A Escola Estoica foi fundada por Zenão de Cício em Atenas no século III a.C. Os estoicos acreditavam que a ética e a arte de viver bem eram mais importantes do que questões teóricas. Eles ensinavam que as pessoas deveriam aceitar as circunstâncias que não podem controlar e focar apenas no que podem controlar, que são seus próprios julgamentos.
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Estoicismo
1. A escola estoica
recebe esse nome do
local onde foi fundada
(“Stoa Poikile”,
pórtico pintado), em
Atenas, por Zenão de
Cício, por volta de 300
a.C.
2. O estoicismo considerava que a ética e as
questões morais, ou seja “a arte de bem viver”,
eram mais importantes do que as questões
teóricas. Costumem dizer que assemelham aos
autores de autoajuda contemporâneos, na
medida em que propunham maneiras de se
atingir esse “bem viver”. Mas não é bem assim ...
3. O estoicismo o obrigaria a encarar a realidade
de sua situação, e então tomar as medidas que
estiverem a seu alcance, em vez de se queixar
das circunstâncias como se elas não devessem
existir.
4. “O pepino está amargo? Deixe-o de lado”,
aconselha Marco Aurélio. “Há espinheiros no
caminho? Desvie. Basta isso, sem perguntar ao
mesmo tempo: “Como essas coisas puderam vir
ao mundo?”
5. As coisa são como são não lamente o que
você não pode controlar.
6. Para os estoicos, portanto, a única coisa que
podemos controlar são nossos juízos a respeito
do mundo. Mas também é tudo que precisamos
controlar para sermos felizes; a tranquilidade
resulta de substituir nossos conceitos irracionais
por outros, racionais.
7. Cogitar a pior hipótese possível, a “premeditação
dos males”, é, muitas vezes, o melhor jeito de
conseguir isso — a ponto de, sugere Sêneca,
vivenciar propositalmente esses “males”, de
modo a compreender que eles não são tão ruins
quanto você teme irracionalmente.
8. A abordagem da felicidade focada no otimismo,
obcecada por metas, do pensamento positivo é
exatamente o tipo de coisa que o ego adora. O
pensamento positivo é uma questão de
identificar-se com seus pensamentos, em vez de
“desidentificar-se” com eles.
9. E o “culto do otimismo” é questão de desejar um
futuro feliz ou bem-sucedido, reforçando, assim,
de forma sutil a mensagem de que a felicidade
está em outro momento, não no presente.
10. Sem perceber, tratamos o futuro como
intrinsecamente mais valioso que o presente.
E, no entanto, parece que o futuro nunca
chega.
11. Entrando no jogo da autoavaliação:
implicitamente, você está pressupondo que você
é um único “eu”, ao qual se pode dar uma nota
geral. Quando você dá uma nota alta a seu “eu”,
na verdade você cria a possibilidade de avaliar
mal a si mesmo; você está reforçando a ideia de
que seu “eu” é algo que pode, antes de tudo, ser
“bom” ou “mau”. E essa sempre será uma
generalização ruim.
12. Para uma civilização tão obcecada em
alcançar a felicidade, somos incrivelmente
incompetentes nisso.
13. Existem bons motivos para acreditar que a
noção de “buscar a felicidade”, em si, já nasce
problemática. Antes de tudo, quem foi que disse
que a felicidade é uma meta válida?
14. “Pergunta a ti mesmo se és feliz”,
observou o filósofo John Stuart Mill, “e
deixarás de sê-lo.”
15. Tudo isso torna tentador concluir que “como
podemos ser felizes?” é simplesmente uma
pergunta errada: que é melhor nos resignarmos a
nunca buscar a resposta e, em vez disso, cuidar
de coisas mais produtivas.
16. E que nossos esforços para eliminar tudo que é
negativo — insegurança, incerteza, fracasso ou
tristeza — é o que nos faz inseguros, ansiosos,
indecisos ou infelizes.
17. É o que fundamenta a tradição medieval do
memento mori, que celebrava o quanto faz
bem à vida não esquecer que a morte existe.
18. Afirmam os estoicos, e no fim você terá que
concluir que esses eventos externos não são,
em si, “negativos”. O fato é que nada externo
à sua mente pode ser apropriadamente
descrito como negativo ou positivo. O que
realmente causa o sofrimento são as suas
convicções a respeito desses fatos.
