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17/10/12

  Ansiedade da segunda e terça .. Noites sem dormir direito pensando na peregrinação... a hora não passava, mas
eis que chega 21:30 h. Vamos partir para Socorro.

Malas arrumadas e carregadas, vamos nós, cheio de expectativas e muita ansiedade. Chegando lá, encontramos
mais um grupo de Pedreira que estavam nos esperando para comermos uma bela pizza e jogar conversa fora
assistindo o jogo do timão, pena que ele perdeu.... Energias repostas, hora de arrumar o equipamento da bike e
dormir para acordar cedinho, isto porque já eram 00:30 h.



                                      18/10/12 - Primeiro dia da Romaria.

   04:30 h.... Eis que o “galo” canta de maneira desafinada no corredor do hotel. Hora de levantar... Tudo vai
começar!!! Nervosismo, ansiedade, alegria.... Tudo isso misturado... Meu Pai.... Fiz uma oração antes de sair do
quarto e pedi para que o Pai me mandasse uma mensagem para eu começar essa jornada. Acessando um APP do
celular com mensagens bíblicas a primeira que me surge foi: Eclesiastes 3:1 “ Tudo nesse mundo tem o seu
tempo; cada coisa tem sua ocasião”. Foi de arrepiar. Tudo arrumado, hora de pegar umas frutinhas para levar no
caminho.

   Hora de encontrar o resto da galera na saída do hotel e irmos juntos até a padaria que seria o ponto de
   encontro e partida da romaria. Chegando lá, o movimento ainda estava discreto. Poucas bikes e os
   organizadores estavam dando uma geral na galera, dando informações e as plaquinhas de identificação das
   bikes. Bike ok, mochila abastecida de água, hora de tomar aquele café coletivo.... Era pão, pingado, café, suco
   pra todo lado.... difícil saber de quem era o pedido, mas o que viesse, já era... Rs...

   Tomado o café, surge o jipe de apoio com sua sirene ligada e tocando Ave Maria... Meu primeiro momento de
   emoção forte desses 3 dias... Consegui segurar meu choro...

   Ás 6:30 h, partimos da padaria rumo a uma igreja da cidade onde o padre iria dar sua benção para os romeiros.
   Logo pensei, o padre vai sair da igreja e irá nos abençoar... Surpresa... Ele pediu para que todos entrassem na
   igreja com suas respectivas bicicletas. E lá vamos nós... Entrando na igreja, surge um sentimento muito bom,
   uma sensação muito boa que a tempos não sentia... Me sentia como se alguém estivesse me recepcionando
   com um abraço forte e carinhoso... Não aguentei... Comecei a chorar... Foi um sentimento tão bom, uma
   emoção tão forte, que meu choro me impedia de rezar em voz alta junto com o padre. Bênção recebida,
   reflexão feita, hora de partimos em direção a nosso objetivo.

   Logo de início, já encontramos um belo atoleiro, onde ninguém foi poupado do barro.. Vamos que vamos..
   Rodamos leve mais ou menos 11 km até encontrarmos uma subidinha de 1km aproximadamente. Subida feita,
   pegamos uma descida onde uma pedra “espirrou” do meu pneu em direção ao volantão.. até aí tudo bem,
   mas depois olhei pra baixo e o mesmo tinha virado um “8”. Logo depois, foi feita uma pequena parada para
   reagrupar a turma, e conversei com o “carcaça” que era mecânico da romaria. Em 5 minutos, o cara fez um
   serviço de responsa e deu um jeito no volantão. Show de bola. Pedalamos 23 km, com algumas subidas mais
   pesadas e paramos um bom tempo para descansar e esperar dar a hora do almoço. Nessa paradinha, foi
   servido um tira gosto pela equipe de apoio. Alguns petiscos ricos em proteína e muito lipídio... Se é que me
   entendem...
Descanso feito, hora de voltar a pedalar mais 16 km até o pesqueiro onde iríamos almoçar. Pegamos logo de
cara uma subidinha de 2 km. Após algumas subidas, retas e descidas chegamos ao pesqueiro. De cardápio,
tínhamos um belo porco uruguaio com uma comida caseira muito boa. Alimentados, tentamos descansar um
pouco, mas..... A empolgação de alguém não deixava isso.... Rs... Voltamos a pedalar num trecho tranquilo por
5 km, até pegarmos 4 km de subida. Depois disso iríamos descer 4,5 km. Fácil NE? Enganou-se... Uma descida
com muita pedra solta e mais buracos. Antebraços e mãos moídos depois disso. Ainda bem que havia uma
área de escape depois de uma curva fechada... Senão... Já viu... Paramos um pouco para reagrupar toda galera
e partimos para pedalar mais 6 km até o hotel em Extrema – MG. Chegando ao hotel, avistei uma capelinha
com Nossa Senhora e mais outra santa que desconheço o nome. Agradeci a proteção feita durante esse dia.
Hora de hidratação e banho na bike. Depois chegou a hora de tomar banho, jantar um belo rodízio e descansar
para a próxima etapa.

Resumo: Quilometragem rodada aproximadamente: 57,87 km.

Altitude: Saímos de 780 metros em relação ao nível do mar, pico de 1400 metros e terminamos nos mesmos
780 metros.



                                   19/10/12 - Segundo dia da Romaria.

