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Mídia, Tecnologia e 
Linguagem Jornalística
Mídia, Tecnologia e 
Linguagem Jornalística 
Organizadores: 
Emilia Barreto 
Virgínia Sá Barreto 
Cláudio Cardoso de Paiva 
Sandra Moura 
Thiago Soares 
Editora do CCTA 
João Pessoa 
2014
Capa 
Emilia Barreto 
Projeto Gráfico 
Emilia Barreto 
Filipe Almeida 
Diagramação 
Filipe Almeida 
Ficha catalográfica elaborada na Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba 
M629 Mídia, tecnologia e linguagem jornalística / Emilia Barreto...[et 
al.], organizadores.- João Pessoa: Editora do CCTA, 2014. 
231p. 
ISBN: 978-8567818-04-7 
1. Comunicação de massa. 2. Mídia. 3. Comunicação - 
aspectos tecnológicos. 4. Linguagens jornalísticas. I. Barreto, 
Emília. 
CDU: 659.3
Sumário 
APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................... 6 
Midiativismo, tecnologias móveis e cobertura jornalística 
D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva 
Claudio Cardoso de Paiva ...................................................................................................................... 10 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua 
Fernando Firmino da Silva 
Adriana Alves Rodrigues ........................................................................................................................ 26 
Midiativismo, redes e espaço público autônomo: as novas mídias 
na redefinição das relações de poder 
Thiago D’angelo Ribeiro Almeida 
Claudio Cardoso de Paiva ...................................................................................................................... 44 
Jornalismo Colaborativo, rotina e produção da notícia 
A TV Digital interativa e a reconfiguração do processo de produção de notícias 
Luciellen Souza Lima 
Sandra Moura .......................................................................................................................................... 60 
As rotinas jornalísticas na Era da Rede: um estudo sobre as transformações 
na produção da notícia no jornal Correio da Paraíba 
Amanda Carvalho de Andrade 
Joana Belarmino ..................................................................................................................................... 75 
Telejornalismo colaborativo: o uso de materiais da internet 
e de novas plataformas no JPB da Rede Globo 
Roberta Matias ......................................................................................................................................... 90 
Ética e resistência jornalística 
50 Anos do golpe militar no Brasil: uma análise do 
jornalismo de resistência na Paraíba 
Sandra Moura 
Emília Barreto ........................................................................................................................................ 105
Ética jornalística sob uma perspectiva bucciniana: 
The Newsroom, o fantasma da manipulação midiática e o jornalismo ideal 
Sinaldo de Luna Barbosa ...................................................................................................................... 119 
Fotografia em sites de redes sociais: análise de imagens de uma manifestação popular 
Raul Augusto Ramalho 
Luiz Custódio da Silva .......................................................................................................................... 133 
Cultura da mídia, corpo e recepção telejornalística 
Midiatização, convergência e circulação: apontamentos para 
os estudos de recepção em telejornalismo 
Virgínia Sá Barreto ................................................................................................................................ 148 
Jornalismo e cultura da mídia: contribuição de Douglas Kellner 
na abordagem analítica dos produtos jornalísticos 
Thiago Soares ......................................................................................................................................... 159 
Corpo e discurso no movimento “Passe Livre”: 
Patrícia Poeta, estratégias enunciativas do JN e críticas nas redes sociais 
Amanda Falcão Evangelista 
Virgínia Sá Barreto ................................................................................................................................ 173 
Midiatização, teoria da experiência e 
políticas públicas de comunicação 
A natureza mediática da experiência 
Adriano D. Rodrigues 
Adriana A. Braga ................................................................................................................................... 188 
Processo midiático e o vínculo entre parte e todo 
Pedro Benevides .................................................................................................................................... 202 
Mensagem ao Congresso Nacional: democracia e diálogo no governo Lula 
Ana Paula Costa de Lucena 
Heitor Costa Lima da Rocha 
Patrícia Rakel de Castro Sena .............................................................................................................. 217
Mídia, Tecnologia e L 6 inguagem Jornalística 
Apresentação 
Metáforas servem para explicar, ou poetizar, fenômenos. 
Pensemos na metáfora do terremoto. Placas tectônicas em 
movimento. Desestabilidade. Destruição. Queda. Ruínas? Foi 
através da imagem das placas tectônicas em movimento que 
Clay Shirky comentou sobre o estado atual do jornalismo: 
a instabilidade de novas práticas ancoradas nas lógicas da 
cibercultura e das redes sociais no enfrentamento das dinâmicas 
hegemônicas da “grande imprensa”. Há algo de instável, de 
fato, no jornalismo. E é desta instabilidade que emerge uma 
série de questões que permeiam este livro que apresentamos 
como resultado de investigação de um conjunto de professores, 
pesquisadores e estudantes do Mestrado Profissional em 
Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mais 
precisamente, do Laboratório de Tecnologia e Linguagem 
Jornalística (TecJor). Como um trabalho que emerge do campo 
produtivo, há um “gancho jornalístico” que abre as discussões: 
reflexões evocadas pelos protestos de junho de 2013, em que a 
atividade de repórteres, produtores e “praticantes” do jornalismo 
foram colocadas em confronto. Por isso, não é à toa, que, dividida 
em cinco partes, a obra é aberta com uma discussão sobre 
Midialivrismo e cobertura jornalística. Como se costuma dizer 
no jargão jornalístico, trata-se do tema “quente”, da reflexão “da 
hora”, para que possamos construir pontes teóricas.
Outra característica marcante no conjunto da obra que 
lhe confere uma especificidade e cumpre aqui destacá-la, é a 
experiência vivenciada no campo profissional em interação 
dinâmica com o exercício de investigação científica. No amplo 
espectro de uma coletânea voltada para apreciar as mídias, as 
tecnologias e linguagens, instalam-se aqui subtemas diversos, 
os quais se apresentam sob o signo dos protestos, engajamento, 
netativismo, eticidade, inteligência coletiva conectada, o quarto 
poder da imprensa, o empoderamento social, as identidades dos 
jornais e dos jornalistas, os atos de fala, gramática da empresa, 
sintaxe dos repórteres. 
O resultado é rico à medida que as problematizações 
dos textos somam a “paciência do conceito” ao savoir faire dos 
profissionais, a partir da atualização das “estratégias de linguagem”, 
da necessidade de dominar a linguagem (o software) e o modo 
de usar os equipamentos (o hardware), partes indissociáveis da 
comunicação contemporânea. 
Para além dessas questões, a obra se compromete com a 
discussão social do jornalismo, com seu “lugar de praça pública”, 
na era da virtualidade real (na rua e nas redes sociais) e em outros 
momentos históricos, a exemplo da ditadura brasileira, com 
fins de pensar as bases críticas para o exercício da comunicação 
libertária e das mídias alternativas. As formulações teóricas, 
epistemológicas e metodológicas propostas buscam encontrar 
“palavras geradoras de sentido” para a reflexão sobre o jornalismo 
e suas profundas transformações atuais. As pistas para a 
compreensão dessas mutações e experiências no amplo espectro 
jornalístico espalham-se nas teias de sentido que formam o 
livro. Os textos se estruturam em temáticas que organizam 
proximidades, alinhando tópicos: midialivrismo, tecnologias 
móveis e cobertura jornalística; jornalismo colaborativo, rotina 
e produção da notícia; ética e resistência jornalística; jornalismo 
e cultura da mídia; cultura da mídia, corpo e recepção 
telejornalística, concluindo com valiosas contribuições de textos 
sobre temas transversais ao jornalismo no tópico “a natureza 
midiática da experiência e políticas públicas de comunicação”. 
7 
Apresentação
O livro pode despertar o interesse dos leitores 
preocupados com as formulações que intentam configurar 
expressivas modalidades para interpretar (e explicar) os 
paradoxos e controvérsias atuais. Com efeito, são apreciados na 
obra os objetos, processos e interfaces no campo da comunicação 
(e do jornalismo), com atenção às mutações que envolvem 
a problemática trazida pelos processos de midiatização da 
sociedade que criam as condições para fenômenos como o 
“neojornalismo” (Ramonet). No mais, o livro é instigante, na 
maneira como introduz – criticamente a (des)ordem causada 
pela conjunção, disjunção e transmutação das palavras e as 
coisas no universo desse novo jornalismo. 
Mídia, Tecnologia e L 8 inguagem Jornalística
Midiativismo, tecnologias móveis 
e cobertura jornalística
Mídia, Tecnologia e L 10 inguagem Jornalística 
D@niel na cova dos leões: 
Mídia Ninja no programa Roda Viva 
Claudio Cardoso de Paiva1 
Resumo 
A informação compartilhada pela Mídia Ninja (e circuito 
FORA DO EIXO) tem gerado “surpresas” para o jornalismo 
tradicional, ameaçado pelo seu modus operandi (ação direta, 
liberdade e resistência do grupo). A divulgação dos protestos 
urbanos e da repressão policial, junho 2013 – em tempo real – 
concedeu evidência ao grupo ativista. E a entrevista com seus 
mentores (Bruno Torturra e Pablo Capilé) no programa Roda 
Viva (TV Cultura) reforçou a visibilidade do fenômeno, que 
exige um olhar crítico, analítico, problematizador, pois mobiliza 
questionamentos no campo do jornalismo e da comunicação. 
Propomos uma interpretação do significado e da qualidade 
do fenômeno Mídia Ninja, observando a entrevista, e sua 
repercussão nas matérias monitoradas no site Observatório da 
Imprensa, referência básica para a pesquisa em comunicação. 
Palavras-chave: Mídia Ninja; Programa Roda Viva; Observatório 
da Imprensa. 
1 Prof. Associado, Departamento de Comunicação – CCTA/UFPB; Programa de Pós Graduação 
em Comunicação/UFPB; Programa de Pós Graduação – Mestrado Profissional em Jornalismo/ 
UFPB; pesquisador em Mídias Digitais, Jornalismo, Cultura Midiática Audiovisual. Autor dos 
livros: Dionísio na Idade Mídia. Ed. UFPB, 2010; Hermes no Ciberespaço. Ed. UFPB, 2013. 
claudiocpaiva@yahoo.com.br
11 
Introdução 
A informatização, a internet, as redes sociais e a comunicação colaborativa 
implicam mutações radicais nas esferas da economia, política, arte, educação, 
entretenimento, e de forma marcante no jornalismo. O ciberespaço alterou os modos 
de produção, as formas de circulação, as estratégias de consumo e compartilhamento 
da informação. Mais do que isso, a engenharia da informação distribuída pelas 
inteligências coletivas conectadas – como no caso Mídia Ninja2 (e sua base logística 
e operacional no circuito Fora do Eixo3) – tem gerado “surpresas”. A Pós-TV, como 
uma expressão do “neojornalismo” (sem editoria, sem pauta, sem patrão) enfrenta o 
monopólio das empresas jornalísticas, que parecem ameaçadas pelo modus operandi 
da nova mídia (ação direta, liberdade radical, resistência e ocupação). 
Apostamos no ethos comunitário que norteia as ações das mídias livres 
(Ninjas), dos circuitos alternativos (Fora do Eixo) e do jornalismo colaborativo (Pós- 
TV). 
Os protestos no Brasil, em junho de 2013 - filmados e distribuídos pela Mídia 
Ninja - ficarão na memória social pelas imagens do despertar do “gigante adormecido”, 
projetadas em cartazes na rua e narrativas da internet. As multidões protestam em 
rede contra os abusos do Estado e do Capital, e a Mídia Ninja compartilha as suas 
imagens e vozes, ampliando o espectro da indignação e as estratégias de luta pela 
liberdade. 
Essa experiência, de matizes sociotécnicos e ético-políticos sem precedentes, 
concedeu evidência às táticas do grupo Mídia Ninja e a notícia se irradiou pelas 
capilaridades midiáticas, imprensa, internet, redes sociais (Facebook, Twitter, 
YouTube). Entretanto, a ação afirmativa Mídia Ninja adquiriu mais popularidade (no 
Brasil e no mundo) após a entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura. 
2 MÍDIA NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), grupo de mídia formado em 2011. Sua 
atuação é conhecida pelo ativismo político e como alternativa à imprensa tradicional. As transmissões da 
Mídia Ninja são em fluxo de vídeo em tempo real, pela internet, usando câmeras de celulares e unidade 
móvel montada em um carrinho de supermercado. A estrutura da Mídia Ninja é descentralizada e 
faz uso das redes sociais, especialmente o Facebook, na divulgação de notícias. O grupo teve origem 
por meio da Pós-TV, mídia digital do circuito Fora do Eixo. Wikipedia, 2013. Disponível em: <http:// 
migre.me/gnS4S>. Acesso em: 24.10.2013 
3 FORA DO EIXO, originalmente Circuito Fora do Eixo, é uma rede de coletivos atuando na área da 
cultura em todo o Brasil, mais alguns países da América Latina. Iniciada em 2005, por produtores e 
artistas de estados brasileiros fora do eixo Rio-São Paulo, inicialmente focava no intercâmbio solidário 
de atrações e conhecimento sobre produção de eventos, mas cresceu para abranger outras formas de 
expressão como o audiovisual, o teatro e as artes visuais, ainda que a música ainda tenha uma maior 
participação na rede. Disponível em: <http://migre.me/gnSXP>. 
D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
O enfoque do programa Roda Viva é importante, pois flagra o momento em 
que a Mídia Ninja penetra no espaço blindado da “mídia corporativa”. E registra o 
instante em que a mídia radical se transforma em notícia, multiplicada por todas as 
outras mídias, escancarando o momento histórico, quando o povo invade as ruas e o 
debate sobre a economia, a política e a narrativa da mídia global é colocado na ordem 
do dia4. 
Para entender a Mídia Ninja é preciso compreender o sentido da comunicação 
colaborativa e o estado da arte do jornalismo, na era da conexão e da mobilidade. 
Logo, interessante escutar os argumentos de seus mentores (Bruno Torturra e Pablo 
Capilé), que causaram rebuliço, inquietação e solidariedade na entrevista do Roda 
Viva. 
O método que norteia esta reflexão parte de uma arqueologia das notícias 
em circulação na internet. Recorremos às reportagens, comentários e críticas sobre 
a participação dos Ninjas no programa Roda Viva, uma escolha gratificante, pois o 
evento se irradiou como vírus pelos sites, blogs, redes sociais. Mas é preciso prestar 
atenção na qualidade da informação. É necessário separar o conteúdo e a embalagem 
da notícia porque a internet é um terreno fértil, mas poluído. Assim, capturamos 
os dados na rede, relativos à Mídia Ninja e à entrevista no programa Roda Viva, e 
rastreamos as matérias publicadas e monitoradas no site Observatório da Imprensa, 
um ambiente privilegiado para o exercício da pesquisa em jornalismo, tecnologia e 
política. 
4 Em 05.08.2013 estiveram no programa Roda Viva o jornalista Bruno Torturra e o produtor cultural 
Pablo Capilé, ambos idealizadores do grupo Mídia Ninja. O projeto ficou conhecido por transmitir 
em tempo real os principais protestos que eclodiram pelo Brasil. O jornalismo é feito com ativismo, 
mas sem ligações diretas com partidos políticos. Eles criticam a imprensa convencional pela falta de 
imparcialidade e dizem que a ideia é disseminar essa nova forma de transmitir a notícia – segundo eles, 
sem filtro: “Um dos objetivos é se tornar desnecessário”, diz Capilé. Sobre os rumores de ligação com 
partidos políticos, o produtor afirma: “Não somos organizados por partidos, não somos financiados 
por partidos e não nos encontramos apenas com o PT”. Pablo explica que procuram diálogos com 
representantes dispostos a ouvi-los. Nas mãos, um celular potente, na mochila, um notebook para 
servir de bateria e a cara e a coragem de ir atrás da informação: assim trabalha um “Mídia Ninja”. O 
trabalho dos jornalistas independentes ainda é visto com receio na mídia tradicional e Torturra diz 
que acha curioso as pessoas questionarem se o que fazem é jornalismo. “O que pode ser discutido é a 
forma como ele é feito”. O coletivo pretende agora ampliar o alcance e conseguir mais estrutura para 
o trabalho. Estiveram na bancada de entrevistadores Suzana Singer, ombudsman da Folha de S. Paulo; 
Alberto Dines, editor do site e do programa Observatório da Imprensa; Eugênio Bucci, colunista d’O 
Estado de S. Paulo e da revista Época; Wilson Moherdaui, diretor da revista Telecom; e Caio Túlio 
Costa, professor da ESPM e consultor de mídia digital. O programa foi conduzido por Mario Sergio 
Conti e contou com a participação fixa do cartunista Paulo Caruso. In: site da TV Cultura – Roda Viva, 
02/08/13. 
Mídia, Tecnologia e L 12 inguagem Jornalística
13 
Visão e vertigem do programa Roda Viva 
São estratégicos os usos e apropriações das tecnologias colaborativas pelos 
ativistas, pois estes atualizam - de modo semiótico, cognitivo e político – os protestos e 
manifestações sociais, revigorando as estratégias de mediação, interação e colaboração, 
como a Mídia Ninja, o circuito Fora do Eixo e a Pós-TV. 
A inserção da Mídia Ninja, no âmbito dos protestos urbanos, ocorreu desde a 
Marcha pela Legalização da Maconha (2011), mas teve como estopim o Movimento 
Passe Livre, em junho de 2013. O fenômeno Ninja se tornou o foco das atenções, após 
a participação de Torturra e Capilé, no Roda Viva. Isto é algo como um “choque entre 
dois mundos”, uma mudança importante no estado da arte da comunicação (e do 
jornalismo), um momento de passagem e de transição. 
O Roda Viva é apreciado pelo público de várias camadas sociais, ideológicas e 
goza de prestígio entre os jornalistas, professores, estudantes, políticos, profissionais 
de várias áreas. Muitos dos seus participantes já foram ativistas, militantes e conhecem 
os meandros da mídia alternativa, a resistência e a contracultura. 
Os entrevistadores estão naturalmente dispostos a provocar um debate de 
qualidade, sabem que este é um acontecimento histórico: é uma espécie de confronto 
entre os rebeldes do passado (hoje, mais conformados) e os rebeldes do presente 
(atópicos, inconformistas, querendo mudar o mundo). 
O programa sabiamente se empenha na arte de promover controvérsias, flagrar 
contradições e arrancar confissões dos entrevistados, fisgando o interesse (e a audiência) 
do “grande público”. Tem-se assim a modelação de uma esfera pública midiatizada, 
um espaço crítico, cuja característica principal é interrogar os entrevistados, numa 
arena conversacional giratória, em que as perguntas vêm de varias direções, o que 
impõe dinâmica, movimento e vitalidade ao formato do programa. 
É um produto consagrado pelas entrevistas com celebridades nacionais 
e estrangeiras, convidados ilustres, formadores de opinião5. Isto lhe confere a 
legitimidade enquanto um prestigiado “lugar de fala”, de produção de discurso e de 
sentido que – virtualmente – pode esclarecer os telespectadores. 
Os compromissos financeiros, publicitários, políticos, ideológicos não 
obliteram a sua importância nos espaços intelectuais, no debate econômico, político 
e cultural. Com efeito, a aproximação de fronteiras entre o Roda Viva e a Mídia Ninja 
não deixa de causar formidáveis discussões no âmbito da crítica da economia política 
da mídia. 
5 Cf. Compilação no livro do ex-apresentador, Paulo Markun, O melhor do Roda Viva (2005). 
D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
Os interesses, as intenções, a filosofia e o modus operandi são distintas para a 
velha e a nova mídia e é preciso discerni-las, reconhecendo as virtudes e defeitos de 
cada uma, respeitando as suas limitações e apreciando os seus avanços. 
Antecedentes do Movimento Passe-Livre 
É sempre a experiência vivida, em carne e osso, que informa os pesquisadores 
em mídia, sociedade e política (a salvo em seus laboratórios). Contudo, há um novo 
dado na espessura sociocultural, um ethos midiatizado (SODRÉ, 2002), que imprime 
um novo sentido aos movimentos sociais. Esta experiência dos grupelhos em rede, 
em curso desde o pós-68, retorna com força no século XXI6. 
Com efeito, as manifestações em rede e em tempo real, aquecem a temperatura 
social e têm influência direta nas rotinas do mercado, da política, da educação e demais 
estruturas da vida cotidiana. 
Considerando que o Movimento Passe Livre (jun.2013) parece ser o pivô das 
contestações, convém listar alguns exemplos de luta similares que o precederam, no 
Brasil, para compreendermos o significado dos protestos mais recentes: 
Revolta do Buzu (Salvador, 2003); Revolta da Catraca (Florianópolis, 
2004/2005); Fórum Mundial Social (POA, 2005); Encontro Nacional 
Movimento Passe Livre (S. Paulo, 2006); Luta contra o Aumento 
Transporte (BSB, 2008); Aprovação Passe Livre Estudantil (BSB, 2009) 
/ Ocupação Secretaria de Transportes (SP, 2009); Luta contra Aumento 
Transportes (SP, 2010); Luta contra aumento em SP e outras capitais 
(2011); Lutas na região metropolitana de São Paulo / Jornadas de Junho 
conquistam revogação do aumento em mais de cem cidades (2013). 
In: Cidades Rebeldes, 2013, p. 18. 
Guardando as especificidades locais e históricas, esses eventos têm em comum 
o fato de se realizarem em rede. Isto é, mediados pelos equipamentos interativos 
(celulares, câmeras, notebook) conectados às redes telemáticas de distribuição. 
Não têm lideranças no sentido clássico do termo, seus objetivos são difusos, não se 
restringem a uma única causa, mas enredam-se com outras formas de contestação. São 
movimentos pacíficos, mas freqüentemente atravessados pelas ondas violentas dos 
6 MICHEL MAFFESOLI (entrevista). ‘Vejo esses movimentos como Maios de 68 pós-modernos’. In: 
Jornal O Globo, 22.06.2013. Disponível em: http://migre.me/gmsmh Acesso em: 21.10.2013. 
Mídia, Tecnologia e L 14 inguagem Jornalística
grupos radicais e agentes da repressão infiltrados, que invertem o sentido democrático 
das manifestações. 
