Complexity 3.0: Reflections on changes in post-digital human thought
Documento de qualificação Nepomuceno Tese
1. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DOUTORADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CONVÊNIO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - INSTITUTO DE ARTE E
COMUNICAÇÃO SOCIAL
INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CARLOS NEPOMUCENO
AMBIENTES COLABORATIVOS DE CONHECIMENTO:
A RUPTURA DO CONTROLE DA INFORMAÇÃO
COMO ALTERNATIVA PARA O EQUILÍBRIO SISTÊMICO
Niterói
2009
1
2. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DOUTORADO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
CONVÊNIO
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - INSTITUTO DE ARTE E
COMUNICAÇÃO SOCIAL
INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CARLOS NEPOMUCENO
AMBIENTES COLABORATIVOS DE CONHECIMENTO:
A RUPTURA DO CONTROLE DA INFORMAÇÃO
COMO ALTERNATIVA PARA O EQUILÍBRIO SISTÊMICO
Documento de qualificação apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Doutor em Ciência da
Informação
Orientadores:
Rosali Fernandez de Souza e
Marcos Bezerra Cavalcanti (co-orientador)
Niterói
2009
2
3. INTRODUÇÃO
Não estamos numa época de
mudanças, mas em uma mudança de época –
Chris Anderson.
Há um consenso tácito entre pesquisadores de várias áreas do conhecimento,
incluindo os da Ciência da Informação, de que vivemos em uma era de profundas mudanças
nos ambientes de informação e de conhecimento. Hoje, calcula-se que um bilhão de pessoas,
1
dos sete bilhões do planeta acessam à Internet e 37 milhões de brasileiros, dos 200 milhões,
já se conectaram à rede ao menos uma vez na vida. Esse novo espaço de troca de ideias tem
alterado gradualmente as formas humanas de comunicação, informação, aprendizado e
consumo.
Diante deste cenário, nas últimas décadas do século XX, projeta-se, tradicional e
repetidamente, o papel estratégico da informação e do conhecimento em diferentes
dimensões da vida em sociedade, que teria transformado as formas de produzir e distribuir
bens materiais e imateriais, assim como as percepções de espaço e tempo.
É recorrente também a abordagem de que a Informação, o Conhecimento e a Inovação
têm um destaque especial na preocupação social, como importantes fatores de produção. E
que as atividades que gerarão mais riqueza para os indivíduos e sociedade serão aquelas
geradas pela inovação, e esta principalmente pela capacidade de usar o conhecimento
agregado a produtos e serviços. O que importa agora para o aumento da produtividade é o
trabalho intelectual (CAVALCANTI e GOMES, 2001).
Pode-se afirmar ainda que não podemos mais pensar a dinâmica econômico-social sem
considerar que o modo de produção foi objeto de grande mudança, no qual o saber
desempenha papel fundamental. Sob este ponto de vista, é possível admitir que o
conhecimento se transforma não só em instrumento para explicar e compreender a realidade,
mas também em motor de desenvolvimento e fator dinamizador das mudanças sociais.
Entretanto, sem querermos refutar o que parece evidente, este conjunto de
afirmações nos coloca diante de um novo enigma científico, que abarca toda a Ciência Social e,
principalmente, a Ciência da Informação: se tal ruptura é verdade, como explicá-la? Como ela
surge? Quais são os seus contornos? Quais são os motivos e as razões para que estas
mudanças ocorram justamente agora? São fatores sui-genesis na história humana ou já se
repetiram de outra maneira? Que tipo de fatores, situações ou conjunturas nos levariam a
entender melhor esse processo?
Há, a nosso ver, um hiato teórico relevante e fundamental para compreensão do
momento histórico que atravessamos e este deve ser um esforço conjunto de pesquisadores
de diversas áreas para suplantá-lo. Para lidar com tal enigma, acreditamos, é necessário
recorrer, antes de tudo, à história, à procura de uma base de comparação, o que nos leva
1
http://idgnow.uol.com.br/internet/2009/01/23/populacao-mundial-de-internet-
ultrapassa-1-bilhao-de-pessoas-diz-comscore/
3
4. naturalmente a outro impasse: como podemos comparar as tecnologias de informação atuais
com as do passado? Podemos recorrer a nossa base teórica dos sistemas de informação? Ou é
necessário pensar em outra dimensão, através de sistemas de conhecimento, como tem sido
cada vez mais frequente entre pesquisadores da Ciência da Informação?
Para responder a estas perguntas, a presente tese se propõe a debruçar-se sobre os
novos ambientes colaborativos de conhecimento por acreditar que, mais do que “anomalias”,
eles surgem como saída, solução para um conjunto de problemas informacionais
contemporâneos oriundos de entropias passadas. Vêm com a proposta de serem mais
dinâmicos, participativos, eficazes para lidar com uma massa de informação cada vez maior do
planeta.
É bom recordar que nos últimos 50 anos o planeta assistiu, de forma inédita, a
multiplicação de três bilhões, por volta da década de 60, para os atuais por quase sete bilhões,
como indica o quadro abaixo2:
É bom notar, no quadro acima, que o tempo para dobrar a população da faixa de um
bilhão para dois bilhões demorou 130 anos e dos dois bilhões para os quatro bilhões, os
mesmos quase 50 anos que vivemos agora. Estamos, assim, crescendo cada vez mais rápido e
em espaço menor. Além disso, estudos já apontam que as crianças que nascem neste exato
momento nos países desenvolvidos terão a perspectiva de viverem mais de 100 anos3. Somos
mais e morremos cada vez mais velhos.
Se analisarmos sob este ponto de vista, parece-nos evidente que o aumento
populacional gera, por si só, um problema informacional cada vez mais agudo, criando pressão
2
Dados: http://pt.wikipedia.org/wiki/Crescimento_populacional
3
http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/bebes-nascidos-em-paises-ricos-
viverao-ate-os-100-anos-20091002.html
4
5. sobre os ambientes de conhecimento para acelerar a sua performance e eficiência. E
pergunta-se: será que estes ambientes colaborativos do conhecimento não seriam uma
alternativa para o novo ritmo mundial?
O objetivo da tese, entretanto, não pretende ir tão distante, mas abrir uma abordagem
diferente nesse campo, recorrendo muitas vezes a um comparativo histórico nas rupturas
informacionais, pois é preciso comparar o momento atual com outros similares. O tema já
recebeu a abordagem de alguns autores da área, como Barreto, que admite que a cultura
escrita - tipográfica influiu e ajudou de forma intensa na Revolução Industrial, ocorrida na
Europa, e no nacionalismo radical, a partir do século XV, fatos relevantes da história da
humanidade e que moldaram a sociedade como a conhecemos atualmente (BARRETO, 2007).
De fato, a evolução dos sistemas de comunicação e informação do mundo moderno,
herdeiros do ambiente do livro impresso, se ampliou principalmente depois da massificação do
computador de grande porte, como vemos no quadro abaixo:
Internet
Computador Internet 4
colaborativa
Computadores
de grande (Web 2.0)
Pessoais
porte
1944 -1975 1976 -1994 1995 - 2004 2004 - ?
É possível constatar que desde a década de 40 tivemos a seguinte evolução: do
microcomputador, na década de 80; ao surgimento massificado da Internet, por volta dos anos
5
90; chegando, por fim, à rede colaborativa, denominada de Web 2.0 , a partir de 2004.
Para atender essa maior demanda por informação, as redes estão, de maneira geral,
cada vez mais velozes e seu uso pela população, bem como pela comunidade acadêmica, tem
se ampliado ao longo de toda a cadeia de construção do saber (MEADOWS, 1999). Tal
constatação pode ser comprovada pela Ciência; basta observar a extensa pesquisa feita por
Pinheiro durante quatro anos (1998-2002), com 1307 pesquisadores brasileiros, sobre o uso
das redes na comunidade científica nacional. A partir dos dados levantados, concluiu-se que a
Internet foi incorporada no cotidiano científico, principalmente, durante a ação do
desenvolvimento de pesquisas e, consequentemente, na geração de conhecimento. Esta
incorporação na prática científica facilitou e intensificou a comunicação, ampliando o acesso
aos diversos recursos de informação criados.
A comunicação informal mantém sua predominância e é expandida,
4
Considerando a data da entrada da Internet comercial e a popularização do uso, mas
pode-se dizer que a rede começou bem antes para o setor acadêmico-científico.
5
Segunda geração de desenvolvimento Web que busca facilitar a comunicação,
assegurar o compartilhamento de informação, interoperabilidade e colaboração na World
Wide Web (MORENO, 2009).
5
6. agora por meio de computadores e via rede, tendo o correio
eletrônico como recurso principal, secundado pelas listas de
discussão. Entre os recursos construídos de forma digital ou virtual,
são relevantes os sites de eventos e as bibliotecas virtuais e digitais,
muito utilizados por pesquisadores brasileiros (PINHEIRO, 2003).
Quanto aos dados sobre usuários de bibliotecas virtuais6, podemos citar a pesquisa de
Gomes do programa Prossiga/IBICT/CNPq7, a partir do levantamento feito em 2002 com 3.449
pesquisadores. Neste trabalho, a autora revelou que 85% dos entrevistados tiveram suas
práticas modificadas de forma positiva pelo acesso à rede, apesar de os mesmos destacarem
também que a profusão de novas informações tem provocado dificuldades para a constante
atualização (GOMES, 2004).
Atualmente, entretanto, a Internet passa por uma mudança significativa. De uma rede
na qual a colaboração entre as pessoas estava basicamente centrada em e-mails, como
constata Pinheiro e Gomes, para um novo modelo que veio a se chamar de Redes Sociais e que
ganhou, a partir de 2004, enorme aceitação na Internet. Avalia-se que esta alteração ocorre a
partir da acentuada redução de custos de três elementos: processadores, largura de banda e
armazenagem (ANDERSON, 2009). Fato este que viabiliza a implantação da banda larga, muito
mais barata do que um acesso discado, em voga até então, o que atrai os usuários para um
novo tipo de uso da rede, acentuando a participação e a troca de ideias (CAVALCANTI,
NEPOMUCENO, 2006).
