

coordenação

em

1986

para

vir

trabalhar

na

Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, dirigindo o
Centro de Informações Educacionais. Contudo, posso que
garantir que, pela qualidade dos profissionais que ali trabalham
(Armando e Ann Valente, Bete Brisola [que em priscas eras foi
minha aluna!] e outros), a qualidade deve ser muito boa.
Creio estar em condições de fazer uma crítica, que não se aplica
exclusivamente ao NIED mas a toda a área da Educação da
UNICAMP: a de que existe nessa área um grande preconceito
contra escolas particulares e a iniciativa privada em geral. Na
minha opinião, uma Universidade, ainda que pública, não pode
atender apenas as escolas públicas, como se não existissem
escolas particulares. Outras áreas da UNICAMP (as engenharias
e a física, por exemplo) não demonstram preconceito contra a
iniciativa privada, mas na educação ele chega a ser gritante.

MINIWEB -

Em

seu

livro:

Multimídia:

Conceituação,

Aplicações

e

Tecnologia (People-1992), o Sr. defende a tese de que as escolas não
podem ficar à margem do desenvolvimento tecnológico que permeia o
restante da sociedade, mas precisam urgentemente incorporar essa
tecnologia ao processo de ensino e aprendizagem, mas de forma
consciente e responsável. Miniweb pergunta: Como o senhor orientaria a
incorporação da tecnologia nas escolas onde a necessidade faz-se de fato
imprescindível face à sua clientela, como é o caso das escolas públicas?
EDUARDO CHAVES - Minha opinião a esse respeito vem evoluindo nesses
dez anos que se passaram desde a publicação de meu livro sobre
Multimídia. Hoje estou mais preocupado com o fato de que as escolas
atuais, tanto as públicas como as privadas, e quase sem exceção, se
alicerçam numa visão de educação e do papel da escola que foi tornada
totalmente ultrapassada e obsoleta pela evolução da sociedade. Na
Sociedade da Informação, em que vivemos, em que a tecnologia
desempenha um papel fundamental, não faz mais sentido ver a educação
como um processo de transmissão de informações -- a herança cultural da
sociedade ou mesmo da humanidade -- de uma geração para a outra. Essa
herança está aí disponível em bilhões de livros e revistas, em outro tanto
de discos e fitas, e online na Internet. Temos excesso, não carência de
informações. Não faz mais sentido -- e isso em decorrência da evolução
social, na qual a tecnologia teve um papel preponderante -- a escola
tornar

o

problema

de

excesso

de

informação

ainda

mais

grave,

transmitindo mais informações aos alunos -- informações não raro mais
desatualizadas do que as que ele encontra nos meios de comunicação.
Diante desse quadro, simplesmente introduzir tecnologia na escola,
mantendo essa visão da educação e do papel da escola, não resolve o
problema e pode até piorá-lo. Se estamos indo na direção errada, mas
estamos a pé, pode demorar muito para que encontremos um penhasco -e sempre conseguiremos parar, antes de cair. Se estamos indo na direção
errada e recebemos tecnologia sofisticada para nos movimentar (como um
carro de Formula 1), chegaremos muito mais rápido ao penhasco -- e
poderemos não conseguir parar o carro, encontrando desastre.
Assim, antes de pensarmos em introduzir tecnologia na escola, precisamos
rever nossa visão da educação e reinventar a escola para que promova
essa nova visão.
Não vou entrar em detalhes aqui, mas defendo uma visão de educação
como desenvolvimento humano e concebo o papel da escola como uma
contribuição

para

a

construção,

pelos

alunos,

de

competências

e

habilidades que os capacitem a se desenvolver no máximo de suas
potencialidades. Essa visão é promovida pelo Instituto Ayrton Senna e se
deve, em última instância, ao trabalho de órgãos da ONU, como a UNESCO
e o PNUD.
Só vale a pena discutir o papel da tecnologia na escola quando essas
questões básicas e antecedentes estiverem adequadamente equacionadas
--

ou,

no

mínimo,

dada

a

urgência,

simultaneamente

com

o

equacionamento dessas questões.

MINIWEB - O que é Mindware?

