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Chicos
Cataguases
chicos.cataletras@hotmail.com
Apesar de inútil, a poesia é nossa arma de combate
Neste agosto, em que se faz vinte anos da morte de Carlos Drummond.
Decidimos fazer neste Chicos uma homenagem à poesia. Pedimos a licença e a benção do
maior poeta de Cataguases: Francisco Marcelo Cabral.
Mas agosto também é o mês onde ocorreu o uso da mais pura e genuína burrice humana: A
bomba de Hiroshima. Por isso vos oferecemos a poesia de Sadako.
Durante o primeiro semestre deste ano, Zeca Junqueira, Emerson Teixeira, Zé Antonio e
Vanderlei Pequeno passaram trocando idéias que acabaram num formidável livro de intensa
poesia do Zeca: “Um inconsciente pedido de socorro”. Tudo começou com a estúpida
morte, lá no Rio, do menino João. Que João? Aquele que arrastaram pelas ruas do Rio de
Janeiro como um boneco de Judas. Caminhou pela poesia afiada feito faca do Zeca,
transitou por Paul Celan, nos chocamos com um kamikaze coreano em mais uma matança
escolar norte-americana, até chegarmos a poesia de Kurihara Sadako. Que Emerson Teixeira
traduziu com extrema sensibilidade e maestria.
Mestre João Cabral nos disse em seu poema Anti-char: “Poesia intransitiva,/sem
mira e pontaria: / sua luta com a língua acaba / dizendo que a língua diz nada. / É uma luta
fantasma, / vazia, contra nada; / não diz a coisa, diz vazio; / nem diz coisas, é balbucio.”
Mesmo sem mira, disparamos a poesia contra a estupidez atômica. Sabemos ser apenas o
“balbuciar” das palavras, fruto da sensibilidade e emoção de nossos poetas.
“A rosa de Hiroshima” de Vinícius de Moraes é, para nós, das poucas se não única
expressão poética feita sobre a bomba atômica. Fala-se muito no Brasil da literatura de
Auschwitz. Mas e a produção japonesa pós Hiroshima?
Kurihara Sadako (1913-2005), poetisa hibakusha (vítima da bomba atômica) nascida em
Hiroshima e sobrevivente da bomba, produziu sua poesia a partir da traumática morte
instantânea de milhares de seres humanos e sobreviventes com sequelas hereditárias
provocadas pela exposição à radioatividade. Nas palavras de Kurihara Sadako, em artigo de
1985, “A poesia e a prosa da bomba atômica começaram a ser escritas por anônimos que
experimentaram, em primeiro lugar, a impossibilidade da fala, e só podiam permanecer
emudecidos em meio àquela morte em massa; foram escritas porque eles, seres humanos, não
poderiam não falar disso”
O poeta romeno Paul Celan (1920-1970), judeu de expressão alemã e sobrevivente do
Holocausto, ao falar do motivo de sua escrita: “No meio de tantas perdas, uma coisa
permaneceu acessível, próxima e salva – a língua. Sim, apesar de tudo, ela, a língua,
permaneceu a salvo. (...) Nesses anos e nos seguintes tentei escrever poemas nesta língua: para
falar, para me orientar, para saber onde me encontrava e aonde isso me iria levar, para fazer o
meu projeto de realidade.” Celan é um dos poetas mais importante do pós guerra alemão.
No Japão, Kurihara Sadako surge como uma das vozes poéticas mais expressivas da literatura
pós-bomba. Dedicou sua vida à memória do dia 6 de agosto. Sua poesia não é somente
literatura da bomba atômica, é também poesia do pacifismo. Sadako foi não somente
escritora como também incentivadora da literatura de Hiroshima, o que o fazia por meio de
edições de antologias poéticas relativas ao tema, como por exemplo O Rio da Corrente em
Chamas no Japão (1960).