15 
Imprensa alternativa e mídia radical: encontros & confrontos 
O jornalismo alternativo, historicamente, tem se empenhado nas formas de 
resistência aos regimes autoritários, como a ditadura de Vargas, a ditadura militar 
e nos protestos (na Nova República e na era Collor). Seja como militância ou 
como sátira, tem atuado na desmontagem e reconstrução do sentido, mostrando 
as formas opressivas e violentas, a exemplo da contracultura digital, hoje em fluxo 
nas redes sociais. Em tempo, caberia citar o livro recente, As Capas da História 
(Ricardo Carvalho, 2013), compilando as capas dos jornais alternativos, que 
podem sinalizar os caminhos estratégicos, as raízes e antenas dos protestos, para 
as novas gerações rebeldes. 
É justo citar os periódicos de resistência, primeiramente para mostrar que os 
jornalistas têm uma tradição de participação nas lutas políticas, mesmo invisíveis na 
construção social da realidade; depois, para mostrar como os atores sociais sempre 
foram sensíveis às narrativas do cotidiano, permanentemente em tensão e conflito. 
Finalmente, cabe mostrar como a Mídia Ninja sofre hoje as mesmas críticas que os 
jornalistas veteranos e as proezas deste grupo netativista já fazem parte do imaginário 
coletivo e da cultura política nacional7. 
O Programa Roda Viva: o Espaço Público Eletrônico 
Dentre os programas de TV, no âmbito da grande mídia, o Roda Viva 
se destaca pela atitude interativa e democrática, e sua dinâmica favorece à 
configuração de um estilo singular de programa de entrevistas; consiste numa 
7 A existência do (circuito) Fora do Eixo, e por conseqüência da Midia Ninja, está atrelada a 
transformações por que passamos nos últimos anos com o surgimento de novas formas de comunicação 
pela internet. Está longe de ser um fenômeno no qual se esgota a possibilidade de compreensão e os 
rumos que pode tomar. Mas, é importante frisar, o FdE, como a Mídia Ninja, é fruto de um momento 
em que está em pauta uma nova maneira de se provocar debates no nível da cultura e no fluxo das 
notícias. Mas parece claro que, como fenômeno de mídia, estamos diante de uma situação que coloca 
em xeque a maneira habitual com a qual lidamos com a comunicação de massa. Na era das redes 
sociais, para o bem e para o mal, o alcance de uma notícia, de um acontecimento contornável, está 
além do que qualquer canal de comunicação antes podia sonhar, até a Rede Globo. Cf. In: site Fora do 
Eixo, 21.08.2013. 
D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
mesa redonda eletrônica, ágil, crítica e questionadora, uma modalidade rara de 
telejornalismo, no ar desde 20028. 
Na atual cultura de convergência, quando os jornais, revistas, rádio, TV, mídias 
impressas e audiovisuais migram para o ciberespaço, cria-se uma hipermídia que 
concorre para a elucidação dos acontecimentos, com novos olhares. Pode-se apreciar 
melhor a atuação das mídias livres, ao se reconhecer que estas abrem o caminho para a 
liberação das vozes e imagens ocultas, historicamente reprimidas, e para a articulação 
dos sistemas mentais e tecnológicos de resposta do coletivo. 
A Mídia Ninja e a mediação do Observatório da Imprensa 
“Os Ninja, capazes de entender o conceito de renovação, poderão dar 
sentido e direção a uma mídia engessada e baratinada”. DINES, OI, 
20/08/2013. 
O desafio de separar as verdades e ilusões no que respeita à reportagem 
dos protestos se coloca, de maneira crucial, para jornalistas, pesquisadores e 
especialistas, considerando-se a atuação das manifestações por todo o país, em 
2013, às vésperas de um ano excepcional, devido à realização da Copa do Mundo 
no Brasil e às eleições. 
Para decifrar o fenômeno, é preciso dissipar as nuvens de dados, fazer uma 
depuração nos arquivos e se eleger um dispositivo de monitoramento das notícias 
em circulação, atento aos movimentos sociais, aos protestos e, ao comportamento 
ético da imprensa, dos jornalistas e profissionais de mídia, incluindo as mídias 
livres. 
Nessa direção se destaca a atuação do Observatório da Imprensa, que serve 
de mediador entre as diversas camadas de informação acerca da Mídia Ninja no 
programa Roda Viva. Primeiramente, porque em sua ambiência comunicacional 
circulam as notícias, narrativas e conversações que atualizam o imaginário político 
nacional; depois porque os comentários e análises dos fenômenos jornalísticos passam 
8 O cenário (do programa Roda Viva) é circular, com três bancadas em terços de círculo, separadas 
por três corredores relativamente estreitos. Atrás das três bancadas, outras três em um nível mais 
alto completam o palco da ação – na forma de dois círculos concêntricos, em meio aos quais ficará o 
convidado, em uma cadeira giratória, de modo a poder voltar-se rapidamente para qualquer ponto desse 
panóptico, de onde lhe virá a próxima questão. A referência ao panóptico não é casual – o convidado 
é visto por todos os lados e não sabe de onde será assestada a próxima pergunta. Cf. BRAGA, 2006. 
Mídia, Tecnologia e L 16 inguagem Jornalística
pelo crivo da crítica rigorosa, avaliação coletiva dos conteúdos e monitoramento dos 
especialistas. 
Jornalistas, educadores e profissionais – em rede – formam uma massa 
cognitiva conectada que legitima o Observatório como vigoroso dispositivo mediador. 
A aparição dos Ninjas na TV, após as manifestações de protesto, em mais de 
cem cidades no Brasil, catalisou a vontade geral de saber acerca dos acontecimentos 
de junho, pelas vozes das multidões, veiculadas pelos Ninjas, testemunhos oculares 
da indignação social. Os Ninjas no Roda Viva consiste num acontecimento marcante, 
pois representa o encontro dos jovens jornalistas engajados com os grandes arcanos 
do jornalismo brasileiro, numa entrevista inflamada e de duração relativamente longa. 
A título de avaliação recolhemos uma lista na internet, sublinhando as dez 
frases mais marcantes nas falas dos entrevistados, que podem esclarecer o significado 
da experiência Mídia Ninja e sua atuação no Roda Viva, que atingiu altos índices de 
audiência, gerando milhares de micronarrativas, de cunho ativista, nas redes sociais. 
“A gente faz jornalismo sim. Acho até curioso que ainda é uma dúvida 
se o que a gente faz é ou não jornalismo.” (Bruno Torturra, respondendo 
se o Mídia Ninja faz jornalismo ou não); “O PSDB tem como política não 
dialogar com os movimentos sociais” (Pablo Capilé, sobre os apoios de 
partidos); “Dependendo do partido é cartel, dependendo do partido é 
quadrilha” (Pablo Capilé, sobre a postura da grande mídia); “Seria mais 
honesto se ela assumisse uma parcialidade” ( Pablo Capilé, sobre a 
imparcialidade da grande mídia); “Não acredito que exista um arauto da 
imparcialidade” (Pablo Capilé, sobre o mesmo assunto); “A grande mídia 
precisa entender que a nova objetividade vem da transparência” (Bruno 
Torturra, sobre a objetividade); “Não somos organizados pelo PT. Não somos 
financiados pelo PT” (Pablo Capilé, sobre o suposto apoio do PT); “É uma 
pauta que a mídia não tem coragem ou não tem estudo suficiente para entrar 
como deveria” (Bruno Torturra, sobre a postura da mídia frente ao assunto 
drogas); “A mídia, em geral, tem muito medo de assumir a obviedade do 
fracasso da guerra às drogas” (Bruno Torturra, sobre o mesmo assunto). 
17 
In: site AdNews, 06.08.2013. 
Mídias velhas, novas mídias e o mito da imparcialidade 
A Mídia Ninja tem sido vista como um processo que traduz uma nova 
modalidade de jornalismo, pois cumpre a função de reportar o acontecimento, 
informar a opinião pública e criar quadros de referência para os telespectadores 
formarem juízos de valor e tomarem decisões. Entretanto, há o problema da 
D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
credibilidade das fontes, há ausência de pautas e falta de elaboração da notícia, como 
na clássica redação de jornal. 
E há também a questão da “imparcialidade”, uma das mitologias das empresas 
jornalísticas, cujas intenções se mostram democráticas, mas são reféns dos interesses 
dos patrões, dos anunciantes, do Estado ou dos grupos ideológicos que o apóiam. 
Ou seja, não há imparcialidade. O comunicólogo Mauro Wolfe, em suas Teorias da 
Comunicação (2001), formula uma crítica do “mito da imparcialidade”, através dos 
conceitos de “agenda setting”, “news making” e “gate keeper”, que revelam as estratégias 
corporativas de “agendamento”, “fabricação” e “blindagem” das notícias. 
Cobraram a “imparcialidade” dos Ninjas e do Grupo Fora do Eixo. Aliás, a 
maior parte da crítica, no que respeita à entrevista, referiu-se justamente à insistência 
dos entrevistadores em bater na tecla do financiamento do projeto Fora do Eixo pelas 
instâncias governamentais, colocando em dúvida a sua suposta autonomia. 
Com efeito, não pouparam os Ninjas quanto às ligações com o PT e os 
poderes instituídos, buscaram ainda vincular suas ações às experiências complexas, 
como a defesa da “legalização da maconha”. Buscaram apontar as contradições 
entre o projeto utópico de autonomia e liberdade, encampado pela Mídia Ninja e 
pelo Fora do Eixo. 
Todavia, é forçoso se reconhecer a qualidade do programa, na medida em 
que instiga o debate no espaço público eletrônico. Mas os Ninjas foram corajosos 
enfrentando os temas-tabus, e sobretudo, falaram com desembaraço e perspicácia. 
Contudo, o programa perdeu a chance de problematizar o fundamental: as 
novas estratégias operacionais e discursivas no âmbito do jornalismo colaborativo, 
o novo empoderamento da esfera pública através das mediações tecnológicas 
que favorecem a ampliação da inteligência coletiva e politização da comunidade 
conectada. 
Os jovens jornalistas Bruno Torturra e o produtor cultural Pablo Capilé, 
fundadores da rede de jornalismo independente Mídia Ninja, realmente 
deram olé nos entrevistadores. Começaram dando um corte perfeito à 
pergunta que o mediador Mario Sergio Conti fez se o que eles fazem é 
jornalismo. Destaque para a resposta que deram à eterna armadilha da 
imparcialidade que a mídia os acusa de não ter, como se algum veículo 
no Brasil fosse imparcial. Expuseram na cara da ombudsman da Folha 
a parcialidade da Folha e de Veja no tratamento do escândalo dos trens 
do Metrô e confrontaram Conti com a parcialidade da TV Cultura 
no episódio da demissão do Heródoto a mando do PSDB. Há outros 
pontos que responderam bem, como a questão do vandalismo durante 
as manifestações. Demonstraram o fracasso da grande imprensa em 
Mídia, Tecnologia e L 18 inguagem Jornalística
tentar entender os manifestantes que fazem o quebra-quebra durante 
os protestos. Conseguiram a todo momento fugir da lógica Fla x Flu a 
que eram empurrados a responder. 
19 
Luis Nassif (blog), 06.08.2013. 
Os depoimentos e conversações sobre os tabus instigam reflexões, 
lançando à esfera do debate ético uma temática tradicionalmente restrita às 
seções do jornalismo policial, aos estudos clínicos, terapêuticos e às revistas 
sensacionalistas. Logo, a entrevista historicamente significa elevação da qualidade 
do debate público na TV. 
A Mídia Ninja é considerada uma forma legítima de jornalismo por muitos 
profissionais de respeito, conforme se pode depreender dos argumentos que se seguem: 
O modelo tradicional de jornalismo anda abalado pelo desenvolvimento 
da web, que veio bem antes dos ninjas e que mudou, de forma drástica, 
a maneira como nos informamos. Na web, todo cidadão pode ser, em 
tese, fornecedor de notícias. O mérito da Mídia Ninja é reunir alguns 
desses cidadãos num projeto comum, oferecendo-lhes o canal para 
chegar ao público; é juntar debaixo do mesmo teto virtual fabricantes 
de conteúdo que, antes, se espalhavam pelas mídias sociais, dando-lhes, 
de quebra, a oportunidade de mostrarem o que vêem em tempo 
real. 
Cora Ronái, O Globo – Cultura, 22.10.2013 
A entrevista dos ativistas do Fora do Eixo e Mídia Ninja, Pablo Capilé 
e Bruno Torturra, no Roda Viva desta segunda-feira (05), demonstra 
com pouca margem à dúvida o total descompasso entre uma parte 
significativa dos velhos jornalistas da velha mídia e a nova realidade 
que se apresenta nas ruas e nas mídias, construída através de luta, 
coletividade e protagonismo popular. 
Jornalismo B (on line), 05.08.2013. 
A disposição de Torturra para abrir o coração em público é, além 
de inspirador, algo bonito e desconcertante. O debate acentuou em 
mim a convicção de que o melhor jornalismo anda lado a lado com o 
compromisso social. Foi assim com os grandes jornais, em especial o 
Jornal do Brasil e o Estado de S. Paulo, que souberam aliar a qualidade 
jornalística com a escolha do lado mais inglório durante o regime 
militar: o lado dos que se opunham ao arbítrio imposto pela força e pela 
tortura. Ou com a variada e criativa imprensa alternativa que floresceu 
sobretudo nos anos finais da ditadura. Ou com a Folha de S. Paulo dos 
anos 70 e 80, que, primeiro, levou pluralidade e inteligência para as 
D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
páginas de opinião e, depois, a audácia de se engajar no movimento 
pelas diretas-já, também na contramão do poder. O Brasil de 2013 
é um poderoso convite para que todos nós – jornalistas, veículos e 
profissionais de comunicação em geral – lembremos que jornalismo 
é, acima de tudo, serviço público. Quando o público começa a botar 
fogo nos carros das empresas em que trabalhamos ou a nos hostilizar 
com palavras e gestos, é porque, apesar dos nossos melhores esforços 
(porque ô turminha que rala…), o nosso show não está agradando. 
Por que será? 
Congresso em foco (site), 06.08.2013 
Entretanto cumpre estabelecer aqui os termos de uma abordagem do tema, 
Mídia Ninja no Roda Viva, reconhecendo a sua complexidade. Lançamos um olhar 
sobre o fenômeno, percebendo que este traduz os depoimentos dos jovens empenhados 
na publicização e compartilhamento das imagens dos protestos, e confrontos policiais, 
de maneira direta, sem a mediação das empresas jornalísticas e deste modo, fundam 
um novo modo de “ver” e de “mandar ver” (FAUSTO NETO, 2006). 
Como eles próprios afirmam, são vetores de novas narrativas midiáticas, 
que vão fundo nas tensões e conflitos da vida social. Mais do que isso, suas ações 
comunicativas são performativas, isto é, levam os atores sociais a pensar, falar e agir, 
indicando-lhes o caminho seguro e a metodologia de ataque. Os Ninjas geram redes 
de comunicabilidade e encorajam as biolutas, resistências e ocupações, cuidando de 
defender a segurança dos manifestantes, dando-lhes voz e visibilidade, o que propicia 
a emergência de novas reflexões, narrativas e ações afirmativas que enfrentam os 
poderes opressivos. 
É exemplar, neste sentido, o compartilhamento do vídeo do Ninja no camburão, 
preso arbitrariamente, durante o protesto, em São Paulo, e em seguida liberado, graças 
ao apoio popular estimulado pelas imagens da Pós-TV e da Mídia Ninja. 
Não é muito fácil compreender o sentido da Mídia Ninja, principalmente 
porque sua base ideológica operacional – o circuito Fora do Eixo – está ligada a 
uma polêmica que envolve aspectos legais, financeiros, ideológicos e políticos pouco 
claros; além disso, há a questão controversa da sua proximidade com os Black Blocs 
(vistos pela grande mídia como “vândalos” e “baderneiros”, o que merece uma análise 
particular). 
No contexto geral da experiência política atual, há várias camadas de sentido, 
multiplicidade de interesses e ações controversas, no plano da ética, do Direito, da cognição 
e da política. Neste sentido, a filosofia e ciência da linguagem, formulada por Mikhail 
Bakhtin (1995), pode nos ajudar a elaborar uma hermenêutica (uma interpretação) para 
Mídia, Tecnologia e L 20 inguagem Jornalística
apreendermos o sentido da “atual complexidade histórica”, pelo viés de um “princípio 
dialógico”. Há pluralidade com relação aos efeitos de verdade que nos chegam através das 
várias mídias e mediações sociais; há uma “polifonia de vozes”. 
Os fatos envolvem as noções de público e privado, subjetividade e objetividade, 
vontade e legislação, liberdade e neoliberalismo, direitos e deveres. E o expediente 
hermenêutico pode nos orientar e ajudar a repensar a reportagem dos acontecimentos 
pelas mídias livres e mídias tradicionais, assim como as relações entre a comunicação 
atrelada ao mercado e a comunicação empenhada na justiça social. 
Quanto à Mídia Ninja como um novo estilo de jornalismo, aí se faz necessário 
ir mais fundo, discutindo dialeticamente (dialogicamente) o papel histórico do 
jornalismo. Ou seja, ao mesmo tempo, como um braço do capitalismo e extensão da 
gestão política vigente, e como um canal da liberdade de expressão, reivindicação, 
ocupação e protesto. E quanto ao Roda Viva, não se pode negar a legitimidade de 
um discurso que, historicamente, tem sido responsável pela manutenção do princípio 
democrático. 
É preciso avaliar o programa Roda Viva, respeitando a sua história como 
uma referência importante no imaginário político nacional. O que não nos exime 
de fazer a sua crítica - por exemplo - no que respeita à sua falta de visão acerca do 
empoderamento coletivo gerado pela Mídia Ninja. Mas é preciso também discutir 
como as novas mídias tentam superar as antigas limitações jornalísticas, tais como 
as hierarquias, o clientelismo, as editoriais cooptadas, a mercantilização da notícia, o 
dead line e o desequilíbrio na sua divisão social do trabalho. Os Ninjas articulam uma 
linguagem ágil, instantânea, em duração contínua, assegurando a captura dos fatos 
em tempo real. 
É preciso enfrentar o estado atual da crise do jornalismo (no tocante à 
economia, à política e à linguagem), e simultaneamente, reconhecer o valor 
das novas técnicas e linguagens jornalísticas se desenham com as novas mídias 
móveis e interativas. Isto tem sido feito pela Mídia Ninja, que – economicamente 
– se estrutura a partir de outra matriz organizacional (criativa, independente, 
comunitária). 
A Mídia Ninja desafia o poder do Estado e seus aparelhos ideológicos, pois 
se recusa a dar espaço às mídias capitalistas. Mas libera espaço, voz e visibilidade 
às narrativas populares e às multidões nas ruas, além de defendê-los da violência 
policial e dos grupos extremistas, pois – usando as telas e redes compartilhadas 
- revela o mapa dos conflitos, alertando para as zonas de perigo e de segurança 
pública. 
21 
D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
O fato de a TV Cultura trazer os “rebeldes” para o centro da cena já implica 
numa situação política favorável aos movimentos alternativos, pois, segundo Foucault 
(Microfísica do Poder, 1985), dar voz e visibilidade já é conferir poder, mesmo que as 
intenções e estratégias dos entrevistadores – de algum modo – possam a prejudicar a 
imagem, o significado e a qualidade do trabalho da Mídia Ninja. 
Enfim, a Mídia Ninja no Roda Viva é uma experiência de valor jornalístico, 
cognitivo e ético-político, porque face ao debate gerado na ambiência conversacional, 
durante a entrevista, brotam camadas de sentidos reveladoras, a partir das próprias 
controvérsias que envolvem a experiência política dos protestos e sua midiatização. 
Para concluir 
É preciso perceber a importância da transparência que resulta das guerras e 
divisões de linguagem travadas na praça pública (em níveis presenciais e virtuais). 
As visões compartilhadas – pelas mídias e redes sociais – do comportamento dos 
manifestantes, do Estado e das forças repressivas constituem um fato inédito na 
história da comunicação e da cultura política. As telas e redes totais, instantâneas, 
ubíquas e virais, forçam o agenciamento político de respostas dos poderes públicos às 
reivindicações – por mais que estas se manifestem dispersas e difusas. É importante 
perceber a positividade resultante das convergências sociais e tecnológicas: as 
mediações feitas pelas mídias clássicas e as ocupações do espaço público pelas 
redes alternativas, conjuntamente transportadas para o domínio efervescente do 
Observatório da Imprensa, permitem-nos acessar um rico material que se oferece à 
interpretação, distinguindo os níveis de qualidade das experiências, em seus matizes 
éticos, políticos, cognitivos e comunicacionais. Deste modo, vale a pena ver, rever, 
desmontar e remontar as imagens e vozes das mídias livres, como a Mídia Ninja, 
dentro e fora do Roda Viva. 
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WOLFE, M. Teorias da Comunicação. Lisboa: Presença, 2001. 
25 
D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e 
cobertura de protestos “ao vivo” e da rua 
Mídia, Tecnologia e L 26 inguagem Jornalística 
Fernando Firmino da Silva1 
Adriana Alves Rodrigues2 
Resumo 
O texto contempla a interface jornalismo e mobilidade, observando 
a inserção das tecnologias digitais e redes sociais móveis na 
cobertura dos protestos, a exemplo das “jornadas de junho” (Brasil, 
2013), greve dos garis (Carnaval do Rio, 2014) e manifestações 
#NaoVaiTerCopa. Observa a atuação da Globo News e Folha de São 
Paulo, e da independente Mídia NINJA, e examina as coberturas, 
considerando as mudanças no jornalismo, com o advento das 
tecnologias móveis, convergência e mobilidade. Parte da premissa 
que a NINJA promoveu mudanças nas estratégias da mídia 
corporativa, que adotou os seus métodos de transmissão. 
Assim, o trabalho explora a tensão entre jornalismo tradicional 
e jornalismo alternativo, a forma e o sentido da cobertura dos 
protestos baseada em tecnologias 3G e 4G, smartphones, drones e 
tecnologias vestíveis como o Google Glass. 
1 Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia - 
UFBA. Professor do Departamento de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Estadual 
da Paraíba (UEPB). Pesquisador membro do Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente da 
Faculdade de Comunicação - FACOM/UFBA. E-mail: <fernando.milanni@gmail.com>. 
