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Maya Banks
KGI 08
** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **
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Maya Banks
Depois da Tempestade
KGI 8
Kelly Group Internacional (KGI): Um negócio de super soldados de elite, ultra secreto.
Qualificações: alta inteligência, corpo forte, formação militar.
Missão: Resgate de vítimas de sequestro/reféns. Coleta de informações. Executar trabalhos que o
governo americano não pode...
Ao longo dos anos, Donovan Kelly lutou incansavelmente por justiça. Mulheres e crianças sempre
tiveram um lugar especial em seu coração. Trabalhando lado a lado com seus irmãos, Donovan
testemunhou em primeira mão o quanto isso custava — fisicamente, mentalmente e
emocionalmente — para seus entes queridos, e para as vidas inocentes apanhadas no fogo
cruzado. O que ele nunca esperou é que sua próxima missão acontecesse bem na grama de sua
casa ou que essa missão tomasse um rumo muito pessoal.
O pitoresco Lago Kentucky é o lugar perfeito para uma alma em busca de um porto seguro. Uma
bela estranha chegou — desesperada, ofegante e fugindo de um passado obscuro que perseguia a
ela e aos irmãos mais novos que ela jurou proteger. Donovan agora deve recorrer a todos os
recursos à sua disposição, se ele quiser salvar a mulher e as crianças que poderão ser o seu destino.
Maya Banks
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Traduzido e Revisado do Inglês
Envio do arquivo e Formatação: Δίκη
Revisão Inicial:
Val – Capítulo 01 ao Capítulo 19
Kimie – Do capítulo 20 ao Epílogo
Revisão Final:
Kimie – Capítulo 01 ao Capítulo 19
Val – Do capítulo 20 ao Epílogo
Capa: Élica
Talionis
Para todos que esperaram pacientemente que a história de Donovan fosse contada.
Espero que tenha sido tudo o que vocês esperavam, e que a espera tenha valido a pena.
Maya Banks
Comentário das RevisorasComentário das RevisorasComentário das RevisorasComentário das Revisoras
Comentário da Revisora Kimie: A tão esperada estória do Donovan. Ele que sempre teve um
fraco por mulheres e crianças com problemas, agora se vê diante de um caso que tem tudo isso,
uma mulher e duas crianças fugindo de algo que as aterroriza e provoca em Donovan o desejo de
ajudar e algo mais que vai mudar sua vida completamente. Ele encontra o que seus irmãos já
encontraram, uma família, um amor... Rusty tem um papel importante nesta estória e sua relação
com Sean mostra alguma evolução. A família Kelly está aumentando, novos bebês estão a
caminho...
Comentário da Revisora Val: Essa estória foi diferente, foi mais família. Foi mais suave na
ação, embora mais tensa no tema. Ela se passou quase que completamente no complexo e não
houve grandes confrontos. A parte mais violenta aconteceu inesperadamente envolvendo um
personagem improvável.
O livro não é sobre sexo, embora também tenha seus momentos sensuais. Ele é
principalmente sobre o amor entre a família, até onde cada pessoa iria por amor, o que cada
pessoa faria para proteger quem ela ama.
Eu já considerava a KGI uma família linda, mas a Eve e os irmãos dela são mais lindos ainda.
Ela é procurada pela polícia por tirar os irmãos das garras de um pai abusivo. E eles são
eternamente gratos a ela por isso. Eles se cuidam, se protegem e se amam tanto que é impossível
não se comover. A Eve largou faculdade e uma vida confortável para fugir com eles, por que o
padrasto é muito influente e nem a polícia acredita que ele seja capaz de espancar a esposa e
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abusar da filha de 4 anos. O Travis tem apenas 15 anos, mas é tão protetor, tão disposto a fazer o
que é certo, tão grato a sua irmã, por ter desistido de uma vida segura longe de um monstro, para
viver fugindo e se arriscando ao cuidar deles, que se torna um personagem admirável e
responsável, apesar de ser tão jovem. E a Cammie, ahh a Cammie é uma princesinha linda e
apaixonante. Eu me encantei pela menininha de 4 aninhos, doce, meiga, vulnerável e tão apegada
a seu irmão e irmã. Todas as vezes que ela aparecia eu sentia uma vontade imensa de que ela
fosse real para que eu pudesse pegá-la no colo e a consolar. Eu conheci um lado do Donovan ainda
não mostrado nos livros anteriores. Um anseio em ter sua própria família, em se estabilizar e ter o
que seus irmãos já têm.
Todos os integrantes da família Kelly aparecem muito e vemos um desenvolvimento intenso
na vida de cada um. A Rusty é parte da estória, ela se identifica com os problemas de Travis,
principalmente por que ele tem a mesma idade que ela tinha quando conheceu Marlene Kelly e ela
mudou sua vida. Devido a isso, ela faz tudo para ajuda-los, e mostra que se transformou em uma
mulher compassiva e leal. É muito bom ler sobre o quanto ela amadureceu e o quanto o convívio
com os Kellys fez bem a ela. E sua estória já começa a se desenvolver e parece que será muito
terna.
Eu acho que a Maya só pecou na correria com que tudo aconteceu. Acho que o plano de
resgate dessa vez foi fraquíssimo, mas isso não atrapalhou a beleza da estória, o fato de que uma
família unida e afetuosa é comovente.
Dessa vez, quero dedicar o trabalho de minha revisão a Christina Cruz por que foi ela quem
indicou essa série no grupo, e me instigou a ler e revisar as estórias que até hoje me emocionam.
Obrigada pela indicação e por sempre retribuir com uma opinião tão positiva a respeito de meu
trabalho.
Capítulo 1
Rusty suspirou e perguntou-se novamente se tinha feito a coisa certa ao contratar o garoto
em tempo parcial. Eles não precisavam de ajuda na loja. Frank se mantinha ocupado, apesar das
objeções da família sobre exagerar depois de seu ataque cardíaco alguns anos antes. Rusty
ajudava quando estava de férias da faculdade, e havia número suficiente de Kellys dispostos a
largar tudo e ajudar a qualquer momento que eles fossem necessários.
E, no entanto... Ela não foi capaz de recusar o garoto. Talvez fosse o desespero silencioso em
seus olhos. Era um olhar e um sentimento com os quais estava bem familiarizada.
— Mas, pela graça de Deus, — e dos Kellys — não estou mais, — ela murmurou, um meio
sorriso levantando seus lábios.
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Havia pouca dúvida de que ela ainda estaria em um trailer caindo aos pedaços, vivendo com
sua merda de padrasto, com uma mão na frente e outra atrás, se Marlene Kelly não tivesse
tomado Rusty e a colocado em sua casa. Oh, ela não estaria ainda com o padrasto. Ela teria fugido.
Eventualmente. E provavelmente estaria nas ruas em algum lugar. Prostituindo-se para sobreviver.
Um arrepio tomou conta dela enquanto memórias a longo tempo reprimidas rastejavam
para a superfície. Memórias dolorosas e humilhantes. Marlene Kelly era uma santa. Um anjo entre
os anjos. Rusty agradecia a Deus por ela e Frank todos os dias.
Por causa deles, ela estava na universidade. Ela se formaria no período de um ano! Com um
diploma! Ela tinha uma vida. Perspectivas! Todas as coisas que nunca imaginou ter. Mas a melhor
parte de tudo isso?
Ela tinha uma família. Uma enorme família honesta e bondosa, leal, ferozmente amorosa.
Ela era uma Kelly. Marlene e Frank até mesmo contrataram um advogado para que Rusty pudesse
mudar seu nome legalmente. Ela reemitiu uma nova certidão de nascimento e cartão do seguro
social e tudo mais. Rusty Kelly.
Oh, seu primeiro nome soava brega e horrível com o sobrenome Kelly. Mas, antes, ela tinha
um nome perfeitamente normal e mundano, Barnes, antes de mudá-lo legalmente. Marlene
queria adotá-la, mesmo que Rusty já fosse legalmente adulta. Ela não queria nada que fizesse
Rusty ter a sensação de que ela não era verdadeiramente uma parte do clã Kelly.
Mas não era necessário. Só de saber que era amada e aceita por todos os Kellys, inclusive
pelos irmãos fodões, ranzinzas e super protetores, era suficiente para Rusty. Poder ir para a escola
e ser conhecida como Rusty Kelly ainda a confundia, e, às vezes, lembrar-se disso a pegava
desprevenida e ela beirava precariamente às lágrimas. E ela jurara nunca mais chorar. Ela deixou
aquela vida para trás. Toda a dor e constrangimento que viveu durante os primeiros quinze anos
de sua existência.
Isso se acabou no momento em que a ternura de Marlene envolveu-a no manto do nome
Kelly.
Rusty suspirou enquanto olhava para o corredor em direção a Travis Hanson — se é que esse
era mesmo seu nome verdadeiro — e perguntou-se novamente no que ela tinha se metido.
Ele era da mesma idade que Rusty tinha quando ela arrombou a casa dos Kelly querendo
nada mais do que algo para comer. Ele tinha a mesma escuridão nos olhos. A mesma tristeza. Mas
o pior de tudo... O medo.
Como se sentisse seu escrutínio, Travis olhou para cima de onde ele estava estocando as
prateleiras, e seu mal-estar foi registrado. O pobre garoto era absolutamente inepto em impedir
que suas emoções fossem transmitidas em todo o rosto. Isso demonstrava que ele não tinha
experiência, e o que quer que fosse que o trouxera para esta loja e colocara o medo em seus olhos
era recente.
— Tem alguma coisa errada? — Ele perguntou em voz baixa.
Ele poderia ter quinze anos — foi o que ele disse a ela, mas aparentava ser muito mais velho.
Ele era muito mais alto do que a maioria dos meninos de quinze anos. Musculoso. Encorpado. Não
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era tão desengonçado como tantos outros meninos de sua idade. Ele envelheceu rapidamente.
Cresceu. Era velho para sua idade.
Era algo que Rusty definitivamente poderia perceber porque ela foi forçada a crescer
quando tinha apenas dez anos. Por falar nisso, quando ela verdadeiramente foi criança?
— Nada, — Rusty disse alegremente, esperando que não estivesse sendo tão óbvia quanto o
garoto sobre suas desconfianças. — Estava pensando que depois de terminar aquela prateleira
poderíamos almoçar. Há uma lanchonete apenas algumas portas abaixo. Está com fome?
O arregalar instantâneo de seus olhos lhe disse que ele estava realmente com fome.
Perguntou-se quando teria sido sua última boa refeição. Mas não queria perguntar por que ele
provavelmente fugiria.
— Eu, uh, deixei a minha carteira em casa, — ele gaguejou. — Mas eu posso pagá-la
amanhã. Quer dizer, se você quiser que eu vá com você.
Rusty fez uma careta. Frank não abria a loja de ferragens aos domingos. Essa era o dia da
igreja e da família. Mas Travis não precisava saber que Frank teria um ataque se qualquer um de
seus funcionários trabalhasse no domingo. Rusty já havia decidido que ela pagaria o garoto de seu
próprio bolso, se fosse preciso.
— Conferimos o estoque aos domingos, — ela disse, esperando que Deus a perdoasse por
essa mentira descarada. — A loja não estará aberta, mas eu definitivamente poderia utilizar sua
ajuda por algumas horas na parte da manhã, se você puder vir.
O alívio lavou os olhos dele e seus ombros caíram.
— Claro. Sem problemas. Posso entrar as oito e ficar o tempo que você precisar de mim.
Rusty correu o risco e olhou a reação dele de perto.
— Sua mãe não se importaria com isso? Quero dizer, a maioria das pessoas por aqui vai à
igreja e passa o domingo com a família. Eu odiaria perder um bom funcionário porque sua mãe
ficou chateada por que você trabalhou.
A expressão dele tornou-se tensa, os olhos impassíveis, mas eles piscaram uma vez quando
ele respondeu.
— Eu não tenho mãe. Minha irmã cuida de mim e de minha irmã mais nova. Eu gosto de
ajudar. Eve... Quero dizer ela... Trabalha demais. Ela não vai se importar se eu trabalhar algumas
horas. Nós poderíamos precisar do dinheiro.
Rusty guardou aquele pedaço de informação e rapidamente seguiu em frente. Travis estava
extremamente desconfortável e ela não queria correr o risco de que ele fugisse. Não que ela
soubesse por que se importava com isso. Inferno, provavelmente seria melhor se o garoto não
ficasse muito tempo porque quando Frank descobrisse o que Rusty fizera, ele provavelmente se
perguntaria se ela enlouquecera.
— Ok, então. O que você gostaria de comer? Eles têm um ótimo sanduíche de pão grelhado.
Mas também servem um hambúrguer semelhante ao do McDonalds. Um menino de seu tamanho
provavelmente precisa de proteína.
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Travis sorriu. Apenas um breve sorriso que apagou algumas das sombras em seus olhos. Mas
ele desapareceu com a mesma rapidez, deixando um garoto muito velho para sua idade olhando
para ela.
— Sanduíche do McDonalds?
Ela riu.
— Sim. É uma coisa boa, no entanto. É como meus irmãos chamam um bom hambúrguer
com muita gordura e queijo. Caseiro. Não a porcaria processada que é vendido em restaurantes
fast-food. Por aqui, a comida caseira é uma questão de orgulho. O que você acha de um bom
sanduíche de bacon e queijo? E é o meu deleite. É o mínimo que posso fazer para agradecer por
tirar tanto trabalho dos meus ombros.
— Isso soa muito bom, — ele admitiu. — E obrigado, Rusty. Por tudo. Isso significa muito
para mim e minhas irmãs.
Era tão tentador agarrá-lo e apertar. Abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem. Mas ela resistiu,
porque sabia que quando ela tinha a idade dele, tal atitude iria assustá-la. Rusty demorou muito
tempo para perceber que nem todos no mundo tinham intenção de machucá-la. E que o amor era
incondicional e dado livremente. Sem amarras. Sem repercussões.
Mas seu coração doeu por ele. Ela sabia como era sentir medo. Passar fome. Ter demasiada
responsabilidade sendo tão jovem. Ela agradecia a Deus por Marlene e Frank Kelly. Agradecia a
Deus por todos eles.
— Ei, não se estresse, garoto. Como eu disse, se não fosse você, eu teria que conferir o
estoque. Frank insiste em fazer isso, apesar de tudo. Ele teve um ataque cardíaco há alguns anos e
sua esposa fica atrás dele para que ele se esforce menos. Mas ele é teimoso como uma mula do
Missouri, e por isso, tentamos nos certificar que ele não exagere. Você está me fazendo um
grande favor.
Ele sorriu e em seguida, voltou para retirar as ferramentas da caixa que estava no chão,
cuidadosamente organizando-as em seus respectivos lugares.
Com um suspiro, Rusty virou-se e olhou para o relógio. Frank não deveria aparecer até as
duas. Foi necessária muita discussão da parte dela para convencê-lo de que ela era perfeitamente
capaz de gerenciar a loja até que ele viesse trabalhar das duas às seis. Até lá, ela teria alimentado
o garoto, pagado seu salário e o enviado para casa, e Frank não descobriria. Era o que ela
esperava.
Quando voltou para frente da loja, foi atrás do balcão para pegar sua bolsa. Se fosse cumprir
o horário, ela só sairia mais tarde. Ela não gostava de deixar o garoto, mas a caixa registradora
estava trancada e ela trancaria a porta ao sair e colocaria a plaquinha de fechado. Ela estaria de
volta em um flash.
Depois de telefonar fazendo o pedido dos sanduíches, ela ergueu a bolsa por cima do ombro
e se dirigiu para a porta depois de falar a Travis que estaria de volta em cinco minutos. Quase
colidiu com um corpo masculino no caminho para fora e parou, mal conseguindo reprimir a
maldição que subiu aos seus lábios. Marlene estava sempre tentando torná-la uma dama.
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Mas quando viu quem quase a atropelou, prontamente se arrependeu de ter reprimido o
palavrão.
Sean Cameron ficou na frente dela, o olhar se estreitando enquanto a olhava.
— O que foi agora, Sean? — Ela perguntou, exasperada. O policial sempre a pressionava da
maneira errada.
— Quem é o novo funcionário? — Sean exigiu saber — Frank não disse nada sobre a
contratação de alguém novo.
Rusty suspirou. Não havia nada de novo sobre Sean respirando no seu pescoço. A vida em
uma pequena cidade definitivamente tinha suas desvantagens. O garoto não estava aqui nem há
duas horas e o super policial já estava aqui para vê-lo.
— Eu não sabia que você tinha um segundo emprego como gerente de RH de Frank, — disse
ela secamente.
A carranca dele se aprofundou. Não que isso fosse algo novo para ela. Sean vivia a
desaprovando. Era como se ele só estivesse esperando que ela estragasse tudo para que ele
pudesse colocá-la para fora da cidade e fora da vida dos Kellys.
— Pare com isso, Rusty.
Ela fez uma careta para ele, sua paciência estalando.
— Sério, Sean? Você não pode ser um pouco mais original, com seus insultos? Nós nos
conhecemos há quanto tempo agora? Cinco anos? E, no entanto, essa é a sua resposta padrão a
qualquer momento que estamos perto um do outro. "Pare com isso, Rusty."
Ela balançou a cabeça.
— Agora, se me der licença, tenho o almoço para pegar e depois tenho trabalho a fazer.
Tenho certeza de que você tem algo mais importante para fazer do que ficar espiando sobre meu
ombro a cada minuto do dia.
Sean fez uma careta em resposta.
— Quem é o garoto, Rusty?
— Se você quer me interrogar, então terá que vir comigo pegar o almoço para mim e "o
garoto", como você chamou-o. — Ela se referia a ele como o garoto também, mas não tão
pejorativamente como Sean dissera.
E, em seguida, outro pensamento lhe ocorreu. Um que a fez trancar a porta enquanto
empurrava Sean ao passar pela porta. Ela virou a chave, garantindo que ele não iria entrar,
enquanto ela estivesse fora, e então se virou, dedo para cima enquanto o apontava para Sean.
— E você fique longe do garoto. Entendeu? Ele não é da sua conta. Você não falará com ele
e certamente não o interrogará. Eu posso aguentar a sua encheção de saco. Deus sabe que eu lido
com isso há anos. Mas deixe-o em paz ou juro por Deus que vou tornar sua vida miserável.
Os olhos de Sean piscaram, e por um momento ela pensou ter visto arrependimento real.
— Qual é a história dele? — Sean perguntou calmamente.
Rusty decolou na direção da lanchonete, sabendo que Sean iria acompanhá-la. Ele era
teimoso demais para simplesmente deixar as coisas assim. Ele queria ouvir a história de vida do
garoto antes de recuar.
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— Ele é um garoto que precisa desesperadamente de um emprego e de dinheiro, — disse
ela, enquanto caminhavam pela calçada.
— E deixe-me adivinhar. Frank não sabe que você o contratou, — disse Sean.
Rusty assentiu. Sean praguejou ao seu lado.
Rusty parou na porta da loja de sanduíche e olhou fixamente para Sean. Ela sempre se sentiu
inferior ao lado dele, mas, na verdade, a força latente de sua desaprovação poderia pesar até
mesmo em uma pessoa maior.
— Não, ele não sabe. Ainda, — ela emendou. — Não tenho a intenção de esconder isso dele.
Ao contrário do que você pode pensar, eu amo Frank e Marlene. Eu nunca faria nada para
machucá-los. Ele chegou hoje. Está com fome e sem dinheiro, e tem irmãs para sustentar. E não se
preocupe, Sean. Estou pagando-o por fora, com o meu próprio dinheiro. Não que seja muito. Mas
acho que alguma coisa vai ser melhor do que nada, e é um trabalho seguro. Pelo menos aqui eu
posso dar uma olhada nele.
Os olhos de Sean suavizaram, e por um momento ele permaneceu em silêncio.
— Olha, Sean, — Rusty disse, odiando como ela parecia suplicante. Como precisava de sua
maldita aprovação. Ela respirou fundo antes de continuar. — Ele sou eu quando eu tinha essa
idade. Ele é o que eu poderia ser se não fosse por Frank e Marlene e o resto dos Kellys. Ele precisa
de ajuda e eu posso ajudá-lo. Assim como ninguém me ajudou, até que os Kellys estiveram
dispostos a fazê-lo. Então recue, certo? Eu sei que o irrita pedir que confie em mim, mas você acha
que consegue afastar o seu desagrado pessoal por mim o suficiente para me dar uma chance
aqui? Eu não sou estúpida. Posso ajudar esse garoto e vou fazê-lo com ou sem a sua bênção.
Algo muito parecido com pesar brilhou no olhar firme de Sean.
— Eu não desgosto de você, — disse ele em voz baixa.
Ela bufou.
— Só tome cuidado — alertou. — Não estou dizendo isso para te chatear, mas droga, Rusty.
Tenha cuidado. O que você sequer sabe sobre ele? Eu não gosto de você ficar sozinha com ele na
loja. E se ele tentar roubá-la? Ou te machucar?
Ela riu.
— O dia que eu não puder me defender de um garoto de quinze anos, é o dia de eu ir para a
minha sepultura. Eu sou resistente, Sean. Eu tive que ser, crescendo do jeito que cresci. Nos
últimos anos, convivendo com os Kellys, posso ter amolecido, mas ainda estou por minha conta na
faculdade, e acredite em mim quando digo que a faculdade não é uma moleza. Eu tenho aulas de
autodefesa. Posso cuidar de mim mesma.
Os olhos de Sean se estreitaram.
— Que diabos isso significa? O que aconteceu na escola? Alguém mexeu com você?
Ela revirou os olhos.
— Nada que eu não possa resolver sozinha.
Ele passou a mão pelo cabelo curto e soltou a respiração.
— Droga, Rusty. Será que a mataria pedir ajuda? Só uma vez?
Ela piscou surpresa.
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— E o que aconteceria se eu o tivesse procurado pedindo ajuda?
— Eu a ajudaria, — disse ele em voz baixa. — Você acha que eu odeio você, mas isso não é
verdade, Rusty, e se você alguma vez realmente baixasse sua guarda perto de mim, perceberia
que eu só quero ter certeza que você está segura.
Ela não tinha ideia do que dizer sobre isso.
— Eu vou embora, — disse Sean. — Mas estarei de olho no garoto. Se você tiver qualquer
problema, me chame. Se você sequer pensar que haverá problemas, me chame. E se precisar de
alguma coisa, me avise. Se o garoto estiver metido em problemas, me avise. Pode haver uma
maneira de ajudá-lo.
Ela estava tão surpresa que não conseguia fazer nada mais do que assentir com a cabeça.
Quando Sean se afastou, ela o olhou, completamente confusa.
Na verdade, ele agiu como se ele... Se importasse.
Capítulo 2
Eve ergueu os olhos do sofá esfarrapado e desgastado onde Cammie finalmente estava
dormindo, deitada no colo de Eve quando Travis entrou pela porta do trailer de um quarto que
alugaram.
— Ela está melhor? — Travis perguntou ansiosamente enquanto caminhava até o sofá.
Eve passou a mão sobre a testa de Cammie, um movimento que repetira várias vezes ao
longo das últimas horas.
— A febre abaixou um pouco, — disse Eve em voz baixa. — Estou tão preocupada. Não
podemos levá-la ao hospital ou até mesmo ao médico. É muito arriscado. Mas não estou
conseguindo fazer a febre abaixar, não importa o que eu faça.
A expressão de Travis escureceu com a mesma preocupação e fadiga que Eve sentia. Então
ele enfiou a mão no bolso e tirou três notas de vinte dólares.
— Eu sei que não é muito, — disse ele. — Mas eu irei amanhã de manhã por algumas horas
também. A senhora que me contratou é muito boa. Ela até me comprou o almoço.
Eve pegou o dinheiro, lágrimas queimando-lhe as pálpebras. Engoliu em seco, determinada a
manter-se forte e não permitir que Travis visse como estava assustada e preocupada. Mas ele
sabia.
— Eu odeio que você tenha que trabalhar! — Ela disse ferozmente. — Assim que Cammie
estiver melhor, eu vou encontrar um trabalho. Prometo.
As narinas de Travis inflaram.
— Não! Cammie precisa de você. Eu vou fazer o que puder. Se eu não conseguir trabalhar
horas suficientes na loja de ferragens, encontrarei outra coisa. Não quero que você se preocupe,
Evie. Eu vou cuidar de nós. Eu juro.
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KGI 08
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Eve deu um tapinha no espaço no sofá ao lado dela e, em seguida, passou um braço em
torno de seu irmão mais novo, quando ele se sentou.
— Eu te amo. Nós vamos passar por isso, Trav. Eu prometo. Vamos encontrar uma maneira
de ficar juntos e em segurança.
Ele a abraçou também, segurando e apertando, oferecendo-lhe o conforto que ela lhe
ofereceu.
— Vamos conseguir, Evie. Nunca mais teremos que voltar para aquele bastardo. Eu vou
proteger você e Cammie. Não vou deixá-lo te machucar novamente.
