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FACULDADE CAPIVARI
A LUDICIDADE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: uma retrospectiva dos jogos tradicionais
CRISTIANI DOS SANTOS
Capivari de Baixo (SC), maio de 2014
CRISTIANI DOS SANTOS
A LUDICIDADE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: uma retrospectiva dos jogos tradicionais
Trabalho apresentado à disciplina de Didática do Curso de Pedagogia da Faculdade Capivari –
FUCAP, orientado pela professora Maria Ana Pires de Oliveira, Msc.
Capivari de Baixo (SC), maio de 2014
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Os brinquedos e jogos eletrônicos são veiculados na mídia transformando a cada dia os objetos
lúdicos infantis, mas o que as crianças conhecem dos brinquedos e jogos tradicionais
atualmente? Qual a importância e o espaço dado pelos professores a esse tipo de
brincadeiras? Quais são os jogos e brinquedos tradicionais conhecidos pelas crianças?
Nossa pesquisa é decorrente de experiências vividas no contato com crianças de 1º ciclo. As
observações das atividades escolares nos mostraram um universo distante do ideal para as
crianças, pois criança é sinônimo de brincar / jogar, e isso não foi visto em situação real
escolar.
A partir daí nos inquietamos e preocupamos em buscar quais os objetos lúdicos tradicionais
ainda conhecidos por eles? Assim como, qual a importância e o espaço destinado a esses
objetos lúdicos pelos professores de 1ª. série de uma Escola Estadual de Bauru?
Assim como os conteúdos escolares, a atividade lúdica é um fator muito importante para o
desenvolvimento da criança. Por meio dela podemos tornar a aprendizagem mais prazerosa
e, portanto mais significativa.
É possível mediante o brincar, formar indivíduos com autonomia, motivados para muitos
interesses e capazes de aprender rapidamente.
Através da atividade lúdica a criança desenvolve suas capacidades físicas e intelectuais. O
brinquedo também proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da
concentração. Através do brincar a criança cresce, aprende a usar os músculos, coordena o
que vê com o que faz e adquire o domínio sobre seu corpo, descobre o mundo e como ele é.
Brincando a criança aprende novos conceitos, adquire informações e tem um crescimento
saudável.
A criança que brinca cria um universo só dela. Envolve-se num imaginário no qual o impossível
setorna possívele vice-versa.Reúne personagens da cultura, elementos da realidade, criando
novos significados para elas graças à sua capacidade de criação. Enfim, nas relações
interpessoais há construção de conhecimento.
A criançanão sórepete as coisas vividas ououvidas, mas tema capacidade de combinar o antigo
com o novo através de sua capacidade criativa.
Quando a criança brinca, ela está vivenciando momentos alegres, prazerosos, portanto a
criança que brinca vive uma infância feliz, alémde se tornar um adulto mais equilibrado física
e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidades,problemas que possamsurgir no
seu dia-a-dia. A criança privada dessa atividade poderá ficar com traumas dessa falta de
vivência.
Por meio das brincadeiras tradicionais, as crianças ampliam sua área de contatos humanos,
aprendem de modo mais simples as vantagens e o significado das atividades organizadas
grupalmente, experimentam os diferentes papéis sociais, percebem as relações de
subordinação e de dominação entre as pessoas e se identificam com alguns interesses ou
valores de sua sociedade.
A pesquisaestruturou-se em quatro etapas: aprimeira, um levantamento do referencial teórico
referente ao tema, realizado em biblioteca, acervo pessoal e da orientadora dando base à
nossa pesquisa;
Na segunda etapa, foi realizada a coleta de dados, desenvolvida mediante umestudo de caso.
Os dados foram coletados em duas turmas de primeira série do Ensino Fundamental de uma
escola pública estadual na cidade de Bauru, situada num bairro de classe média-baixa, que
atende crianças de primeira a quarta série, residentes no próprio bairro ou em bairros
vizinhos.
Trata-se também de uma pesquisa qualitativa, pois se preocupa em compreender, interpretar
os fatos. A pesquisa qualitativa, segundo Lüdk e André(1986), tem ambiente natural como
fonte de coleta de dados e o pesquisador é o instrumento principal. Deve ter um contato
direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação investigada mediante o
trabalho de campo.
Desta forma, nossa pesquisa, se desenvolveu ao longo de um mês, com visitas freqüentes à
escola durante cinco dias da semana no período vespertino.
Os alunos possuíam idade entre seis e sete anos. Ao total eram 59 crianças, da turma “D” e 31
da turma “E”.
A terceira etapa consistiu na tabulação e análise dos dados coletados durante a pesquisa na
instituição escolar.
1 INFÂNCIA, CRIANÇAS E BRINQUEDOS
Fala-se muito da liberdade e do direito das crianças, principalmente de sua ações mais
características – o brincar, que seu cotidiano é cercado de risos, alegrias, brincadeiras. Mas,
se analisarmos cuidadosamente a realidade da maioria das crianças como se propaga, e como
os documentos oficiais apresentam, historicamente, no Brasil e em todo o mundo, há uma
discrepânciaentre o que é proposto pelas organizações responsáveis pela infânciae legislação
vigente.
O mundo que a ”criança deveria ser” ou “ter” é diferente daquele onde ela vive, ou no mais das
vezes, sobrevive. O primeiro é feito de expressões como “a criança precisa”, “ela deve”, “seria
oportuno que”, “vamos nos engajar em que”, até o irônico “vamos torcer para”.
No segundo as crianças são enfaticamente orientadas para o trabalho, para o ensino, para o
adestramento físico e moral, sobrando-lhes pouco tempo, para a imagem que normalmente
a ela está relacionada: do riso e da brincadeira. (DEL PRIORE, 2004).
O mundo passa por intensas e significativas mudanças ao longo dos tempos, contudo nas
últimas décadas esse fenômeno vem se intensificando cada vez mais.
São transformações tecnológicas, sociológicas entre tantas outras. É nesse contexto que a
criança inserida e fazendo parte dele, vem sofrendo com suas conseqüências, sejamelas boas
ou ruins.
[...] a crescente fragilização dos laços conjugais, a exploração urbana com todos os
problemas decorrentes de viver em grandes cidades,a globalização cultural,a crise
do ensino antes os avanços cibernéticos,tudo isso temmodificado,deforma radical,
as relações entre pais e filhos e entre crianças e adultos. (DEL PRIORE, 2004, p.
Desta forma, em meio as transformações, e principalmente a partir da modernidade, as
crianças são preparadas para o futuro. As escolas não estão trabalhando com as
particularidades infantis e suas necessidades, e sim, vendo as crianças como futuros adultos,
que deverão serprodutivos para desempenharem funções em resposta às necessidades atuais
da sociedade tecnológica.
Ao retroagirmos Às mudanças que ocorreram até chegarmos à sociedade atual
compreenderemos as mudanças decorrentes em relação à infância e a criança.