A tabela abaixo constata o crescimento das Redes Sociais americanas nos últimos
8
anos .
É possível observar na tabela que há um forte crescimento, a partir de 2006, saltando
de 60 milhões de usuários para quase 100 milhões no final de 2009.
Usuários das seguintes Bibliotecas virtuais: "sobre Bibliotecas Virtuais", a "Biblioteca
6
Virtual de Economia", a "Biblioteca Virtual de Estudos Culturais", a "Biblioteca Virtual de Saúde
Reprodutiva" e a "Biblioteca Virtual de Engenharia de Petróleo".
7
http://prossiga.ibict.br/
8
http://www.profissionaisdeweb.com/web-20/estatisticas-de-crescimento-das-redes-
sociais/
6
7. As Redes Sociais são basicamente o que denominamos na presente tese como
Sistemas Colaborativos de Conhecimento, ou ambientes colaborativos em rede. Têm como
principal característica a inclusão dos registros, de forma total ou parcial, pelos próprios
usuários. Neste ambiente, apenas o usuário inclui informações, não havendo interferência de
nenhum gestor9. De forma inusitada, se comparados aos modelos tradicionais, nestes espaços
informacionais a atualização é feita de forma direta. Este fato obriga o gestor do sistema a
uma nova prática, migrando sua preocupação do controle direto do acervo para o controle da
conduta dos usuários (de como estes incluem novos registros), estabelecendo critérios de
como este deve incluir os novos registros ao acervo, prevendo, inclusive, punições para quem
não cumprir as regras estabelecidas.
Há, assim, uma mudança singular e significativa na forma de controle do acervo
informacional, o que suscita indagações pertinentes para quem trabalha ou pesquisa o
fenômeno da informação. Entre as questões que poderiam ser consideradas ao analisarmos
em detalhes estes ambientes, selecionamos os seguintes elementos de indagação:
Que tipo de problema informacional estes ambientes vêm resolver,
basicamente? Pode perceber alguma demanda reprimida pelos usuários antes
do projeto? Ou a alguma percepção do gestor que o levou a adotar essa nova
dinâmica? Quais são as suas vantagens e desvantagens?
A publicação direta pelos usuários, sem filtros ou seleção, pode gerar algum
tipo de perda de qualidade, ou mesmo um caos informacional de determinado
acervo? Que medidas são feitas para evitar esse problema?
Este ambiente mais livre não causa um problema de recuperação da
informação? Como os gestores estão resolvendo esse ponto?
Se a inclusão de dados passa a depender do próprio usuário, qual a garantia
que de que ele realmente vai colaborar? Que métodos, práticas e ações estão
sendo feitas nessa direção?
É possível estabelecer regras para garantir a qualidade desse acervo? Caso sim,
que regras e punições estão sendo adotadas? E em que escala de sucesso?
Que erros e acertos já foram cometidos?
Quais mudanças são necessárias na formação e prática do gestor para
administrar este novo ambiente colaborativo de conhecimento? Que tipo de
dificuldade enfrentou e enfrenta?
A presente pesquisa busca, assim, investigar os sistemas colaborativos de
conhecimento como um novo modelo informacional baseado em um novo tipo de controle, no
qual o usuário é convocado, a nosso ver, por necessidade, a colaborar, basicamente para
trazer velocidade de atualização, conforme especulamos como hipótese.
9
http://www.tahianadegmont.com/social-media-marketing/uso-de-redes-sociais-
brasil-america-latina
7
8. Para que possamos apresentar o quadro dentro do seu contexto histórico correto será
preciso ampliar a compreensão desse fenômeno. Por meio da análise de rupturas similares,
passaremos a descrevê-lo não como uma “anomalia sistêmica”, mas, ao contrário,
apresentaremos a colaboração dos usuários como uma alternativa, uma resposta para um
problema informacional específico, a necessidade de uma nova forma de gestão informacional
que garanta a manutenção da qualidade do acervo. É bom destacar que não estão distantes
outros exemplos de convocação dos usuários para colaborar em processos informacionais.
Para ficarmos em apenas um: com a chegada das fichas catalográficas, observaremos que
houve um pedido de apoio dos gestores das bibliotecas para que o usuário ajudasse na
procura dos livros, fazendo eles mesmos as consultas nas fichas.
Naquele momento, o bibliotecário transferia o seu conhecimento sobre o acervo para
determinado suporte, reproduzindo o que estava armazenado em seu cérebro para um
registro em papel (e depois para meio digital, com a informatização das bibliotecas). Tal fato
deu maior liberdade ao usuário, que passou a não depender do profissional da informação
para determinadas consultas, em um processo similar ao verificado agora na Internet, de
descentralização e pedido de colaboração.
Assim, reafirma-se que seja, ao contrário do que possa parecer no primeiro momento,
possível imaginar que alterações sistêmicas radicais, como a que assistimos no contexto da
forma de controle dos dados, não são anomalias, como muitas vezes somos levados a
acreditar. Pelo contrário, ao analisar rupturas similares no passado tentaremos defender que
esses movimentos podem ser vistos sob novo ponto de vista, como fenômenos cíclicos e
regulares que se repetem a partir de dadas situações de crise informacional.
Sob esse novo ponto de vista, seriam mudanças naturais e rupturas cíclicas que os
sistemas impõem, de certa forma, para manter seu equilíbrio. Ou, como preferem alguns
autores, um eterno desequilíbrio para mantê-lo útil e eficaz (LUHMANN, 2009). Sendo assim,
ao que nos parece no início da presente pesquisa, os modelos informacionais anteriores aos da
colaboração em rede, com o usuário passivo diante da inclusão de dados no acervo, têm se
mostrado obsoletos em diversas situações.
Podemos supor, ainda, que em várias medidas a colaboração surge exatamente para
lidar de forma mais adequada com as novas demandas informacionais contemporâneas, para
acelerar o processo de atualização por parte dos usuários diante do cada vez mais crescente
volume informacional circulante na sociedade. Essa demanda, muitas vezes latente, exigiu e
vai exigir novas formas de controle, cada vez mais autônomas, pelos usuários dos sistemas,
“que passam de uma posição passiva, de consumidor, para um novo papel, entre o consumo e
a produção da informação” (BARRETO, 2007).
Possivelmente poderemos constatar, por fim, que o tamanho e o perfil da equipe
disponível em ambientes de conhecimento pré-colaboração não conseguiram e não
conseguirão, nos moldes tradicionais, manter o acervo atualizado, “criando uma espécie de
entropia informacional” (ARAUJO, 1995).
8
9. O presente trabalho, assim, baseia-se na premissa de que a colaboração em rede nos
ambientes informacionais contemporâneos é um elemento importante e, em alguns casos,
fundamental para mantê-los úteis para seus usuários. E, a princípio, vêm para estabelecer
equilíbrio e não caos.
Diante dessas premissas, pretende-se analisar e concluir, após a coleta de dados com
diversos gestores de ambientes colaborativos de conhecimento:
Que modelos de ambientes colaborativos podem ser caracterizados a partir
dos projetos estudados?
Que tipo de problema estes ambientes vieram resolver e com que eficácia, do
ponto de vista de seus gestores, têm obtido resultados?
Os modelos estudados apresentam soluções viáveis para atender
determinadas entropias sistêmicas similares? Caso sim, que tipo de entropias?
Estas soluções sistêmicas colaborativas podem ser vistas como uma nova
lógica de rupturas cíclicas, a procura de equilíbrio sistêmico?
É possível criar um conjunto lógico de problemas que possa caracterizar uma
dada situação de crise informacional que nos leve a novas rupturas como essa
no futuro?
O trabalho, nessa direção, se desenvolverá em dois níveis distintos:
Na parte teórica, se fará pesquisa bibliográfica e a síntese do pensamento de
diversos autores que se dedicaram a estudar, no presente e no passado,
sistemas, sistemas de informação, de conhecimento, colaborativo de
conhecimento e rupturas sistêmicas;
Na parte prática, será realizada uma pesquisa qualitativa, aprofundada, com
exemplos de sistemas colaborativos de conhecimento na Internet: nativos
(que surgiram diretamente na rede), não-nativos (que migraram de um
sistema tradicional para a rede) e um terceiro também colaborativo, via
celular.
Nossa meta, assim, é fazer detalhado levantamento e posterior análise das
experiências diversas e diferentes perfis apresentados, comparando-os entre si e
situando-os do ponto de vista histórico.
Para exemplificar este novo modelo colaborativo foram escolhidos perfis distintos de
projetos, do ponto de vista de sua origem.
Os nativos da colaboração Internet – criados já com a idéia da colaboração e
nunca passaram pela forma de controle tradicional, na qual o gestor incluía e
controlava diretamente o acervo;
9
10. Os que migraram para a colaboração na Internet - criados com um tipo de
controle anterior, mas que passaram a adotar a publicação direta dos usuários;
O que não utiliza a Internet para a colaboração – utilizam tecnologias de
colaboração a distância, via celular.
Para exemplificar os modelos nativos, selecionamos:
O Wikipedia em português – projeto nativo da própria rede, que elege
voluntários para ajudar na produção, no controle dos registros e também até
na conduta dos usuários.
E o Overmundo – revista cultural realizada inteiramente pelos usuários,
nascida também na fase colaborativa da Web.
Para exemplificar os modelos não-nativos, que migraram de um modelo não
colaborativo para um colaborativo, selecionamos:
A Plataforma Lattes, do CNPq10 - como representante da área acadêmica e um
modelo em que não há controle posterior do registro por parte dos gestores
do ambiente;
Os comentários nas notícias do Globo Online – um representante da mídia
tradicional, com inclusão de registros feita pelo próprio usuário, através de
ferramentas próprias;
Para exemplificar os modelos colaborativos, mas não dentro da Internet,
selecionamos:
A Rádio Eldorado de São Paulo – um representante de uma rede colaborativa,
de troca de informações sobre o trânsito, na qual os motoristas colaboram,
com notícias sobre acidentes e engarrafamentos, via celular.