4:00 da matina, o galo canta no quarto... Hora de nos levantarmos, arrumarmos as malas e borá partir para o
café rapidamente, pois a previsão de saída do hotel era as 5:30 da matina. Tomamos “aquele” café da manhã,
colocamos a mala no caminhão e esperamos a partida da romaria. Antes de partir, dei uma paradinha na
capela do hotel e primeiramente agradeci o ótimo descanso e pedi para todos um belo pedal, pois o dia seria
longo, aliás bem longo..

Saímos de Extrema MG 5:55... Começamos num ritmo tranquilo, pois teríamos 122 km pela frente...

Pedalando e pensando na vida, ficava me perguntando o que viria pela frente.. Logo depois, foram surgindo
uns trechos com retas, subidas e descidas... Acho que isso veio para aquecer bem nossas pernas e também o
psicológico. Fizemos algumas pequenas paradas durante o trecho, a fim de agregar todo grupo pois o ritmo
estava bem “misturado”. Aproximadamente no quilômetro 31, deu-se início a um dos trechos mais bonitos do
passeio.. Uma trilha com cerca de 8 km dentro de uma fazenda. Pelo mapa do GPS, essa fazenda ficava entre
Camanducaia e Monte verde. A trilha começou leve, mata aberta de início, só que logo começou a fechar e a
subida a pegar bastante onde muitas vezes tínhamos que empurar a bike devido ao terreno ser bem
acidentado. Saímos de 900 metros de altitude e chegamos a 1250 metros. Valeu muito a pena.. Fizemos uma
parada em uma barraca na beira da rodovia para recuperarmos as energias com mais um churrasco oferecido
pelos jipeiros... Trinta e nove quilômetros a menos para pedalar..

Bora retornar ao pedal, pois o tempo era escasso... A partir desse momento, o corpo começou a dar os
primeiros sintomas de cansaço. Os joelhos começaram com uma dor chatinha, mas não muito intensa. Tirei o
foco deles e mandei bala no pedal. A partir daí, a estrada começou a “falar” o que viria pela frente..... Foram
17 km de estrada de terra, onde havia em sua maioria subidas e trechos planos... Descidas? Você se alegrava
com ela 10 segundos, porque daí em diante mais subida pela frente... Os últimos 6 kilômetros foram bem
pesados, onde saímos de 1280 metros aproximadamente e chegamos a 1450. Chegamos num barzinho no
meio da estrada onde o dono oferecia um pão com picadinho de carne sensacional... Esse pão com um
Gatorade foi sensacional... Dei um tempo para descansar as pernas e logo parti com um grupo para chegarmos
no ponto de encontro para o almoço... Meus joelhos começaram a doer mais ainda.. Mas vamos que vamos...

Fizemos uma pequena descida, e isso me preocupou, pois onde há descida.... Já sabe né? Trechos de muitas
subidas, retas curtas e descidas quase nada... saímos de 1380 metros de altitude e chegamos a 1560 metros.
Logo depois, pegamos mais um momento de trilha, só que esta era menos técnica e sua beleza não deixava a
desejar. Eu já estava extremamente cansado e com dores não só nos joelhos, mas também nas pernas. Eis que
avisto uma bela cachoeira e uma parte do grupo parado ao lado dela fotografando. Parei a bike e uma galera
foi pulando a cerca para ir mais perto. Fui no embalo. Perto da queda, havia um buraco onde a água ficava
represada e formava uma espécie de ofuro natural com a água na temperatura “bem agradável”. Descemos
em um grupo de 7 pessoas aproximadamente. Todo mundo começou a tirar os equipamentos e a entrar na
água. Achei que aquilo era loucura. Gritaram pra mim : “Entra Igor... Você vai ficar Renovado..” Parei e
pensei... Esse é um momento único e maravilhoso de aproveitar uma maravilha que Deus nos deu e que não
sei quando terei isso novamente. Resolvi experimentar a sensação. Entrei devagar, primeiro os pés, depois a
panturrilha, coxa... a água era extremamente gelada... Até o povo falar, no 3 você entra... 1..... 2 eeeee 3....
ENTREI..... Cara, era uma água tão fria que doía os ossos.... Mas valeu a pena, renovou o corpo e
principalmente a alma... Apreciamos mais um pouco e logo voltamos ao pedal... Foi sensacional pois o meu
cansaço diminuiu muito e meu pedal ficou até “mais leve.... Fizemos mais 16 km desse trecho a partir do
último bar. Ufa... hora de descer 9,5 km e desfrutar de um belo almoço no Mario Justo. Chegando lá, um grupo
já tinha almoçado, e estavam de partida para o trecho mais pesado da romaria. A refeição foi aquela bem
caseira, com um tempero sensacional. Mas vamos comer pouco pois o que nos aguardava não era fácil. Depois
da bela sobremesa, hora de descansar as pernas 15 minutos antes de partir.

