O documento discute temas relacionados ao desenvolvimento sustentável, como a teoria malthusiana sobre o crescimento populacional, classes sócio-espaciais, consumo sustentável e responsável, lazer e tempo livre, e modelos de turismo social.
Painel IV – Participação na cidadania e redução da pobreza: João Paulo Montei...
Painel I - Sustentabilidade Territorial e Desenvolvimento – Norberto Santos (Universidade de Coimbra)
1. Norberto Santos | CEGOT - Coimbra
Sustentabilidade territorial
e desenvolvimento
Vida quotidiana e responsabilidade
CIDAADS
Encontro Regional de
Educação para o
Desenvolvimento Sustentável
18 de Março - Aveiro
2. Teoria
malthusianista
- A população humana tende a crescer para além das
popula
possibilidades do meio para a sustentar
(pegada)
- Cresce exponencialmente, enquanto que os recursos
alimentares crescem em progressão aritmética.
- Se factores externos como doenças e falta de alimento, não
limitassem o crescimento da população humana, esta duplicaria
de 25 em 25 anos.
3. • Diante dessa opinião e para evitar uma catástrofe, Malthus
propôs uma “restrição moral” aos nascimentos, o que
significaria:
– proibir o casamento entre pessoas muito jovens;
– limitar o número de filhos entre as populações mais pobres;
– elevar o preço das mercadorias e reduzir os salários, a fim de
pressionar os mais humildes a ter uma prole menos numerosa.
• Uns por necesidade outros por opção, as pessoas vão
assumindo alguns dos princípios restritivos de Malthus
4. • As pessoas reconhecem a
necessidade de
• garantir aos seus
descendentes a possibilidade
de viverem em simbiose com o Não têm
espaço de que fazem uso,
uso, conseguido, todavia,
interpretar essa
interpretando relações de necessidade de
integração entre o homem e a forma eficaz.
natureza.
5. Para isso é preciso
– A flexibilização,
– a reciprocidade,
– a solidariedade,
solidariedade,
– a qualificação,
qualificação,
Paradigma ecológico
– o respeito pela alteridade,
respeito
– a responsabilidade,
• precisam de estar presentes nas
políticas de intervenção pública e
ordenamento do território
• crescer primeiro para distribuir
depois está desajustado perante o
distribuir para crescer.
6. • ATÉ PORQUE:
O homem baseia-se numa racionalidade
baseia-
limitada,
• não é possível dispor, em todos os
momentos, de todas as informações
necessárias para fazer a melhor escolha e
procurar obtê-las pode ser custoso em
obtê-
tempo e dinheiro.
dinheiro.
Podemos cometer erros, dado que ser racional não significa
ser infalível, mas devemos ser capazes de tirar
ensinamentos dos erros (BIMONT, 1996).
7. O espaço, o tempo e os modos definem-nos:
definem-
classes sócio-espaciais: Alain Reynaud
sócio-espaciais:
Escala
Articulação Consciência
Subjectivo
Subjectivo
Objectivo
DESIGUALDADE
Mobilidade Conflito
8. • Todas as escalas se
entrelaçam sem se Escala
misturarem
• Cada uma tem a sua
realidade e problemática
• O mundo não abole o local
(Henri Lefèbvre)
Lefèbvre)
9. • Cada classe sócio-espacial
sócio-
apresenta diferenças internas
diversas
– Homogeneidade
– Funcionalidade
– Planeamento
Desigualdade
10. • Caixa negra
Articulação
• O conjunto das relações forma uma
estrutura
• Articulação
– compreender o seu lugar, o seu papel,
lugar, papel,
a sua significação em relação a outras
classes (anti-justaposição)
(anti-
11. Mobilidade
• Trata-se da mobilidade geográfica
Trata-
– Depende da escala
– Implica fluxos
– Depende das redes e das hierarquias
12. • A noção de escala aumenta a sua
importância. A pertença ao quarteirão, à
cidade, à região ou à nação.
Consciência
• Operários, comerciantes, professores,…
• Mas a consciência de classe sócio-espacial
sócio-
reduz-
reduz-se a um ou dois níveis da escala:
• Bairrismo
• Regionalismo
• Nacionalismo
• Supranacionalismo
• Cosmopolitanismo
13. • Presença de desigualdades
• Consciência facilita a sua percepção Conflito
– Procura de justiça sócio-espacial das
sócio-
classes desfavorecidas
– Egoísmo das classes sócio-espaciais
sócio-
mais favorecidas
• (é preciso tratar o lixo, mas não no meu
quintal)
14. Homo-
Homo-chamaeleon
• detentor de uma parafernália de materiais complexos
(cultura material) de utilidade individual simbólica
• postula doutrinas éticas de procedimento moral justo
• integra-se numa intensa rede de relações, de sociabilidade,
integra- sociabilidade,
• preocupa-se mais com os bens do que com as pessoas,
preocupa-
• faz das relações espaciais de proximidade o seu ‘mundo’
• simultanamente, assume-se como ‘cidadão do mundo’;
simultanamente, assume- ‘cidadão mundo’;
15. • permite comportamentos anormais pela indiferença
relativamente ao mundo assente na aquisição de bens
e pelo individualismo,
• criam cada vez mais situações de exclusão social.
social.