EDUARDO CHAVES - Mindware é o nome fantasia que adotei para a minha
empresa (Mindware - Educação e Tecnologia). É uma marca registrada de minha
propriedade.
Por que a escolhi?
Fala-se muito, em relação ao computador, que a tecnologia consiste de
dois componentes básicos: hardware e software. O hardware é o
equipamento em si e o software é o conjunto de instruções que o faz se
comportar desta ou daquela maneira -- o conjunto de programas que faz
com que o hardware nos faça algo de útil.
Isto é correto -- até aonde vai. Mas falta alguma coisa. O que é que esse
conjunto de hardware e de software vai estar fazendo? Qual é a utilidade a
que ele vai servir? Que problemas vai estar efetivamente resolvendo?
Como pode ser ele utilizado como uma extensão de nossa capacidade de
pensar e de resolver problemas? É aqui que criei o termo "Mindware".
Alguns autores falam em "Peopleware" ou "Humanware". Mas como o que
importa aqui, em relação ao ser humano, não é seu corpo (nesse caso
teríamos "bodyware" ou "brainware"), mas, sim, a sua mente, o termo
"Mindware" se refere a todo tipo de reflexão que visa a encontrar, para a
tecnologia,

utilizações

que

ampliem

e

estendam

nossos

poderes

(certamente mentais) de resolução de problemas, permitindo que a
tecnologia, em vez de ser uma solução em busca de problemas, nos ajude
a efetivamente resolver os problemas que realmente temos. Em especial
na educação.
No site da Mindware (mencionado abaixo) digo o seguinte sobre o conceito
"Mindware":
Mindware, entretanto, é bem mais do que tudo isso [hardware e
software]: é a inteligência que permite que o ser humano aprenda, pense,
imagine coisas e depois as crie. Entre as coisas que o ser humano
inventou (imaginou e criou) estão ferramentas que estendem sua força
física, sua habilidade locomotora, sua capacidade sensorial, e mesmo,
como no caso do computador, seus poderes mentais. (É bom que não nos
esqueçamos de que, a menos que sejamos anjos, não há mindware sem
bodyware, e especialmente sem brainware...).

Por aí se vê que mindware não é um componente do computador: é um
componente do ser humano que criou e que usa o computador. Sem
mindware, não teria sido criado o computador; sem mindware, ele não
pode ser colocado a bom uso -- especialmente na educação.
A finalidade da Mindware (agora a empresa) é ajudar as pessoas a usar
bem o computador. Por isso, a Mindware é educação, a Mindware é
treinamento, a Mindware é sinônimo da inteligência que nos permite
usar

o

computador

para

aprender

e

para

a

pensar

crítica

e

criativamente.
Por isso, escolhi como moto para a Mindware: 'Mais importante do que
aprender informática é usar a informática para aprender'.
MINIWEB - Como Consultor do Instituto Ayrton Senna no Programa
"Sua Escola a 2000 por Hora", o Sr. Publicou um artigo sobre:
"Educação Orientada para Competências" e "Currículo Centrado em
Problemas". O Sr poderia falar para os internautas da Miniweb sobre o
papel do professor em uma Educação orientada para competências e,
ainda, sobre a importância dos Parâmetros Curriculares Nacionais em
um currículo centrado em problemas.
EDUARDO CHAVES - Um Currículo Centrado em Problemas é um
currículo voltado para o construção das competências e habilidades
requeridas para resolver esses problemas. Esse currículo deve ser
desenvolvido através de uma metodologia que hoje se denomina de
Pedagogia de Projetos de Aprendizagem. Darei, a seguir, algumas
características dessa metodologia, extraídas de um livro que estou
terminando para o Instituto Ayrton Senna.