Eve envolveu seu rosto com as mãos em concha, sentindo as leves cerdas do primeiro
crescimento de barba no queixo. Ele era tão jovem. Muito jovem para ser sobrecarregado com
tanta responsabilidade. Ela era quem deveria cuidar de Travis e Cammie. Nunca deveria tê-los
deixado com o pai deles. Foi uma decisão da qual iria se arrepender pelo resto de sua vida, mesmo
que, na época, ela não tivesse outra escolha. Mas graças a Deus, ela conseguiu tirá-los de lá. Antes
que Walt Breckenridge pudesse colocar em prática suas fantasias doentes.
Foi ruim o suficiente que ele tentasse assediar Eve depois que sua mãe morreu, mas quando
ele voltou a atenção para Cammie... A doce e querida Cammie, de somente quatro anos de idade.
Eve estremeceu, o coração doendo, náuseas rolando em seu estômago enquanto imaginava o pai
de Cammie tentando molestá-la.
Ela desejou tê-lo matado. Desejou ter encontrado uma maneira de matá-lo. Teria ido com
prazer para a cadeia pelo resto de sua vida se isso significasse que Cammie e Travis estariam
seguros. Eles tiveram sorte de escapar com vida. Mas Eve não era tola. Walt não iria desistir tão
facilmente.
Ela já era uma mulher procurada. Walt a acusara de sequestro e pintou Eve como uma
pessoa emocionalmente instável que precisava de supervisão constante e tratamento psiquiátrico.
Ninguém acreditaria em Eve. Porque Walt era rico. Ele exercia uma grande quantidade de poder e
influência. Ele tinha conexões de longo alcance que garantiram que conseguisse fugir das
acusações de assassinato. Ele havia conseguido fugir das acusações de assassinato.
Dover, Tennessee, parecia uma vida longe de onde eles fugiram da Costa Oeste. Era uma
cidade pequena e tranquila situada perto do Lago Kentucky. Foi aqui que ela se refugiou depois de
fugir pelos últimos meses. Não tinha intenção de ficar por tanto tempo, mas Cammie estava
doente e precisavam de dinheiro. E um plano. Aonde ir em seguida. O que fazer. Como sobreviver.
Não podia se dar ao luxo de baixar a guarda nem por um minuto. Não importa o quanto aqui
parecia seguro, isolado e fora do caminho, ela não poderia depender de não ser encontrada aqui.
O que significava que precisavam manter-se em movimento.
Isso não era jeito de viver. Não era a vida que queria para seus irmãos. Ela queria o melhor
para eles. Queria que Cammie tivesse todas as coisas que uma garotinha normal de quatro anos
deveria ter. E Travis... Ele precisava estar na escola. Ele se destacava. Tinha boas notas. Era um
atleta nato. Poderia facilmente obter uma bolsa de estudos por conhecimento acadêmico ou
esportivo. Mas isso agora era impossível. Ela não poderia colocá-lo na escola, e não tinha as
ferramentas ou o conhecimento para educá-lo.
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KGI 08
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Um dia. Era uma promessa que ela fazia diariamente. Um dia eles teriam uma existência
normal e Travis teria a educação que merecia e Cammie iria crescer como uma criança feliz, segura
por não ter que se preocupar que seu próprio pai abusasse dela.
— Evie, você está bem?
A pergunta preocupada de Travis sacudiu-a de seus pensamentos. Ela olhou para cima para
ver que ele estava olhando-a fixamente. Era óbvio que ele disse alguma coisa antes que ela tivesse
se perdido, afundada tão profundamente em seus pensamentos. Ela forçou um sorriso e acenou
com a cabeça.
— Estou bem, Trav. E o dinheiro vai ajudar. Preciso comprar mais remédios para Cammie e
precisamos de comida. Assim que ela estiver melhor, eu me sentirei mais confortável deixando-a
com você para que eu possa trabalhar. Eu não quero você trabalhando tanto. Você precisa se
expor o mínimo possível.
— É você quem está sendo procurada! — Travis disse ferozmente. — É você quem deve ficar
fora de vista. Eles não iriam me prender. Só iriam tentar me fazer voltar para aquele imbecil. Se
eles a pegarem, você irá para a cadeia. Eu não vou deixar isso acontecer!
Ela sorriu de novo, acariciando a mão sobre o rosto quente e seco de Cammie. Cammie
mexeu um pouco e, em seguida, abriu os olhos turvos e desfocados pela febre.
— Trav? — Ela chamou, sonolenta.
Toda a expressão de Travis se suavizou.
— Estou aqui. Como está se sentindo?
— Melhor agora que você e Evie estão aqui. Eu não gosto quando você vai embora.
Eve e Travis trocaram olhares arrasados. Cammie estava morrendo de medo de ser separada
de Eve e Travis. Partiu o coração de Eve que esta criança tinha tanto a temer na vida. Que alguém
que deveria ter cuidado absolutamente dela a traiu da pior maneira.
— Eu tive que trabalhar, — Travis disse em um tom suave. — Precisamos de dinheiro para
que possamos comprar os medicamentos que a farão sentir-se melhor. E comida! Como é que
uma refeição quente soa para você? Talvez um pouco de sopa?
Cammie torceu o nariz.
— Estou cansada de sopa.
O peito de Eve apertou. Sopa era tudo o que podiam pagar. Eles sobreviviam com alimentos
baratos. Miojo. Sopas em lata. Sanduíche de pão com carne.
— Deixe-me contar a vocês! — Travis disse, inclinando-se sobre Eve para que Cammie
pudesse vê-lo melhor. — Eu irei trabalhar de novo amanhã e tem uma lanchonete realmente
ótima apenas algumas portas abaixo. Se você estiver sentindo-se bem para uma refeição sólida, eu
trarei um hambúrguer para você amanhã. Eles são muito bons. Eu comi um hoje.
O rosto de Cammie se iluminou.
— Parece gostoso. Obrigada, Trav.
— Por nada. Agora eu quero que você descanse para ficar melhor, okay?
Cammie assentiu com a cabeça e fechou os olhos, aconchegando-se mais firmemente no
colo de Eve.
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— Você quer que eu saia para comprar o remédio para ela? — Travis perguntou em voz
baixa.
— Sim. Precisamos de paracetamol e ibuprofeno. Estou alternando entre os dois. E ela
precisa de alguma coisa para a tosse. Talvez um xarope. Traga um genérico. Qualquer um que seja
mais barato. Temos comida suficiente para durar até amanhã. Depois que você voltar do trabalho,
sairei rapidinho para comer alguma coisa enquanto você fica com Cammie. Por enquanto, é só
pegar o remédio na farmácia e voltar logo.
Travis assentiu e, em seguida, apertou a mão de Eve.
— Vai ficar tudo bem, Evie.
Ela apertou de volta, rezando com todo seu coração que ele estivesse certo.
— Eu sei que vai.
Capítulo 3
Donovan Kelly olhou para loja de ferragens de seu pai enquanto passava por ela. Era um
hábito que todos os seus irmãos tinham de dar uma olhada quando estavam na área apenas para
se certificar que tudo estava como deveria ser.
Ele freou fortemente quando viu o jipe de Rusty estacionado em frente à loja. Executando
um rápido retorno, ele voltou e estacionou ao lado do carro dela. Uma placa de fechado estava
para cima, mas a luz estava acesa no interior.
Frank Kelly nunca trabalhava aos domingos. As pessoas que trabalhavam para eles também
não. Por que diabos Rusty estaria aqui? Ela não fora à igreja esta manhã. Não que ele mesmo fosse
muitas vezes. Mas ele deixava sua mãe arrastá-lo quando não estava em missões da KGI e as
coisas estavam tranquilas em casa.
Uma ocorrência muito rara. Havia sempre alguma coisa acontecendo. Mas depois de
completar a última missão, duas semanas antes com a nova equipe composta por Nathan, Joe,
Swanny, Skylar e Zane, — ou Edge, como era chamado quando era lutador de MMA — nada de
novo aconteceu.
A nova equipe estava trabalhando muito bem. Melhor do que Donovan poderia ter
esperado, levando-se em conta o tempo que a equipe havia ficado junta. Com os outros dois
líderes de equipe agora casados, bem domesticados e desfrutando da paternidade, a nova equipe
assumiu o trabalho, enquanto as outras duas realizaram menos missões.
Ele saiu da caminhonete, mas antes que pudesse ir a pé até a porta, Rusty correu ao seu
encontro. Ele franziu o cenho para a expressão dela. Ela parecia... Culpada. E, embora no começo,
ele e seus irmãos tivessem reservas sobre Rusty, ela provou a si mesma desde então. Tornara-se
uma jovem responsável que estava indo bem na faculdade e era extremamente leal a seus pais.
Ela era, na verdade, um membro absoluto da família Kelly.
Maya Banks
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** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **
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— O que aconteceu? — Donovan perguntou, olhando para além da porta que estava
entreaberta. — Meu pai nunca abre aos domingos. Há algum problema? Você precisa de ajuda
com alguma coisa?
Rusty fez uma careta, respirou fundo e, em seguida, olhou na direção da loja de ferragens.
— Olha, podemos conversar um minuto aqui? De preferência, no fim da rua?
As sobrancelhas de Donovan franziram pela nota ansiosa em sua voz.
— Claro.
— Deixe-me avisar Travis, okay?
As sobrancelhas de Donovan dispararam para cima.
— Travis? Quem diabos é Travis? É seu namorado? E se for, o que diabos vocês estão
fazendo na loja do meu pai em um domingo?
Ela suspirou e balançou a cabeça.
— Só me dê um segundo e eu vou explicar.
Antes que ele pudesse argumentar mais, ela correu de volta e desapareceu pela porta da
loja. Alguns segundos depois, ela voltou para fora, fechou a porta atrás de si e, em seguida,
caminhou na direção de Donovan.
Ela fez-lhe sinal em direção à loja de sanduíche de duas portas e ele a seguiu, perguntando o
que diabos ela estava fazendo agora. Eles não tiveram nenhum problema com Rusty desde o
colegial. Ela estava apenas a um ano de se formar na faculdade e não podia imaginá-la estragando
tudo agora.
Ela parou e, em seguida, virou-se, observando a área como se estivesse preocupada que
alguém pudesse ouvir o que estava prestes a dizer.
Ela enfiou as mãos nos bolsos e suspirou novamente.
— Eu ia ligar para Nathan, mas você está aqui agora, então talvez...
Ela parou, hesitando. Fazia sentido que se ela tivesse um problema ela chamaria Nathan. De
todos os irmãos Kelly, ela era mais próxima a ele, porque ele foi quem a aceitou mais facilmente
desde o início. Mas, desde então, ele e todos os seus irmãos deixaram claro que ela era da família
e que eles cuidavam da família. Ela deveria ser capaz de chamar qualquer um deles. Não apenas
Nathan.
— Rusty, se você precisar de ajuda, você pode chamar qualquer um de nós. Você sabe disso,
não é?
Ela assentiu com a cabeça.
— Eu... Eu só não sabia como lidar com isso e Nathan é menos provável de ficar louco
comigo.
— Merda! O que você fez agora?
— Eu não fiz nada! — Ela disse, indignada. — Bem, não exatamente.
— O que significa "não exatamente"? — Ele perguntou secamente.
Ela olhou por cima do ombro de novo e, em seguida, levantou os ombros com resignação.
— Eu meio que contratei alguém para trabalhar em tempo parcial na loja de ferragens.
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— Meio que contratou? Ou você contratou ou não. E por que eu não sei nada sobre isso?
Falei com meu pai mais cedo e tenho certeza que ele teria mencionado. Então, a minha próxima
pergunta é, será que o pai sabe sobre este novo funcionário?
— Não, — ela murmurou. — Eu não cheguei a dizer a ele ainda. Mas não estava planejando
esconder isso dele! Acabei de contratar o garoto ontem. Eu vou pagá-lo do meu próprio bolso, se
Frank não quiser contratá-lo.
Donovan estudou Rusty atentamente.
— Você disse garoto. E parece muito apaixonada por esse garoto. Importa-se de me contar
toda a história?
— Eu ia ligar para Nathan. Eu disse isso. Quero segui-lo depois que ele for para casa.
Donovan piscou.
— Você quer fazer o quê?
— Ele está em algum tipo de problema, Van. Eu posso ver isso. Você não entende. É como
olhar para mim quando eu tinha essa idade. Ele está assustado, com fome e precisa de dinheiro.
Ele disse que não tem pais. Apenas duas irmãs pelas quais ele se sente responsável. É um inferno
de muita responsabilidade para um garoto de quinze anos. Estou preocupada com ele. Eu queria
dar uma olhada em sua família. Certificar-me que ele não está em perigo. Mas não sou estúpida.
Não estava planejando ir sozinha. Iria pedir a Nathan para ir comigo. E agora você está aqui... —
ela terminou sem jeito.
— E você quer que eu siga esse garoto com você para onde ele vive. E depois? Bastará dizer:
“Oh, oi”! Só queria ter certeza que não estavam te acorrentando em um porão?
Ela balançou a cabeça, mas seus ombros tinham relaxado e um sorriso flertou nos cantos de
seus lábios.
— Eu não cheguei tão longe no meu plano ainda. Estava esperando que Nathan tivesse uma
ideia. Eu não posso explicar isso, Van. Estou muito preocupada com esse garoto e eu só o conheci
ontem. Você gostaria dele. Ele é quieto. Muito respeitoso e é, obviamente, protetor com suas
irmãs. Eu só quero ver se há algo que eu possa fazer para ajudar.
O coração de Donovan suavizou com a seriedade em seus olhos e o discurso apaixonado. E o
inferno era que ele tinha uma enorme fraqueza com mulheres e crianças. Especialmente crianças.
Comia seu intestino pensar em um rapaz de quinze anos, vivendo precariamente, trabalhando em
tempo parcial em uma loja de ferragens para sustentar duas irmãs. Onde diabos estavam seus
pais?
— Eu vou com você, — ele finalmente disse. — Mas, Rusty, você vai fazer do meu jeito e vai
ouvir tudo o que eu disser. Entendeu? O que significa que ficará atrás de mim em todos os
momentos, e se eu disser para você se abaixar ou correr, então é melhor você fazer exatamente
isso. Nós não temos nenhuma ideia para que tipo de situação estamos nos encaminhando, então
espero que você preste atenção.
Ela assentiu com a cabeça vigorosamente.
— Há outra coisa, Van. E eu não sei como fazê-lo sem ser intrometida.
— Você? Intrometida? — Ele zombou.
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Ela revirou os olhos, mas riu.
— Okay, sim, eu posso ser intrometida. Mas é por uma boa causa! O garoto está com fome.
E se ele está com fome eu só posso supor que suas irmãs estão tão famintas quanto ele. Comprei-
lhe um hambúrguer para o almoço ontem e ele o devorou em cerca de três mordidas. Então, hoje
eu comprei outro hambúrguer para ele, mas ele não o comeu. Ele não queria que eu soubesse que
não tinha comido. Escondeu-se e o guardou. Meu palpite é que ele o levará para casa para suas
irmãs comerem. E isso me mata, Van. Eu já senti tanta fome assim. Foi por isso que eu invadi a
casa de seus pais. Eu estava morrendo de fome e teria arriscado ser presa apenas para ter algo
para comer. Eu não quero que isso aconteça com esse garoto. Eu quero dar comida a eles. Eu
tenho que fazer alguma coisa. Não posso ficar de braços cruzados, sabendo o que eu sei e vendo o
que vejo e não fazer nada.
Donovan atirou o braço ao redor de seus ombros e puxou-a em seu peito para um abraço.
— Você é uma boa menina, Rusty.
Ela lhe deu uma cotovelada.
— Eu não sou mais uma menina!
Ele riu.
— Não, você não é. Você é uma mocinha agora. Eu me esqueço disso, às vezes. Difícil de
acreditar que tantos anos se passaram desde que você foi adotada no clã Kelly.
— Foram os melhores anos, — ela disse suavemente.
— Okay, então aqui está o que eu proponho. Seguiremos o garoto até a casa dele. Veremos
qual é sua situação. Então, poderemos descobrir como conseguir o que eles precisam. Eu posso
fazer algumas verificações sobre ele e as irmãs.
— Obrigada, Van. Isso significa muito para mim.
— Não tem problema. Só me faça um favor, okay? No futuro, me ligue ou ligue para alguém
antes de tomar uma decisão como esta. Pode ter dado certo dessa vez e o garoto não lhe fez
nenhum mal, mas não há nenhuma garantia que da próxima vez não será diferente. Eu não quero
que você se machuque, Rusty. Você pode sempre me chamar ou qualquer outra pessoa na família.
Ela sorriu.
— Ter tantos irmãos mais velhos é legal, sabe?
Ele revirou os olhos.
— Eu acho que ter irmãos mais velhos é um pé no saco!
— Isso é porque Sam e Garrett são malas sem alças, — ela disse com uma risada.
— É verdade. Okay, a que horas você definiu que o garoto irá sair do serviço? E eu não vejo
um carro então suponho que ele vive perto o suficiente para vir a pé?
— Eu não tenho ideia. Ele não preencheu exatamente um requerimento oficial, então eu
não sei o endereço. E não, ele não tem um carro e ninguém o deixa aqui ou o busca. Não sei quão
longe ele mora, mas definitivamente ele vai para casa caminhando.
— Pode ser difícil segui-lo sem ele saber, se ele estiver a pé, — disse Donovan em dúvida.
Rusty fez uma careta.
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— Sim, ele olha os arredores. É por isso que eu sei que ele está assustado e em algum tipo
de problema. Quero dizer, a maioria das crianças anda distraída. Especialmente em uma cidade
pequena como esta. Andam como se não tivessem nenhuma preocupação no mundo. Esse
garoto? Ele anda como se esperasse que alguém saltasse em cima dele a cada esquina. Ele é muito
cauteloso. Constantemente olhando ao redor.
— Você está observando este garoto bem de perto.
Ela assentiu com a cabeça.
— Sim. Eu venho tentando descobrir como me aproximar dele. Tenho pensado muito sobre
como fazer isso. Gostaria apenas de pedir-lhe para ser honesto comigo, mas isso iria assustá-lo. Eu
sei como é, já passei por isso. Se alguém tivesse me abordado assim, eu teria ido embora em um
segundo. Eu não confiava em ninguém e imagino que ele também não confie.
— Eu sei que você teve uma vida difícil, — Donovan disse suavemente. — É muito
impressionante que você esteja querendo ajudar este menino.
Suas bochechas ficaram rosa, mas os olhos brilhavam de felicidade pelo elogio.
— Eu preciso voltar para que ele não fique impaciente. Se você pudesse ficar por aqui, eu
planejo deixá-lo trabalhar por mais meia hora. Vou pagá-lo em dinheiro e intencionalmente
entregarei vinte dólares a menos. Ele não vai dizer nada. Eu sei muito bem disso. Ele aceitará o
que eu der e será grato. Mas isso vai nos dar uma desculpa para segui-lo até sua casa. Eu poderei
dizer que o paguei a menos por engano e nós poderemos verificar suas condições de vida.
Donovan deu um sorriso triste.
— Você tem uma mente rápida, garota. Eu juro que poderia assumir a direção da KGI e,
provavelmente, dominar o mundo um dia.
Ela sorriu descaradamente.
— Eu não recusaria um trabalho de nerd da tecnologia com vocês. Então eu poderia brincar
com o Hoss.
Donovan fez uma careta.
— O Hoss é meu. Ninguém toca nele, exceto eu. Além disso, não vou deixar você em
nenhum lugar perto dos nossos computadores. Você os invadiria em trinta segundos.
— Eu não posso fazer nada se as minhas habilidades de tecnologia são superiores às suas, —
ela disse com altivez.
— Oh, meu Deus! — ele murmurou. — Que ego infernal você tem! Eu sou o nerd da família
Kelly, muito obrigado. Um nerd tão gostoso e inteligente que as mulheres são incapazes de
resistir.
Rusty caiu na gargalhada.
— E você fala sobre o meu ego?
Ele sorriu e, em seguida, empurrou-a para a loja de ferragens.
— Vá cuidar do garoto. Eu vou estacionar um quarteirão abaixo e verei quando ele sair. Se
você vier rapidamente para minha caminhonete, podemos segui-lo e ver o que acontece.
— Obrigada, Van. Você é o melhor!
— Espero que você lembre-se disso, — ele disse secamente.
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Ela correu acenando para ele e Donovan voltou para a caminhonete para movê-la mais para
baixo na rua. Não conseguia acreditar que tinha acabado de ser amarrado a esta loucura, mas
também sabia que não podia simplesmente olhar para o outro lado e fingir ignorância. Se esse
garoto realmente estava com problemas e precisava de ajuda, ele não podia ignorar isso. Odiava
pensar em qualquer criança carregando tanta responsabilidade em uma idade tão jovem e, pior,
passando fome.
Suas instituições de caridade eram focadas em ajudar crianças desfavorecidas, crianças
desabrigadas e famintas, e a maior parte de seu apoio financeiro eram destinados a abrigos para
mulheres vítimas de abuso. Ele era cofundador de uma instituição que apoiava e ajudava
financeiramente as mulheres que saíam de relacionamentos abusivos. Sua família sequer sabia
sobre isso. Não que eles se oporiam de alguma forma. Os Kellys como um todo contribuíam muito
financeiramente e aceitavam missões que ajudavam mulheres e crianças, sem receber um centavo
em troca.
Ele só não queria fazer um estardalhaço sobre sua fundação, de modo que a fundou e a
estabeleceu com duas mulheres que supervisionavam as operações do dia a dia e o consultavam
quando encontravam uma mulher que precisava de mais do que apenas ajuda financeira. Nesses
casos, a KGI assumia a missão se fosse para resgatar um menino sequestrado ou para tirar uma
mulher de uma situação insalubre. Eles financiavam sua nova vida e davam-lhe a oportunidade de
começar de novo em um lugar onde elas se sentiriam seguras.
Seus irmãos sabiam de sua fraqueza quando se tratava de aceitar missões que envolviam
crianças ou mulheres, e ficavam mais do que felizes em dar assistência em qualquer forma que
pudessem. Eles não estavam nem aí para o seu ponto fraco, mas eram tão determinados quanto
Donovan em resolver as injustiças contra as vítimas.
Inferno, as esposas Kelly eram sobreviventes e muito corajosas. Seus irmãos eram filhos da
puta de sorte, assim como os líderes de equipe, Rio e Steele. Todos eles conheceram suas
mulheres em situações menos que ideais, mas apaixonaram-se intensa e rapidamente e Donovan
invejava a conexão que tinham com as esposas. Ele queria isso. Um dia. Mas não estava com
pressa. Aconteceria quando tivesse que acontecer. Mas ele queria sua própria família. Uma
esposa. Filhos. Ser parte maior em uma família que fosse só dele.
Por enquanto, interpretava o tio coruja para Charlotte, a filha de seu irmão mais velho, e
para os gêmeos de Ethan. E agora Rio tinha uma filha de treze anos e Steele era o mais novo
orgulhoso papai de uma menina. O mundo estava mudando ao seu redor e ele ainda estava
aparentemente parado. A mesma rotina. O mesmo trabalho. Todos os dias.
Não podia queixar-se de sua vida amorosa. Ele fazia sexo. Mas não estava à procura de
emoções baratas ou transar apenas para colocar as mãos em um traseiro. Ele respeitava as
mulheres demais para ter transas sem sentido de uma noite. Como resultado, seus
relacionamentos eram poucos e distantes entre si, e ele não saía fodendo com incontáveis
mulheres. E estava bem com isso. Quando chegasse o dia em que conheceria a sua mulher, queria
ser capaz de dizer-lhe que ele não tinha sido um homem promíscuo. Queria que ela soubesse que
ela era especial. Quanto a isso, queria que fosse especial para ele também.
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Talvez isso fizesse dele um homem à moda antiga ou puritano. Ele realmente não dava à
mínima. Seus pais o criaram para ser respeitoso, não só com os outros, mas acima de tudo consigo
mesmo. Se ele não conseguia respeitar a si mesmo, como poderia esperar o respeito dos outros?
Quinze minutos depois que desceu a rua, viu o garoto que Rusty contratou saindo da loja de
ferragens. Ela não estava errada. Esse garoto checava seus arredores. Na verdade, ele chamava
mais atenção para si mesmo, porque estava sendo tão cauteloso. Ele caminhava lentamente, com
a cabeça girando de lado a lado e, em seguida, por cima do ombro em uma rotação regular.
Ele era um grande garoto. Alto e musculoso, mas magro. Ele tinha a aparência que disse a
Donovan que estava provavelmente desnutrido. Seu rosto era magro e a expressão era sombria.
Ele pegou velocidade no final do quarteirão enquanto atravessava a rua.
Droga. Se Rusty não se apressasse, iriam perdê-lo.
