SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  21
Psicopatologia Fenomenológica 1
• Origem da filosofia alemã fenomenológica
• Métodos:
1. Descritivo e o de Karl Jaspers- ocupa-se do que
os doentes vivem, estuda seus estados de
espírito, visa a desvelar significações.
2. Binswanger: impregnado de referências
filosóficas. Estudos de esquizofrenia, mania,
melancolia. Daseinanalyse- estudo do homem em
situação. Complexo.Metodologia psiquiátrica.
Contribuições de Husserl (intencionalidade) e
Heidegger (especificação do Dasein).
• O método permitiu avanços.
FENOMENOLOGIA
Contribuição filosófica: Johan Heinrich Lambert,
Wilhelm Dilthey (1833 -1911), Edmund Husserl
(1859-1938), Martin Heidegger (1889-1976),
Kierkegaard, Nietzsche.
Karl Jaspers (1883-1969) Filósofo e Médico
1913 Allgemeir Psychopathogie (Psicopatologia
Geral)
“O objeto da Psicopatologia é o fenômeno
psíquico realmente consciente”.
Ludwig Binswanger (1881 - 1966)
Antropologia Compreensiva (Jürg Zutt)
Edmund Husserl
1859-1938
Filósofo alemão. Fundador da Fenomenologia
Martin Heidegger
1889 - 1976
Dasein - viver
(“realidade humana”)
Universidade de Freiburg
Reitor em 1933 e 1934
Considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico . Ambos os
conceitos referem a intenção de dirigir a atenção (a circunvisão) para o trazer à
luz daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que na maior parte
das vezes se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se
mostra. Assim, o trabalho hermenêutico visa interpretar o que se mostra pondo a
lume isso que se manifesta aí mas que, no início e na maioria das vezes, não se
deixa ver.
Hannah Arendt , judia, foi aluna do Martin Heidegger
“.... a obrigação do intelecto é compreender o acontecido.
Quando compreendemos, nos reconciliamos com a
realidade. Então, o objetivo da compreensão é o de se
colocar em paz com o mundo. Se a mente é incapaz de
pacificar e reconciliar, se torna prisioneira da própria
guerra.”
Ao se referir a Auschwitz, diz : “Lá aconteceu
qualquer coisa com a qual não podemos nos reconciliar.
Nenhum de nós pode.”
Hanna Arendt (1906-1975)
Teórica política alemã. Migrou para USA em 1941 fugindo
na ascensão do nazismo. Estudos sobre política, autoridade,
educação, violência e condição de mulher.
Teve uma relação intelectual e passional com Martin
Heidegger
durante o curso de filosofia na Universidade de Marburgo.
Recebeu orientação de Karl Jaspers em uma tese.
Ludwig Binswanger
1881-1966
Médico suiço combinou psicoterapia com existencialismo
Pioneiro da Psicologia Existencial
Daseinanalyse “análise
da presença humana”
Tese de Livre Docência Clínica Psiquiátrica da Universidade de Heidelberg - 1913
“O objeto da
Psicopatologia é o
fenômeno realmente
consciente”
Karl Jaspers
• Fenomenologia: é o estudo daquilo que é percebido
pelos sentidos ou pela consciência.
• As vias de acesso ao fato psicopatológico são a
compreensão (método subjetivo) e a explicação
(método objetivo).
• Compreensão: consiste num esforço de
contemplação do fenômeno mórbido, com o seu
significado, tal como o doente o considera.
• Explicação: consiste num esforço intelectual,
visando a busca de laços de causalidade (causa-
efeito) entre os diferentes dados captados pela
observação.
• Vivência: é o fenômeno psíquico fundamental.
Psicopatologia Fenomenológica- Abordagem
Descritiva
• É a disciplina que se ocupa da descrição,
definição e classificação dos sinais, sintomas
e síndromes mentais.
• As classificações em uso – CID 10ª (1992) e
DSM-IV-TR (2000) listam os critérios
diagnósticos. Não definem os sinais e
sintomas nem como identificá-los.
• Fidedignidade do diagnóstico clínico.
Aspectos comportamentais
Listagens de sintomas
semelhança entre pacientes
Psicopatologia Fenomenológica 3a
Estudo fenomenológico da hospitalização em Psiquiatria.
Letendre et al (1988) pesquisa-pacientes hospitalizados. Modelos:
1. médico: a) a doença mental tem causas individuais, internas; b)
os comportamentos dos pacientes são determinados por essas
causas; c) as pessoas podem ser classificadas como sãs ou como
doentes; d) o diagnóstico serve para separar os doentes das
pessoas sãs e para descrever os diferentes componentes
etiológicos e comportamentais dos doentes; e) os profissionais
possuem o saber sobre o que é a doença mental.
2. social: a) hospitalização é o resultado do desvio dos sujeitos; b)
o desvio tem causas sociais e externas aos sujeitos; c) os
