Este artigo discute a indisciplina no contexto escolar e familiar. Argumenta que a indisciplina não deve ser atribuída apenas à família, mas também à relação entre professores e alunos e às regras rígidas da escola. Defende que escola e família devem cooperar e que as regras devem levar em conta os alunos.
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
INDISCIPLINA ESCOLAR NO CONTEXTO FAMILIAR
1. Revista Ciências da Educação
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Maceió, ano I, vol. 02, n. 01, Abr./Jun. 2014
INDISCIPLINA ESCOLAR NO CONTEXTO FAMILIAR
Paulo da Silva Mendes*
paulomendes@ceapcursos.com.br
Resumo
Este trabalho tem a importância de enfatizar a indisciplina no aspecto
conceitual em relação ao longo da historia nas diferentes sociedades e
instituições escolares, cultural e classes sociais. Como também analisar a
indisciplina no contexto familiar dando um reflexo do verdadeiro papel da
escolar e da família Abre discussões sobre o aluno desrespeitador, aluno sem
limite, apresentando faces que estar muito além do contexto familiar tornando -
se o mais complexo desafio do cotidiano docente. Mostra a necessidade de um
trabalho pedagógico pautado na reciprocidade e cooperação de todos os
envolvidos na conduta indisciplinar envolvendo família, aluno e escola.
Palavras – chaves: Escola, Família, Indisciplina.
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Resumen
Este trabajo tiene la importancia de acentuar la indisciplina en el aspecto
conceptual en relación a lo largo de la historia en diferentes sociedades e
instituciones educativas, culturales y sociales de las clases. Así como analizar
la indisciplina en el contexto de la familia dando un reflejo de la verdadera
función de escuela y familias debates abiertos sobre el irrespetuoso estudiante,
sin límite, mostrando caras a ser lejos más allá del contexto familiar
convirtiéndose en el reto más complejo de enseñanza diaria. Muestra la
necesidad de un trabajo pedagógico basado en la reciprocidad y la cooperación
de todos los involucrados en conductas de familia, estudiantes y acto escolar.
Palabras clave: indisciplina familiar, escolar.
*Mestrando em Ciência da Educação, pela UNASUR. Graduado em Biologia.
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1.INTRODUÇÃO
É notório que a indisciplina, independentemente de classes sociais,
tornou-se uma discussão crescente não só dentro das instituições escolares,
mas também dentro de casas, nas ruas, nos ambientes coletivos como praças,
meios de transporte, shoppings, etc.; Uma situação que se torna cada vez mais
complexa, tornando notícia nos meios de comunicação.
Partindo da perspectiva de indisciplina sob a ótica da quebra ou ruptura
de normas estabelecidas em contexto escolar, este trabalho apresenta uma
discussão para além da conduta de ruptura destas regras, refletindo sobre a
própria natureza destas regras quanto a sua constituição e, sobretudo, da
percepção do aluno tido como indisciplinado por diferentes contextos e em
detrimento a diferentes interpretações docentes.
Por fim, este trabalho tenta refletir e questionar as concepções e
hipóteses que muitos docentes apresentam a despeito deste fenômeno.
Apresentando considerações que venham contribuir para a resignificação do
desenvolvimento de metodologias e intervenções na questão da
indisciplinaridade discente.
Na literatura, o conceito de indisciplina é recente e veio surgir somente
na década de 80. A partir de então sua fundamentação foi sendo trabalhada de
diferentes momentos, maneiras e lugares. Ao longo da história se destacou
como objeto de estudo e atenção nas organizações escolares, principalmente
na relação com a autoridade docente e as práticas pedagógicas. Mesmo que
os docentes não saibam lidar com as demandas de alunos indisciplinados, este
desafio ainda é uma constante no sistema escolar (GARCIA, 1999).
Para Carvalho (1996) a disciplina assim como a indisciplina e outras
expressões usuais do cotidiano técnico-pedagógico, tem suas raízes
historicamente constituídas e legitimadas. Portanto, trata-se de um conceito
que foi se construindo ao longo do tempo. Assim, pode-se extrair uma
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compreensão na literatura partindo de pressupostos etimológicos que deram
surgimento e fundamentação a este conceito.