Quando ele decidiu decolar atrás do garoto sozinho, Rusty se apressou e correu em direção
à caminhonete. Ela deslizou para o banco do passageiro e Donovan recuou.
— Você está certa sobre ele ser cauteloso, — Donovan murmurou enquanto desacelerava
para manter uma distância discreta atrás do garoto. — Ele é muito óbvio sobre isso, no entanto.
Se um policial o vir vão pegá-lo devido ao fato de que parece que ele tem algo a esconder.
Rusty assentiu e fez uma careta.
— Sim, eu sei. Mas eu dificilmente poderei dizer a ele para agir de forma mais casual, sabe?
— Sim. Eu sei.
Eles dirigiram-se lentamente por alguns minutos e Donovan praguejou.
— Inferno, o quão longe esse garoto caminha para ir e voltar do trabalho?
Rusty parecia tão infeliz quanto Donovan.
— Eu não sei, mas já caminhou o que, um quilômetro até agora?
— Quase dois, — Donovan disse severamente.
— Ele está virando na estrada de cascalho à frente, — Rusty disse, inclinando-se no assento.
— Espero que ele não tenha nos visto e esteja querendo nos dispensar.
— Vamos passar por ele como se estivéssemos seguindo em frente e, em seguida, daremos
a volta, — disse Donovan.
Ele acelerou e passaram a estrada que o garoto virou. Olharam e viram o garoto andando, de
costas para a estrada. Donovan subiu uma rua e, em seguida, fez meia-volta e voltou para a
estrada.
— Droga! — Rusty disse quando viraram. — Não estou vendo-o agora!
Donovan acelerou na estrada, levantando poeira atrás deles.
— Olhe! Lá está ele. — Rusty disse, apontando para a direita.
Donovan continuou, passando pelo trailer caindo aos pedaços e fez outra volta. Quando
parou na calçada, se é que poderia chamar o barranco no quintal de calçada — Rusty ficou tensa, a
expressão triste enquanto observava o trailer onde o garoto vivia.
Ele estendeu a mão para apertar a dela.
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— Isto era eu quando tinha a idade dele, — Rusty sussurrou. — Deus, me deixa doente
pensar nele vivendo aqui com duas irmãs. Não é suficientemente grande para uma pessoa, muito
menos três.
Donovan fez uma careta e acenou em concordância.
O pátio estava cheio e necessitando urgentemente de uma limpeza. Mas esse era o menor
dos problemas. Havia uma lona azul sobre uma metade do teto do trailer. Faltava cobertura em
outros lugares. O rodapé estava faltando. Uma janela estava quebrada e um dos degraus que
levava até a porta estava faltando.
O trailer sequer parecia habitável. A coisa já deveria ter sido condenada.
Ele desligou o motor e, em seguida, olhou para Rusty.
— Lembre-se do que eu disse. Você fica atrás de mim até que eu esteja certo de que é
seguro. Eu vou bater e ver o que acontece. Quando e somente quando eu disser que está tudo
bem, você pode contar a sua história de tê-lo pago a menos. Eu quero entrar para poder avaliar a
situação, sozinho.
Rusty assentiu.
— Vamos antes que eles se assustem com a gente, apenas estacionados, aqui assim. Eles
provavelmente estão morrendo de medo, pela forma como o garoto estava agindo.
Donovan abriu a porta e saiu. Ele não estava carregando uma arma, o que era incomum.
Mas ele não contava com a necessidade de uma hoje. Agora desejava que tivesse mantido uma na
caminhonete em todos os momentos.
Fez sinal para Rusty ficar atrás dele enquanto cuidadosamente subiam os degraus frágeis.
Não havia porta de tela e quando ele bateu, a porta balançou como se apenas pouca força
poderia derrubá-la. Inferno, seria brincadeira de criança entrar neste lugar.
Esperou vários segundos antes de, finalmente, a porta abrir uma mínima polegada e ele se
viu olhando para os olhos dourados mais surpreendentes que já viu.
— Posso ajudá-lo? — A mulher perguntou.
Ele ficou momentaneamente sem palavras. Rusty mencionou irmãs. Mas esta era uma
mulher adulta. Não tão velha. Vinte e poucos anos foi o seu palpite.
Mas o que apertou suas vísceras foi que refletido em seus lindos olhos alagados com
reflexos de âmbar e ouro havia um medo gritante.
Capítulo 4
— Meu nome é Donovan Kelly, senhora — Donovan se apressou a dizer, querendo aliviar o
terror nos olhos dela. O medo dela havia colocado nós em seu estômago e tudo o que ele podia
fazer para não entrar intempestivamente, assumir o controle para não exigir saber o que diabos a
estava assustando tanto.
Ele conteve-se por pouco. Mas seu radar estava apitando como um alarme incessante.
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Ela estaria em um relacionamento abusivo? Mas não, Rusty disse que o garoto contou que
só vivia com suas irmãs. Esta mulher estaria abusando do garoto? Seu estômago deu um nó de
novo. Não, não poderia ser isso. O medo nos olhos dela não era de se descoberta — de seu abuso
ou dos outros. Havia algo muito mais escuro do que isso, algo que seu olho foi treinado para pegar
devido aos muitos anos que ele salvou tantas mulheres de situações horríveis.
— O que você quer? — Ela perguntou com uma voz muito suave para ser chamada de
contundente. As palavras dela eram vacilantes, como se ela mal estivesse suportando a vontade
de virar e fugir. Sua mão agarrou o batente da porta em ruínas até que as pontas e os nós dos
dedos estavam esticados e sem uma gota de sangue.
Ele engoliu em seco, porque, que diabos ele deveria dizer sobre isso? Que ele queria saber
que merda a amedrontava? O que ela estava escondendo? Que ele só queria ajudar?
Rusty salvou-o da luta em se decidir, empurrando-se para frente, colocando-se na frente de
Donovan — exatamente o que ele disse a ela para não fazer.
— Desculpe-nos por vir sem avisar, — Rusty disse, mantendo a voz suave e não ameaçadora.
— Mas eu paguei Travis a menos pelo trabalho de hoje. Eu me senti horrível quando percebi isso.
Ele trabalhou duro e tem sido uma benção tê-lo na loja. Eu trouxe o dinheiro para ele.
Havia uma sugestão de alívio que sombreou brevemente os olhos da jovem antes que
apreensão rastejasse para dentro novamente. Quase como se ela tivesse se lembrado de não
acreditar nas aparências. Essas lições eram aprendidas da maneira mais difícil, e Donovan estava
convencido de que essa era de fato uma mulher que aprendeu dura e rapidamente que o mundo
não era um bom lugar.
E então Travis apareceu na porta, quase empurrando a mulher para trás dele enquanto
enfrentava Rusty e Donovan. Ele enviou a Donovan um olhar desconfiado, mas logo mudou seu
foco para Rusty, como se quisesse se apressar e acabar com a coisa toda para que ele e sua irmã
pudessem recuar para trás das portas fechadas.
Mas Rusty não seria colocada de lado. Donovan teve que dar o braço a torcer. Ela era feroz
quando colocava alguma coisa na cabeça.
— Podemos entrar? — Rusty perguntou. — Não vai demorar mais que um minuto. Além do
dinheiro que lhe devo, percebi que não tinha discutido seu horário de trabalho além deste fim de
semana, e eu gostaria que você trabalhasse algumas horas todos os dias, se estiver interessado. Se
pudéssemos entrar e conversar alguns minutos, então poderíamos resolver tudo e pararíamos de
incomodá-los.
Ela sorriu quando disse isso, quase enganando Donovan com a inocência de seu pedido.
Travis entrou em pânico, com um olhar de cervo em frente aos faróis enquanto olhava por
cima do ombro e depois voltava o olhar para Rusty e, finalmente, enfrentando Donovan
cautelosamente.
Rusty deu um passo para frente, mesmo que o garoto estivesse, obviamente, torturado pela
indecisão, como se ela estivesse confiante de que o seu pedido normal, seria atendido. Ela já
estava entrando antes que Donovan pudesse agarrá-la. Droga, eles não tinham ideia do que havia
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** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **
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dentro daquela casa ou porque os ocupantes estavam com tanto medo. Ele não queria que Rusty
— ou ele — fossem apanhados no meio de uma situação perigosa.
Travis deu um passo atrás e enviou um olhar de desculpas para o interior. Para a irmã?
Alguém mais?
Mas Donovan não lhe deu a chance de mudar de ideia. Ele seguiu em frente, mantendo-se
nos calcanhares de Rusty, caso precisasse empurrá-la para baixo rapidamente e cobri-la.
A primeira coisa que ele viu foi uma criança muito jovem — uma menina — amontoada em
um sofá esfarrapado e cheio de buracos, uma caixa de viagem da lanchonete da rua da loja de
ferragens pousada no colo.
Sua boca estava manchada de ketchup e maionese e as mãos cheias do hambúrguer que
Travis deve ter levado para casa. Aquele que Rusty comprou para ele e disse a Donovan que Travis
não queria que ela soubesse que ele não comeu. Agora ambos sabiam por quê. Ele trouxe para
casa, para sua irmã, apenas um bebê, porque ela estava provavelmente morrendo de fome.
Donovan foi tomado pela raiva quando seu olhar varreu a sala, se é que poderia chamá-la
assim. Eles estavam vivendo na miséria absoluta. Não que o interior estivesse bagunçado ou mal
cuidado, como se fossem vagabundos que descartavam lixo ou comida no chão. Na verdade, o que
havia era limpo e bem ordenado. Mas a condição do trailer era deplorável.
Em pelo menos quatro lugares no chão, onde ele podia ver, havia tigelas de plástico,
presumivelmente para pegar vazamentos no teto caindo aos pedaços. Tinha chovido duas noites
antes. Ele se encolheu ao imaginá-los vivendo aqui. Sem proteção contra os elementos.
Foi então que também percebeu como o interior era quente. Quente, abafado. Sem ar-
condicionado. As janelas, tal como eram, as que não estavam quebradas, estavam escancaradas
para permitir que o ar flutuasse para dentro.
Levou cada grama de controle e treinamento para manter sua expressão impassível e não
deixar libertar toda a força de sua reação ao que era jogado em seu rosto.
— Existe um problema...? — A irmã mais velha começou, a voz suave, mas misturada com
medo e hesitação.
No minuto em que Rusty tinha invadido a casa, Donovan atrás dela, a irmã mais velha de
Travis imediatamente foi para o sofá, colocando-se entre a menina, — ela não poderia ter mais do
que três ou quatro anos — e Rusty e Donovan.
Embora tentasse parecer calma e equilibrada, era óbvio que ela estava preparada para lutar
ou fugir a qualquer momento. Como se tivesse muita experiência em... Ambos.
— Não há nenhum problema, — Rusty disse alegremente. — Como eu disse a Travis, eu
queria entregar o dinheiro que acidentalmente paguei errado pelas horas que ele trabalhou hoje,
mas também queria verificar com ele para que pudéssemos organizar os horários para ele
trabalhar na próxima semana. Quer dizer, se ele estiver disposto.
Travis e sua irmã trocaram olhares rápidos e preocupados.
Donovan pigarreou, determinado a adicionar seus próprios comentários.
— Talvez fosse melhor se você se apresentasse — e a mim também — para que ela saiba
para quem seu irmão está trabalhando, — Donovan sugeriu enfaticamente.
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A mão de Rusty se levantou.
— Oh, é claro. Que rude de minha parte! — Ela caminhou até onde a irmã de Travis estava
sentada e estendeu a mão. — Eu sou Rusty Kelly.
A mulher timidamente pegou a mão de Rusty, mas permaneceu em silêncio. O olhar de
Donovan se estreitou.
Rusty virou na direção de Donovan.
— Esse é o meu irmão mais velho, Donovan Kelly. Bem, um deles, — ela acrescentou com
um sorriso. — Há muitos de nós Kellys! Seis irmãos mais velhos, se você pode acreditar. Para não
mencionar todos os outros membros da família não oficiais que Mamãe Kelly adotou ao longo dos
anos.
Donovan não culpava o olhar de absoluto espanto da mulher. Ele balançou a cabeça pela
exuberância de Rusty. Ela estava exagerando um pouco no esforço de vamos ser legais e
amigáveis. E isso não estava funcionando para relaxar nenhum dos ocupantes da sala. Na verdade,
eles pareciam ainda menos à vontade.
A garotinha agarrou a mão de sua irmã mais velha e se escondeu mais firmemente atrás
dela, os olhos arregalados enquanto limpava a boca com as costas da outra mão.
— Quem são eles, Evie? — Ela sussurrou. — O que eles querem?
Evie. Bem, pelo menos eles estavam chegando a algum lugar.
Donovan deu um passo adiante, arriscando que — Evie — virasse as costas e fugisse, a
criança transportada por cima do ombro. Ele estendeu a mão, mas não tão energicamente quanto
Rusty. Simplesmente manteve-a no ar esperando que ela a tomasse. Se é que ela o faria.
— Fico feliz em conhecê-la, Evie, — disse ele gentilmente.
Depois de um longo momento, ela deslizou os dedos finos sobre a palma da mão dele e uma
sensação elétrica serpenteou por seu braço e ombro. Seu toque era um choque que ele não
esperava. Nem ela, a julgar pela forma como rapidamente puxou a mão para trás, olhando para
ele com ainda mais confusão nublando aqueles olhos cor de âmbar líquido.
A mulher era bonita. Assustada. Assombrada. Sombras penduradas nela como molduras.
Mas ela era impressionante. Era muito magra. Era óbvio que eles estavam lutando para
sobreviver, e ainda assim a sua fragilidade apenas a deixava mais bonita. Ele estava hipnotizado
por aqueles olhos. Poderia simplesmente ficar lá e olhar para eles, escolhendo todas as diferentes
manchas de ouro e castanho.
— É Eve, — ela disse com a voz rouca. — Meu nome é esse. Cammie e Trav me chamam de
Evie. É o apelido carinhoso que me deram.
Donovan se ajoelhou no tapete esfarrapado em frente ao sofá e sorriu calorosamente para a
criança.
— Você deve ser Cammie. Bonito nome para uma mocinha muito bonita.
Ela parecia confusa e amontoou-se mais ferozmente nas costas de Evie. Eve estendeu a mão
por cima do ombro para pegar a de Cammie que tinha rastejado em direção ao pescoço de Eve.
— Está tudo bem Cammie, — ela sussurrou. — Ele não vai te machucar.
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Mesmo quando ela emitiu a promessa, virou-se apressadamente, olhando suplicante para os
olhos de Donovan como se implorando para não torná-la uma mentirosa. Porra, mas o deixava
doente que essas duas mulheres e seu irmão tivessem sido condicionados a esperar a maldade
dos outros. E não apenas dos outros, mas principalmente dos homens.
Cammie estava nervosa, sim, quando Rusty se moveu na direção dela. Mas quando Donovan
a abordou, a criança havia entrado em pânico, subiu e se escondeu nas costas da irmã.
Ele queria exigir saber o que diabos as feriu, quem lhes ensinou a sentir a dor e o medo e de
quem diabos estavam fugindo. Então queria desmontar o filho da puta com as próprias mãos, e a
próxima coisa que queria era garantir que nada jamais iria prejudicar esta família tão humilde
novamente.
Que loucura era essa?
Cinco minutos em sua presença, e ele estava pronto para correr para eles, assumir suas vidas
e fazer-lhes promessas que ele não tinha direito de fazer. E nenhuma garantia de que poderia até
mesmo cumpri-las uma vez que não tinha a menor ideia do que estavam enfrentando.
— Não, querida, — Donovan disse gentilmente, utilizando concentração absoluta para não
ceder à fúria fomentando dentro dele. — Eu nunca vou te machucar. Nunca. Você pode ter
certeza disso. Eu gostaria de ajudá-la. E a seu irmão e irmã. Gostaria de ser amigo de vocês.
Os olhos de Cammie e Eve se arregalaram. Cammie parecia incerta, enquanto Eve congelou.
Nem um único tremor passou por seu corpo. Era como se ela tivesse se transformado em gelo.
Podia senti-la olhando para ele, perfurando buracos através dele como se tentando descobrir
quem e o que ele era. Se era uma ameaça. Se estava dizendo a verdade.
Porra, ele nunca se sentiu tão impotente em sua vida. Ele era um homem de ação. Ele não
era de perder tempo nem de brincadeiras. Nunca hesitou quando se tratava de alguém que
precisa de ajuda. E ainda assim sabia que não podia fazer isso aqui. Esta era uma situação delicada
com a qual teria que lidar como se caminhasse por um campo minado que poderia explodir na
cara dele a qualquer momento.
— Não tenho nenhum amigo, — Cammie murmurou. — Evie diz que não é seguro.
— Cammie, shhh, — disse Eve, virando-se rapidamente para calar a criança. Voltou-se para
Donovan, um sorriso fraco vacilando em seu rosto. — Cammie tem uma imaginação muito ativa. A
maioria das crianças de quatro anos tem, você sabe.
Ela tinha quase a mesma idade de sua sobrinha, Charlotte. Charlotte, que foi cercada por
uma enorme família amorosa. Charlotte, que nunca teve que se preocupar de onde viria sua
próxima refeição. Ou se teria uma refeição. Charlotte, que tinha tios e tias amorosos. Avós para
mimá-la. E toda uma organização de agentes militares fodões que começariam uma maldita
guerra para protegê-la.
Esta criança era a antítese completa de sua sobrinha e da vida dela e isso partiu o coração de
Donovan.
Rusty limpou a garganta e inseriu-se na conversa para aliviar o súbito constrangimento
provocado pela confissão de Cammie.
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— Como eu ia dizendo, Travis e Eve, eu posso empregar Travis por algumas horas todos os
dias da semana, e é claro que ele é bem-vindo no próximo fim de semana também. Estou
absolutamente flexível, de modo que o que funcionar para você estará bom para mim.
Desconforto atravessou o rosto de Eve, e então ela olhou para baixo, vergonha e
constrangimento piscando em seus olhos antes de serem escondidos da vista.
— Obrigada, — ela disse calmamente. — Mas eu não pretendo que ele trabalhe por muito
tempo. Só até Cammie ficar melhor e eu puder deixá-la. Eu não sei se as coisas vão funcionar aqui,
então odiaria que você dependesse de Travis quando planejamos que ele tenha um emprego
temporário.
— E por que não funcionariam? — Donovan perguntou com cuidado.
Seus olhos tornaram-se blindados, a mancha dourada escurecendo enquanto sua expressão
tornava-se indecifrável. Ela encolheu os ombros descuidadamente.
— Não há garantias. Nunca. Pode ou não pode funcionar que fiquemos aqui. Tenho que me
preparar para a realidade.
— E se isso não funcionar? — Donovan desafiou. — E então?
— Nós seguiremos em frente, — ela disse simplesmente.
Ela disse com tanta naturalidade que Donovan sabia que isso não era novidade para eles.
Não tinha ideia de quanto tempo eles estavam fugindo nem o quanto estavam longe. Mas se
mudarem em curto prazo, e muitas vezes, não era nem um pouco estranho para eles.
Ele pensou em toda uma série de coisas malucas. Coisas que fariam seus irmãos pensarem
que ele tinha perdido sua maldita cabeça. Talvez ele tivesse. Precisava ir com calma. Dar um passo
atrás, respirar fundo e ganhar alguma perspectiva antes que fizesse algo realmente louco como
arrastar cada um deles para fora deste depósito de lixo e mudá-los para sua casa, muito vazia e
nova em folha, que acabou de construir poucas semanas antes.
Era uma casa construída com uma grande família em mente. A família que ele sabia que um
dia iria querer que fosse sua. Embora não tivesse planos imediatos. Nenhuma mulher específica
em mente. Ninguém à espera. Ninguém que ao menos considerasse. Ele não permitiu que
ninguém chegasse tão perto.
Mas isso não quer dizer que ele não sabia o que queria. Algum dia. Ele sempre soube. Uma
esposa. Crianças. Uma casa cheia de crianças. Barulhentas, indisciplinadas. Muito parecidas com
sua própria educação em uma casa cheia de irmãos, dois mais velhos e três mais jovens.
Ele queria essa vida para si mesmo. Queria levar sua infância para a vida adulta.
Proporcionar o lar estável, aconchegante e amoroso para seus próprios filhos, que Frank e
Marlene Kelly proporcionaram para ele e seus irmãos. Ele não queria nada mais do que voltar para
casa, para sua própria esposa depois de ficar afastado em uma missão. Ser bem recebido de volta,
com um sorriso doce e amoroso. Ser cercado por seus filhos. Seus filhos. Uma parte de si mesmo.
Seu sangue.
Mas, por enquanto a casa estava vazia. Um símbolo de suas esperanças para o futuro.
Separada das outras casas onde seus irmãos viviam no complexo Kelly, cercados por um forte
esquema de segurança. A realidade de suas vidas e as escolhas da carreira que fizeram.
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Vazia, exceto pelo essencial. Ele sempre soube que, quando ele se estabelecesse, queria que
sua mulher a decorasse. Colocasse seu selo feminino sobre o mobiliário, a decoração das paredes.
Ele ansiava pelas bugigangas femininas com babados e brigar para usar a pia do banheiro e discutir
sobre deixar a tampa do vaso abaixada.
Todas as coisas que seus irmãos reclamavam bem-humorados, eram as coisas pelas quais
Donovan ansiava. Oh, não que qualquer um de seus irmãos verdadeiramente reclamasse de suas
esposas. Eles estavam completamente felizes e satisfeitos, completamente apaixonados. Estavam
completamente derrotados. Acabados. Eles encontraram suas outras metades. As mulheres que
os completavam. Ele os invejava com cada respiração em seu corpo, assim como ignorava as
provocações sobre ele e Joe serem os únicos que não foram fisgados ainda.
Ele aperfeiçoou a atitude descontraída e relaxada e não se metia na vida dos outros. Para
todos os outros, ele estava contente com sua vida. Não tentando ativamente mudar isso. Mas seu
estômago apertava cada vez que via os irmãos com suas esposas. Com os filhos. Com suas
cunhadas, sua sobrinha e sobrinhos.
Um dia... Um dia, ele não parava de dizer. Tudo isso seria dele. Exatamente o que seus
irmãos tinham. Mas aquele dia não havia chegado e os anos foram passando. Desvanecendo um
no outro. As crianças crescendo. Mais crianças a caminho. Sua família foi crescendo ao redor dele
aos trancos e barrancos, e ele continuava imutável, o único inalterado.
Cristo, ele estava bem em seus trinta anos. Sam tinha quarenta! Donovan não estava tão
para trás!
Balançou a cabeça, forçando seus pensamentos de volta ao presente. Para a gravidade
extrema da situação diante dele. Porque ele tinha que fazer alguma coisa. Não havia nenhuma
maneira no inferno que ele ficaria de lado e permitiria que isto continuasse sem solução.
Mais uma vez, Rusty os salvou do silêncio constrangedor que havia caído sobre a sala
minúscula.
— Bem, ele é bem-vindo para o trabalho, desde que ele queira. Ele é uma boa ajuda, e isso é
difícil de encontrar, — Rusty disse com entusiasmo.
Mas enquanto ela disse as palavras, cautela e reserva fixaram-se nos olhos de Eve em um
escudo impenetrável. Ela já estava se retirando, recuando como se quisesse que Rusty e Donovan
fossem embora neste exato minuto.
Rusty continuou implacavelmente, como se não tomasse conhecimento da recusa silenciosa
de Eve ou do aperto dos lábios de Travis.
— Apenas se prepare para vir amanhã como de costume. Combinaremos o resto depois, —
Rusty disse. — E se houver alguma coisa que possamos fazer para ajudar, por favor, nos avise.
Teríamos o maior prazer em fazer o que quer que vocês precisem.
Havia calor na voz de Rusty, e Donovan teve que reconhecer. Seu aparente esquecimento
para a tensão no ambiente e o calor em sua voz relaxou Travis e até mesmo Eve. Até certo ponto.
Donovan duvidou que a mulher alguma vez abaixasse totalmente a guarda. Era evidente que
ela tinha muito prática em aperfeiçoar esse escudo. O que só o fez mais determinado a rompê-lo.
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Ele queria saber seus segredos. O que a deixou com medo. E também queria saber... Dela. Em um
nível mais íntimo.
Isso o chocou pra caramba. Quase balançou para trás em seus calcanhares sobre essa
revelação.
Mulheres em perigo não era novidade para Donovan. Nunca houve nenhuma cujas
circunstâncias não o tivessem enfurecido. Ele sentiu empatia para com todas e por cada vítima
que a KGI havia resgatado ou ajudou de alguma forma.
Mas ele nunca tinha sentido... Isso. O que quer que esse inferno fosse. Suas emoções
sempre estiveram envolvidas. Seus irmãos também sabiam disso. Eles sabiam que as mulheres e
as crianças eram sua criptonita. Nenhum segredo aí. Mas isso? Era algo totalmente diferente que
não tinha nada a ver com Eve ser uma mulher em fuga. Era algo mais profundo e de repente ele
sabia que estava em alguma merda.