comportamentos e atitudes dos hospitalizados são o resultado de
uma situação social que oprime; d) o hospital psiquiátrico é uma
sociedade que tem objetivos precisos e que possui suas próprias
regras e valores; e) a pessoa hospitalizada desenvolve
estratégias, atitudes, comportamentos que não têm nenhuma
relação com uma patologia, mas antes com um sistema de
interação social em vista de uma adaptação. Pesquisa de
Goffman.
Psicopatologia Fenomenológica 3b
Letendre et al (1988) pesquisa. Modelos:
3. fenomenológico: características - a) não procura as
causas de uma doença ou de um desvio que
conduziu a uma hospitalização psiquiátrica; b) tenta
conhecer o que é “a experiência da loucura”, a
partir do que vivenciam as pessoas, as quais se
tornam, assim, as principais fontes de informação e
de dados.
Pesquisas: 1.Quadagno e Antonio (1975)-entrevistam
15 pacientes hospitalizados que rejeitam o papel
de passivo e resistem ao “rótulo”.
2.Stoneall e Schmitt (1984) as manifestações da
doença são utilizadas pelos próximos para justificar
a hospitalização.
Psicopatologia Fenomenológica 4
Pesquisa de Goffman 1
• Asilos: estudos sobre a condição social dos
doentes mentais (1968)- descreve a situação do
doente, o hospital psiq. Teoriza o funcionamento.
• O hospital é uma instituição totalitária cuja função é
tomar a seu encargo pessoas julgadas ao mesmo
tempo incapazes de ocupar-se de si mesmas e
perigosas para a comunidade.
• Mais tempo de hospitalização perde sua cultura
(aculturação)
• Despersonalização pelas “técnicas de mortificação”
- isolamento do mundo exterior, perda de seus
antigos papéis, despojamento de seus bens,
degradação de sua imagem de si, violação de sua
intimidade,…
Psicopatologia Fenomenológica 4
Pesquisa de Goffman 2
• Estratégias de adaptação do paciente;
Ensimesmamento ou a regressão;
Intransigência – recusa em colaborar, mutismo;
Instalação – apreciação da vida institucional;
Conversão- adoção da opinião da administração e/ou
dos funcionários com relação a ele e o fato de
esforça-se em representar o papel do perfeito
recluso (submisso, rígido e incolor).
Em estudo de Perruci, R (1974) descreve os
seguintes modos de adaptação dos doentes:
retraimento, resistência, acomodação e conversão.
Erving Manual Goffman
1922-1982
1961
Asilos: estudos sobre a condição
social dos doentes mentais
Kurt Schneider
1877- 1967
1948 edição alemã
Diagnóstico Descritivo
Prega de Veraguth
Descrita pelo neuropsiquiatra suíço Otto Veraguth
Alucinações e Ilusões 2
As ilusões dos sentidos “ supõem a presença de objetos exteriores
enquanto nas alucinações não existem objetos externos agindo
atualmente sobre os sentidos”
Jean-Etienne-Dominique Esquirol (1772-1840), Des Malades Mentalis, 1838
As ilusões são percepções sensoriais deformadas
Pareidolias, descrito por Leonardo da Vinci (1452-1519) e
denominado por Karl Jaspers. Trata-se de uma alteração não da
realidade externa, constituída de “ imagens que surgem utilizando
os elementos da percepção de um objeto real, porém elaborada pelo
indivíduo mediante a ação de elementos da fantasia, sendo
valorizados por estes seus componentes imaginativos, assim como
por sua interpretação de forma adequada, quando não há alteração
da capacidade de julgamento”. Manifestações normais, comuns na
infância, menos freqüente no adulto, e aparecem quando a imaginação
se encontra inteiramente livre durante a contemplação de muros antigos,
nuvens, paisagens rochosas e superfícies de paredes manchadas.
Delírios 1
Delírio: “ chamam-se, de maneira muito vaga, idéias delirantes
todos os juízos falsos que possuem, em grau bastante elevado- mas
delimitado de maneira imprecisa-, os sinais exteriores seguintes:
1. A convicção extraordinária com a qual são mantidos: certeza
subjetiva incomparável
2. Impermeabilidade à experiência e às refutações lógicas
3.Inverossimilhança de conteúdo”
Karl Jaspers (1883-1969) livro Allgemeine Psychopatologie, 1913
“ Todo pensamento é pensamento de significações... A percepção
do mundo não é uma fotografia morta e mecânica do ambiente;
acompanha-se de consciência de alguma significação. Uma casa está
ali para ser habitada, os homens na rua tratam de seus negócios. Essas
significações não estão na nossa consciência prestes a se expressarem,
mas lá estão sob uma forma latente”
Karl Jaspers
Marciano Schmitz – Novo Hamburgo
“Louco é quem não procura ser feliz com o que possui”
Mario Quintana (1906-1994)