Analisando a definição do termo disciplina, Garcia (1999) realiza uma
leitura etimológica e encontra, primeiramente, “duas matrizes possíveis de
significado”. Uma advinda de discipulus “aluno, discípulo” e interpretada como
“um indivíduo que se apropria de algo que lhe está sendo mostrado e indicado
— daí o sentido de discípulo como aquele que aprende”. Sendo assim, o
discípulo, quando se apropria de algo ensinado, é capaz de mudar de lugar,
mas com um crescimento agregado a si e, dessa forma, é que ele se desloca
para outro patamar. Essa mudança de lugar será direcionada pelo ensino e o
professor ocupará uma posição de destaque, pois é ele quem lidera e guia este
trajeto.
O aluno, como ser passivo, para ser inserido na sociedade precisa
absorver certos conhecimentos e valores a ele impostos. A absorção desses
conhecimentos é comprovada através de avaliações rigorosas e conteudístas,
neste cenário a reprovação faz-se muito necessária caso se julgue abaixo do
nível mensurado. Atribui-se ao sujeito um papel insignificante na elaboração e
aquisição do conhecimento. Ao indivíduo que está "adquirindo" conhecimento
compete memorizar definições, anunciando leis, sínteses e resumos que lhes
são oferecidos no processo de educação formal.
A relação professor-aluno é extremamente verticalizada. Somente o
professor é detentor da metodologia, avaliação e conteúdo. As aulas são
padronizadamente expositivas, os alunos mantêm uma relação distante com os
professores. Há uma nítida negligência ao aspecto social-interativo entre os
estudantes. O espaço da sala de aula não é um espaço de socialização, é
apenas um espaço de relação com os objetos de conhecimento.
Muitas vezes remete-se a questão da indisciplinaridade à constituição familiar
do aluno. Tal prerrogativa sustenta que o aluno das escolas atuais não
obedece às regras institucionais e não há como exercer algum tipo de controle
sobre estes alunos por se tratar de problemas de natureza familiar. Para
Aquino (1998) estes argumentos precisam de reparos e reflexões que
considerem o verdadeiro papel da escola e da família neste contexto.
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Diante de toda esta problemática é comum ouvir dos educadores que a
responsabilidade de más condutas em sala de aula é fruto da educação moral
oferecida pelos pais.
Assim tem-se a indisciplinaridade como sinônimo da permissividade dos
pais. Costuma-se julgar uma suposta desestruturação familiar, o despreparo e
o abandono dos pais como motivos de condutas indisciplinares, afirmando,
portanto, que a família não auxilia no trabalho escolar.
A questão da indisciplina não se constitui, historicamente, uma demanda
pedagógica recente, mas vem se tornando um dos mais complexos desafios no
cotidiano docente. Constantemente responsabiliza-se o aluno e sua estrutura
familiar, sem se refletir na díade aluno-escola, onde as origens da indisciplina
estão mais implicadas. É essencial uma análise deste cenário e uma revisão
dos papéis e corresponsabilidades de seus atores: professores, pais, alunos e
a própria escola.
Percebe-se, neste estudo, a carência de estudos que reflitam a
indisciplina como expressão das relações de poder constituintes das escolas e
o quanto este fenômeno está para além da ruptura de um plano normativo ou
controle exercido sobre a conduta dos alunos.
Seria possível responsabilizar a família dessas crianças, adolescentes e
jovens por suas condutas? Não é possível determinar e generalizar um
“culpado”, embora muitas hipóteses apareçam responsabilizando a
desestruturação familiar.
A indisciplina escolar não embarca somente elementos encontrados fora
da instituição escolar, como sobrevivência precária, problemas sociais, baixa
qualidade de vida e conflitos nas estruturas familiares, mas também aspectos
envolvidos na própria escola, como, principalmente, a relação professor-aluno.
Contribuindo negativamente neste contexto, a escola, numa relação
ditatorial, estabelece e cria regras sem observar e considerar as peculiaridades
de seus alunos. Professores e gestores escolares deveriam abrir um espaço
para ouvir os alunos, considerando seus anseios e conhecimentos, permitindo
uma ampliação e construção de conhecimento e regras produzidas nesta
relação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AQUINO, J. G. A indisciplina e a escola atual. Rev. Fac. Educ., São Paulo, v.
24, n.2, jul. 1998. Disponível em
CARVALHO, J. S. Os sentidos da (in) disciplina: regras e métodos como práticas
sociais. In: AQUINO, Júlio Groppa. (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas
e práticas. 11. ed. São Paulo: Summus, 1996. p. 129-138.
GARCIA, J. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. Revista
Paranaense de Desenvolvimento. Curitiba, n. 95, p. 101-108, 1999.