Para tanto, faremos uma breve passagempelahistória, utilizando os autores como Ariès (2006),
Heywood (2004), Stearns (2006), Freitas e Kuhlmann (2002), Del Priori (2004) entre outros
que trouxeram grandes contribuições para entendermos como a infância se modificou de
acordo com cada sociedade.
Inicialmente faremos uma pequena diferenciação entre infância e criança, esclarecendo os
termos para um melhor entendimento dos conceitos.
Segundo Freitas e Kuhlmann (2002) a infância é “[...] a concepção ou a representação que os
adultos fazem sobre o período inicial da vida, ou como o próprio período vivido pela criança”.
Já a criança “[...] o sujeito real que vive essa fase da vida”. Desta forma, segundo os autores,
“A história da infância seria então a história da relação da sociedade, da cultura, dos adultos,
com essa classe de idade e a história da criança seria a história da relação das crianças entre
si e com os adultos, com a cultura e a sociedade”.
É difícil falar sobre a criança ao longo da história, pois pouco registro direto setem sobre ela. O
que há são relatos de adultos sobre quando eram crianças, são recordações dos seus dias de
meninice. Contudo, mesmo não havendo aspectos da experiência da infância pela falta de
informações direta, falaremos um pouco sobre a história da infância que é estudada por
adultos e instituições adultas.
É difícil elaborar histórias bem-feitas sobre crianças. Crianças deixam relativamente
poucos registros diretos. As pessoas rememoram suas infâncias, adultos escrevem
sobre crianças e há objetos – berços, brinquedos etc., mas isso também é trazido à
baila por intermediários adultos. Justamente por isso, é mais fácil tratar
historicamenteda infância do que das criançasem si, porque a infância é em parte
definida pelos adultos e por instituições adultas. (STEARNS, 2006, p.13)
Por meio da história da infância podemos analisar as condições infantis do passado e as
mudanças na natureza da infância, desta forma, analisamos as mudanças que a infância tem
sofrido no decorrer dos anos.
[...] é possível verificar como muitos aspectos da infância contemporânea decorrem do
passado, o que por seu turno permite entender bem melhor a infância contemporânea,
inclusive alguns novos problemas que ocupam a nossa atenção. (STEARNS, 2006, p.14)
A história da infância também nos auxilia a entender como a criança foi vista e tratada ao longo
dos séculos pelas sociedades e como tem sido a participação dos jogos e brincadeiras em suas
vidas.
O lugar que a criança ocupa num contexto social específico, a educação a que está
submetida e o conjunto de relações sociais que mantém com personagens do seu
mundo, tudo isto permite compreender melhor o cotidiano infantil – é nesse
cotidiano que se forma a imagem da criança edo seu brincar.Cada tempo histórico
possui uma hierarquia de valores que oferece uma organicidade a essas
heterogeneidades. São esses valores que orientam a elaboração de um banco de
imagens culturais que se refletem nas concepções de criança e seu brincar.
(KISHIMOTO, 1993, p. 7-8)
Acompanhando as mudanças relativas à infncia por meio da história atual, segundo Stearns
(2006) “[...] a importância do conhecimento da infância no curso da história é entender o
passado de maneira mais ampla e proporcionar perspectivas históricas ao presente”.
Em seu livro “História Social da Criança e da Família”, Ariès (2006)discorre sobre o olhar adulto
acerca da infância, tomando por base a sociedade européia. Ele inicia pelo final da Idade
Média e chega até o século XIX. Assim, como ele analisa, inicialmente a criança era vista como
um ser incompleto e com o passar dos tempos passa a ser alvo de uma melhor observação,
tornando-a paparicada, mimada e então amada.
1.1 BALANÇACAIXÃO,BALANÇAVOCÊ...JOGOSEBRINCADEIRASTRADICIONAIS
NA ATUALIDADE.
Ao recordarmos de nossa infância as primeiras imagens passadas em nossa mente são as
brincadeiras de pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, pião, peteca, pipa, cirandas,
parlendas, entre tantas outras. Como eram boas as brincadeiras nas ruas, nos parques e
praças. Não podemos deixar também de lembrar dos brinquedos que nós mesmos
confeccionávamos com toquinhos de madeira, latas de óleo, gravetos, folhas, frutos, retalhos
de tecidos da caixade costura da vovó, entre tantos outros objetos que ao olharmos já víamos
neles nosso próximo brinquedo. Quem não se lembra das bonecas de milho, fogãozinho de
tijolos, carrinhos de lata de sardinha, capucheta com folhas de jornais, revistas?
Aprendíamos estas brincadeiras com nossos pais, amigos de brincadeiras nas ruas, irmãos,
primos, tios e avós; enfim chegaramaté nossos dias passando de geração emgeração. Nossos
avós, quando crianças, também desfrutavam dessas mesmas brincadeiras.
Estamos falando aqui dos jogos e brincadeiras tradicionais, aqueles que são transmitidos de
uma geraçãoa outra de forma expressiva,fora das instituições oficiais,eque sãoincorporados
pela criança de forma espontânea, variando as regras de uma cultura para outra ou de um
grupo ao outro. Porém, apesar de mudar a forma, o conteúdo, que é constituído pelos
interesses lúdicos particulares ligados a certo objeto, não muda.
Os jogos tradicionais tem a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social. É
um tipo de jogo livre, espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de o fazer. Por pertencer a categoria de
experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, ele tem um fim em si
mesmo e preenche a dinâmica da vida social,
permitindo alterações e criações de novos jogos. (KISHIMOTO, 1993, p. 16)
O jogo tradicional, sendo parte de uma cultura popular, guarda a produção espiritual de um
povo em certo período histórico. Essa cultura não oficial, desenvolvida, sobretudo pela
oralidade, não fica cristalizada. Está sempre em transformação, incorporando criações
anônimas das gerações que vão se sucedendo.
Segundo Kishimoto (2004), por ser elemento folclórico, o jogo tradicional infantil assume
características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e
universalidade. Sua origem é desconhecida, seus criadores são anônimos. O que sabemos é
que são vindos de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos de romances, poesias,
mitos e rituais religiosos.
As brincadeiras assumem um caráter de tradicionalidade e de universalidade, pois os povos da
Grécia e Oriente já brincavam de amarelinha, de empinar papagaios,jogar pedrinhas; até hoje
essas brincadeiras são praticadas pelas crianças. Esses jogos foram transmitidos de uma
geração à geração por meio de conhecimentos empíricos e permanecem na memória das
crianças até os dias atuais. Muitos jogos preservam sua estrutura inicial, outros modificam-se
recebendo novos conteúdos.
O fato de estarem ainda hoje presentes no cotidiano das brincadeiras infantis, mesmo tendo
origem em tempos remotos, decorre do poder da expressão oral. As brincadeiras tradicionais,
fazendo parte da manifestação livre e espontânea da cultura popular, perpetuam a cultura
infantil, desenvolvem forma de convivência social e permitem o prazer de brincar. Graças a
esse caráter espontâneo, a brincadeira tradicional garante a presença do lúdico e da situação
imaginária.
