Este documento apresenta o plano de conteúdos e objetivos para o curso de Filosofia no 11o ano. Aborda temas como lógica formal e argumentação, racionalidade científica e tecnológica, e estatuto do conhecimento científico. Os alunos aprenderão sobre validade e verdade, tipos de raciocínio, e teorias do conhecimento como empirismo e racionalismo. O documento também discute a natureza do conhecimento científico em comparação com o senso comum
1. Escola Secundária Dr. Jaime Magalhães Lima
Departamento de Ciências Sociais e Humanas
Plano de conteúdos e de objectivos - Disciplina de Filosofia - 11º Ano de escolaridade
Ano lectivo 2011/2012
Objectivos Conteúdos
1.º PERÍODO
MÓDULO III - Racionalidade argumentativa e Filosofia:
1. Argumentação e Lógica Formal
6+4 tempos lectivos (TL)
1.1. A validade e a verdade
- Definir o objecto da Lógica
- Clarificar o objectivo da Lógica 1.1.1. A Lógica formal
a) O seu objecto
b) O seu objectivo
- Identificar o problema lógico da verdade e da
validade dos raciocínios 1.1.2. Validade formal e a verdade material: o valor lógico dos
- Clarificar o problema lógico da verdade e da raciocínios e o valor lógico das proposições
validade dos raciocínios
1.2. Percurso A) Lógica Aristotélica
- Identificar os tipos de raciocínio.
1.2.1. Os instrumentos lógicos do raciocínio
- Caracterizar os tipos de raciocínio
a) O conceito e o termo e as propriedades lógicas do conceito:
- Definir conceito e termo Extensão e Compreensão
- Relacionar conceito e termo
- Clarificar as características do conceito b) O Juízo e proposição
- Definir extensão e compreensão - A sua definição e a sua relação
- Caracterizar o conceito quanto às suas - Classificação de proposições quanto à: qualidade e
propriedades lógicas quantidade
- O quadrado lógico
- Distinguir Juízo de Proposição
- A distribuição dos termos
- Classificar as proposições quanto à qualidade e
quantidade, aplicando o quadrado lógico
c) Os tipos do raciocínio
- Explicar as regras da distribuição dos termos - Dedutivo: a necessidade lógica e constringente da conclusão
- Não dedutivos: a possibilidade verosímil da conclusão
- Definir silogismo
- Clarificar a estrutura do silogismo categórico 1.2.1. O silogismo categórico
- Identificar os modos do silogismo categórico a) A estrutura do silogismo e recondução à forma canónica
- Identificar as figuras do silogismo categórico b) Os modos do silogismo
- Explicar cada uma das regras do silogismo
c) As figuras do silogismo
categórico d) As regras do silogismo
- Definir falácia
- Distinguir os vários tipos de falácias formais 1.2.2. O silogismo categórico falacioso
- Aplicar as regras do silogismo para detectar
falácias
-Formalizar argumentos por redução à forma
canónica.
1.3. Percurso B) - A lógica Proposicional
1.3.1. A formalização das proposições
- Esclarecer a função da lógica proposicional
- Distinguir proposições simples de proposições - As proposições simples e proposições complexas;
complexas - Os conetores verofuncionais;
- Reduzir frases declarativas à forma canónica - As tabelas de verdade e as condições de verdade.
- Formalizar simbolicamente proposições
1.3.2. A formalização dos argumentos dedutivos
- Aplicar a tabela de verdade às proposições
complexas 1.3.3. A avaliação de argumentos dedutivos
- Avaliar argumentos dedutivos.
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2. 2. Racionalidade Argumentativa e retórica
3+4 TL
2.1 A insuficiência da lógica formal e a necessidade do discurso
- Explicar a insuficiência da lógica formal argumentativo: A definição de retórica
- Definir retórica
2.2. Argumentação e demonstração
- Clarificar a distinção entre demonstração e A distinção entre argumentação e demonstração quanto:
argumentação com base nas características de a) ao ponto de partida
ambas b) ao domínio de aplicação
- Justificar as diversas características da c) ao tipo de lógica e de linguagem
argumentação d) à relação com o auditório:
- contexto
- pessoalidade
- intensidade da adesão
- adaptação/adaptabilidade
2.3. Os meios de persuasão do orador:
- Explicitar os meios de persuasão dependentes a) Ethos
do orador b) Logos
c) Pathos
2.4. O papel do auditório:
- Clarificar a importância do poder de contestação
do auditório
a) Legitimidade e capacidade de contestação.