Porque esta não era uma mulher que ele poderia simplesmente convidar para sair. Ter uma
boa conversa, boa comida, talvez um beijo de boa noite com a esperança de um segundo encontro
e talvez mais no departamento de beijos. Não era uma mulher a ser lentamente cortejada até o
momento em que a levasse para a cama e fizesse amor com ela a noite toda e acordasse na
manhã seguinte sabendo que ele tinha algo especial em seus braços.
Foda!
Não havia outra palavra que descrevesse mais adequadamente toda essa situação. A
situação estava fodida e ele também.
— Eu não gostaria de impor, — Eve disse com uma voz rouca que enviou um arrepio na
espinha de Donovan. — Agradeço sua oferta. Você foi muito gentil com Travis, com todos nós.
Mas temos o que precisamos.
Ela não tinha dito tudo o que precisamos. Havia uma enorme diferença entre ter o que ela
precisava e tudo o que ela precisava.
Rusty fez uma careta e Donovan viu a percepção de que não poderiam pressionar mais.
Ainda não. Mas Donovan não estava desistindo. Ele estava em uma missão agora, e quando focava
em um objetivo, ele nunca recuava. Eve não percebeu isso ainda, mas ela querendo ou não, ele
iria ajudar. Ele só tinha que decidir como cuidar disso.
Capítulo 5
Eve soltou um enorme suspiro de alívio enquanto observava pela janela Rusty e Donovan se
afastarem. Então ela virou-se para Travis, que estava na frente do sofá onde Cammie estava
sentada, os olhos embaralhados com a confusão e o medo.
Deus, Eve odiava esse medo. A eviscerava que sua irmãzinha em tão tenra idade tivesse
aprendido que a própria pessoa na qual ela deveria mais ser capaz de confiar provou ser um
monstro. Nenhuma criança deveria conhecer o medo em uma idade tão jovem. Isso fazia Eve ter
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vontade de chorar, mas não podia ceder a seu desespero. Pelo menos não na frente de Cammie e
Travis. Eles dependiam dela. Eles precisavam dela. Precisavam que ela fosse forte. Que não
demonstrasse medo ou incerteza. Se isso a matava, ela engoliria tudo de volta e apresentaria uma
fachada corajosa para seus irmãos.
— Como eles sabiam onde morávamos? — Eve perguntou suavemente a Travis.
Culpa surgiu nos olhos de Travis e ela correu para frente, tocando seu ombro, tendo que
ficar nas pontas dos pés para alcançá-lo. Tão alto e forte. Um homem muito antes do tempo.
Como Cammie, ele ainda deveria ser uma criança, com a inocência de uma criança e sem o
conhecimento que agora tinham como veneno.
— Trav, está tudo bem, — ela assegurou.
Ele balançou a cabeça.
— Não, Evie, não está. Eu não fui cuidadoso o suficiente. Eles devem ter me seguido desde a
loja de ferragens. Eu vi uma caminhonete me seguindo, mas não queria chamar atenção ao correr.
Eu tinha... Eu esperava que fosse apenas algum morador indo na mesma direção, e quando me
virei na nossa rua, parei para olhar para trás, mas eles seguiram em frente. Eles devem ter voltado.
Sinto muito.
Ela o puxou para um abraço.
— Eles parecem agradáveis. Vieram até aqui para lhe pagar o que lhe deviam e para
combinar as horas que você poderia ir trabalhar. Tenho certeza que eles não querem nos fazer
nenhum mal.
A mentira passou facilmente por seus lábios. Sim, eles pareciam bons. Normais. Mas as
aparências podem ser enganadoras, como ela bem sabia. Seu padrasto era o retrato do normal e
saudável. Rico. Bem conectado. Um filantropo. Envolvido na política local. Nada que sugerisse o
que havia por baixo do exterior suave e polido. Isso a deixava doente.
— Você quer que eu saia de lá? — Ele perguntou ansiosamente. — Talvez eu devesse tentar
em outro lugar. Parecia bom demais para ser verdade. Ela paga em dinheiro. Não fez nenhuma
pergunta. Ela foi muito boa e eu baixei a guarda.
— Não. Eu acho que seria ainda mais suspeito se de repente você não aparecesse,
especialmente por que eles vieram aqui e foram tão bons. Eles se perguntariam por que você saiu.
E outro empregador não seria tão complacente. Você teve sorte. A maioria não pagaria por
debaixo dos panos. E é apenas temporário. Só mais alguns dias até que Cammie esteja bem o
suficiente para ficar com você para que eu possa trabalhar.
— Eu não me importo — disse ele ferozmente. — Você fez tanto por nós. Isso é o mínimo
que posso fazer. Eu não vou deixar você trabalhar até a morte como você tem feito. Não é justo.
Você deveria ter uma vida, Evie. Você é jovem e bonita e agora está sobrecarregada com duas
crianças para cuidar quando deveria ter sua própria família.
— Vocês são a minha família! — Ela disse ferozmente. — Eu amo você e Cammie. Eu não
quero ter nenhuma outra. Eu odeio o que tivemos que fazer. Odeio ter que nos mudar e esconder.
Você e Cammie deveriam ter uma infância e não serem forçados a crescer. Você é um
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adolescente, Trav. Deveria estar na escola com outros garotos da sua idade. Praticando esportes.
Divertindo-se. Isso não é justo!
— Evie?
O suave sussurro de Cammie fez ela e Travis virarem e Eve se arrependeu instantaneamente
de ter essa conversa na frente dela.
— Vamos ficar bem, não é?
Eve correu para o sofá e sentou-se, puxando Cammie em seus braços e abraçando-a com
força. Acariciou seus cachos loiros e deu um beijo em sua doce cabeça.
— Claro que vamos, querida. Não quero que você se preocupe. Prometa-me.
Cammie se afastou e deu um sorriso hesitante e, em seguida, olhou para Travis.
— Vamos estar juntos sempre, não é?
Travis sentou-se do outro lado e Cammie passou os braços em torno de ambas, Eve e
Cammie.
— É isso aí, irmãzinha. Somos uma família. Assim como Evie disse. Nós vamos ficar bem. Ele
nunca vai nos encontrar. Ninguém nunca vai nos machucar de novo.
O coração de Eve doía pela ternura e determinação na voz de Travis. Ela engoliu o nó de
emoção e piscou pela picada repentina de lágrimas. E saboreou a sensação dos irmãos em seus
braços. Como se pudesse protegê-los do mundo. Droga, ela faria o que estivesse em seu poder
para garantir o bem-estar deles. Tudo o que tivesse que fazer. Não havia limites para o seu amor
ou os sacrifícios que faria para mantê-los seguros.
Ela virou o rosto em direção a Travis.
— Ainda esta semana, okay? Se você puder trabalhar essa semana, então Cammie estará
melhor e eu vou encontrar trabalho. Algo durante o dia para que eu não precise ficar fora durante
a noite. Podemos jantar juntos. Como uma família.
— Estou me sentindo melhor, Evie, — Cammie disse em uma voz solene.
Eve acariciou a mão pelo cabelo de Cammie e depois beijou sua testa, deixando os lábios ali
por um longo momento. Contra a pele, que ainda estava quente, com febre.
— Eu sei que você está, querida. Mas você precisa descansar mais alguns dias. Não há razão
para correr agora, não é? Amanhã vou fazer algumas compras de supermercado e pode ter
certeza que comprarei um presente especial para você.
Os olhos de Cammie se iluminaram.
— Um presente? Adoro presentes!
Eve sorriu. Que menina não adora? Havia um brechó não muito longe da loja de ferragens
onde Travis trabalhou. Iria cedo, antes que Travis fosse para o trabalho, e veria o que conseguiria
encontrar. Cammie necessitava de algumas camisetas e shorts. Algo fresquinho, uma vez que não
tinham ar condicionado e a temperatura já estava bastante quente, apesar da precocidade do
verão.
— Isso lhe dará algo pelo qual esperar, — disse Eve, apertando Cammie contra o corpo mais
uma vez.
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Eles tiveram pouco pelo que esperar nos últimos meses. Às vezes, parecia que estavam
fugindo há anos. Que esta era a vida deles, que sempre tiveram. Era difícil para Eve se lembrar
como era uma vida normal. Quando ela não tinha o peso do mundo em seus ombros e saboreava
o medo a cada respiração.
— Estou com sono, Evie, — Cammie murmurou, abafando um bocejo com a mão ainda suja
do hambúrguer que tinha devorado.
Travis sorriu.
— Vamos. Vou levá-la para a cama e colocá-la para dormir. Isso parece bom para você?
Em resposta, Cammie se desvencilhou dos braços de Eve e ergueu os dois braços para Travis
pegá-la. Ele balançou-a facilmente e levou-a para o único quarto, que Cammie e Eve
compartilhavam, com Travis dormindo no sofá.
Quando eles deixaram a sala de estar, Eve escondeu o rosto entre as mãos, entregando-se
brevemente ao desespero esmagador que pairava sobre ela como uma nuvem de chuva negra.
Oh Deus, o que iriam fazer? Não podiam correr para sempre. Não podiam escapar do
passado. E não saber quando ou por quanto tempo estava criando um buraco em seu estômago.
Ela precisava ficar saudável para Cammie e Travis. Eles dependiam dela. Ela era a única constante
em suas vidas que fora transformada completamente de cabeça para baixo.
Traição.
Amargura a assaltou. Ódio. Ela nunca teria pensado ser capaz de um ódio tão intenso. Mas
estava lá. Vivo e insidioso. Ela nunca contemplou cometer um crime. Mas sabia que poderia matar
Walt absolutamente sem remorso. Passaria alegremente o resto de sua vida na prisão se isso
significasse que Cammie e Travis estariam seguros e teriam uma vida.
Mas, por agora eles precisavam dela. Ela não podia deixá-los. Tudo o que tivesse que fazer
para garantir o bem-estar deles, ela faria. Mesmo que isso significasse passar o resto de sua vida
fugindo e sempre olhando por cima do ombro.
Capítulo 6
Donovan levou Rusty de volta para a loja de ferragens para que ela pudesse pegar seu jipe.
Quando ela saiu, ele a chamou.
— Você está indo para a casa da mamãe?
Rusty revirou os olhos.
— Claro. Os domingos são os dias do almoço em família na casa da Mamãe Kelly, mas ela fez
esse parecer importante. Quero dizer, mais importante do que o habitual. Ela deixou bem claro
que todos deveriam estar presentes, sem desculpas permitidas.
Donovan riu.
— Sim, não há dúvida de que ela tem algo na manga. O que é, ninguém sabe. Vou segui-la e
chegaremos juntos. Tenho certeza que todos os outros já estarão lá.
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— Vou contar a eles. — Rusty disse suavemente. — Nunca tive a intenção de manter
escondido deles. Espero que você saiba disso.
— Eu sei, querida. E não se preocupe. Eu te darei cobertura.
Calor brilhou em seus olhos e seu sorriso aumentou, tornando suas feições bonitas ainda
mais lindas. Ela realmente se transformou em uma bela jovem. Donovan estava orgulhoso dela, e
lamentou o fato de que nem ele nem seus irmãos diziam isso a ela o suficiente. Mamãe e papai,
no entanto, demonstravam seu orgulho regularmente.
— Estou orgulhoso de você, Rusty. Sei que eu não te digo isso tanto quanto deveria. Mas
você tem uma boa cabeça em seus ombros. Nunca deixe ninguém dizer o contrário. E mais do que
isso, você tem um bom coração. Você vai ser irresistível para a população masculina, o que é uma
porcaria, porque isso significa que eu e meus irmãos teremos que chutar muitos traseiros.
Rusty riu, mas sua alegria foi transmitida por todo o rosto.
— Isso vai ser muito mais chato para mim do que para vocês! Um irmão fodão é suficiente.
Mas seis irmãos fodões respirando no pescoço de um pobre homem? Vai ser um milagre se eu
conseguir um para ficar e sofrer o escrutínio.
Donovan riu.
— Como se isso fosse impedi-la. Eu ouço sobre seus namorados.
Ela ergueu as sobrancelhas em falso horror.
— Que namorados?
Donovan bufou.
— Você sabe muito bem que Mamãe diverte todos nós com histórias sobre seus encontros.
Inferno, estou surpreso que ela não nos pediu para fazer verificações de antecedentes sobre os
caras que você sai na faculdade.
Rusty revirou os olhos.
— Oh, Deus, não plante essa sugestão na cabeça dela. Ela faria totalmente!
— Não é uma má ideia. Vale a pena ser cuidadosa, Rusty. Você está a várias horas de
distância de sua família. Uma garota em uma grande universidade nunca perde por ser muito
cuidadosa, sabe?
Rusty inclinou-se, com a mão na porta.
— Eu tenho muito cuidado, Van. Eu estive perto de vocês o suficiente para saber que tipo de
idiotas habita a terra. Sei que vocês tentam tomar cuidado para não falar demais sobre suas
missões, mas já escutei o suficiente para saber o que existe lá fora. Sou cuidadosa e todos vocês já
me ensinaram a cuidar de mim. Nathan e Joe tomaram a responsabilidade de me dar aulas de
autodefesa. Até Garrett se envolveu e não me largou até que eu consegui derrubá-lo. Fiquei
dolorida por uma semana!
— Fico feliz em saber que meus irmãos têm um pouco de bom senso em suas cabeças duras,
— disse ele com um sorriso. — Agora vamos sair daqui antes de incorrer na ira de Mamãe Kelly.
Você sabe como ela pode ser implacável quando se trata de faltar em suas refeições em família.
Rusty olhou para o relógio e depois gemeu.
— Oh, meu Deus, estamos muito atrasados!
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Com isso, ela deu tchau e bateu a porta, em seguida, correu para seu jipe e entrou. Donovan
sorriu e se afastou, Rusty colada em seu para-choque.
Sim, almoços de família eram os melhores. Mas o atraso não era aceitável no mundo de
Marlene Kelly. Ela queria que todos os seus pintinhos presentes, e, bem, seus pintinhos
respeitavam as regras dela.
Enquanto Donovan dirigia para a casa de seus pais, seu humor esmaeceu quando pensou em
Eve e seus irmãos e a miséria em que viviam. Suas mãos apertaram no volante enquanto
contemplava o que diabos ele poderia fazer sobre isso. Precisava de mais informações. Até se
perguntou se aqueles eram seus nomes reais, e se fossem, eles não estavam fazendo um trabalho
muito bom em cobrir seus rastros. E isso o preocupava. Porque se eles estavam fugindo, e era
óbvio que era o que estavam fazendo, então, em algum momento, o que quer que eles estivessem
fugindo iria apanhá-los.
Se isso acontecesse, ele esperava como o inferno que fosse aqui e não depois que eles se
mudassem e desaparecessem. Se tudo o que estava perseguindo-os os apanhasse, então ele
queria que fosse aqui, onde poderia protegê-los.
Ele balançou a cabeça. Não que a raiva sobre qualquer mulher ou criança em tal situação
fosse nova para ele ou até mesmo uma surpresa, mas sua reação pessoal a esta mulher — Eve —
bem, ele não tinha certeza do que fazer sobre isso.
Havia alguma coisa sobre ela. Aqueles olhos. No momento em que ela abriu a porta do
trailer em ruínas e ele vislumbrou aqueles belos olhos dourados expressivos foi como levar um
soco no estômago. Quanto mais ele a olhava, mais o nó cresceu em seu estômago. Nunca se
sentiu tão desamparado em sua vida, e desamparo não era uma emoção que ele confrontava
frequentemente.
Ele era um cara que assumia o controle das coisas. Ele entrava em ação. Não era um
observador passivo de qualquer irregularidade. Especialmente quando envolvia mulheres e
crianças. E ainda assim ele teve que jogar com calma. Ficar ali e fingir um leve interesse. Teve que
forçar-se a recuar e não pressionar e assustá-la ainda mais.
Porque ele sabia. Sabia que se tivesse feito qualquer movimento, ela teria fugido e ele nunca
mais a veria.
Quanto mais ponderava sobre a situação, mais sabia que tinha de reunir o máximo de
informações que podia sobre ela, e teria que ser malditamente discreto sobre isso. E isso o
frustrava infinitamente. Não era o que ele estava acostumado. Ele resolvia os problemas. Era
quem ele era. Era o que a KGI era. Era o que eles representavam.
E agora ele estava indo contra todos os seus instintos profundamente arraigados. Estava
indo embora. Fingindo que o que ele viu não importava.
O inferno que não importava!
Havia um jeito. Sempre havia um jeito. Ele não era o nerd desta organização para nada.
Claro, ele tinha músculos, mas também tinha um cérebro. Ele poderia chutar traseiros como
qualquer um deles, mas o seu melhor talento era a inteligência e capacidade de resolver
problemas. Ele podia fazer mágica com computadores e tecnologia. Mas nada disso iria fazer-lhe
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nenhum bem se não pudesse chegar perto o suficiente dela para entendê-la. E esse seria o maior
desafio de todos.
Como ele e Rusty suspeitaram, foram os últimos do clã Kelly a chegar. O quintal na frente da
casa de seus pais parecia um estacionamento de carros usados com todos os veículos espalhados.
No momento em que Rusty saiu, Marlene já estava na varanda, um olhar de desespero no rosto.
— Vocês estão atrasados! — Ela gritou desnecessariamente. — Eu atrasei o almoço em meia
hora esperando que vocês aparecessem.
— Eu sei, eu sei, — Rusty disse enquanto corria em direção aos degraus. — Sinto muito.
Marlene Kelly olhou para Donovan, que se aproximou em um ritmo mais lento. Ele estava
com sua melhor expressão de cachorrinho arrependido, porque era uma expressão que sua mãe
não podia resistir. A julgar pelo olhar resignado que ela lhe deu, ela bem sabia que estava sendo
manipulada.
Ele deu um beijo em sua bochecha depois que subiu os degraus.
— Desculpe mamãe. Nós vamos explicar mais tarde.
A expressão dela tornou-se imediatamente preocupada e ela olhou rapidamente entre ele e
Rusty.
— Tem alguma coisa errada? Está tudo bem?
— Você se preocupa demais, Mamãe, — Donovan repreendeu. — Está tudo bem. Vamos
explicar depois do almoço que você atrasou por meia hora. Não há necessidade de fazer com que
todos esperem para comer quando estão provavelmente espumando pela boca para saborear sua
comida.
Ela o olhou.
— Você é tão fala mansa. Sabe como apelar para o meu ego para safar-se do problema. Mas
tudo bem. Vamos comer. Isso vai esperar, mas não pense que vou esquecer! Vamos ter essa
conversa antes de você sair.
Donovan riu.
— Claro. Será que eu aguento manter segredo?
— Sim!
Rusty riu e os três entraram na casa, e Donovan foi imediatamente assaltado pelo cheiro de
lar. Conversas distantes. Risos. Risada de uma criança. Chegar a casa nunca mudava. Toda vez que
ele entrava na casa de seus pais, imediatamente ficava em paz. Só hoje, ele não estava tão
apaziguado como geralmente ficava porque seus pensamentos ainda estavam ocupados por Eve,
Travis e Cammie, que não tinham isso. Família. Essa sensação de inabalável lealdade e amor
incondicional.
Ele teve sorte. Maldita sorte. E isso fez seu peito apertar ao pensar que apenas a alguns
quilômetros de distância havia um trailer caindo aos pedaços, cheio de pessoas vulneráveis que
estavam desesperadamente necessitadas.
E, de fato, sua mãe tinha algo na manga. Algo mais do que a habitual reunião de família aos
domingos, quando os horários permitiam e nenhum de seus irmãos estava fora em missões.
Maya Banks
KGI 08
** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **
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Era evidente no sorriso secreto que ela jogou ao seu pai enquanto todos almoçavam em
torno da enorme mesa de carvalho onde novos assentos foram adicionados ao longo dos anos à
medida que a família havia se expandido para além do seu tamanho original.
Agora, com todas as esposas e netos, a mesa era enorme no comprimento, mas sua mãe era
determinada que todos fossem capazes de sentarem-se nela. Não havia mesa separada para as
crianças. Todo mundo tinha um lugar onde ela poderia olhar e ver todos os seus filhos e netos em
um relance.
Sua mãe estava bastante eriçada com antecipação, o que significava que ela tinha uma
surpresa para todos. Ele só queria saber o que diabos era isso.
Excitação estava no ar. Permeou todo o almoço. Seus irmãos e esposas sorriam e a conversa
estava animada. Sarah e Garrett estavam colados firmemente um ao outro, Sarah dando ao
grande homem um sorriso que provavelmente derreteu Garrett da cabeça aos pés.
Sophie estava radiante sentada entre o marido e a filha, Charlotte. Sam a tocava muitas
vezes. Apenas uma roçar com a mão. Ou enlaçava o braço em torno das costas de sua cadeira e a
puxava para perto enquanto comiam e riam.
Joe não parecia afetado pelo amor e intimidade que era tão evidente entre todos os seus
irmãos e as mulheres que eles amavam. Mas Donovan tinha inveja. Ele queria isso para si mesmo.
Joe era mais jovem do que Donovan e seus irmãos mais velhos. Apesar de Nathan, seu irmão
gêmeo, que se casou com Shea, Joe não mostrava sinais de querer fazer o mesmo. Ele estava na
casa dos trinta agora. Nathan tinha trinta quando ele e Shea se conheceram de uma forma muito
pouco convencional.
Donovan balançou a cabeça. Ainda era difícil acreditar que Shea tinha aquelas habilidades
extraordinárias. Que ela salvou seu irmão. Mais do que isso, ela tomou a sua tortura e sua dor. As
absorveu e tornou suas. Donovan não conseguia entender uma mulher que seria tão generosa
com alguém que ela sequer conhecia. Apenas um estranho para o qual ela estendeu a mão ao
longo dos milhares de quilômetros que os separavam.
Esse vínculo entre eles foi forte e duradouro. Durou até que Nathan a encontrasse. E ainda
estava presente. Inquebrável.
E ainda assim a família a tratava como tratavam todas as cunhadas e enteadas.
Normalmente. Aparentemente alheios ao fato de que ela tinha telepatia e compartilhava um
caminho mental tanto com Nathan quanto com Joe. Que eles podiam falar através de suas mentes
de uma forma muito mais íntima.
Donovan também invejava isso. Desejava compartilhar esse tipo de vínculo com uma mulher
que ele amasse e que o amasse também.
— Você parece preocupado hoje, cara, — Ethan murmurou ao seu lado.
Ethan e Rachel sentaram-se à direita de Donovan, enquanto Rusty tomou o lugar à
esquerda. Talvez porque ela queria o seu apoio uma vez que anunciasse para a família o que ela
fez. E haveria um inferno de um monte de perguntas.
Os gêmeos estavam dormindo em seus berços a apenas alguns metros de distância, de
modo que, se despertassem, alguém iria lá instantaneamente. E qualquer um dos membros da
Maya Banks
KGI 08
** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **
34
família iria precipitar-se, com a mamadeira pronta para ajudar a alimentá-los. Sua família sempre
foi assim. Sempre lá. Oferecendo amor incondicional e apoio inabalável.
Donovan balançou a cabeça.
— Vamos chegar a isso mais tarde. Mamãe tem algo na manga. Ela está prestes a sair da
cadeira. Acho que em breve ela não será capaz de suportar mais um minuto e vamos descobrir por
que ela nos reuniu hoje.
Ethan sorriu.
— Você notou também, hein?
— É meio difícil não notar, — Donovan disse secamente. — Ela está se mexendo com
impaciência. Só Deus sabe o que ela inventou agora. Acho que todos nós devemos nos preparar
para o impacto.
Ethan sorriu mesmo enquanto deslizava o braço em torno de Rachel e a puxava para o seu
lado. Rachel enviou um sorriso na direção de Donovan, e Donovan ficou maravilhado com a alegria
em seus olhos. Olhos que uma vez estiveram escurecidos por sombras permanentes. O
conhecimento do passado. Tudo o que ela sofreu. Finalmente. Finalmente, ela deu um passo para
a luz. Ela estava feliz. Era amada. Mas acima de tudo, estava inteira novamente.
Donovan sorriu para ela, permitindo que todo o amor que sentia por ela enchesse seu
coração. Ethan era um sortudo filho da puta por obter a segunda chance que conseguiu. Ele
estivera muito perto de perder Rachel, algo que assombraria Ethan e toda a família para sempre.
— Você está linda, querida, — ele disse carinhosamente. — É difícil de acreditar que você
deu à luz há pouco tempo.
Um rubor subiu em seu rosto, mas ela olhou para ele com amor e carinho.