Antes, porém, faremos uma caracterização da criança mediante os estudos de Jean Piaget
(1896-1980), estudioso suíço, para compreendermos como sedá o desenvolvimento cognitivo
da criança e a sua relação com os jogos, bem como verificar a classificação que esse estudioso
fez dos mesmos, e sua evolução após o aparecimento da linguagem.
1.2 O desenvolvimento infantil e o jogo
Um adulto equilibrado e pleno é reflexo de uma infância e juventude bem vivida, ou seja,
desenvolvida integralmente. Para que esse desenvolvimento integral da criança ocorra, faz-se
necessário uma atenção especial com a saúde da mesma, no entanto, não são somente com
os fatores físicos e biológicos que deverão ser analisados e trabalhados, mas também, e,
principalmente, os emocionais, sociais e intelectuais, pois eles também influenciam na
qualidade de vida infantil.
Nesse contexto, o brincar é fundamental à saúde física, emocional e intelectual da criança.
Como bem descreve Cunha (2005, p. 11), o brincar é “[...] uma arte, um dom natural que,
quando bem cultivado, irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto”.
Para relacionarmos o brincar ao desenvolvimento infantil, se faz necessário conhecer e
identificar as fases de desenvolvimento das crianças. Para tal, nos embasaremos no psicólogo
suíço, Jean Piaget, estudioso do desenvolvimento infantil que também analisou o brincar e os
jogos.
Piaget (1990, p. 11), defende que “O desenvolvimento é uma equilibração progressiva, uma
passagem perpétua de menor equilíbrio a um estado de equilíbrio superior”.
Ainda segundo esse autor, diferente do crescimento orgânico, que num certo ponto atinge um
equilíbrio, ou seja, o equilíbrio estático, a inteligência e a afetividade tendem para um
equilíbrio móvel, de modo que o fimdo crescimento não marca o começo de uma decadência
assimcomo no crescimento vegetativo, mas, “permite um progresso espiritual que nada tem
de contraditório com o equilíbrio interior” (PIAGET, 1990).
Desta forma, o desenvolvimento do corpo humano, ou seja, o aumento de sua estatura, por
exemplo, se dá até um determinado período da vida, depois este se estabiliza parando de
crescer na idade adulta. Já o desenvolvimento mental está em contínua construção. Durante
todo o período da vida, o ser humano assimila e adapta informações. Segundo Piaget (1990),
mediante o equilíbrio entre assimilação e adaptação é que se forma a inteligência.
Ao pesquisar o desenvolvimento cognitivo, Piaget divide-o em quatro grandes grupos, os
períodos. O primeiro é o sensório-motor, período compreendido do nascimento até 18 ou 24
meses. O segundo período é denominado de préoperacional, estende-se de 18 ou 24 meses
até 6 ou 7 anos. O terceiro, operatório concreto, inicia-se nos sete anos e chega até os 11 ou
12 anos. Por fim, o quarto período, hipotético dedutivo ou pensante, estende-se dos 11 ou 12
anos até a vida adulta. No entanto essas idades são aproximadas. Faremos um breve relato
sobre esses estágios, porém vamos nos deter ao que se encaixa a idade das crianças
participantes de nossa pesquisa, ou seja, de seis e sete anos.
Cada um desses estádios é, segundo Piaget (1990), caracterizado pelo aparecimento de
estruturas originais, que o distingue dos estádios anteriores. Assim, constitui-se segundo as
estruturas que o definem, mediante uma forma de equilíbrio particular, equilibrando cada vez
mais a evolução mental.
1.2.1 Período sensório-motor (aproximadamente de 0 a 2 anos)
Denomina-se período sensório-motor, pois com a falta da função simbólica, o bebê ainda não
possui pensamento, nem afetividade ligada a representações que permitem relacionar
pessoas ou objetos na ausência deles. Para um objeto existir, deverá estar à frente do bebê,
pois só existe aquilo que ele possa ver, tocar ou sentir.
[...] o desenvolvimento mental no decorrer dos dezoito primeiros meses da existência é particularmente rápido e
importante, pois a criança elabora, nesse nível o conjunto das subestruturas cognitivas, que servirão de ponto
de partida para as suas construções perceptivas e intelectuais ulteriores,assim como certo número de reações
efetivas elementares, que lhe determinarão, em parte, a afetividade subseqüente. (PIAGET; INHELDER, 2002,
p.11)
Segundo Piaget, do nascimento até o aparecimento da linguagem, o desenvolvimento mental
é extraordinário, pois é nesse período que ocorre a conquista do mundo da criança mediante
as percepções e movimentos.
Aos poucos a inteligência da criança vai se formando mediante as impressões sensoriais e a
ação do movimento. Em contato com os objetos, com o seu próprio corpo ou com o da mãe a
criança por meio de seus movimentos e sensações vai desenvolvendo sua inteligência.
Inicialmente, a inteligência é puramente prática, visando o êxito e não a verdade.
É fato a existência deuma inteligência antes da linguagem.[...] Ela constrói umsistema complexo de esquemas de
assimilação,ede organizar o real de acordo com um conjunto de estruturas espaciotemporais ecausais.[...] Na
falta de linguagem e de função simbólica taisconstruções seefetuam exclusivamenteapoiadas em percepções
e movimentos, ou seja, através de uma coordenação sensório-motora das ações, sem que intervenha a
representação ou
o pensamento (PIAGET; INHELDER, 2002, p.12)
Durante essa assimilação sensório-motora, que ocorre dos dezoito meses aos dois anos
aproximadamente. Inicialmente, segundo Piaget (2002), o recém-nascido tudo chama a si, ao
seu próprio corpo, na medida que vai se desenvolvendo, até o início da linguagem e do
pensamento ele já se situa como um corpo entre os outros, num universo que construiu, e
sente como exterior a si.
No ponto de partida da evolução mental não existe, de modo algum, diferenciação entre o eu e o mundo exterior,
quer dizer que as impressões vividasepercebidas não são ligadas nema uma consciênciapessoal sentida como
um “eu” nem a objetos concebidos como exteriores: elas são simplesmente dadas num bloco indissociado ou
como postas num mesmo plano, que é interno e
externo, mas a meio caminho entre estes dois pólos. Estes só pouco a pouco se oporão um ao outro. (PIAGET,
1990, p. 23-24)
Em todas as idades, a ação é reflexo de um interesse ou de uma necessidade (psicológica,
afetiva ou intelectual) sentida pelo indivíduo, ou seja, realizamos algo porque sentimos a
necessidade de fazê-lo, ou por que aquilo nos causa interesse.