2 Mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia - UFBA. 
Professora do Departamento de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Estadual da 
Paraíba - UEPB e curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Jornalismo e Convergência Midiática da 
Faculdade Social da Bahia - FSBA. Email: adrianacontemporanea@gmail.com
27 
Introdução 
As tecnologias móveis digitais - no espectro da relação conceitual entre 
jornalismo e mobilidade3 - estão cada vez mais evienciadas nas operações das 
organizações jornalísticas como Folha de S. Paulo e de movimentos cidadãos como 
Mídia Ninja. Em ambas situações, há a caracterização do uso intensivo de smartphones, 
tablets, celulares, conexões de redes sem fio como 3G, 4G, Wi-Fi e aplicativos de 
streaming na cobertura de eventos em tempo real. Para o jornalismo, o contexto 
se mostra propenso à reflexão em torno das metamorfoses na prática jornalística 
e, consequentemente, sobre o impacto no campo da pesquisa em comunicação 
(metodologias, teorias, referências e aplicações). 
O “admirável mundo novo” se mostra mais complexo quando se faz uma 
análise mais criteriosa da relação entre o jornalismo e a mobilidade, considerando as 
tecnologias móveis em perspectiva epistemológica e sociotécnica. 
A complexidade da cobertura de acontecimentos, como os protestos de 
junho de 2013 e a greve dos garis, no Rio de Janeiro, em março de 2014, apresenta 
desafios no processo de apuração, edição e difusão das notícias, pois se reveste de 
uma nova processualidade na rotina jornalística. De algum modo, o contexto remete 
às dimensões políticas, tecnológicas, comunicacionais e profissionais que envolvem o 
debate suscitado pela mobilidade expandida e a convergência jornalística. 
No que se refere aos estudos de jornalismo, especificamente, a partir da nossa 
pesquisa, de natureza empírica, percebemos que o contexto atual tem ensejado uma 
série de problematizações. A partir das experiências observadas, reconhecemos novas 
reconfigurações no campo, provocadas pelas tecnologias da mobilidade e pelas novas 
narrativas4 que se desdobram no espaço público. 
Anteriormente, os conflitos e guerras traziam em si a delimitação geográfica 
de um front definido e campos de batalha com fronteiras demarcadas. Hoje, o cenário 
3 Quando tratamos dos conceitos de jornalismo e mobilidade nesse trabalho, nos referimos à dimensão 
da mobilidade dentro do jornalismo numa acepção histórica e, ao mesmo tempo, renovada para o 
enquadramento a partir das tecnologias móveis e as formas de transmissão. Como aproximação para 
o panorama atual podemos traduzir o jornalismo e a mobilidade como compreensão do jornalismo 
móvel com a consideração de uma modalidade de jornalismo sendo realizada, em seus rituais, em 
condições de mobilidade (física e informacional). 
4 Não seria exagero afirmar que as transmissões ao vivo por celular ou smartphone observadas em 
circunstâncias como as dos protestos no Brasil e em várias partes do mundo inauguram (ou ampliam) 
uma nova estética de narrativa de caráter jornalístico com a introdução de elementos novos que 
provocam olhares e mudanças para e no “ao vivo” consagrado pela televisão. A instantaneidade, a 
hiperrealidade das imagens e o movimento do deslocamento na ação trazem à tona experiências 
ambivalentes que merecem uma investigação de natureza empírica e reflexiva. 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
de “guerra” está também nos centros urbanos, exigindo coberturas jornalísticas ou de 
midialivrismo com aparato similar ao de repórteres correspondentes em circunstâncias 
como a Guerra do Iraque. 
O empoderamento de jovens ativistas (CASTELLS, 2009) através da apropriação 
de tecnologias móveis, redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram, aplicativos de 
streaming) e outros dispositivos visam a transmissão ao vivo (smartphones e tecnologia 
3G e 4G) exige, igualmente, o “aparelhamento” da mídia tradicional para fazer frente à 
instantaneidade e ao volume de notícias em circulação. Concorre nesse processo, o uso 
das redes pelos cidadãos, sob o efeito da “compressão espaço-temporal” (HARVEY, 
1992) e da condução de novas narrativas com o enquadramento “ao vivo”, “do agora”, 
“da rua”, “sem filtro”. 
No caso da mídia tradicional, vimos a relevância desse aspecto sendo levado a 
cabo como contraponto à midialivrista ou a incorporação da produção de conteúdos 
desta, como reconhecimento do trabalho ágil de ativistas e cidadãos com seus 
equipamentos portáteis e instantâneos subvertendo a lógica da grande mídia. 
Figura 1 - Forte presença do Mídia Ninja nas redes sociais com o 
compartilhamento de conteúdos 
Fonte: captura de tela5 
Nesse sentido, o artigo versa sobre a extensão pragmática que os novos 
dispositivos implicam para a prática jornalística e a visualização do tensionamento 
existente entre os repórteres profissionais das organizações jornalísticas tradicionais 
e os “repórteres-ninjas” no tocante aos formatos ou narrativas de cobertura dos 
protestos. Sendo assim, formulamos duas questões problematizadoras no sentido de 
estabelecer uma discussão no horizonte e um enquadramento analítico: (1) De que 
modo a apropriação das tecnologias móveis digitais, com a expansão da mobilidade, 
interfere no jornalismo e suas práticas nas coberturas de protestos e conflitos na 
5 Disponível em http://midianinja.tumblr.com/ . Acesso em 21 mar. 2014 
Mídia, Tecnologia e L 28 inguagem Jornalística
consideração da atuação dos repórteres das organizações jornalísticas e dos repórteres 
ninjas das organizações ativistas? (2) Em que implica para o jornalismo as narrativas 
em tempo real via streaming observadas durante a cobertura das manifestações tanto 
por meio de repórteres profissionais dos veículos de comunicação tradicionais quanto 
de repórteres ninjas? 
No âmbito do capítulo, tratamos o debate a partir de conceitos como 
convergência (JENKINS, 2009; BARBOSA, 2009), mobilidade (URRY, 2007; LEMOS, 
2009; KELLERMAN, 2006), jornalismo móvel (SILVA, 2013; QUINN, 2009), redes 
sociais (RECUERO, 2013) e midialivrismo (MALINI; ANTOUN, 2013; ALMEIDA; 
EVANGELISTA, 2013), arregimentados para a compreensão dos novos tensionamentos 
e controvérsias visualizados nesse panorama, em desdobramento por meio da atuação 
no epicentro dos protestos na perspectiva da cibercultura e da sociedade em rede 
móvel (CASTELLS et al., 2006) que emerge como paradigma. 
A partir desses conceitos e do referencial do estado da arte, abordamos a 
cobertura de manifestações colocando também em cena, para o arcabouço teórico 
de exploração, a noção de mediadores humanos e não-humanos (LATOUR, 
2005; LEMOS, 2013) de modo a conceder visibilidade às associações nem sempre 
perceptíveis nas ações netativistas. 
Lemos (2013), a partir da Teoria Ator-Rede6, defende que há mediadores 
não-humanos atuando em ações e formados por “objetos inteligentes, computadores, 
servidores, redes telemáticas, smart phones, sensores e etc” (LEMOS, 2013, p.20). 
Logo, não podemos deixar de reconhecer o aspecto da relação ator-rede, ao 
examinarmos a complexa rede híbrida presente nos processos sociopolíticos e que 
podem ser remetidos a outras situações, como a cobertura dos “protestos de junho 
2013”, com os actantes humanos (ativistas, manifestantes, policiais, jornalistas) e não-humanos 
(smartphones, drones, Google Glass).7 
Não obstante, esse processo inclui a convergência jornalística em sua 
6 A Teoria Ator-Rede tem sua gênese na década de 1980 a partir de Bruno Latour, Michel Callon, 
Madeleine Akrich, John Law, Wiebe Bijker voltada para os estudos em torno da ciência e tecnologia 
com influência de Foucault, Deleuze e Guattari, Michel Serres e Gabriel Tarde. Se constituiu em uma 
crítica à sociologia, mais especificamente à noção de sociologia do social. No artigo, não faremos 
uma aplicação metodológica ou teórica da Teoria Ator-Rede, mas não deixaremos de mencionar as 
aproximações. 
7 Outro exemplo de atuação de actantes não-humanos no jornalismo pode ser ilustrado com o caso em 
que a primeira notícia sobre o terremoto nos Estados Unidos, em março de 2014, foi produzida por 
um “robô-jornalista”, que se utilizando de inteligência artificial por meio de algoritmos, extraiu dados 
de forma instantânea dos computadores do Serviço de Pesquisa Geológica do país. O jornalismo de 
dados começa a avançar por sistemas inteligentes não-humanos para a produção de conteúdo original. 
In: Portal Imprensa, 18.03.2014. Disponível em <http://migre.me/kcz8w> . Acesso em: 18 mar. 2014 
29 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
conjuntura (mudanças no jornalismo, perfil profissional, estruturação das redações, 
adoção intensiva de tecnologias, emergência de repórteres cidadãos) e se constitui em 
um operador analítico pertinente capaz de adentrar o cenário em busca de respostas 
e de compreensão das transformações em curso. 
Com as redações em processo de integração (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008; 
BARBOSA, 2009), na perspectiva da cultura de convergência defendida por Jenkins 
(2009), o trabalho multiplataforma enxerga, nas tecnologias móveis e redes sociais 
móveis, angulações para o cumprimento da “atualização contínua” das plataformas 
online e móvel. 
Nessa abordagem de atuação, o jornalismo tradicional ancorado pela 
cobertura por tecnologias de transmissão instantânea busca no smartphone e no 
drone uma atuação de proximidade com a mídia independente como o Mídia Ninja, 
como forma de reposicionamento do seu aspecto de inovação e confiabilidade para 
manter credibilidade junto ao público. Ao adotar novos instrumentos de trabalho, as 
rotinas dos repórteres se alteram para o viés multitarefa e polivalente, cujo aspecto é 
visto por Kischinhevsky (2009) como um impacto sobre o fazer jornalístico à medida 
que sobrecarrega os repórteres ao tentar naturalizar essas multifunções como aspecto 
incorporado da rotina de produção. 
Portanto, o processo de convergência nas redações com a incorporação 
das tecnologias móveis digitais ou as tecnologias vestíveis, a exemplo do Google 
Glass (utilizado pela Folha de S.Paulo) conduz o trabalho do repórter para um 
comprometimento da produção e da prática jornalística em condições de mobilidade, 
por um lado, e para a potencialização ou otimização da produção (SILVA, 2013). 
Essa conjunção de fatores e de artefatos/objetos enriquece o debate em torno 
das controvérsias, de modo a demarcar a discussão em dimensões de análise como 
lugar, mobilidade, convergência, actantes, redes sociais com enfoque central no 
jornalismo móvel. 
Para aprofundar esses aspectos centrais desdobramos uma tentativa de 
compreensão perpassando pela natureza do que está em cena, na abordagem como o 
lugar e a mobilidade porque, de fato, é pertinente essa relação quando enquadramos a 
cobertura das manifestações através da modalidade do jornalismo móvel, considerando 
o locativo como um dos fatores à medida que o local é expressamente delimitado em 
algumas transmissões ou postagens de conteúdos através das redes sociais móveis ou 
do streaming realizado em tempo real. 
Mídia, Tecnologia e L 30 inguagem Jornalística
31 
A dimensão do lugar na emissão em mobilidade 
A experiência de jornalismo móvel vincula-se ao hiperlocal, ao lugar da 
emissão. Mobilidade e lugar são dois conceitos-chaves para pensar sobre a produção 
jornalística geolocalizada que se utiliza de ambas vertentes: a mobilidade e o lugar. 
Para Medeiros (2011) a comunicação locativa restabelece a “relevância do lugar na 
comunicação” 
Em decorrência do uso dos artefatos móveis digitais como celulares, 
notebooks e tablets, surge uma forma de comunicação - a Comunicação 
Locativa - caracterizada pelo envio de informações que emanam do 
lugar diretamente para estes dispositivos, capaz de retomar o alto grau 
de relevância do lugar na comunicação. (MEDEIROS, 2011, p.26). 
O lugar, portanto, se relaciona diretamente com o fenômeno da mobilidade 
com suas múltiplas concepções e interdisciplinaridade (sociologia, urbanismo, 
geografia, comunicação, entre outras disciplinas), trazendo novas implicações para o 
campo da comunicação, em particular o jornalismo, com as dimensões associadas à 
produção e à difusão de conteúdos, como durante as apropriações das manifestações 
no Brasil com a emissão do lugar dos acontecimentos como um fator de “realidade” e 
de expressão do lugar dos confrontos. 
Para Urry (2007) a mobilidade pode ser pensada como movimentos físico, 
imaginativo e virtual. Assim, a mobilidade física e informacional enquadra-se na 
perspectiva aqui delineada, à medida que a reportagem ou o consumo de informações 
está carregado de potenciais da expansão da mobilidade, por meio de dispositivos 
móveis digitais e redes conectadas, que também são redimensionadas pelo jornalismo 
independente ou participativo. 
Uma das condições para compreensão desse contexto é o jornalismo móvel 
digital8, (SILVA, 2013) enquanto modalidade que incide sobre as rotinas produtivas 
dos jornalistas, sobre as formas de consumo (CUNHA, 2012) e, ao mesmo tempo, 
condiciona uma estrutura móvel calcada em tecnologia portátil para apropriações dos 
cidadãos como vista pelo Mídia Ninja e em outras coberturas pelo mundo (Primavera 
Árabe, Occupy Wall Street) com o movimento de pessoas, objetos e informações 
8 O conceito de jornalismo móvel digital é compreendido aqui como a prática jornalística baseada no 
uso de tecnologias móveis digitais como tablets, smartphones e celulares, além do conjunto de conexões 
sem fio a exemplo da tecnologia 3G, 4G, Bluetooth, Wi-Fi. Essa estrutura móvel de produção pode 
ser utilizada tanto no jornalismo profissional das organizações jornalísticas, quanto apropriada pelos 
cidadãos para a cobertura com valor jornalístico. 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
(URRY, 2007), com o enunciado da relação de hibridismo entre humanos e não-humanos 
defendida por Latour (2005). 
O jornalismo móvel, numa dimensão histórica, pode ser localizado no trabalho 
dos correspondentes de guerra e no trabalho dos repórteres de agências de notícias 
(MATHESON; ALLAN, 2009; SILVA JUNIOR, 2006) como no caso da cobertura 
no Afeganistão em 2001 e no Iraque com o uso de videofones (celular via satélite, 
notebook) para transmissão ao vivo direto do front para televisão a exemplo do uso 
feito pela CNN e TV Globo. Para Pedro (2009) essa construção pode ser considerada 
“uma nova narrativa de guerra” baseada na tecnologia móvel. 
A cobertura de TV, com a presença do repórter e da tecnologia móvel, 
não deixa dúvidas de quando a guerra está acontecendo nem onde. 
São utilizadas as imagens ao vivo do “teatro de operações”, via satélite 
através do videofone, de onde quer que o repórter queira estar, para os 
telespectadores nos seus respectivos sofás (PEDRO, 2009, p.1). 
Neste sentido, nossa tese é de que a cultura do jornalismo móvel reposiciona o 
sentido de ‘lugar” na intersecção entre os artefatos e a mobilidade expandida presentes 
na produção de campo na espacialização construída no nexo entre jornalismo móvel 
e jornalismo locativo numa relação tênue oriunda das apropriações das tecnologias 
móveis digitais. Defendemos que as notícias breaking news, através de elementos 
de geolocalização, a temperatura do acontecimento no lugar, os elementos visuais e 
sensoriais do lugar ( vídeos, imagens e áudio) e o repórter no lugar, redimensionam 
a mobilidade informacional e da mobilidade física (KELLERMAN, 2006). Deste 
modo, temos uma relação tênue entre jornalismo móvel e jornalismo locativo a ser 
considerada. 
Primeiramente, pressupõe-se que o jornalismo móvel tem impacto direto 
sobre o breaking news ou hard news tendo em vista que as possibilidades de 
atualização imediata do lugar, remota e “deslocada” se efetiva nas condições do 
exercício do repórter em mobilidade que o aparato portátil digital permite (a exemplo 
do smartphone e tablet). 
Em segundo lugar, a conexão em nuvem dilui a fronteira entre o local de 
apuração e o local de distribuição (antes, concentrado na redação física) gerando 
um espaço de fluxo contínuo entre a redação física e a redação móvel, de modo a 
estabelecer uma nova dinâmica. 
Esses dois sentidos também podem ser atribuídos ao trabalho da Mídia Ninja 
tendo, inclusive, o estabelecimento de outra relação pelo envolvimento mais imersivo 
Mídia, Tecnologia e L 32 inguagem Jornalística
nas narrativas de proximidade. Para tal, poderíamos chamar de “ambivalência móvel” 
no sentido de atribuição indiferente do lugar (físico, em movimento). O lugar adquire 
um novo significado comunicacional e pertencimento temporário a essa notícia no 
contexto (o deslocamento, a geolocalização, presença in loco do repórter), seja nos 
meios tradicionais ou na mídia alternativa como a Mídia Ninja que a observação 
empírica do fenômeno revela. 
33 
Mídia Ninja e jornalismo: narrativa em movimento ao vivo por smartphone 
As manifestações de junho de 2013 trouxeram uma nova repercussão para 
o uso de tecnologias móveis na cobertura jornalística. De um lado, o movimento de 
jornalismo alternativo do Mídia Ninja, com o uso de smartphones com tecnologia 
3G e 4G na cobertura coletiva e em tempo real através de aplicativos de streaming 
como o Twitcasting e a articulação em redes sociais; por outro lado, a cobertura da 
mídia tradicional como da Globo News com smartphones e da Folha de S.Paulo com 
experimentações como o uso de drones9 para visão aérea e da tecnologia Google Glass 
com transmissão em tempo real (figura 2). 
Figura 2 - Folha transmite ao vivo via Google Glass 
Fonte: captura de tela10 
9 Drones são pequenas aeronáveis não tripuladas, utilizadas em conflitos e apropriada para o jornalismo 
para coberturas aéreas através da instalação de câmeras portáteis. 
10 Cf. Folha de S. Paulo, 15.08.2013. Disponível em: <http://migre.me/kczpUl>. Acesso em: 02.03.2014 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
No caso do drone, a equipe da Folha de São Paulo acoplou um celular ao 
equipamento para captura de imagens panorâmicas e aéreas. Estas duas tecnologias - 
drones e Google Glass - alteram o modus operandi dos repórteres porque instauram 
novos modos “de ver” os eventos ou novos modos “de construção” da notícia. Além da 
Folha de S.Paulo, posteriormente os repórteres da Globo News se utilizaram da mesma 
estratégia do Mídia Ninja e construíram suas narrativas de dentro das manifestações, 
podendo assim transmitir o “calor dos acontecimentos”. 
Para Antonio Brasil (2013), os repórteres “ninjas” globais enveredaram 
pelo processo de convergência na transição da televisão para a Internet com um 
telejornalismo baseado no ao vivo pelo celular como uma estratégia emergente. 
Os ninjas globais não subiram nos telhados ou restringiram a cobertura 
às cabines dos helicópteros. Trata-se de uma grande evolução da 
estratégia “abelha” de cobertura jornalística para TV. No passado, 
outros repórteres como Aldo Quiroga, na TV Cultura de São Paulo 
e Luís Nachbin, na Globo, para citar poucos exemplos, adotaram 
essa nova forma de narrativa audiovisual – mas jamais transmitiram 
eventos ao vivo pela TV. (BRASIL, 2013, n.p) 
Nessas circunstâncias, a rotina dos repórteres envolve novos elementos na 
narrativa dos fatos com uma imersão maior sobre a cena e os personagens, além de 
exigir um perfil profissional distinto (polivalente, multitarefa, multimídia e móvel). 
São arranjos de caráter profissional e tecnológico que determinam um olhar sobre o 
habitus do jornalista (BOURDIEU, 1989). 
A conexão em rede, o uso de tecnologias móveis digitais e as apropriações 
das redes sociais como disseminadoras de informações e modo de interação mediada 
por celulares e smartphones trazem uma ressignificação para a narrativa televisiva e 
para os movimentos como no caso dos protestos numa relação estreita entre o espaço 
urbano e a conexão generalizada que se verifica. 
Os movimentos sociais contemporâneos ganharam roupagens novas 
na sociedade do século XXI ao engajarem suas práticas e formas de 
mobilização em outra esfera pública, agora, conectada e em Rede. As 
transformações das tecnologias digitais na vida social amplificam, 
deste modo, os rearranjos comunicacionais num contexto contínuo de 
mutações. (RODRIGUES, 2013, p.32). 
Assim sendo, a exploração das tecnologias móveis, aliada à mediação pelas 
redes sociais móveis, é determinante no que se refere à disseminação das informações, 
Mídia, Tecnologia e L 34 inguagem Jornalística
em contexto de mídias com funções pós-massivas11 e ocupação do espaço urbano 
por parte dos manifestantes. Munidos de celulares, smartphones e outros dispositivos 
móveis, o Mídia Ninja12 amplificou a cobertura dos protestos sob uma perspectiva 
de mostrar os acontecimentos sem corte e sem filtros, revelando a realidade das ruas 
marginalizadas e ignoradas pelos meios de comunicação de massa. Essa forma de 
atuação é denominada por Malini e Antoun (2013) como “midialivrismo” 13. 
No contexto da cibercultura e da filosofia da cultura hacker, trata-se de ações 
ciberativistas que produzem e compartilham processos no âmbito das tecnologias 
digitais, sem intermediações ou hierarquia das corporações midiáticas. “O midialivrista 
é o hacker das narrativas, tipo de sujeito que produz, continuamente, narrativas 
sobre acontecimentos sociais que destoam das visões editadas pelos jornais, canais 
de TV e emissoras de rádio de grandes conglomerados de comunicação.” (MALINI; 
ANTOUN, 2013, p. 23). 
Ao refletir sobre o conceito de midialivrismo14, percebem-se novas 
possibilidades na emissão de conteúdos em rede, em distintas plataformas 
comunicacionais (sites, blogs, Youtube, sites de redes sociais), sendo uma alternativa 
aos meios de comunicação de massa, e com isso, amplificando sua rede de informação 
e compartilhamento. Em perspectiva semelhante, pode-se afirmar que os repórteres 
ninjas (figura 3) exercem aspectos do midialivrismo, ao realizar a cobertura dos 
11 Para Lemos (2010), mídias com funções pós-massivas são aquelas sem um controle do “fluxo 
centralizado da informação” como ocorre com os meios de comunicação de massa. Na perspectiva das 
mídias com funções pós-massivas “qualquer um pode produzir informação”, ou seja, há uma liberação 
do pólo de emissão. 