Saímos as 16 horas do restaurante, pegamos uma subida de 3,5 km de cara, mas depois alegria.. Um trecho de
descida com aproximadamente 9 km. Visual e adrenalina a mil nesse trecho. Terminada a descida, pegamos
um trecho plano onde a chuva começou a cair bem de leve. Colocamos a capa e depois de algumas pedaladas,
chegamos a Sapucaí Mirim – MG. Paramos em um bar que fica bem próximo a entrada da temida serra de
Campos. Encontramos mais um grupo da romaria. Tomamos um energético para nos ajudar nessa “pequena”
subida.. Fiz uma mistura muito boa de Energético com Gel de Carbo. Me levantou o astral e a energia, mas
meus joelhos estavam quase travando. Mas foco, força e fé que tudo dá certo. Saímos em um grupo de 5
pessoas para esse desafio. Começamos bem, pedalando na boa e tranquilo, mas 3 km depois, a chuva apertou,
a noite chegou, e não se via um palmo a frente. Descemos da bike, pois os buracos, e pedras soltas, deixavam
a pedalada arriscada. Essa subida foi marcada pela parceria em estarmos sempre juntos e puxando um ao
outro, não deixando que ninguém parasse pelo caminho. O cansaço, as dores, o frio, a chuva, a escuridão e o
tamanho da subida, eram fatores que faziam a gente pensar em desistir... Mas fomos brasileiros e não
desistimos nunca... 13 km depois do bar, a subida acaba.. Saímos de 800 metros de altitude e chegamos a
1680 metros. O vento começa a soprar mais forte, o frio, as dores nos joelhos e a glicemia baixa tomavam
conta de mim. Comi uma banana e vamos rumo ao hotel. Tínhamos aproximadamente mais 6 km para
chegarmos ao hotel. Nada de subida, só de descida. Mas vou te falar, esse foi o trecho mais difícil, pois o frio
tomava conta do corpo, não sentia minhas mãos... Quando sentia, era um choque que tomava meu braço
esquerdo inteiro. Joelhos? Que joelhos? Glúteos? Hã? Sentia que só meu espírito estava presente pois meu
corpo não existia mais. Mas enfim, 125 km ou 15 horas depois de Extrema - MG, chegamos ao hotel em
Campos do Jordão – SP. Um grupo já tinha chego a um tempo.. Fizeram festa para nós... Foi sensacional...
Fiquei muito emocionado, mas não sabia o que eu sentia mais... frio, cansaço, dor ou emoção? Eu queria era
um banho quente, roupa limpa e jantar... Foi isso que fiz... e foi um belo jantar... Etapa tão dura que alguns
romeiros não conseguiram terminar a etapa em cima da bike.. Que dia.....
Depois de jantar, no quarto com os companheiros que eram 5 pessoas, ficamos conversando sobre o trajeto e
as perspectivas para o próximo dia.... Todo mundo pro berço pois 5 da matina o dia ia se iniciar.

Resumo: Quilometragem rodada aproximadamente: 122,35 km.

Altitude: Saímos de 780 metros em relação ao nível do mar, pico de 1690 metros e terminamos em 1600
metros.




                                   20/10/12 - Terceiro dia da Romaria.



Cinco da matina. Despertador toca e vamos tirar o corpo da cama para aprontarmos as coisas e partimos para
a reta final de nossa aventura. Tomamos um café da manhã espetacular e fomos carregar o caminhão com
nossas malas novamente. Na saída do hotel, a recepcionista nos entregou um laço rosa que colocamos na
camisa. Era um laço que representava o combate ao câncer. Logo depois fui surpreendido pelo câmera da
romaria me perguntando que música eu queria que fosse adicionada no DVD. Fui pego de supetão e errei o
nome da música duas vezes, mas pelo menos a banda é a mesma.. Quem me conhece sabe qual banda é...
RS... Na saída, fizemos uma oração todos juntos para agradecer e pedir proteção para esse último dia. Foi um
momento de muita emoção. Saímos do hotel e força nas pernas...

Pedalamos pela rua mais agitada de Campos, a Capivari e partimos em direção ao horto florestal. Alternamos
trechos curtos entre retas, subidas e descidas até os 14 km. Logo depois começou mais uma bela subida de 2,5
km. De 1550 metros de altitude subimos para 1800 m. Chegamos em um mirante muito belo. Hora de tirar
algumas fotos, admirar mis um pouco a bela natureza que temos e avistarmos lá no fundo a estrada que
passamos. Dava pra ver a Pedra Baú... E nós passamos do lado dela... Partimos para o pedal novamente, e
subimos até 2000 metros de altitude. Eis que paramos mais um pouco e me entregaram Nossa Senhora para
rodar com Ela no próximo trecho. Foi uma sensação maravilhosa em estar com a responsabilidade de levá-la
comigo. Bora partir pra descida das pedrinhas. Muito conhecida e muito temida. Dizem que todo santo ajuda
na descida. Mas... Vamos fazer o trecho de descida mais forte da minha vida... 20 quilômetros ... Isso mesmo,
20 quilômetors de descida pesada, com muitas pedras soltas e muitos buracos.. Desci na maciota, pois não
conhecia o caminho e estava com a reponsabilidade da Santa. Tive que fazer umas duas paradas no meio do
caminho em decorrência das dores nos braços e mãos e minha hérnia cervical estavam falando oi para mim.
Fizemos uma parada mais prolongada em um mirante. Que visão. Coisa linda. Lá pude refletir o quão somos
insignificantes perto de toda a grandiosidade que Deus nos deu. Tiramos algumas fotos e fomos novamente
para a descida. Pedra pra um lado, pedra pro outro eis que chega uma descida com asfalto. Me senti em um
dos Pirineus franceces.. Curvas fechadas e de cima você avistava aquele monte curva e estrada morro abaixo.
Sensacional. Fizemos um trecho de reta até chegarmos a uma venda para podermos descansar e reabastecer
as energias. Tomamos um sorvete e que sorvete gigante e mais um hidroeletrolítico por míseros 5 reais.... E lá
vamos nós... Partir para Potim que seria a última parada antes da Basílica. Comecei o pedal bem de leve,
apreciando a paisagem. Estava com um parceiro até esse momento. Chegou uma hora que eu do nada
comecei a apertar mais o passo sem eu perceber.. Me subiu uma energia tão contagiante que eu comecei a
pedalar como se estivesse numa prova contra relógio. Era um sentimento muito maluco.. era a mistura da
alegria de estar chegando na casa da Mãe, contente em estar terminando uma jornada espetacular, feliz em
ter fortalecido minha fé... Tudo isso misturado me fazia pedalar cada vez mais forte.. Chegando em Potim,
avistei uma parte do nosso grupo que tinha parado para um breve intervalo a fim de se juntar todo mundo
para seguirmos em procissão para a basílica.