20. Pensamos na tristeza como um processo de
um único passo: algo no mundo exterior que
causa tristeza em seu mundo interior. Na
verdade, é um processo de dois passos:
entre o acontecimento externo e a emoção
interior há uma convicção. Se você não
achasse ruim a doença de um parente, você
ficaria aborrecido com ela? Claro que não.
21. Não é sugerir que as emoções negativas não
existam. Os estoicos não afirmam nada disso;
querem apenas explicar o mecanismo pelo
qual surge toda tristeza.
22. O primeiro benefício de especular o quanto
as coisas podem dar errado é direto. É
consenso há muito tempo entre os psicólogos
que um dos grandes adversários da felicidade
humana é a “adaptação hedonista”.
23. Pensar na possibilidade da perda de alguma
coisa que você aprecia traz de volta essa
coisa do segundo para o primeiro plano da
sua vida, e ela pode voltar a lhe dar prazer.
24. Sêneca conduz esse raciocínio até a
conclusão lógica. Se visualizar o pior pode
ser fonte de tranquilidade, que tal tentar
deliberadamente sentir o gosto do pior? Ele
aconselha: se aquilo que você mais receia é
perder sua riqueza material, não tente
convencer a si mesmo de que isso nunca. Em
vez disso, tente agir como se você já tivesse
perdido tudo.
25. Reserve um determinado número de dias
durante os quais você deve se contentar com
aquilo que há de mais barato e despojado,
com as vestes mais rudes e grosseiras,
enquanto diz a si mesmo: Esta é a situação
que eu temia? Pode não ser lá muito
divertido.
26. E o comportamento dos outros está ainda
mais fora do nosso controle. Isso é um
enorme problema. Quando tudo vai bem, é
fácil esquecer o quão frágil é o nosso
controle.
27. “Nunca confiei na Fortuna”, escreve Sêneca,
“mesmo quando ela parecia estar em paz.
Todos os seus butins generosos — dinheiro,
cargos, influência —, eu os depositei onde ela
pudesse pedi-los de volta sem me perturbar.
“São coisas que estão além do controle de
uma pessoa”.
28. Do ponto de vista dos estoicos, como já
vimos, são nossos juízos que causam nossas
penas. Logo, controlá-los é tudo de que
precisamos para trocar o sofrimento pela
serenidade.
29. “Se você aceita que o universo é
incontrolável, você será bem menos
ansioso”.
30. Tudo altamente indesejável, é claro, mas não
horroroso, e não fazia sentido teimar em fazer
o universo inteiro se alinhar com seus
desejos.
31. A negação da morte está enraizada fundo
demais em nós, além de qualquer esperança
de nos livrarmos dela. Além disso, se ela é a
motivação para todo tipo de conquista
extraordinária do homem.
32. Na verdade, o “culto do otimismo”, com seu
foco na positividade a todo custo, pode, ele
próprio, ser visto como um tipo de “projeto de
imortalidade” — um projeto que promete uma
antevisão da felicidade e do sucesso tão
poderosa e abrangente que poderia, de certa
forma, transcender a morte.
33. O argumento de Epicuro era o inverso. Se a
vida não continua depois da morte, afirmou
ele, é um excelente argumento para não ter
medo dela, tampouco. Diz ele: “A morte não é
nada para nós, porque, quando existimos, a
morte ainda não veio; e quando ela vem, nós
não existimos”.
34. Indiferença, renúncia e apatia estoica
O animal é guiado pelo instinto; o homem
é guiado pela razão.
Cosmopolismo
Uma vez que a Natureza é governada pela
razão divina, tudo tem um motivo para ser
e nós não podemos mudar isso.
35. Nossa atitude diante das adversidades e
da própria morte deve ser de serena
resignação.
36. Assim, o ideal do estoicismo é atingir a
ataraxia ou apatia, ou seja, a indiferença
em relação a todas as emoções, o que se
alcança pela prática da virtude.
37. Os estoicos suportavam as adversidades
com calma e dignidade, mas também
acreditavam que as circunstâncias da vida
de um homem podia se degradar a tal
ponto que um suicídio indolor se tornava a
coisa mais racional a fazer.
38. Séneca:
Toda a vida é uma escravidão. É preciso,
pois, acostumar-se à sua condição,
queixando-se o menos possível e não
deixando escapar nenhuma das vantagens
que ela possa oferecer: nenhum destino é
tão insuportável que uma alma razoável
não encontre qualquer coisa para consolo.