— Tem quase um ano! Dá pra acreditar? Juro que os gêmeos estão crescendo aos trancos e
barrancos. Eu não consigo acompanhá-los hoje em dia. Mason está fazendo o melhor para
alcançar Ian no departamento “aprender a andar”, e que Deus me ajude quando ambos se
soltarem.
Uma dor se acomodou no peito de Donovan. Sim, o tempo estava voando. As crianças
crescendo. Era difícil saborear estes momentos quando eles passavam tão rapidamente.
— Você está bem hoje? — Rachel perguntou em voz baixa para que não fosse ouvida pelos
outros. Mas, então, o resto da conversa era alto e estridente. Pelo menos três conversas
diferentes estavam em curso na mesa enquanto todos gracejavam, riam e brincavam, então era
duvidoso que ouvissem o que Rachel dissesse.
Donovan sorriu.
— Sim, querida. Eu estou bem. Só pensando em uma coisa. Vou falar sobre isso mais tarde.
Talvez eu precise de sua ajuda com alguma coisa.
Preocupação imediatamente escureceu os olhos de Ethan e Rachel.
— Você sabe que tudo o que tem a fazer é pedir — disse Rachel.
Ethan assentiu em concordância enquanto ambos olhavam fixamente para Donovan.
— Eu sei. E aprecio isso. Não sou eu, então não se preocupe. Vou explicar tudo depois que
Mamãe nos disser o que ela tem em mente.
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depois da tempestade - maya banks (talionis)

  • 1. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 1 Maya Banks Depois da Tempestade KGI 8 Kelly Group Internacional (KGI): Um negócio de super soldados de elite, ultra secreto. Qualificações: alta inteligência, corpo forte, formação militar. Missão: Resgate de vítimas de sequestro/reféns. Coleta de informações. Executar trabalhos que o governo americano não pode... Ao longo dos anos, Donovan Kelly lutou incansavelmente por justiça. Mulheres e crianças sempre tiveram um lugar especial em seu coração. Trabalhando lado a lado com seus irmãos, Donovan testemunhou em primeira mão o quanto isso custava — fisicamente, mentalmente e emocionalmente — para seus entes queridos, e para as vidas inocentes apanhadas no fogo cruzado. O que ele nunca esperou é que sua próxima missão acontecesse bem na grama de sua casa ou que essa missão tomasse um rumo muito pessoal. O pitoresco Lago Kentucky é o lugar perfeito para uma alma em busca de um porto seguro. Uma bela estranha chegou — desesperada, ofegante e fugindo de um passado obscuro que perseguia a ela e aos irmãos mais novos que ela jurou proteger. Donovan agora deve recorrer a todos os recursos à sua disposição, se ele quiser salvar a mulher e as crianças que poderão ser o seu destino.
  • 2. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 2 Traduzido e Revisado do Inglês Envio do arquivo e Formatação: Δίκη Revisão Inicial: Val – Capítulo 01 ao Capítulo 19 Kimie – Do capítulo 20 ao Epílogo Revisão Final: Kimie – Capítulo 01 ao Capítulo 19 Val – Do capítulo 20 ao Epílogo Capa: Élica Talionis Para todos que esperaram pacientemente que a história de Donovan fosse contada. Espero que tenha sido tudo o que vocês esperavam, e que a espera tenha valido a pena. Maya Banks Comentário das RevisorasComentário das RevisorasComentário das RevisorasComentário das Revisoras Comentário da Revisora Kimie: A tão esperada estória do Donovan. Ele que sempre teve um fraco por mulheres e crianças com problemas, agora se vê diante de um caso que tem tudo isso, uma mulher e duas crianças fugindo de algo que as aterroriza e provoca em Donovan o desejo de ajudar e algo mais que vai mudar sua vida completamente. Ele encontra o que seus irmãos já encontraram, uma família, um amor... Rusty tem um papel importante nesta estória e sua relação com Sean mostra alguma evolução. A família Kelly está aumentando, novos bebês estão a caminho... Comentário da Revisora Val: Essa estória foi diferente, foi mais família. Foi mais suave na ação, embora mais tensa no tema. Ela se passou quase que completamente no complexo e não houve grandes confrontos. A parte mais violenta aconteceu inesperadamente envolvendo um personagem improvável. O livro não é sobre sexo, embora também tenha seus momentos sensuais. Ele é principalmente sobre o amor entre a família, até onde cada pessoa iria por amor, o que cada pessoa faria para proteger quem ela ama. Eu já considerava a KGI uma família linda, mas a Eve e os irmãos dela são mais lindos ainda. Ela é procurada pela polícia por tirar os irmãos das garras de um pai abusivo. E eles são eternamente gratos a ela por isso. Eles se cuidam, se protegem e se amam tanto que é impossível não se comover. A Eve largou faculdade e uma vida confortável para fugir com eles, por que o padrasto é muito influente e nem a polícia acredita que ele seja capaz de espancar a esposa e
  • 3. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 3 abusar da filha de 4 anos. O Travis tem apenas 15 anos, mas é tão protetor, tão disposto a fazer o que é certo, tão grato a sua irmã, por ter desistido de uma vida segura longe de um monstro, para viver fugindo e se arriscando ao cuidar deles, que se torna um personagem admirável e responsável, apesar de ser tão jovem. E a Cammie, ahh a Cammie é uma princesinha linda e apaixonante. Eu me encantei pela menininha de 4 aninhos, doce, meiga, vulnerável e tão apegada a seu irmão e irmã. Todas as vezes que ela aparecia eu sentia uma vontade imensa de que ela fosse real para que eu pudesse pegá-la no colo e a consolar. Eu conheci um lado do Donovan ainda não mostrado nos livros anteriores. Um anseio em ter sua própria família, em se estabilizar e ter o que seus irmãos já têm. Todos os integrantes da família Kelly aparecem muito e vemos um desenvolvimento intenso na vida de cada um. A Rusty é parte da estória, ela se identifica com os problemas de Travis, principalmente por que ele tem a mesma idade que ela tinha quando conheceu Marlene Kelly e ela mudou sua vida. Devido a isso, ela faz tudo para ajuda-los, e mostra que se transformou em uma mulher compassiva e leal. É muito bom ler sobre o quanto ela amadureceu e o quanto o convívio com os Kellys fez bem a ela. E sua estória já começa a se desenvolver e parece que será muito terna. Eu acho que a Maya só pecou na correria com que tudo aconteceu. Acho que o plano de resgate dessa vez foi fraquíssimo, mas isso não atrapalhou a beleza da estória, o fato de que uma família unida e afetuosa é comovente. Dessa vez, quero dedicar o trabalho de minha revisão a Christina Cruz por que foi ela quem indicou essa série no grupo, e me instigou a ler e revisar as estórias que até hoje me emocionam. Obrigada pela indicação e por sempre retribuir com uma opinião tão positiva a respeito de meu trabalho. Capítulo 1 Rusty suspirou e perguntou-se novamente se tinha feito a coisa certa ao contratar o garoto em tempo parcial. Eles não precisavam de ajuda na loja. Frank se mantinha ocupado, apesar das objeções da família sobre exagerar depois de seu ataque cardíaco alguns anos antes. Rusty ajudava quando estava de férias da faculdade, e havia número suficiente de Kellys dispostos a largar tudo e ajudar a qualquer momento que eles fossem necessários. E, no entanto... Ela não foi capaz de recusar o garoto. Talvez fosse o desespero silencioso em seus olhos. Era um olhar e um sentimento com os quais estava bem familiarizada. — Mas, pela graça de Deus, — e dos Kellys — não estou mais, — ela murmurou, um meio sorriso levantando seus lábios.
  • 4. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 4 Havia pouca dúvida de que ela ainda estaria em um trailer caindo aos pedaços, vivendo com sua merda de padrasto, com uma mão na frente e outra atrás, se Marlene Kelly não tivesse tomado Rusty e a colocado em sua casa. Oh, ela não estaria ainda com o padrasto. Ela teria fugido. Eventualmente. E provavelmente estaria nas ruas em algum lugar. Prostituindo-se para sobreviver. Um arrepio tomou conta dela enquanto memórias a longo tempo reprimidas rastejavam para a superfície. Memórias dolorosas e humilhantes. Marlene Kelly era uma santa. Um anjo entre os anjos. Rusty agradecia a Deus por ela e Frank todos os dias. Por causa deles, ela estava na universidade. Ela se formaria no período de um ano! Com um diploma! Ela tinha uma vida. Perspectivas! Todas as coisas que nunca imaginou ter. Mas a melhor parte de tudo isso? Ela tinha uma família. Uma enorme família honesta e bondosa, leal, ferozmente amorosa. Ela era uma Kelly. Marlene e Frank até mesmo contrataram um advogado para que Rusty pudesse mudar seu nome legalmente. Ela reemitiu uma nova certidão de nascimento e cartão do seguro social e tudo mais. Rusty Kelly. Oh, seu primeiro nome soava brega e horrível com o sobrenome Kelly. Mas, antes, ela tinha um nome perfeitamente normal e mundano, Barnes, antes de mudá-lo legalmente. Marlene queria adotá-la, mesmo que Rusty já fosse legalmente adulta. Ela não queria nada que fizesse Rusty ter a sensação de que ela não era verdadeiramente uma parte do clã Kelly. Mas não era necessário. Só de saber que era amada e aceita por todos os Kellys, inclusive pelos irmãos fodões, ranzinzas e super protetores, era suficiente para Rusty. Poder ir para a escola e ser conhecida como Rusty Kelly ainda a confundia, e, às vezes, lembrar-se disso a pegava desprevenida e ela beirava precariamente às lágrimas. E ela jurara nunca mais chorar. Ela deixou aquela vida para trás. Toda a dor e constrangimento que viveu durante os primeiros quinze anos de sua existência. Isso se acabou no momento em que a ternura de Marlene envolveu-a no manto do nome Kelly. Rusty suspirou enquanto olhava para o corredor em direção a Travis Hanson — se é que esse era mesmo seu nome verdadeiro — e perguntou-se novamente no que ela tinha se metido. Ele era da mesma idade que Rusty tinha quando ela arrombou a casa dos Kelly querendo nada mais do que algo para comer. Ele tinha a mesma escuridão nos olhos. A mesma tristeza. Mas o pior de tudo... O medo. Como se sentisse seu escrutínio, Travis olhou para cima de onde ele estava estocando as prateleiras, e seu mal-estar foi registrado. O pobre garoto era absolutamente inepto em impedir que suas emoções fossem transmitidas em todo o rosto. Isso demonstrava que ele não tinha experiência, e o que quer que fosse que o trouxera para esta loja e colocara o medo em seus olhos era recente. — Tem alguma coisa errada? — Ele perguntou em voz baixa. Ele poderia ter quinze anos — foi o que ele disse a ela, mas aparentava ser muito mais velho. Ele era muito mais alto do que a maioria dos meninos de quinze anos. Musculoso. Encorpado. Não
  • 5. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 5 era tão desengonçado como tantos outros meninos de sua idade. Ele envelheceu rapidamente. Cresceu. Era velho para sua idade. Era algo que Rusty definitivamente poderia perceber porque ela foi forçada a crescer quando tinha apenas dez anos. Por falar nisso, quando ela verdadeiramente foi criança? — Nada, — Rusty disse alegremente, esperando que não estivesse sendo tão óbvia quanto o garoto sobre suas desconfianças. — Estava pensando que depois de terminar aquela prateleira poderíamos almoçar. Há uma lanchonete apenas algumas portas abaixo. Está com fome? O arregalar instantâneo de seus olhos lhe disse que ele estava realmente com fome. Perguntou-se quando teria sido sua última boa refeição. Mas não queria perguntar por que ele provavelmente fugiria. — Eu, uh, deixei a minha carteira em casa, — ele gaguejou. — Mas eu posso pagá-la amanhã. Quer dizer, se você quiser que eu vá com você. Rusty fez uma careta. Frank não abria a loja de ferragens aos domingos. Essa era o dia da igreja e da família. Mas Travis não precisava saber que Frank teria um ataque se qualquer um de seus funcionários trabalhasse no domingo. Rusty já havia decidido que ela pagaria o garoto de seu próprio bolso, se fosse preciso. — Conferimos o estoque aos domingos, — ela disse, esperando que Deus a perdoasse por essa mentira descarada. — A loja não estará aberta, mas eu definitivamente poderia utilizar sua ajuda por algumas horas na parte da manhã, se você puder vir. O alívio lavou os olhos dele e seus ombros caíram. — Claro. Sem problemas. Posso entrar as oito e ficar o tempo que você precisar de mim. Rusty correu o risco e olhou a reação dele de perto. — Sua mãe não se importaria com isso? Quero dizer, a maioria das pessoas por aqui vai à igreja e passa o domingo com a família. Eu odiaria perder um bom funcionário porque sua mãe ficou chateada por que você trabalhou. A expressão dele tornou-se tensa, os olhos impassíveis, mas eles piscaram uma vez quando ele respondeu. — Eu não tenho mãe. Minha irmã cuida de mim e de minha irmã mais nova. Eu gosto de ajudar. Eve... Quero dizer ela... Trabalha demais. Ela não vai se importar se eu trabalhar algumas horas. Nós poderíamos precisar do dinheiro. Rusty guardou aquele pedaço de informação e rapidamente seguiu em frente. Travis estava extremamente desconfortável e ela não queria correr o risco de que ele fugisse. Não que ela soubesse por que se importava com isso. Inferno, provavelmente seria melhor se o garoto não ficasse muito tempo porque quando Frank descobrisse o que Rusty fizera, ele provavelmente se perguntaria se ela enlouquecera. — Ok, então. O que você gostaria de comer? Eles têm um ótimo sanduíche de pão grelhado. Mas também servem um hambúrguer semelhante ao do McDonalds. Um menino de seu tamanho provavelmente precisa de proteína.
  • 6. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 6 Travis sorriu. Apenas um breve sorriso que apagou algumas das sombras em seus olhos. Mas ele desapareceu com a mesma rapidez, deixando um garoto muito velho para sua idade olhando para ela. — Sanduíche do McDonalds? Ela riu. — Sim. É uma coisa boa, no entanto. É como meus irmãos chamam um bom hambúrguer com muita gordura e queijo. Caseiro. Não a porcaria processada que é vendido em restaurantes fast-food. Por aqui, a comida caseira é uma questão de orgulho. O que você acha de um bom sanduíche de bacon e queijo? E é o meu deleite. É o mínimo que posso fazer para agradecer por tirar tanto trabalho dos meus ombros. — Isso soa muito bom, — ele admitiu. — E obrigado, Rusty. Por tudo. Isso significa muito para mim e minhas irmãs. Era tão tentador agarrá-lo e apertar. Abraçá-lo e dizer que tudo ficaria bem. Mas ela resistiu, porque sabia que quando ela tinha a idade dele, tal atitude iria assustá-la. Rusty demorou muito tempo para perceber que nem todos no mundo tinham intenção de machucá-la. E que o amor era incondicional e dado livremente. Sem amarras. Sem repercussões. Mas seu coração doeu por ele. Ela sabia como era sentir medo. Passar fome. Ter demasiada responsabilidade sendo tão jovem. Ela agradecia a Deus por Marlene e Frank Kelly. Agradecia a Deus por todos eles. — Ei, não se estresse, garoto. Como eu disse, se não fosse você, eu teria que conferir o estoque. Frank insiste em fazer isso, apesar de tudo. Ele teve um ataque cardíaco há alguns anos e sua esposa fica atrás dele para que ele se esforce menos. Mas ele é teimoso como uma mula do Missouri, e por isso, tentamos nos certificar que ele não exagere. Você está me fazendo um grande favor. Ele sorriu e em seguida, voltou para retirar as ferramentas da caixa que estava no chão, cuidadosamente organizando-as em seus respectivos lugares. Com um suspiro, Rusty virou-se e olhou para o relógio. Frank não deveria aparecer até as duas. Foi necessária muita discussão da parte dela para convencê-lo de que ela era perfeitamente capaz de gerenciar a loja até que ele viesse trabalhar das duas às seis. Até lá, ela teria alimentado o garoto, pagado seu salário e o enviado para casa, e Frank não descobriria. Era o que ela esperava. Quando voltou para frente da loja, foi atrás do balcão para pegar sua bolsa. Se fosse cumprir o horário, ela só sairia mais tarde. Ela não gostava de deixar o garoto, mas a caixa registradora estava trancada e ela trancaria a porta ao sair e colocaria a plaquinha de fechado. Ela estaria de volta em um flash. Depois de telefonar fazendo o pedido dos sanduíches, ela ergueu a bolsa por cima do ombro e se dirigiu para a porta depois de falar a Travis que estaria de volta em cinco minutos. Quase colidiu com um corpo masculino no caminho para fora e parou, mal conseguindo reprimir a maldição que subiu aos seus lábios. Marlene estava sempre tentando torná-la uma dama.
  • 7. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 7 Mas quando viu quem quase a atropelou, prontamente se arrependeu de ter reprimido o palavrão. Sean Cameron ficou na frente dela, o olhar se estreitando enquanto a olhava. — O que foi agora, Sean? — Ela perguntou, exasperada. O policial sempre a pressionava da maneira errada. — Quem é o novo funcionário? — Sean exigiu saber — Frank não disse nada sobre a contratação de alguém novo. Rusty suspirou. Não havia nada de novo sobre Sean respirando no seu pescoço. A vida em uma pequena cidade definitivamente tinha suas desvantagens. O garoto não estava aqui nem há duas horas e o super policial já estava aqui para vê-lo. — Eu não sabia que você tinha um segundo emprego como gerente de RH de Frank, — disse ela secamente. A carranca dele se aprofundou. Não que isso fosse algo novo para ela. Sean vivia a desaprovando. Era como se ele só estivesse esperando que ela estragasse tudo para que ele pudesse colocá-la para fora da cidade e fora da vida dos Kellys. — Pare com isso, Rusty. Ela fez uma careta para ele, sua paciência estalando. — Sério, Sean? Você não pode ser um pouco mais original, com seus insultos? Nós nos conhecemos há quanto tempo agora? Cinco anos? E, no entanto, essa é a sua resposta padrão a qualquer momento que estamos perto um do outro. "Pare com isso, Rusty." Ela balançou a cabeça. — Agora, se me der licença, tenho o almoço para pegar e depois tenho trabalho a fazer. Tenho certeza de que você tem algo mais importante para fazer do que ficar espiando sobre meu ombro a cada minuto do dia. Sean fez uma careta em resposta. — Quem é o garoto, Rusty? — Se você quer me interrogar, então terá que vir comigo pegar o almoço para mim e "o garoto", como você chamou-o. — Ela se referia a ele como o garoto também, mas não tão pejorativamente como Sean dissera. E, em seguida, outro pensamento lhe ocorreu. Um que a fez trancar a porta enquanto empurrava Sean ao passar pela porta. Ela virou a chave, garantindo que ele não iria entrar, enquanto ela estivesse fora, e então se virou, dedo para cima enquanto o apontava para Sean. — E você fique longe do garoto. Entendeu? Ele não é da sua conta. Você não falará com ele e certamente não o interrogará. Eu posso aguentar a sua encheção de saco. Deus sabe que eu lido com isso há anos. Mas deixe-o em paz ou juro por Deus que vou tornar sua vida miserável. Os olhos de Sean piscaram, e por um momento ela pensou ter visto arrependimento real. — Qual é a história dele? — Sean perguntou calmamente. Rusty decolou na direção da lanchonete, sabendo que Sean iria acompanhá-la. Ele era teimoso demais para simplesmente deixar as coisas assim. Ele queria ouvir a história de vida do garoto antes de recuar.
  • 8. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 8 — Ele é um garoto que precisa desesperadamente de um emprego e de dinheiro, — disse ela, enquanto caminhavam pela calçada. — E deixe-me adivinhar. Frank não sabe que você o contratou, — disse Sean. Rusty assentiu. Sean praguejou ao seu lado. Rusty parou na porta da loja de sanduíche e olhou fixamente para Sean. Ela sempre se sentiu inferior ao lado dele, mas, na verdade, a força latente de sua desaprovação poderia pesar até mesmo em uma pessoa maior. — Não, ele não sabe. Ainda, — ela emendou. — Não tenho a intenção de esconder isso dele. Ao contrário do que você pode pensar, eu amo Frank e Marlene. Eu nunca faria nada para machucá-los. Ele chegou hoje. Está com fome e sem dinheiro, e tem irmãs para sustentar. E não se preocupe, Sean. Estou pagando-o por fora, com o meu próprio dinheiro. Não que seja muito. Mas acho que alguma coisa vai ser melhor do que nada, e é um trabalho seguro. Pelo menos aqui eu posso dar uma olhada nele. Os olhos de Sean suavizaram, e por um momento ele permaneceu em silêncio. — Olha, Sean, — Rusty disse, odiando como ela parecia suplicante. Como precisava de sua maldita aprovação. Ela respirou fundo antes de continuar. — Ele sou eu quando eu tinha essa idade. Ele é o que eu poderia ser se não fosse por Frank e Marlene e o resto dos Kellys. Ele precisa de ajuda e eu posso ajudá-lo. Assim como ninguém me ajudou, até que os Kellys estiveram dispostos a fazê-lo. Então recue, certo? Eu sei que o irrita pedir que confie em mim, mas você acha que consegue afastar o seu desagrado pessoal por mim o suficiente para me dar uma chance aqui? Eu não sou estúpida. Posso ajudar esse garoto e vou fazê-lo com ou sem a sua bênção. Algo muito parecido com pesar brilhou no olhar firme de Sean. — Eu não desgosto de você, — disse ele em voz baixa. Ela bufou. — Só tome cuidado — alertou. — Não estou dizendo isso para te chatear, mas droga, Rusty. Tenha cuidado. O que você sequer sabe sobre ele? Eu não gosto de você ficar sozinha com ele na loja. E se ele tentar roubá-la? Ou te machucar? Ela riu. — O dia que eu não puder me defender de um garoto de quinze anos, é o dia de eu ir para a minha sepultura. Eu sou resistente, Sean. Eu tive que ser, crescendo do jeito que cresci. Nos últimos anos, convivendo com os Kellys, posso ter amolecido, mas ainda estou por minha conta na faculdade, e acredite em mim quando digo que a faculdade não é uma moleza. Eu tenho aulas de autodefesa. Posso cuidar de mim mesma. Os olhos de Sean se estreitaram. — Que diabos isso significa? O que aconteceu na escola? Alguém mexeu com você? Ela revirou os olhos. — Nada que eu não possa resolver sozinha. Ele passou a mão pelo cabelo curto e soltou a respiração. — Droga, Rusty. Será que a mataria pedir ajuda? Só uma vez? Ela piscou surpresa.
  • 9. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 9 — E o que aconteceria se eu o tivesse procurado pedindo ajuda? — Eu a ajudaria, — disse ele em voz baixa. — Você acha que eu odeio você, mas isso não é verdade, Rusty, e se você alguma vez realmente baixasse sua guarda perto de mim, perceberia que eu só quero ter certeza que você está segura. Ela não tinha ideia do que dizer sobre isso. — Eu vou embora, — disse Sean. — Mas estarei de olho no garoto. Se você tiver qualquer problema, me chame. Se você sequer pensar que haverá problemas, me chame. E se precisar de alguma coisa, me avise. Se o garoto estiver metido em problemas, me avise. Pode haver uma maneira de ajudá-lo. Ela estava tão surpresa que não conseguia fazer nada mais do que assentir com a cabeça. Quando Sean se afastou, ela o olhou, completamente confusa. Na verdade, ele agiu como se ele... Se importasse. Capítulo 2 Eve ergueu os olhos do sofá esfarrapado e desgastado onde Cammie finalmente estava dormindo, deitada no colo de Eve quando Travis entrou pela porta do trailer de um quarto que alugaram. — Ela está melhor? — Travis perguntou ansiosamente enquanto caminhava até o sofá. Eve passou a mão sobre a testa de Cammie, um movimento que repetira várias vezes ao longo das últimas horas. — A febre abaixou um pouco, — disse Eve em voz baixa. — Estou tão preocupada. Não podemos levá-la ao hospital ou até mesmo ao médico. É muito arriscado. Mas não estou conseguindo fazer a febre abaixar, não importa o que eu faça. A expressão de Travis escureceu com a mesma preocupação e fadiga que Eve sentia. Então ele enfiou a mão no bolso e tirou três notas de vinte dólares. — Eu sei que não é muito, — disse ele. — Mas eu irei amanhã de manhã por algumas horas também. A senhora que me contratou é muito boa. Ela até me comprou o almoço. Eve pegou o dinheiro, lágrimas queimando-lhe as pálpebras. Engoliu em seco, determinada a manter-se forte e não permitir que Travis visse como estava assustada e preocupada. Mas ele sabia. — Eu odeio que você tenha que trabalhar! — Ela disse ferozmente. — Assim que Cammie estiver melhor, eu vou encontrar um trabalho. Prometo. As narinas de Travis inflaram. — Não! Cammie precisa de você. Eu vou fazer o que puder. Se eu não conseguir trabalhar horas suficientes na loja de ferragens, encontrarei outra coisa. Não quero que você se preocupe, Evie. Eu vou cuidar de nós. Eu juro.