A proposta de que a aprendizagem escolar se faça, predominantemente por
projetos de aprendizagem a pedagogia de projetos procura se pautar pelos
seguintes princípios:
· A pedagogia de projetos de aprendizagem vê a educação, e, portanto, a
aprendizagem como o principal mecanismo pelo qual o ser humano projeta
e constrói a sua própria vida, e, portanto, como algo que lhe é natural e
intrinsecamente motivador, procurando, assim, evitar que a criança seja
vista como um ser essencialmente refratário à aprendizagem, que precisa,
por isso, ser obrigado a aprender através de mecanismos artificiais de
recompensas e punições que agem como motivadores externos;
 A pedagogia de projetos de aprendizagem incentiva a criança a
explorar e a investigar seus interesses - as coisas que ela gosta de
fazer e que gostaria de aprender - e atribui ao professor a
responsabilidade de encontrar maneiras de, a partir desses
interesses, tornar a atividade da criança útil no desenvolvimento das
competências e habilidades básicas necessárias para que ela se torne
capaz de sonhar seus próprios sonhos e transformá-los em realidade,
procurando, assim, evitar que a criança seja obrigada a deixar de
lado seus interesses, sua imaginação e sua criatividade ao entrar na
escola;
 A pedagogia de projetos de aprendizagem procura evitar que a
aprendizagem se torne algo passivo, e, por conseguinte,
desinteressante, abrindo o maior espaço possível para o
envolvimento ativo da criança, não só na concepção e na elaboração
dos seus projetos de aprendizagem, mas também na sua
implementação e avaliação, pois esse envolvimento não só a motiva
(por estar relacionada com seus interesses) como torna a sua
aprendizagem ativa e significativa - um real fazer mais do que um
mero assimilar de informações;
 A pedagogia de projetos de aprendizagem procura, assim,
estabelecer uma estreita relação entre a aprendizagem que acontece
na escola e a vida e a experiência da criança, reconstituindo o vínculo
entre seus processos cognitivos e seus processos vitais, pois os
projetos que ela escolhe partem, inevitavelmente, de questões
relacionadas à sua vida e à sua experiência que lhe parecem
importantes e sobre as quais ela se interessa em aprender mais;
 A pedagogia de projetos de aprendizagem rejeita a noção de que
todas as crianças devam aprender as mesmas coisas, pelos mesmos
métodos, nos mesmos ritmos e nos mesmos momentos independentemente de seus interesses, de suas aptidões, de seu
estilo cognitivo, de seu estado de espírito, etc.;
 A pedagogia de projetos de aprendizagem não concentra, portanto, a
atenção nos eventuais "pontos fracos" da criança, com o objetivo
(que a escola tradicional compartilha com a linha de montagem da
fábrica) de que todas as crianças estejam "padronizadas" (e,
portanto, sejam intercambiáveis) ao final do processo de educação
escolar, mas procura valorizar os interesses, as aptidões e os dons
naturais de cada criança - ou seja, os seus pontos fortes;
 A pedagogia de projetos de aprendizagem busca, portanto, evitar que
o objetivo do aprendizado escolar seja definido como a absorção, pela
criança, de grandes quantidades de informação (fatos, conceitos,
procedimentos, valores), e que o aprender da criança seja visto como
o sub-produto esperado da ação do professor (algo que se espera que
o professor faça, através do ensino, e que a criança apenas "sofre",
em mais de um sentido), procurando caracterizar esse aprendizado
como algo ativo, que a criança faz, à medida que desenvolve as
competências
e
habilidades que a tornam capaz de sonhar seus próprios sonhos e de
transformá-los em realidade;
 A pedagogia de projetos de aprendizagem procura evitar que o
aprender seja um procedimento totalmente artificial, difícil e
doloroso, que começa quando a criança entra na escola e termina
quando ela, com enorme alívio, deixa a escola, e se torne o que deve
ser, a saber, um processo natural, agradável e contínuo, que começa
muito antes de ela entrar na escola (com o nascimento, ou mesmo
antes) e termina apenas com a morte, sendo o tempo de
permanência da criança na escola apenas um momento privilegiado
de sua vida em que ela pode se dedicar, total e exclusivamente, à
tarefa de projetar o restante de sua vida e de se capacitar para
construí-la.
Qual o papel do professor nessa metodologia?
O papel dos professores, no contexto da metodologia de projetos de
aprendizagem se assemelha mais ao de um orientador de estudos do que
ao de ensinante, podendo até mesmo ser comparado, mutatis mutandis,
com o papel de um orientador de estudos de pós-graduação.
Isso quer dizer que os professores deverão acompanhar a elaboração, a
implementação e a avaliação dos projetos de aprendizagem dos alunos,
procurando garantir, nesse processo, pelo menos o seguinte:
 . Que os alunos consigam aprender e fazer aquilo que se propõe
aprender e fazer em seus projetos;
 . Que os alunos encontrem as informações necessárias para o
desenvolvimento de seus projetos;
 . Que os alunos desenvolvam, em cada projeto, competências e
habilidades básicas importantes para o seu desenvolvimento como
ser humano, dentro dos princípios organizadores dos Quatro
Pilares.

Dessas três funções, a terceira é certamente a mais importante.

