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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Escola de Comunicações e Artes
Programa de Especialização em Estética e Gestão da Moda
Exercício de Análise
Prof. Me. Emerson Nascimento
Aluno: Cauê Braga Chianca
Disciplina: Fundamentos Estéticos da moda
São Paulo, Abril de 2013
Neste exercício foi proposto que se escolhesse uma entre duas imagens ofertadas
pelo Professor, e posterior justificativa e análise da escolha desta imagem.
Das duas imagens disponibilizadas foi, aqui, escolhida a IMAGEM 2 (Fig. 1)
A escolha desta imagem se deu, principalmente, pela percepção do fiel retrato da
condição humana. Nota-se nesta imagem elementos da arte barroca como o jogo de luz e
sombra, movimento e textura que, segundo NASCIMENTO (2013), tem como principal
característica “o acréscimo de novos pontos desprezando, assim, a harmonia
característica da arte clássica” (informação verbal)1
.
1
Informação fornecida por NASCIMENTO em São Paulo em 2013.
“O egoísmo e a sociedade andam juntos: é Narciso no Clube Méditerranée”.
COMTE-SPONVILLE, (2009, pp.32).
A imagem selecionada (Fig. 1) para esta discussão - pode-se inferir que –
representa a decrepitude humana, ou ao que SARTRE (2006, P. 22) chama de cólera:
“(...) O sujeito em cólera assemelha-se a um homem que, não podendo desfazer os nós
das cordas que o prendem, torce-se em todos os sentidos nas suas amarras”.
O estilo da obra em questão apreende não mais representação de objetos e sujeitos
que busca a beleza perfeita e sim, talvez, o próprio excesso e sofrimento inerente à
existência humana. Já não mais se retrata Deuses terrenos, e sim a criatura humana em
toda sua pequenez.
Entretanto o tratamento dado às questões humanas, converge com a proposição da
representação realista e emocional. Açambarcando, portanto, à questão estética
apresentada em aula no que tange à percepção ou sensação, que busca a natureza do belo
nas suas mais variadas formas. Conforme nos elucida DELEUZE (1963, P. 20):
“A Idéia racional contém algo de inexprimível; mas a Idéia estética
exprime o inexprimível, por criação de uma outra natureza. Também a
Idéia estética é verdadeiramente um modo de apresentação das Idéias,
próximo do simbolismo, ainda que procedendo diferentemente. E ela
tem um efeito análogo: ela "dá o que pensar", ela alarga os conceitos do
entendimento de maneira ilimitada, ela libera a imaginação das
constrições do entendimento”.
Assim, a obra em questão (Fig. 1), seguindo a lógica barroca, propõe um traço que
busca se aproximar do real, tratando de apresentar novas belezas e sensações, que neste
caso em particular retrata o sofrimento, conduzindo seu espectador à reflexão através das
diferentes percepções que se têm como reposta da imaginação.
REFERÊNCIAS
DELEUZE, G. A IDÉIA DE GÊNESE NA ESTÉTICA DE KANT. In: Revue
d'esthétique, v. XVI, nº 2, abril-junho. Paris: PUF, 1963, pp. 113-136. Op. Trad.
SARTRE, J-P. ESBOÇO PARA UMA TEORIA DAS EMOÇÕES. Porto Alegre:
L&PM, 2ª ed, 2006 [2008]. Op. Trad.

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  • 1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Comunicações e Artes Programa de Especialização em Estética e Gestão da Moda Exercício de Análise Prof. Me. Emerson Nascimento Aluno: Cauê Braga Chianca Disciplina: Fundamentos Estéticos da moda São Paulo, Abril de 2013
  • 2. Neste exercício foi proposto que se escolhesse uma entre duas imagens ofertadas pelo Professor, e posterior justificativa e análise da escolha desta imagem. Das duas imagens disponibilizadas foi, aqui, escolhida a IMAGEM 2 (Fig. 1) A escolha desta imagem se deu, principalmente, pela percepção do fiel retrato da condição humana. Nota-se nesta imagem elementos da arte barroca como o jogo de luz e sombra, movimento e textura que, segundo NASCIMENTO (2013), tem como principal característica “o acréscimo de novos pontos desprezando, assim, a harmonia característica da arte clássica” (informação verbal)1 . 1 Informação fornecida por NASCIMENTO em São Paulo em 2013. “O egoísmo e a sociedade andam juntos: é Narciso no Clube Méditerranée”. COMTE-SPONVILLE, (2009, pp.32).
  • 3. A imagem selecionada (Fig. 1) para esta discussão - pode-se inferir que – representa a decrepitude humana, ou ao que SARTRE (2006, P. 22) chama de cólera: “(...) O sujeito em cólera assemelha-se a um homem que, não podendo desfazer os nós das cordas que o prendem, torce-se em todos os sentidos nas suas amarras”. O estilo da obra em questão apreende não mais representação de objetos e sujeitos que busca a beleza perfeita e sim, talvez, o próprio excesso e sofrimento inerente à existência humana. Já não mais se retrata Deuses terrenos, e sim a criatura humana em toda sua pequenez. Entretanto o tratamento dado às questões humanas, converge com a proposição da representação realista e emocional. Açambarcando, portanto, à questão estética apresentada em aula no que tange à percepção ou sensação, que busca a natureza do belo nas suas mais variadas formas. Conforme nos elucida DELEUZE (1963, P. 20): “A Idéia racional contém algo de inexprimível; mas a Idéia estética exprime o inexprimível, por criação de uma outra natureza. Também a Idéia estética é verdadeiramente um modo de apresentação das Idéias, próximo do simbolismo, ainda que procedendo diferentemente. E ela tem um efeito análogo: ela "dá o que pensar", ela alarga os conceitos do entendimento de maneira ilimitada, ela libera a imaginação das constrições do entendimento”. Assim, a obra em questão (Fig. 1), seguindo a lógica barroca, propõe um traço que busca se aproximar do real, tratando de apresentar novas belezas e sensações, que neste caso em particular retrata o sofrimento, conduzindo seu espectador à reflexão através das diferentes percepções que se têm como reposta da imaginação. REFERÊNCIAS DELEUZE, G. A IDÉIA DE GÊNESE NA ESTÉTICA DE KANT. In: Revue d'esthétique, v. XVI, nº 2, abril-junho. Paris: PUF, 1963, pp. 113-136. Op. Trad. SARTRE, J-P. ESBOÇO PARA UMA TEORIA DAS EMOÇÕES. Porto Alegre: L&PM, 2ª ed, 2006 [2008]. Op. Trad.