  • 10. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 10 Eve deu um tapinha no espaço no sofá ao lado dela e, em seguida, passou um braço em torno de seu irmão mais novo, quando ele se sentou. — Eu te amo. Nós vamos passar por isso, Trav. Eu prometo. Vamos encontrar uma maneira de ficar juntos e em segurança. Ele a abraçou também, segurando e apertando, oferecendo-lhe o conforto que ela lhe ofereceu. — Vamos conseguir, Evie. Nunca mais teremos que voltar para aquele bastardo. Eu vou proteger você e Cammie. Não vou deixá-lo te machucar novamente. Eve envolveu seu rosto com as mãos em concha, sentindo as leves cerdas do primeiro crescimento de barba no queixo. Ele era tão jovem. Muito jovem para ser sobrecarregado com tanta responsabilidade. Ela era quem deveria cuidar de Travis e Cammie. Nunca deveria tê-los deixado com o pai deles. Foi uma decisão da qual iria se arrepender pelo resto de sua vida, mesmo que, na época, ela não tivesse outra escolha. Mas graças a Deus, ela conseguiu tirá-los de lá. Antes que Walt Breckenridge pudesse colocar em prática suas fantasias doentes. Foi ruim o suficiente que ele tentasse assediar Eve depois que sua mãe morreu, mas quando ele voltou a atenção para Cammie... A doce e querida Cammie, de somente quatro anos de idade. Eve estremeceu, o coração doendo, náuseas rolando em seu estômago enquanto imaginava o pai de Cammie tentando molestá-la. Ela desejou tê-lo matado. Desejou ter encontrado uma maneira de matá-lo. Teria ido com prazer para a cadeia pelo resto de sua vida se isso significasse que Cammie e Travis estariam seguros. Eles tiveram sorte de escapar com vida. Mas Eve não era tola. Walt não iria desistir tão facilmente. Ela já era uma mulher procurada. Walt a acusara de sequestro e pintou Eve como uma pessoa emocionalmente instável que precisava de supervisão constante e tratamento psiquiátrico. Ninguém acreditaria em Eve. Porque Walt era rico. Ele exercia uma grande quantidade de poder e influência. Ele tinha conexões de longo alcance que garantiram que conseguisse fugir das acusações de assassinato. Ele havia conseguido fugir das acusações de assassinato. Dover, Tennessee, parecia uma vida longe de onde eles fugiram da Costa Oeste. Era uma cidade pequena e tranquila situada perto do Lago Kentucky. Foi aqui que ela se refugiou depois de fugir pelos últimos meses. Não tinha intenção de ficar por tanto tempo, mas Cammie estava doente e precisavam de dinheiro. E um plano. Aonde ir em seguida. O que fazer. Como sobreviver. Não podia se dar ao luxo de baixar a guarda nem por um minuto. Não importa o quanto aqui parecia seguro, isolado e fora do caminho, ela não poderia depender de não ser encontrada aqui. O que significava que precisavam manter-se em movimento. Isso não era jeito de viver. Não era a vida que queria para seus irmãos. Ela queria o melhor para eles. Queria que Cammie tivesse todas as coisas que uma garotinha normal de quatro anos deveria ter. E Travis... Ele precisava estar na escola. Ele se destacava. Tinha boas notas. Era um atleta nato. Poderia facilmente obter uma bolsa de estudos por conhecimento acadêmico ou esportivo. Mas isso agora era impossível. Ela não poderia colocá-lo na escola, e não tinha as ferramentas ou o conhecimento para educá-lo.
  • 11. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 11 Um dia. Era uma promessa que ela fazia diariamente. Um dia eles teriam uma existência normal e Travis teria a educação que merecia e Cammie iria crescer como uma criança feliz, segura por não ter que se preocupar que seu próprio pai abusasse dela. — Evie, você está bem? A pergunta preocupada de Travis sacudiu-a de seus pensamentos. Ela olhou para cima para ver que ele estava olhando-a fixamente. Era óbvio que ele disse alguma coisa antes que ela tivesse se perdido, afundada tão profundamente em seus pensamentos. Ela forçou um sorriso e acenou com a cabeça. — Estou bem, Trav. E o dinheiro vai ajudar. Preciso comprar mais remédios para Cammie e precisamos de comida. Assim que ela estiver melhor, eu me sentirei mais confortável deixando-a com você para que eu possa trabalhar. Eu não quero você trabalhando tanto. Você precisa se expor o mínimo possível. — É você quem está sendo procurada! — Travis disse ferozmente. — É você quem deve ficar fora de vista. Eles não iriam me prender. Só iriam tentar me fazer voltar para aquele imbecil. Se eles a pegarem, você irá para a cadeia. Eu não vou deixar isso acontecer! Ela sorriu de novo, acariciando a mão sobre o rosto quente e seco de Cammie. Cammie mexeu um pouco e, em seguida, abriu os olhos turvos e desfocados pela febre. — Trav? — Ela chamou, sonolenta. Toda a expressão de Travis se suavizou. — Estou aqui. Como está se sentindo? — Melhor agora que você e Evie estão aqui. Eu não gosto quando você vai embora. Eve e Travis trocaram olhares arrasados. Cammie estava morrendo de medo de ser separada de Eve e Travis. Partiu o coração de Eve que esta criança tinha tanto a temer na vida. Que alguém que deveria ter cuidado absolutamente dela a traiu da pior maneira. — Eu tive que trabalhar, — Travis disse em um tom suave. — Precisamos de dinheiro para que possamos comprar os medicamentos que a farão sentir-se melhor. E comida! Como é que uma refeição quente soa para você? Talvez um pouco de sopa? Cammie torceu o nariz. — Estou cansada de sopa. O peito de Eve apertou. Sopa era tudo o que podiam pagar. Eles sobreviviam com alimentos baratos. Miojo. Sopas em lata. Sanduíche de pão com carne. — Deixe-me contar a vocês! — Travis disse, inclinando-se sobre Eve para que Cammie pudesse vê-lo melhor. — Eu irei trabalhar de novo amanhã e tem uma lanchonete realmente ótima apenas algumas portas abaixo. Se você estiver sentindo-se bem para uma refeição sólida, eu trarei um hambúrguer para você amanhã. Eles são muito bons. Eu comi um hoje. O rosto de Cammie se iluminou. — Parece gostoso. Obrigada, Trav. — Por nada. Agora eu quero que você descanse para ficar melhor, okay? Cammie assentiu com a cabeça e fechou os olhos, aconchegando-se mais firmemente no colo de Eve.
  • 12. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 12 — Você quer que eu saia para comprar o remédio para ela? — Travis perguntou em voz baixa. — Sim. Precisamos de paracetamol e ibuprofeno. Estou alternando entre os dois. E ela precisa de alguma coisa para a tosse. Talvez um xarope. Traga um genérico. Qualquer um que seja mais barato. Temos comida suficiente para durar até amanhã. Depois que você voltar do trabalho, sairei rapidinho para comer alguma coisa enquanto você fica com Cammie. Por enquanto, é só pegar o remédio na farmácia e voltar logo. Travis assentiu e, em seguida, apertou a mão de Eve. — Vai ficar tudo bem, Evie. Ela apertou de volta, rezando com todo seu coração que ele estivesse certo. — Eu sei que vai. Capítulo 3 Donovan Kelly olhou para loja de ferragens de seu pai enquanto passava por ela. Era um hábito que todos os seus irmãos tinham de dar uma olhada quando estavam na área apenas para se certificar que tudo estava como deveria ser. Ele freou fortemente quando viu o jipe de Rusty estacionado em frente à loja. Executando um rápido retorno, ele voltou e estacionou ao lado do carro dela. Uma placa de fechado estava para cima, mas a luz estava acesa no interior. Frank Kelly nunca trabalhava aos domingos. As pessoas que trabalhavam para eles também não. Por que diabos Rusty estaria aqui? Ela não fora à igreja esta manhã. Não que ele mesmo fosse muitas vezes. Mas ele deixava sua mãe arrastá-lo quando não estava em missões da KGI e as coisas estavam tranquilas em casa. Uma ocorrência muito rara. Havia sempre alguma coisa acontecendo. Mas depois de completar a última missão, duas semanas antes com a nova equipe composta por Nathan, Joe, Swanny, Skylar e Zane, — ou Edge, como era chamado quando era lutador de MMA — nada de novo aconteceu. A nova equipe estava trabalhando muito bem. Melhor do que Donovan poderia ter esperado, levando-se em conta o tempo que a equipe havia ficado junta. Com os outros dois líderes de equipe agora casados, bem domesticados e desfrutando da paternidade, a nova equipe assumiu o trabalho, enquanto as outras duas realizaram menos missões. Ele saiu da caminhonete, mas antes que pudesse ir a pé até a porta, Rusty correu ao seu encontro. Ele franziu o cenho para a expressão dela. Ela parecia... Culpada. E, embora no começo, ele e seus irmãos tivessem reservas sobre Rusty, ela provou a si mesma desde então. Tornara-se uma jovem responsável que estava indo bem na faculdade e era extremamente leal a seus pais. Ela era, na verdade, um membro absoluto da família Kelly.
  • 13. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 13 — O que aconteceu? — Donovan perguntou, olhando para além da porta que estava entreaberta. — Meu pai nunca abre aos domingos. Há algum problema? Você precisa de ajuda com alguma coisa? Rusty fez uma careta, respirou fundo e, em seguida, olhou na direção da loja de ferragens. — Olha, podemos conversar um minuto aqui? De preferência, no fim da rua? As sobrancelhas de Donovan franziram pela nota ansiosa em sua voz. — Claro. — Deixe-me avisar Travis, okay? As sobrancelhas de Donovan dispararam para cima. — Travis? Quem diabos é Travis? É seu namorado? E se for, o que diabos vocês estão fazendo na loja do meu pai em um domingo? Ela suspirou e balançou a cabeça. — Só me dê um segundo e eu vou explicar. Antes que ele pudesse argumentar mais, ela correu de volta e desapareceu pela porta da loja. Alguns segundos depois, ela voltou para fora, fechou a porta atrás de si e, em seguida, caminhou na direção de Donovan. Ela fez-lhe sinal em direção à loja de sanduíche de duas portas e ele a seguiu, perguntando o que diabos ela estava fazendo agora. Eles não tiveram nenhum problema com Rusty desde o colegial. Ela estava apenas a um ano de se formar na faculdade e não podia imaginá-la estragando tudo agora. Ela parou e, em seguida, virou-se, observando a área como se estivesse preocupada que alguém pudesse ouvir o que estava prestes a dizer. Ela enfiou as mãos nos bolsos e suspirou novamente. — Eu ia ligar para Nathan, mas você está aqui agora, então talvez... Ela parou, hesitando. Fazia sentido que se ela tivesse um problema ela chamaria Nathan. De todos os irmãos Kelly, ela era mais próxima a ele, porque ele foi quem a aceitou mais facilmente desde o início. Mas, desde então, ele e todos os seus irmãos deixaram claro que ela era da família e que eles cuidavam da família. Ela deveria ser capaz de chamar qualquer um deles. Não apenas Nathan. — Rusty, se você precisar de ajuda, você pode chamar qualquer um de nós. Você sabe disso, não é? Ela assentiu com a cabeça. — Eu... Eu só não sabia como lidar com isso e Nathan é menos provável de ficar louco comigo. — Merda! O que você fez agora? — Eu não fiz nada! — Ela disse, indignada. — Bem, não exatamente. — O que significa "não exatamente"? — Ele perguntou secamente. Ela olhou por cima do ombro de novo e, em seguida, levantou os ombros com resignação. — Eu meio que contratei alguém para trabalhar em tempo parcial na loja de ferragens.
  • 14. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 14 — Meio que contratou? Ou você contratou ou não. E por que eu não sei nada sobre isso? Falei com meu pai mais cedo e tenho certeza que ele teria mencionado. Então, a minha próxima pergunta é, será que o pai sabe sobre este novo funcionário? — Não, — ela murmurou. — Eu não cheguei a dizer a ele ainda. Mas não estava planejando esconder isso dele! Acabei de contratar o garoto ontem. Eu vou pagá-lo do meu próprio bolso, se Frank não quiser contratá-lo. Donovan estudou Rusty atentamente. — Você disse garoto. E parece muito apaixonada por esse garoto. Importa-se de me contar toda a história? — Eu ia ligar para Nathan. Eu disse isso. Quero segui-lo depois que ele for para casa. Donovan piscou. — Você quer fazer o quê? — Ele está em algum tipo de problema, Van. Eu posso ver isso. Você não entende. É como olhar para mim quando eu tinha essa idade. Ele está assustado, com fome e precisa de dinheiro. Ele disse que não tem pais. Apenas duas irmãs pelas quais ele se sente responsável. É um inferno de muita responsabilidade para um garoto de quinze anos. Estou preocupada com ele. Eu queria dar uma olhada em sua família. Certificar-me que ele não está em perigo. Mas não sou estúpida. Não estava planejando ir sozinha. Iria pedir a Nathan para ir comigo. E agora você está aqui... — ela terminou sem jeito. — E você quer que eu siga esse garoto com você para onde ele vive. E depois? Bastará dizer: “Oh, oi”! Só queria ter certeza que não estavam te acorrentando em um porão? Ela balançou a cabeça, mas seus ombros tinham relaxado e um sorriso flertou nos cantos de seus lábios. — Eu não cheguei tão longe no meu plano ainda. Estava esperando que Nathan tivesse uma ideia. Eu não posso explicar isso, Van. Estou muito preocupada com esse garoto e eu só o conheci ontem. Você gostaria dele. Ele é quieto. Muito respeitoso e é, obviamente, protetor com suas irmãs. Eu só quero ver se há algo que eu possa fazer para ajudar. O coração de Donovan suavizou com a seriedade em seus olhos e o discurso apaixonado. E o inferno era que ele tinha uma enorme fraqueza com mulheres e crianças. Especialmente crianças. Comia seu intestino pensar em um rapaz de quinze anos, vivendo precariamente, trabalhando em tempo parcial em uma loja de ferragens para sustentar duas irmãs. Onde diabos estavam seus pais? — Eu vou com você, — ele finalmente disse. — Mas, Rusty, você vai fazer do meu jeito e vai ouvir tudo o que eu disser. Entendeu? O que significa que ficará atrás de mim em todos os momentos, e se eu disser para você se abaixar ou correr, então é melhor você fazer exatamente isso. Nós não temos nenhuma ideia para que tipo de situação estamos nos encaminhando, então espero que você preste atenção. Ela assentiu com a cabeça vigorosamente. — Há outra coisa, Van. E eu não sei como fazê-lo sem ser intrometida. — Você? Intrometida? — Ele zombou.
  • 15. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 15 Ela revirou os olhos, mas riu. — Okay, sim, eu posso ser intrometida. Mas é por uma boa causa! O garoto está com fome. E se ele está com fome eu só posso supor que suas irmãs estão tão famintas quanto ele. Comprei- lhe um hambúrguer para o almoço ontem e ele o devorou em cerca de três mordidas. Então, hoje eu comprei outro hambúrguer para ele, mas ele não o comeu. Ele não queria que eu soubesse que não tinha comido. Escondeu-se e o guardou. Meu palpite é que ele o levará para casa para suas irmãs comerem. E isso me mata, Van. Eu já senti tanta fome assim. Foi por isso que eu invadi a casa de seus pais. Eu estava morrendo de fome e teria arriscado ser presa apenas para ter algo para comer. Eu não quero que isso aconteça com esse garoto. Eu quero dar comida a eles. Eu tenho que fazer alguma coisa. Não posso ficar de braços cruzados, sabendo o que eu sei e vendo o que vejo e não fazer nada. Donovan atirou o braço ao redor de seus ombros e puxou-a em seu peito para um abraço. — Você é uma boa menina, Rusty. Ela lhe deu uma cotovelada. — Eu não sou mais uma menina! Ele riu. — Não, você não é. Você é uma mocinha agora. Eu me esqueço disso, às vezes. Difícil de acreditar que tantos anos se passaram desde que você foi adotada no clã Kelly. — Foram os melhores anos, — ela disse suavemente. — Okay, então aqui está o que eu proponho. Seguiremos o garoto até a casa dele. Veremos qual é sua situação. Então, poderemos descobrir como conseguir o que eles precisam. Eu posso fazer algumas verificações sobre ele e as irmãs. — Obrigada, Van. Isso significa muito para mim. — Não tem problema. Só me faça um favor, okay? No futuro, me ligue ou ligue para alguém antes de tomar uma decisão como esta. Pode ter dado certo dessa vez e o garoto não lhe fez nenhum mal, mas não há nenhuma garantia que da próxima vez não será diferente. Eu não quero que você se machuque, Rusty. Você pode sempre me chamar ou qualquer outra pessoa na família. Ela sorriu. — Ter tantos irmãos mais velhos é legal, sabe? Ele revirou os olhos. — Eu acho que ter irmãos mais velhos é um pé no saco! — Isso é porque Sam e Garrett são malas sem alças, — ela disse com uma risada. — É verdade. Okay, a que horas você definiu que o garoto irá sair do serviço? E eu não vejo um carro então suponho que ele vive perto o suficiente para vir a pé? — Eu não tenho ideia. Ele não preencheu exatamente um requerimento oficial, então eu não sei o endereço. E não, ele não tem um carro e ninguém o deixa aqui ou o busca. Não sei quão longe ele mora, mas definitivamente ele vai para casa caminhando. — Pode ser difícil segui-lo sem ele saber, se ele estiver a pé, — disse Donovan em dúvida. Rusty fez uma careta.
  • 16. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 16 — Sim, ele olha os arredores. É por isso que eu sei que ele está assustado e em algum tipo de problema. Quero dizer, a maioria das crianças anda distraída. Especialmente em uma cidade pequena como esta. Andam como se não tivessem nenhuma preocupação no mundo. Esse garoto? Ele anda como se esperasse que alguém saltasse em cima dele a cada esquina. Ele é muito cauteloso. Constantemente olhando ao redor. — Você está observando este garoto bem de perto. Ela assentiu com a cabeça. — Sim. Eu venho tentando descobrir como me aproximar dele. Tenho pensado muito sobre como fazer isso. Gostaria apenas de pedir-lhe para ser honesto comigo, mas isso iria assustá-lo. Eu sei como é, já passei por isso. Se alguém tivesse me abordado assim, eu teria ido embora em um segundo. Eu não confiava em ninguém e imagino que ele também não confie. — Eu sei que você teve uma vida difícil, — Donovan disse suavemente. — É muito impressionante que você esteja querendo ajudar este menino. Suas bochechas ficaram rosa, mas os olhos brilhavam de felicidade pelo elogio. — Eu preciso voltar para que ele não fique impaciente. Se você pudesse ficar por aqui, eu planejo deixá-lo trabalhar por mais meia hora. Vou pagá-lo em dinheiro e intencionalmente entregarei vinte dólares a menos. Ele não vai dizer nada. Eu sei muito bem disso. Ele aceitará o que eu der e será grato. Mas isso vai nos dar uma desculpa para segui-lo até sua casa. Eu poderei dizer que o paguei a menos por engano e nós poderemos verificar suas condições de vida. Donovan deu um sorriso triste. — Você tem uma mente rápida, garota. Eu juro que poderia assumir a direção da KGI e, provavelmente, dominar o mundo um dia. Ela sorriu descaradamente. — Eu não recusaria um trabalho de nerd da tecnologia com vocês. Então eu poderia brincar com o Hoss. Donovan fez uma careta. — O Hoss é meu. Ninguém toca nele, exceto eu. Além disso, não vou deixar você em nenhum lugar perto dos nossos computadores. Você os invadiria em trinta segundos. — Eu não posso fazer nada se as minhas habilidades de tecnologia são superiores às suas, — ela disse com altivez. — Oh, meu Deus! — ele murmurou. — Que ego infernal você tem! Eu sou o nerd da família Kelly, muito obrigado. Um nerd tão gostoso e inteligente que as mulheres são incapazes de resistir. Rusty caiu na gargalhada. — E você fala sobre o meu ego? Ele sorriu e, em seguida, empurrou-a para a loja de ferragens. — Vá cuidar do garoto. Eu vou estacionar um quarteirão abaixo e verei quando ele sair. Se você vier rapidamente para minha caminhonete, podemos segui-lo e ver o que acontece. — Obrigada, Van. Você é o melhor! — Espero que você lembre-se disso, — ele disse secamente.
  • 17. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 17 Ela correu acenando para ele e Donovan voltou para a caminhonete para movê-la mais para baixo na rua. Não conseguia acreditar que tinha acabado de ser amarrado a esta loucura, mas também sabia que não podia simplesmente olhar para o outro lado e fingir ignorância. Se esse garoto realmente estava com problemas e precisava de ajuda, ele não podia ignorar isso. Odiava pensar em qualquer criança carregando tanta responsabilidade em uma idade tão jovem e, pior, passando fome. Suas instituições de caridade eram focadas em ajudar crianças desfavorecidas, crianças desabrigadas e famintas, e a maior parte de seu apoio financeiro eram destinados a abrigos para mulheres vítimas de abuso. Ele era cofundador de uma instituição que apoiava e ajudava financeiramente as mulheres que saíam de relacionamentos abusivos. Sua família sequer sabia sobre isso. Não que eles se oporiam de alguma forma. Os Kellys como um todo contribuíam muito financeiramente e aceitavam missões que ajudavam mulheres e crianças, sem receber um centavo em troca. Ele só não queria fazer um estardalhaço sobre sua fundação, de modo que a fundou e a estabeleceu com duas mulheres que supervisionavam as operações do dia a dia e o consultavam quando encontravam uma mulher que precisava de mais do que apenas ajuda financeira. Nesses casos, a KGI assumia a missão se fosse para resgatar um menino sequestrado ou para tirar uma mulher de uma situação insalubre. Eles financiavam sua nova vida e davam-lhe a oportunidade de começar de novo em um lugar onde elas se sentiriam seguras. Seus irmãos sabiam de sua fraqueza quando se tratava de aceitar missões que envolviam crianças ou mulheres, e ficavam mais do que felizes em dar assistência em qualquer forma que pudessem. Eles não estavam nem aí para o seu ponto fraco, mas eram tão determinados quanto Donovan em resolver as injustiças contra as vítimas. Inferno, as esposas Kelly eram sobreviventes e muito corajosas. Seus irmãos eram filhos da puta de sorte, assim como os líderes de equipe, Rio e Steele. Todos eles conheceram suas mulheres em situações menos que ideais, mas apaixonaram-se intensa e rapidamente e Donovan invejava a conexão que tinham com as esposas. Ele queria isso. Um dia. Mas não estava com pressa. Aconteceria quando tivesse que acontecer. Mas ele queria sua própria família. Uma esposa. Filhos. Ser parte maior em uma família que fosse só dele. Por enquanto, interpretava o tio coruja para Charlotte, a filha de seu irmão mais velho, e para os gêmeos de Ethan. E agora Rio tinha uma filha de treze anos e Steele era o mais novo orgulhoso papai de uma menina. O mundo estava mudando ao seu redor e ele ainda estava aparentemente parado. A mesma rotina. O mesmo trabalho. Todos os dias. Não podia queixar-se de sua vida amorosa. Ele fazia sexo. Mas não estava à procura de emoções baratas ou transar apenas para colocar as mãos em um traseiro. Ele respeitava as mulheres demais para ter transas sem sentido de uma noite. Como resultado, seus relacionamentos eram poucos e distantes entre si, e ele não saía fodendo com incontáveis mulheres. E estava bem com isso. Quando chegasse o dia em que conheceria a sua mulher, queria ser capaz de dizer-lhe que ele não tinha sido um homem promíscuo. Queria que ela soubesse que ela era especial. Quanto a isso, queria que fosse especial para ele também.