Além de poetisa, Sadako foi ensaísta, ativista e líder do movimento antinuclear. Tinha fortes
convicções políticas, o que a levou a protestar contra ações do governo japonês durante a
Segunda Guerra, contra o tratado de segurança entre Japão e Estados Unidos (1960), além de
fazer parte de um grupo de mulheres que se manifestavam publicamente contra os testes
nucleares em todo o mundo. – ela escreveu cerca de 400 poemas e 100 ensaios sobre a
experiência de Hiroshima Seu livro de poemas de maior repercussão, Ovos Negros (em
japonês, Kuroi tamago, de 1946), lançado imediatamente após a bomba de Hiroshima, teve
poemas censurados, pelo órgão censor da Ocupação Americana no Japão. O poema “Respeito
pela humanidade” clarifica a imagem dos “ovos negros” do título, quando a poetisa protesta
contra a política demográfica estipulada em 1941 pelo Ministério do Bem-Estar Social para o
período da guerra, que proibia o aborto e a contracepção: No pós-guerra, com a escassez de
moradias e de alimentos, o ministério suspendeu a proibição do aborto. Esse controle
populacional, baseado nas idéias nazistas de eugenia, é alvo de ataque no poema. A
sistematização da vida e da morte – os que são enviados para a morte nos campos de batalha, e
os que são convocados a procriar – é denunciada como desrespeito à humanidade.
As mulheres são convocadas a não terem filhos até que se extinga o militarismo, pois a
maternidade não deve estar vinculada à política, pois, afinal de contas, ter filhos não deve ser
comparável às galinhas que precisam botar mais ovos.
A metáfora “ovos negros” se assemelha à imagem de “leite negro” do poema “Fuga da morte”
de Paul Celan: “Leite negro da madrugada / bebemo-lo ao entardecer / bebemos ao meio-dia e /
pela manhã bebemo-lo de / noite / bebemos e bebemos /(...) a morte é um mestre / que veio da
Alemanha/ azuis são os seus olhos /(...) os teus cabelos de oiro Margarete...”
A própria postura de Sadako sinaliza seu amor à vida. Diversos escritores sobreviventes da
bomba atômica e do Holocausto europeu se suicidaram, entre eles Celan, aos 50 anos de idade.
Até pouco antes de sua morte natural, aos 92 anos, Sadako se empenhava em agir a favor da
paz, da conscientização antinuclear, do não esquecimento de Hiroshima, pois, conforme afirma,
“Hiroshima não é, de modo algum, algo que ocorreu no passado. (...) Hiroshima é um lugar no
futuro onde podemos ver até onde pode nos levar o militarismo, a corrida armamentista, sua
destinação; é o maior ponto cego da espécie humana, que serve como referência para o
mundo”.
Vocês verão aqui, outros autores tratando com indignação da violência humana. Pensem
nesta poesia como nestes versos do Drummond: “É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o
tédio, o nojo e o ódio.”
Eu vi Hiroshima
Nada se vê em Hiroshima.
Hiroshima: cidade de prédios e carros.
Casais de blue jeans cochilam
em bancos situados nos parques
uma criancinha corre atrás dos pombos sobre a relva.
O cogumelo atômico,
o cenotáfio -
São apenas gotas para instantâneos.
Não, isto é o que eu vi.
Pessoas sentadas em grupos como ascetas
sobre o meio-fio defronte ao cenotáfio.
Movendo-se lenta
e silenciosamente,
ligados em testes nucleares subterrâneos
no deserto de logínquos países
e no silencioso ruído das cinzas mortíferas
que explodem no ar,
gente que já viram o inferno atômico.
Pessoas sentadas no meio-fio
que conversam com mortos,
reunem-se aos mortos
para clamar pela paz.
Isto foi o que vi.
Gente em Hiroshima
sentados nos meio-fios
clamando pela paz.
Kurihara Sadako (Hiroshima - Japão)
À moda de Paul Celan
Poema algum denuncia esse caos absoluto
esse horror pendente
- que se rebele o Cosmos
com seus exércitos celestes! -
é vã a poesia contra tal desordem.
À altura então o que dizer
- não contra a bomba – essa indizível!
Mas contra esse sentir comodamente
que foi bom não ter ainda entrado
no mundo quando ele,
surpreendido em sua doação
por um momento deixou de existir?
Zeca Junqueira (Rio de Janeiro -RJ)
(In)certa mão
Que força
oculta
possui (in)certa
mão
para reter
o mundo
como um botão
(de flor ou de terror?)
Que mão
tão vasta
é essa
capaz de re-
unir os homens
à v'espera
do pânico?
Que poder
de super-ação
possui tal mão
para destruir
o que se construiu
com 2.000 anos de mãos?
Que mão
tão forte
é o suporte
da explosão?