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Entrevista com professor eduardo chaves

  • 1. Prof. Dr. Eduardo Chaves Tema: Tecnologia aplicada a Educação por: Arlete Embacher MiniWeb Educação -O Sr. vem atuando na área de Tecnologia Aplicada à Educação há 20 anos, desde que, em 1981, enquanto Diretor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), o Sr. tomou a iniciativa pioneira de criar, dentro da Universidade, o Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), primeiro núcleo de pesquisa verdadeiramente interdisciplinar a ser oficialmente criado nessa área dentro da Universidade brasileira. Miniweb pergunta: Como criador do NIED, como o Senhor avalia a evolução que o Núcleo teve dentro da Unicamp? EDUARDO CHAVES: É difícil fazer o que você pede porque não venho acompanhando de perto o trabalho do NIED desde que deixei sua coordenação em 1986 para vir trabalhar na Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, dirigindo o Centro de Informações Educacionais. Contudo, posso que garantir que, pela qualidade dos profissionais que ali trabalham (Armando e Ann Valente, Bete Brisola [que em priscas eras foi minha aluna!] e outros), a qualidade deve ser muito boa. Creio estar em condições de fazer uma crítica, que não se aplica exclusivamente ao NIED mas a toda a área da Educação da UNICAMP: a de que existe nessa área um grande preconceito contra escolas particulares e a iniciativa privada em geral. Na minha opinião, uma Universidade, ainda que pública, não pode atender apenas as escolas públicas, como se não existissem escolas particulares. Outras áreas da UNICAMP (as engenharias e a física, por exemplo) não demonstram preconceito contra a iniciativa privada, mas na educação ele chega a ser gritante. MINIWEB - Em seu livro: Multimídia: Conceituação, Aplicações e Tecnologia (People-1992), o Sr. defende a tese de que as escolas não podem ficar à margem do desenvolvimento tecnológico que permeia o restante da sociedade, mas precisam urgentemente incorporar essa tecnologia ao processo de ensino e aprendizagem, mas de forma consciente e responsável. Miniweb pergunta: Como o senhor orientaria a
  • 2. incorporação da tecnologia nas escolas onde a necessidade faz-se de fato imprescindível face à sua clientela, como é o caso das escolas públicas? EDUARDO CHAVES - Minha opinião a esse respeito vem evoluindo nesses dez anos que se passaram desde a publicação de meu livro sobre Multimídia. Hoje estou mais preocupado com o fato de que as escolas atuais, tanto as públicas como as privadas, e quase sem exceção, se alicerçam numa visão de educação e do papel da escola que foi tornada totalmente ultrapassada e obsoleta pela evolução da sociedade. Na Sociedade da Informação, em que vivemos, em que a tecnologia desempenha um papel fundamental, não faz mais sentido ver a educação como um processo de transmissão de informações -- a herança cultural da sociedade ou mesmo da humanidade -- de uma geração para a outra. Essa herança está aí disponível em bilhões de livros e revistas, em outro tanto de discos e fitas, e online na Internet. Temos excesso, não carência de informações. Não faz mais sentido -- e isso em decorrência da evolução social, na qual a tecnologia teve um papel preponderante -- a escola tornar o problema de excesso de informação ainda mais grave, transmitindo mais informações aos alunos -- informações não raro mais desatualizadas do que as que ele encontra nos meios de comunicação. Diante desse quadro, simplesmente introduzir tecnologia na escola, mantendo essa visão da educação e do papel da escola, não resolve o problema e pode até piorá-lo. Se estamos indo na direção errada, mas estamos a pé, pode demorar muito para que encontremos um penhasco -e sempre conseguiremos parar, antes de cair. Se estamos indo na direção errada e recebemos tecnologia sofisticada para nos movimentar (como um carro de Formula 1), chegaremos muito mais rápido ao penhasco -- e poderemos não conseguir parar o carro, encontrando desastre. Assim, antes de pensarmos em introduzir tecnologia na escola, precisamos rever nossa visão da educação e reinventar a escola para que promova essa nova visão. Não vou entrar em detalhes aqui, mas defendo uma visão de educação como desenvolvimento humano e concebo o papel da escola como uma contribuição para a construção, pelos alunos, de competências e habilidades que os capacitem a se desenvolver no máximo de suas potencialidades. Essa visão é promovida pelo Instituto Ayrton Senna e se deve, em última instância, ao trabalho de órgãos da ONU, como a UNESCO e o PNUD. Só vale a pena discutir o papel da tecnologia na escola quando essas questões básicas e antecedentes estiverem adequadamente equacionadas