12 Mídia Ninja (denominação para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) é um grupo ativista 
criado em 2011 e participante do Coletivo Cultural Fora do Eixo. Os ativistas procuram fazer uma 
cobertura aberta e em contraposição à mídia tradicional. A partir das transmissões ao vivo dos 
protestos em junho o grupo se consolidou. 
13 Entretanto, apesar do termo ser uma contraposição (inclusive ideológica) aos meios de comunicação 
de massa e sua forma de atuação, acreditamos que o cenário ideal é o composto por uma paisagem 
midiática em que possa coexistir ambas as esferas: a mídia tradicional e a mídia independente como 
modelo de democracia. Neste sentido, o público tem a oportunidade de conviver com diferentes fontes 
de informação e, deste modo, construir sua posição sobre os diferentes temas da atualidade. Neste 
aspecto, a digitalização e as redes digitais quebraram o monopólio abrindo espaço para a liberação do 
pólo emissor (LEMOS, 2010) com a participação do cidadão que pode confrontar pontos de vista nesse 
ambiente. 
14 A noção de mídia livre, conforme explorado pelo movimento do Mídia Ninja, já vinha sendo 
explorado pelo Centro de Mídia Independente (CMI), conhecido também como Indymedia, surgido 
em 1999 por organizações e ativistas de mídia independente em Seatle que teve papel essencial na 
cobertura de protestos contra a Organização Mundial do Comércio - OMC. O Intervozes é uma das 
iniciativas vinculadas ao midialivrismo ou o Occupy Wall Street, além da Primavera Árabe. 
35 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
protestos disponibilizando em live streaming em seu canal no Youtube15. Sem dúvida, 
estamos diante de novas narrativas que precisam ser problematizadas nos estudos do 
jornalismo. 
Figura 3 - Um dos idealizadores do Mídia Ninja, Bruno Torturra, 
na cobertura dos protestos 
Fonte: captura de tela16 
A partir das transmissões ao vivo dos protestos pelo Mídia Ninja, as imagens 
tentam revelar o lado “B” das manifestações, muitas vezes não explorado na mídia 
massiva, razão pela qual eles declaram praticar um jornalismo nu e cru e divulgar 
fortemente em seus canais digitais. Neste modelo de ação colaborativa, não há 
restrições para ser um repórter ninja ou um transmissor, para tal, pode-se munir-se 
de celulares, estar acompanhando as manifestações e fatos sociais e transmitir ao 
vivo pelo TwitCasting. A ideia é que mais repórteres-ninja se aglutinem no Mídia 
Ninja para expandir as transmissões aumentando a capilaridade do movimento em 
coberturas para uma pulverização comunicacional. Para Malini (2014) emerge o que 
ele denomina de “nova grande mídia”17 como antagonista aos meios de comunicação 
de massa dominantes. 
15 Canal oficial do Mídia Ninja no YouTube: http://www.youtube.com/user/7VHD 
16 Cf. YouTube. Disponível em: <http://migre.me/kczCw>. Acesso em: 02 01.2014 
17 Malini (2014) constrói o seu argumento de nova grande mídia a partir de pesquisa empírica de 
seleção de 300 canais que atuam como divulgadores de ações midialivrista na rede social Facebook. 
O autor obtem como resultado do cruzamento de dados de que esses 300 canais arregimentam em 
torno de 15 milhões de usuários. Deste modo, conclui Malini, estaríamos diante de uma nova grande 
mídia funcionando fora do circuito tradicional de formação da opinião pública. Numa comparação já 
estabelecida na década de 2000, seria algo como blogosfera e mídiaesfera. 
Mídia, Tecnologia e L 36 inguagem Jornalística
Essa GRANDE MÍDIA não parece ser dialética, não mais depende de 
qualquer sistema de comunicação de massa para se constituir. E a rede 
já possui a cerca de 15 milhões de usuários. Mas deve ser mais, porque 
se estes usuários compartilharem apenas um post de uma dessas 
páginas, o alcance se multiplica. As páginas são o núcleo da emissão 
de mensagens no Facebook. E os perfis individuais, as células que 
ecoam, por meio do compartilhamento, esses conteúdos. (MALINI, 
2014, n/p). 
Em entrevista para a Revista Brasileiros18, um dos idealizadores da rede 
colaborativa do Mídia Ninja, Bruno Torturra, explica que a prática do jornalismo 
alternativo não diminui a importância da grande mídia na sociedade, e vê com bons 
olhos quando as imagens dos repórteres-ninja são exibidas na mídia massiva, uma vez 
que estão contribuindo para “ fazer a diferença” para a cobertura de uma “narrativa 
ética”. Para Torturra, o objetivo maior não é monetizar o movimento, mas fazer justiça 
social a partir de sua logística. “O que realmente nos interessa é que um inocente não 
seja preso, que o policial saia para a rua identificado, que a gente saiba de onde partem 
os comandos e que o governo se responsabilize pessoalmente ou aponte um culpado 
quando problemas dessa natureza são revelados”. (TORTURRA, 2013, on line). Além 
da cobertura em mobilidade e em tempo real praticado pelo Mídia Ninja, através de 
smartphones com conexões sem fio, a apropriação e sites de redes sociais tem sido um 
ponto de congruência das manifestações e como espaço conversacionais e divulgação, 
alterando o panorama midiático contemporâneo. 
[...] a metáfora da rede, assim, oferece um modo interessante de 
compreender fenômenos contemporâneos da comunicação mediada 
pelo computador, que, sem dúvidas, complexificou em larga escala os 
fluxos comunicativos de nossa sociedade contemporânea. (RECUERO, 
2009) 
A apropriação dos sites de redes sociais e das tecnologias móveis tem 
reverberado a ação da Mídia Ninja, inserindo-a no vigoroso ambiente da cultura da 
mobilidade. As transmissões são feitas em grande parte por celulares e dispositivos 
4G, mais na base do improviso do que de um roteiro predefinido. Se a prática de 
transmitir atos públicos não é nova, a visibilidade que ela ganhou com o grupo 
surpreende, chegando a atingir a marca dos 100 mil espectadores. (MAZOTTE, 2013, 
online). Além do Facebook, que contabiliza 13. 777 curtidas em sua fanpage, o grupo 
18 Revista Brasileiros. Entrevista com Bruno Torturra. Disponível: <http://migre.me/kcA3i>. Acesso: 
02.03.14 
37 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
também mantém penetração pelo Tumblr,19 Google Plus20 e Twitter21, canais em que 
ampliam-se as informações divulgadas e alargando o capital social por meio das redes 
digitais (figura 4). 
A articulação das movimentações com os dispositivos midiáticos 
e principalmente as novas tecnologias marcou essa nova fase 
da sociedade, que une elementos como cultura da convergência 
(JENKINS, 2009), computação ubíqua, tecnologias portáteis (celulares, 
iPads, tablets, notebooks) e redes móveis de conexão à internet, redes 
sociais da internet (RECUERO, 2009), ciberativismo e lutas políticas. 
(ALMEIDA, 2013, p.85). 
Essa combinação entre tecnologias móveis e a apropriação das redes sociais 
tem imprimido uma marca ao movimento de cobertura engajada e colaborativa. 
“Cada repórter ninja tem um perfil de atuação, mas todos têm o mesmo objetivo: 
quebrar a narrativa uníssona da grande imprensa usando a própria mídia como arma” 
(DINIZ, 2013, online). 
Figura 4 - Web-realidade reune os canais online de 
transmissão ao vivo como os do Mídia Ninja 
Fonte: captura de tela. 
Além das manifestações de junho de 2013, outros atos ocorreram ao longo do 
ano de 2013 e 2014 como os protestos denominados #naovaitercopa contra a Copa 
do Mundo e também as manifestações dos garis do Rio de Janeiro que mobilizou 
19 Cf. Mídia Ninja Tumbrl. Disponível em: <http://midianinja.tumblr.com/>. Acesso em: 2 mar de 
2014 
20 Cf. Mídia Ninja blogspot.com. Google Plus, Disponível em: <http://migre.me/kcAGI>. Acesso em: 
02.03.2014 
21 Cf. Ninja – Perfil no FaceBook. Disponível em: <http://migre.me/kcATI>. Acesso em: 2 mar de 2014 
Mídia, Tecnologia e L 38 inguagem Jornalística
a Mídia Ninja e os próprios garis em março de 2014 na utilização das tecnologias 
móveis para amplificar a greve e suas reivindicações. Bentes (2014) denominou essa 
articulação de “mídias-redes” e chamou a atenção para a atuação do Mídia Ninja com 
as transmissões ao vivo e dos próprios garis na contra-guerra de informação. 
Formação politica de rua e mídias-redes! E a mídia de mobilização 
nas redes impulsionou a onda laranja para além das ruas e dos guetos. 
Depois de uma semana de desqualificação, suspeitas e dissuasão 
do movimento dos garis, pela mídia corporativa, o Jornal Nacional 
deu “uma linha” seca e rápida sobre o fim da greve, sem qualquer 
imagem da vitória dos garis. Nas redes, as imagens e memes dos 
midialivristas inundaram as timelines. A transmissão ao vivo pela 
Midia Ninja mostrou o movimento desde o primeiro ato e fez circular 
fotos lindíssimas. Imagens que dão cara, singularizam e produzem 
comoção. O ao vivo nas redes traz a experiência de “estar na rua” e é 
hoje uma ferramenta decisiva para os movimentos populares. Muitos 
garis compartilharam suas imagens pelos celulares. [...] Viva os garis 
e a mídia livre e a autônoma varrendo a velha politica, o sindicalismo 
engessado a velha mídia! Formação politica de rua, “agitprop” e 
mídias-redes! (BENTES, 2014, online).22 
Na contemporaneidade, as percepções são múltiplas sobre o desenvolvimento 
desencadeado pelas tecnologias móveis e seus processos reconfigurantes. A sociedade 
em rede defendida por Castells (2009) é, de fato, uma sociedade em rede móvel 
(CASTELLS et al., 2006) com implicações sociotécnicas e desafios teórico-conceituais 
para a compreensão das redefinições em jogo em torno dos formatos e narrativas em 
desenvolvimento dentro do jornalismo tradicional e fora do mainstream. 
39 
Conclusões 
Neste capítulo discutimos a inserção das tecnologias móveis na cobertura dos 
protestos em junho de 2013 e outros usos cotidianos com enfoque no trabalho da 
mídia com funções massivas (como Folha de S.Paulo e Globo News) e da mídia com 
funções pós-massivas (Mídia Ninja). O antagonismo que verificamos no tocante à 
discussão sobre a mídia alternativa em relação à mídia tradicional é pertinente como 
posicionamento dos lugares de fala e dos aspectos de complexidade envolvendo o 
contexto. Não obstante, o hibridismo dessa relação se configura mais consistente na 
22 Cf. FaceBook, perfil Ninja – Mídia de mobilização. Disponível em: <http://migre.me/kcAwq>. 
Acesso em: 08.09.2013 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
atualidade com implicações amplas para a comunicação com os atores humanos e 
não-humanos como mediadores das controvérsias. 
O assunto não se esgota nesse capítulo proposto. Como observamos, o 
campo do jornalismo torna-se cada vez mais instigante com as lutas pelo poder 
simbólico que se enxerga entre os emergentes do midialivrismo como o Mídia Ninja 
e a mídia tradicional de modo a configurar novas relações em torno da “mídia-rede” 
dos novos protagonistas que emergem estabelecendo novas categorias dentro dos 
valores jornalísticos. Durante o acompanhamento dos desdobramentos da cobertura 
jornalística das manifestações, observou-se que a mídia tradicional foi forçada a 
adotar a mesma estratégia e tecnologias da Mídia Ninja, ou seja, smartphones, Drones 
e Google Glass como forma de reafirmação do caráter de inovação, mas também, para 
não ficar para trás tendo em vista o espaço midiático que a Mídia Ninja ocupou com 
a estética do “ao vivo” e acompanhamento “colado” aos manifestantes. A estratégia 
também se deu em função dos perigos que a cobertura representou para as equipes, 
identificadas pelos crachás e veículos de reportagens. 
Examinar as mudanças via convergência jornalística e mobilidade pelo viés do 
conceito-chave do jornalismo móvel, conforme exploramos, permitiu especular sobre 
os rumos do jornalismo diante de protagonistas emergentes atuando em paralelo. 
Num primeiro momento, identificamos que as tecnologias móveis implicam 
novas funções para as práticas jornalísticas, além das habilidades habituais e exigem 
um nível de treinamento para operar o fluxo de trabalho baseado em um dispositivo 
portátil conectado e com aplicativos variados (de captura, de edição e de distribuição 
ou de transmissão ao vivo). 
Num segundo momento, percebemos que o modelo de emissão de conteúdos 
do campo baseado no celular instaura narrativas diferenciadas, principalmente 
para televisão que necessita recompor seus valores diante de uma estética fora do 
padrão tradicional e com qualidade inferior, porém, que indica novos elementos 
como a contextualização do lugar, a mobilidade expandida no processo e o sentido de 
presença “viva” direto da cena representada pela participação ativa do repórter como 
uma espécie de etnógrafo em tempo real. 
Concluimos, portanto, que o jornalismo móvel se constitui em uma modalidade 
de prática jornalística que reposiciona um conjunto de aspectos do jornalismo 
contemporâneo como o domínio da gramática das tecnologias móveis e seus 
aplicativos, noção de trabalho multitarefa e multiplataforma em redações integradas 
ou convergentes. Ao mesmo tempo visualizamos o nascimento de novos atores - o 
Mídia Ninja - com perfil e valores distintos do estabelecido ao longo do tempo na 
Mídia, Tecnologia e L 40 inguagem Jornalística
chamada grande mídia. O tensionamento deve perdurar diante das transformações 
ainda em curso. 
Referências 
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ação política integrada às novas tecnologias da informação. In: SOUSA, Cidoval 
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URRY, John. Mobilities. Cambridge: Polity: 2007. 
43 
Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
Midiativismo, redes e espaço público autônomo: 
as novas mídias na redefinição 
Mídia, Tecnologia e L 44 inguagem Jornalística 
das relações de poder 
Thiago D’angelo Ribeiro Almeida 1 
Claudio Cardoso de Paiva 2 
Resumo 
Este artigo busca observar como as relações midiáticas podem 
ser redefinidas a partir da “tomada de posse” dos meios de 
comunicação favorecida pelas novas mídias e tecnologias, 
abrindo novas possibilidades de usos destas mídias como 
instrumentos de contrapoder, resistência e contestação dos 
poderes estabelecidos. Com base nos estudos de Castells (2013), 
Downing (2004), Kellner (2001), Ramonet (2012) e Malini & 
Antoun (2013), pretendemos examinar como a relação entre 
o midiativismo, redes sociais e espaço público está sendo 
reconfigurada a partir das potencialidades da internet. Por fim, 
realizamos uma descrição das práticas do grupo Mídia NINJA, 
referência das mídias alternativas que mescla a ação direta das 
ruas com a utilização de redes móveis para construir narrativas 
contra hegemônicas. 
Palavras-Chave: Midiativismo. Movimentos em rede. 
Jornalismo. Mídia NINJA. 
1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba – 
UFPB. E-mail: dangelo.thiago@hotmail.com. 
2 Orientador e professor doutor do Mestrado em Jornalismo Profissional da Universidade Federal 
da Paraíba – UFPB. E-mail: claudiocpaiva@yahoo.com.br.
45 
Introdução 
A Revolução Industrial reformulou no século XVIII os modelos capitalistas de 
produção, transformando as estruturas de uma economia movimentada basicamente 
por produtos manufaturados e relações de trabalho marcadas ainda pelo ambiente 
familiar das oficinas e as corporações de ofício. Ao retirar da mão do artesão as 
ferramentas de produção e o produto final do seu trabalho, além de convertê-lo em 
operário (ou mero desempregado), a industrialização trouxe à sociedade as formas 
que modelaram paulatinamente o sistema capitalista até os padrões atuais. 
O surgimento do computador e posteriormente da internet, por sua vez, 
desencadeou a revolução digital, que por sua vez impactou as estruturas e os processos 
dos meios de comunicação de massa3. No ciberespaço, “conjunto das informações que 
transitam nos servidores e terminais conectados à Internet” (FRAGOSO, 2000, p. 4), 
novas possibilidades de interação, produção e circulação de informações, de comércio 
e outros fatores proporcionaram o desenvolvimento e expansão da cibercultura4 ou 
cultura do acesso, segundo Santaella (2007). Esta, por sua vez, interfere nas formas de 
se relacionar, consumir, construir e compartilhar conhecimento, alterando as várias 
dimensões humanas e viabilizando a conversão da rede mundial de computadores 
em um imenso espaço público autônomo (CASTELLS, 2013) e de difícil controle por 
parte dos poderes estabelecidos. 
A comunicação mediada por computador (CMC) auxiliou na redefinição 
destes e outros aspectos da vida cotidiana e passou a influenciar os sistemas político, 
cultural, econômico, midiático etc. A hierarquia, verticalização e unidirecionalidade 
destes sistemas sociais parecem estar cada vez mais sendo influenciados pelas culturas 
da autonomia, colaboração, mobilidade, cooperação, participação, convergência 
e descentralização características da era da conexão (WEINBERGER, 2003 apud 
LEMOS, 2013). 
Neste cenário de midiatização, de novos ambientes sociais constituídos pelas 
novas mídias (SANTAELLA, 2013) e interconexão social tecnológica (BARRETO, 
3 Que não por acaso também seguem modelos de produção de uma indústria: a Indústria Cultural, 
cuja maior referência conceitual provém do estudo de Max Horkheimer e Theodor Adorno, no início 
do século XX a partir da obra Dialética do Esclarecimento. Disponível em http://tinyurl.com/97t3ym6. 
Acesso em 10 de nov. 2013. 
4 É importante destacar que “a cultura virtual não brotou diretamente da cultura de massas, mas foi 
sendo semeada por processos de produção, distribuição e consumo comunicacionais” (SANTAELLA, 
2003, p. 24). A estes processos, a pesquisadora Lucia Santaella chama de “cultura das mídias”. Para saber 
mais, ler Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Disponível em http://tinyurl. 
com/moh8vl9. Acesso em 22.07.2013. 
Midiativismo, redes e espaço público autônomo
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Mídia alternativa e cobertura de protestos

  • 1.
  • 2. Mídia, Tecnologia e Linguagem Jornalística
  • 3. Mídia, Tecnologia e Linguagem Jornalística Organizadores: Emilia Barreto Virgínia Sá Barreto Cláudio Cardoso de Paiva Sandra Moura Thiago Soares Editora do CCTA João Pessoa 2014
  • 4. Capa Emilia Barreto Projeto Gráfico Emilia Barreto Filipe Almeida Diagramação Filipe Almeida Ficha catalográfica elaborada na Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba M629 Mídia, tecnologia e linguagem jornalística / Emilia Barreto...[et al.], organizadores.- João Pessoa: Editora do CCTA, 2014. 231p. ISBN: 978-8567818-04-7 1. Comunicação de massa. 2. Mídia. 3. Comunicação - aspectos tecnológicos. 4. Linguagens jornalísticas. I. Barreto, Emília. CDU: 659.3
  • 5. Sumário APRESENTAÇÃO ...................................................................................................................... 6 Midiativismo, tecnologias móveis e cobertura jornalística D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva Claudio Cardoso de Paiva ...................................................................................................................... 10 Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua Fernando Firmino da Silva Adriana Alves Rodrigues ........................................................................................................................ 26 Midiativismo, redes e espaço público autônomo: as novas mídias na redefinição das relações de poder Thiago D’angelo Ribeiro Almeida Claudio Cardoso de Paiva ...................................................................................................................... 44 Jornalismo Colaborativo, rotina e produção da notícia A TV Digital interativa e a reconfiguração do processo de produção de notícias Luciellen Souza Lima Sandra Moura .......................................................................................................................................... 60 As rotinas jornalísticas na Era da Rede: um estudo sobre as transformações na produção da notícia no jornal Correio da Paraíba Amanda Carvalho de Andrade Joana Belarmino ..................................................................................................................................... 75 Telejornalismo colaborativo: o uso de materiais da internet e de novas plataformas no JPB da Rede Globo Roberta Matias ......................................................................................................................................... 90 Ética e resistência jornalística 50 Anos do golpe militar no Brasil: uma análise do jornalismo de resistência na Paraíba Sandra Moura Emília Barreto ........................................................................................................................................ 105
  • 6. Ética jornalística sob uma perspectiva bucciniana: The Newsroom, o fantasma da manipulação midiática e o jornalismo ideal Sinaldo de Luna Barbosa ...................................................................................................................... 119 Fotografia em sites de redes sociais: análise de imagens de uma manifestação popular Raul Augusto Ramalho Luiz Custódio da Silva .......................................................................................................................... 133 Cultura da mídia, corpo e recepção telejornalística Midiatização, convergência e circulação: apontamentos para os estudos de recepção em telejornalismo Virgínia Sá Barreto ................................................................................................................................ 148 Jornalismo e cultura da mídia: contribuição de Douglas Kellner na abordagem analítica dos produtos jornalísticos Thiago Soares ......................................................................................................................................... 159 Corpo e discurso no movimento “Passe Livre”: Patrícia Poeta, estratégias enunciativas do JN e críticas nas redes sociais Amanda Falcão Evangelista Virgínia Sá Barreto ................................................................................................................................ 173 Midiatização, teoria da experiência e políticas públicas de comunicação A natureza mediática da experiência Adriano D. Rodrigues Adriana A. Braga ................................................................................................................................... 188 Processo midiático e o vínculo entre parte e todo Pedro Benevides .................................................................................................................................... 202 Mensagem ao Congresso Nacional: democracia e diálogo no governo Lula Ana Paula Costa de Lucena Heitor Costa Lima da Rocha Patrícia Rakel de Castro Sena .............................................................................................................. 217
  • 7. Mídia, Tecnologia e L 6 inguagem Jornalística Apresentação Metáforas servem para explicar, ou poetizar, fenômenos. Pensemos na metáfora do terremoto. Placas tectônicas em movimento. Desestabilidade. Destruição. Queda. Ruínas? Foi através da imagem das placas tectônicas em movimento que Clay Shirky comentou sobre o estado atual do jornalismo: a instabilidade de novas práticas ancoradas nas lógicas da cibercultura e das redes sociais no enfrentamento das dinâmicas hegemônicas da “grande imprensa”. Há algo de instável, de fato, no jornalismo. E é desta instabilidade que emerge uma série de questões que permeiam este livro que apresentamos como resultado de investigação de um conjunto de professores, pesquisadores e estudantes do Mestrado Profissional em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mais precisamente, do Laboratório de Tecnologia e Linguagem Jornalística (TecJor). Como um trabalho que emerge do campo produtivo, há um “gancho jornalístico” que abre as discussões: reflexões evocadas pelos protestos de junho de 2013, em que a atividade de repórteres, produtores e “praticantes” do jornalismo foram colocadas em confronto. Por isso, não é à toa, que, dividida em cinco partes, a obra é aberta com uma discussão sobre Midialivrismo e cobertura jornalística. Como se costuma dizer no jargão jornalístico, trata-se do tema “quente”, da reflexão “da hora”, para que possamos construir pontes teóricas.