Começamos a pedalar e logo depois de 10 minutos,que era aproximadamente 13:15 h, avistamos a Basílica...
Momento de emoção... Sinto isso agora digitando esse texto... imagine na hora... Não tive lágrimas suficiente
para chorar, mas por dentro, eu estava chorando e muito... Senti algo de muito especial... coisa indescritível...
A melhor sensação da minha vida... Ave Maria tocando no carro de apoio e 65 ciclistas em Procissão entrando
na Basílica... eu olhava para os lados e avistava as pessoas nos filmando, nos fotografando... Paramos na frente
para a foto oficial, logo depois disso começamos a nos cumprimentar.... Emoção a mil.... Guardamos as bikes
no caminhão, pegamos nossas bolsas e fomos para o banho e almoço rapidão, pois as 16 h iríamos para a
missa. Entramos na missa e fiquei admirado com o tamanho da construção. Senti uma paz de espírito muito
grande dentro de mim. Fiz minhas orações de agradecimentos e também meus pedidos para Nossa Mãe.

Para finalizar pegamos a van com 13 romeiros de volta para Pedreira. Todos dormiram pelo menos uma hora
de viajem pois o cansaço era muito grande. Chegamos por volta das 22 horas em Pedreira.

Resumo: Quilometragem rodada aproximadamente: 62,43 km.

Altitude: Saímos de 1600 metros em relação ao nível do mar, pico de 2000 metros e terminamos com 565
metros.

Distância total: 243 km.



                                             Considerações finais:

O Convite da Romaria veio no começo desse ano por meio do Naná e Paulo Monti. O Thiago Cau veio no
embalo e me disse, bora? Como recusar uma oportunidade dessas? Um sonho de mais de 10 anos. Sempre
quando passei pela Basílica eu me falava que um dia iria lá, mas iria de bike. E foi o que aconteceu.... O mais
legal de tudo, foi que esse passeio veio em uma hora bem difícil da minha vida. Uma hora onde eu precisava
fortalecer a minha fé. Uma vida desregrada onde meu egoísmo e autosuficiência tomavam conta de mim..
Parecia que eu tinha tudo mas não estava nem aí pra ninguém... Fui vendo o que minha vida tinha se
transformado.. Aos poucos fui vendo o quanto eu estava perdendo com esse comportamento.. Resolvi bater
um papo sério com Deus... Por meio de amigos, comecei a ler alguns trechos da Bíblia e comecei a perceber,
que tudo tem uma razão, tudo têm uma hora certa para acontecer em nossas vidas.. Essa Romaria é exemplo
disso. A cada dia que passava, a cada oração que eu fazia, eu me via cada vez mais fortalecido.. E no meio
dessa jornada, coisas grandiosas aconteceram não só comigo, mas com outras pessoas que estavam na
romaria.. Como disse antes, vendo a vasta beleza que Deus nos proporcionou, vi o quão pequeno sou perto de
toda essa grandiosidade, vendo a história de vida de alguns romeiros, me perguntei... Porque deixo que a
tristeza me domine? Tive um breve papo com o Bibi que é o cara mais alegre da galera lá... sua energia e
positividade contagiavam a todos... Ele falou uma coisa muito legal... “Temos duas escolhas em nossas vidas,
de ficarmos tristes ou alegres... A vida é uma só....Eu quero é aproveitar a mesma com toda alegria e energia
que tenho”... Cara fui pensando isso a romaria toda... E é isso que eu quero uma vida melhor, uma vida com
pessoas boas ao meu redor... e foi justamente isso que a Romaria me mostrou, o companheirismo de muitas
pessoas... Desde o convite descrito acima, o pedal sonoro com o Felipe Degani que animavam as nossas
subidas, o companheirismo de quarto entre Paulo Monti, Thiago Cau, Gasparini e o Galli, os companheiros de
pedal sofrido, Naná, Alexandre, Gasparini, Zé Marcon, Sandrinho, Kathemello, a brincadeiras e conversas com
o Diogo, Bibi e a galera da filmagem e jipeiros de apoio....Me desculpe se esqueci de citar alguém, mas foi
tanta gente que as vezes pode escapar.... Enfim, é algo que vai deixar saudade..... E se Deus quiser, ano que
vêm estarei em mais um desafio.... Agradeço a Deus por ter colocado essa romaria em minha vida.... Com
certeza ela vai marcar o início de um novo ciclo...