No entanto, verificamos nas obras de Piaget, que os “interesses” variam consideravelmente de
um nível mental para outro, e as explicações particulares são formas muito diferentes
conforme o grau de desenvolvimento intelectual.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer dessa pesquisa trilhamos um caminho que contribuiu efetivamente para com a
nossa formação. Por meio da História da Infância, passamos por caminhos os quais nos
mostraram como a criança tem sido vista ao longo das diferentes sociedades. Passando do
anonimato, por um lugar de destaque na sociedade, e posteriormente até mesmo
“paparicada”, chegando até os dias atuais, em que segundo alguns estudiosos, como por
exemplo, Postman (2006), acreditam que gradativamente ela está desaparecendo. Inúmeros
fatores estão levando à isso, tais como os meios de comunicação em massa que igualam a
criança ao adulto, uma vez que adultos e crianças tem acesso as mesmas imagens e
informações. Esses fatores proporcionaram o nosso aprimoramento eesclarecimento sobre a
relação entre a sociedade e a infância.
Proporcionando um melhor entendimento do desenvolvimento cognitivo das crianças,o estudo
sobre as obras de Jean Piaget, contribuíram para que pudéssemos entender aimportância dos
jogos no desenvolvimento infantil. O estudo e a análise das fases do desenvolvimento nos
proporcionaram a compreensão de como se dá a construção do pensamento na criança. Do
jogo de exercício, puramente exploratório e involuntário inicialmente, em contato com as
experiências motoras-visuais e posteriormente sensório-motoras, no aparecimento do jogo
simbólico até o aprimoramento da linguagem onde se inicia o processo de desenvolvimento
do pensamento e conseqüentemente dos jogos em si,pudemos acompanhar detalhadamente
cada fase e suas respectivas mudanças e evoluções.
Quanto ao universo lúdico, os estudos realizados referentes a esse tema tão rico e importante
para a vida infantil, nos proporcionaram a compreensão de sua grande importância no
desenvolvimento da criança.
No ato do brincar a criança entra em contato com a realidade externa, começa então, a
estabelecer vínculos e passa a interagir com o mundo. Assim, inicia-se o conhecimento do
mundo e conseqüentemente de si própria, gerando o auto-conhecimento.
O bebê ao entrar em contato com o mundo passa a senti-lo, compreendê-lo e transformá-lo,
desta forma, se dá a interação com o mundo. Pois na medida em que interage com esse
mundo estabelece relações com ele.
Na fase do faz-de-conta a brincadeira é essencial, pois ao brincar, a criança expressa seus
sentimentos e busca superá-los durante a brincadeira.
Portanto, um simples ato de brincadeira fornece possibilidades de melhor compreensão da
criança. O brinquedo é um instrumento de exploração, desenvolvimento da capacidade
motora, cognitiva emocional, sensorial e social da criança.
Ao brincar, a criança expressa seus sentimentos. Mediante seu envolvimento ela exterioriza
suas emoções. Assim, ao sofrer alguma coisa em sua vida transporta para sua brincadeira a
fim de quer resolvê-la.
[...] a brincadeira aparece como um meio de escapar da vida limitada da criança, de se projetar num universo
alternativo excitante, onde a iniciativa épossível,onde a ação escapa das obrigações do cotidiano.Éo universo
alternativo que projeta a criança num mundo adulto,mas num mundo adulto mais apaixonante do que aquele
que a cerca. Este pode ser o universo da aventura, da exploração. (BROUGÈRE, 2001, p. 78)
Ao brincar com outra criança desenvolve seu processo de socialização,na medida emque passa
a ter que aceitar regras, para estar no grupo. Desenvolve habilidade que os adultos tanto
cobram delas e nem percebem que nesse momento estão sendo trabalhados. No ato do
brincar acriança aprende, pois sempre há algonovo para seaprender em um jogo; sesocializa,
pois na maioria das vezes estão interagindo entre si, o que promove a socialização. Desta
forma ela estará se desenvolvendo.
A criança em seu processo de formação necessita imitar e escolher modelos para seguir,
contudo também necessita expressar-se, ser ouvida e entendida, tendo seu ponto de vista
considerado é que vai desenvolver-se. Ela necessita ser reconhecida como uma pessoa que
possui limitações sim, mas também, potencialidades, todos nós possuímos limitações.
Somente assim, ao ter um espaço para guiá-la ao mesmo tempo em que lhe permite interagir
com ele é que acriança criará autonomia.
As brincadeiras tradicionais ampliam as áreas de contato humano. Por meio delas as crianças
aprendem de forma mais simples e divertida as vantagens e significados das atividades em
grupos, experimentam diversos papéis sociais, percebem relações de dominação e
subordinação entre as pessoas e se identificam com alguns interesses ou valores de sua
sociedade.
A pesquisa realizada confirmou tais argumentos, primeiramente porque observamos que as
brincadeiras e brinquedos mais utilizados pelas crianças sãoaqueles comercializados. Verifica-
se, então, a grande influência que a sociedade capitalista possui na vida infantil, interferindo
até mesmo nas brincadeiras e brinquedos infantis.
Também pudemos observar que as brincadeiras tradicionais favorecem a socialização, pois nos
momentos de atividades propostas às crianças, elas se interagiambastante entre si. Notamos
que até aquelas crianças retraídas e distantes do grupo ao finalestavammais socializadas com
o restante da sala.
Mediante a entrevista percebemos que as crianças conhecem e também brincam com algumas
brincadeiras e brinquedos tradicionais,no entanto, o repertório dessas brincadeiras é restrito.
Percebemos o grande interesse que as crianças possuem por eles. Falta ser oferecido a elas
momentos de contato com tais brincadeiras, proporcionando que seu repertório dessas
brincadeiras aumentem.
Aumentando o conhecimento dessas brincadeiras e jogos tradicionais, favorecendo a união da
comunidade com o ambiente escolar, poderíamos levar à escola pessoas idosas da
comunidade, tais como, avó, tios, bisavós, entre outros, para numa roda de conversa com as
crianças exporem suas experiências lúdicas de quando eram crianças.
Desta forma, numa sociedade em que os valores se extinguemcada vez mais, com a diminuição
do respeito ao próximo, o idoso seria valorizado. As crianças conheceriam as brincadeiras
praticadas por eles e confirmariam que algumas brincadeiras utilizadas pelas crianças hoje,
seus familiares e amigos próximos já brincavam quando pequenos.
É por meio dos jogos folclóricos ou das brincadeiras que as crianças, além de aprender,
adquirem uma experiência social de completa significação para o desenvolvimento de sua
personalidade e constituem grande parte do patrimônio lúdico das crianças. Assim, esse
estudo trará contribuições significativas para pais, professores e para crianças. Para nós
professores essa pesquisa é um meio de conhecermos melhor o universo infantil, o que será
de grande valiaparaa docência junto aos alunos de educação infantile séries iniciais doensino
fundamental.