  • 18. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 18 Talvez isso fizesse dele um homem à moda antiga ou puritano. Ele realmente não dava à mínima. Seus pais o criaram para ser respeitoso, não só com os outros, mas acima de tudo consigo mesmo. Se ele não conseguia respeitar a si mesmo, como poderia esperar o respeito dos outros? Quinze minutos depois que desceu a rua, viu o garoto que Rusty contratou saindo da loja de ferragens. Ela não estava errada. Esse garoto checava seus arredores. Na verdade, ele chamava mais atenção para si mesmo, porque estava sendo tão cauteloso. Ele caminhava lentamente, com a cabeça girando de lado a lado e, em seguida, por cima do ombro em uma rotação regular. Ele era um grande garoto. Alto e musculoso, mas magro. Ele tinha a aparência que disse a Donovan que estava provavelmente desnutrido. Seu rosto era magro e a expressão era sombria. Ele pegou velocidade no final do quarteirão enquanto atravessava a rua. Droga. Se Rusty não se apressasse, iriam perdê-lo. Quando ele decidiu decolar atrás do garoto sozinho, Rusty se apressou e correu em direção à caminhonete. Ela deslizou para o banco do passageiro e Donovan recuou. — Você está certa sobre ele ser cauteloso, — Donovan murmurou enquanto desacelerava para manter uma distância discreta atrás do garoto. — Ele é muito óbvio sobre isso, no entanto. Se um policial o vir vão pegá-lo devido ao fato de que parece que ele tem algo a esconder. Rusty assentiu e fez uma careta. — Sim, eu sei. Mas eu dificilmente poderei dizer a ele para agir de forma mais casual, sabe? — Sim. Eu sei. Eles dirigiram-se lentamente por alguns minutos e Donovan praguejou. — Inferno, o quão longe esse garoto caminha para ir e voltar do trabalho? Rusty parecia tão infeliz quanto Donovan. — Eu não sei, mas já caminhou o que, um quilômetro até agora? — Quase dois, — Donovan disse severamente. — Ele está virando na estrada de cascalho à frente, — Rusty disse, inclinando-se no assento. — Espero que ele não tenha nos visto e esteja querendo nos dispensar. — Vamos passar por ele como se estivéssemos seguindo em frente e, em seguida, daremos a volta, — disse Donovan. Ele acelerou e passaram a estrada que o garoto virou. Olharam e viram o garoto andando, de costas para a estrada. Donovan subiu uma rua e, em seguida, fez meia-volta e voltou para a estrada. — Droga! — Rusty disse quando viraram. — Não estou vendo-o agora! Donovan acelerou na estrada, levantando poeira atrás deles. — Olhe! Lá está ele. — Rusty disse, apontando para a direita. Donovan continuou, passando pelo trailer caindo aos pedaços e fez outra volta. Quando parou na calçada, se é que poderia chamar o barranco no quintal de calçada — Rusty ficou tensa, a expressão triste enquanto observava o trailer onde o garoto vivia. Ele estendeu a mão para apertar a dela.
  • 19. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 19 — Isto era eu quando tinha a idade dele, — Rusty sussurrou. — Deus, me deixa doente pensar nele vivendo aqui com duas irmãs. Não é suficientemente grande para uma pessoa, muito menos três. Donovan fez uma careta e acenou em concordância. O pátio estava cheio e necessitando urgentemente de uma limpeza. Mas esse era o menor dos problemas. Havia uma lona azul sobre uma metade do teto do trailer. Faltava cobertura em outros lugares. O rodapé estava faltando. Uma janela estava quebrada e um dos degraus que levava até a porta estava faltando. O trailer sequer parecia habitável. A coisa já deveria ter sido condenada. Ele desligou o motor e, em seguida, olhou para Rusty. — Lembre-se do que eu disse. Você fica atrás de mim até que eu esteja certo de que é seguro. Eu vou bater e ver o que acontece. Quando e somente quando eu disser que está tudo bem, você pode contar a sua história de tê-lo pago a menos. Eu quero entrar para poder avaliar a situação, sozinho. Rusty assentiu. — Vamos antes que eles se assustem com a gente, apenas estacionados, aqui assim. Eles provavelmente estão morrendo de medo, pela forma como o garoto estava agindo. Donovan abriu a porta e saiu. Ele não estava carregando uma arma, o que era incomum. Mas ele não contava com a necessidade de uma hoje. Agora desejava que tivesse mantido uma na caminhonete em todos os momentos. Fez sinal para Rusty ficar atrás dele enquanto cuidadosamente subiam os degraus frágeis. Não havia porta de tela e quando ele bateu, a porta balançou como se apenas pouca força poderia derrubá-la. Inferno, seria brincadeira de criança entrar neste lugar. Esperou vários segundos antes de, finalmente, a porta abrir uma mínima polegada e ele se viu olhando para os olhos dourados mais surpreendentes que já viu. — Posso ajudá-lo? — A mulher perguntou. Ele ficou momentaneamente sem palavras. Rusty mencionou irmãs. Mas esta era uma mulher adulta. Não tão velha. Vinte e poucos anos foi o seu palpite. Mas o que apertou suas vísceras foi que refletido em seus lindos olhos alagados com reflexos de âmbar e ouro havia um medo gritante. Capítulo 4 — Meu nome é Donovan Kelly, senhora — Donovan se apressou a dizer, querendo aliviar o terror nos olhos dela. O medo dela havia colocado nós em seu estômago e tudo o que ele podia fazer para não entrar intempestivamente, assumir o controle para não exigir saber o que diabos a estava assustando tanto. Ele conteve-se por pouco. Mas seu radar estava apitando como um alarme incessante.
  • 20. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 20 Ela estaria em um relacionamento abusivo? Mas não, Rusty disse que o garoto contou que só vivia com suas irmãs. Esta mulher estaria abusando do garoto? Seu estômago deu um nó de novo. Não, não poderia ser isso. O medo nos olhos dela não era de se descoberta — de seu abuso ou dos outros. Havia algo muito mais escuro do que isso, algo que seu olho foi treinado para pegar devido aos muitos anos que ele salvou tantas mulheres de situações horríveis. — O que você quer? — Ela perguntou com uma voz muito suave para ser chamada de contundente. As palavras dela eram vacilantes, como se ela mal estivesse suportando a vontade de virar e fugir. Sua mão agarrou o batente da porta em ruínas até que as pontas e os nós dos dedos estavam esticados e sem uma gota de sangue. Ele engoliu em seco, porque, que diabos ele deveria dizer sobre isso? Que ele queria saber que merda a amedrontava? O que ela estava escondendo? Que ele só queria ajudar? Rusty salvou-o da luta em se decidir, empurrando-se para frente, colocando-se na frente de Donovan — exatamente o que ele disse a ela para não fazer. — Desculpe-nos por vir sem avisar, — Rusty disse, mantendo a voz suave e não ameaçadora. — Mas eu paguei Travis a menos pelo trabalho de hoje. Eu me senti horrível quando percebi isso. Ele trabalhou duro e tem sido uma benção tê-lo na loja. Eu trouxe o dinheiro para ele. Havia uma sugestão de alívio que sombreou brevemente os olhos da jovem antes que apreensão rastejasse para dentro novamente. Quase como se ela tivesse se lembrado de não acreditar nas aparências. Essas lições eram aprendidas da maneira mais difícil, e Donovan estava convencido de que essa era de fato uma mulher que aprendeu dura e rapidamente que o mundo não era um bom lugar. E então Travis apareceu na porta, quase empurrando a mulher para trás dele enquanto enfrentava Rusty e Donovan. Ele enviou a Donovan um olhar desconfiado, mas logo mudou seu foco para Rusty, como se quisesse se apressar e acabar com a coisa toda para que ele e sua irmã pudessem recuar para trás das portas fechadas. Mas Rusty não seria colocada de lado. Donovan teve que dar o braço a torcer. Ela era feroz quando colocava alguma coisa na cabeça. — Podemos entrar? — Rusty perguntou. — Não vai demorar mais que um minuto. Além do dinheiro que lhe devo, percebi que não tinha discutido seu horário de trabalho além deste fim de semana, e eu gostaria que você trabalhasse algumas horas todos os dias, se estiver interessado. Se pudéssemos entrar e conversar alguns minutos, então poderíamos resolver tudo e pararíamos de incomodá-los. Ela sorriu quando disse isso, quase enganando Donovan com a inocência de seu pedido. Travis entrou em pânico, com um olhar de cervo em frente aos faróis enquanto olhava por cima do ombro e depois voltava o olhar para Rusty e, finalmente, enfrentando Donovan cautelosamente. Rusty deu um passo para frente, mesmo que o garoto estivesse, obviamente, torturado pela indecisão, como se ela estivesse confiante de que o seu pedido normal, seria atendido. Ela já estava entrando antes que Donovan pudesse agarrá-la. Droga, eles não tinham ideia do que havia
  • 21. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 21 dentro daquela casa ou porque os ocupantes estavam com tanto medo. Ele não queria que Rusty — ou ele — fossem apanhados no meio de uma situação perigosa. Travis deu um passo atrás e enviou um olhar de desculpas para o interior. Para a irmã? Alguém mais? Mas Donovan não lhe deu a chance de mudar de ideia. Ele seguiu em frente, mantendo-se nos calcanhares de Rusty, caso precisasse empurrá-la para baixo rapidamente e cobri-la. A primeira coisa que ele viu foi uma criança muito jovem — uma menina — amontoada em um sofá esfarrapado e cheio de buracos, uma caixa de viagem da lanchonete da rua da loja de ferragens pousada no colo. Sua boca estava manchada de ketchup e maionese e as mãos cheias do hambúrguer que Travis deve ter levado para casa. Aquele que Rusty comprou para ele e disse a Donovan que Travis não queria que ela soubesse que ele não comeu. Agora ambos sabiam por quê. Ele trouxe para casa, para sua irmã, apenas um bebê, porque ela estava provavelmente morrendo de fome. Donovan foi tomado pela raiva quando seu olhar varreu a sala, se é que poderia chamá-la assim. Eles estavam vivendo na miséria absoluta. Não que o interior estivesse bagunçado ou mal cuidado, como se fossem vagabundos que descartavam lixo ou comida no chão. Na verdade, o que havia era limpo e bem ordenado. Mas a condição do trailer era deplorável. Em pelo menos quatro lugares no chão, onde ele podia ver, havia tigelas de plástico, presumivelmente para pegar vazamentos no teto caindo aos pedaços. Tinha chovido duas noites antes. Ele se encolheu ao imaginá-los vivendo aqui. Sem proteção contra os elementos. Foi então que também percebeu como o interior era quente. Quente, abafado. Sem ar- condicionado. As janelas, tal como eram, as que não estavam quebradas, estavam escancaradas para permitir que o ar flutuasse para dentro. Levou cada grama de controle e treinamento para manter sua expressão impassível e não deixar libertar toda a força de sua reação ao que era jogado em seu rosto. — Existe um problema...? — A irmã mais velha começou, a voz suave, mas misturada com medo e hesitação. No minuto em que Rusty tinha invadido a casa, Donovan atrás dela, a irmã mais velha de Travis imediatamente foi para o sofá, colocando-se entre a menina, — ela não poderia ter mais do que três ou quatro anos — e Rusty e Donovan. Embora tentasse parecer calma e equilibrada, era óbvio que ela estava preparada para lutar ou fugir a qualquer momento. Como se tivesse muita experiência em... Ambos. — Não há nenhum problema, — Rusty disse alegremente. — Como eu disse a Travis, eu queria entregar o dinheiro que acidentalmente paguei errado pelas horas que ele trabalhou hoje, mas também queria verificar com ele para que pudéssemos organizar os horários para ele trabalhar na próxima semana. Quer dizer, se ele estiver disposto. Travis e sua irmã trocaram olhares rápidos e preocupados. Donovan pigarreou, determinado a adicionar seus próprios comentários. — Talvez fosse melhor se você se apresentasse — e a mim também — para que ela saiba para quem seu irmão está trabalhando, — Donovan sugeriu enfaticamente.
  • 22. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 22 A mão de Rusty se levantou. — Oh, é claro. Que rude de minha parte! — Ela caminhou até onde a irmã de Travis estava sentada e estendeu a mão. — Eu sou Rusty Kelly. A mulher timidamente pegou a mão de Rusty, mas permaneceu em silêncio. O olhar de Donovan se estreitou. Rusty virou na direção de Donovan. — Esse é o meu irmão mais velho, Donovan Kelly. Bem, um deles, — ela acrescentou com um sorriso. — Há muitos de nós Kellys! Seis irmãos mais velhos, se você pode acreditar. Para não mencionar todos os outros membros da família não oficiais que Mamãe Kelly adotou ao longo dos anos. Donovan não culpava o olhar de absoluto espanto da mulher. Ele balançou a cabeça pela exuberância de Rusty. Ela estava exagerando um pouco no esforço de vamos ser legais e amigáveis. E isso não estava funcionando para relaxar nenhum dos ocupantes da sala. Na verdade, eles pareciam ainda menos à vontade. A garotinha agarrou a mão de sua irmã mais velha e se escondeu mais firmemente atrás dela, os olhos arregalados enquanto limpava a boca com as costas da outra mão. — Quem são eles, Evie? — Ela sussurrou. — O que eles querem? Evie. Bem, pelo menos eles estavam chegando a algum lugar. Donovan deu um passo adiante, arriscando que — Evie — virasse as costas e fugisse, a criança transportada por cima do ombro. Ele estendeu a mão, mas não tão energicamente quanto Rusty. Simplesmente manteve-a no ar esperando que ela a tomasse. Se é que ela o faria. — Fico feliz em conhecê-la, Evie, — disse ele gentilmente. Depois de um longo momento, ela deslizou os dedos finos sobre a palma da mão dele e uma sensação elétrica serpenteou por seu braço e ombro. Seu toque era um choque que ele não esperava. Nem ela, a julgar pela forma como rapidamente puxou a mão para trás, olhando para ele com ainda mais confusão nublando aqueles olhos cor de âmbar líquido. A mulher era bonita. Assustada. Assombrada. Sombras penduradas nela como molduras. Mas ela era impressionante. Era muito magra. Era óbvio que eles estavam lutando para sobreviver, e ainda assim a sua fragilidade apenas a deixava mais bonita. Ele estava hipnotizado por aqueles olhos. Poderia simplesmente ficar lá e olhar para eles, escolhendo todas as diferentes manchas de ouro e castanho. — É Eve, — ela disse com a voz rouca. — Meu nome é esse. Cammie e Trav me chamam de Evie. É o apelido carinhoso que me deram. Donovan se ajoelhou no tapete esfarrapado em frente ao sofá e sorriu calorosamente para a criança. — Você deve ser Cammie. Bonito nome para uma mocinha muito bonita. Ela parecia confusa e amontoou-se mais ferozmente nas costas de Evie. Eve estendeu a mão por cima do ombro para pegar a de Cammie que tinha rastejado em direção ao pescoço de Eve. — Está tudo bem Cammie, — ela sussurrou. — Ele não vai te machucar.
  • 23. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 23 Mesmo quando ela emitiu a promessa, virou-se apressadamente, olhando suplicante para os olhos de Donovan como se implorando para não torná-la uma mentirosa. Porra, mas o deixava doente que essas duas mulheres e seu irmão tivessem sido condicionados a esperar a maldade dos outros. E não apenas dos outros, mas principalmente dos homens. Cammie estava nervosa, sim, quando Rusty se moveu na direção dela. Mas quando Donovan a abordou, a criança havia entrado em pânico, subiu e se escondeu nas costas da irmã. Ele queria exigir saber o que diabos as feriu, quem lhes ensinou a sentir a dor e o medo e de quem diabos estavam fugindo. Então queria desmontar o filho da puta com as próprias mãos, e a próxima coisa que queria era garantir que nada jamais iria prejudicar esta família tão humilde novamente. Que loucura era essa? Cinco minutos em sua presença, e ele estava pronto para correr para eles, assumir suas vidas e fazer-lhes promessas que ele não tinha direito de fazer. E nenhuma garantia de que poderia até mesmo cumpri-las uma vez que não tinha a menor ideia do que estavam enfrentando. — Não, querida, — Donovan disse gentilmente, utilizando concentração absoluta para não ceder à fúria fomentando dentro dele. — Eu nunca vou te machucar. Nunca. Você pode ter certeza disso. Eu gostaria de ajudá-la. E a seu irmão e irmã. Gostaria de ser amigo de vocês. Os olhos de Cammie e Eve se arregalaram. Cammie parecia incerta, enquanto Eve congelou. Nem um único tremor passou por seu corpo. Era como se ela tivesse se transformado em gelo. Podia senti-la olhando para ele, perfurando buracos através dele como se tentando descobrir quem e o que ele era. Se era uma ameaça. Se estava dizendo a verdade. Porra, ele nunca se sentiu tão impotente em sua vida. Ele era um homem de ação. Ele não era de perder tempo nem de brincadeiras. Nunca hesitou quando se tratava de alguém que precisa de ajuda. E ainda assim sabia que não podia fazer isso aqui. Esta era uma situação delicada com a qual teria que lidar como se caminhasse por um campo minado que poderia explodir na cara dele a qualquer momento. — Não tenho nenhum amigo, — Cammie murmurou. — Evie diz que não é seguro. — Cammie, shhh, — disse Eve, virando-se rapidamente para calar a criança. Voltou-se para Donovan, um sorriso fraco vacilando em seu rosto. — Cammie tem uma imaginação muito ativa. A maioria das crianças de quatro anos tem, você sabe. Ela tinha quase a mesma idade de sua sobrinha, Charlotte. Charlotte, que foi cercada por uma enorme família amorosa. Charlotte, que nunca teve que se preocupar de onde viria sua próxima refeição. Ou se teria uma refeição. Charlotte, que tinha tios e tias amorosos. Avós para mimá-la. E toda uma organização de agentes militares fodões que começariam uma maldita guerra para protegê-la. Esta criança era a antítese completa de sua sobrinha e da vida dela e isso partiu o coração de Donovan. Rusty limpou a garganta e inseriu-se na conversa para aliviar o súbito constrangimento provocado pela confissão de Cammie.
  • 24. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 24 — Como eu ia dizendo, Travis e Eve, eu posso empregar Travis por algumas horas todos os dias da semana, e é claro que ele é bem-vindo no próximo fim de semana também. Estou absolutamente flexível, de modo que o que funcionar para você estará bom para mim. Desconforto atravessou o rosto de Eve, e então ela olhou para baixo, vergonha e constrangimento piscando em seus olhos antes de serem escondidos da vista. — Obrigada, — ela disse calmamente. — Mas eu não pretendo que ele trabalhe por muito tempo. Só até Cammie ficar melhor e eu puder deixá-la. Eu não sei se as coisas vão funcionar aqui, então odiaria que você dependesse de Travis quando planejamos que ele tenha um emprego temporário. — E por que não funcionariam? — Donovan perguntou com cuidado. Seus olhos tornaram-se blindados, a mancha dourada escurecendo enquanto sua expressão tornava-se indecifrável. Ela encolheu os ombros descuidadamente. — Não há garantias. Nunca. Pode ou não pode funcionar que fiquemos aqui. Tenho que me preparar para a realidade. — E se isso não funcionar? — Donovan desafiou. — E então? — Nós seguiremos em frente, — ela disse simplesmente. Ela disse com tanta naturalidade que Donovan sabia que isso não era novidade para eles. Não tinha ideia de quanto tempo eles estavam fugindo nem o quanto estavam longe. Mas se mudarem em curto prazo, e muitas vezes, não era nem um pouco estranho para eles. Ele pensou em toda uma série de coisas malucas. Coisas que fariam seus irmãos pensarem que ele tinha perdido sua maldita cabeça. Talvez ele tivesse. Precisava ir com calma. Dar um passo atrás, respirar fundo e ganhar alguma perspectiva antes que fizesse algo realmente louco como arrastar cada um deles para fora deste depósito de lixo e mudá-los para sua casa, muito vazia e nova em folha, que acabou de construir poucas semanas antes. Era uma casa construída com uma grande família em mente. A família que ele sabia que um dia iria querer que fosse sua. Embora não tivesse planos imediatos. Nenhuma mulher específica em mente. Ninguém à espera. Ninguém que ao menos considerasse. Ele não permitiu que ninguém chegasse tão perto. Mas isso não quer dizer que ele não sabia o que queria. Algum dia. Ele sempre soube. Uma esposa. Crianças. Uma casa cheia de crianças. Barulhentas, indisciplinadas. Muito parecidas com sua própria educação em uma casa cheia de irmãos, dois mais velhos e três mais jovens. Ele queria essa vida para si mesmo. Queria levar sua infância para a vida adulta. Proporcionar o lar estável, aconchegante e amoroso para seus próprios filhos, que Frank e Marlene Kelly proporcionaram para ele e seus irmãos. Ele não queria nada mais do que voltar para casa, para sua própria esposa depois de ficar afastado em uma missão. Ser bem recebido de volta, com um sorriso doce e amoroso. Ser cercado por seus filhos. Seus filhos. Uma parte de si mesmo. Seu sangue. Mas, por enquanto a casa estava vazia. Um símbolo de suas esperanças para o futuro. Separada das outras casas onde seus irmãos viviam no complexo Kelly, cercados por um forte esquema de segurança. A realidade de suas vidas e as escolhas da carreira que fizeram.
  • 25. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 25 Vazia, exceto pelo essencial. Ele sempre soube que, quando ele se estabelecesse, queria que sua mulher a decorasse. Colocasse seu selo feminino sobre o mobiliário, a decoração das paredes. Ele ansiava pelas bugigangas femininas com babados e brigar para usar a pia do banheiro e discutir sobre deixar a tampa do vaso abaixada. Todas as coisas que seus irmãos reclamavam bem-humorados, eram as coisas pelas quais Donovan ansiava. Oh, não que qualquer um de seus irmãos verdadeiramente reclamasse de suas esposas. Eles estavam completamente felizes e satisfeitos, completamente apaixonados. Estavam completamente derrotados. Acabados. Eles encontraram suas outras metades. As mulheres que os completavam. Ele os invejava com cada respiração em seu corpo, assim como ignorava as provocações sobre ele e Joe serem os únicos que não foram fisgados ainda. Ele aperfeiçoou a atitude descontraída e relaxada e não se metia na vida dos outros. Para todos os outros, ele estava contente com sua vida. Não tentando ativamente mudar isso. Mas seu estômago apertava cada vez que via os irmãos com suas esposas. Com os filhos. Com suas cunhadas, sua sobrinha e sobrinhos. Um dia... Um dia, ele não parava de dizer. Tudo isso seria dele. Exatamente o que seus irmãos tinham. Mas aquele dia não havia chegado e os anos foram passando. Desvanecendo um no outro. As crianças crescendo. Mais crianças a caminho. Sua família foi crescendo ao redor dele aos trancos e barrancos, e ele continuava imutável, o único inalterado. Cristo, ele estava bem em seus trinta anos. Sam tinha quarenta! Donovan não estava tão para trás! Balançou a cabeça, forçando seus pensamentos de volta ao presente. Para a gravidade extrema da situação diante dele. Porque ele tinha que fazer alguma coisa. Não havia nenhuma maneira no inferno que ele ficaria de lado e permitiria que isto continuasse sem solução. Mais uma vez, Rusty os salvou do silêncio constrangedor que havia caído sobre a sala minúscula. — Bem, ele é bem-vindo para o trabalho, desde que ele queira. Ele é uma boa ajuda, e isso é difícil de encontrar, — Rusty disse com entusiasmo. Mas enquanto ela disse as palavras, cautela e reserva fixaram-se nos olhos de Eve em um escudo impenetrável. Ela já estava se retirando, recuando como se quisesse que Rusty e Donovan fossem embora neste exato minuto. Rusty continuou implacavelmente, como se não tomasse conhecimento da recusa silenciosa de Eve ou do aperto dos lábios de Travis. — Apenas se prepare para vir amanhã como de costume. Combinaremos o resto depois, — Rusty disse. — E se houver alguma coisa que possamos fazer para ajudar, por favor, nos avise. Teríamos o maior prazer em fazer o que quer que vocês precisem. Havia calor na voz de Rusty, e Donovan teve que reconhecer. Seu aparente esquecimento para a tensão no ambiente e o calor em sua voz relaxou Travis e até mesmo Eve. Até certo ponto. Donovan duvidou que a mulher alguma vez abaixasse totalmente a guarda. Era evidente que ela tinha muito prática em aperfeiçoar esse escudo. O que só o fez mais determinado a rompê-lo.