Contenu connexe

Tendances

Freud e a Psicanálise
Freud e a PsicanáliseFreud e a Psicanálise
Freud e a Psicanálise
Paulo Gomes
 
Wundt e a psicologia
Wundt e a psicologiaWundt e a psicologia
Wundt e a psicologia
princessbabs
 
PSICOPATOLOGIA II: Aula 01 (introdução à CID-10)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 01 (introdução à CID-10)PSICOPATOLOGIA II: Aula 01 (introdução à CID-10)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 01 (introdução à CID-10)
Alexandre Simoes
 
Diferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologiaDiferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologia
Rita Cristiane Pavan
 

Tendances (20)

Introdução à psicopatologia
Introdução à psicopatologiaIntrodução à psicopatologia
Introdução à psicopatologia
 
Psicopatologia – aula 01
Psicopatologia – aula 01Psicopatologia – aula 01
Psicopatologia – aula 01
 
Psicopatologia geral
Psicopatologia geralPsicopatologia geral
Psicopatologia geral
 
Psicopatologia
PsicopatologiaPsicopatologia
Psicopatologia
 
slides da história da psicologia
slides da história da psicologiaslides da história da psicologia
slides da história da psicologia
 
Psicologia experimental - v2
Psicologia experimental - v2Psicologia experimental - v2
Psicologia experimental - v2
 
Aula - Introdução à Psicologia 1
Aula - Introdução à Psicologia 1Aula - Introdução à Psicologia 1
Aula - Introdução à Psicologia 1
 
Mecanismos de defesa
Mecanismos de defesaMecanismos de defesa
Mecanismos de defesa
 
Freud e a Psicanálise
Freud e a PsicanáliseFreud e a Psicanálise
Freud e a Psicanálise
 
história da psicologia social
história da psicologia social história da psicologia social
história da psicologia social
 
O que são Esquemas, Crenças e Pensamentos Automáticos?
O que são Esquemas, Crenças e Pensamentos Automáticos?O que são Esquemas, Crenças e Pensamentos Automáticos?
O que são Esquemas, Crenças e Pensamentos Automáticos?
 