Cabe, por fim, reafirmar que os Sistemas de Colaborativos de Conhecimento
configuram um tema novo para a Ciência da Informação. Constata-se que os artigos,
periódicos, livros-texto e relatórios de pesquisa encontrados sobre o tema são ainda
incipientes, com pouca produção em português, se comparados com a relevância do
fenômeno.
Os fatos relatados demonstram, pela quantidade e dimensão das mudanças sociais,
que se trata de tema relevante e inovador para a Ciência, frente ao estudo acadêmico ora
vigente. Longe de esgotar o assunto, acreditamos que esse trabalho abre a possibilidade de
novas frentes de pesquisa e visa, de alguma maneira, a melhoria de desempenho dos
profissionais que já trabalham e trabalharão nestes novos ambientes, bem como servir de
parâmetro para outros trabalhos futuros de pesquisa neste campo.
10
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
10
11. JUSTIFICATIVA
Não somos estudantes de assuntos, mas de problemas, que
constituem, assim, o recorte de qualquer disciplina (POPPER, 1972).
A Ciência da Informação pode ser definida pelos problemas que propõe nas pesquisas
científicas, práticas profissionais e pelos métodos que escolheu, ao longo do tempo, na busca
de solução (SARACEVIC, 1991).
Esses problemas foram intuídos por Paul Otlet (1868-1944), bem antes da área se
consolidar. Humanista e pacifista, percebeu a importância de campo de estudo que
introduzisse o olhar ético sobre a informação, para organizar a sociedade civil em prol de uma
organização mundial em torno do tema (FERREIRA, 2006). Após a Segunda Guerra, e depois,
inclusive, da morte de Otlet, emerge um novo cenário político e econômico no planeta, que se
depara com uma explosão exponencial da informação e registros, principalmente em Ciência &
Tecnologia (SARACEVIC, 1996).
O termo e a definição da abrangência da Ciência da Informação como área de
conhecimento ocorrem quase vinte anos depois do fim da segunda grande guerra, durante
reunião no Georgia Institute of Technology realizada no período de 12 e 13 de abril de 1962,
seguida da publicação, em 1966, no primeiro volume do ARIST11, no artigo de Robert Taylor. O
recorte inicial de Taylor serve de base para que Harold Borko, dois anos depois, em 1968, a
tornasse popular no artigo “O que é Ciência da Informação?”.
Nele, detalhou:
Ciência da Informação é a disciplina que investiga as propriedades e o
comportamento da informação, as forças que governam seu fluxo, e
os meios de processá-la para otimizar sua acessibilidade e uso. A CI
está ligada ao corpo de conhecimentos relativos à origem, coleta,
organização, estocagem, recuperação, interpretação, transmissão,
transformação e uso de informação. Ela tem tanto um componente
de ciência pura, através da pesquisa dos fundamentos, sem atentar
para sua aplicação, quanto um componente de ciência aplicada, ao
desenvolver produtos e serviços (BORKO, 1968).
Sob este ponto de vista, que até hoje baliza, de certa forma, o escopo da área,
Saracevic considera que a Ciência da Informação define, desde as suas origens, há mais de
meio século, um problema: tornar mais acessível um acervo crescente de conhecimento, em
função da explosão informacional, particularmente em ciência e tecnologia. E um desafio:
utilizar as tecnologias de informação para combatê-lo (SARACEVIC, 1996).
11 Annual Review of Information Science and Technology (ARIST) - http://www.asis.org/Publications/ARIST/
11
12. A área da Ciência da Informação teve assim o seu recorte ampliado, mas sem perder os
contornos iniciais:
Ciência da Informação é um campo dedicado às questões científicas e
à prática profissional voltadas para os problemas da efetiva
comunicação do conhecimento e de seus registros entre os seres
humanos, no contexto social, institucional ou individual do uso e das
necessidades de informação. No tratamento destas questões são
consideradas de particular interesse as vantagens das modernas
tecnologias informacionais (SARACEVIC, 1996).
Como afirma o pesquisador, o estudo das Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs), de fato, sempre exerceu papel importante e marcante na área, o que justifica, desde
sua origem, o interesse pelas novas tecnologias na sociedade e, em particular, nos tempos
atuais, pela Internet. As redes eletrônicas têm levantado as mais diferentes questões dentro
da Ciência da Informação.
Barreto, por exemplo, resume bem a perplexidade dos pesquisadores ao reconhecer
que ainda temos mais perguntas que respostas, e que as transformações que ocorrem com a
passagem para a cultura eletrônica e a realidade virtual só irão se delinear ao longo do tempo
(BARRETO, 1999).
Nessa mesma direção, estudiosos da Ciência da Informação, cada qual em seu campo
de pesquisa e interesse, indagam sobre como a Internet influencia ou influenciará o futuro.
Issberner, por exemplo, faz a relação das redes com as aglomerações produtivas:
As aglomerações produtivas utilizam as redes eletrônicas? Para quê?
Que tipo de aplicação é mais utilizada? Qual é o potencial de
aplicações das redes eletrônicas de informação em territórios
produtivos? (ISSBERNER, 2006).
Marcondes, Mendonça e Malheiros questionam de que forma a rede pode mais que
simplesmente facilitar o acesso a textos científicos e como seria possível agenciar programas
(de computador12) para ajudar a processar este conhecimento (MARCONDES, MENDONÇA e
MALHEIROS, 2006).
Como descrever e recuperar em rede os recursos e serviços de Bioinformática,
especificamente no domínio de Genoma e Transcriptoma, visando apoiar as pesquisas nesta
área no Brasil? (CAMPOS, 2006) Como abrir janelas para o virtual na realidade local? (FREIRE,
2006).
Como classificar as áreas de conhecimento da Ciência em um cenário tão dinâmico?
(SOUZA, 2004) Como os universitários podem usar melhor as tecnologias da informação?
(DINIZ; OLINTO, 2006) Como recuperar os textos incluídos de forma não estruturada e apenas
12
Minha inclusão.
12
13. legível por pessoas e não pelas máquinas, dificultando a recuperação? (MARCONDES,
MENDONÇA e MALHEIRO, 2006).
Há quase uma década, Saracevic já previa a importância da influência das redes de
maneira geral na sociedade, assim como a relevância de pesquisá-las:
Uma ampla variedade de redes de informação, algumas empurrando
as fronteiras, outras em diferentes estágios de concretização, está
prometendo mudar radicalmente a qualidade e a quantidade da
comunicação e mesmo da informação comunicada (SARACEVIC,
1996).
Na mesma direção, Malheiro acreditava que a nova comunicação dos ambientes de
rede criava um corte transversal em toda a Ciência da Informação. E, assim, gerava a
necessidade de novas abordagens, tanto teórica quanto prática, com a devida relevância
(MALHEIRO, 2005).
Com essa concepção, a Ciência da Informação assume a tarefa de abordar os (velhos e
13
novos ) problemas nas pesquisas científicas, práticas profissionais, a partir dos métodos que
escolheu, ao longo do tempo, para solucioná-los (SARACEVIC, 1996).
Ou, dito de outra maneira:
(...) trabalhando a massa documental para torná-la acessível valendo-
se de suas teorias, metodologias e tecnologias de análise e
manipulação estrutural (...) seja ela convencional ou virtual, coloca-se
como problema e pode ser abordada como objeto de estudo de
várias ciências, incluindo a Ciência da Informação, voltada para
compreender sua natureza e uso social por métodos quantitativos e
qualitativos (MIRANDA e SIMEÃO, 2002).
O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCI14 não ficou opaco
frente a esse largo e profundo movimento de pesquisa. Ao longo de sua história, tem
trabalhado intensamente e contribuído substancialmente para o desenvolvimento da área da
Ciência da Informação no Brasil. Esse fato se reflete tanto nas linhas adotadas, nas pesquisas
em andamento, como nas teses que alunos de mestrado e doutorado têm desenvolvido. O
interesse pode ser dimensionado, por exemplo, através da produção científica produzida no
PPGCI. Das 11 (onze) teses de doutorado da UFRJ/UFF/IBICT15 concluídas até 2005, conforme
lista publicada no website do programa16, seis, ou 54%, abordam direta ou indiretamente o
tema das novas tecnologias e a influência que exercem nos mais diferentes tipos de sistemas
de informação tradicionais, a saber:
13
Minha inclusão.
14
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) - http://www.uff.br/ppgci/
15
http://www.ibict.br/
16
http://www.uff.br/ppgci/editais/tesesdou.pdf (não há dados mais recentes)
13
14. MARIZ, Anna Carla Almeida. Arquivos públicos brasileiros: a transferência da
informação na Internet17; MIRANDA, Marcos Luiz Cavalcanti de. Organização e representação
do conhecimento: fundamentos teórico-metodológicos para busca e recuperação da
informação em ambientes virtuais; DINIZ, Cládice Nobile. A fluência em tecnologia de
informação entre estudantes de Administração; OLIVEIRA, Eloisa da Conceição Príncipe de.
Grau de adesão à comunicação científica de base eletrônica: estudo de caso da área de
Genética; CARVALHO, Rosane Maria Rocha de. As transformações da relação museu e público:
a influência das tecnologias da informação para o desenvolvimento de um público virtual;
VALÉRIO, Palmira Maria Caminha Moriconi. Periódicos científicos eletrônicos e novas
perspectivas18 de comunicação e divulgação para a ciência.
Podemos afirmar, assim, que estudos sobre fenômenos tecnológicos informacionais
(no caso, a Internet) fazem parte da constituição inaugural e do desenvolvimento da área.
Nossa pesquisa se insere nesse largo escopo e esforço coletivo, focando sobre acontecimentos
contemporâneos e específicos ainda não totalmente abordados em profundidade: a passagem
de modelos de conhecimento baseados na atualização do acervo pelos gestores para um
outro, sui-generis, no qual o usuário passa a fazer, em muitos casos, praticamente todo este
trabalho.