  • 26. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 26 Ele queria saber seus segredos. O que a deixou com medo. E também queria saber... Dela. Em um nível mais íntimo. Isso o chocou pra caramba. Quase balançou para trás em seus calcanhares sobre essa revelação. Mulheres em perigo não era novidade para Donovan. Nunca houve nenhuma cujas circunstâncias não o tivessem enfurecido. Ele sentiu empatia para com todas e por cada vítima que a KGI havia resgatado ou ajudou de alguma forma. Mas ele nunca tinha sentido... Isso. O que quer que esse inferno fosse. Suas emoções sempre estiveram envolvidas. Seus irmãos também sabiam disso. Eles sabiam que as mulheres e as crianças eram sua criptonita. Nenhum segredo aí. Mas isso? Era algo totalmente diferente que não tinha nada a ver com Eve ser uma mulher em fuga. Era algo mais profundo e de repente ele sabia que estava em alguma merda. Porque esta não era uma mulher que ele poderia simplesmente convidar para sair. Ter uma boa conversa, boa comida, talvez um beijo de boa noite com a esperança de um segundo encontro e talvez mais no departamento de beijos. Não era uma mulher a ser lentamente cortejada até o momento em que a levasse para a cama e fizesse amor com ela a noite toda e acordasse na manhã seguinte sabendo que ele tinha algo especial em seus braços. Foda! Não havia outra palavra que descrevesse mais adequadamente toda essa situação. A situação estava fodida e ele também. — Eu não gostaria de impor, — Eve disse com uma voz rouca que enviou um arrepio na espinha de Donovan. — Agradeço sua oferta. Você foi muito gentil com Travis, com todos nós. Mas temos o que precisamos. Ela não tinha dito tudo o que precisamos. Havia uma enorme diferença entre ter o que ela precisava e tudo o que ela precisava. Rusty fez uma careta e Donovan viu a percepção de que não poderiam pressionar mais. Ainda não. Mas Donovan não estava desistindo. Ele estava em uma missão agora, e quando focava em um objetivo, ele nunca recuava. Eve não percebeu isso ainda, mas ela querendo ou não, ele iria ajudar. Ele só tinha que decidir como cuidar disso. Capítulo 5 Eve soltou um enorme suspiro de alívio enquanto observava pela janela Rusty e Donovan se afastarem. Então ela virou-se para Travis, que estava na frente do sofá onde Cammie estava sentada, os olhos embaralhados com a confusão e o medo. Deus, Eve odiava esse medo. A eviscerava que sua irmãzinha em tão tenra idade tivesse aprendido que a própria pessoa na qual ela deveria mais ser capaz de confiar provou ser um monstro. Nenhuma criança deveria conhecer o medo em uma idade tão jovem. Isso fazia Eve ter
  • 27. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 27 vontade de chorar, mas não podia ceder a seu desespero. Pelo menos não na frente de Cammie e Travis. Eles dependiam dela. Eles precisavam dela. Precisavam que ela fosse forte. Que não demonstrasse medo ou incerteza. Se isso a matava, ela engoliria tudo de volta e apresentaria uma fachada corajosa para seus irmãos. — Como eles sabiam onde morávamos? — Eve perguntou suavemente a Travis. Culpa surgiu nos olhos de Travis e ela correu para frente, tocando seu ombro, tendo que ficar nas pontas dos pés para alcançá-lo. Tão alto e forte. Um homem muito antes do tempo. Como Cammie, ele ainda deveria ser uma criança, com a inocência de uma criança e sem o conhecimento que agora tinham como veneno. — Trav, está tudo bem, — ela assegurou. Ele balançou a cabeça. — Não, Evie, não está. Eu não fui cuidadoso o suficiente. Eles devem ter me seguido desde a loja de ferragens. Eu vi uma caminhonete me seguindo, mas não queria chamar atenção ao correr. Eu tinha... Eu esperava que fosse apenas algum morador indo na mesma direção, e quando me virei na nossa rua, parei para olhar para trás, mas eles seguiram em frente. Eles devem ter voltado. Sinto muito. Ela o puxou para um abraço. — Eles parecem agradáveis. Vieram até aqui para lhe pagar o que lhe deviam e para combinar as horas que você poderia ir trabalhar. Tenho certeza que eles não querem nos fazer nenhum mal. A mentira passou facilmente por seus lábios. Sim, eles pareciam bons. Normais. Mas as aparências podem ser enganadoras, como ela bem sabia. Seu padrasto era o retrato do normal e saudável. Rico. Bem conectado. Um filantropo. Envolvido na política local. Nada que sugerisse o que havia por baixo do exterior suave e polido. Isso a deixava doente. — Você quer que eu saia de lá? — Ele perguntou ansiosamente. — Talvez eu devesse tentar em outro lugar. Parecia bom demais para ser verdade. Ela paga em dinheiro. Não fez nenhuma pergunta. Ela foi muito boa e eu baixei a guarda. — Não. Eu acho que seria ainda mais suspeito se de repente você não aparecesse, especialmente por que eles vieram aqui e foram tão bons. Eles se perguntariam por que você saiu. E outro empregador não seria tão complacente. Você teve sorte. A maioria não pagaria por debaixo dos panos. E é apenas temporário. Só mais alguns dias até que Cammie esteja bem o suficiente para ficar com você para que eu possa trabalhar. — Eu não me importo — disse ele ferozmente. — Você fez tanto por nós. Isso é o mínimo que posso fazer. Eu não vou deixar você trabalhar até a morte como você tem feito. Não é justo. Você deveria ter uma vida, Evie. Você é jovem e bonita e agora está sobrecarregada com duas crianças para cuidar quando deveria ter sua própria família. — Vocês são a minha família! — Ela disse ferozmente. — Eu amo você e Cammie. Eu não quero ter nenhuma outra. Eu odeio o que tivemos que fazer. Odeio ter que nos mudar e esconder. Você e Cammie deveriam ter uma infância e não serem forçados a crescer. Você é um
  • 28. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 28 adolescente, Trav. Deveria estar na escola com outros garotos da sua idade. Praticando esportes. Divertindo-se. Isso não é justo! — Evie? O suave sussurro de Cammie fez ela e Travis virarem e Eve se arrependeu instantaneamente de ter essa conversa na frente dela. — Vamos ficar bem, não é? Eve correu para o sofá e sentou-se, puxando Cammie em seus braços e abraçando-a com força. Acariciou seus cachos loiros e deu um beijo em sua doce cabeça. — Claro que vamos, querida. Não quero que você se preocupe. Prometa-me. Cammie se afastou e deu um sorriso hesitante e, em seguida, olhou para Travis. — Vamos estar juntos sempre, não é? Travis sentou-se do outro lado e Cammie passou os braços em torno de ambas, Eve e Cammie. — É isso aí, irmãzinha. Somos uma família. Assim como Evie disse. Nós vamos ficar bem. Ele nunca vai nos encontrar. Ninguém nunca vai nos machucar de novo. O coração de Eve doía pela ternura e determinação na voz de Travis. Ela engoliu o nó de emoção e piscou pela picada repentina de lágrimas. E saboreou a sensação dos irmãos em seus braços. Como se pudesse protegê-los do mundo. Droga, ela faria o que estivesse em seu poder para garantir o bem-estar deles. Tudo o que tivesse que fazer. Não havia limites para o seu amor ou os sacrifícios que faria para mantê-los seguros. Ela virou o rosto em direção a Travis. — Ainda esta semana, okay? Se você puder trabalhar essa semana, então Cammie estará melhor e eu vou encontrar trabalho. Algo durante o dia para que eu não precise ficar fora durante a noite. Podemos jantar juntos. Como uma família. — Estou me sentindo melhor, Evie, — Cammie disse em uma voz solene. Eve acariciou a mão pelo cabelo de Cammie e depois beijou sua testa, deixando os lábios ali por um longo momento. Contra a pele, que ainda estava quente, com febre. — Eu sei que você está, querida. Mas você precisa descansar mais alguns dias. Não há razão para correr agora, não é? Amanhã vou fazer algumas compras de supermercado e pode ter certeza que comprarei um presente especial para você. Os olhos de Cammie se iluminaram. — Um presente? Adoro presentes! Eve sorriu. Que menina não adora? Havia um brechó não muito longe da loja de ferragens onde Travis trabalhou. Iria cedo, antes que Travis fosse para o trabalho, e veria o que conseguiria encontrar. Cammie necessitava de algumas camisetas e shorts. Algo fresquinho, uma vez que não tinham ar condicionado e a temperatura já estava bastante quente, apesar da precocidade do verão. — Isso lhe dará algo pelo qual esperar, — disse Eve, apertando Cammie contra o corpo mais uma vez.
  • 29. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 29 Eles tiveram pouco pelo que esperar nos últimos meses. Às vezes, parecia que estavam fugindo há anos. Que esta era a vida deles, que sempre tiveram. Era difícil para Eve se lembrar como era uma vida normal. Quando ela não tinha o peso do mundo em seus ombros e saboreava o medo a cada respiração. — Estou com sono, Evie, — Cammie murmurou, abafando um bocejo com a mão ainda suja do hambúrguer que tinha devorado. Travis sorriu. — Vamos. Vou levá-la para a cama e colocá-la para dormir. Isso parece bom para você? Em resposta, Cammie se desvencilhou dos braços de Eve e ergueu os dois braços para Travis pegá-la. Ele balançou-a facilmente e levou-a para o único quarto, que Cammie e Eve compartilhavam, com Travis dormindo no sofá. Quando eles deixaram a sala de estar, Eve escondeu o rosto entre as mãos, entregando-se brevemente ao desespero esmagador que pairava sobre ela como uma nuvem de chuva negra. Oh Deus, o que iriam fazer? Não podiam correr para sempre. Não podiam escapar do passado. E não saber quando ou por quanto tempo estava criando um buraco em seu estômago. Ela precisava ficar saudável para Cammie e Travis. Eles dependiam dela. Ela era a única constante em suas vidas que fora transformada completamente de cabeça para baixo. Traição. Amargura a assaltou. Ódio. Ela nunca teria pensado ser capaz de um ódio tão intenso. Mas estava lá. Vivo e insidioso. Ela nunca contemplou cometer um crime. Mas sabia que poderia matar Walt absolutamente sem remorso. Passaria alegremente o resto de sua vida na prisão se isso significasse que Cammie e Travis estariam seguros e teriam uma vida. Mas, por agora eles precisavam dela. Ela não podia deixá-los. Tudo o que tivesse que fazer para garantir o bem-estar deles, ela faria. Mesmo que isso significasse passar o resto de sua vida fugindo e sempre olhando por cima do ombro. Capítulo 6 Donovan levou Rusty de volta para a loja de ferragens para que ela pudesse pegar seu jipe. Quando ela saiu, ele a chamou. — Você está indo para a casa da mamãe? Rusty revirou os olhos. — Claro. Os domingos são os dias do almoço em família na casa da Mamãe Kelly, mas ela fez esse parecer importante. Quero dizer, mais importante do que o habitual. Ela deixou bem claro que todos deveriam estar presentes, sem desculpas permitidas. Donovan riu. — Sim, não há dúvida de que ela tem algo na manga. O que é, ninguém sabe. Vou segui-la e chegaremos juntos. Tenho certeza que todos os outros já estarão lá.
  • 30. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 30 — Vou contar a eles. — Rusty disse suavemente. — Nunca tive a intenção de manter escondido deles. Espero que você saiba disso. — Eu sei, querida. E não se preocupe. Eu te darei cobertura. Calor brilhou em seus olhos e seu sorriso aumentou, tornando suas feições bonitas ainda mais lindas. Ela realmente se transformou em uma bela jovem. Donovan estava orgulhoso dela, e lamentou o fato de que nem ele nem seus irmãos diziam isso a ela o suficiente. Mamãe e papai, no entanto, demonstravam seu orgulho regularmente. — Estou orgulhoso de você, Rusty. Sei que eu não te digo isso tanto quanto deveria. Mas você tem uma boa cabeça em seus ombros. Nunca deixe ninguém dizer o contrário. E mais do que isso, você tem um bom coração. Você vai ser irresistível para a população masculina, o que é uma porcaria, porque isso significa que eu e meus irmãos teremos que chutar muitos traseiros. Rusty riu, mas sua alegria foi transmitida por todo o rosto. — Isso vai ser muito mais chato para mim do que para vocês! Um irmão fodão é suficiente. Mas seis irmãos fodões respirando no pescoço de um pobre homem? Vai ser um milagre se eu conseguir um para ficar e sofrer o escrutínio. Donovan riu. — Como se isso fosse impedi-la. Eu ouço sobre seus namorados. Ela ergueu as sobrancelhas em falso horror. — Que namorados? Donovan bufou. — Você sabe muito bem que Mamãe diverte todos nós com histórias sobre seus encontros. Inferno, estou surpreso que ela não nos pediu para fazer verificações de antecedentes sobre os caras que você sai na faculdade. Rusty revirou os olhos. — Oh, Deus, não plante essa sugestão na cabeça dela. Ela faria totalmente! — Não é uma má ideia. Vale a pena ser cuidadosa, Rusty. Você está a várias horas de distância de sua família. Uma garota em uma grande universidade nunca perde por ser muito cuidadosa, sabe? Rusty inclinou-se, com a mão na porta. — Eu tenho muito cuidado, Van. Eu estive perto de vocês o suficiente para saber que tipo de idiotas habita a terra. Sei que vocês tentam tomar cuidado para não falar demais sobre suas missões, mas já escutei o suficiente para saber o que existe lá fora. Sou cuidadosa e todos vocês já me ensinaram a cuidar de mim. Nathan e Joe tomaram a responsabilidade de me dar aulas de autodefesa. Até Garrett se envolveu e não me largou até que eu consegui derrubá-lo. Fiquei dolorida por uma semana! — Fico feliz em saber que meus irmãos têm um pouco de bom senso em suas cabeças duras, — disse ele com um sorriso. — Agora vamos sair daqui antes de incorrer na ira de Mamãe Kelly. Você sabe como ela pode ser implacável quando se trata de faltar em suas refeições em família. Rusty olhou para o relógio e depois gemeu. — Oh, meu Deus, estamos muito atrasados!
  • 31. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 31 Com isso, ela deu tchau e bateu a porta, em seguida, correu para seu jipe e entrou. Donovan sorriu e se afastou, Rusty colada em seu para-choque. Sim, almoços de família eram os melhores. Mas o atraso não era aceitável no mundo de Marlene Kelly. Ela queria que todos os seus pintinhos presentes, e, bem, seus pintinhos respeitavam as regras dela. Enquanto Donovan dirigia para a casa de seus pais, seu humor esmaeceu quando pensou em Eve e seus irmãos e a miséria em que viviam. Suas mãos apertaram no volante enquanto contemplava o que diabos ele poderia fazer sobre isso. Precisava de mais informações. Até se perguntou se aqueles eram seus nomes reais, e se fossem, eles não estavam fazendo um trabalho muito bom em cobrir seus rastros. E isso o preocupava. Porque se eles estavam fugindo, e era óbvio que era o que estavam fazendo, então, em algum momento, o que quer que eles estivessem fugindo iria apanhá-los. Se isso acontecesse, ele esperava como o inferno que fosse aqui e não depois que eles se mudassem e desaparecessem. Se tudo o que estava perseguindo-os os apanhasse, então ele queria que fosse aqui, onde poderia protegê-los. Ele balançou a cabeça. Não que a raiva sobre qualquer mulher ou criança em tal situação fosse nova para ele ou até mesmo uma surpresa, mas sua reação pessoal a esta mulher — Eve — bem, ele não tinha certeza do que fazer sobre isso. Havia alguma coisa sobre ela. Aqueles olhos. No momento em que ela abriu a porta do trailer em ruínas e ele vislumbrou aqueles belos olhos dourados expressivos foi como levar um soco no estômago. Quanto mais ele a olhava, mais o nó cresceu em seu estômago. Nunca se sentiu tão desamparado em sua vida, e desamparo não era uma emoção que ele confrontava frequentemente. Ele era um cara que assumia o controle das coisas. Ele entrava em ação. Não era um observador passivo de qualquer irregularidade. Especialmente quando envolvia mulheres e crianças. E ainda assim ele teve que jogar com calma. Ficar ali e fingir um leve interesse. Teve que forçar-se a recuar e não pressionar e assustá-la ainda mais. Porque ele sabia. Sabia que se tivesse feito qualquer movimento, ela teria fugido e ele nunca mais a veria. Quanto mais ponderava sobre a situação, mais sabia que tinha de reunir o máximo de informações que podia sobre ela, e teria que ser malditamente discreto sobre isso. E isso o frustrava infinitamente. Não era o que ele estava acostumado. Ele resolvia os problemas. Era quem ele era. Era o que a KGI era. Era o que eles representavam. E agora ele estava indo contra todos os seus instintos profundamente arraigados. Estava indo embora. Fingindo que o que ele viu não importava. O inferno que não importava! Havia um jeito. Sempre havia um jeito. Ele não era o nerd desta organização para nada. Claro, ele tinha músculos, mas também tinha um cérebro. Ele poderia chutar traseiros como qualquer um deles, mas o seu melhor talento era a inteligência e capacidade de resolver problemas. Ele podia fazer mágica com computadores e tecnologia. Mas nada disso iria fazer-lhe
  • 32. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 32 nenhum bem se não pudesse chegar perto o suficiente dela para entendê-la. E esse seria o maior desafio de todos. Como ele e Rusty suspeitaram, foram os últimos do clã Kelly a chegar. O quintal na frente da casa de seus pais parecia um estacionamento de carros usados com todos os veículos espalhados. No momento em que Rusty saiu, Marlene já estava na varanda, um olhar de desespero no rosto. — Vocês estão atrasados! — Ela gritou desnecessariamente. — Eu atrasei o almoço em meia hora esperando que vocês aparecessem. — Eu sei, eu sei, — Rusty disse enquanto corria em direção aos degraus. — Sinto muito. Marlene Kelly olhou para Donovan, que se aproximou em um ritmo mais lento. Ele estava com sua melhor expressão de cachorrinho arrependido, porque era uma expressão que sua mãe não podia resistir. A julgar pelo olhar resignado que ela lhe deu, ela bem sabia que estava sendo manipulada. Ele deu um beijo em sua bochecha depois que subiu os degraus. — Desculpe mamãe. Nós vamos explicar mais tarde. A expressão dela tornou-se imediatamente preocupada e ela olhou rapidamente entre ele e Rusty. — Tem alguma coisa errada? Está tudo bem? — Você se preocupa demais, Mamãe, — Donovan repreendeu. — Está tudo bem. Vamos explicar depois do almoço que você atrasou por meia hora. Não há necessidade de fazer com que todos esperem para comer quando estão provavelmente espumando pela boca para saborear sua comida. Ela o olhou. — Você é tão fala mansa. Sabe como apelar para o meu ego para safar-se do problema. Mas tudo bem. Vamos comer. Isso vai esperar, mas não pense que vou esquecer! Vamos ter essa conversa antes de você sair. Donovan riu. — Claro. Será que eu aguento manter segredo? — Sim! Rusty riu e os três entraram na casa, e Donovan foi imediatamente assaltado pelo cheiro de lar. Conversas distantes. Risos. Risada de uma criança. Chegar a casa nunca mudava. Toda vez que ele entrava na casa de seus pais, imediatamente ficava em paz. Só hoje, ele não estava tão apaziguado como geralmente ficava porque seus pensamentos ainda estavam ocupados por Eve, Travis e Cammie, que não tinham isso. Família. Essa sensação de inabalável lealdade e amor incondicional. Ele teve sorte. Maldita sorte. E isso fez seu peito apertar ao pensar que apenas a alguns quilômetros de distância havia um trailer caindo aos pedaços, cheio de pessoas vulneráveis que estavam desesperadamente necessitadas. E, de fato, sua mãe tinha algo na manga. Algo mais do que a habitual reunião de família aos domingos, quando os horários permitiam e nenhum de seus irmãos estava fora em missões.
  • 33. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 33 Era evidente no sorriso secreto que ela jogou ao seu pai enquanto todos almoçavam em torno da enorme mesa de carvalho onde novos assentos foram adicionados ao longo dos anos à medida que a família havia se expandido para além do seu tamanho original. Agora, com todas as esposas e netos, a mesa era enorme no comprimento, mas sua mãe era determinada que todos fossem capazes de sentarem-se nela. Não havia mesa separada para as crianças. Todo mundo tinha um lugar onde ela poderia olhar e ver todos os seus filhos e netos em um relance. Sua mãe estava bastante eriçada com antecipação, o que significava que ela tinha uma surpresa para todos. Ele só queria saber o que diabos era isso. Excitação estava no ar. Permeou todo o almoço. Seus irmãos e esposas sorriam e a conversa estava animada. Sarah e Garrett estavam colados firmemente um ao outro, Sarah dando ao grande homem um sorriso que provavelmente derreteu Garrett da cabeça aos pés. Sophie estava radiante sentada entre o marido e a filha, Charlotte. Sam a tocava muitas vezes. Apenas uma roçar com a mão. Ou enlaçava o braço em torno das costas de sua cadeira e a puxava para perto enquanto comiam e riam. Joe não parecia afetado pelo amor e intimidade que era tão evidente entre todos os seus irmãos e as mulheres que eles amavam. Mas Donovan tinha inveja. Ele queria isso para si mesmo. Joe era mais jovem do que Donovan e seus irmãos mais velhos. Apesar de Nathan, seu irmão gêmeo, que se casou com Shea, Joe não mostrava sinais de querer fazer o mesmo. Ele estava na casa dos trinta agora. Nathan tinha trinta quando ele e Shea se conheceram de uma forma muito pouco convencional. Donovan balançou a cabeça. Ainda era difícil acreditar que Shea tinha aquelas habilidades extraordinárias. Que ela salvou seu irmão. Mais do que isso, ela tomou a sua tortura e sua dor. As absorveu e tornou suas. Donovan não conseguia entender uma mulher que seria tão generosa com alguém que ela sequer conhecia. Apenas um estranho para o qual ela estendeu a mão ao longo dos milhares de quilômetros que os separavam. Esse vínculo entre eles foi forte e duradouro. Durou até que Nathan a encontrasse. E ainda estava presente. Inquebrável. E ainda assim a família a tratava como tratavam todas as cunhadas e enteadas. Normalmente. Aparentemente alheios ao fato de que ela tinha telepatia e compartilhava um caminho mental tanto com Nathan quanto com Joe. Que eles podiam falar através de suas mentes de uma forma muito mais íntima. Donovan também invejava isso. Desejava compartilhar esse tipo de vínculo com uma mulher que ele amasse e que o amasse também. — Você parece preocupado hoje, cara, — Ethan murmurou ao seu lado. Ethan e Rachel sentaram-se à direita de Donovan, enquanto Rusty tomou o lugar à esquerda. Talvez porque ela queria o seu apoio uma vez que anunciasse para a família o que ela fez. E haveria um inferno de um monte de perguntas. Os gêmeos estavam dormindo em seus berços a apenas alguns metros de distância, de modo que, se despertassem, alguém iria lá instantaneamente. E qualquer um dos membros da
  • 34. Maya Banks KGI 08 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 34 família iria precipitar-se, com a mamadeira pronta para ajudar a alimentá-los. Sua família sempre foi assim. Sempre lá. Oferecendo amor incondicional e apoio inabalável. Donovan balançou a cabeça. — Vamos chegar a isso mais tarde. Mamãe tem algo na manga. Ela está prestes a sair da cadeira. Acho que em breve ela não será capaz de suportar mais um minuto e vamos descobrir por que ela nos reuniu hoje. Ethan sorriu. — Você notou também, hein? — É meio difícil não notar, — Donovan disse secamente. — Ela está se mexendo com impaciência. Só Deus sabe o que ela inventou agora. Acho que todos nós devemos nos preparar para o impacto. Ethan sorriu mesmo enquanto deslizava o braço em torno de Rachel e a puxava para o seu lado. Rachel enviou um sorriso na direção de Donovan, e Donovan ficou maravilhado com a alegria em seus olhos. Olhos que uma vez estiveram escurecidos por sombras permanentes. O conhecimento do passado. Tudo o que ela sofreu. Finalmente. Finalmente, ela deu um passo para a luz. Ela estava feliz. Era amada. Mas acima de tudo, estava inteira novamente. Donovan sorriu para ela, permitindo que todo o amor que sentia por ela enchesse seu coração. Ethan era um sortudo filho da puta por obter a segunda chance que conseguiu. Ele estivera muito perto de perder Rachel, algo que assombraria Ethan e toda a família para sempre. — Você está linda, querida, — ele disse carinhosamente. — É difícil de acreditar que você deu à luz há pouco tempo. Um rubor subiu em seu rosto, mas ela olhou para ele com amor e carinho. — Tem quase um ano! Dá pra acreditar? Juro que os gêmeos estão crescendo aos trancos e barrancos. Eu não consigo acompanhá-los hoje em dia. Mason está fazendo o melhor para alcançar Ian no departamento “aprender a andar”, e que Deus me ajude quando ambos se soltarem. Uma dor se acomodou no peito de Donovan. Sim, o tempo estava voando. As crianças crescendo. Era difícil saborear estes momentos quando eles passavam tão rapidamente. — Você está bem hoje? — Rachel perguntou em voz baixa para que não fosse ouvida pelos outros. Mas, então, o resto da conversa era alto e estridente. Pelo menos três conversas diferentes estavam em curso na mesa enquanto todos gracejavam, riam e brincavam, então era duvidoso que ouvissem o que Rachel dissesse. Donovan sorriu. — Sim, querida. Eu estou bem. Só pensando em uma coisa. Vou falar sobre isso mais tarde. Talvez eu precise de sua ajuda com alguma coisa. Preocupação imediatamente escureceu os olhos de Ethan e Rachel. — Você sabe que tudo o que tem a fazer é pedir — disse Rachel. Ethan assentiu em concordância enquanto ambos olhavam fixamente para Donovan. — Eu sei. E aprecio isso. Não sou eu, então não se preocupe. Vou explicar tudo depois que Mamãe nos disser o que ela tem em mente.