- Explicar a necessidade de adaptação do b) Necessidade de adaptação do discurso e o acordo
discurso ao auditório. prévio.
- Explicitar a noção de acordo prévio c) Tipos de auditório:
- Identificar os tipos de auditório Individual; Particular; Universal
2.5. O discurso argumentativo: principais argumentos e falácias.
2.5.1. Os vários tipos de argumentos:
- Explicitar os vários tipos de argumentos. a) Argumento indutivo generalizante
b) Argumentos dedutivo: o entimema
- Identificar o argumento de autoridade, por
analogia e entimema d) Argumentos de autoridade
e) Argumentos por analogia
2.5.2. A distinção entre falácia formal e falácia informal
- Distinguir falácia formal de falácia informal 2.5.3. Falácias informais:
a) ad hominem
- Identificar as várias falácias informais b) Ad misericordiam
- Exemplificar as várias falácias informais c) falsa causa
d) Apelo à ignorância
e) Apelo à força
f) Falso dilema
g) Petição de princípio
2.6. Persuasão e manipulação ou os dois usos da retórica.
- Contrapor pelas diferenças específicas 2.6.1. Distinção entre persuasão e manipulação
persuasão e manipulação a) Definir persuasão
b) Definir manipulação
- Identificar exemplos de manipulação na 2.6.2. O mau uso da retórica: a manipulação
propaganda política. A) O exemplo da propaganda política
- Clarificar a estrutura retórica de uma imagem ou
- Problematizar a questão da retórica como B) O exemplo da publicidade
técnica de manipulação
- Esclarecer o uso ético da retórica 2.6.3. O bom uso da retórica: a persuasão.
- Identificar os princípios éticos que regem a a) Uso ético da retórica
retórica
b) Princípios éticos da retórica
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3. 3. Argumentação e Filosofia
5 TL
3.1. Filosofia, retórica e democracia
- Relacionar democracia e retórica 3.1.1. Democracia e Retórica:
- Identificar os elementos que tornam a
- a democracia como condição do exercício da argumentação
retórica/argumentação uma propedêutica para a
democracia - a retórica como propedêutica da democracia
- Clarificar a relação entre democracia e retórica 3.1.2. Retórica e Filosofia
- Relacionar o discurso argumentativo com a 3.1.2.1. O movimento sofista e a função da retórica
organização democrática das sociedades 3.1.2.2. A crítica platónica aos sofistas
- Mostrar o papel da retórica no pensamento 3.1.2.2. A recuperação aristotélica da a argumentação e a retórica
sofista.
- Clarificar as críticas platónicas à sofística
- Enunciar as razões da revalorização aristotélica
da retórica
3.2. Argumentação, verdade e ser
- Enunciar concepções de verdade
Módulo IV – O conhecimento e a racionalidade científica e
tecnológica
12 TL
1. Descrição e interpretação da actividade cognoscitiva
1.1. Estrutura do acto de conhecer
1.1.1. O conhecimento como processo e o conhecimento
- Distinguir os dois conceitos que o termo
conhecimento encerra: como acto e como
como produto
representação.
- Distinguir o conhecimento perceptivo do 1.1.2. O conhecimento perceptivo e o conhecimento racional
conhecimento racional.
- Distinguir os juízos a priori dos juízos a posterior 1.1.3. O conhecimento a priori e o conhecimento a posteriori
1.1.4. O conhecimento proposicional como crença verdadeira
justificada:
a) A definição platónica de conhecimento no Teeteto: a
- Definir conhecimento na perspectiva de Platão
crença verdadeira e justificada.
- Explicar as condições necessárias e as
condições suficientes do conhecimento b) Condições necessárias e condições suficientes para o
- Explicar a insuficiência da definição de conhecimento
conhecimento como crença verdadeira c) Problematização da definição de conhecimento como
justificada. crença verdadeira justificada: o problema da justificação
2.º PERÍODO
1. 2. Análise comparativa de duas teorias do conhecimento sobre
- Clarificar as características do racionalismo e a origem do conhecimento: empirismo e racionalismo
empirismo
1.2.1. O racionalismo cartesiano
- Justificar a dúvida como ponto de partida do 1.2.1.1. O processo de conhecimento
cartesianismo. a) A dúvida e a imprecisão dos sentidos
- Explicitar as regras do método b) O método cartesiano
- Justificar a hipótese do génio maligno c) A intuição e a dedução
- Explicitar a ideia de cogito como superação da 1.2.1.2 O conhecimento racional
dúvida radical cartesiana. a) As ideias inatas, factícias e adventícias
- Justificar o carácter inato e exclusivamente b) A res cogitans como primeira certeza
racional da ideia de cogito. c) O trânsito entre a res cogitans e a res divina.