Sob este ponto de vista, estudos sobre a Internet e suas mais diferentes características
já fazem parte da própria vida acadêmica da Ciência da Informação. Os ambientes
colaborativos de conhecimento, assim, se inserem nesse contexto. E ganham relevância pelo
seu crescimento evidente e adesão cada vez maior da sociedade. É bom ressalvar que já
existem caminhos abertos nessa direção. O estudo da colaboração, de maneira geral, aliado
principalmente ao fenômeno das comunidades virtuais, espécie de gênesis do tema,
principalmente através do e-mail, foi um tema que ganhou relevância. Podemos lembrar, por
exemplo, os trabalhos de (BARRETO 2005); (BRUCE, 2002); (INGWERSEN, 2001);
(KARAMUFTUOGLU, 1998); (SONNENWALD, 1999); (TALJA, 2002), (MARTELETO, 2004),
(PINHEIRO, 2003) e (GOMES, 2004).
O tema específico dos ambientes colaborativos em redes sociais começa também a ser
abordado no PPGCI através da tese: “A ciência da informação e o paradigma holográfico: a
utopia de Vannevar Bush” (SANTOS, 2005) e “Emergência e dinâmica informacional na
Blogosfera” (MORENO, 2009); esta última, dissertação de mestrado.
Por outro lado, levantamento realizado na máquina de busca para artigos acadêmicos
Google Scholar19, em agosto de 2009, recuperou da seguinte forma as palavras chave do nosso
tema, em português e em inglês:
“Sistema de Informação” (com aspas) - 36.000 artigos;
17
Meus grifos
19
www.scholar.google.com
14
15. “Sistema de informação colaborativo” (com aspas) - 4 artigos;
“Sistema de conhecimento” (com aspas) - 1.420 artigos;
“Sistemas colaborativos de conhecimento” (com aspas) - nenhum;
Já o termo em inglês produziu o seguinte resultado:
“Information System” (com aspas) - 1.100.000 artigos;
"Collaborative information system" (com aspas) - 267 artigos;
"Knowledge system" (no plural, com aspas) - 28.700 artigos;
“Collaborative knowledge system” (no plural, com aspas) - 16 artigos.
O levantamento comprova que, apesar de sua forte adesão pela sociedade, os
ambientes colaborativos de conhecimento ainda não receberam a atenção devida da
Academia, em função de sua atualidade, transformando-se, assim, em um tema emergente. A
pesquisa, portanto, se propõe, através de análise rigorosa, a ser mais uma a contribuir nos
debates públicos em torno da colaboração na Internet, levando a uma ênfase sobre
especulações ainda parcialmente informadas acerca dos usos e potencialidades destas
ambientes como impulsionadores de conhecimento.
Concordamos com Barreto quando este afirma que, por se tratar de estudo especial,
determinado pela prática, e que muitas vezes depende conceitualmente de tecnologias
intensas, com elevado teor de inovação, não é possível enunciar objetivos com permanência
definitiva para a área. (BARRETO, 2006). Nessa linha, podemos resgatar os conceitos de Borko,
quando este afirma que “Ciência da Informação é a disciplina que investiga as propriedades e o
comportamento da informação, as forças que governam seu fluxo, e os meios de processá-la
para otimizar sua acessibilidade e uso” (BORKO, 1968).
Nosso objetivo é ser mais um trabalho a colaborar, com esse mesmo espírito, para a
compreensão destes novos fenômenos.
15
16. HIPÓTESE
Nossa hipótese passa por uma proposição central e quatro complementares entre si.
Principal:
É possível apresentar um panorama de ambientes colaborativos de
conhecimento na Internet, ou mesmo fora dela, de tal forma que indiquem
mudanças sistêmicas, que visam trazer equilíbrio em determinadas situações
de explosão informacional, caracterizando uma nova ambiência de geração e
uso de informação através de uma nova forma de inclusão e controle do
acervo.
Complementares:
Comprovar que a inclusão de registros feita diretamente pelos usuários nos
sistemas colaborativos cria um novo modelo de ambiente de conhecimento
com regras próprias;
De que este novo modelo tem como característica principal a passagem do
controle dos registros pelo gestor para o controle da conduta de inclusão de
dados pelos usuários, que passam a alimentar praticamente sozinhos o acervo,
através de determinadas regras pré-estabelecidas;
Que este novo formato é fruto da ruptura que visa, basicamente, solucionar
determinada crise sistêmica para manter o equilíbrio entre a oferta e a
demanda de informação; fundamentalmente a procura de mais velocidade de
atualização, devido a aceleração e o aumento do volume informacional em
torno destes ambientes;
E, por fim, presumimos que essa é a expressão de um movimento cíclico, que
se repetiu e se repetirá em ambientes de conhecimento ao longo da história,
sempre que estivermos diante de situações, crises e rupturas similares.
OBJETIVOS COM A PRESENTE PESQUISA
GERAL
1. Propor nova visão sobre o fenômeno dos ambientes colaborativos do
conhecimento, enquadrando-os como um fenômeno natural na evolução
cíclica da sociedade, em função da crescente demanda informacional.
ESPECÍFICOS
2. Servir de balizamento teórico para a atuação de profissionais e pesquisadores
nestes ambientes colaborativos de conhecimento;
16
17. 3. Caracterizar em detalhes os novos modelos de conhecimento colaborativos;
4. Destacar as suas diferenças e seus reais impactos práticos e teóricos no
presente e futuro.
17
18. MARCO TEÓRICO
“Exemplos históricos mostram, o que hoje
chamamos de mágico, ou sobrenatural pode, um dia, vir a
ser explicado cientificamente” Marcelo Gleiser. 20
Do ponto de vista geral, utilizaremos os estudos das rupturas sistêmicas e os
aplicaremos aos novos ambientes colaborativos contemporâneos presentes na sociedade.
Sendo assim, recorreremos à Comunicação Social para discutir a história das mídias e suas
rupturas. Da Antropologia do Conhecimento recuperaremos as histórias de seus sistemas e os
estudos de suas mudanças. Da Ciência da Informação recuperaremos a análise dos ambientes
informacionais através dos estudos sistêmicos, das entropias e rupturas desenvolvidos
principalmente por (ARAÚJO, 1995) e (BARRETO, 2007).
Barreto, em particular, nos fará resgatar os conceitos de rupturas sistêmicas de
(GALILEU, 1630) e (THOMPSON, 1961), a partir do crescimento da quantidade de dados e das
entropias informacionais criadas. Utilizaremos, ainda, (LÉVY, 1993 e 1999) e (DAVENPORT,
1998) para detalhar o conceito de ecologias informacionais e tempos de conhecimento.
Por fim, esse levantamento nos levará a abordar a história das mídias, de maneira
geral, e do conhecimento, em particular, principalmente desde a chegada do livro impresso à
sociedade, por volta de 1450, com os tipos móveis de Gutenberg, até a chegada dos novos
ambientes colaborativos do conhecimento. Sobre esses assuntos já existe vasta literatura:
(MASUDA, 1980), (HEWITT, 2007), (CHARTIER, 2007), (BURKE, 2003), (MAN, 2002), (BURKE E
BRIGGS, 2006), (MURRAY, 2001), (TOFFLER, 2008) e (CASTELLS, 2004).
No aspecto dos ambientes colaborativos trabalharemos com Barreto em diversos
momentos, bem como (SANTOS, 2005) e (MORENO, 2009). Recorreremos também a (PRIMO,
RECUERO, 2004) para detalhar o fenômeno da colaboração, entre outros. Para o estudo dos
sistemas de conhecimento colaborativos nos concentraremos em sistemas de conhecimento,
em suas rupturas e em sistemas de conhecimento colaborativos, como iremos detalhar a
seguir.
20
http://marcelogleiser.blogspot.com/2009/07/consciencia-cosmica.html
18
19. Os Sistemas de Conhecimento
Há três decisões teóricas importantes para o cumprimento dos objetivos aqui
propostos. A primeira é a adoção da visão sistêmica para analisar o problema abordado. A
segunda é a escolha por analisar o problema, a partir da visão dos sistemas de conhecimento,
e não os de informação. E, por fim, por uma visão histórica para caracterizar o atual fenômeno
dos ambientes colaborativos de conhecimento através de rupturas sistêmicas, e não como
evoluções ou anomalias.
Decisão teórica 1: visão sistêmica
No primeiro aspecto, justifica-se tal escolha da visão sistêmica por considerarmos que,
apesar de concordarmos que não podemos analisar a Internet sem o aprofundamento do
conceito de rede, esta não deixa de ser rede por estar em um sistema, nem o sistema deixa de
ser sistema por estar em rede. Há uma boa base teórica do estudo sistêmico, dentro e fora da
Ciência da Informação e, principalmente, de suas rupturas que não deve ser abandonada ao se
estudar a Internet.
Por outro lado, é ilusório achar que a rede não pertence a um grande sistema e que
nele não há aqueles que são responsáveis por sua administração, através de chaves, logins e
senhas, assim como aqueles que se utilizam destes ambientes. Nos parece bem adequada ao
tema proposto a sugestão de Araújo: “O mundo pode ser visto como um conjunto de sistemas
e subsistemas em implicações de conter/estar contido, tendo sistemas mais gerais e
específicos, os sub-sistemas”. (ARAÚJO, 2005).
O fato de uma organização mais horizontal da rede estar se configurando não
modificará este ponto de vista, flexibilizando e adaptando a visão de sistema, até como sugere
Luhmann: ”não há propriamente uma teoria geral de sistemas, mas diversos modelos que
vieram sendo implantados e adaptados, cada um a uma área de conhecimento em particular”
(LUHMANN, 2009).
A abordagem sistêmica está mais na sua rápida, inquestionável e ampla adoção por
inúmeros segmentos do que em uma real solução aos problemas que aqueles mesmos
segmentos apresentam (ARAÚJO, 2005). A autora lembra que mesmo a visão dos Sistemas de
Informação, de maneira genérica, pode ser mais ou menos ampla, conforme a abordagem de
diferentes autores.
Alguns contextualizam sistemas de informação mais amplamente
para incluir sistemas de comunicação de massa, redes de
comunicação de dados e mensagens etc., independentemente da
forma, natureza ou conteúdo desses dados e mensagens (ARAÚJO,
2005).