REFERÊNCIAS
ARIÈS, P. Historia social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos. Porto Alegre: Artes Médicas,
1992.
ALTMAN, Raquel Z. Brincando na história. In: DEL PRIORE, Mary (org). História
das crianças no Brasil. 4. ed. – São Paulo: Contexto, 2004.
BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho. Pais bons o bastante. 31ª. edicção,
Rio de Janeiro: Campos, 1988.

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  • 1. FACULDADE CAPIVARI A LUDICIDADE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma retrospectiva dos jogos tradicionais CRISTIANI DOS SANTOS
  • 2. Capivari de Baixo (SC), maio de 2014 CRISTIANI DOS SANTOS
  • 3. A LUDICIDADE NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL: uma retrospectiva dos jogos tradicionais Trabalho apresentado à disciplina de Didática do Curso de Pedagogia da Faculdade Capivari – FUCAP, orientado pela professora Maria Ana Pires de Oliveira, Msc.
  • 4. Capivari de Baixo (SC), maio de 2014 SUMÁRIO
  • 5. INTRODUÇÃO Os brinquedos e jogos eletrônicos são veiculados na mídia transformando a cada dia os objetos lúdicos infantis, mas o que as crianças conhecem dos brinquedos e jogos tradicionais atualmente? Qual a importância e o espaço dado pelos professores a esse tipo de brincadeiras? Quais são os jogos e brinquedos tradicionais conhecidos pelas crianças? Nossa pesquisa é decorrente de experiências vividas no contato com crianças de 1º ciclo. As observações das atividades escolares nos mostraram um universo distante do ideal para as crianças, pois criança é sinônimo de brincar / jogar, e isso não foi visto em situação real escolar. A partir daí nos inquietamos e preocupamos em buscar quais os objetos lúdicos tradicionais ainda conhecidos por eles? Assim como, qual a importância e o espaço destinado a esses objetos lúdicos pelos professores de 1ª. série de uma Escola Estadual de Bauru? Assim como os conteúdos escolares, a atividade lúdica é um fator muito importante para o desenvolvimento da criança. Por meio dela podemos tornar a aprendizagem mais prazerosa e, portanto mais significativa. É possível mediante o brincar, formar indivíduos com autonomia, motivados para muitos interesses e capazes de aprender rapidamente. Através da atividade lúdica a criança desenvolve suas capacidades físicas e intelectuais. O brinquedo também proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração. Através do brincar a criança cresce, aprende a usar os músculos, coordena o que vê com o que faz e adquire o domínio sobre seu corpo, descobre o mundo e como ele é. Brincando a criança aprende novos conceitos, adquire informações e tem um crescimento saudável. A criança que brinca cria um universo só dela. Envolve-se num imaginário no qual o impossível setorna possívele vice-versa.Reúne personagens da cultura, elementos da realidade, criando novos significados para elas graças à sua capacidade de criação. Enfim, nas relações interpessoais há construção de conhecimento. A criançanão sórepete as coisas vividas ououvidas, mas tema capacidade de combinar o antigo com o novo através de sua capacidade criativa. Quando a criança brinca, ela está vivenciando momentos alegres, prazerosos, portanto a criança que brinca vive uma infância feliz, alémde se tornar um adulto mais equilibrado física
  • 6. e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidades,problemas que possamsurgir no seu dia-a-dia. A criança privada dessa atividade poderá ficar com traumas dessa falta de vivência. Por meio das brincadeiras tradicionais, as crianças ampliam sua área de contatos humanos, aprendem de modo mais simples as vantagens e o significado das atividades organizadas grupalmente, experimentam os diferentes papéis sociais, percebem as relações de subordinação e de dominação entre as pessoas e se identificam com alguns interesses ou valores de sua sociedade. A pesquisaestruturou-se em quatro etapas: aprimeira, um levantamento do referencial teórico referente ao tema, realizado em biblioteca, acervo pessoal e da orientadora dando base à nossa pesquisa; Na segunda etapa, foi realizada a coleta de dados, desenvolvida mediante umestudo de caso. Os dados foram coletados em duas turmas de primeira série do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual na cidade de Bauru, situada num bairro de classe média-baixa, que atende crianças de primeira a quarta série, residentes no próprio bairro ou em bairros vizinhos. Trata-se também de uma pesquisa qualitativa, pois se preocupa em compreender, interpretar os fatos. A pesquisa qualitativa, segundo Lüdk e André(1986), tem ambiente natural como fonte de coleta de dados e o pesquisador é o instrumento principal. Deve ter um contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação investigada mediante o trabalho de campo. Desta forma, nossa pesquisa, se desenvolveu ao longo de um mês, com visitas freqüentes à escola durante cinco dias da semana no período vespertino. Os alunos possuíam idade entre seis e sete anos. Ao total eram 59 crianças, da turma “D” e 31 da turma “E”. A terceira etapa consistiu na tabulação e análise dos dados coletados durante a pesquisa na instituição escolar.
  • 7.
  • 8. 1 INFÂNCIA, CRIANÇAS E BRINQUEDOS Fala-se muito da liberdade e do direito das crianças, principalmente de sua ações mais características – o brincar, que seu cotidiano é cercado de risos, alegrias, brincadeiras. Mas, se analisarmos cuidadosamente a realidade da maioria das crianças como se propaga, e como os documentos oficiais apresentam, historicamente, no Brasil e em todo o mundo, há uma discrepânciaentre o que é proposto pelas organizações responsáveis pela infânciae legislação vigente. O mundo que a ”criança deveria ser” ou “ter” é diferente daquele onde ela vive, ou no mais das vezes, sobrevive. O primeiro é feito de expressões como “a criança precisa”, “ela deve”, “seria oportuno que”, “vamos nos engajar em que”, até o irônico “vamos torcer para”. No segundo as crianças são enfaticamente orientadas para o trabalho, para o ensino, para o adestramento físico e moral, sobrando-lhes pouco tempo, para a imagem que normalmente a ela está relacionada: do riso e da brincadeira. (DEL PRIORE, 2004). O mundo passa por intensas e significativas mudanças ao longo dos tempos, contudo nas últimas décadas esse fenômeno vem se intensificando cada vez mais. São transformações tecnológicas, sociológicas entre tantas outras. É nesse contexto que a criança inserida e fazendo parte dele, vem sofrendo com suas conseqüências, sejamelas boas ou ruins. [...] a crescente fragilização dos laços conjugais, a exploração urbana com todos os problemas decorrentes de viver em grandes cidades,a globalização cultural,a crise do ensino antes os avanços cibernéticos,tudo isso temmodificado,deforma radical, as relações entre pais e filhos e entre crianças e adultos. (DEL PRIORE, 2004, p. Desta forma, em meio as transformações, e principalmente a partir da modernidade, as crianças são preparadas para o futuro. As escolas não estão trabalhando com as particularidades infantis e suas necessidades, e sim, vendo as crianças como futuros adultos, que deverão serprodutivos para desempenharem funções em resposta às necessidades atuais da sociedade tecnológica. Ao retroagirmos Às mudanças que ocorreram até chegarmos à sociedade atual compreenderemos as mudanças decorrentes em relação à infância e a criança.