Ahhh e quem quiser saber a música que pedi, bem como ver o DVD da romaria, minha casa estará aberta para
isso... É só esperar o DVD chegar....

Fiquem com Deus e até a próxima....

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  • 1. 17/10/12 Ansiedade da segunda e terça .. Noites sem dormir direito pensando na peregrinação... a hora não passava, mas eis que chega 21:30 h. Vamos partir para Socorro. Malas arrumadas e carregadas, vamos nós, cheio de expectativas e muita ansiedade. Chegando lá, encontramos mais um grupo de Pedreira que estavam nos esperando para comermos uma bela pizza e jogar conversa fora assistindo o jogo do timão, pena que ele perdeu.... Energias repostas, hora de arrumar o equipamento da bike e dormir para acordar cedinho, isto porque já eram 00:30 h. 18/10/12 - Primeiro dia da Romaria. 04:30 h.... Eis que o “galo” canta de maneira desafinada no corredor do hotel. Hora de levantar... Tudo vai começar!!! Nervosismo, ansiedade, alegria.... Tudo isso misturado... Meu Pai.... Fiz uma oração antes de sair do quarto e pedi para que o Pai me mandasse uma mensagem para eu começar essa jornada. Acessando um APP do celular com mensagens bíblicas a primeira que me surge foi: Eclesiastes 3:1 “ Tudo nesse mundo tem o seu tempo; cada coisa tem sua ocasião”. Foi de arrepiar. Tudo arrumado, hora de pegar umas frutinhas para levar no caminho. Hora de encontrar o resto da galera na saída do hotel e irmos juntos até a padaria que seria o ponto de encontro e partida da romaria. Chegando lá, o movimento ainda estava discreto. Poucas bikes e os organizadores estavam dando uma geral na galera, dando informações e as plaquinhas de identificação das bikes. Bike ok, mochila abastecida de água, hora de tomar aquele café coletivo.... Era pão, pingado, café, suco pra todo lado.... difícil saber de quem era o pedido, mas o que viesse, já era... Rs... Tomado o café, surge o jipe de apoio com sua sirene ligada e tocando Ave Maria... Meu primeiro momento de emoção forte desses 3 dias... Consegui segurar meu choro... Ás 6:30 h, partimos da padaria rumo a uma igreja da cidade onde o padre iria dar sua benção para os romeiros. Logo pensei, o padre vai sair da igreja e irá nos abençoar... Surpresa... Ele pediu para que todos entrassem na igreja com suas respectivas bicicletas. E lá vamos nós... Entrando na igreja, surge um sentimento muito bom, uma sensação muito boa que a tempos não sentia... Me sentia como se alguém estivesse me recepcionando com um abraço forte e carinhoso... Não aguentei... Comecei a chorar... Foi um sentimento tão bom, uma emoção tão forte, que meu choro me impedia de rezar em voz alta junto com o padre. Bênção recebida, reflexão feita, hora de partimos em direção a nosso objetivo. Logo de início, já encontramos um belo atoleiro, onde ninguém foi poupado do barro.. Vamos que vamos.. Rodamos leve mais ou menos 11 km até encontrarmos uma subidinha de 1km aproximadamente. Subida feita, pegamos uma descida onde uma pedra “espirrou” do meu pneu em direção ao volantão.. até aí tudo bem, mas depois olhei pra baixo e o mesmo tinha virado um “8”. Logo depois, foi feita uma pequena parada para reagrupar a turma, e conversei com o “carcaça” que era mecânico da romaria. Em 5 minutos, o cara fez um serviço de responsa e deu um jeito no volantão. Show de bola. Pedalamos 23 km, com algumas subidas mais pesadas e paramos um bom tempo para descansar e esperar dar a hora do almoço. Nessa paradinha, foi servido um tira gosto pela equipe de apoio. Alguns petiscos ricos em proteína e muito lipídio... Se é que me entendem...
  • 2. Descanso feito, hora de voltar a pedalar mais 16 km até o pesqueiro onde iríamos almoçar. Pegamos logo de cara uma subidinha de 2 km. Após algumas subidas, retas e descidas chegamos ao pesqueiro. De cardápio, tínhamos um belo porco uruguaio com uma comida caseira muito boa. Alimentados, tentamos descansar um pouco, mas..... A empolgação de alguém não deixava isso.... Rs... Voltamos a pedalar num trecho tranquilo por 5 km, até pegarmos 4 km de subida. Depois disso iríamos descer 4,5 km. Fácil NE? Enganou-se... Uma descida com muita pedra solta e mais buracos. Antebraços e mãos moídos depois disso. Ainda bem que havia uma área de escape depois de uma curva fechada... Senão... Já viu... Paramos um pouco para reagrupar toda galera e partimos para pedalar mais 6 km até o hotel em Extrema – MG. Chegando ao hotel, avistei uma capelinha com Nossa Senhora e mais outra santa que desconheço o nome. Agradeci a proteção feita durante esse dia. Hora de hidratação e banho na bike. Depois chegou a hora de tomar banho, jantar um belo rodízio e descansar para a próxima etapa. Resumo: Quilometragem rodada aproximadamente: 57,87 km. Altitude: Saímos de 780 metros em relação ao nível do mar, pico de 1400 metros e terminamos nos mesmos 780 metros. 19/10/12 - Segundo dia da Romaria. 