Decisão teórica 2: Sistemas de conhecimento
Ao escolher trabalhar com sistemas, depara-se com uma segunda questão. Que
ferramental teórico deve ser o mais adequado para lidar com os fenômenos aqui abordados?
19
20. Qual nos facilitará a melhor abordagem sobre o ambiente da Internet? O da informação ou o
do conhecimento?
Essa dúvida, não apenas deste autor, faz parte de um longo debate em curso no
pensar e agir da Ciência da Informação. Barreto, principalmente, defende que as atuais
mudanças oriundas da Internet tornam necessário um novo tipo de ferramental,
impulsionados por dois motivos básicos:
Há um modelo teórico em mudança no qual a relação entre a informação e o
conhecimento é privilegiada;
E que tecnologias intensas em inovação modificam, também, as condições de
produção, distribuição e uso da informação, com novos reposicionamentos
que afetam, como resultado, todos os atores do setor de informação, assim
como os seus relacionamentos (BARRETO, 1997).
O autor defende a necessidade de ampliar a visão do campo de ação da Ciência da
Informação, mudando o foco central dos Sistemas de Recuperação de Informação (Information
Retrieval System), pois os sistemas de recuperação da informação, de certa forma,
“obedecem a um rígido formalismo técnico e reducionista, que serviu aos propósitos de
gerenciamento e controle da informação em determinada situação” (BARRETO, 1997).
O objetivo da informação e de suas unidades gestoras é promover o
desenvolvimento do indivíduo de seu grupo e da sociedade através
dos sistemas de produção do conhecimento”21 (BARRETO, 2007).
O conhecimento, portanto, pode ser visto como toda alteração provocada no estado
cognitivo do indivíduo, isto é, no seu acervo mental de saber acumulado, proveniente de uma
interação positiva com uma estrutura de informação. É também desenvolvimento, de uma
forma ampla e geral, como um acréscimo de bem estar; um novo estágio de qualidade de
convivência que seria alcançado através da informação (BARRETO, 1997).
Ele defende ainda que novas metas passam a ser perseguidas pelos profissionais e
cientistas da informação: a passagem de recuperadores para mediadores do conhecimento,
através de pesquisas e atividades que visem levar a informação à “geração de conhecimento
no indivíduo e no seu espaço de convivência” (BARRETO, 1998).
O papel da Ciência da Informação, nessa direção, passa a ser o de permitir e facilitar
que o ciclo do conhecimento se complete e se renove infinitamente, através do seguinte
modelo:
Informação -> conhecimento -> desenvolvimento -> informação
Nos ajuda aqui introduzir uma visão geral do modelo do fluxo tradicional da
informação dentro de um sistema de conhecimento: (BARRETO, 1998).
21
Grifo nosso.
20
21. No Sistema de Conhecimento, portanto, proposto por Barreto identificamos as
seguintes partes do conjunto:
Geração da informação (fatos e idéias) -> Processamento da Informação ->
Armazenamento e Recuperação -> Difusão -> Assimilação -> Geração da informação, através
da retroalimentação. Fischer defende um fluxo similar ao dizer que os “especialistas em
comunicação reconhecem cinco fases de intercâmbio de informações: produção, transmissão,
recepção, armazenagem e repetição” (FISCHER, 2005).
Dentro dessa linha de raciocínio, a visão ganha adeptos entre os diversos autores da
área no exterior, como Gernot Wersig e Ulrich Neveling. E, ainda, entre os cientistas da
Informação no Brasil. Freire, por exemplo, defendeu a mesma posição, em artigo de 2004,
apontando como referência conceitual Barreto, Wersig, Neveling, Belkin e Robertson:
É assim que, vivendo em uma sociedade que estende a teia de sua
rede aos quatro cantos do mundo, os cientistas da informação devem
acrescentar à reconhecida função de "mediadores" a de
"facilitadores" da comunicação do conhecimento. Pois embora a
informação sempre tenha sido uma poderosa força de
21
22. transformação, o capital, a tecnologia, a multiplicação dos meios de
comunicação de massa e sua influência na socialização dos indivíduos
deram uma nova dimensão a esse potencial (FREIRE, 2004).
E prossegue: “com isso, crescem as possibilidades de serem criados instrumentos para
transferência efetiva da informação e do conhecimento, de modo a apoiar as atividades que
fazem parte do próprio núcleo de transformação da sociedade” (FREIRE, 2004).
Nessa direção, nos alinhamos com esta visão e optamos pela adoção do ferramental
teórico dos sistemas de conhecimento. Ou melhor: da passagem do profissional e cientista da
informação para “mediadores do processo de geração de conhecimento” e não mais como
“recuperadores de informação” (BARRETO, 2007), o que facilitará o trabalho de lidar com a
colaboração participativa, aqui tratada, o que nos leva a terceira opção teórica da presente
tese: analisar historicamente os sistemas de conhecimento para compreender principalmente
o seu movimento cíclico e de constantes rupturas.
22
23. Decisão teórica 3: história das Rupturas sistêmicas
A ideia de que a sociedade evolui através de rupturas ganhou corpo nas Ciências a
partir, principalmente, do trabalho de (KUHN, 2000). Esta dicotomia (ruptura e normalidade)
presente na oscilação da ciência leva-nos a uma interminável lista de teorias científicas
permeadas por descontinuidades "como resultado de diferentes maneiras de conhecer e
construir os objetos científicos, de elaborar os métodos e inventar tecnologias..." (CARVALHO
E KANISKI, 2000).
Aqui não nos importa a expressão (revolução científica ou ruptura
epistemológica), mas o reconhecimento de que algo mudou e que
continuará mudando sempre que o instituído não der conta de
esclarecer os questionamentos colocados pelo ser humano
(CARVALHO E KANISKI, 2000).
Podemos citar ainda, nessa linha de raciocínio, os conceitos de mudanças de
Schumpeter, do caráter "radical" versus "incremental" das inovações tecnológicas
(SCHUMPETER, 1934):
As inovações radicais representam uma ruptura com o padrão
tecnológico até então vigente, originando novos produtos, processos,
setores e mercados (ou seja, representam produtos, processos,
setores e formas de organização inteiramente novas). As inovações
incrementais, por sua vez, referem-se à introdução de melhorias e
aperfeiçoamentos em produtos, processos ou na organização da
produção. O design, a combinação e adaptação de tecnologias já
existentes, no sentido de se otimizar os processos de produção e a
redução de materiais e componentes na produção de um bem,
podem ser considerados inovações incrementais (ROCHA E DUFLOTH,
2009).
Também na área do conhecimento e da informação é possível identificar, ao longo da
história, momentos de ruptura e normalidade, de mudanças radicais ou incrementais, e
mesmo de cortes epistemológicos na evolução dos sistemas de conhecimento. Briggs e Burke,
por exemplo, ao analisarem a história da mídia, afirmam que a mídia dever ser vista como um
sistema, e que estes estão em contínua mudança, existindo neles “elementos diversos
desempenham papéis de maior ou menor grau” (BRIGGS; BURKE, 2006).
De fato, a teoria geral dos sistemas prevê momentos de rupturas e equilíbrio, o que é
desejável entre todas as partes: “equilíbrio significa ‘estabilidade dinâmica’, preservação de
caráter dos sistemas, quando este atravessa períodos de crescimento e expansão” (ARAÚJO,
2005). Para a autora, quanto maior o sistema:
(...) maior a entropia em seu interior, mais entropia é gerada no
esforço de gestão desse sistema – de tal forma que gigantismo, crescimento
exagerado, megassistemas implicam logicamente aceleração do processo
23
24. entrópico e conseqüente desorganização, caos, desequilíbrio acentuado
(ARAÚJO, 2005)
Capra nos lembra que a civilização continua a crescer quando sua resposta bem-
sucedida ao desafio inicial gera um ímpeto, cultura que leva a sociedade para além de um
estado de equilíbrio, que então se rompe e se apresenta como um novo desafio (CAPRA,
1982):
Desse modo, padrão inicial de desafio-resposta é repetido com
sucessivas fases de crescimento, pois cada resposta bem sucedida
produz um desequilíbrio que requer novos ajustes criativos (CAPRA,
1982).
Ao refletir sobre esse problema dos desequilíbrios e mudanças nos sistemas, Barreto
re-introduz as idéias de similitude de Galileu22. Segundo o autor, há mais de 350 anos, Galileu
(1564-1642) formulou seu princípio da similitude afirmando que nenhum organismo biológico
ou instituição humana que sofra uma mudança de tamanho, e uma consequente mudança na
escala de proporções, passa por isso sem modificar sua forma ou conformação. (BARRETO,
2007):
A analogia destes conceitos ao crescimento dos estoques de
memória leva a crer que estas estruturas de armazenagem tendem a
crescer em volume periódico23 e cumulativamente e terão em um
determinado momento24 que enfrentar um problema de forma e
conteúdo. A menos que existam estratégias de adaptação, os
estoques tenderão a quebrar por seu próprio peso; transformar-se
em agregados inúteis de informação por terem um exagerado
excedente de informação não relevante. (BARRETO, 2007)
Barreto recorre ainda a outro pesquisador externo à Ciência da Informação, o biólogo
e matemático D'Arcy Wentworth Thompson (1860-1948), para procurar explicações sobre o
fenômeno da entropia, crises e mudanças nestes ambientes:
O conhecimento, potencialmente armazenado em estoques de
informação, acumula-se exponencialmente em estruturas que lhe
servem de repositório. Mesmo colocando-se filtro de entrada para
limitar qualitativamente o crescimento destes estoques, a coisa toda
tenderá a ruir em pedaços, devido ao seu próprio peso, a menos que
se modifique as proporções relativas da estrutura em relação ao seu
conteúdo físico (THOMPSON, 1961).