  • 3. -- ou, no mínimo, dada a urgência, simultaneamente com o equacionamento dessas questões. MINIWEB - O que é Mindware? EDUARDO CHAVES - Mindware é o nome fantasia que adotei para a minha empresa (Mindware - Educação e Tecnologia). É uma marca registrada de minha propriedade. Por que a escolhi? Fala-se muito, em relação ao computador, que a tecnologia consiste de dois componentes básicos: hardware e software. O hardware é o equipamento em si e o software é o conjunto de instruções que o faz se comportar desta ou daquela maneira -- o conjunto de programas que faz com que o hardware nos faça algo de útil. Isto é correto -- até aonde vai. Mas falta alguma coisa. O que é que esse conjunto de hardware e de software vai estar fazendo? Qual é a utilidade a que ele vai servir? Que problemas vai estar efetivamente resolvendo? Como pode ser ele utilizado como uma extensão de nossa capacidade de pensar e de resolver problemas? É aqui que criei o termo "Mindware". Alguns autores falam em "Peopleware" ou "Humanware". Mas como o que importa aqui, em relação ao ser humano, não é seu corpo (nesse caso teríamos "bodyware" ou "brainware"), mas, sim, a sua mente, o termo "Mindware" se refere a todo tipo de reflexão que visa a encontrar, para a tecnologia, utilizações que ampliem e estendam nossos poderes (certamente mentais) de resolução de problemas, permitindo que a tecnologia, em vez de ser uma solução em busca de problemas, nos ajude a efetivamente resolver os problemas que realmente temos. Em especial na educação. No site da Mindware (mencionado abaixo) digo o seguinte sobre o conceito "Mindware": Mindware, entretanto, é bem mais do que tudo isso [hardware e software]: é a inteligência que permite que o ser humano aprenda, pense, imagine coisas e depois as crie. Entre as coisas que o ser humano inventou (imaginou e criou) estão ferramentas que estendem sua força física, sua habilidade locomotora, sua capacidade sensorial, e mesmo, como no caso do computador, seus poderes mentais. (É bom que não nos esqueçamos de que, a menos que sejamos anjos, não há mindware sem
  • 4. bodyware, e especialmente sem brainware...). Por aí se vê que mindware não é um componente do computador: é um componente do ser humano que criou e que usa o computador. Sem mindware, não teria sido criado o computador; sem mindware, ele não pode ser colocado a bom uso -- especialmente na educação. A finalidade da Mindware (agora a empresa) é ajudar as pessoas a usar bem o computador. Por isso, a Mindware é educação, a Mindware é treinamento, a Mindware é sinônimo da inteligência que nos permite usar o computador para aprender e para a pensar crítica e criativamente. Por isso, escolhi como moto para a Mindware: 'Mais importante do que aprender informática é usar a informática para aprender'. MINIWEB - Como Consultor do Instituto Ayrton Senna no Programa "Sua Escola a 2000 por Hora", o Sr. Publicou um artigo sobre: "Educação Orientada para Competências" e "Currículo Centrado em Problemas". O Sr poderia falar para os internautas da Miniweb sobre o papel do professor em uma Educação orientada para competências e, ainda, sobre a importância dos Parâmetros Curriculares Nacionais em um currículo centrado em problemas. EDUARDO CHAVES - Um Currículo Centrado em Problemas é um currículo voltado para o construção das competências e habilidades requeridas para resolver esses problemas. Esse currículo deve ser desenvolvido através de uma metodologia que hoje se denomina de Pedagogia de Projetos de Aprendizagem. Darei, a seguir, algumas características dessa metodologia, extraídas de um livro que estou terminando para o Instituto Ayrton Senna. A proposta de que a aprendizagem escolar se faça, predominantemente por projetos de aprendizagem a pedagogia de projetos procura se pautar pelos seguintes princípios: · A pedagogia de projetos de aprendizagem vê a educação, e, portanto, a aprendizagem como o principal mecanismo pelo qual o ser humano projeta e constrói a sua própria vida, e, portanto, como algo que lhe é natural e intrinsecamente motivador, procurando, assim, evitar que a criança seja vista como um ser essencialmente refratário à aprendizagem, que precisa, por isso, ser obrigado a aprender através de mecanismos artificiais de recompensas e punições que agem como motivadores externos;