4:00 da matina, o galo canta no quarto... Hora de nos levantarmos, arrumarmos as malas e borá partir para o café rapidamente, pois a previsão de saída do hotel era as 5:30 da matina. Tomamos “aquele” café da manhã, colocamos a mala no caminhão e esperamos a partida da romaria. Antes de partir, dei uma paradinha na capela do hotel e primeiramente agradeci o ótimo descanso e pedi para todos um belo pedal, pois o dia seria longo, aliás bem longo.. Saímos de Extrema MG 5:55... Começamos num ritmo tranquilo, pois teríamos 122 km pela frente... Pedalando e pensando na vida, ficava me perguntando o que viria pela frente.. Logo depois, foram surgindo uns trechos com retas, subidas e descidas... Acho que isso veio para aquecer bem nossas pernas e também o psicológico. Fizemos algumas pequenas paradas durante o trecho, a fim de agregar todo grupo pois o ritmo estava bem “misturado”. Aproximadamente no quilômetro 31, deu-se início a um dos trechos mais bonitos do passeio.. Uma trilha com cerca de 8 km dentro de uma fazenda. Pelo mapa do GPS, essa fazenda ficava entre Camanducaia e Monte verde. A trilha começou leve, mata aberta de início, só que logo começou a fechar e a subida a pegar bastante onde muitas vezes tínhamos que empurar a bike devido ao terreno ser bem acidentado. Saímos de 900 metros de altitude e chegamos a 1250 metros. Valeu muito a pena.. Fizemos uma parada em uma barraca na beira da rodovia para recuperarmos as energias com mais um churrasco oferecido pelos jipeiros... Trinta e nove quilômetros a menos para pedalar.. Bora retornar ao pedal, pois o tempo era escasso... A partir desse momento, o corpo começou a dar os primeiros sintomas de cansaço. Os joelhos começaram com uma dor chatinha, mas não muito intensa. Tirei o foco deles e mandei bala no pedal. A partir daí, a estrada começou a “falar” o que viria pela frente..... Foram 17 km de estrada de terra, onde havia em sua maioria subidas e trechos planos... Descidas? Você se alegrava com ela 10 segundos, porque daí em diante mais subida pela frente... Os últimos 6 kilômetros foram bem pesados, onde saímos de 1280 metros aproximadamente e chegamos a 1450. Chegamos num barzinho no meio da estrada onde o dono oferecia um pão com picadinho de carne sensacional... Esse pão com um
  • 3. Gatorade foi sensacional... Dei um tempo para descansar as pernas e logo parti com um grupo para chegarmos no ponto de encontro para o almoço... Meus joelhos começaram a doer mais ainda.. Mas vamos que vamos... Fizemos uma pequena descida, e isso me preocupou, pois onde há descida.... Já sabe né? Trechos de muitas subidas, retas curtas e descidas quase nada... saímos de 1380 metros de altitude e chegamos a 1560 metros. Logo depois, pegamos mais um momento de trilha, só que esta era menos técnica e sua beleza não deixava a desejar. Eu já estava extremamente cansado e com dores não só nos joelhos, mas também nas pernas. Eis que avisto uma bela cachoeira e uma parte do grupo parado ao lado dela fotografando. Parei a bike e uma galera foi pulando a cerca para ir mais perto. Fui no embalo. Perto da queda, havia um buraco onde a água ficava represada e formava uma espécie de ofuro natural com a água na temperatura “bem agradável”. Descemos em um grupo de 7 pessoas aproximadamente. Todo mundo começou a tirar os equipamentos e a entrar na água. Achei que aquilo era loucura. Gritaram pra mim : “Entra Igor... Você vai ficar Renovado..” Parei e pensei... Esse é um momento único e maravilhoso de aproveitar uma maravilha que Deus nos deu e que não sei quando terei isso novamente. Resolvi experimentar a sensação. Entrei devagar, primeiro os pés, depois a panturrilha, coxa... a água era extremamente gelada... Até o povo falar, no 3 você entra... 1..... 2 eeeee 3.... ENTREI..... Cara, era uma água tão fria que doía os ossos.... Mas valeu a pena, renovou o corpo e principalmente a alma... Apreciamos mais um pouco e logo voltamos ao pedal... Foi sensacional pois o meu cansaço diminuiu muito e meu pedal ficou até “mais leve.... Fizemos mais 16 km desse trecho a partir do último bar. Ufa... hora de descer 9,5 km e desfrutar de um belo almoço no Mario Justo. Chegando lá, um grupo já tinha almoçado, e estavam de partida para o trecho mais pesado da romaria. A refeição foi aquela bem caseira, com um tempero sensacional. Mas vamos comer pouco pois o que nos aguardava não era fácil. Depois da bela sobremesa, hora de descansar as pernas 15 minutos antes de partir. Saímos as 16 horas do restaurante, pegamos uma subida de 3,5 km de cara, mas depois alegria.. Um trecho de descida com aproximadamente 9 km. Visual e adrenalina a mil nesse trecho. Terminada a descida, pegamos um trecho plano onde a chuva começou a cair bem de leve. Colocamos a capa e depois de algumas pedaladas, chegamos a Sapucaí Mirim – MG. Paramos em um bar que fica bem próximo a entrada da temida serra de Campos. Encontramos mais um grupo da romaria. Tomamos um energético para nos ajudar nessa “pequena” subida.. Fiz uma mistura muito boa de Energético com Gel de Carbo. Me levantou o astral e a energia, mas meus joelhos estavam quase travando. Mas foco, força e fé que tudo dá certo. Saímos em um grupo de 5 pessoas para esse desafio. Começamos bem, pedalando na boa e tranquilo, mas 3 km depois, a chuva apertou, a noite chegou, e não se via um palmo a frente. Descemos da bike, pois os buracos, e pedras soltas, deixavam a pedalada arriscada. Essa subida foi marcada pela parceria em estarmos sempre juntos e puxando um ao outro, não deixando que ninguém parasse pelo caminho. O cansaço, as dores, o frio, a chuva, a escuridão e o tamanho da subida, eram fatores que faziam a gente pensar em desistir... Mas fomos brasileiros e não desistimos nunca... 13 km depois do bar, a subida acaba.. Saímos de 800 metros de altitude e chegamos a 1680 metros. O vento começa a soprar mais forte, o frio, as dores nos joelhos e a glicemia baixa tomavam conta de mim. Comi uma banana e vamos rumo ao hotel. Tínhamos aproximadamente mais 6 km para chegarmos ao hotel. Nada de subida, só de descida. Mas vou te falar, esse foi o trecho mais difícil, pois o frio tomava conta do corpo, não sentia minhas mãos... Quando sentia, era um choque que tomava meu braço esquerdo inteiro. Joelhos? Que joelhos? Glúteos? Hã? Sentia que só meu espírito estava presente pois meu corpo não existia mais. Mas enfim, 125 km ou 15 horas depois de Extrema - MG, chegamos ao hotel em Campos do Jordão – SP. Um grupo já tinha chego a um tempo.. Fizeram festa para nós... Foi sensacional... Fiquei muito emocionado, mas não sabia o que eu sentia mais... frio, cansaço, dor ou emoção? Eu queria era um banho quente, roupa limpa e jantar... Foi isso que fiz... e foi um belo jantar... Etapa tão dura que alguns romeiros não conseguiram terminar a etapa em cima da bike.. Que dia.....
  • 4. Depois de jantar, no quarto com os companheiros que eram 5 pessoas, ficamos conversando sobre o trajeto e as perspectivas para o próximo dia.... Todo mundo pro berço pois 5 da matina o dia ia se iniciar. Resumo: Quilometragem rodada aproximadamente: 122,35 km. Altitude: Saímos de 780 metros em relação ao nível do mar, pico de 1690 metros e terminamos em 1600 metros. 20/10/12 - Terceiro dia da Romaria. Cinco da matina. Despertador toca e vamos tirar o corpo da cama para aprontarmos as coisas e partimos para a reta final de nossa aventura. Tomamos um café da manhã espetacular e fomos carregar o caminhão com nossas malas novamente. Na saída do hotel, a recepcionista nos entregou um laço rosa que colocamos na camisa. Era um laço que representava o combate ao câncer. Logo depois fui surpreendido pelo câmera da romaria me perguntando que música eu queria que fosse adicionada no DVD. Fui pego de supetão e errei o nome da música duas vezes, mas pelo menos a banda é a mesma.. Quem me conhece sabe qual banda é... RS... Na saída, fizemos uma oração todos juntos para agradecer e pedir proteção para esse último dia. Foi um momento de muita emoção. Saímos do hotel e força nas pernas... Pedalamos pela rua mais agitada de Campos, a Capivari e partimos em direção ao horto florestal. Alternamos trechos curtos entre retas, subidas e descidas até os 14 km. Logo depois começou mais uma bela subida de 2,5 km. De 1550 metros de altitude subimos para 1800 m. Chegamos em um mirante muito belo. Hora de tirar algumas fotos, admirar mis um pouco a bela natureza que temos e avistarmos lá no fundo a estrada que passamos. Dava pra ver a Pedra Baú... E nós passamos do lado dela... Partimos para o pedal novamente, e subimos até 2000 metros de altitude. Eis que paramos mais um pouco e me entregaram Nossa Senhora para rodar com Ela no próximo trecho. Foi uma sensação maravilhosa em estar com a responsabilidade de levá-la comigo. Bora partir pra descida das pedrinhas. Muito conhecida e muito temida. Dizem que todo santo ajuda na descida. Mas... Vamos fazer o trecho de descida mais forte da minha vida... 20 quilômetros ... Isso mesmo, 20 quilômetors de descida pesada, com muitas pedras soltas e muitos buracos.. Desci na maciota, pois não conhecia o caminho e estava com a reponsabilidade da Santa. Tive que fazer umas duas paradas no meio do caminho em decorrência das dores nos braços e mãos e minha hérnia cervical estavam falando oi para mim. Fizemos uma parada mais prolongada em um mirante. Que visão. Coisa linda. Lá pude refletir o quão somos insignificantes perto de toda a grandiosidade que Deus nos deu. Tiramos algumas fotos e fomos novamente para a descida. Pedra pra um lado, pedra pro outro eis que chega uma descida com asfalto. Me senti em um dos Pirineus franceces.. Curvas fechadas e de cima você avistava aquele monte curva e estrada morro abaixo. Sensacional. Fizemos um trecho de reta até chegarmos a uma venda para podermos descansar e reabastecer as energias. Tomamos um sorvete e que sorvete gigante e mais um hidroeletrolítico por míseros 5 reais.... E lá vamos nós... Partir para Potim que seria a última parada antes da Basílica. Comecei o pedal bem de leve, apreciando a paisagem. Estava com um parceiro até esse momento. Chegou uma hora que eu do nada comecei a apertar mais o passo sem eu perceber.. Me subiu uma energia tão contagiante que eu comecei a pedalar como se estivesse numa prova contra relógio. Era um sentimento muito maluco.. era a mistura da alegria de estar chegando na casa da Mãe, contente em estar terminando uma jornada espetacular, feliz em