22
http://pt.wikipedia.org/wiki/Galileu_Galilei
24
25. Portanto, quando o limite de crescimento do sistema de informação e seus
subsistemas é atingido presencia-se a transição desse crescimento para a saturação (que
parece estar levando os processos do sistema a uma estagnação, não concretização):
(...) a uma seleção que não seleciona; indexação que isola e mutila;
organização de arquivos que têm problemas quanto a sua própria
integridade física, problemas que se ampliam e repercutem no
armazenamento; imprecisão e indeterminismo de análise e
negociação de questões e perplexidades na disseminação/acesso ao
documento. Nesse contexto, nada resta a acrescentar quanto ao
sistema de avaliação: os estudos espelham, de maneira geral o
gigantismo dos sistemas e insatisfação e a frustração do usuário com
a resposta que lhe é fornecida pelo sistema (ARAÚJO, 1995).
Podemos ainda dizer que há um ponto crucial além do qual o crescimento da massa
crítica leva a uma explosão, a um gigantismo, que acarreta uma saturação, o alcance de um
“ponto limite” do qual não há mais capacidade de absorção/assimilação (ARAÚJO, 2005). Ou
ainda, uma determinada periodicidade, ritmo que faz com que em seu processo de movimento
e desenvolvimento atravesse certas etapas ou fases cronologicamente sucessivas (AFANASIEV,
1977).
O sistema é um processo em função do que sua estrutura vem a ser
a sua organização no tempo. É um contínuo tornar-se (ARAÚJO,
2005).
Castells recupera trabalhos de Stephen J. Gould que abordam o aspecto tecnológico
como um dos elementos para se compreender o ciclo de contínua mudança dos sistemas, na
medida em que os sistemas tecnológicos evoluem incrementalmente, mas sofrendo, de
tempos em tempos, uma descontinuidade (CASTELLS, 2004).
Estas descontinuidades são marcadas por revoluções tecnológicas que introduzem um
novo paradigma tecnológico (GOULD, 1980), citado por Castells (2004). Nesse contexto, é
possível afirmar que sistemas estão em movimento periódico e regular, de crises e rupturas, e
criam etapas demarcadas por contínuas explosões e quebras, a partir de dada entropia, que
são solucionadas, como sugere Gould, por novas tecnologias, como indica a figura abaixo:
25
26. Fonte: gráfico do próprio autor.
A título de detalhamento, podemos avaliar que nos ambientes colaborativos de
conhecimento há uma alteração no elemento “A”, Geração de Informação, no qual apenas o
gestor e sua equipe incluíam dados no acervo. Sob este ponto de vista, temos a nova
participação dos usuários, que passam a incluir dados, o que não significa que os usuários
passam a fazer parte do sistema, pois os seus poderes são limitados pelas regras estabelecidas
pelos gestores, regras estas que devem cumprir caso queiram permanecer com o “direito” de
colaborar, como vemos na figura abaixo:
26
27. Portanto, os sistemas, mesmo os mais específicos, como os de recuperação da informação, ou
os mais amplos, como os de conhecimento e mesmos os colaborativos de conhecimento,
evoluem não de forma contínua, mas por sucessivas entropias ou quebras. Uns podem estar
contidos em outros, e as várias partes do mesmo exercem papéis distinto no todo. Por fim,
mudam de forma regularmente, geralmente a partir da introdução de uma nova tecnologia em
uma das partes do sistema.
Há quem questione a procura de equilíbrio dos sistemas, garantindo, inclusive, que
apenas na eterna instabilidade, ou em um eterno ambiente de desequilíbrio, os sistemas
poderiam ter sua estabilidade garantida. (LUHMANN, 2009) Por esse raciocínio, podemos
considerar que as rupturas são a norma, e os momentos de possível estabilidade a anomalia.
Se adotarmos o conceito de Schumpeter, podemos dizer que os sistemas de
conhecimento viveriam em eternos ciclos de inovações, algumas incrementais e outras
radicais. Tomando emprestado de Araújo, em “um contínuo tornar-se” (ARAÚJO, 2005).
Visão resultante das escolhas das visões das três teóricas: Sistemas Colaborativos de
Conhecimento
Diante das rupturas cíclicas nos ambientes de conhecimento ao longo da história,
podemos afirmar que os sistemas colaborativos de conhecimento aparecem dentro do marco
de mudança geral no ambiente maior de troca de conhecimento na sociedade. Esta alteração é
introduzida por novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), lideradas
principalmente pela Internet, trazendo consequências para vários subsistemas contidos no
sistema maior, como define Araújo (ARAUJO, 2005).
27
28. Este sistema maior e seus respectivos subsistemas, que, de maneira geral, criam um
modelo específico de funcionamento, vêm resolver um determinado “problema”, “crise” ou
“entropia” através de ajustes criativos que permitam ao sistema a manutenção de seu ciclo de
utilidade para os usuários.
Nesse contexto, podemos lembrar que Barreto já apontava o cenário desse novo
ambiente interativo, por exemplo, ao constatar uma mudança de ciclo dentro da história da
Ciência da Informação, dividindo a mesma em três tempos:
- da gerência de informação (1945 a 1980);
- da relação informação e conhecimento (1980 a 1995);
- e a fase atual como a do conhecimento interativo (1995 - até os dias atuais)25
(BARRETO 2002).
Há, assim, dois eixos centrais nesse processo da chegada das redes nos sistemas de
informação: a interatividade e a interconectividade (BARRETO, 1997). Os usuários dos sistemas
passam a contribuir efetivamente através da disponibilização de serviços virtuais, filtragem
colaborativa e compartilhamento de conteúdos (CATARINO E BATISTA, 2007).
Tal fato é explicado pelo surgimento de uma nova ecologia cognitiva na sociedade
(LÉVY, 1999), motivada pelo surgimento de inovadoras Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) que reduzem o seu custo (ANDERSON, 2009) e permitem uma nova forma
de interação a distância.
Para compreender a amplitude dessa mudança de paradigmas informacionais, mais e
mais autores têm optado por compreender essa ruptura a partir de toda a história da
informação, da comunicação e do conhecimento. Concentram-se basicamente no estudo da
chegada do livro impresso, por volta de 1450, com a introdução da prensa de tipos móveis na
sociedade.
É a tentativa da Ciência em procurar no passado as causas e consequências para atuais
mudanças no presente e no futuro. Entre os que seguem esse caminho, estão Pierre Lévy,
Manuel Castells e ainda (BURKE, 2003), (CHARTIER, 1997), (HEWITT, 2007), (MAN, 2002),
(MASUDA, 1980) e (MURRAY, 2001), e (TOFFLER, 2008).
Os trabalhos destes autores se alinham com as idéias de Toffler ao defenderem que
“só a história nos permite identificar como as mudanças tecnológicas, econômicas e sociais e
culturais estão entrelaçadas e se influenciam mutuamente” (TOFFLER, 2008).
Coloca-se, assim, a necessidade de adotar a pesquisa histórica para entender os atuais
fenômenos informacionais na Internet, procurando abordar etapas passadas de alterações
25
É interessante observar que a historiografia de Barreto para a Ciência da Informação
marca a passagem do computador de grande porte para o microcomputador e deste para a
Internet.
28
29. nesses ambientes:
Podemos, ainda, exemplificar as modificações estruturais na
publicidade do conhecimento e suas conseqüências através dos
estágios por que passou a constituição da comunicação na esfera
pública: a comunicação oral das culturas tribais, a comunicação
escrita da cultura tipográfica e a comunicação cibernética das
culturas eletrônicas (BARRETO, 1998).
Nesta exposição cronológica são abordados os avanços na comunicação da informação
a partir da revolução da escrita, quando o homem passa da comunicação oral e interativa
direta das culturas tribais para a comunicação escrita, baseada em textos lineares e no uso de
alfabetos (DIAS, 1999).
Por exemplo, utiliza-se do estudo do códex do Século IV (MONTEIRO, 2000),
culminando na análise de Santos, também no âmbito da Ciência da Informação, sobre a Ordem
do Livro e a Ordem da Internet (SANTOS, 2005).
Inauguramos no mundo digital a escrita acêntrica (leia-se em função, entre outros
recursos, dos hiperlinks26), criando nova conformação no relacionamento com o receptor e
com o conhecimento. "O texto entrelaçado com outras estruturas traz uma vinculação e um
emaranhado de cadeias imprevisíveis sem uma qualificação hierárquica" (BARRETO, 2007).
Giramos, assim, em torno de dois eixos centrais: a interatividade e a
interconectividade (BARRETO, 1998), a saber:
Interconectividade: possibilidade do usuário de informação em deslocar-se, no
momento de sua vontade, de um espaço de informação para outro; de um acervo de
informação para um outro. O usuário passa a ser seu próprio mediador na escolha de
informação, o determinador de suas necessidades; a ser o julgador de relevância do
documento e do acervo que o contêm em tempo real, como se estivesse colocado
virtualmente dentro do sistema de armazenamento e recuperação da informação. A
interconectividade reposiciona a relação usuário - espaço - informação.
Interatividade: possibilidade de acesso em tempo real pelo usuário a diferentes
acervos de informação; múltiplas formas de interação entre o usuário e as estruturas de
informação contidas nestes acervos. A interatividade modifica a relação usuário - tempo –
informação, reposiciona os acervos de informação, o acesso à informação e a sua distribuição,
e o próprio documento de informação ao liberar o receptor dos diversos intermediários que
executavam estas funções em linha e em tempo linear passando para o acesso on-line e com
linguagens interativas (BARRETO, 1998).
É válido propor, então, que mudanças provocadas pelas tecnologias intensas de
informação trarão alterações na mediação da relação receptor - informação e da relação
26
Minha inclusão.
29
30. informação - conhecimento. Estas transformações estabeleceram um novo relacionamento em
meio ao gerador e o receptor, e são mudanças que, em sua essência, ficarão para sempre
(BARRETO, 2007).
A partir desse novo cenário, passa a ser necessário estabelecer nova conceituação das
estruturas de informação, dividindo-as entre fechadas e abertas, o que já nos aproxima mais
do nosso objeto. As estruturas de informação fechadas passam a ser os artefatos que estão
explicitamente formatados e finalizados em seu conteúdo, por razões das características de
seu formato ou por uma necessidade de integridade de sua estrutura (BARRETO, 2007):
Sua substância não pode e nem deve ser alterada após sua
finalização. O objeto de informação apresenta um acabamento que
condiz com a qualidade e com as características da informação ali
contida. É um formato próprio dos documentos lineares em que se
supõe uma temporalidade continua que vai contemplando o sentido
como em um folhetim único e com uma escrita que não é
interrompida (BARRETO, 2007).