• transformam a sua vida numa corrida contra o tempo,
• Esvaziam a vida no consumo e no lazer
16. O homo-chamaeleon
homo-
é o reflexo de uma sociedade dominada
pela perspectiva de maximização da
exploração do lucro capitalista, através
capitalista,
não apenas dos modos, mas também dos
tempos e dos espaços.
17. Centro dom inante
Periferia dom inada
D inação
om
Centro hipertrofiado
Periferia abandonada
Centro dom inante
Periferia integrada
e anexada
Integração
H ipercentro
Periferia integrada
e anexada
Centro emdeclínio
Periferia valorizando Periferias
os capitais do centro contando
com as
Centro e Periferia suas
autónom (umem
os próprias
avanço outroem forças
retrocesso)
Relações
Centro Inversão de hierarquia
das classes sócio-espaciais
Periferia Fonte: Reynaud, 1981
Utilização e controlono local de toda ou
partedos capitais existentes localm ente Fluxos de hom e capitais
ens
Fluxos importantes de
Espírito empreendedor matéria-prima
19. – o consumo sustentável e o consumo responsável
são dois conceitos com enorme intersecção
Beja Santos
• Atenção:
– aos direitos sociais dos produtores,
– à natureza da fileira produtiva numa perspectiva de justiça
social,
– ao compromisso com a qualidade e a responsabilidade
social,
– à adopção de escolhas do comércio justo.
Não há homem que não seja natural nem natureza que não seja
humana
Carácter simbiótico permanente.
20. Que público, que consumidores, que clientela?
• A empresa de pesquisas de mercado The Marketing Insider traçou o perfil do público
verde nos EUA e denominou-o Lohas (Estilos de Vida de Saúde e Sustentabilidade, na
denominou-
sigla em inglês Lifestyles of Health and Sustainability).
Sustainability).
CONSUMO dos Lohas
– Produtos de alimentação e de beleza orgânicos.
orgânicos.
– Produtos de limpeza biodegradáveis
– Lâmpadas de baixo consumo de energia
– Ao viajar, optam por roteiros de ecoturismo
– Procuram companhias aéreas que neutralizem as emissões
de CO2
– Estão atentos à toda tentativa de greenwash (discurso
ambiental sem acções concretas) por parte da indústria.
•
http://www.greeneconomic.com/
21. Que público, que consumidores, que clientela?
O Lohas é:
60% feminino,
de escolaridade superior
pouco preocupado com o preço
opções de consumo com base em
critérios de sustentabilidade
aceita pagar até 20% mais por isso.
http://www.greeneconomic.com/
22. Consumo Responsável
• O consumo responsável leva a que:
– nos informemos sobre os processos (participação ou não
participação)
– identifiquemos o impacto social, cultural e político
– assumamos a sustentabilidade das sociedades
– consumamos com consciência da proveniência, qualidade e
proveniência,
condições da produção
23. A actual sociedade de consumo
• Herdeira dos mercados em massa
• E dos consumos em massa
• presenteia-nos hoje com um consumo emocional
presenteia-
(Lipovetsky, 2006. A Felicidade Paradoxal)
Lipovetsky,
Substituição nas relações socioeconómicas
valor experimental,
experimental,
no sentido da qualificação de um consumo
individualista.
hedonista individualista.
24. Transparência radical
• Quando pudermos tomar decisões com base em
informações completas, o poder será transferido • A análise do ciclo
dos que vendem para os que compram:
– Uma mãe num supermercado
de vida (ACV)
– Um gestor de marca • Decomposição
– Um turista em viagem sistemática de
– Um qualquer consumidor que goza a sua noite de lazer
qualquer
produto/serviço
• A importância do consumidor e da sua
responsabilidade.
responsabilidade. • Com avaliação dos
impactos
• O método de negócios do último século – produzir
o mais barato possível – é substituído por outro
lema:
– Sustentável é melhor
– Mais saudável é melhor • Parte significativa da
– Mais humano é melhor hotelaria de luxo está em
países com deficits de
desenvolvimento elevado
• A importância da ACV
25. Lazer e tempo livre
• O lazer torna-se
torna- Langman
– valor social transformação das
– tempo produtivo em si mesmo (Roger Sue, 1982. pessoas de
Vers une société du temps libre?)
libre?) em
– tempo livre crescentemente orientado pela modernos num mercado
quantidade e qualidade dos produtos de lazer global
oferecidos no mercado As estratégias e relações
quotidianas são um nunca
• Ganha um significado nunca antes acabar de celebrações de
diversão
atingido
– Langman (1992. Neon Cages.. Shopping for Subjectivity) refere-
Cages Subjectivity) refere- Há:
se à sociedade do divertimento, amor para os solitários,
– Linda Nazareth (2007. The Leisure Economy) a
Economy) sexo para os excitados,
substituição de uma economia de excitação para os
aborrecidos,
violentação/compactação do tempo pela
identidades para os vazios
economia do lazer. dever para os responsáveis
– Lipovetsky e o hipermoderno
26. Lazer veículo de propostas sustentáveis e responsáveis
• Expressas em modos de relação promotores do
desenvolvimento local,
local,
• através da valorização dos recursos endógenos
ancorados na cultura e na natureza.
natureza.