Wilson Pereira (Brasília - DF)
Em meio à destruição
Uma flor selvagem e simples
explode ínfimas florações
do solo queimado constituído
dos ossos de nossos pais, mães, irmãos parentes, enfim das atuais-silentes ruinas
onde cada coisa viva não sobreviveu ao incêndio
uma vida infima que nos ensinou a vida.
Hiroshima, desde esse dia fabricando -
uma florescente flor das entranhas da destruição.
Kurihara Sadako (Hiroshima- Japão)
Lá na Ásia...
Lá na Ásia tinha um alvo
a cidade de Hiroshima
Calcularam que era bastante
a carga radioativa
Guerra de Hiroshima
espelhas o horror que o ódio nos causa...
Lembrem-se de Hiroshima,
do fim de Hiroshima,
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a reconstrução de Hiroshima.
Emerson Teixeira (Cataguases -MG)
Respeito pela humanidade
Denunciaram-nos
por sermos
tão materialistas
mas o que dizer de seus
“recursos humanos”?
Dizem: “É política de estado
portanto façam filhos!”
Isto parece que é fácil
como criar galinhas
para produzir ovos.
“É política de estado”, dizem:
“façam filhos!”
e no frigir dos ovos
o respeito pela vida
vai pro brejo.
Coisas de consumo
vinte anos depois
manifestem-se
contra a sistematização
da vida e da morte.
O militarismo
é uma abominação
mulheres do universo
até que termine,
não procriem!
O velho soldado, também
açoitado
com o chicote da besta
por não
bater continência.
Kurihara Sadako (Hiroshima - Japão)
O vôo da morte
Rompendo o negrume do oceano
soa a marcha fúnebre dos motores
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Das entranhas da prateada serpente alada
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Após o relâmpago da loucura
o olho secou na lágrima
a boca emudeceu no grito
pessoas foram codaquiadas nas paredes
Enquanto isto em Hollywood
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Zé Antonio (Cataguases - MG)
Diálogo
Não te falo, e tu me matas,
não me falas, e eu te mato.
Chegaremos juntos, depressa!
À humanidade abstrata.
Guilhermino Cesar (Eugenópolis MG
1908 -1993 Porto Alegre RS)
“A Casa da rua Alferes e outras crônicas”
dos autores: Emerson Teixeira Cardoso, José Antonio Pereira, José Vecchi de Carvalho e
Vanderlei Pequeno
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Chicos - 10 - Agosto 2007

  • 2. Apesar de inútil, a poesia é nossa arma de combate Neste agosto, em que se faz vinte anos da morte de Carlos Drummond. Decidimos fazer neste Chicos uma homenagem à poesia. Pedimos a licença e a benção do maior poeta de Cataguases: Francisco Marcelo Cabral. Mas agosto também é o mês onde ocorreu o uso da mais pura e genuína burrice humana: A bomba de Hiroshima. Por isso vos oferecemos a poesia de Sadako. Durante o primeiro semestre deste ano, Zeca Junqueira, Emerson Teixeira, Zé Antonio e Vanderlei Pequeno passaram trocando idéias que acabaram num formidável livro de intensa poesia do Zeca: “Um inconsciente pedido de socorro”. Tudo começou com a estúpida morte, lá no Rio, do menino João. Que João? Aquele que arrastaram pelas ruas do Rio de Janeiro como um boneco de Judas. Caminhou pela poesia afiada feito faca do Zeca, transitou por Paul Celan, nos chocamos com um kamikaze coreano em mais uma matança escolar norte-americana, até chegarmos a poesia de Kurihara Sadako. Que Emerson Teixeira traduziu com extrema sensibilidade e maestria. Mestre João Cabral nos disse em seu poema Anti-char: “Poesia intransitiva,/sem mira e pontaria: / sua luta com a língua acaba / dizendo que a língua diz nada. / É uma luta fantasma, / vazia, contra nada; / não diz a coisa, diz vazio; / nem diz coisas, é balbucio.” Mesmo sem mira, disparamos a poesia contra a estupidez atômica. Sabemos ser apenas o “balbuciar” das palavras, fruto da sensibilidade e emoção de nossos poetas. “A rosa de Hiroshima” de Vinícius de Moraes é, para nós, das poucas se não única expressão poética feita sobre a bomba atômica. Fala-se muito no Brasil da literatura de Auschwitz. Mas e a produção japonesa pós Hiroshima? Kurihara Sadako (1913-2005), poetisa hibakusha (vítima da bomba atômica) nascida em Hiroshima e sobrevivente da bomba, produziu sua poesia a partir da traumática morte instantânea de milhares de seres humanos