Estruturas de informação fechadas podem ser vistas nos livros, artigos de periódicos
impressos, imagens acabadas e impressas, documentos históricos, legais ou contratuais,
patentes concedidas etc. "Não é a forma que determina a completeza, mas uma
impossibilidade de nova modificação no conteúdo por interação com o gerador ou o receptor"
(BARRETO, 2007).
Já as informações de estrutura abertas são objetos que estão em desenvolvimento ou
que, apesar de pré-acabados, podem ter seu conteúdo modificado:
Estruturas de informação abertas são objetos que estão, ou em se
fazendo ou que, apesar de pré-acabados podem ter seu conteúdo
modificado continuamente devido a um sucessivo diálogo do gerador
consigo mesmo ou pela ingerência permitida e espontânea de um
coletivo de participantes, na qual a informação aberta em fluxo não
acontece uma só transmissão de informação, existe um contínuo
colóquio interativo de enunciados entre geradores e receptores
(BARRETO, 2007).
Ao se apresentar um novo mapa, a escrita digital, composta de textos paralelos,
subverte a estabilidade da posição do autor e sua autoridade em relação ao texto. A escrita
múltipla e a sua apropriação colocam uma nova condição para o pensar, tanto para o autor
como para o receptor (BARRETO, 2007).
Há, assim, a introdução de novas possibilidades de práticas, com enunciados e
identidades, e se remove características de gênero da autoria. Desestabilizam-se também
hierarquias semânticas existentes na escrita tradicional e re-hierarquiza-se a comunicação com
base em critérios que eram anteriormente tratados como irrelevantes. Mas, sobretudo, se
30
31. dispersa o conteúdo, deslocando-o no tempo e no espaço e eliminando as barreiras entre o
autor e o leitor.
As escrituras digitalizadas, entrelaçadas e distribuídas em rede,
certamente, reposicionarão as condições de apropriação da
informação. Estudos e pessoas começam a aparecer para pesquisar o
assunto (BARRETO, 2007).
Os sistemas colaborativos de conhecimento fazem parte deste novo ambiente
cognitivo geral, destacado por Lévy, da interação muitos para muitos a distância em
contraposição ao anterior, baseado em modelos um para muitos, no qual se estabelece uma
nova conformação no relacionamento do receptor com o conhecimento (BARRETO, 2007).
Qualquer sistema, sob esse ponto de vista, pode ser dividido em dois ambientes
distintos: o que está dentro e sob controle e o que está fora com pouco controle. “Quando
dizemos que alguma coisa está situada “fora” do sistema, queremos significar que o sistema
pode fazer relativamente pouco a respeito das características ou comportamento de tal coisa”
(CHURCHMAN, 1968).
Diferente do quadro inicial de Barreto para sistemas de conhecimento, no qual os
usuários estariam de fora na inclusão do acervo, nesses sistemas os usuários passam a estar
incluídos, mas não têm o controle do ambiente, que continua com o antigo gestor, e se
adequam à ideia do ambiente aberto.
A diferença básica é a “autorização”, a “liberação” para que os usuários incluam
registros no acervo, caracterizando um novo modelo de troca informacional. Para
compreender melhor estes ambientes, é preciso vê-los no contexto histórico.
É franqueado aos usuários o poder da atualização, mas, no final, quem define as regras
ainda é o gestor, que está no controle do ambiente, o que mantém a ideia sistêmica (de
alguém por dentro controlando e outro fora, sem controle de como as regras serão
estabelecidas). Mesmo nestes novos ambientes, este fato se dá, mas de maneira diferenciada,
pois o controle deixa de ser nos registros, passando à conduta, sob o risco de punição em caso
de não cumprimento.
Estes novos ambientes permitem que os objetos pré-acabados possam ter o seu
conteúdo modificado e uma ingerência permitida e espontânea de um grupo de participantes,
dispersando o conteúdo e deslocando-o no tempo e no espaço e eliminando barreiras entre o
autor e o leitor (BARRETO, 2007). Estes ambientes passam a configurar uma oportunidade
única de tornar o oral em escrita informal e desta para codificada e, portanto, passível de
recuperação (GOMES, 2006). Ou ainda, convocam os novos sujeitos a uma ativa cooperação
(COCCO, 2003).
Consideramos, assim, que estamos diante de um novo tipo de paradigma
informacional, criando novos modelos de sistemas de conhecimento, retirando o gestor do seu
antigo papel. Vários autores identificam essa passagem (BARRETO, 2007), (LÉVY, 1994),
(CASTELLS, 1999) não como um momento comum na história da informação, da comunicação
31
32. e do conhecimento, mas como de ruptura, o início de uma nova era. Ou, como profetiza
Anderson, "não estamos numa época de mudanças, mas em uma mudança de época”
(ANDERSON, 2009).
Por fim, podemos definir, a partir desse ponto de vista, os sistemas colaborativos de
conhecimento da seguinte forma:
Sistemas colaborativos de conhecimento serão considerados ambientes informacionais
abertos nos quais os usuários ganham o direito de atualizar diretamente, em parte ou
completamente, o acervo de dados através de normas e condutas definidas pelos gestores
responsáveis. Tais sistemas podem ser classificados como nativos (nascidos dentro do novo
modelo) ou não-nativos (que migraram de um anterior para este), estando, ou não, dentro da
Internet.
MARCO EMPÍRICO
Para efeito da pesquisa, foram escolhidos para análise cinco sistemas colaborativos de
conhecimento que fizeram a migração de ambientes tradicionais de conhecimento para os
colaborativos. Serão analisados dois nativos e dois não nativos na Internet e um fora da rede.
Tal escolha tem por intuito fortalecer o objetivo proposto, que é o balizamento de
profissionais e pesquisadores que lidarão com tais ambientes, caracterizar os diferentes
modelos e viabilizar a criação de quadro comparativo, a saber:
- apresentar a diversidade de alternativas presentes na rede hoje;
- diferentes perfis de ambientes, já que alguns foram criados diretamente na rede e
outros migraram de ambientes fora da rede para ela;
- de que os ambientes colaborativos não se resumem apenas a ambientes da Internet,
podendo funcionar também, em outro ambiente, tal como, através de celulares.
São eles:
Os não-nativos:
A Plataforma Lattes, do CNPq27, contém cerca de 1.100.000 currículos, sendo que
31% destes de doutores, mestres e estudantes de pós-graduação e 59% de graduados e
estudantes de graduação, através das 4.000 instituições de pesquisa cadastradas28. Criada em
1999, transfere a atualização dos próprios currículos aos pesquisadores de Ciência &
Tecnologia, que passam a ficar responsáveis por seus dados.
Nosso estudo fará a comparação entre este novo Sistema de Informação Colaborativo
com o sistema anterior do CNPq, de cadastro de currículo, definindo a ampliação de currículos
27
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
28
http://lattes.cnpq.br/conteudo/estatisticas.htm
32
33. disponíveis, a nova forma de gestão, suas características para garantir a confiabilidade e
relevância, além das soluções e problemas advindos com a mudança da gestão. Será feita
ainda a comparação entre este e outro sistema não-nativo. E destes com os demais modelos.
Globo On-line é um projeto on-line da empresa Infoglobo, também responsável pela
publicação dos jornais: O Globo, Extra, Diário de São Paulo e Express. O site foi criado em 1996
e tem uma editoria dedicada exclusivamente à publicação de material enviado por vários
colaboradores entre os seus 2,5 milhões de usuários cadastrados, que são parcialmente
responsáveis pelos 350 mil visitantes29 que acessam aquelas páginas todos os dias. Esse
ambiente permite ainda, desde 2005, a inclusão direta de comentários dos usuários em suas
notícias publicadas na Internet . Através de envio de textos, fotos e vídeos, faz a publicação de
material de seus colaboradores, em um projeto denominado “Eu Repórter”.
Nosso estudo fará a comparação entre este novo Sistema de Informação Colaborativo
com o sistema anterior de publicação sem a participação dos leitores, definindo a amplitude
da cobertura dos fatos da cidade, antes e depois da colaboração, as características para
garantir a confiabilidade e relevância, além das soluções e problemas advindos com a mudança
da gestão. Neste caso específico, trataremos os comentários no noticiário como um tipo de
colaboração (sem mediação). Será feita ainda a comparação entre este e outro sistema não-
nativo. E destes, com os demais modelos.
Os nativos:
O Wikipedia é uma iniciativa de uma Organização não-governamental, Wikipedia.org,
iniciada em 2001, que se propõem a construir uma enciclopédia on-line colaborativa, aberta e
gratuita, na qual todos os 13 milhões de artigos são produzidos por cerca de 75 mil
colaboradores, em 260 idiomas, sendo que deste total cerca de 430 mil são em português. O
objetivo foi o de criar uma enciclopédia on-line e gratuita, com especialistas para a elaboração
dos verbetes.
O Wikipedia difere dos outros dois exemplos por se tratar de um projeto nativo da
Internet, que se iniciou dentro da rede e não migrou de fora para dentro. Será, portanto, feita
a comparação entre o sistema atual colaborativo e, de forma genérica, baseada em literatura,
os sistemas de produção de outras enciclopédias impressas em papel. Será feita a comparação
entre este e outro sistema nativo. E destes com os demais modelos.
O Overmundo30 é um site colaborativo do Instituto Sociocultural Overmundo voltado
para a cultura brasileira e a cultura produzida por brasileiros em todo o mundo, contando com
o apoio da Petrobras. Iniciado em 2005, se propõe a promover “práticas, manifestações e a
29
http://www.infoglobo.com.br/empresa.asp
30
www.overmundo.com.br
33
34. produção cultural que não têm a devida expressão nos meios de comunicação tradicionais31” e
conta com 13 mil cadastrados 32.