– A política aposta em esquemas de actuação de
responsabilização (Verdoreca),
(Verdoreca),
– Os responsáveis pela oferta assumem comportamentos
ecológicos (do greenbuilding, aos consumos verdes, à
greenbuilding,
utilização de energias renováveis),
– Quem procura vê nestas iniciativas, um dos factores de
escolha do produto lazer.
27. Lazer veículo de propostas sustentáveis e responsáveis
– A procura expressa na vontade de
um consumo prudente (Lipovetsky,
Lipovetsky,
2006) Aparecimento do
ecoconsumismo
• Consumo prudente Expresso nos Planos
opção consciente estratégicos ligados ao
turismo
discernimento
capacidade de questionar o existente, touring cultural
paisagístico
promoção do aparecimento de novos turismo natureza
produtos e novas roupagens enoturismo
ecologicamente responsáveis. turismo cinegético
turismo em espaço rural
geoturismo
turismo aventura
28. Economia do lazer: Modelos de Turismo Social
• Agência Nacional Cheque-Vacance (1982) (França)
Cheque-
– Realização de viagens pelo maior número possível de pessoas,
especialmente as de menores rendimento
– Oferta de uma ampla rede de prestadores de serviços turísticos, capaz
de responder com qualidade à procura
– Colaboração no processo de desenvolvimento do turismo das regiões.
– Promoção de bolsas de viagens para consumidores especiais: grupos
sociais com precariedade económica, pessoas portadoras de deficiência,
jovens e outros.
• Movimento financeiro gerado – mil milhões de euros (apoio a 2,5 milhões
de pessoas e beneficio de sete milhões de turistas)
• Envolvimento - mais de 21 mil organizações e 135 mil profissionais de
turismo e outros relacionados ao lazer
• Porque em turismo não há stocks
http://www.letrasbrasileiras.com.br/
29. Modelos de Turismo Social
Espanha
• Mais de um milhão de idosos e aposentados beneficiam
anualmente de viagens em períodos de época baixa.
baixa.
• Investimento de 75 milhões de euros
• Retorno de 125 milhões de euros em impostos e
poupança do seguro desemprego,
– Grande rentabilidade económica do investimento no Turismo Social.
– Criação de emprego directo na época baixa (mais de 10 mil)
– Boa aceitação do utilizador (conhecimento de outros lugares e realidades,
ampliar de relações sociais e melhoria do estado físico e emocional)
http://www.letrasbrasileiras.com.br/
30. Modelos de Turismo Social
• Chile
(desde 2001 - projecto de Turismo Social)
• Proporcionar o acesso de idosos e pessoas com deficiência
ao turismo.
• Incremento do turismo interno em época baixa
• Aumento do emprego e da distribuição da renda
• Melhoria das infra-estrutura de turismo.
infra-
• O Serviço Nacional de Turismo destinou, para a temporada 2007-2008, mais de
2007-
US$ 5 milhões, dando oportunidade para que 30 mil pessoas pudessem
conhecer melhor seu país e vivenciar a experiência de fazer turismo com
qualidade. http://www.letrasbrasileiras.com.br/
31. Responsabilidade ambiental aplicada à hotelaria
• Estação de tratamento de esgotos para • Accor Hotels
(Novohotel e Ibis)
Ibis)
reutilização de água não potável Jogos Olímpicos de
Sydney (2000)
• Captação água das chuvas para reutilização • Preservação dos
recursos naturais
• Minimização dos
• Painéis solares para aquecimento de água impactos ambientais
Medidas
Medidas
• Sistemas inteligentes de ar condicionado (desligar
com janela aberta)
• Colecta selectiva de lixo e encaminhamento para
reciclagem
32. Responsabilidade ambiental aplicada à hotelaria
Pesquisa interna da
Pesquisa interna da
Pesquisa interna da Accor Hotels a
Pesquisa interna da Accor Hotels a
respeito das práticas responsáveis
respeito das práticas responsáveis
respeito das práticas responsáveis
respeito das práticas responsáveis
Hóspedes dispostos a participar:
• 95% - separação de lixo para reciclagem
• 57% - usar as toalhas mais do que uma vez
• 35% - dormir nos mesmos lençóis
• 85% - substituir sabonetes individuais por sabão
líquido em distribuidor
• 90% - preferem hotéis com atitude responsável
33. Acções concretas (ACV)
• Alterar os padrões de consumo
• Exigir responsabilidade e ética a quem produz
• Procurar apoio nas organizações de consumidores
• Promover o Comércio Justo
• Exigir uma gestão eficiente do meio ambiente
• Indagar quais os ciclos de vida que produzem os bens
e fornecem os serviços
34. Norberto Santos | CEGOT - Coimbra
Sustentabilidade territorial
e desenvolvimento
CIDAADS
Obrigado Encontro Regional de
Educação para o
Desenvolvimento Sustentável
18 de Março - Aveiro