Psicopatas
PsicopatasPsicopatas
Psicopatas
 
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mental
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mentalPsicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mental
Psicopatologia I- Aula 2: Introdução ao campo da saúde mental
 
Psicologia humanista
Psicologia humanistaPsicologia humanista
Psicologia humanista
 
Wundt e a psicologia
Wundt e a psicologiaWundt e a psicologia
Wundt e a psicologia
 
PSICOPATOLOGIA II: Aula 01 (introdução à CID-10)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 01 (introdução à CID-10)PSICOPATOLOGIA II: Aula 01 (introdução à CID-10)
PSICOPATOLOGIA II: Aula 01 (introdução à CID-10)
 
Introdução à Psicologia: História da Psicologia
Introdução à Psicologia: História da PsicologiaIntrodução à Psicologia: História da Psicologia
Introdução à Psicologia: História da Psicologia
 
A memória
A memóriaA memória
A memória
 
Diferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologiaDiferentes abordagens da psicologia
Diferentes abordagens da psicologia
 
Introdução à psicologia
Introdução à psicologiaIntrodução à psicologia
Introdução à psicologia
 

En vedette

Freire, j.c. o lugar do outro na daseinsanalise de binswanger
Freire, j.c. o lugar do outro na daseinsanalise de binswangerFreire, j.c. o lugar do outro na daseinsanalise de binswanger
Freire, j.c. o lugar do outro na daseinsanalise de binswanger
Érika Renata
 
Giovanetti. supervisão clínica na perspectiva fenomenológico existencial
Giovanetti. supervisão clínica na perspectiva fenomenológico existencialGiovanetti. supervisão clínica na perspectiva fenomenológico existencial
Giovanetti. supervisão clínica na perspectiva fenomenológico existencial
Érika Renata
 
Crime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah Arendt
Crime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah ArendtCrime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah Arendt
Crime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah Arendt
Gustavo Pamplona
 

En vedette (20)

Freire, j.c. o lugar do outro na daseinsanalise de binswanger
Freire, j.c. o lugar do outro na daseinsanalise de binswangerFreire, j.c. o lugar do outro na daseinsanalise de binswanger
Freire, j.c. o lugar do outro na daseinsanalise de binswanger
 
Daseinalyse de lúcia gomes
Daseinalyse de lúcia gomesDaseinalyse de lúcia gomes
Daseinalyse de lúcia gomes
 
Giovanetti. supervisão clínica na perspectiva fenomenológico existencial
Giovanetti. supervisão clínica na perspectiva fenomenológico existencialGiovanetti. supervisão clínica na perspectiva fenomenológico existencial
Giovanetti. supervisão clínica na perspectiva fenomenológico existencial
 
Crime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah Arendt
Crime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah ArendtCrime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah Arendt
Crime politico, Terrorismo e Extradição: nos passos de Hannah Arendt
 
Psicoterapia existencial Camon
Psicoterapia existencial CamonPsicoterapia existencial Camon
Psicoterapia existencial Camon
 
Introdução ao pensamento filosófico karl jaspers
Introdução ao pensamento filosófico   karl jaspersIntrodução ao pensamento filosófico   karl jaspers
Introdução ao pensamento filosófico karl jaspers
 
Rollo may
Rollo mayRollo may
Rollo may
 
Psicologia freud
Psicologia freudPsicologia freud
Psicologia freud
 
Heidegger - Breves reflexões iniciais
Heidegger - Breves reflexões iniciaisHeidegger - Breves reflexões iniciais
Heidegger - Breves reflexões iniciais
 
Jean paul sartre
Jean paul sartreJean paul sartre
Jean paul sartre
 
Kierkegaard / Heidegger / Sartre
Kierkegaard / Heidegger / SartreKierkegaard / Heidegger / Sartre
Kierkegaard / Heidegger / Sartre
 
Fenomenologia de Husserl
Fenomenologia de HusserlFenomenologia de Husserl
Fenomenologia de Husserl
 
Slide fenomenologia
Slide fenomenologiaSlide fenomenologia
Slide fenomenologia
 
Immanuel kant[1]
Immanuel kant[1]Immanuel kant[1]
Immanuel kant[1]
 