  • 8. Outra característica marcante no conjunto da obra que lhe confere uma especificidade e cumpre aqui destacá-la, é a experiência vivenciada no campo profissional em interação dinâmica com o exercício de investigação científica. No amplo espectro de uma coletânea voltada para apreciar as mídias, as tecnologias e linguagens, instalam-se aqui subtemas diversos, os quais se apresentam sob o signo dos protestos, engajamento, netativismo, eticidade, inteligência coletiva conectada, o quarto poder da imprensa, o empoderamento social, as identidades dos jornais e dos jornalistas, os atos de fala, gramática da empresa, sintaxe dos repórteres. O resultado é rico à medida que as problematizações dos textos somam a “paciência do conceito” ao savoir faire dos profissionais, a partir da atualização das “estratégias de linguagem”, da necessidade de dominar a linguagem (o software) e o modo de usar os equipamentos (o hardware), partes indissociáveis da comunicação contemporânea. Para além dessas questões, a obra se compromete com a discussão social do jornalismo, com seu “lugar de praça pública”, na era da virtualidade real (na rua e nas redes sociais) e em outros momentos históricos, a exemplo da ditadura brasileira, com fins de pensar as bases críticas para o exercício da comunicação libertária e das mídias alternativas. As formulações teóricas, epistemológicas e metodológicas propostas buscam encontrar “palavras geradoras de sentido” para a reflexão sobre o jornalismo e suas profundas transformações atuais. As pistas para a compreensão dessas mutações e experiências no amplo espectro jornalístico espalham-se nas teias de sentido que formam o livro. Os textos se estruturam em temáticas que organizam proximidades, alinhando tópicos: midialivrismo, tecnologias móveis e cobertura jornalística; jornalismo colaborativo, rotina e produção da notícia; ética e resistência jornalística; jornalismo e cultura da mídia; cultura da mídia, corpo e recepção telejornalística, concluindo com valiosas contribuições de textos sobre temas transversais ao jornalismo no tópico “a natureza midiática da experiência e políticas públicas de comunicação”. 7 Apresentação
  • 9. O livro pode despertar o interesse dos leitores preocupados com as formulações que intentam configurar expressivas modalidades para interpretar (e explicar) os paradoxos e controvérsias atuais. Com efeito, são apreciados na obra os objetos, processos e interfaces no campo da comunicação (e do jornalismo), com atenção às mutações que envolvem a problemática trazida pelos processos de midiatização da sociedade que criam as condições para fenômenos como o “neojornalismo” (Ramonet). No mais, o livro é instigante, na maneira como introduz – criticamente a (des)ordem causada pela conjunção, disjunção e transmutação das palavras e as coisas no universo desse novo jornalismo. Mídia, Tecnologia e L 8 inguagem Jornalística
  • 10. Midiativismo, tecnologias móveis e cobertura jornalística
  • 11. Mídia, Tecnologia e L 10 inguagem Jornalística D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva Claudio Cardoso de Paiva1 Resumo A informação compartilhada pela Mídia Ninja (e circuito FORA DO EIXO) tem gerado “surpresas” para o jornalismo tradicional, ameaçado pelo seu modus operandi (ação direta, liberdade e resistência do grupo). A divulgação dos protestos urbanos e da repressão policial, junho 2013 – em tempo real – concedeu evidência ao grupo ativista. E a entrevista com seus mentores (Bruno Torturra e Pablo Capilé) no programa Roda Viva (TV Cultura) reforçou a visibilidade do fenômeno, que exige um olhar crítico, analítico, problematizador, pois mobiliza questionamentos no campo do jornalismo e da comunicação. Propomos uma interpretação do significado e da qualidade do fenômeno Mídia Ninja, observando a entrevista, e sua repercussão nas matérias monitoradas no site Observatório da Imprensa, referência básica para a pesquisa em comunicação. Palavras-chave: Mídia Ninja; Programa Roda Viva; Observatório da Imprensa. 1 Prof. Associado, Departamento de Comunicação – CCTA/UFPB; Programa de Pós Graduação em Comunicação/UFPB; Programa de Pós Graduação – Mestrado Profissional em Jornalismo/ UFPB; pesquisador em Mídias Digitais, Jornalismo, Cultura Midiática Audiovisual. Autor dos livros: Dionísio na Idade Mídia. Ed. UFPB, 2010; Hermes no Ciberespaço. Ed. UFPB, 2013. claudiocpaiva@yahoo.com.br
  • 12. 11 Introdução A informatização, a internet, as redes sociais e a comunicação colaborativa implicam mutações radicais nas esferas da economia, política, arte, educação, entretenimento, e de forma marcante no jornalismo. O ciberespaço alterou os modos de produção, as formas de circulação, as estratégias de consumo e compartilhamento da informação. Mais do que isso, a engenharia da informação distribuída pelas inteligências coletivas conectadas – como no caso Mídia Ninja2 (e sua base logística e operacional no circuito Fora do Eixo3) – tem gerado “surpresas”. A Pós-TV, como uma expressão do “neojornalismo” (sem editoria, sem pauta, sem patrão) enfrenta o monopólio das empresas jornalísticas, que parecem ameaçadas pelo modus operandi da nova mídia (ação direta, liberdade radical, resistência e ocupação). Apostamos no ethos comunitário que norteia as ações das mídias livres (Ninjas), dos circuitos alternativos (Fora do Eixo) e do jornalismo colaborativo (Pós- TV). Os protestos no Brasil, em junho de 2013 - filmados e distribuídos pela Mídia Ninja - ficarão na memória social pelas imagens do despertar do “gigante adormecido”, projetadas em cartazes na rua e narrativas da internet. As multidões protestam em rede contra os abusos do Estado e do Capital, e a Mídia Ninja compartilha as suas imagens e vozes, ampliando o espectro da indignação e as estratégias de luta pela liberdade. Essa experiência, de matizes sociotécnicos e ético-políticos sem precedentes, concedeu evidência às táticas do grupo Mídia Ninja e a notícia se irradiou pelas capilaridades midiáticas, imprensa, internet, redes sociais (Facebook, Twitter, YouTube). Entretanto, a ação afirmativa Mídia Ninja adquiriu mais popularidade (no Brasil e no mundo) após a entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura. 2 MÍDIA NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), grupo de mídia formado em 2011. Sua atuação é conhecida pelo ativismo político e como alternativa à imprensa tradicional. As transmissões da Mídia Ninja são em fluxo de vídeo em tempo real, pela internet, usando câmeras de celulares e unidade móvel montada em um carrinho de supermercado. A estrutura da Mídia Ninja é descentralizada e faz uso das redes sociais, especialmente o Facebook, na divulgação de notícias. O grupo teve origem por meio da Pós-TV, mídia digital do circuito Fora do Eixo. Wikipedia, 2013. Disponível em: <http:// migre.me/gnS4S>. Acesso em: 24.10.2013 3 FORA DO EIXO, originalmente Circuito Fora do Eixo, é uma rede de coletivos atuando na área da cultura em todo o Brasil, mais alguns países da América Latina. Iniciada em 2005, por produtores e artistas de estados brasileiros fora do eixo Rio-São Paulo, inicialmente focava no intercâmbio solidário de atrações e conhecimento sobre produção de eventos, mas cresceu para abranger outras formas de expressão como o audiovisual, o teatro e as artes visuais, ainda que a música ainda tenha uma maior participação na rede. Disponível em: <http://migre.me/gnSXP>. D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
  • 13. O enfoque do programa Roda Viva é importante, pois flagra o momento em que a Mídia Ninja penetra no espaço blindado da “mídia corporativa”. E registra o instante em que a mídia radical se transforma em notícia, multiplicada por todas as outras mídias, escancarando o momento histórico, quando o povo invade as ruas e o debate sobre a economia, a política e a narrativa da mídia global é colocado na ordem do dia4. Para entender a Mídia Ninja é preciso compreender o sentido da comunicação colaborativa e o estado da arte do jornalismo, na era da conexão e da mobilidade. Logo, interessante escutar os argumentos de seus mentores (Bruno Torturra e Pablo Capilé), que causaram rebuliço, inquietação e solidariedade na entrevista do Roda Viva. O método que norteia esta reflexão parte de uma arqueologia das notícias em circulação na internet. Recorremos às reportagens, comentários e críticas sobre a participação dos Ninjas no programa Roda Viva, uma escolha gratificante, pois o evento se irradiou como vírus pelos sites, blogs, redes sociais. Mas é preciso prestar atenção na qualidade da informação. É necessário separar o conteúdo e a embalagem da notícia porque a internet é um terreno fértil, mas poluído. Assim, capturamos os dados na rede, relativos à Mídia Ninja e à entrevista no programa Roda Viva, e rastreamos as matérias publicadas e monitoradas no site Observatório da Imprensa, um ambiente privilegiado para o exercício da pesquisa em jornalismo, tecnologia e política. 4 Em 05.08.2013 estiveram no programa Roda Viva o jornalista Bruno Torturra e o produtor cultural Pablo Capilé, ambos idealizadores do grupo Mídia Ninja. O projeto ficou conhecido por transmitir em tempo real os principais protestos que eclodiram pelo Brasil. O jornalismo é feito com ativismo, mas sem ligações diretas com partidos políticos. Eles criticam a imprensa convencional pela falta de imparcialidade e dizem que a ideia é disseminar essa nova forma de transmitir a notícia – segundo eles, sem filtro: “Um dos objetivos é se tornar desnecessário”, diz Capilé. Sobre os rumores de ligação com partidos políticos, o produtor afirma: “Não somos organizados por partidos, não somos financiados por partidos e não nos encontramos apenas com o PT”. Pablo explica que procuram diálogos com representantes dispostos a ouvi-los. Nas mãos, um celular potente, na mochila, um notebook para servir de bateria e a cara e a coragem de ir atrás da informação: assim trabalha um “Mídia Ninja”. O trabalho dos jornalistas independentes ainda é visto com receio na mídia tradicional e Torturra diz que acha curioso as pessoas questionarem se o que fazem é jornalismo. “O que pode ser discutido é a forma como ele é feito”. O coletivo pretende agora ampliar o alcance e conseguir mais estrutura para o trabalho. Estiveram na bancada de entrevistadores Suzana Singer, ombudsman da Folha de S. Paulo; Alberto Dines, editor do site e do programa Observatório da Imprensa; Eugênio Bucci, colunista d’O Estado de S. Paulo e da revista Época; Wilson Moherdaui, diretor da revista Telecom; e Caio Túlio Costa, professor da ESPM e consultor de mídia digital. O programa foi conduzido por Mario Sergio Conti e contou com a participação fixa do cartunista Paulo Caruso. In: site da TV Cultura – Roda Viva, 02/08/13. Mídia, Tecnologia e L 12 inguagem Jornalística
  • 14. 13 Visão e vertigem do programa Roda Viva São estratégicos os usos e apropriações das tecnologias colaborativas pelos ativistas, pois estes atualizam - de modo semiótico, cognitivo e político – os protestos e manifestações sociais, revigorando as estratégias de mediação, interação e colaboração, como a Mídia Ninja, o circuito Fora do Eixo e a Pós-TV. A inserção da Mídia Ninja, no âmbito dos protestos urbanos, ocorreu desde a Marcha pela Legalização da Maconha (2011), mas teve como estopim o Movimento Passe Livre, em junho de 2013. O fenômeno Ninja se tornou o foco das atenções, após a participação de Torturra e Capilé, no Roda Viva. Isto é algo como um “choque entre dois mundos”, uma mudança importante no estado da arte da comunicação (e do jornalismo), um momento de passagem e de transição. O Roda Viva é apreciado pelo público de várias camadas sociais, ideológicas e goza de prestígio entre os jornalistas, professores, estudantes, políticos, profissionais de várias áreas. Muitos dos seus participantes já foram ativistas, militantes e conhecem os meandros da mídia alternativa, a resistência e a contracultura. Os entrevistadores estão naturalmente dispostos a provocar um debate de qualidade, sabem que este é um acontecimento histórico: é uma espécie de confronto entre os rebeldes do passado (hoje, mais conformados) e os rebeldes do presente (atópicos, inconformistas, querendo mudar o mundo). O programa sabiamente se empenha na arte de promover controvérsias, flagrar contradições e arrancar confissões dos entrevistados, fisgando o interesse (e a audiência) do “grande público”. Tem-se assim a modelação de uma esfera pública midiatizada, um espaço crítico, cuja característica principal é interrogar os entrevistados, numa arena conversacional giratória, em que as perguntas vêm de varias direções, o que impõe dinâmica, movimento e vitalidade ao formato do programa. É um produto consagrado pelas entrevistas com celebridades nacionais e estrangeiras, convidados ilustres, formadores de opinião5. Isto lhe confere a legitimidade enquanto um prestigiado “lugar de fala”, de produção de discurso e de sentido que – virtualmente – pode esclarecer os telespectadores. Os compromissos financeiros, publicitários, políticos, ideológicos não obliteram a sua importância nos espaços intelectuais, no debate econômico, político e cultural. Com efeito, a aproximação de fronteiras entre o Roda Viva e a Mídia Ninja não deixa de causar formidáveis discussões no âmbito da crítica da economia política da mídia. 5 Cf. Compilação no livro do ex-apresentador, Paulo Markun, O melhor do Roda Viva (2005). D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
  • 15. Os interesses, as intenções, a filosofia e o modus operandi são distintas para a velha e a nova mídia e é preciso discerni-las, reconhecendo as virtudes e defeitos de cada uma, respeitando as suas limitações e apreciando os seus avanços. Antecedentes do Movimento Passe-Livre É sempre a experiência vivida, em carne e osso, que informa os pesquisadores em mídia, sociedade e política (a salvo em seus laboratórios). Contudo, há um novo dado na espessura sociocultural, um ethos midiatizado (SODRÉ, 2002), que imprime um novo sentido aos movimentos sociais. Esta experiência dos grupelhos em rede, em curso desde o pós-68, retorna com força no século XXI6. Com efeito, as manifestações em rede e em tempo real, aquecem a temperatura social e têm influência direta nas rotinas do mercado, da política, da educação e demais estruturas da vida cotidiana. Considerando que o Movimento Passe Livre (jun.2013) parece ser o pivô das contestações, convém listar alguns exemplos de luta similares que o precederam, no Brasil, para compreendermos o significado dos protestos mais recentes: Revolta do Buzu (Salvador, 2003); Revolta da Catraca (Florianópolis, 2004/2005); Fórum Mundial Social (POA, 2005); Encontro Nacional Movimento Passe Livre (S. Paulo, 2006); Luta contra o Aumento Transporte (BSB, 2008); Aprovação Passe Livre Estudantil (BSB, 2009) / Ocupação Secretaria de Transportes (SP, 2009); Luta contra Aumento Transportes (SP, 2010); Luta contra aumento em SP e outras capitais (2011); Lutas na região metropolitana de São Paulo / Jornadas de Junho conquistam revogação do aumento em mais de cem cidades (2013). In: Cidades Rebeldes, 2013, p. 18. Guardando as especificidades locais e históricas, esses eventos têm em comum o fato de se realizarem em rede. Isto é, mediados pelos equipamentos interativos (celulares, câmeras, notebook) conectados às redes telemáticas de distribuição. Não têm lideranças no sentido clássico do termo, seus objetivos são difusos, não se restringem a uma única causa, mas enredam-se com outras formas de contestação. São movimentos pacíficos, mas freqüentemente atravessados pelas ondas violentas dos 6 MICHEL MAFFESOLI (entrevista). ‘Vejo esses movimentos como Maios de 68 pós-modernos’. In: Jornal O Globo, 22.06.2013. Disponível em: http://migre.me/gmsmh Acesso em: 21.10.2013. Mídia, Tecnologia e L 14 inguagem Jornalística
  • 16. grupos radicais e agentes da repressão infiltrados, que invertem o sentido democrático das manifestações. 15 Imprensa alternativa e mídia radical: encontros & confrontos O jornalismo alternativo, historicamente, tem se empenhado nas formas de resistência aos regimes autoritários, como a ditadura de Vargas, a ditadura militar e nos protestos (na Nova República e na era Collor). Seja como militância ou como sátira, tem atuado na desmontagem e reconstrução do sentido, mostrando as formas opressivas e violentas, a exemplo da contracultura digital, hoje em fluxo nas redes sociais. Em tempo, caberia citar o livro recente, As Capas da História (Ricardo Carvalho, 2013), compilando as capas dos jornais alternativos, que podem sinalizar os caminhos estratégicos, as raízes e antenas dos protestos, para as novas gerações rebeldes. É justo citar os periódicos de resistência, primeiramente para mostrar que os jornalistas têm uma tradição de participação nas lutas políticas, mesmo invisíveis na construção social da realidade; depois, para mostrar como os atores sociais sempre foram sensíveis às narrativas do cotidiano, permanentemente em tensão e conflito. Finalmente, cabe mostrar como a Mídia Ninja sofre hoje as mesmas críticas que os jornalistas veteranos e as proezas deste grupo netativista já fazem parte do imaginário coletivo e da cultura política nacional7. O Programa Roda Viva: o Espaço Público Eletrônico Dentre os programas de TV, no âmbito da grande mídia, o Roda Viva se destaca pela atitude interativa e democrática, e sua dinâmica favorece à configuração de um estilo singular de programa de entrevistas; consiste numa 7 A existência do (circuito) Fora do Eixo, e por conseqüência da Midia Ninja, está atrelada a transformações por que passamos nos últimos anos com o surgimento de novas formas de comunicação pela internet. Está longe de ser um fenômeno no qual se esgota a possibilidade de compreensão e os rumos que pode tomar. Mas, é importante frisar, o FdE, como a Mídia Ninja, é fruto de um momento em que está em pauta uma nova maneira de se provocar debates no nível da cultura e no fluxo das notícias. Mas parece claro que, como fenômeno de mídia, estamos diante de uma situação que coloca em xeque a maneira habitual com a qual lidamos com a comunicação de massa. Na era das redes sociais, para o bem e para o mal, o alcance de uma notícia, de um acontecimento contornável, está além do que qualquer canal de comunicação antes podia sonhar, até a Rede Globo. Cf. In: site Fora do Eixo, 21.08.2013. D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
  • 17. mesa redonda eletrônica, ágil, crítica e questionadora, uma modalidade rara de telejornalismo, no ar desde 20028. Na atual cultura de convergência, quando os jornais, revistas, rádio, TV, mídias impressas e audiovisuais migram para o ciberespaço, cria-se uma hipermídia que concorre para a elucidação dos acontecimentos, com novos olhares. Pode-se apreciar melhor a atuação das mídias livres, ao se reconhecer que estas abrem o caminho para a liberação das vozes e imagens ocultas, historicamente reprimidas, e para a articulação dos sistemas mentais e tecnológicos de resposta do coletivo. A Mídia Ninja e a mediação do Observatório da Imprensa “Os Ninja, capazes de entender o conceito de renovação, poderão dar sentido e direção a uma mídia engessada e baratinada”. DINES, OI, 20/08/2013. O desafio de separar as verdades e ilusões no que respeita à reportagem dos protestos se coloca, de maneira crucial, para jornalistas, pesquisadores e especialistas, considerando-se a atuação das manifestações por todo o país, em 2013, às vésperas de um ano excepcional, devido à realização da Copa do Mundo no Brasil e às eleições. Para decifrar o fenômeno, é preciso dissipar as nuvens de dados, fazer uma depuração nos arquivos e se eleger um dispositivo de monitoramento das notícias em circulação, atento aos movimentos sociais, aos protestos e, ao comportamento ético da imprensa, dos jornalistas e profissionais de mídia, incluindo as mídias livres. Nessa direção se destaca a atuação do Observatório da Imprensa, que serve de mediador entre as diversas camadas de informação acerca da Mídia Ninja no programa Roda Viva. Primeiramente, porque em sua ambiência comunicacional circulam as notícias, narrativas e conversações que atualizam o imaginário político nacional; depois porque os comentários e análises dos fenômenos jornalísticos passam 8 O cenário (do programa Roda Viva) é circular, com três bancadas em terços de círculo, separadas por três corredores relativamente estreitos. Atrás das três bancadas, outras três em um nível mais alto completam o palco da ação – na forma de dois círculos concêntricos, em meio aos quais ficará o convidado, em uma cadeira giratória, de modo a poder voltar-se rapidamente para qualquer ponto desse panóptico, de onde lhe virá a próxima questão. A referência ao panóptico não é casual – o convidado é visto por todos os lados e não sabe de onde será assestada a próxima pergunta. Cf. BRAGA, 2006. Mídia, Tecnologia e L 16 inguagem Jornalística