  • 9. Para tanto, faremos uma breve passagempelahistória, utilizando os autores como Ariès (2006), Heywood (2004), Stearns (2006), Freitas e Kuhlmann (2002), Del Priori (2004) entre outros que trouxeram grandes contribuições para entendermos como a infância se modificou de acordo com cada sociedade. Inicialmente faremos uma pequena diferenciação entre infância e criança, esclarecendo os termos para um melhor entendimento dos conceitos. Segundo Freitas e Kuhlmann (2002) a infância é “[...] a concepção ou a representação que os adultos fazem sobre o período inicial da vida, ou como o próprio período vivido pela criança”. Já a criança “[...] o sujeito real que vive essa fase da vida”. Desta forma, segundo os autores, “A história da infância seria então a história da relação da sociedade, da cultura, dos adultos, com essa classe de idade e a história da criança seria a história da relação das crianças entre si e com os adultos, com a cultura e a sociedade”. É difícil falar sobre a criança ao longo da história, pois pouco registro direto setem sobre ela. O que há são relatos de adultos sobre quando eram crianças, são recordações dos seus dias de meninice. Contudo, mesmo não havendo aspectos da experiência da infância pela falta de informações direta, falaremos um pouco sobre a história da infância que é estudada por adultos e instituições adultas. É difícil elaborar histórias bem-feitas sobre crianças. Crianças deixam relativamente poucos registros diretos. As pessoas rememoram suas infâncias, adultos escrevem sobre crianças e há objetos – berços, brinquedos etc., mas isso também é trazido à baila por intermediários adultos. Justamente por isso, é mais fácil tratar historicamenteda infância do que das criançasem si, porque a infância é em parte definida pelos adultos e por instituições adultas. (STEARNS, 2006, p.13) Por meio da história da infância podemos analisar as condições infantis do passado e as mudanças na natureza da infância, desta forma, analisamos as mudanças que a infância tem sofrido no decorrer dos anos. [...] é possível verificar como muitos aspectos da infância contemporânea decorrem do passado, o que por seu turno permite entender bem melhor a infância contemporânea, inclusive alguns novos problemas que ocupam a nossa atenção. (STEARNS, 2006, p.14) A história da infância também nos auxilia a entender como a criança foi vista e tratada ao longo dos séculos pelas sociedades e como tem sido a participação dos jogos e brincadeiras em suas vidas.
  • 10. O lugar que a criança ocupa num contexto social específico, a educação a que está submetida e o conjunto de relações sociais que mantém com personagens do seu mundo, tudo isto permite compreender melhor o cotidiano infantil – é nesse cotidiano que se forma a imagem da criança edo seu brincar.Cada tempo histórico possui uma hierarquia de valores que oferece uma organicidade a essas heterogeneidades. São esses valores que orientam a elaboração de um banco de imagens culturais que se refletem nas concepções de criança e seu brincar. (KISHIMOTO, 1993, p. 7-8) Acompanhando as mudanças relativas à infncia por meio da história atual, segundo Stearns (2006) “[...] a importância do conhecimento da infância no curso da história é entender o passado de maneira mais ampla e proporcionar perspectivas históricas ao presente”. Em seu livro “História Social da Criança e da Família”, Ariès (2006)discorre sobre o olhar adulto acerca da infância, tomando por base a sociedade européia. Ele inicia pelo final da Idade Média e chega até o século XIX. Assim, como ele analisa, inicialmente a criança era vista como um ser incompleto e com o passar dos tempos passa a ser alvo de uma melhor observação, tornando-a paparicada, mimada e então amada. 1.1 BALANÇACAIXÃO,BALANÇAVOCÊ...JOGOSEBRINCADEIRASTRADICIONAIS NA ATUALIDADE. Ao recordarmos de nossa infância as primeiras imagens passadas em nossa mente são as brincadeiras de pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, pião, peteca, pipa, cirandas, parlendas, entre tantas outras. Como eram boas as brincadeiras nas ruas, nos parques e praças. Não podemos deixar também de lembrar dos brinquedos que nós mesmos confeccionávamos com toquinhos de madeira, latas de óleo, gravetos, folhas, frutos, retalhos de tecidos da caixade costura da vovó, entre tantos outros objetos que ao olharmos já víamos neles nosso próximo brinquedo. Quem não se lembra das bonecas de milho, fogãozinho de tijolos, carrinhos de lata de sardinha, capucheta com folhas de jornais, revistas? Aprendíamos estas brincadeiras com nossos pais, amigos de brincadeiras nas ruas, irmãos, primos, tios e avós; enfim chegaramaté nossos dias passando de geração emgeração. Nossos avós, quando crianças, também desfrutavam dessas mesmas brincadeiras. Estamos falando aqui dos jogos e brincadeiras tradicionais, aqueles que são transmitidos de uma geraçãoa outra de forma expressiva,fora das instituições oficiais,eque sãoincorporados
  • 11. pela criança de forma espontânea, variando as regras de uma cultura para outra ou de um grupo ao outro. Porém, apesar de mudar a forma, o conteúdo, que é constituído pelos interesses lúdicos particulares ligados a certo objeto, não muda. Os jogos tradicionais tem a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social. É um tipo de jogo livre, espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de o fazer. Por pertencer a categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, ele tem um fim em si mesmo e preenche a dinâmica da vida social, permitindo alterações e criações de novos jogos. (KISHIMOTO, 1993, p. 16) O jogo tradicional, sendo parte de uma cultura popular, guarda a produção espiritual de um povo em certo período histórico. Essa cultura não oficial, desenvolvida, sobretudo pela oralidade, não fica cristalizada. Está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão se sucedendo. Segundo Kishimoto (2004), por ser elemento folclórico, o jogo tradicional infantil assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, conservação, mudança e universalidade. Sua origem é desconhecida, seus criadores são anônimos. O que sabemos é que são vindos de práticas abandonadas por adultos, de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos. As brincadeiras assumem um caráter de tradicionalidade e de universalidade, pois os povos da Grécia e Oriente já brincavam de amarelinha, de empinar papagaios,jogar pedrinhas; até hoje essas brincadeiras são praticadas pelas crianças. Esses jogos foram transmitidos de uma geração à geração por meio de conhecimentos empíricos e permanecem na memória das crianças até os dias atuais. Muitos jogos preservam sua estrutura inicial, outros modificam-se recebendo novos conteúdos. O fato de estarem ainda hoje presentes no cotidiano das brincadeiras infantis, mesmo tendo origem em tempos remotos, decorre do poder da expressão oral. As brincadeiras tradicionais, fazendo parte da manifestação livre e espontânea da cultura popular, perpetuam a cultura infantil, desenvolvem forma de convivência social e permitem o prazer de brincar. Graças a esse caráter espontâneo, a brincadeira tradicional garante a presença do lúdico e da situação imaginária. Antes, porém, faremos uma caracterização da criança mediante os estudos de Jean Piaget (1896-1980), estudioso suíço, para compreendermos como sedá o desenvolvimento cognitivo da criança e a sua relação com os jogos, bem como verificar a classificação que esse estudioso fez dos mesmos, e sua evolução após o aparecimento da linguagem.