- Clarificar as ideias inatas, adventícias e
factícias.
- Enunciar uma prova da existência de Deus. 1.3.1. O empirismo (em sentido estrito): David Hume.
- Identificar a origem do conhecimento para 1.3.1.1. A origem das ideias: a impressão.
Hume. a) A associação entre as ideias: os princípios da
- Identificar os princípios de associação entre as contiguidade, semelhança e causa e efeito
ideias.
- Identificar os limites da razão no princípio de b) A ilusão dos princípios da razão: o princípio da
causalidade humiana. causalidade e o costume/hábito.
- Identificar o hábito como único guião da razão
humana.
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4. 2. Estatuto do conhecimento científico
8 TL
- Definir senso comum 2.1. Conhecimento vulgar e o conhecimento científico
- Caracterizar o senso comum
2.1.1. O senso comum: definição e características
- Caracterizar o conhecimento científico
- Justificar as características do senso comum e 2.1.2. Conhecimento científico: caracterização
do conhecimento científico
- Justificar os factos da ciência como factos
construídos
- Problematizar a noção de ciência objectiva
2.2. Ciência e construção - validade e verificabilidade das
hipóteses
2.2.1. O método indutivo-experimental
- Justificar a importância do método na
a) O processo de generalização
construção da ciência moderna
- Definir indução b) Características do conhecimento indutivo
- Descrever o método indutivo c) Os limites da indução: a crítica de Hume e a
- Esclarecer sobre os limites do conhecimento crítica de Popper
por indução.
- Reproduzir a crítica de Hume à indução 2.2.2. O método hipotético-dedutivo.
- Parafrasear a crítica popperiana ao método a) A hipótese
indutivo b) A dedução
- Descrever o método hipotético-dedutivo
- Definir hipótese
2.2.3. A validação das hipóteses: o verificacionismo e o
- Definir dedução falsificacionismo
a) O verificacionismo
- Descrever o método verificacionista b) O falsificacionismo
- Problematizar o método verificacionista 3.º PERÍODO
- Descrever o método falsificacionista 2.3. A racionalidade científica e a questão da objectividade
- Distinguir verificacionismo de falsificacionismo
2.3.1. O desenvolvimento da ciência
2.3.1.1. A teoria de T..Kuhn como expressão da problemática
- Relacionar a filosofia de Kuhn com uma nova
forma de colocar a questão da ciência. da questão da objectividade científica
- Descrever a dinâmica do desenvolvimento da a) Descrição da estrutura das revoluções científicas: as
ciência segundo Kuhn noções de ciência normal, comunidade, paradigma,
- Definir ciência normal ciência extraordinária e revolução científica
- Definir comunidade científica
- Definir paradigma
- Definir ciência extraordinária
- Explicar o desenvolvimento da ciência segundo 3. Temas/problemas do mundo contemporâneo
Kuhn
A unidade didáctica Temas/problemas do mundo
contemporâneo do Módulo IV e o Módulo V, Desafios e
horizontes da Filosofia, poderão ser integrados/articulados
- Relacionar a racionalidade técnica com a noção com distintas unidades didácticas, nomeadamente o Módulo
de deificação do homem V pode ser articulado com a unidade Argumentação e
Filosofia
8 TL
Temas:
- A ciência, o poder e os riscos
- A construção histórico-social da ciência
- O trabalho e as novas tecnologias
- O impacto da sociedade da informação na vida quotidiana
- A industrialização e o impacto ambiental
- A investigação científica e os interesses económico-políticos
- A tecnociência e a ética
- A manipulação genética
- Outros
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5. Módulo V – Desafios e horizontes da filosofia
1. Na 1ª hipótese, poder-se-á pôr em evidência 8 TL
a questão da verdade e da racionalidade nas Opção no Módulo V entre
suas várias configurações, incidindo numa 1. A filosofia e os outros saberes
reflexão que tematize filosoficamente o 1.1. Realidade e verdade - a plurivocidade da verdade
carácter limitado dos nossos saberes, a 1.2. Necessidade contemporânea de uma
riqueza e a diversidade da realidade e racionalidade prática pluridisciplinar
questione uma racionalidade prática
pluridisciplinarmente apoiada. ou
2. Na 2ª hipótese, privilegiar-se-á a dimensão 2. A filosofia na cidade
política da filosofia e a sua contribuição para a 2.1. Espaço público e espaço privado
construção da cidadania, recapitulando a ideia 2.2. Convicção, tolerância e diálogo - a construção da cidadania
de que o vínculo que une filosofia e cidade
vem das origens. Filha da polis, bem cedo a ou
filosofia na cidade se assumiu como filosofia
da cidade. 3. A filosofia e o sentido
3.1. Finitude e temporalidade - a tarefa de se ser no mundo
3. Na 3ª hipótese, deve incidir-se sobre a 3.2. Pensamento e memória – a responsabilidade do futuro
dimensão pessoal do dar sentido à sua vida e
sobre a contextualização colectiva, histórica e
ontológica dessa decisão.