Existencialismo Pronto
Existencialismo ProntoExistencialismo Pronto
Existencialismo Pronto
 
fenomenologia husserl
fenomenologia husserlfenomenologia husserl
fenomenologia husserl
 
Heidegger
HeideggerHeidegger
Heidegger
 
Psicologia humanista
Psicologia  humanistaPsicologia  humanista
Psicologia humanista
 
Sartre
SartreSartre
Sartre
 
Psicologia humanista
Psicologia humanistaPsicologia humanista
Psicologia humanista
 

Similaire à Ciulla Clínica Psiquiátrica - Psicopatologia Fenomenológica

Psicoterapia fenomenologica existencial
Psicoterapia fenomenologica existencialPsicoterapia fenomenologica existencial
Psicoterapia fenomenologica existencial
Érika Renata
 
Curso de Epistemologia 3/6
Curso de Epistemologia 3/6Curso de Epistemologia 3/6
Curso de Epistemologia 3/6
Luiz Miranda-Sá
 
Fenomenologia e existencialimo
Fenomenologia e existencialimoFenomenologia e existencialimo
Fenomenologia e existencialimo
Silvia Cintra
 
Piscicanálise 3 faifa
Piscicanálise 3 faifaPiscicanálise 3 faifa
Piscicanálise 3 faifa
27101992
 

Similaire à Ciulla Clínica Psiquiátrica - Psicopatologia Fenomenológica (20)

Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__
Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__
Historia_da_psiquiatria e Saúde mental__
 
Ana Mercês Bahia Bock & Outros - Psicologias (pdf)(rev).pdf
Ana Mercês Bahia Bock & Outros - Psicologias (pdf)(rev).pdfAna Mercês Bahia Bock & Outros - Psicologias (pdf)(rev).pdf
Ana Mercês Bahia Bock & Outros - Psicologias (pdf)(rev).pdf
 
Cap 5 - Psicanalise.pdf
Cap 5 - Psicanalise.pdfCap 5 - Psicanalise.pdf
Cap 5 - Psicanalise.pdf
 
Psicanalistas
PsicanalistasPsicanalistas
Psicanalistas
 
Sobre a psicose
Sobre a psicose Sobre a psicose
Sobre a psicose
 
Diagnosticos em psicologia lpcc 2
Diagnosticos em psicologia lpcc 2Diagnosticos em psicologia lpcc 2
Diagnosticos em psicologia lpcc 2
 
psicologia geral
psicologia geralpsicologia geral
psicologia geral
 
Psicologia da educação 1
Psicologia da educação 1Psicologia da educação 1
Psicologia da educação 1
 
Poesia, arte e loucura
Poesia, arte e loucuraPoesia, arte e loucura
Poesia, arte e loucura
 
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptx
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptxAs sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptx
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptx
 
Aula sobre Pinel e Esquirol
Aula sobre Pinel e EsquirolAula sobre Pinel e Esquirol
Aula sobre Pinel e Esquirol
 
Psicoterapia fenomenologica existencial
Psicoterapia fenomenologica existencialPsicoterapia fenomenologica existencial
Psicoterapia fenomenologica existencial
 
Aula 1 -O que é psicopatologia.pptx
Aula 1 -O que é psicopatologia.pptxAula 1 -O que é psicopatologia.pptx
Aula 1 -O que é psicopatologia.pptx
 
Curso de Epistemologia 3/6
Curso de Epistemologia 3/6Curso de Epistemologia 3/6
Curso de Epistemologia 3/6
 
Psicanálise introdução aula 1..pptx
Psicanálise introdução aula 1..pptxPsicanálise introdução aula 1..pptx
Psicanálise introdução aula 1..pptx
 
Existencial - Humanista
Existencial - HumanistaExistencial - Humanista
Existencial - Humanista
 
Mediunidade doença mental ou oportunidade!
Mediunidade doença mental ou oportunidade!Mediunidade doença mental ou oportunidade!
Mediunidade doença mental ou oportunidade!
 