  • 18. pelo crivo da crítica rigorosa, avaliação coletiva dos conteúdos e monitoramento dos especialistas. Jornalistas, educadores e profissionais – em rede – formam uma massa cognitiva conectada que legitima o Observatório como vigoroso dispositivo mediador. A aparição dos Ninjas na TV, após as manifestações de protesto, em mais de cem cidades no Brasil, catalisou a vontade geral de saber acerca dos acontecimentos de junho, pelas vozes das multidões, veiculadas pelos Ninjas, testemunhos oculares da indignação social. Os Ninjas no Roda Viva consiste num acontecimento marcante, pois representa o encontro dos jovens jornalistas engajados com os grandes arcanos do jornalismo brasileiro, numa entrevista inflamada e de duração relativamente longa. A título de avaliação recolhemos uma lista na internet, sublinhando as dez frases mais marcantes nas falas dos entrevistados, que podem esclarecer o significado da experiência Mídia Ninja e sua atuação no Roda Viva, que atingiu altos índices de audiência, gerando milhares de micronarrativas, de cunho ativista, nas redes sociais. “A gente faz jornalismo sim. Acho até curioso que ainda é uma dúvida se o que a gente faz é ou não jornalismo.” (Bruno Torturra, respondendo se o Mídia Ninja faz jornalismo ou não); “O PSDB tem como política não dialogar com os movimentos sociais” (Pablo Capilé, sobre os apoios de partidos); “Dependendo do partido é cartel, dependendo do partido é quadrilha” (Pablo Capilé, sobre a postura da grande mídia); “Seria mais honesto se ela assumisse uma parcialidade” ( Pablo Capilé, sobre a imparcialidade da grande mídia); “Não acredito que exista um arauto da imparcialidade” (Pablo Capilé, sobre o mesmo assunto); “A grande mídia precisa entender que a nova objetividade vem da transparência” (Bruno Torturra, sobre a objetividade); “Não somos organizados pelo PT. Não somos financiados pelo PT” (Pablo Capilé, sobre o suposto apoio do PT); “É uma pauta que a mídia não tem coragem ou não tem estudo suficiente para entrar como deveria” (Bruno Torturra, sobre a postura da mídia frente ao assunto drogas); “A mídia, em geral, tem muito medo de assumir a obviedade do fracasso da guerra às drogas” (Bruno Torturra, sobre o mesmo assunto). 17 In: site AdNews, 06.08.2013. Mídias velhas, novas mídias e o mito da imparcialidade A Mídia Ninja tem sido vista como um processo que traduz uma nova modalidade de jornalismo, pois cumpre a função de reportar o acontecimento, informar a opinião pública e criar quadros de referência para os telespectadores formarem juízos de valor e tomarem decisões. Entretanto, há o problema da D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
  • 19. credibilidade das fontes, há ausência de pautas e falta de elaboração da notícia, como na clássica redação de jornal. E há também a questão da “imparcialidade”, uma das mitologias das empresas jornalísticas, cujas intenções se mostram democráticas, mas são reféns dos interesses dos patrões, dos anunciantes, do Estado ou dos grupos ideológicos que o apóiam. Ou seja, não há imparcialidade. O comunicólogo Mauro Wolfe, em suas Teorias da Comunicação (2001), formula uma crítica do “mito da imparcialidade”, através dos conceitos de “agenda setting”, “news making” e “gate keeper”, que revelam as estratégias corporativas de “agendamento”, “fabricação” e “blindagem” das notícias. Cobraram a “imparcialidade” dos Ninjas e do Grupo Fora do Eixo. Aliás, a maior parte da crítica, no que respeita à entrevista, referiu-se justamente à insistência dos entrevistadores em bater na tecla do financiamento do projeto Fora do Eixo pelas instâncias governamentais, colocando em dúvida a sua suposta autonomia. Com efeito, não pouparam os Ninjas quanto às ligações com o PT e os poderes instituídos, buscaram ainda vincular suas ações às experiências complexas, como a defesa da “legalização da maconha”. Buscaram apontar as contradições entre o projeto utópico de autonomia e liberdade, encampado pela Mídia Ninja e pelo Fora do Eixo. Todavia, é forçoso se reconhecer a qualidade do programa, na medida em que instiga o debate no espaço público eletrônico. Mas os Ninjas foram corajosos enfrentando os temas-tabus, e sobretudo, falaram com desembaraço e perspicácia. Contudo, o programa perdeu a chance de problematizar o fundamental: as novas estratégias operacionais e discursivas no âmbito do jornalismo colaborativo, o novo empoderamento da esfera pública através das mediações tecnológicas que favorecem a ampliação da inteligência coletiva e politização da comunidade conectada. Os jovens jornalistas Bruno Torturra e o produtor cultural Pablo Capilé, fundadores da rede de jornalismo independente Mídia Ninja, realmente deram olé nos entrevistadores. Começaram dando um corte perfeito à pergunta que o mediador Mario Sergio Conti fez se o que eles fazem é jornalismo. Destaque para a resposta que deram à eterna armadilha da imparcialidade que a mídia os acusa de não ter, como se algum veículo no Brasil fosse imparcial. Expuseram na cara da ombudsman da Folha a parcialidade da Folha e de Veja no tratamento do escândalo dos trens do Metrô e confrontaram Conti com a parcialidade da TV Cultura no episódio da demissão do Heródoto a mando do PSDB. Há outros pontos que responderam bem, como a questão do vandalismo durante as manifestações. Demonstraram o fracasso da grande imprensa em Mídia, Tecnologia e L 18 inguagem Jornalística
  • 20. tentar entender os manifestantes que fazem o quebra-quebra durante os protestos. Conseguiram a todo momento fugir da lógica Fla x Flu a que eram empurrados a responder. 19 Luis Nassif (blog), 06.08.2013. Os depoimentos e conversações sobre os tabus instigam reflexões, lançando à esfera do debate ético uma temática tradicionalmente restrita às seções do jornalismo policial, aos estudos clínicos, terapêuticos e às revistas sensacionalistas. Logo, a entrevista historicamente significa elevação da qualidade do debate público na TV. A Mídia Ninja é considerada uma forma legítima de jornalismo por muitos profissionais de respeito, conforme se pode depreender dos argumentos que se seguem: O modelo tradicional de jornalismo anda abalado pelo desenvolvimento da web, que veio bem antes dos ninjas e que mudou, de forma drástica, a maneira como nos informamos. Na web, todo cidadão pode ser, em tese, fornecedor de notícias. O mérito da Mídia Ninja é reunir alguns desses cidadãos num projeto comum, oferecendo-lhes o canal para chegar ao público; é juntar debaixo do mesmo teto virtual fabricantes de conteúdo que, antes, se espalhavam pelas mídias sociais, dando-lhes, de quebra, a oportunidade de mostrarem o que vêem em tempo real. Cora Ronái, O Globo – Cultura, 22.10.2013 A entrevista dos ativistas do Fora do Eixo e Mídia Ninja, Pablo Capilé e Bruno Torturra, no Roda Viva desta segunda-feira (05), demonstra com pouca margem à dúvida o total descompasso entre uma parte significativa dos velhos jornalistas da velha mídia e a nova realidade que se apresenta nas ruas e nas mídias, construída através de luta, coletividade e protagonismo popular. Jornalismo B (on line), 05.08.2013. A disposição de Torturra para abrir o coração em público é, além de inspirador, algo bonito e desconcertante. O debate acentuou em mim a convicção de que o melhor jornalismo anda lado a lado com o compromisso social. Foi assim com os grandes jornais, em especial o Jornal do Brasil e o Estado de S. Paulo, que souberam aliar a qualidade jornalística com a escolha do lado mais inglório durante o regime militar: o lado dos que se opunham ao arbítrio imposto pela força e pela tortura. Ou com a variada e criativa imprensa alternativa que floresceu sobretudo nos anos finais da ditadura. Ou com a Folha de S. Paulo dos anos 70 e 80, que, primeiro, levou pluralidade e inteligência para as D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
  • 21. páginas de opinião e, depois, a audácia de se engajar no movimento pelas diretas-já, também na contramão do poder. O Brasil de 2013 é um poderoso convite para que todos nós – jornalistas, veículos e profissionais de comunicação em geral – lembremos que jornalismo é, acima de tudo, serviço público. Quando o público começa a botar fogo nos carros das empresas em que trabalhamos ou a nos hostilizar com palavras e gestos, é porque, apesar dos nossos melhores esforços (porque ô turminha que rala…), o nosso show não está agradando. Por que será? Congresso em foco (site), 06.08.2013 Entretanto cumpre estabelecer aqui os termos de uma abordagem do tema, Mídia Ninja no Roda Viva, reconhecendo a sua complexidade. Lançamos um olhar sobre o fenômeno, percebendo que este traduz os depoimentos dos jovens empenhados na publicização e compartilhamento das imagens dos protestos, e confrontos policiais, de maneira direta, sem a mediação das empresas jornalísticas e deste modo, fundam um novo modo de “ver” e de “mandar ver” (FAUSTO NETO, 2006). Como eles próprios afirmam, são vetores de novas narrativas midiáticas, que vão fundo nas tensões e conflitos da vida social. Mais do que isso, suas ações comunicativas são performativas, isto é, levam os atores sociais a pensar, falar e agir, indicando-lhes o caminho seguro e a metodologia de ataque. Os Ninjas geram redes de comunicabilidade e encorajam as biolutas, resistências e ocupações, cuidando de defender a segurança dos manifestantes, dando-lhes voz e visibilidade, o que propicia a emergência de novas reflexões, narrativas e ações afirmativas que enfrentam os poderes opressivos. É exemplar, neste sentido, o compartilhamento do vídeo do Ninja no camburão, preso arbitrariamente, durante o protesto, em São Paulo, e em seguida liberado, graças ao apoio popular estimulado pelas imagens da Pós-TV e da Mídia Ninja. Não é muito fácil compreender o sentido da Mídia Ninja, principalmente porque sua base ideológica operacional – o circuito Fora do Eixo – está ligada a uma polêmica que envolve aspectos legais, financeiros, ideológicos e políticos pouco claros; além disso, há a questão controversa da sua proximidade com os Black Blocs (vistos pela grande mídia como “vândalos” e “baderneiros”, o que merece uma análise particular). No contexto geral da experiência política atual, há várias camadas de sentido, multiplicidade de interesses e ações controversas, no plano da ética, do Direito, da cognição e da política. Neste sentido, a filosofia e ciência da linguagem, formulada por Mikhail Bakhtin (1995), pode nos ajudar a elaborar uma hermenêutica (uma interpretação) para Mídia, Tecnologia e L 20 inguagem Jornalística
  • 22. apreendermos o sentido da “atual complexidade histórica”, pelo viés de um “princípio dialógico”. Há pluralidade com relação aos efeitos de verdade que nos chegam através das várias mídias e mediações sociais; há uma “polifonia de vozes”. Os fatos envolvem as noções de público e privado, subjetividade e objetividade, vontade e legislação, liberdade e neoliberalismo, direitos e deveres. E o expediente hermenêutico pode nos orientar e ajudar a repensar a reportagem dos acontecimentos pelas mídias livres e mídias tradicionais, assim como as relações entre a comunicação atrelada ao mercado e a comunicação empenhada na justiça social. Quanto à Mídia Ninja como um novo estilo de jornalismo, aí se faz necessário ir mais fundo, discutindo dialeticamente (dialogicamente) o papel histórico do jornalismo. Ou seja, ao mesmo tempo, como um braço do capitalismo e extensão da gestão política vigente, e como um canal da liberdade de expressão, reivindicação, ocupação e protesto. E quanto ao Roda Viva, não se pode negar a legitimidade de um discurso que, historicamente, tem sido responsável pela manutenção do princípio democrático. É preciso avaliar o programa Roda Viva, respeitando a sua história como uma referência importante no imaginário político nacional. O que não nos exime de fazer a sua crítica - por exemplo - no que respeita à sua falta de visão acerca do empoderamento coletivo gerado pela Mídia Ninja. Mas é preciso também discutir como as novas mídias tentam superar as antigas limitações jornalísticas, tais como as hierarquias, o clientelismo, as editoriais cooptadas, a mercantilização da notícia, o dead line e o desequilíbrio na sua divisão social do trabalho. Os Ninjas articulam uma linguagem ágil, instantânea, em duração contínua, assegurando a captura dos fatos em tempo real. É preciso enfrentar o estado atual da crise do jornalismo (no tocante à economia, à política e à linguagem), e simultaneamente, reconhecer o valor das novas técnicas e linguagens jornalísticas se desenham com as novas mídias móveis e interativas. Isto tem sido feito pela Mídia Ninja, que – economicamente – se estrutura a partir de outra matriz organizacional (criativa, independente, comunitária). A Mídia Ninja desafia o poder do Estado e seus aparelhos ideológicos, pois se recusa a dar espaço às mídias capitalistas. Mas libera espaço, voz e visibilidade às narrativas populares e às multidões nas ruas, além de defendê-los da violência policial e dos grupos extremistas, pois – usando as telas e redes compartilhadas - revela o mapa dos conflitos, alertando para as zonas de perigo e de segurança pública. 21 D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
  • 23. O fato de a TV Cultura trazer os “rebeldes” para o centro da cena já implica numa situação política favorável aos movimentos alternativos, pois, segundo Foucault (Microfísica do Poder, 1985), dar voz e visibilidade já é conferir poder, mesmo que as intenções e estratégias dos entrevistadores – de algum modo – possam a prejudicar a imagem, o significado e a qualidade do trabalho da Mídia Ninja. Enfim, a Mídia Ninja no Roda Viva é uma experiência de valor jornalístico, cognitivo e ético-político, porque face ao debate gerado na ambiência conversacional, durante a entrevista, brotam camadas de sentidos reveladoras, a partir das próprias controvérsias que envolvem a experiência política dos protestos e sua midiatização. Para concluir É preciso perceber a importância da transparência que resulta das guerras e divisões de linguagem travadas na praça pública (em níveis presenciais e virtuais). As visões compartilhadas – pelas mídias e redes sociais – do comportamento dos manifestantes, do Estado e das forças repressivas constituem um fato inédito na história da comunicação e da cultura política. As telas e redes totais, instantâneas, ubíquas e virais, forçam o agenciamento político de respostas dos poderes públicos às reivindicações – por mais que estas se manifestem dispersas e difusas. É importante perceber a positividade resultante das convergências sociais e tecnológicas: as mediações feitas pelas mídias clássicas e as ocupações do espaço público pelas redes alternativas, conjuntamente transportadas para o domínio efervescente do Observatório da Imprensa, permitem-nos acessar um rico material que se oferece à interpretação, distinguindo os níveis de qualidade das experiências, em seus matizes éticos, políticos, cognitivos e comunicacionais. Deste modo, vale a pena ver, rever, desmontar e remontar as imagens e vozes das mídias livres, como a Mídia Ninja, dentro e fora do Roda Viva. Referências ANTOUN, H; MALINI, F. @ Internet e # rua. Ciberativismo e mobilização nas redes sociais. Porto Alegre: Sulina, 2013. Disponível em: http://ainternetearua.com.br/ Acesso em: 21.10.2013 BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: HUCITEC, 1995. Mídia, Tecnologia e L 22 inguagem Jornalística
  • 24. BRAGA, J. L. Roda Vida: uma encenação da esfera pública. In: Anais do XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, INTERCOM; UnB, set./2006 Disponível em: http://migre.me/gmtST O CHOQUE ENTRE DOIS MUNDOS NO RODA VIVA COM A MÍDIA NINJA. In: Diário do Centro do Mundo (on line), (Kiko Nogueira, 06.08.2013). Disponível em. http://migre.me/gmQsZ. CIDADES REBELDES. Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. (Org.) Ermínia Maricato). S. Paulo: Boitempo Editorial/Carta Maior, 2013. DOWNING, J. Mídia Radical. S. Paulo: SENAS, 2004. FAUSTO NETO, A. Olhares sobre a recepção através das bordas da circulação. In: Anais do XVIII Encontro da Compós, PUC-MG, jun./2009. Disp. em: http://migre. me/gmsVf . FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal, 1985. ECOS DO PROTESTO. Pós-TV, de pós-jornalistas para pós-telespectadores. [Elizabeth Lorenzotti, OI, 25/06/2013, ed. 752. Disp. em: http://migre.me/gmqGr. Acesso em: 21.10.2013 FORA DO EIXO. Sobre o movimento e a entrevista ao ‘Roda Viva’. [José Miguel Wisnik, OI, 20/08/2013, ed. 760]. Disponível em: http://migre.me/gmpv8 MAFFESOLI, M. Vejo esses movimentos como Maios de 68 pós-modernos. (entrevista). In: Jornal O Globo, 22.06.2013. Disponível em: http://migre.me/gmsmh Acesso em: 21.10.2013 RODA VIVA com Mídia Ninja destaca descompasso entre velha mídia e nova realidade. In: Jornalismo B (on line), 05.08.2013. Disp. em: http://migre.me/gmQSX Acesso em: 22.10.2013 MÍDIA NINJA. Isso é jornalismo? [Sergio da Motta e Albuquerque, OI, 13/08/2013; ed. 759]. Disponível em: http://migre.me/gms7j Acesso em: 21.10.2013 MÍDIA NINJA: “É preciso oxigenar a velha mídia”. In: Congresso em Foco (site), 06.08.2013 [by Mariana Haubert]. Disponível em: http://migre.me/gmRiA Ac e s s o em: 22.10.2013 MÍDIA NINJA. O jornalismo na era da convergência. [Gustavo Gindre, OI, 13/08/2013, ed. 759]. Disponível em: http://migre.me/gmrYN Acesso em: 21.10.2013 23 D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
  • 25. MÍDIA NINJA. Repórter Ninja preso pela tropa de choque carioca por transmitir a manifestação. FaceBook, 22.07.2013. http://migre.me/g9YUd. Acesso em: 20.09.2013 MÍDIA NINJA no programa Roda Viva. In: Luis Nassif (blog), 06.08.2013. Disponível em: http://migre.me/gmR4f Acesso em: 22.10.2013. MÍDIA NINJA dá um baile na bancada do Roda Viva. In: Blog do Rovai – Revista Fórum, 06.08.2013. Disponibilizado em: http://migre.me/gmOTT. Acesso em: 22.10.2013 MÍDIA NINJA. In: Jornal O Globo - Cultura. On line (by Cora Ronái). Disponível em: http://migre.me/gmPx7. Acesso em: 22.10.2013 PAIVA, C.C. “Sob o signo de Hermes, o espírito mediador: midiatização, interação e comunicação compartihada”. In: MATTOS, M. A; JANOTTI JUNIOR, J; JACKS, N. (org.) Mediação & Mediatização. Livro Compós 2012, EDUFBa, 2012. Disponível em: http://migre.me/djoE4. Acesso: 18.02.2013 PAIVA, C.C. A crítica da mídia na era digital. In: Observatório da Imprensa, 12.10.2010. Disponível em: http://migre.me/gs1xp. Acesso em: 28.10.2013 PROTESTOS URBANOS. Aliens, zumbis, manifestantes e vândalos. [Eugênio Bucci, OI, 22.06.2013, ed. 751; Reprod. Estadão Noite, 19/6/2013. Disponível em: http:// migre.me/gmtrL. Acesso: 21.10.2013 RODA VIVA. Mídia Ninja e o fenômeno dos protestos. [Jorge Alberto Benitz, OI, 13/08/2013, ed. 759]. Disponível em: http://migre.me/gmpxN. Acesso em: 21.10.2013 RODA VIVA. A Mídia Ninja e as outras. [Luiz Zanin Oricchio, OI, 13/08/2013, ed. 759]. Disponível em: http://migre.me/gmpFp. Acesso em: 21.10.2013 RODA VIVA. O fim do jornalismo por ele mesmo. [Tiago de Paula Oliveira, OI, 15/08/2013, ed. 759]. Disponível em: http://migre.me/gmpQa. Acesso em: 21.10.2013. OCCUPY. Movimentos de Protesto que tomaram as ruas. (Col. org. por Emir Sader). São Paulo, Boitempo Editorial; Carta Maior, 2012. SILVA, F. M. O Roda Viva e as estratégias de construção de um debate público. In: GOMES, Itania (Org.). Gêneros televisivos e modos de endereçamento no telejornalismo. Salvador: EDUFBA, 2010. Disponível PDF em: http://migre.me/gmvb7. Acesso em: 21.10.2013 Mídia, Tecnologia e L 24 inguagem Jornalística
  • 26. SODRÉ, M. Ecos do protesto. O êxtase da conexão nas ruas. In: Observatório da Imprensa, 25/06/2013, ed. 752. Disponível em: http://migre.me/gew30. Acesso em: 29.09.2013 10 FRASES do grupo Mídia Ninja no Roda Viva. In: site AdNews, 06.08.2013. Disponível em: http://migre.me/gmQcH. Acesso em: 06.08.2013 WOLFE, M. Teorias da Comunicação. Lisboa: Presença, 2001. 25 D@niel na cova dos leões: Mídia Ninja no programa Roda Viva
  • 27. Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua Mídia, Tecnologia e L 26 inguagem Jornalística Fernando Firmino da Silva1 Adriana Alves Rodrigues2 Resumo O texto contempla a interface jornalismo e mobilidade, observando a inserção das tecnologias digitais e redes sociais móveis na cobertura dos protestos, a exemplo das “jornadas de junho” (Brasil, 2013), greve dos garis (Carnaval do Rio, 2014) e manifestações #NaoVaiTerCopa. Observa a atuação da Globo News e Folha de São Paulo, e da independente Mídia NINJA, e examina as coberturas, considerando as mudanças no jornalismo, com o advento das tecnologias móveis, convergência e mobilidade. Parte da premissa que a NINJA promoveu mudanças nas estratégias da mídia corporativa, que adotou os seus métodos de transmissão. Assim, o trabalho explora a tensão entre jornalismo tradicional e jornalismo alternativo, a forma e o sentido da cobertura dos protestos baseada em tecnologias 3G e 4G, smartphones, drones e tecnologias vestíveis como o Google Glass. 1 Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia - UFBA. Professor do Departamento de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Pesquisador membro do Projeto Laboratório de Jornalismo Convergente da Faculdade de Comunicação - FACOM/UFBA. E-mail: <fernando.milanni@gmail.com>. 2 Mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia - UFBA. Professora do Departamento de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB e curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Jornalismo e Convergência Midiática da Faculdade Social da Bahia - FSBA. Email: adrianacontemporanea@gmail.com
