O documento descreve a desindustrialização do Brasil desde 2009 com a participação crescente de produtos importados na demanda do setor. Apesar do aumento das vendas com linhas de crédito subsidiadas, o déficit comercial do setor chegará a 20 bilhões de dólares em 2013. A desindustrialização é chamada de "silenciosa" pois as empresas mantêm faturamento e empregos ao se tornarem montadoras de itens importados.
2. PROFESSOR ROBÉRIO DANTAS PORTUGUESROBERIO.BLOGSPOT.COM.BR
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CONHECIMENTOS BÁSICOS
1 Os números mais recentes divulgados pela Associação
dos Fabricantes de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ)
demonstram que, mês a mês, recua nos investimentos a
4 participação dos produtos fabricados no país. Desde 2009, a
fatia da produção local recua sistematicamente. Em setembro,
os importados representaram 66% da demanda. Em 2007,
7 quando a desindustrialização se acentuava na economia
brasileira, o índice já era elevado, mas não tanto (52%).
As vendas do setor, contudo, voltaram a crescer desde
10 a criação de uma linha de crédito subsidiado do BNDES ao
custo de 3% ao ano. No acumulado entre janeiro e setembro de
2013, a demanda cresceu 7,1% na comparação com o mesmo
13 período de 2012. E o segmento fechará 2013 com um déficit
comercial de cerca de 20 bilhões de dólares.
“O setor passa por uma desindustrialização que
16 podemos chamar de silenciosa”, diz o diretor da ABIMAQ.
A classificação teria a ver com o fato de o faturamento e o
nível de empregos das empresas do setor terem-se mantido
19 relativamenteestáveis, à medida que as fabricantes, a partir dos
anos 90 do século passado, tornavam-se principalmente
montadoras de itens importados. “A indústria de
22 eletrodomésticos é pro forma, pois, na verdade, é importadora.
Isso ocorre em todos os segmentos da indústria de
transformação e, com certeza, no setor de bens de capital.”.
Só na aparência. In: CartaCapital, 6/11/2013, p. 56-7 (com adaptações).
Com relação a aspectos linguísticos e aos sentidos do texto acima,
julgue os itens a seguir.
1 No trecho ‘que podemos chamar de silenciosa’ (R.15-16), o
termo ‘de silenciosa’ denota uma qualidade atribuída ao
complemento direto da forma verbal ‘chamar’, função exercida
pelo pronome ‘que’.
2 O emprego do acento gráfico nos vocábulos “índice” e
“período” justifica-se com base na mesma regra de acentuação
gráfica.
3 No trecho “à medida que as fabricantes, a partir dos anos 90
do século passado, tornavam-se principalmente montadoras de
itens importados” (R.19-21), a expressão “à medida que”
introduz uma oração que exprime ideia de conformidade.
4 Nos trechos ‘pois, na verdade, é importadora’ (R.22) e ‘e, com
certeza, no setor de bens de capital’ (R.24), as vírgulas foram
empregadas para isolar apostos explicativos.
5 Conclui-se do texto que o faturamento e o nível de emprego
das empresas brasileiras não refletem a desindustrialização
sistemática que ocorre no país desde 2009.
6 Seriam mantidos o sentido do texto e a correção gramatical
caso o termo “contudo” (R.9) fosse substituído por todavia.
Comentários do Professor Robério:
ITEM CERTO
ITEM ERRADO
1 O pronome relativo QUE refere-se à palavra
desindustrialização, a qual funciona
semanticamente como complemento do verbo
chamar; o que se pode comprovar dispondo-se a
frase na ordem direta: “Podemos chamar a
desindustrialização de silenciosa”.
Assim, o mencionado pronome exerce função
sintática de objeto direto de “chamar”, e a
expressão “de silenciosa”, de predicativo do objeto.
2 Ambas as palavras são proparoxítonas; ou seja, a
sílaba tônica é antepenúltima.
Em ín-di-ce, é ín. Em pe-rí-o-do, é rí.
3 A locução conjuntiva “à medida que” exprime
ideia de proporção, de simultaneidade.
4 As vírgulas foram usadas para isolar o adjunto
adverbial de afirmação “com certeza”, intercalado
aos adjuntos adverbiais de lugar do verbo ocorrer,
coordenados pela conjunção “e”.
5 O último parágrafo confirma que, a despeito da
desindustrialização sistemática que ocorre no país,o
faturamento e o nível de emprego das empresas
brasileiras mantêm-se estáveis, uma vez que a
fabricação de produtos fora, grosso modo,
substituída pela atividade montadora de itens
importados.
6 As conjunções “contudo” e “todavia” são
adversativas: denotam oposição, contraste. Ambas
podem ser usadas intercaladamente.
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3. PROFESSOR ROBÉRIO DANTAS PORTUGUESROBERIO.BLOGSPOT.COM.BR
1 Para o observador externo, pode parecer
pura preguiça. No entanto, o ato de sonhar acordado
relaciona-se ao desenvolvimento da autoconsciência e da
criatividade, à
4 capacidadede planejamento e de improvisação, à possibilidade
de reflexão profunda sobre as experiências cotidianas e ainda
ao raciocínio moral. A aparência pode ser de devaneio sem
7 rumo, porém o cérebro pode estar operando um processo
neurológico complexo, sofisticado e produtivo.
O autor inglês Neil Gaiman, autor de romances, livros
10 e quadrinhos, declarou recentemente, em uma palestra, que o
nosso futuro depende de livrarias, da leitura e da capacidade de
sonharacordado.Oautoriniciousuapalestramencionandoque
13 a próspera indústria norte-americana de construção de prisões
usa como variável para a previsão da demanda (necessidades
futuras de celas) o percentual de crianças com dez e onze anos
16 incapazes de ler. Para ele, temos a obrigação de sonhar
acordados e usar a imaginação. Essas atividades nos fazem
criar mundos alternativos, que nos permitem construir o futuro.