  • 5.  A pedagogia de projetos de aprendizagem incentiva a criança a explorar e a investigar seus interesses - as coisas que ela gosta de fazer e que gostaria de aprender - e atribui ao professor a responsabilidade de encontrar maneiras de, a partir desses interesses, tornar a atividade da criança útil no desenvolvimento das competências e habilidades básicas necessárias para que ela se torne capaz de sonhar seus próprios sonhos e transformá-los em realidade, procurando, assim, evitar que a criança seja obrigada a deixar de lado seus interesses, sua imaginação e sua criatividade ao entrar na escola;  A pedagogia de projetos de aprendizagem procura evitar que a aprendizagem se torne algo passivo, e, por conseguinte, desinteressante, abrindo o maior espaço possível para o envolvimento ativo da criança, não só na concepção e na elaboração dos seus projetos de aprendizagem, mas também na sua implementação e avaliação, pois esse envolvimento não só a motiva (por estar relacionada com seus interesses) como torna a sua aprendizagem ativa e significativa - um real fazer mais do que um mero assimilar de informações;  A pedagogia de projetos de aprendizagem procura, assim, estabelecer uma estreita relação entre a aprendizagem que acontece na escola e a vida e a experiência da criança, reconstituindo o vínculo entre seus processos cognitivos e seus processos vitais, pois os projetos que ela escolhe partem, inevitavelmente, de questões relacionadas à sua vida e à sua experiência que lhe parecem importantes e sobre as quais ela se interessa em aprender mais;  A pedagogia de projetos de aprendizagem rejeita a noção de que todas as crianças devam aprender as mesmas coisas, pelos mesmos métodos, nos mesmos ritmos e nos mesmos momentos independentemente de seus interesses, de suas aptidões, de seu estilo cognitivo, de seu estado de espírito, etc.;  A pedagogia de projetos de aprendizagem não concentra, portanto, a atenção nos eventuais "pontos fracos" da criança, com o objetivo (que a escola tradicional compartilha com a linha de montagem da fábrica) de que todas as crianças estejam "padronizadas" (e, portanto, sejam intercambiáveis) ao final do processo de educação escolar, mas procura valorizar os interesses, as aptidões e os dons naturais de cada criança - ou seja, os seus pontos fortes;  A pedagogia de projetos de aprendizagem busca, portanto, evitar que o objetivo do aprendizado escolar seja definido como a absorção, pela criança, de grandes quantidades de informação (fatos, conceitos, procedimentos, valores), e que o aprender da criança seja visto como o sub-produto esperado da ação do professor (algo que se espera que o professor faça, através do ensino, e que a criança apenas "sofre", em mais de um sentido), procurando caracterizar esse aprendizado como algo ativo, que a criança faz, à medida que desenvolve as
  • 6. competências e habilidades que a tornam capaz de sonhar seus próprios sonhos e de transformá-los em realidade;  A pedagogia de projetos de aprendizagem procura evitar que o aprender seja um procedimento totalmente artificial, difícil e doloroso, que começa quando a criança entra na escola e termina quando ela, com enorme alívio, deixa a escola, e se torne o que deve ser, a saber, um processo natural, agradável e contínuo, que começa muito antes de ela entrar na escola (com o nascimento, ou mesmo antes) e termina apenas com a morte, sendo o tempo de permanência da criança na escola apenas um momento privilegiado de sua vida em que ela pode se dedicar, total e exclusivamente, à tarefa de projetar o restante de sua vida e de se capacitar para construí-la. Qual o papel do professor nessa metodologia? O papel dos professores, no contexto da metodologia de projetos de aprendizagem se assemelha mais ao de um orientador de estudos do que ao de ensinante, podendo até mesmo ser comparado, mutatis mutandis, com o papel de um orientador de estudos de pós-graduação. Isso quer dizer que os professores deverão acompanhar a elaboração, a implementação e a avaliação dos projetos de aprendizagem dos alunos, procurando garantir, nesse processo, pelo menos o seguinte:  . Que os alunos consigam aprender e fazer aquilo que se propõe aprender e fazer em seus projetos;  . Que os alunos encontrem as informações necessárias para o desenvolvimento de seus projetos;  . Que os alunos desenvolvam, em cada projeto, competências e habilidades básicas importantes para o seu desenvolvimento como ser humano, dentro dos princípios organizadores dos Quatro Pilares. Dessas três funções, a terceira é certamente a mais importante.