e sobreviventes com sequelas hereditárias provocadas pela exposição à radioatividade. Nas palavras de Kurihara Sadako, em artigo de 1985, “A poesia e a prosa da bomba atômica começaram a ser escritas por anônimos que experimentaram, em primeiro lugar, a impossibilidade da fala, e só podiam permanecer emudecidos em meio àquela morte em massa; foram escritas porque eles, seres humanos, não poderiam não falar disso” O poeta romeno Paul Celan (1920-1970), judeu de expressão alemã e sobrevivente do Holocausto, ao falar do motivo de sua escrita: “No meio de tantas perdas, uma coisa permaneceu acessível, próxima e salva – a língua. Sim, apesar de tudo, ela, a língua, permaneceu a salvo. (...) Nesses anos e nos seguintes tentei escrever poemas nesta língua: para falar, para me orientar, para saber onde me encontrava e aonde isso me iria levar, para fazer o meu projeto de realidade.” Celan é um dos poetas mais importante do pós guerra alemão. No Japão, Kurihara Sadako surge como uma das vozes poéticas mais expressivas da literatura pós-bomba. Dedicou sua vida à memória do dia 6 de agosto. Sua poesia não é somente literatura da bomba atômica, é também poesia do pacifismo. Sadako foi não somente escritora como também incentivadora da literatura de Hiroshima, o que o fazia por meio de edições de antologias poéticas relativas ao tema, como por exemplo O Rio da Corrente em Chamas no Japão (1960). Além de poetisa, Sadako foi ensaísta, ativista e líder do movimento antinuclear. Tinha fortes convicções políticas, o que a levou a protestar contra ações do governo japonês durante a Segunda Guerra, contra o tratado de segurança entre Japão e Estados Unidos (1960), além de fazer parte de um grupo de mulheres que se manifestavam publicamente contra os testes nucleares em todo o mundo. – ela escreveu cerca de 400 poemas e 100 ensaios sobre a
  • 3. experiência de Hiroshima Seu livro de poemas de maior repercussão, Ovos Negros (em japonês, Kuroi tamago, de 1946), lançado imediatamente após a bomba de Hiroshima, teve poemas censurados, pelo órgão censor da Ocupação Americana no Japão. O poema “Respeito pela humanidade” clarifica a imagem dos “ovos negros” do título, quando a poetisa protesta contra a política demográfica estipulada em 1941 pelo Ministério do Bem-Estar Social para o período da guerra, que proibia o aborto e a contracepção: No pós-guerra, com a escassez de moradias e de alimentos, o ministério suspendeu a proibição do aborto. Esse controle populacional, baseado nas idéias nazistas de eugenia, é alvo de ataque no poema. A sistematização da vida e da morte – os que são enviados para a morte nos campos de batalha, e os que são convocados a procriar – é denunciada como desrespeito à humanidade. As mulheres são convocadas a não terem filhos até que se extinga o militarismo, pois a maternidade não deve estar vinculada à política, pois, afinal de contas, ter filhos não deve ser comparável às galinhas que precisam botar mais ovos. A metáfora “ovos negros” se assemelha à imagem de “leite negro” do poema “Fuga da morte” de Paul Celan: “Leite negro da madrugada / bebemo-lo ao entardecer / bebemos ao meio-dia e / pela manhã bebemo-lo de / noite / bebemos e bebemos /(...) a morte é um mestre / que veio da Alemanha/ azuis são os seus olhos /(...) os teus cabelos de oiro Margarete...” A própria postura de Sadako sinaliza seu amor à vida. Diversos escritores sobreviventes da bomba atômica e do Holocausto europeu se suicidaram, entre eles Celan, aos 50 anos de idade. Até pouco antes de sua morte natural, aos 92 anos, Sadako se empenhava em agir a favor da paz, da conscientização antinuclear, do não esquecimento de Hiroshima, pois, conforme afirma, “Hiroshima não é, de modo algum, algo que ocorreu no passado. (...) Hiroshima é um lugar no futuro onde podemos ver até onde pode nos levar o militarismo, a corrida armamentista, sua destinação; é o maior ponto cego da espécie humana, que serve como referência para o mundo”. Vocês verão aqui, outros autores tratando com indignação da violência humana. Pensem nesta poesia como nestes versos do Drummond: “É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.”