19 No mundo do trabalho, a atividade de sonhar acordado
já teve dias melhores. Muitas organizações contemporâneas
declaramamor incondicionalpelacriatividadeepelainovação.
22 Paradoxalmente, continuam a refrear, disciplinar ou expelir
seus sonhadores. Eles resistem como podem, sonhando
acordados para enfrentar o tédio no trabalho. A Revolução
25 Industrial e a ascensão das linhas de montagem sepultaram a
criatividade e exilaram os sonhadores.
Faz bem sonhar acordado. In: CartaCapital, 13/11/2013, p. 60 (com adaptações).
No que se se refere às ideias e a aspectos linguísticos do texto
acima, julgue os próximos itens.
7 O emprego do sinal indicativo de crase em “à capacidade”
(R.3-4) e “à possibilidade” (R.4) justifica-se pela regência da
forma verbal “relaciona-se” (R.2) e pela presença de artigo
definido feminino.
8 No trecho “a obrigação de sonhar” (R.16), a correção
gramatical seria mantida se a preposição “de” fosse substituída
por em.
9 Sem prejuízo para a correção gramatical e o sentido original do
texto, poderia ser inserida a expressão do modo ou a expressão
da maneira imediatamente após a forma verbal “resistem”
(R.23).
10 Depreende-se da argumentação do autor que a preguiça
humana é essencialmente responsável por processos mentais
elaborados e, por isso, constitui a principal característica do
trabalhador moderno.
11 Infere-se do texto que, nos últimos anos, a sociedade tem-se
tornado mais violenta devido à valorização de trabalhos nos
quais predominamo conhecimento científico e o tecnológico.
Comentários do Professor Robério:
ITEM CERTO
ITEM ERRADO
7 A forma verbal “relaciona-se” exige a preposição
“a”, a qual se funde ao artigo “o” ou ao artigo “a”
dos seus complementos:
ao desenvolvimento...,
à capacidade de planejamento...,
à possibilidade de reflexão profunda...
ao raciocínio moral.
8 A regência do substantivo “obrigação” constrói sua
transitividade com as preposições de, a ou com
(considerando-se o contexto). Não admite,
portanto, a preposição em.
9 É legítima a inserção dessas expressões modais
porque a oração “como podem”, posterior à forma
verbal “resistem”, exprime ideia de modo.
10 O texto inicia afirmando que o que vai defender é a
capacidade de sonhar, de criar, a capacidade
imaginativa e inovadora. Para ele, pode-se,
desavisadamente, pensar que essa conduta é
preguiça, mas não é.
11 O texto sugere, no segundo parágrafo, que o futuro
da humanidade (pelo menos um futuro tolerável)
depende do exercício da leitura. Essa leitura pode
forjar homens criativos e sonhadores também no
campo do conhecimento científico e o tecnológico.
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4. PROFESSOR ROBÉRIO DANTAS PORTUGUESROBERIO.BLOGSPOT.COM.BR
1 Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa
metalúrgica e ela nem notou que ele não se chamava de
“operário” e sim de “metalúrgico”. Macabéa ficava contente
4 com a posição social dele porque também tinha orgulho de ser
datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo.
Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico e
7 datilógrafa” formavam um casal de classe. A tarefa de
Olímpico tinha o gosto que se sente quando se fuma um cigarro
acendendo-o do lado errado, na ponta da cortiça. O trabalho
10 consistia em pegar barras de metal que vinham deslizando de
cima da máquina para colocá-las embaixo, sobre uma placa
deslizante. Nunca se perguntara por que colocava a barra
13 embaixo. A vida não lhe era má e ele até economizava um
pouco de dinheiro: dormia de graça numa guarita em obras de
demolição por camaradagem do vigia.
Clarice Lispector. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 45.
Tendo como referência o texto acima, julgue os itens que se
seguem.
12 O sentido original do texto e a sua clareza seriam
mantidos caso o pronome “dele” (R.4) fosse substituído por
sua.
13 No trecho “porque também tinha orgulho de ser
datilógrafa”(R.4-5), seriam mantidos a correção gramatical
e o sentido original do texto se o termo “porque” fosse
substituído pelo vocábulo porquanto.
14 O sentido original do texto seria mantido caso fosse inserida
vírgula imediatamente antes do pronome “que”, em “pegar
barras de metal que vinham deslizando” (R.10).
15 No texto, a oração “que ele não se chamava de ‘operário’ e sim
de ‘metalúrgico’” (R.2-3) e a expressão “um pouco de dinheiro”
(R.13-14) exercem a mesma função sintática.
Comentários do Professor Robério:
ITEM CERTO
ITEM ERRADO
12 A substituição do pronome “dele” pelo pronome
“sua” provocaria mudança de sentido, pois o
pronome “dele” refere-se a Olímpico. O pronome
“sua” teria como referente Macabéa, que passaria a
sentir orgulho da posição social que ocupa por ser
datilógrafa.
13 As conjunções “porque” e “porquanto” são
coordenativas explicativas ou subordinativas
causais. Têm o valor de visto que, pois, já que...
14 O sentido seria diferente. Com a vírgula, teríamos
oração subordinada adjetiva explicativa (que sugere
totalidade). Sem a vírgula, teríamos oração
subordinada adjetiva restritiva (que sugere
limitação).
15 A oração que ele não se chamava de “operário” e
sim de “metalúrgico” funciona sintaticamente
como objeto direto da forma verbal “notou”. A a
expressão “um pouco de dinheiro” é objeto direto
da forma verbal “economizava”.
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