  • 5. ter fortalecido minha fé... Tudo isso misturado me fazia pedalar cada vez mais forte.. Chegando em Potim, avistei uma parte do nosso grupo que tinha parado para um breve intervalo a fim de se juntar todo mundo para seguirmos em procissão para a basílica. Começamos a pedalar e logo depois de 10 minutos,que era aproximadamente 13:15 h, avistamos a Basílica... Momento de emoção... Sinto isso agora digitando esse texto... imagine na hora... Não tive lágrimas suficiente para chorar, mas por dentro, eu estava chorando e muito... Senti algo de muito especial... coisa indescritível... A melhor sensação da minha vida... Ave Maria tocando no carro de apoio e 65 ciclistas em Procissão entrando na Basílica... eu olhava para os lados e avistava as pessoas nos filmando, nos fotografando... Paramos na frente para a foto oficial, logo depois disso começamos a nos cumprimentar.... Emoção a mil.... Guardamos as bikes no caminhão, pegamos nossas bolsas e fomos para o banho e almoço rapidão, pois as 16 h iríamos para a missa. Entramos na missa e fiquei admirado com o tamanho da construção. Senti uma paz de espírito muito grande dentro de mim. Fiz minhas orações de agradecimentos e também meus pedidos para Nossa Mãe. Para finalizar pegamos a van com 13 romeiros de volta para Pedreira. Todos dormiram pelo menos uma hora de viajem pois o cansaço era muito grande. Chegamos por volta das 22 horas em Pedreira. Resumo: Quilometragem rodada aproximadamente: 62,43 km. Altitude: Saímos de 1600 metros em relação ao nível do mar, pico de 2000 metros e terminamos com 565 metros. Distância total: 243 km. Considerações finais: O Convite da Romaria veio no começo desse ano por meio do Naná e Paulo Monti. O Thiago Cau veio no embalo e me disse, bora? Como recusar uma oportunidade dessas? Um sonho de mais de 10 anos. Sempre quando passei pela Basílica eu me falava que um dia iria lá, mas iria de bike. E foi o que aconteceu.... O mais legal de tudo, foi que esse passeio veio em uma hora bem difícil da minha vida. Uma hora onde eu precisava fortalecer a minha fé. Uma vida desregrada onde meu egoísmo e autosuficiência tomavam conta de mim.. Parecia que eu tinha tudo mas não estava nem aí pra ninguém... Fui vendo o que minha vida tinha se transformado.. Aos poucos fui vendo o quanto eu estava perdendo com esse comportamento.. Resolvi bater um papo sério com Deus... Por meio de amigos, comecei a ler alguns trechos da Bíblia e comecei a perceber, que tudo tem uma razão, tudo têm uma hora certa para acontecer em nossas vidas.. Essa Romaria é exemplo disso. A cada dia que passava, a cada oração que eu fazia, eu me via cada vez mais fortalecido.. E no meio dessa jornada, coisas grandiosas aconteceram não só comigo, mas com outras pessoas que estavam na romaria.. Como disse antes, vendo a vasta beleza que Deus nos proporcionou, vi o quão pequeno sou perto de toda essa grandiosidade, vendo a história de vida de alguns romeiros, me perguntei... Porque deixo que a tristeza me domine? Tive um breve papo com o Bibi que é o cara mais alegre da galera lá... sua energia e positividade contagiavam a todos... Ele falou uma coisa muito legal... “Temos duas escolhas em nossas vidas, de ficarmos tristes ou alegres... A vida é uma só....Eu quero é aproveitar a mesma com toda alegria e energia que tenho”... Cara fui pensando isso a romaria toda... E é isso que eu quero uma vida melhor, uma vida com pessoas boas ao meu redor... e foi justamente isso que a Romaria me mostrou, o companheirismo de muitas pessoas... Desde o convite descrito acima, o pedal sonoro com o Felipe Degani que animavam as nossas subidas, o companheirismo de quarto entre Paulo Monti, Thiago Cau, Gasparini e o Galli, os companheiros de
  • 6. pedal sofrido, Naná, Alexandre, Gasparini, Zé Marcon, Sandrinho, Kathemello, a brincadeiras e conversas com o Diogo, Bibi e a galera da filmagem e jipeiros de apoio....Me desculpe se esqueci de citar alguém, mas foi tanta gente que as vezes pode escapar.... Enfim, é algo que vai deixar saudade..... E se Deus quiser, ano que vêm estarei em mais um desafio.... Agradeço a Deus por ter colocado essa romaria em minha vida.... Com certeza ela vai marcar o início de um novo ciclo... Ahhh e quem quiser saber a música que pedi, bem como ver o DVD da romaria, minha casa estará aberta para isso... É só esperar o DVD chegar.... Fiquem com Deus e até a próxima....