  • 12. 1.2 O desenvolvimento infantil e o jogo Um adulto equilibrado e pleno é reflexo de uma infância e juventude bem vivida, ou seja, desenvolvida integralmente. Para que esse desenvolvimento integral da criança ocorra, faz-se necessário uma atenção especial com a saúde da mesma, no entanto, não são somente com os fatores físicos e biológicos que deverão ser analisados e trabalhados, mas também, e, principalmente, os emocionais, sociais e intelectuais, pois eles também influenciam na qualidade de vida infantil. Nesse contexto, o brincar é fundamental à saúde física, emocional e intelectual da criança. Como bem descreve Cunha (2005, p. 11), o brincar é “[...] uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto”. Para relacionarmos o brincar ao desenvolvimento infantil, se faz necessário conhecer e identificar as fases de desenvolvimento das crianças. Para tal, nos embasaremos no psicólogo suíço, Jean Piaget, estudioso do desenvolvimento infantil que também analisou o brincar e os jogos. Piaget (1990, p. 11), defende que “O desenvolvimento é uma equilibração progressiva, uma passagem perpétua de menor equilíbrio a um estado de equilíbrio superior”. Ainda segundo esse autor, diferente do crescimento orgânico, que num certo ponto atinge um equilíbrio, ou seja, o equilíbrio estático, a inteligência e a afetividade tendem para um equilíbrio móvel, de modo que o fimdo crescimento não marca o começo de uma decadência assimcomo no crescimento vegetativo, mas, “permite um progresso espiritual que nada tem de contraditório com o equilíbrio interior” (PIAGET, 1990). Desta forma, o desenvolvimento do corpo humano, ou seja, o aumento de sua estatura, por exemplo, se dá até um determinado período da vida, depois este se estabiliza parando de crescer na idade adulta. Já o desenvolvimento mental está em contínua construção. Durante todo o período da vida, o ser humano assimila e adapta informações. Segundo Piaget (1990), mediante o equilíbrio entre assimilação e adaptação é que se forma a inteligência. Ao pesquisar o desenvolvimento cognitivo, Piaget divide-o em quatro grandes grupos, os períodos. O primeiro é o sensório-motor, período compreendido do nascimento até 18 ou 24 meses. O segundo período é denominado de préoperacional, estende-se de 18 ou 24 meses até 6 ou 7 anos. O terceiro, operatório concreto, inicia-se nos sete anos e chega até os 11 ou
  • 13. 12 anos. Por fim, o quarto período, hipotético dedutivo ou pensante, estende-se dos 11 ou 12 anos até a vida adulta. No entanto essas idades são aproximadas. Faremos um breve relato sobre esses estágios, porém vamos nos deter ao que se encaixa a idade das crianças participantes de nossa pesquisa, ou seja, de seis e sete anos. Cada um desses estádios é, segundo Piaget (1990), caracterizado pelo aparecimento de estruturas originais, que o distingue dos estádios anteriores. Assim, constitui-se segundo as estruturas que o definem, mediante uma forma de equilíbrio particular, equilibrando cada vez mais a evolução mental. 1.2.1 Período sensório-motor (aproximadamente de 0 a 2 anos) Denomina-se período sensório-motor, pois com a falta da função simbólica, o bebê ainda não possui pensamento, nem afetividade ligada a representações que permitem relacionar pessoas ou objetos na ausência deles. Para um objeto existir, deverá estar à frente do bebê, pois só existe aquilo que ele possa ver, tocar ou sentir. [...] o desenvolvimento mental no decorrer dos dezoito primeiros meses da existência é particularmente rápido e importante, pois a criança elabora, nesse nível o conjunto das subestruturas cognitivas, que servirão de ponto de partida para as suas construções perceptivas e intelectuais ulteriores,assim como certo número de reações efetivas elementares, que lhe determinarão, em parte, a afetividade subseqüente. (PIAGET; INHELDER, 2002, p.11) Segundo Piaget, do nascimento até o aparecimento da linguagem, o desenvolvimento mental é extraordinário, pois é nesse período que ocorre a conquista do mundo da criança mediante as percepções e movimentos. Aos poucos a inteligência da criança vai se formando mediante as impressões sensoriais e a ação do movimento. Em contato com os objetos, com o seu próprio corpo ou com o da mãe a criança por meio de seus movimentos e sensações vai desenvolvendo sua inteligência. Inicialmente, a inteligência é puramente prática, visando o êxito e não a verdade. É fato a existência deuma inteligência antes da linguagem.[...] Ela constrói umsistema complexo de esquemas de assimilação,ede organizar o real de acordo com um conjunto de estruturas espaciotemporais ecausais.[...] Na falta de linguagem e de função simbólica taisconstruções seefetuam exclusivamenteapoiadas em percepções e movimentos, ou seja, através de uma coordenação sensório-motora das ações, sem que intervenha a representação ou o pensamento (PIAGET; INHELDER, 2002, p.12) Durante essa assimilação sensório-motora, que ocorre dos dezoito meses aos dois anos aproximadamente. Inicialmente, segundo Piaget (2002), o recém-nascido tudo chama a si, ao
  • 14. seu próprio corpo, na medida que vai se desenvolvendo, até o início da linguagem e do pensamento ele já se situa como um corpo entre os outros, num universo que construiu, e sente como exterior a si. No ponto de partida da evolução mental não existe, de modo algum, diferenciação entre o eu e o mundo exterior, quer dizer que as impressões vividasepercebidas não são ligadas nema uma consciênciapessoal sentida como um “eu” nem a objetos concebidos como exteriores: elas são simplesmente dadas num bloco indissociado ou como postas num mesmo plano, que é interno e externo, mas a meio caminho entre estes dois pólos. Estes só pouco a pouco se oporão um ao outro. (PIAGET, 1990, p. 23-24) Em todas as idades, a ação é reflexo de um interesse ou de uma necessidade (psicológica, afetiva ou intelectual) sentida pelo indivíduo, ou seja, realizamos algo porque sentimos a necessidade de fazê-lo, ou por que aquilo nos causa interesse. No entanto, verificamos nas obras de Piaget, que os “interesses” variam consideravelmente de um nível mental para outro, e as explicações particulares são formas muito diferentes conforme o grau de desenvolvimento intelectual. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer dessa pesquisa trilhamos um caminho que contribuiu efetivamente para com a nossa formação. Por meio da História da Infância, passamos por caminhos os quais nos mostraram como a criança tem sido vista ao longo das diferentes sociedades. Passando do anonimato, por um lugar de destaque na sociedade, e posteriormente até mesmo “paparicada”, chegando até os dias atuais, em que segundo alguns estudiosos, como por exemplo, Postman (2006), acreditam que gradativamente ela está desaparecendo. Inúmeros fatores estão levando à isso, tais como os meios de comunicação em massa que igualam a criança ao adulto, uma vez que adultos e crianças tem acesso as mesmas imagens e informações. Esses fatores proporcionaram o nosso aprimoramento eesclarecimento sobre a relação entre a sociedade e a infância. Proporcionando um melhor entendimento do desenvolvimento cognitivo das crianças,o estudo sobre as obras de Jean Piaget, contribuíram para que pudéssemos entender aimportância dos jogos no desenvolvimento infantil. O estudo e a análise das fases do desenvolvimento nos proporcionaram a compreensão de como se dá a construção do pensamento na criança. Do jogo de exercício, puramente exploratório e involuntário inicialmente, em contato com as experiências motoras-visuais e posteriormente sensório-motoras, no aparecimento do jogo