Fenomenologia e existencialimo
Fenomenologia e existencialimoFenomenologia e existencialimo
Fenomenologia e existencialimo
 
Psicanálise
PsicanálisePsicanálise
Psicanálise
 
Piscicanálise 3 faifa
Piscicanálise 3 faifaPiscicanálise 3 faifa
Piscicanálise 3 faifa
 

Plus de clinicaciulla

Plus de clinicaciulla (9)

Ciulla Clínica Psiquiátrica - Risco de Suicídio Entre Idosos
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Risco de Suicídio Entre IdososCiulla Clínica Psiquiátrica - Risco de Suicídio Entre Idosos
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Risco de Suicídio Entre Idosos
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtorno de Pânico
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtorno de Pânico Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtorno de Pânico
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtorno de Pânico
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia I
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia ICiulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia I
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia I
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia TCC
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia TCCCiulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia TCC
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia TCC
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia II
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia IICiulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia II
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Esquizofrenia II
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Eletroconvulsoterapia
Ciulla Clínica Psiquiátrica - EletroconvulsoterapiaCiulla Clínica Psiquiátrica - Eletroconvulsoterapia
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Eletroconvulsoterapia
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Casais e Famílias
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Casais e FamíliasCiulla Clínica Psiquiátrica - Casais e Famílias
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Casais e Famílias
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtornos dos Movimentos
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtornos dos MovimentosCiulla Clínica Psiquiátrica - Transtornos dos Movimentos
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtornos dos Movimentos
 
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtorno do Pânico TCC
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtorno do Pânico TCCCiulla Clínica Psiquiátrica - Transtorno do Pânico TCC
Ciulla Clínica Psiquiátrica - Transtorno do Pânico TCC
 

Dernier (7)

Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
apresentacao-NR 12 2024.ppt
apresentacao-NR                        12 2024.pptapresentacao-NR                        12 2024.ppt
apresentacao-NR 12 2024.ppt
 
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
8 - O Teste de sentar e levantar em 1 minuto como indicador de resultado nos ...
 
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
Psicologia Hospitalar (apresentação de slides)
 
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptx
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptxCURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptx
CURSO TÉCNICO DE ENFERMAGEM..........pptx
 
SDR - síndrome do desconforto respiratorio
SDR - síndrome do desconforto respiratorioSDR - síndrome do desconforto respiratorio
SDR - síndrome do desconforto respiratorio
 