Orientações procedimentais, metodológicas e avaliativas
1) A sequência dos conteúdos programáticos e a gestão dos tempos lectivos poderão sofrer alterações devido à
dinâmica do processo ensino-aprendizagem.
2) A temporização dos conteúdos deve respeitar os tempos lectivos definidos pelo programa de Filosofia do Ministério
de Educação.
3) Os tempos lectivos dedicados a cada unidade apresentam por vezes dois valores. O primeiro valor é a referência do
programa do Ministério da Educação para tratamento das unidades e que se assume como mínimo exigido. O segundo
valor aponta a possível dilatação do tratamento da unidade, de acordo com as exigências que os estilos de ensino-
aprendizagem requerem e sem por em causa o cumprimento do programa.
4) As metodologias e os procedimentos de avaliação seguem as orientações presentes no Programa de Filosofia do
Ministério de Educação, orientadas para a diversidade de estratégias e a pluralidade de instrumentos de avaliação.
5) Os conceitos operatórios
O trabalho filosófico distingue-se também pela especificidade da linguagem que utiliza, em particular pela
especificidade dos conceitos que mobiliza. Cunhados e apurados ao longo da história da filosofia, é com eles que a
filosofia configura o discurso sobre os temas/problemas abordados, assumindo portanto esses conceitos um carácter
heurístico e operatório ou instrumental.
De entre os conceitos operatórios com que trabalha a filosofia, tomados como instrumentos intelectuais de
análise e de reflexão, poder-se-ão distinguir três grupos maiores:
os conceitos gerais ou transversais.
os conceitos específicos ou regionais, aqueles com os quais a filosofia configura a abordagem de temas/problemas
particulares.
os conceitos metodológicos ou instrumentais, aqueles que dizem respeito às competências e à metodologia do
trabalho filosófico.
Relativamente aos conceitos gerais ou transversais e aos conceitos metodológicos ou instrumentais, que
hão-de informar, do princípio ao fim, o trabalho filosófico e a abordagem dos vários temas/problemas, entendeu-se por
bem dar-lhes um lugar de destaque (vide quadros abaixo).
Não se circunscrevem a nenhuma rubrica programática específica; eles hão-de sim ser introduzidos à
medida da sua oportunidade e conveniência. Deverão ser aprendidos como se aprende, naturalmente, uma língua.
Cada docente fará um uso permanente e rigoroso deles, sempre que os temas ou as actividades o exigirem; os alunos
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6. e as alunas utilizá-los-ão, também, progressivamente: inicialmente de modo incerto, logo depois de forma mais segura
e explícita.
CONCEITOS GERAIS OU TRANSVERSAIS
absoluto / relativo formal / material
abstracto / concreto identidade / contradição
antecedente / consequente imediatez / mediação
aparência / realidade intuitivo / discursivo
a priori / a posteriori particular / universal
causalidade / finalidade saber / opinião
compreensão / explicação sensível / inteligível
contingente / necessário sentido / referência
dedução / indução ser / devir
dogmático / crítico subjectivo / objectivo
dúvida / certeza substância / acidente
empírico / racional verdade / validade
essência / existência teoria / prática
finitude / infinitude transcendente / imanente
CONCEITOS METODOLÓGICOS OU INSTRUMENTAIS
Conceptualizar / conceptualização
Aproximação linguística
Aproximação predicativa
Aproximação extensiva
Aproximação metafórica
Problematizar / problematização
Problema filosófico
Questionamento filosófico
Argumentar / argumentação
Tese
Argumento e contra-argumento
Defesa e refutação
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