No Overmundo “a própria comunidade seleciona os destaques que ocupam a primeira
página do site, por meio de um mecanismo de votação colaborativo. Por isso, cada
colaboração tem um botão de voto. Conforme ela recebe mais votos, tem mais destaque; mas
perde destaque há quanto mais tempo estiver publicada”. Será feita a comparação entre este
e outro sistema nativo. E destes com os demais modelos.
O fora da Internet:
A Rádio Eldorado é uma comunidade de motoristas que colaboram com notícias sobre
o trânsito, via celular, na capital paulista. Denominou-se chamar o colaborador de ouvinte-
repórter. Iniciado há 15 anos, a Rádio se diz pioneira nesse tipo de prática no Brasil. Será feita
a comparação entre este e outro sistema nativo. E destes com os demais modelos.
A escolha dos cinco ambientes colaborativos apresenta riqueza de modelos distintos
de gestão, cada um administrando a colaboração de uma determinada forma e dando aos
usuários mais ou menos poder não só para publicar, mas também para alterar registros de
outros, ou ainda vetar, de alguma maneira, o que considerar inadequado.
O objetivo é procurar se há similaridade dos exemplos propostos, já que em todos o
usuário passa a incluir informação diretamente na base de registros, sem mais passar por
nenhum intermediário, rompendo, de certa forma, os modelos anteriores de informação, tais
como em bibliotecas, acervos de instituições e os próprios meios de comunicação de massa.
31
http://www.overmundo.com.br/estaticas/tour_o_que_e.php
32
http://www.radioeldorado.com.br/am/notas/transito/transito.html
34
35. METODOLOGIA
A pesquisa proposta é uma combinação de análise empírica comparativa, revisão de
literatura, entrevistas com gestores, levantamento de textos publicados na rede e de trabalhos
acadêmicos sobre cada um dos projetos, além da captação de telas dos respectivos websites e
exercício de pensamento crítico, por meio do estudo teórico e prático da gestão nos sistemas
colaborativos.
O desenvolvimento da presente tese de doutorado consistirá em quatro fases:
Estudo teórico – dos sistemas, sistemas de conhecimento e sistemas colaborativos de
conhecimento, com suas respectivas rupturas;
Pesquisa de campo - (Lattes, Globo on-line, Wikipedia em português, Overmundo e
Rádio Eldorado), através de entrevistas e levantamento de campo;
Análise dos dados – objetivando responder as questões centrais da tese;
Redação – alinhando o estudo teórico e o levantamento nos objetos de estudo,
procurando responder as proposições traçadas nos objetivos da presente qualificação.
Faremos uma pesquisa de campo, entrevistando os gestores responsáveis pelo
projeto, tanto do ponto de vista do levantamento de fatos como também de opiniões sobre o
fenômeno. As entrevistas serão feitas pessoalmente ou por e-mail, conforme cada caso. Será
feito também o levantamento de documentos históricos, trabalhos acadêmicos e do tamanho
das equipes envolvidas.
35
36. Por meio de questionários, as entrevistas serão feitas pessoalmente ou por de e-mail,
através de questões que visam responder as indagações centrais das teses, com os seguintes
parâmetros:
Pesquisa de campo
Formas de
Levantamento de dados Questionário
obtenção
Que tipo de problema
informacional estes ambientes vêm
resolver, basicamente? Havia
alguma demanda visível reprimida
Resposta será pelos usuários que foram atendidas
Quais foram as motivações para a criação ou
obtida através de com o surgimento deste novo
migração para um site colaborativo?
entrevistas com espaço informacional? Ou a alguma
gestores. percepção do gestor que o levou a
adotar essa nova dinâmica? Quais
são as suas vantagens e
desvantagens?
A publicação direta pelos usuários,
Como podemos caracterizar os sistemas de sem filtros ou seleção, pode gerar
Resposta será
informação colaborativos em comparação com os algum tipo de perda de qualidade,
obtida através de
anteriores sem colaboração? ou mesmo um caos informacional
entrevistas com
de determinado acervo? Que
gestores.
medidas são feitas para evitar esse
problema?
Resposta será
obtida através de Este ambiente mais livre não causa
Como é feito o controle da inclusão de dados dos entrevistas com um problema de recuperação da
usuários? gestores e informação? Como os gestores
levantamento de estão resolvendo esse ponto?
telas dentro do
projeto, quando
36
37. for o caso.
Se a inclusão de dados passa a
Resposta será depender do próprio usuário, qual
obtida através de a garantia de que ele realmente vai
Avaliação do projeto
entrevistas com colaborar? Que métodos, práticas e
gestores. ações estão sendo feitas nessa
direção?
É possível estabelecer regras para
Resposta será garantir a qualidade desse acervo?
obtida através de Caso sim, que regras e punições
Avaliação do projeto
entrevistas com estão sendo adotadas? E em que
gestores. escala de sucesso? Que erros e
acertos já foram cometidos?
Quais mudanças são necessárias na
Resposta será formação e prática do gestor para
obtida através de administrar este novo ambiente
Avaliação do projeto
entrevistas com colaborativo de conhecimento?
gestores. Que tipo de dificuldade
enfrentaram e enfrentam?
Resposta será Recuperação de telas para
obtida através de apresentação das ferramentas
Avaliação do projeto visita aos tecnológicas de controle.
websites do
projeto
Análise dos dados:
A partir dos dados levantados na pesquisa de campo, pretende-se responder as
seguintes questões:
37
38. Que modelos de ambientes colaborativos podem ser caracterizados, a partir
dos projetos estudados?
Que tipo de problema estes ambientes vieram resolver e com que eficácia, do
ponto de vista de seus gestores, têm obtido resultados?
Os modelos estudados apresentam soluções viáveis para atender
determinadas entropias sistêmicas similares? Caso sim, que tipo de entropias?
Estas soluções sistêmicas colaborativas podem ser vistas como uma nova
lógica de rupturas cíclicas, a procura de equilíbrio sistêmico?
Com esse resultado, acreditamos que haverá mais facilidade para a compreensão do
momento presente, da expansão dos sistemas de colaboração, como também, de forma mais
científica, conseguir prever, com menor margem de erro, os movimentos futuros dos novos
sistemas informacionais pós-Internet.
38
39. PROPOSTA DE SUMÁRIO DESENVOLVIDO
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
Ementa – Neste capítulo será apresentado o esquema geral da tese. Introduz e
justifica o objetivo de estudo e as questões da pesquisa, delimita o marco teórico e estabelece
os conceitos fundamentais, define a metodologia de pesquisa e as categorias de análise,
enuncia as premissas fundamentais e propõe os objetivos gerais e específicos a serem
alcançados com a pesquisa.
Proposta:
1. Definição de objeto de estudo
2. A questão da pesquisa
3. Justificativa
4. Hipóteses
5. Objetivos gerais e específicos
6. Marco teórico
7. Metodologia
8. Indicação dos resultados alcançados
CAPÍTULO II – DETALHANDO CONCEITOS
Ementa: neste capitulo pretende-se desenvolver os conceitos básicos e principais
para a presente tese, detalhando, a partir dos estudos da Ciência da Informação, alguns itens
básicos para a compreensão posterior dos temas a serem tratados:
Proposta:
Sistemas
Sistemas de Conhecimento
Sistemas de Conhecimento Colaborativo
Rupturas sistêmicas
Rupturas nos Sistemas Colaborativos de Conhecimento
39
40. CAPÍTULO III – UMA BREVE HISTÓRIA DOS AMBIENTES DE CONHECIMENTO
(DIÁLOGO A PARTIR DE DIFERENTES AUTORES QUE ESTUDARAM A HISTÓRIA DA MÍDIA E DO
CONHECIMENTO)
Ementa: neste capitulo pretende-se desenvolver um diálogo com diversos autores
para traçar uma trajetória histórica da mídia e de conhecimento.
Proposta:
1. Os três ambientes de conhecimento hegemônicos
2. As características das grandes rupturas dos tempos de espírito: do oral para o
escrito
3. As características das grandes rupturas dos tempos de espírito: passagem do
escrito para o digital
4. As características dos Sistemas Colaborativos de Conhecimento
CAPÍTULO IV – OS AMBIENTES COLABORATIVOS A PARTIR DA HISTÓRIA
Ementa: a partir do capítulo III, realizar um detalhamento de como a análise histórica
pode ajudar a compreender melhor os atuais ambientes colaborativos.
Proposta:
1. As pequenas rupturas nos ambientes hegemônicos
2. As mudanças nos sistemas de hegemônicos e seus reflexos na sociedade
3. Os reflexos do estudo histórico nos sistemas colaborativos de conhecimento
CAPÍTULO V AMBIENTES COLABORATIVOS – CINCO CASOS DE ESTUDO
Ementa: neste capitulo pretende-se apresentar os objetos de estudo e o resultado da
pesquisa feita junto a seus gestores:
PERFIL DO PROJETO
O ANTES E O DEPOIS
REGRAS DE CONTROLE INFORMACIONAL
Na seguinte ordem:
40
41. NÃO-NATIVOS NA WEB
GLOBO ON-LINE
LATTES
NATIVOS NA WEB
OVERMUNDO
WIKIPEDIA EM PORTUGUÊS
AMBIENTE FORA DA WEB – VIA CELULAR
RÁDIO ELDORADO
Tabelas serão desenvolvidas a partir dos elementos de análise definidos.
CAPÍTULO IV - CONCLUSÃO
Ementa: neste capitulo pretende-se apresentar conclusão sobre a pesquisa realizada
quanto a:
Que modelos de ambientes colaborativos podem ser caracterizados a partir
dos projetos estudados?
Que tipo de problema estes ambientes vieram resolver e com que eficácia, do
ponto de vista de seus gestores, têm obtido resultados?
É possível dizer que estes modelos são soluções viáveis para atender
determinadas entropias sistêmicas similares? Se sim, que tipo de entropias?
Estas soluções sistêmicas colaborativas podem ser vistas como uma nova
lógica de rupturas cíclicas, a procura de equilíbrio sistêmico?
41