Ciulla Clínica Psiquiátrica - Psicopatologia Fenomenológica

  • 1.
  • 2. Psicopatologia Fenomenológica 1 • Origem da filosofia alemã fenomenológica • Métodos: 1. Descritivo e o de Karl Jaspers- ocupa-se do que os doentes vivem, estuda seus estados de espírito, visa a desvelar significações. 2. Binswanger: impregnado de referências filosóficas. Estudos de esquizofrenia, mania, melancolia. Daseinanalyse- estudo do homem em situação. Complexo.Metodologia psiquiátrica. Contribuições de Husserl (intencionalidade) e Heidegger (especificação do Dasein). • O método permitiu avanços.
  • 3. FENOMENOLOGIA Contribuição filosófica: Johan Heinrich Lambert, Wilhelm Dilthey (1833 -1911), Edmund Husserl (1859-1938), Martin Heidegger (1889-1976), Kierkegaard, Nietzsche. Karl Jaspers (1883-1969) Filósofo e Médico 1913 Allgemeir Psychopathogie (Psicopatologia Geral) “O objeto da Psicopatologia é o fenômeno psíquico realmente consciente”. Ludwig Binswanger (1881 - 1966) Antropologia Compreensiva (Jürg Zutt)
  • 5. Martin Heidegger 1889 - 1976 Dasein - viver (“realidade humana”) Universidade de Freiburg Reitor em 1933 e 1934 Considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico . Ambos os conceitos referem a intenção de dirigir a atenção (a circunvisão) para o trazer à luz daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que na maior parte das vezes se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se mostra. Assim, o trabalho hermenêutico visa interpretar o que se mostra pondo a lume isso que se manifesta aí mas que, no início e na maioria das vezes, não se deixa ver.
  • 6. Hannah Arendt , judia, foi aluna do Martin Heidegger “.... a obrigação do intelecto é compreender o acontecido. Quando compreendemos, nos reconciliamos com a realidade. Então, o objetivo da compreensão é o de se colocar em paz com o mundo. Se a mente é incapaz de pacificar e reconciliar, se torna prisioneira da própria guerra.” Ao se referir a Auschwitz, diz : “Lá aconteceu qualquer coisa com a qual não podemos nos reconciliar. Nenhum de nós pode.” Hanna Arendt (1906-1975) Teórica política alemã. Migrou para USA em 1941 fugindo na ascensão do nazismo. Estudos sobre política, autoridade, educação, violência e condição de mulher. Teve uma relação intelectual e passional com Martin Heidegger durante o curso de filosofia na Universidade de Marburgo. Recebeu orientação de Karl Jaspers em uma tese.
  • 7. Ludwig Binswanger 1881-1966 Médico suiço combinou psicoterapia com existencialismo Pioneiro da Psicologia Existencial Daseinanalyse “análise da presença humana”
  • 8. Tese de Livre Docência Clínica Psiquiátrica da Universidade de Heidelberg - 1913 “O objeto da Psicopatologia é o fenômeno realmente consciente”
  • 9. Karl Jaspers • Fenomenologia: é o estudo daquilo que é percebido pelos sentidos ou pela consciência. • As vias de acesso ao fato psicopatológico são a compreensão (método subjetivo) e a explicação (método objetivo). • Compreensão: consiste num esforço de contemplação do fenômeno mórbido, com o seu significado, tal como o doente o considera. • Explicação: consiste num esforço intelectual, visando a busca de laços de causalidade (causa- efeito) entre os diferentes dados captados pela observação. • Vivência: é o fenômeno psíquico fundamental.
  • 10. Psicopatologia Fenomenológica- Abordagem Descritiva • É a disciplina que se ocupa da descrição, definição e classificação dos sinais, sintomas e síndromes mentais. • As classificações em uso – CID 10ª (1992) e DSM-IV-TR (2000) listam os critérios diagnósticos. Não definem os sinais e sintomas nem como identificá-los. • Fidedignidade do diagnóstico clínico.
  • 11. Aspectos comportamentais Listagens de sintomas semelhança entre pacientes
  • 12. Psicopatologia Fenomenológica 3a Estudo fenomenológico da hospitalização em Psiquiatria. Letendre et al (1988) pesquisa-pacientes hospitalizados. Modelos: 1. médico: a) a doença mental tem causas individuais, internas; b) os comportamentos dos pacientes são determinados por essas causas; c) as pessoas podem ser classificadas como sãs ou como doentes; d) o diagnóstico serve para separar os doentes das pessoas sãs e para descrever os diferentes componentes etiológicos e comportamentais dos doentes; e) os profissionais possuem o saber sobre o que é a doença mental. 2. social: a) hospitalização é o resultado do desvio dos sujeitos; b) o desvio tem causas sociais e externas aos sujeitos; c) os comportamentos e atitudes dos hospitalizados são o resultado de uma situação social que oprime; d) o hospital psiquiátrico é uma sociedade que tem objetivos precisos e que possui suas próprias regras e valores; e) a pessoa hospitalizada desenvolve estratégias, atitudes, comportamentos que não têm nenhuma relação com uma patologia, mas antes com um sistema de interação social em vista de uma adaptação. Pesquisa de Goffman.