  • 4. Eu vi Hiroshima Nada se vê em Hiroshima. Hiroshima: cidade de prédios e carros. Casais de blue jeans cochilam em bancos situados nos parques uma criancinha corre atrás dos pombos sobre a relva. O cogumelo atômico, o cenotáfio - São apenas gotas para instantâneos. Não, isto é o que eu vi. Pessoas sentadas em grupos como ascetas sobre o meio-fio defronte ao cenotáfio. Movendo-se lenta e silenciosamente, ligados em testes nucleares subterrâneos no deserto de logínquos países e no silencioso ruído das cinzas mortíferas que explodem no ar, gente que já viram o inferno atômico. Pessoas sentadas no meio-fio que conversam com mortos, reunem-se aos mortos para clamar pela paz. Isto foi o que vi. Gente em Hiroshima sentados nos meio-fios clamando pela paz. Kurihara Sadako (Hiroshima - Japão) À moda de Paul Celan Poema algum denuncia esse caos absoluto esse horror pendente - que se rebele o Cosmos com seus exércitos celestes! - é vã a poesia contra tal desordem. À altura então o que dizer - não contra a bomba – essa indizível! Mas contra esse sentir comodamente que foi bom não ter ainda entrado no mundo quando ele, surpreendido em sua doação por um momento deixou de existir? Zeca Junqueira (Rio de Janeiro -RJ)
  • 5. (In)certa mão Que força oculta possui (in)certa mão para reter o mundo como um botão (de flor ou de terror?) Que mão tão vasta é essa capaz de re- unir os homens à v'espera do pânico? Que poder de super-ação possui tal mão para destruir o que se construiu com 2.000 anos de mãos? Que mão tão forte é o suporte da explosão? Wilson Pereira (Brasília - DF) Em meio à destruição Uma flor selvagem e simples explode ínfimas florações do solo queimado constituído dos ossos de nossos pais, mães, irmãos parentes, enfim das atuais-silentes ruinas onde cada coisa viva não sobreviveu ao incêndio uma vida infima que nos ensinou a vida. Hiroshima, desde esse dia fabricando - uma florescente flor das entranhas da destruição. Kurihara Sadako (Hiroshima- Japão)
  • 6. Lá na Ásia... Lá na Ásia tinha um alvo a cidade de Hiroshima Calcularam que era bastante a carga radioativa Guerra de Hiroshima espelhas o horror que o ódio nos causa... Lembrem-se de Hiroshima, do fim de Hiroshima, Mas também de como foi possível, a reconstrução de Hiroshima. Emerson Teixeira (Cataguases -MG)
  • 7. Respeito pela humanidade Denunciaram-nos por sermos tão materialistas mas o que dizer de seus “recursos humanos”? Dizem: “É política de estado portanto façam filhos!” Isto parece que é fácil como criar galinhas para produzir ovos. “É política de estado”, dizem: “façam filhos!” e no frigir dos ovos o respeito pela vida vai pro brejo. Coisas de consumo vinte anos depois manifestem-se contra a sistematização da vida e da morte. O militarismo é uma abominação mulheres do universo até que termine, não procriem! O velho soldado, também açoitado com o chicote da besta por não bater continência. Kurihara Sadako (Hiroshima - Japão)
  • 8. O vôo da morte Rompendo o negrume do oceano soa a marcha fúnebre dos motores Hiroshima acorda num pacifico horizonte azul. Das entranhas da prateada serpente alada brota um filho da puta - o ovo negro Após o relâmpago da loucura o olho secou na lágrima a boca emudeceu no grito pessoas foram codaquiadas nas paredes Enquanto isto em Hollywood Robert Taylor beija Eleanor Parker em Above and Beyond. Zé Antonio (Cataguases - MG) Diálogo Não te falo, e tu me matas, não me falas, e eu te mato. Chegaremos juntos, depressa! À humanidade abstrata. Guilhermino Cesar (Eugenópolis MG 1908 -1993 Porto Alegre RS)
  • 9. “A Casa da rua Alferes e outras crônicas” dos autores: Emerson Teixeira Cardoso, José Antonio Pereira, José Vecchi de Carvalho e Vanderlei Pequeno Se você quer adquirir entre em contato conosco: chicos.cataletras@hotmail.com