  • 28. 27 Introdução As tecnologias móveis digitais - no espectro da relação conceitual entre jornalismo e mobilidade3 - estão cada vez mais evienciadas nas operações das organizações jornalísticas como Folha de S. Paulo e de movimentos cidadãos como Mídia Ninja. Em ambas situações, há a caracterização do uso intensivo de smartphones, tablets, celulares, conexões de redes sem fio como 3G, 4G, Wi-Fi e aplicativos de streaming na cobertura de eventos em tempo real. Para o jornalismo, o contexto se mostra propenso à reflexão em torno das metamorfoses na prática jornalística e, consequentemente, sobre o impacto no campo da pesquisa em comunicação (metodologias, teorias, referências e aplicações). O “admirável mundo novo” se mostra mais complexo quando se faz uma análise mais criteriosa da relação entre o jornalismo e a mobilidade, considerando as tecnologias móveis em perspectiva epistemológica e sociotécnica. A complexidade da cobertura de acontecimentos, como os protestos de junho de 2013 e a greve dos garis, no Rio de Janeiro, em março de 2014, apresenta desafios no processo de apuração, edição e difusão das notícias, pois se reveste de uma nova processualidade na rotina jornalística. De algum modo, o contexto remete às dimensões políticas, tecnológicas, comunicacionais e profissionais que envolvem o debate suscitado pela mobilidade expandida e a convergência jornalística. No que se refere aos estudos de jornalismo, especificamente, a partir da nossa pesquisa, de natureza empírica, percebemos que o contexto atual tem ensejado uma série de problematizações. A partir das experiências observadas, reconhecemos novas reconfigurações no campo, provocadas pelas tecnologias da mobilidade e pelas novas narrativas4 que se desdobram no espaço público. Anteriormente, os conflitos e guerras traziam em si a delimitação geográfica de um front definido e campos de batalha com fronteiras demarcadas. Hoje, o cenário 3 Quando tratamos dos conceitos de jornalismo e mobilidade nesse trabalho, nos referimos à dimensão da mobilidade dentro do jornalismo numa acepção histórica e, ao mesmo tempo, renovada para o enquadramento a partir das tecnologias móveis e as formas de transmissão. Como aproximação para o panorama atual podemos traduzir o jornalismo e a mobilidade como compreensão do jornalismo móvel com a consideração de uma modalidade de jornalismo sendo realizada, em seus rituais, em condições de mobilidade (física e informacional). 4 Não seria exagero afirmar que as transmissões ao vivo por celular ou smartphone observadas em circunstâncias como as dos protestos no Brasil e em várias partes do mundo inauguram (ou ampliam) uma nova estética de narrativa de caráter jornalístico com a introdução de elementos novos que provocam olhares e mudanças para e no “ao vivo” consagrado pela televisão. A instantaneidade, a hiperrealidade das imagens e o movimento do deslocamento na ação trazem à tona experiências ambivalentes que merecem uma investigação de natureza empírica e reflexiva. Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 29. de “guerra” está também nos centros urbanos, exigindo coberturas jornalísticas ou de midialivrismo com aparato similar ao de repórteres correspondentes em circunstâncias como a Guerra do Iraque. O empoderamento de jovens ativistas (CASTELLS, 2009) através da apropriação de tecnologias móveis, redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram, aplicativos de streaming) e outros dispositivos visam a transmissão ao vivo (smartphones e tecnologia 3G e 4G) exige, igualmente, o “aparelhamento” da mídia tradicional para fazer frente à instantaneidade e ao volume de notícias em circulação. Concorre nesse processo, o uso das redes pelos cidadãos, sob o efeito da “compressão espaço-temporal” (HARVEY, 1992) e da condução de novas narrativas com o enquadramento “ao vivo”, “do agora”, “da rua”, “sem filtro”. No caso da mídia tradicional, vimos a relevância desse aspecto sendo levado a cabo como contraponto à midialivrista ou a incorporação da produção de conteúdos desta, como reconhecimento do trabalho ágil de ativistas e cidadãos com seus equipamentos portáteis e instantâneos subvertendo a lógica da grande mídia. Figura 1 - Forte presença do Mídia Ninja nas redes sociais com o compartilhamento de conteúdos Fonte: captura de tela5 Nesse sentido, o artigo versa sobre a extensão pragmática que os novos dispositivos implicam para a prática jornalística e a visualização do tensionamento existente entre os repórteres profissionais das organizações jornalísticas tradicionais e os “repórteres-ninjas” no tocante aos formatos ou narrativas de cobertura dos protestos. Sendo assim, formulamos duas questões problematizadoras no sentido de estabelecer uma discussão no horizonte e um enquadramento analítico: (1) De que modo a apropriação das tecnologias móveis digitais, com a expansão da mobilidade, interfere no jornalismo e suas práticas nas coberturas de protestos e conflitos na 5 Disponível em http://midianinja.tumblr.com/ . Acesso em 21 mar. 2014 Mídia, Tecnologia e L 28 inguagem Jornalística
  • 30. consideração da atuação dos repórteres das organizações jornalísticas e dos repórteres ninjas das organizações ativistas? (2) Em que implica para o jornalismo as narrativas em tempo real via streaming observadas durante a cobertura das manifestações tanto por meio de repórteres profissionais dos veículos de comunicação tradicionais quanto de repórteres ninjas? No âmbito do capítulo, tratamos o debate a partir de conceitos como convergência (JENKINS, 2009; BARBOSA, 2009), mobilidade (URRY, 2007; LEMOS, 2009; KELLERMAN, 2006), jornalismo móvel (SILVA, 2013; QUINN, 2009), redes sociais (RECUERO, 2013) e midialivrismo (MALINI; ANTOUN, 2013; ALMEIDA; EVANGELISTA, 2013), arregimentados para a compreensão dos novos tensionamentos e controvérsias visualizados nesse panorama, em desdobramento por meio da atuação no epicentro dos protestos na perspectiva da cibercultura e da sociedade em rede móvel (CASTELLS et al., 2006) que emerge como paradigma. A partir desses conceitos e do referencial do estado da arte, abordamos a cobertura de manifestações colocando também em cena, para o arcabouço teórico de exploração, a noção de mediadores humanos e não-humanos (LATOUR, 2005; LEMOS, 2013) de modo a conceder visibilidade às associações nem sempre perceptíveis nas ações netativistas. Lemos (2013), a partir da Teoria Ator-Rede6, defende que há mediadores não-humanos atuando em ações e formados por “objetos inteligentes, computadores, servidores, redes telemáticas, smart phones, sensores e etc” (LEMOS, 2013, p.20). Logo, não podemos deixar de reconhecer o aspecto da relação ator-rede, ao examinarmos a complexa rede híbrida presente nos processos sociopolíticos e que podem ser remetidos a outras situações, como a cobertura dos “protestos de junho 2013”, com os actantes humanos (ativistas, manifestantes, policiais, jornalistas) e não-humanos (smartphones, drones, Google Glass).7 Não obstante, esse processo inclui a convergência jornalística em sua 6 A Teoria Ator-Rede tem sua gênese na década de 1980 a partir de Bruno Latour, Michel Callon, Madeleine Akrich, John Law, Wiebe Bijker voltada para os estudos em torno da ciência e tecnologia com influência de Foucault, Deleuze e Guattari, Michel Serres e Gabriel Tarde. Se constituiu em uma crítica à sociologia, mais especificamente à noção de sociologia do social. No artigo, não faremos uma aplicação metodológica ou teórica da Teoria Ator-Rede, mas não deixaremos de mencionar as aproximações. 7 Outro exemplo de atuação de actantes não-humanos no jornalismo pode ser ilustrado com o caso em que a primeira notícia sobre o terremoto nos Estados Unidos, em março de 2014, foi produzida por um “robô-jornalista”, que se utilizando de inteligência artificial por meio de algoritmos, extraiu dados de forma instantânea dos computadores do Serviço de Pesquisa Geológica do país. O jornalismo de dados começa a avançar por sistemas inteligentes não-humanos para a produção de conteúdo original. In: Portal Imprensa, 18.03.2014. Disponível em <http://migre.me/kcz8w> . Acesso em: 18 mar. 2014 29 Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 31. conjuntura (mudanças no jornalismo, perfil profissional, estruturação das redações, adoção intensiva de tecnologias, emergência de repórteres cidadãos) e se constitui em um operador analítico pertinente capaz de adentrar o cenário em busca de respostas e de compreensão das transformações em curso. Com as redações em processo de integração (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008; BARBOSA, 2009), na perspectiva da cultura de convergência defendida por Jenkins (2009), o trabalho multiplataforma enxerga, nas tecnologias móveis e redes sociais móveis, angulações para o cumprimento da “atualização contínua” das plataformas online e móvel. Nessa abordagem de atuação, o jornalismo tradicional ancorado pela cobertura por tecnologias de transmissão instantânea busca no smartphone e no drone uma atuação de proximidade com a mídia independente como o Mídia Ninja, como forma de reposicionamento do seu aspecto de inovação e confiabilidade para manter credibilidade junto ao público. Ao adotar novos instrumentos de trabalho, as rotinas dos repórteres se alteram para o viés multitarefa e polivalente, cujo aspecto é visto por Kischinhevsky (2009) como um impacto sobre o fazer jornalístico à medida que sobrecarrega os repórteres ao tentar naturalizar essas multifunções como aspecto incorporado da rotina de produção. Portanto, o processo de convergência nas redações com a incorporação das tecnologias móveis digitais ou as tecnologias vestíveis, a exemplo do Google Glass (utilizado pela Folha de S.Paulo) conduz o trabalho do repórter para um comprometimento da produção e da prática jornalística em condições de mobilidade, por um lado, e para a potencialização ou otimização da produção (SILVA, 2013). Essa conjunção de fatores e de artefatos/objetos enriquece o debate em torno das controvérsias, de modo a demarcar a discussão em dimensões de análise como lugar, mobilidade, convergência, actantes, redes sociais com enfoque central no jornalismo móvel. Para aprofundar esses aspectos centrais desdobramos uma tentativa de compreensão perpassando pela natureza do que está em cena, na abordagem como o lugar e a mobilidade porque, de fato, é pertinente essa relação quando enquadramos a cobertura das manifestações através da modalidade do jornalismo móvel, considerando o locativo como um dos fatores à medida que o local é expressamente delimitado em algumas transmissões ou postagens de conteúdos através das redes sociais móveis ou do streaming realizado em tempo real. Mídia, Tecnologia e L 30 inguagem Jornalística
  • 32. 31 A dimensão do lugar na emissão em mobilidade A experiência de jornalismo móvel vincula-se ao hiperlocal, ao lugar da emissão. Mobilidade e lugar são dois conceitos-chaves para pensar sobre a produção jornalística geolocalizada que se utiliza de ambas vertentes: a mobilidade e o lugar. Para Medeiros (2011) a comunicação locativa restabelece a “relevância do lugar na comunicação” Em decorrência do uso dos artefatos móveis digitais como celulares, notebooks e tablets, surge uma forma de comunicação - a Comunicação Locativa - caracterizada pelo envio de informações que emanam do lugar diretamente para estes dispositivos, capaz de retomar o alto grau de relevância do lugar na comunicação. (MEDEIROS, 2011, p.26). O lugar, portanto, se relaciona diretamente com o fenômeno da mobilidade com suas múltiplas concepções e interdisciplinaridade (sociologia, urbanismo, geografia, comunicação, entre outras disciplinas), trazendo novas implicações para o campo da comunicação, em particular o jornalismo, com as dimensões associadas à produção e à difusão de conteúdos, como durante as apropriações das manifestações no Brasil com a emissão do lugar dos acontecimentos como um fator de “realidade” e de expressão do lugar dos confrontos. Para Urry (2007) a mobilidade pode ser pensada como movimentos físico, imaginativo e virtual. Assim, a mobilidade física e informacional enquadra-se na perspectiva aqui delineada, à medida que a reportagem ou o consumo de informações está carregado de potenciais da expansão da mobilidade, por meio de dispositivos móveis digitais e redes conectadas, que também são redimensionadas pelo jornalismo independente ou participativo. Uma das condições para compreensão desse contexto é o jornalismo móvel digital8, (SILVA, 2013) enquanto modalidade que incide sobre as rotinas produtivas dos jornalistas, sobre as formas de consumo (CUNHA, 2012) e, ao mesmo tempo, condiciona uma estrutura móvel calcada em tecnologia portátil para apropriações dos cidadãos como vista pelo Mídia Ninja e em outras coberturas pelo mundo (Primavera Árabe, Occupy Wall Street) com o movimento de pessoas, objetos e informações 8 O conceito de jornalismo móvel digital é compreendido aqui como a prática jornalística baseada no uso de tecnologias móveis digitais como tablets, smartphones e celulares, além do conjunto de conexões sem fio a exemplo da tecnologia 3G, 4G, Bluetooth, Wi-Fi. Essa estrutura móvel de produção pode ser utilizada tanto no jornalismo profissional das organizações jornalísticas, quanto apropriada pelos cidadãos para a cobertura com valor jornalístico. Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 33. (URRY, 2007), com o enunciado da relação de hibridismo entre humanos e não-humanos defendida por Latour (2005). O jornalismo móvel, numa dimensão histórica, pode ser localizado no trabalho dos correspondentes de guerra e no trabalho dos repórteres de agências de notícias (MATHESON; ALLAN, 2009; SILVA JUNIOR, 2006) como no caso da cobertura no Afeganistão em 2001 e no Iraque com o uso de videofones (celular via satélite, notebook) para transmissão ao vivo direto do front para televisão a exemplo do uso feito pela CNN e TV Globo. Para Pedro (2009) essa construção pode ser considerada “uma nova narrativa de guerra” baseada na tecnologia móvel. A cobertura de TV, com a presença do repórter e da tecnologia móvel, não deixa dúvidas de quando a guerra está acontecendo nem onde. São utilizadas as imagens ao vivo do “teatro de operações”, via satélite através do videofone, de onde quer que o repórter queira estar, para os telespectadores nos seus respectivos sofás (PEDRO, 2009, p.1). Neste sentido, nossa tese é de que a cultura do jornalismo móvel reposiciona o sentido de ‘lugar” na intersecção entre os artefatos e a mobilidade expandida presentes na produção de campo na espacialização construída no nexo entre jornalismo móvel e jornalismo locativo numa relação tênue oriunda das apropriações das tecnologias móveis digitais. Defendemos que as notícias breaking news, através de elementos de geolocalização, a temperatura do acontecimento no lugar, os elementos visuais e sensoriais do lugar ( vídeos, imagens e áudio) e o repórter no lugar, redimensionam a mobilidade informacional e da mobilidade física (KELLERMAN, 2006). Deste modo, temos uma relação tênue entre jornalismo móvel e jornalismo locativo a ser considerada. Primeiramente, pressupõe-se que o jornalismo móvel tem impacto direto sobre o breaking news ou hard news tendo em vista que as possibilidades de atualização imediata do lugar, remota e “deslocada” se efetiva nas condições do exercício do repórter em mobilidade que o aparato portátil digital permite (a exemplo do smartphone e tablet). Em segundo lugar, a conexão em nuvem dilui a fronteira entre o local de apuração e o local de distribuição (antes, concentrado na redação física) gerando um espaço de fluxo contínuo entre a redação física e a redação móvel, de modo a estabelecer uma nova dinâmica. Esses dois sentidos também podem ser atribuídos ao trabalho da Mídia Ninja tendo, inclusive, o estabelecimento de outra relação pelo envolvimento mais imersivo Mídia, Tecnologia e L 32 inguagem Jornalística
  • 34. nas narrativas de proximidade. Para tal, poderíamos chamar de “ambivalência móvel” no sentido de atribuição indiferente do lugar (físico, em movimento). O lugar adquire um novo significado comunicacional e pertencimento temporário a essa notícia no contexto (o deslocamento, a geolocalização, presença in loco do repórter), seja nos meios tradicionais ou na mídia alternativa como a Mídia Ninja que a observação empírica do fenômeno revela. 33 Mídia Ninja e jornalismo: narrativa em movimento ao vivo por smartphone As manifestações de junho de 2013 trouxeram uma nova repercussão para o uso de tecnologias móveis na cobertura jornalística. De um lado, o movimento de jornalismo alternativo do Mídia Ninja, com o uso de smartphones com tecnologia 3G e 4G na cobertura coletiva e em tempo real através de aplicativos de streaming como o Twitcasting e a articulação em redes sociais; por outro lado, a cobertura da mídia tradicional como da Globo News com smartphones e da Folha de S.Paulo com experimentações como o uso de drones9 para visão aérea e da tecnologia Google Glass com transmissão em tempo real (figura 2). Figura 2 - Folha transmite ao vivo via Google Glass Fonte: captura de tela10 9 Drones são pequenas aeronáveis não tripuladas, utilizadas em conflitos e apropriada para o jornalismo para coberturas aéreas através da instalação de câmeras portáteis. 10 Cf. Folha de S. Paulo, 15.08.2013. Disponível em: <http://migre.me/kczpUl>. Acesso em: 02.03.2014 Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 35. No caso do drone, a equipe da Folha de São Paulo acoplou um celular ao equipamento para captura de imagens panorâmicas e aéreas. Estas duas tecnologias - drones e Google Glass - alteram o modus operandi dos repórteres porque instauram novos modos “de ver” os eventos ou novos modos “de construção” da notícia. Além da Folha de S.Paulo, posteriormente os repórteres da Globo News se utilizaram da mesma estratégia do Mídia Ninja e construíram suas narrativas de dentro das manifestações, podendo assim transmitir o “calor dos acontecimentos”. Para Antonio Brasil (2013), os repórteres “ninjas” globais enveredaram pelo processo de convergência na transição da televisão para a Internet com um telejornalismo baseado no ao vivo pelo celular como uma estratégia emergente. Os ninjas globais não subiram nos telhados ou restringiram a cobertura às cabines dos helicópteros. Trata-se de uma grande evolução da estratégia “abelha” de cobertura jornalística para TV. No passado, outros repórteres como Aldo Quiroga, na TV Cultura de São Paulo e Luís Nachbin, na Globo, para citar poucos exemplos, adotaram essa nova forma de narrativa audiovisual – mas jamais transmitiram eventos ao vivo pela TV. (BRASIL, 2013, n.p) Nessas circunstâncias, a rotina dos repórteres envolve novos elementos na narrativa dos fatos com uma imersão maior sobre a cena e os personagens, além de exigir um perfil profissional distinto (polivalente, multitarefa, multimídia e móvel). São arranjos de caráter profissional e tecnológico que determinam um olhar sobre o habitus do jornalista (BOURDIEU, 1989). A conexão em rede, o uso de tecnologias móveis digitais e as apropriações das redes sociais como disseminadoras de informações e modo de interação mediada por celulares e smartphones trazem uma ressignificação para a narrativa televisiva e para os movimentos como no caso dos protestos numa relação estreita entre o espaço urbano e a conexão generalizada que se verifica. Os movimentos sociais contemporâneos ganharam roupagens novas na sociedade do século XXI ao engajarem suas práticas e formas de mobilização em outra esfera pública, agora, conectada e em Rede. As transformações das tecnologias digitais na vida social amplificam, deste modo, os rearranjos comunicacionais num contexto contínuo de mutações. (RODRIGUES, 2013, p.32). Assim sendo, a exploração das tecnologias móveis, aliada à mediação pelas redes sociais móveis, é determinante no que se refere à disseminação das informações, Mídia, Tecnologia e L 34 inguagem Jornalística
  • 36. em contexto de mídias com funções pós-massivas11 e ocupação do espaço urbano por parte dos manifestantes. Munidos de celulares, smartphones e outros dispositivos móveis, o Mídia Ninja12 amplificou a cobertura dos protestos sob uma perspectiva de mostrar os acontecimentos sem corte e sem filtros, revelando a realidade das ruas marginalizadas e ignoradas pelos meios de comunicação de massa. Essa forma de atuação é denominada por Malini e Antoun (2013) como “midialivrismo” 13. No contexto da cibercultura e da filosofia da cultura hacker, trata-se de ações ciberativistas que produzem e compartilham processos no âmbito das tecnologias digitais, sem intermediações ou hierarquia das corporações midiáticas. “O midialivrista é o hacker das narrativas, tipo de sujeito que produz, continuamente, narrativas sobre acontecimentos sociais que destoam das visões editadas pelos jornais, canais de TV e emissoras de rádio de grandes conglomerados de comunicação.” (MALINI; ANTOUN, 2013, p. 23). Ao refletir sobre o conceito de midialivrismo14, percebem-se novas possibilidades na emissão de conteúdos em rede, em distintas plataformas comunicacionais (sites, blogs, Youtube, sites de redes sociais), sendo uma alternativa aos meios de comunicação de massa, e com isso, amplificando sua rede de informação e compartilhamento. Em perspectiva semelhante, pode-se afirmar que os repórteres ninjas (figura 3) exercem aspectos do midialivrismo, ao realizar a cobertura dos 11 Para Lemos (2010), mídias com funções pós-massivas são aquelas sem um controle do “fluxo centralizado da informação” como ocorre com os meios de comunicação de massa. Na perspectiva das mídias com funções pós-massivas “qualquer um pode produzir informação”, ou seja, há uma liberação do pólo de emissão. 12 Mídia Ninja (denominação para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) é um grupo ativista criado em 2011 e participante do Coletivo Cultural Fora do Eixo. Os ativistas procuram fazer uma cobertura aberta e em contraposição à mídia tradicional. A partir das transmissões ao vivo dos protestos em junho o grupo se consolidou. 13 Entretanto, apesar do termo ser uma contraposição (inclusive ideológica) aos meios de comunicação de massa e sua forma de atuação, acreditamos que o cenário ideal é o composto por uma paisagem midiática em que possa coexistir ambas as esferas: a mídia tradicional e a mídia independente como modelo de democracia. Neste sentido, o público tem a oportunidade de conviver com diferentes fontes de informação e, deste modo, construir sua posição sobre os diferentes temas da atualidade. Neste aspecto, a digitalização e as redes digitais quebraram o monopólio abrindo espaço para a liberação do pólo emissor (LEMOS, 2010) com a participação do cidadão que pode confrontar pontos de vista nesse ambiente. 14 A noção de mídia livre, conforme explorado pelo movimento do Mídia Ninja, já vinha sendo explorado pelo Centro de Mídia Independente (CMI), conhecido também como Indymedia, surgido em 1999 por organizações e ativistas de mídia independente em Seatle que teve papel essencial na cobertura de protestos contra a Organização Mundial do Comércio - OMC. O Intervozes é uma das iniciativas vinculadas ao midialivrismo ou o Occupy Wall Street, além da Primavera Árabe. 35 Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 37. protestos disponibilizando em live streaming em seu canal no Youtube15. Sem dúvida, estamos diante de novas narrativas que precisam ser problematizadas nos estudos do jornalismo. Figura 3 - Um dos idealizadores do Mídia Ninja, Bruno Torturra, na cobertura dos protestos Fonte: captura de tela16 A partir das transmissões ao vivo dos protestos pelo Mídia Ninja, as imagens tentam revelar o lado “B” das manifestações, muitas vezes não explorado na mídia massiva, razão pela qual eles declaram praticar um jornalismo nu e cru e divulgar fortemente em seus canais digitais. Neste modelo de ação colaborativa, não há restrições para ser um repórter ninja ou um transmissor, para tal, pode-se munir-se de celulares, estar acompanhando as manifestações e fatos sociais e transmitir ao vivo pelo TwitCasting. A ideia é que mais repórteres-ninja se aglutinem no Mídia Ninja para expandir as transmissões aumentando a capilaridade do movimento em coberturas para uma pulverização comunicacional. Para Malini (2014) emerge o que ele denomina de “nova grande mídia”17 como antagonista aos meios de comunicação de massa dominantes. 15 Canal oficial do Mídia Ninja no YouTube: http://www.youtube.com/user/7VHD 16 Cf. YouTube. Disponível em: <http://migre.me/kczCw>. Acesso em: 02 01.2014 17 Malini (2014) constrói o seu argumento de nova grande mídia a partir de pesquisa empírica de seleção de 300 canais que atuam como divulgadores de ações midialivrista na rede social Facebook. O autor obtem como resultado do cruzamento de dados de que esses 300 canais arregimentam em torno de 15 milhões de usuários. Deste modo, conclui Malini, estaríamos diante de uma nova grande mídia funcionando fora do circuito tradicional de formação da opinião pública. Numa comparação já estabelecida na década de 2000, seria algo como blogosfera e mídiaesfera. Mídia, Tecnologia e L 36 inguagem Jornalística