  • 15. simbólico até o aprimoramento da linguagem onde se inicia o processo de desenvolvimento do pensamento e conseqüentemente dos jogos em si,pudemos acompanhar detalhadamente cada fase e suas respectivas mudanças e evoluções. Quanto ao universo lúdico, os estudos realizados referentes a esse tema tão rico e importante para a vida infantil, nos proporcionaram a compreensão de sua grande importância no desenvolvimento da criança. No ato do brincar a criança entra em contato com a realidade externa, começa então, a estabelecer vínculos e passa a interagir com o mundo. Assim, inicia-se o conhecimento do mundo e conseqüentemente de si própria, gerando o auto-conhecimento. O bebê ao entrar em contato com o mundo passa a senti-lo, compreendê-lo e transformá-lo, desta forma, se dá a interação com o mundo. Pois na medida em que interage com esse mundo estabelece relações com ele. Na fase do faz-de-conta a brincadeira é essencial, pois ao brincar, a criança expressa seus sentimentos e busca superá-los durante a brincadeira. Portanto, um simples ato de brincadeira fornece possibilidades de melhor compreensão da criança. O brinquedo é um instrumento de exploração, desenvolvimento da capacidade motora, cognitiva emocional, sensorial e social da criança. Ao brincar, a criança expressa seus sentimentos. Mediante seu envolvimento ela exterioriza suas emoções. Assim, ao sofrer alguma coisa em sua vida transporta para sua brincadeira a fim de quer resolvê-la. [...] a brincadeira aparece como um meio de escapar da vida limitada da criança, de se projetar num universo alternativo excitante, onde a iniciativa épossível,onde a ação escapa das obrigações do cotidiano.Éo universo alternativo que projeta a criança num mundo adulto,mas num mundo adulto mais apaixonante do que aquele que a cerca. Este pode ser o universo da aventura, da exploração. (BROUGÈRE, 2001, p. 78) Ao brincar com outra criança desenvolve seu processo de socialização,na medida emque passa a ter que aceitar regras, para estar no grupo. Desenvolve habilidade que os adultos tanto cobram delas e nem percebem que nesse momento estão sendo trabalhados. No ato do brincar acriança aprende, pois sempre há algonovo para seaprender em um jogo; sesocializa, pois na maioria das vezes estão interagindo entre si, o que promove a socialização. Desta forma ela estará se desenvolvendo. A criança em seu processo de formação necessita imitar e escolher modelos para seguir, contudo também necessita expressar-se, ser ouvida e entendida, tendo seu ponto de vista
  • 16. considerado é que vai desenvolver-se. Ela necessita ser reconhecida como uma pessoa que possui limitações sim, mas também, potencialidades, todos nós possuímos limitações. Somente assim, ao ter um espaço para guiá-la ao mesmo tempo em que lhe permite interagir com ele é que acriança criará autonomia. As brincadeiras tradicionais ampliam as áreas de contato humano. Por meio delas as crianças aprendem de forma mais simples e divertida as vantagens e significados das atividades em grupos, experimentam diversos papéis sociais, percebem relações de dominação e subordinação entre as pessoas e se identificam com alguns interesses ou valores de sua sociedade. A pesquisa realizada confirmou tais argumentos, primeiramente porque observamos que as brincadeiras e brinquedos mais utilizados pelas crianças sãoaqueles comercializados. Verifica- se, então, a grande influência que a sociedade capitalista possui na vida infantil, interferindo até mesmo nas brincadeiras e brinquedos infantis. Também pudemos observar que as brincadeiras tradicionais favorecem a socialização, pois nos momentos de atividades propostas às crianças, elas se interagiambastante entre si. Notamos que até aquelas crianças retraídas e distantes do grupo ao finalestavammais socializadas com o restante da sala. Mediante a entrevista percebemos que as crianças conhecem e também brincam com algumas brincadeiras e brinquedos tradicionais,no entanto, o repertório dessas brincadeiras é restrito. Percebemos o grande interesse que as crianças possuem por eles. Falta ser oferecido a elas momentos de contato com tais brincadeiras, proporcionando que seu repertório dessas brincadeiras aumentem. Aumentando o conhecimento dessas brincadeiras e jogos tradicionais, favorecendo a união da comunidade com o ambiente escolar, poderíamos levar à escola pessoas idosas da comunidade, tais como, avó, tios, bisavós, entre outros, para numa roda de conversa com as crianças exporem suas experiências lúdicas de quando eram crianças. Desta forma, numa sociedade em que os valores se extinguemcada vez mais, com a diminuição do respeito ao próximo, o idoso seria valorizado. As crianças conheceriam as brincadeiras praticadas por eles e confirmariam que algumas brincadeiras utilizadas pelas crianças hoje, seus familiares e amigos próximos já brincavam quando pequenos. É por meio dos jogos folclóricos ou das brincadeiras que as crianças, além de aprender, adquirem uma experiência social de completa significação para o desenvolvimento de sua
  • 17. personalidade e constituem grande parte do patrimônio lúdico das crianças. Assim, esse estudo trará contribuições significativas para pais, professores e para crianças. Para nós professores essa pesquisa é um meio de conhecermos melhor o universo infantil, o que será de grande valiaparaa docência junto aos alunos de educação infantile séries iniciais doensino fundamental. REFERÊNCIAS ARIÈS, P. Historia social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2006. ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. ALTMAN, Raquel Z. Brincando na história. In: DEL PRIORE, Mary (org). História das crianças no Brasil. 4. ed. – São Paulo: Contexto, 2004. BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho. Pais bons o bastante. 31ª. edicção, Rio de Janeiro: Campos, 1988.