  • 13. Psicopatologia Fenomenológica 3b Letendre et al (1988) pesquisa. Modelos: 3. fenomenológico: características - a) não procura as causas de uma doença ou de um desvio que conduziu a uma hospitalização psiquiátrica; b) tenta conhecer o que é “a experiência da loucura”, a partir do que vivenciam as pessoas, as quais se tornam, assim, as principais fontes de informação e de dados. Pesquisas: 1.Quadagno e Antonio (1975)-entrevistam 15 pacientes hospitalizados que rejeitam o papel de passivo e resistem ao “rótulo”. 2.Stoneall e Schmitt (1984) as manifestações da doença são utilizadas pelos próximos para justificar a hospitalização.
  • 14. Psicopatologia Fenomenológica 4 Pesquisa de Goffman 1 • Asilos: estudos sobre a condição social dos doentes mentais (1968)- descreve a situação do doente, o hospital psiq. Teoriza o funcionamento. • O hospital é uma instituição totalitária cuja função é tomar a seu encargo pessoas julgadas ao mesmo tempo incapazes de ocupar-se de si mesmas e perigosas para a comunidade. • Mais tempo de hospitalização perde sua cultura (aculturação) • Despersonalização pelas “técnicas de mortificação” - isolamento do mundo exterior, perda de seus antigos papéis, despojamento de seus bens, degradação de sua imagem de si, violação de sua intimidade,…
  • 15. Psicopatologia Fenomenológica 4 Pesquisa de Goffman 2 • Estratégias de adaptação do paciente; Ensimesmamento ou a regressão; Intransigência – recusa em colaborar, mutismo; Instalação – apreciação da vida institucional; Conversão- adoção da opinião da administração e/ou dos funcionários com relação a ele e o fato de esforça-se em representar o papel do perfeito recluso (submisso, rígido e incolor). Em estudo de Perruci, R (1974) descreve os seguintes modos de adaptação dos doentes: retraimento, resistência, acomodação e conversão.
  • 16. Erving Manual Goffman 1922-1982 1961 Asilos: estudos sobre a condição social dos doentes mentais
  • 17. Kurt Schneider 1877- 1967 1948 edição alemã Diagnóstico Descritivo
  • 18. Prega de Veraguth Descrita pelo neuropsiquiatra suíço Otto Veraguth
  • 19. Alucinações e Ilusões 2 As ilusões dos sentidos “ supõem a presença de objetos exteriores enquanto nas alucinações não existem objetos externos agindo atualmente sobre os sentidos” Jean-Etienne-Dominique Esquirol (1772-1840), Des Malades Mentalis, 1838 As ilusões são percepções sensoriais deformadas Pareidolias, descrito por Leonardo da Vinci (1452-1519) e denominado por Karl Jaspers. Trata-se de uma alteração não da realidade externa, constituída de “ imagens que surgem utilizando os elementos da percepção de um objeto real, porém elaborada pelo indivíduo mediante a ação de elementos da fantasia, sendo valorizados por estes seus componentes imaginativos, assim como por sua interpretação de forma adequada, quando não há alteração da capacidade de julgamento”. Manifestações normais, comuns na infância, menos freqüente no adulto, e aparecem quando a imaginação se encontra inteiramente livre durante a contemplação de muros antigos, nuvens, paisagens rochosas e superfícies de paredes manchadas.
  • 20. Delírios 1 Delírio: “ chamam-se, de maneira muito vaga, idéias delirantes todos os juízos falsos que possuem, em grau bastante elevado- mas delimitado de maneira imprecisa-, os sinais exteriores seguintes: 1. A convicção extraordinária com a qual são mantidos: certeza subjetiva incomparável 2. Impermeabilidade à experiência e às refutações lógicas 3.Inverossimilhança de conteúdo” Karl Jaspers (1883-1969) livro Allgemeine Psychopatologie, 1913 “ Todo pensamento é pensamento de significações... A percepção do mundo não é uma fotografia morta e mecânica do ambiente; acompanha-se de consciência de alguma significação. Uma casa está ali para ser habitada, os homens na rua tratam de seus negócios. Essas significações não estão na nossa consciência prestes a se expressarem, mas lá estão sob uma forma latente” Karl Jaspers
  • 21. Marciano Schmitz – Novo Hamburgo “Louco é quem não procura ser feliz com o que possui” Mario Quintana (1906-1994)