  • 38. Essa GRANDE MÍDIA não parece ser dialética, não mais depende de qualquer sistema de comunicação de massa para se constituir. E a rede já possui a cerca de 15 milhões de usuários. Mas deve ser mais, porque se estes usuários compartilharem apenas um post de uma dessas páginas, o alcance se multiplica. As páginas são o núcleo da emissão de mensagens no Facebook. E os perfis individuais, as células que ecoam, por meio do compartilhamento, esses conteúdos. (MALINI, 2014, n/p). Em entrevista para a Revista Brasileiros18, um dos idealizadores da rede colaborativa do Mídia Ninja, Bruno Torturra, explica que a prática do jornalismo alternativo não diminui a importância da grande mídia na sociedade, e vê com bons olhos quando as imagens dos repórteres-ninja são exibidas na mídia massiva, uma vez que estão contribuindo para “ fazer a diferença” para a cobertura de uma “narrativa ética”. Para Torturra, o objetivo maior não é monetizar o movimento, mas fazer justiça social a partir de sua logística. “O que realmente nos interessa é que um inocente não seja preso, que o policial saia para a rua identificado, que a gente saiba de onde partem os comandos e que o governo se responsabilize pessoalmente ou aponte um culpado quando problemas dessa natureza são revelados”. (TORTURRA, 2013, on line). Além da cobertura em mobilidade e em tempo real praticado pelo Mídia Ninja, através de smartphones com conexões sem fio, a apropriação e sites de redes sociais tem sido um ponto de congruência das manifestações e como espaço conversacionais e divulgação, alterando o panorama midiático contemporâneo. [...] a metáfora da rede, assim, oferece um modo interessante de compreender fenômenos contemporâneos da comunicação mediada pelo computador, que, sem dúvidas, complexificou em larga escala os fluxos comunicativos de nossa sociedade contemporânea. (RECUERO, 2009) A apropriação dos sites de redes sociais e das tecnologias móveis tem reverberado a ação da Mídia Ninja, inserindo-a no vigoroso ambiente da cultura da mobilidade. As transmissões são feitas em grande parte por celulares e dispositivos 4G, mais na base do improviso do que de um roteiro predefinido. Se a prática de transmitir atos públicos não é nova, a visibilidade que ela ganhou com o grupo surpreende, chegando a atingir a marca dos 100 mil espectadores. (MAZOTTE, 2013, online). Além do Facebook, que contabiliza 13. 777 curtidas em sua fanpage, o grupo 18 Revista Brasileiros. Entrevista com Bruno Torturra. Disponível: <http://migre.me/kcA3i>. Acesso: 02.03.14 37 Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 39. também mantém penetração pelo Tumblr,19 Google Plus20 e Twitter21, canais em que ampliam-se as informações divulgadas e alargando o capital social por meio das redes digitais (figura 4). A articulação das movimentações com os dispositivos midiáticos e principalmente as novas tecnologias marcou essa nova fase da sociedade, que une elementos como cultura da convergência (JENKINS, 2009), computação ubíqua, tecnologias portáteis (celulares, iPads, tablets, notebooks) e redes móveis de conexão à internet, redes sociais da internet (RECUERO, 2009), ciberativismo e lutas políticas. (ALMEIDA, 2013, p.85). Essa combinação entre tecnologias móveis e a apropriação das redes sociais tem imprimido uma marca ao movimento de cobertura engajada e colaborativa. “Cada repórter ninja tem um perfil de atuação, mas todos têm o mesmo objetivo: quebrar a narrativa uníssona da grande imprensa usando a própria mídia como arma” (DINIZ, 2013, online). Figura 4 - Web-realidade reune os canais online de transmissão ao vivo como os do Mídia Ninja Fonte: captura de tela. Além das manifestações de junho de 2013, outros atos ocorreram ao longo do ano de 2013 e 2014 como os protestos denominados #naovaitercopa contra a Copa do Mundo e também as manifestações dos garis do Rio de Janeiro que mobilizou 19 Cf. Mídia Ninja Tumbrl. Disponível em: <http://midianinja.tumblr.com/>. Acesso em: 2 mar de 2014 20 Cf. Mídia Ninja blogspot.com. Google Plus, Disponível em: <http://migre.me/kcAGI>. Acesso em: 02.03.2014 21 Cf. Ninja – Perfil no FaceBook. Disponível em: <http://migre.me/kcATI>. Acesso em: 2 mar de 2014 Mídia, Tecnologia e L 38 inguagem Jornalística
  • 40. a Mídia Ninja e os próprios garis em março de 2014 na utilização das tecnologias móveis para amplificar a greve e suas reivindicações. Bentes (2014) denominou essa articulação de “mídias-redes” e chamou a atenção para a atuação do Mídia Ninja com as transmissões ao vivo e dos próprios garis na contra-guerra de informação. Formação politica de rua e mídias-redes! E a mídia de mobilização nas redes impulsionou a onda laranja para além das ruas e dos guetos. Depois de uma semana de desqualificação, suspeitas e dissuasão do movimento dos garis, pela mídia corporativa, o Jornal Nacional deu “uma linha” seca e rápida sobre o fim da greve, sem qualquer imagem da vitória dos garis. Nas redes, as imagens e memes dos midialivristas inundaram as timelines. A transmissão ao vivo pela Midia Ninja mostrou o movimento desde o primeiro ato e fez circular fotos lindíssimas. Imagens que dão cara, singularizam e produzem comoção. O ao vivo nas redes traz a experiência de “estar na rua” e é hoje uma ferramenta decisiva para os movimentos populares. Muitos garis compartilharam suas imagens pelos celulares. [...] Viva os garis e a mídia livre e a autônoma varrendo a velha politica, o sindicalismo engessado a velha mídia! Formação politica de rua, “agitprop” e mídias-redes! (BENTES, 2014, online).22 Na contemporaneidade, as percepções são múltiplas sobre o desenvolvimento desencadeado pelas tecnologias móveis e seus processos reconfigurantes. A sociedade em rede defendida por Castells (2009) é, de fato, uma sociedade em rede móvel (CASTELLS et al., 2006) com implicações sociotécnicas e desafios teórico-conceituais para a compreensão das redefinições em jogo em torno dos formatos e narrativas em desenvolvimento dentro do jornalismo tradicional e fora do mainstream. 39 Conclusões Neste capítulo discutimos a inserção das tecnologias móveis na cobertura dos protestos em junho de 2013 e outros usos cotidianos com enfoque no trabalho da mídia com funções massivas (como Folha de S.Paulo e Globo News) e da mídia com funções pós-massivas (Mídia Ninja). O antagonismo que verificamos no tocante à discussão sobre a mídia alternativa em relação à mídia tradicional é pertinente como posicionamento dos lugares de fala e dos aspectos de complexidade envolvendo o contexto. Não obstante, o hibridismo dessa relação se configura mais consistente na 22 Cf. FaceBook, perfil Ninja – Mídia de mobilização. Disponível em: <http://migre.me/kcAwq>. Acesso em: 08.09.2013 Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 41. atualidade com implicações amplas para a comunicação com os atores humanos e não-humanos como mediadores das controvérsias. O assunto não se esgota nesse capítulo proposto. Como observamos, o campo do jornalismo torna-se cada vez mais instigante com as lutas pelo poder simbólico que se enxerga entre os emergentes do midialivrismo como o Mídia Ninja e a mídia tradicional de modo a configurar novas relações em torno da “mídia-rede” dos novos protagonistas que emergem estabelecendo novas categorias dentro dos valores jornalísticos. Durante o acompanhamento dos desdobramentos da cobertura jornalística das manifestações, observou-se que a mídia tradicional foi forçada a adotar a mesma estratégia e tecnologias da Mídia Ninja, ou seja, smartphones, Drones e Google Glass como forma de reafirmação do caráter de inovação, mas também, para não ficar para trás tendo em vista o espaço midiático que a Mídia Ninja ocupou com a estética do “ao vivo” e acompanhamento “colado” aos manifestantes. A estratégia também se deu em função dos perigos que a cobertura representou para as equipes, identificadas pelos crachás e veículos de reportagens. Examinar as mudanças via convergência jornalística e mobilidade pelo viés do conceito-chave do jornalismo móvel, conforme exploramos, permitiu especular sobre os rumos do jornalismo diante de protagonistas emergentes atuando em paralelo. Num primeiro momento, identificamos que as tecnologias móveis implicam novas funções para as práticas jornalísticas, além das habilidades habituais e exigem um nível de treinamento para operar o fluxo de trabalho baseado em um dispositivo portátil conectado e com aplicativos variados (de captura, de edição e de distribuição ou de transmissão ao vivo). Num segundo momento, percebemos que o modelo de emissão de conteúdos do campo baseado no celular instaura narrativas diferenciadas, principalmente para televisão que necessita recompor seus valores diante de uma estética fora do padrão tradicional e com qualidade inferior, porém, que indica novos elementos como a contextualização do lugar, a mobilidade expandida no processo e o sentido de presença “viva” direto da cena representada pela participação ativa do repórter como uma espécie de etnógrafo em tempo real. Concluimos, portanto, que o jornalismo móvel se constitui em uma modalidade de prática jornalística que reposiciona um conjunto de aspectos do jornalismo contemporâneo como o domínio da gramática das tecnologias móveis e seus aplicativos, noção de trabalho multitarefa e multiplataforma em redações integradas ou convergentes. Ao mesmo tempo visualizamos o nascimento de novos atores - o Mídia Ninja - com perfil e valores distintos do estabelecido ao longo do tempo na Mídia, Tecnologia e L 40 inguagem Jornalística
  • 42. chamada grande mídia. O tensionamento deve perdurar diante das transformações ainda em curso. Referências ALMEIDA, Thiago D’Angelo Ribeiro. Manifestações no Brasil: uma referência de ação política integrada às novas tecnologias da informação. In: SOUSA, Cidoval Morais; SOUZA, Arão de Azevêdo. Jornadas de junho: repercussões e leituras. Campina Grande: EDUEPB, 2013 Disponível em http://www.uepb.edu.br/download/ ebooks/Jornadas%20de%20Junho%20-%20Repercuss%C3%B5es%20e%20Leituras. pdf acesso em 02 fev. 2014 ALMEIDA, Thiago D’Angelo Ribeiro; EVANGELISTA, Amanda Falcão. Tecnologias móveis, mídias independentes e coberturas de mobilizações sociais urbanas: as influências do “midialivrismo” na sociedade midiatizada. In: II Colóquio Semiótica das Mídias. Alagoas, 2013. Disponível em http://ciseco.org.br/anaisdocoloquio/ images/csm2/CSM2_ThiagoDangeloAmandaFalcao.pdf acesso em 12 fev. 2014 AVILÉS, José Alberto García; SALAVERRÍA, Ramón; MASIP, Pere; PORTILLA, Idota; SADABA, Charo. Métodos de investigación sobre convergencia periodística. In: Colóquio Internacional Brasil-Espanha sobre Cibermedios. Salvador, dez. 2007. BARBOSA, Suzana. Convergência jornalística em curso: as iniciativas para integração de redações no Brasil. In: RODRIGUES, Carla. Jornalismo on-line: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Editora Sulina, 2009. BENTES, Ivana. Mídia de mobilização. Disponível em https://www.facebook.com/ midiaNINJA/photos/a.164308700393950.1073741828.164188247072662/285032501 654902/?type=1 acesso em 8 mar. 2014 BRASIL, Antonio. Os ninjas da Globo News. Observatório da Imprensa. 2013. Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed763_os_ ninjas_da_globonews acesso em 14 fev. 2014 BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989 CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede: a Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. 4. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999 CASTELLS, Manuel; ARDÈVOL, Mireia Fernández; QIU, Jack Linchuan; SEY, Araba. Comunicación móvil y sociedad. Barcelona: Ariel e Fundação Telefônica, 2006. 41 Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 43. CASTELLS, Manuel. Comunicación y poder. Barcelona: Alianza Editorial, 2009. CUNHA, Rodrigo do Espírito Santo da. Revistas no cenario da mobilidade: a interface das edições digitais para tablets. 150 f. il. 2011. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012. DINIZ, Lilia. O Jornalismo em tempo real da Mídia Ninja. 2013. Ed. 757. Observatorio da imprensa. Disponível em: http://www.observatoriodaimprensa.com. br/news/view/o_jornalismo_em_tempo_real_da_midia_ninja Acesso em: 3 mar de 2014 HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1992. JENKINS, Henry. Cultura da convergência. Ed. São Paulo: Aleph, 2009. KELLERMAN, Aharon. Personal Mobilities. London: Routledge, 2006 KISCHINHEVSKY, Marcelo. Convergência nas redações: mapeando os impactos do novo cenário midiático sobre o fazer jornalístico. In: RODRIGUES, Carla. Jornalismo online: modos de fazer. Rio de Janeiro: Ed.PUC-Rio : Editora Sulina, 2009. LATOUR, Bruno. Reassembling the Social - An Introduction to Actor-Network- Theory. New York: Oxford, 2005. LEMOS, André. Celulares, funções pós-midiáticas, cidade e mobilidade. In: urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), v. 2, n. 2, p. 155-166, jul./dez. 2010. LEMOS, André. Cultura da mobilidade. Revista Famecos. Porto Alegre, n.40, dez., 2009 LEMOS, André. A comunicação das coisas - teoria ator-rede e cibercultura. São Paulo: Annablume, 2013 MALINI, Fábio; ANTOUN, Henrique. @ Internet e #rua - ciberativismo e mobilização nas redes sociais. Porto Alegre: Editora Sulina, 2013 MALINI, Fábio. A nova GRANDE MÍDIA: a ecologia midialivrista brasileira no Facebook. Disponível em http://www.labic.net/grafo/a-nova-grande-midia-a-ecologia- midialivrista-brasileira-no-facebook/ acesso em 8 mar. 2014 MATHESON, Donald; ALLAN, Stuart. Digital war reporting - digital media and society series. Cambridge, UK: Polity Press, 2009. Mídia, Tecnologia e L 42 inguagem Jornalística
  • 44. MAZOTTE, Natalia. Jornalistas independentes da Mídia Ninja ganham atenção. 2013. Observatório da Imprensa. Ed. 757. Disponível em: http://www. observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed757_jornalistas_independentes_da_ midia_ninja_ganham_atencao Acesso em: 1 mar de 2014 MEDEIROS, Macello. O lugar da comunicação: um estudo sobre a comunicação locativa em zonas bluetooth. (Tese de doutorado). FACOM/UFBA, 2011 PEDRO, Vanessa. Novas tecnologias da presença: o videofone e a cobertura da imprensa na Guerra do Iraque. 2009. Disponível em http://www.historia.uff.br/ stricto/files/public_ppgh/2009-12_pedro.pdf acesso em 10 maio 2011. QUINN, Stephen. Mojo - mobile journalism in the Asian Region. Singapura: Konrad Andenauer Stifung, 2009. RECUERO, Raquel. Redes Sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. RODRIGUES, Adriana Alves. Redes sociais e manifestações: mediação e reconfiguração na esfera pública. In: SOUSA, Cidoval Morais; SOUZA, Arão de Azevêdo. Jornadas de junho: repercussões e leituras. Campina Grande: EDUEPB, 2013 Disponível em http://www.uepb.edu.br/download/ebooks/Jornadas%20de%20 Junho%20-%20Repercuss%C3%B5es%20e%20Leituras.pdf acesso em 02 fev. 2014 SILVA JÚNIOR, José Afonso da. Uma trajetória em rede: modelos e características operacionais das agências de notícia, das origens às redes digitais, com três estudos de caso. (tese de doutorado). FACOM/UFBA, 2006 SILVA, Fernando Firmino da. Jornalismo móvel digital: uso das tecnologias móveis digitais e a reconfiguração das rotinas de produção da reportagem de campo. (Tese doutorado). UFBA/POSCOM, 2013. Disponível em https://repositorio.ufba.br/ri/ handle/ri/13011 acesso em 8 mar. 2014 SALAVERRÍA, Ramón; NEGREDO, Samuel. Periodismo integrado – convergência de medios y reorganización de redacciones. Barcelona: Sol90Media, 2008. TORTURRA, Bruno. Onipresença Ninja. (Entrevista a Marcelo Pinheiro). Revista Brasileiros. Disponível em http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/08/08/ onipresenca-ninja/#.Uyy-y15HO-m acesso em 08 ago. 2013 URRY, John. Mobilities. Cambridge: Polity: 2007. 43 Jornalismo em mobilidade: redes sociais e cobertura de protestos “ao vivo” e da rua
  • 45. Midiativismo, redes e espaço público autônomo: as novas mídias na redefinição Mídia, Tecnologia e L 44 inguagem Jornalística das relações de poder Thiago D’angelo Ribeiro Almeida 1 Claudio Cardoso de Paiva 2 Resumo Este artigo busca observar como as relações midiáticas podem ser redefinidas a partir da “tomada de posse” dos meios de comunicação favorecida pelas novas mídias e tecnologias, abrindo novas possibilidades de usos destas mídias como instrumentos de contrapoder, resistência e contestação dos poderes estabelecidos. Com base nos estudos de Castells (2013), Downing (2004), Kellner (2001), Ramonet (2012) e Malini & Antoun (2013), pretendemos examinar como a relação entre o midiativismo, redes sociais e espaço público está sendo reconfigurada a partir das potencialidades da internet. Por fim, realizamos uma descrição das práticas do grupo Mídia NINJA, referência das mídias alternativas que mescla a ação direta das ruas com a utilização de redes móveis para construir narrativas contra hegemônicas. Palavras-Chave: Midiativismo. Movimentos em rede. Jornalismo. Mídia NINJA. 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. E-mail: dangelo.thiago@hotmail.com. 2 Orientador e professor doutor do Mestrado em Jornalismo Profissional da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. E-mail: claudiocpaiva@yahoo.com.br.
  • 46. 45 Introdução A Revolução Industrial reformulou no século XVIII os modelos capitalistas de produção, transformando as estruturas de uma economia movimentada basicamente por produtos manufaturados e relações de trabalho marcadas ainda pelo ambiente familiar das oficinas e as corporações de ofício. Ao retirar da mão do artesão as ferramentas de produção e o produto final do seu trabalho, além de convertê-lo em operário (ou mero desempregado), a industrialização trouxe à sociedade as formas que modelaram paulatinamente o sistema capitalista até os padrões atuais. O surgimento do computador e posteriormente da internet, por sua vez, desencadeou a revolução digital, que por sua vez impactou as estruturas e os processos dos meios de comunicação de massa3. No ciberespaço, “conjunto das informações que transitam nos servidores e terminais conectados à Internet” (FRAGOSO, 2000, p. 4), novas possibilidades de interação, produção e circulação de informações, de comércio e outros fatores proporcionaram o desenvolvimento e expansão da cibercultura4 ou cultura do acesso, segundo Santaella (2007). Esta, por sua vez, interfere nas formas de se relacionar, consumir, construir e compartilhar conhecimento, alterando as várias dimensões humanas e viabilizando a conversão da rede mundial de computadores em um imenso espaço público autônomo (CASTELLS, 2013) e de difícil controle por parte dos poderes estabelecidos. A comunicação mediada por computador (CMC) auxiliou na redefinição destes e outros aspectos da vida cotidiana e passou a influenciar os sistemas político, cultural, econômico, midiático etc. A hierarquia, verticalização e unidirecionalidade destes sistemas sociais parecem estar cada vez mais sendo influenciados pelas culturas da autonomia, colaboração, mobilidade, cooperação, participação, convergência e descentralização características da era da conexão (WEINBERGER, 2003 apud LEMOS, 2013). Neste cenário de midiatização, de novos ambientes sociais constituídos pelas novas mídias (SANTAELLA, 2013) e interconexão social tecnológica (BARRETO, 3 Que não por acaso também seguem modelos de produção de uma indústria: a Indústria Cultural, cuja maior referência conceitual provém do estudo de Max Horkheimer e Theodor Adorno, no início do século XX a partir da obra Dialética do Esclarecimento. Disponível em http://tinyurl.com/97t3ym6. Acesso em 10 de nov. 2013. 4 É importante destacar que “a cultura virtual não brotou diretamente da cultura de massas, mas foi sendo semeada por processos de produção, distribuição e consumo comunicacionais” (SANTAELLA, 2003, p. 24). A estes processos, a pesquisadora Lucia Santaella chama de “cultura das mídias”. Para saber mais, ler Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Disponível em http://tinyurl. com/moh8vl9. Acesso em 22.07.2013. Midiativismo, redes e espaço público autônomo